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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Cameira e no Centro Hospitalar do Porto - Hospital Geral de Santo António

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Academic year: 2021

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Cameira

Maio de 2014 e Junho de 2014 Setembro de 2014 e Outubro de 2014

Orientador: Dra. Vânia Dantas

_______________________________________

Tutor FFUP: Prof. Dra. Beatriz Quinaz

_______________________________________

Estagiária: Ana Mafalda Prucha Leite

_______________________________________

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Eu, Ana Mafalda Prucha Leite, abaixo assinado, nº 100601030, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ____________ de ______

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AGRADECIMENTOS

Este relatório finda a concretização de um objetivo pessoal resultado de muito esforço, dedicação e trabalho, que nunca teria sido possível sem o apoio, ajuda e compreensão da família, amigos e colegas de trabalho, aos quais desde já agradeço:

À Comissão de Estágios pela oportunidade de realização deste estágio, em especial à professora Beatriz Quinaz por todo o apoio prestado.

À Dra. Vânia Dantas, à Dra. Catarina Martins e à Dra. Isabel Varejão por toda a disponibilidade, paciência, compreensão e pelos ensinamentos que me dispensaram ao longo destes quatro meses de estágio, que se irão revelar fundamentais no meu futuro profissional.

À restante equipa da Farmácia Cameira, pelo acolhimento e partilha de experiências e conhecimentos.

Às minhas amigas, Vânia Moreira, Filipa Araújo, Marlene Soares e Manuela Sequeira, por toda a sua amizade e, especificamente, pelo apoio prestado na realização do meu rastreio cardiovascular na Igreja do Bonfim.

Aos meus pais, irmão e ao meu querido Tio Tó, pelo carinho, apoio e compreensão, colaborando sempre comigo de modo a possibilitar as melhores condições para a realização dos meus objetivos pessoais e académicos.

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RESUMO

O meu estágio em farmácia comunitária teve lugar na Farmácia Cameira com uma duração total de quatro meses, de Maio a Junho e de Setembro a Outubro de 2014. Este estágio tinha como objetivo principal a consolidação e aplicação prática dos conhecimentos adquiridos ao logo dos cinco anos de curso, bem como a familiarização com a realidade atual das farmácias comunitárias em Portugal.

Sendo a profissão de farmacêutico uma profissão em constante atualização, quer a nível científico, quer a nível legislativo do setor, o contato com a realidade de uma farmácia comunitária torna-se importante para a construção de uma atitude crítica e ativa face a estas constantes alterações.

Desta forma, o presente relatório descreve a minha experiência pessoal como estagiária na Farmácia Cameira, apresentando todas as tarefas e temáticas que tive oportunidade de abordar e realizar.

Assim, o presente relatório está organizado em duas partes distintas. Na primeira parte, foram abordados todos os aspetos organizacionais da farmácia, a gestão de recursos humanos e dos produtos, a prestação de serviços à população e os elementos legislativos e de informação disponíveis. A segunda parte do relatório é referente às ações por mim desenvolvidas no contexto de estágio numa farmácia comunitária: realização de um rastreio cardiovascular gratuito dirigido à população, de um estudo estatístico da venda de genéricos na Farmácia Cameira, da apresentação pedagógica e didática aos alunos do 1º ano de escolaridade da Escola EB1 da Lomba acerca da problemática da pediculose e acerca da apresentação na farmácia de dois posters informativos acerca das problemáticas “pediculose” e “gota”.

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ÍNDICE

PARTE I ... 1

1. Introdução ... 1

2. Apresentação e Organização da Farmácia Cameira ... 2

2.1. Quadro legal em vigor para o setor das farmácias ... 2

2.2. Localização e Horário de Funcionamento ... 2

2.3. Recursos Humanos ... 2

2.4. Caracterização Interior da Farmácia ... 3

2.5. Fontes de Informação ... 5

3. Administração e Gestão da Farmácia ... 6

3.1. Gestão de Stocks ... 6

3.2. Aquisição de produtos na farmácia ... 7

3.3. Receção e Verificação de encomendas ... 7

3.4. Armazenamento ... 8

3.5. Devoluções ... 9

4. Dispensa de Medicamentos ... 9

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 10

4.1.1. Comparticipação dos Medicamentos ... 11

4.1.2. Logística do Receituário ... 11

4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 12

4.3. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ... 12

4.4. Produtos de Dermocosmética e de Higiene... 13

4.5. Medicamentos de Uso Veterinário ... 14

4.6. Dispositivos Médicos ... 14

4.7. Produtos Alimentares e Dietéticos ... 15

4.8. Medicamentos Genéricos ... 15

5. Medicamentos Manipulados ... 16

5.1. Produção dos Medicamentos Manipulados ... 16

5.2. Dispensa dos Medicamentos Manipulados ... 19

5.3. Preço dos Medicamentos Manipulados ... 19

6. Farmácia Clínica e Serviços prestados na farmácia ... 19

6.1. Farmacovigilância ... 20

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6.3. Administração de Vacinas ... 22

6.4. VALORMED ... 22

7. Formações e Workshops ... 23

8. Conclusão Final ... 23

PARTE II ... 24

9. A Pediculose: Saúde Escolar Emergente ... 24

9.1. Definição e Fisiopatologia ... 24

9.4. Sensibilização escolar para a problemática ... 26

9.5. Conclusões gerais ... 26

10. A Gota ... 27

10.1. Etiologia e Fisiopatologia da gota ... 28

10.2. Sintomatologia ... 29

10.3. Tratamento ... 29

10.3.1. Tratamento Farmacológico ... 30

10.3.2. Tratamento Não-Farmacológico ... 30

10.4. Conclusões gerais ... 31

11. Rastreio Cardiovascular na Igreja do Bonfim ... 32

11.1. Contextualização teórica ... 32

11.2. Resultados Estatísticos ... 33

12. Venda de Genéricos na Farmácia ... 35

12.1. Contextualização teórica ... 35

12.2. Resultados Estatísticos ... 35

13. Campanhas Promocionais Mensais ... 36

14. Conclusão Final ... 37 15. Anexos ... 38 15.1. Figuras ... 38 15.2. Gráficos ... 52 15.3. Inquéritos ... 57 15.4. Apresentações... 58 16. Referências Bibliográficas ... 59

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LISTA DE ACRÓNIMOS

ANF: Associação Nacional de Farmácias DCV: Doenças Cardiovasculares

DL: Decreto de Lei FC: Farmácia Cameira

INFARMED: Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento mg/dL: miligrama por decilitro

mmHg: milímetros de mercúrio MM: Medicamentos Manipulados

MNSRM: Medicamentos não sujeitos a receita médica MSRM: Medicamentos sujeitos a receita médica PA: Pressão Arterial

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PARTE I

1. Introdução

A farmácia comunitária assume um papel central na população dos dias de hoje, como local de excelência para a promoção da saúde e do bem-estar da mesma. O Farmacêutico é responsável pela prestação de cuidados diferenciados à população, sendo da sua competência educar, aconselhar e vigiar todos os seus utentes, articulando e enfrentando todos os problemas quotidianos com os restantes profissionais de atenção primária de saúde [1]. Neste sentido, a importância do serviço prestado pela farmácia e pelo farmacêutico, enquanto especialista do medicamento, tanto em terapia humana como em terapia animal é sempre assumida com responsabilidade, segurança e sentido de ética.

O estágio em farmácia comunitária é parte integrante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, tendo tido a oportunidade de o realizar na Farmácia Cameira (FC), no Porto, no período de maio a junho de 2014 e de setembro a outubro do mesmo ano.

Este estágio surge como uma etapa importante e imprescindível na minha formação académica e progressão enquanto futura profissional de saúde. Durante todo este percurso fui devidamente orientada pela diretora técnica da FC, Dra. Vânia Dantas, de forma a aliar todos os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do meu percurso académico, com todos aqueles apreendidos a partir de um contacto mais próximo com os utentes, desde o desenvolvimento de um carácter mais crítico acerca da legislação e gestão farmacêutica, até à avaliação e análise de cada caso clínico e consequente manipulação e venda de medicamentos.

O presente relatório reúne de uma forma sucinta todos os conhecimentos adquiridos e atividades desenvolvidas no decorrer do meu estágio, caracterizando o funcionamento da farmácia e o papel do Farmacêutico, e descrevendo a minha experiência pessoal e as minhas expectativas acerca da profissão farmacêutica. Todas as figuras, gráficos, questionários e apresentações estão devidamente organizados no anexo do presente relatório.

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2. Apresentação e Organização da Farmácia Cameira

2.1. Quadro legal em vigor para o setor das farmácias

A FC visa obedecer às Boas Práticas de Farmácia (BPF) estipuladas, e neste sentido e conforme mencionado na legislação, a farmácia possui exteriormente a cruz verde e a letras bem visíveis a palavra Farmácia, estando ambas bem iluminadas durante a noite, aquando do turno noturno [2]. Ainda ao abrigo do Decreto de Lei (DL) supra mencionado, a farmácia apresenta também a letras bem visíveis o nome do diretor técnico, o horário de funcionamento da farmácia, a informação atualizada das farmácias de serviço por semana, a informação relativa aos serviços farmacêuticos prestados na FC, o livro de reclamações, um alarme, extintores de incêndio e um postigo de atendimento ao público protegido, assegurando assim a máxima segurança do profissional de saúde que está de serviço noturno [2,3].

2.2. Localização e Horário de Funcionamento

A FC é propriedade do empresário Dr. Jorge Neves. Esta por sua vez pertence a uma sociedade unipessoal nomeada Amperjourney Unipessoal Lda.

A farmácia localiza-se na Rua do Heroísmo, número 90, Bonfim, distrito do Porto (Figura 1 - Anexo). Insere-se numa zona com um contexto socioeconómico reduzido (estando próxima dos bairros sociais da Lomba, do Viso e de Francos), sendo a população que a frequenta maioritariamente idosa (numa faixa de idades maioritariamente compreendida entre os 50 e 80 anos).

O horário de funcionamento é das 09:00 às 20:00 de segunda-feira a sexta-feira, mantendo-se o mesmo horário em feriados. Ao sábado o horário estipulado é das 09:00 às 19:00. Nos dias de serviço, a farmácia permanece aberta durante todo o dia (24 horas).

O meu horário habitual foi de 2ª a 6ª das 10h às 18h, cumprindo sempre as 35 horas semanais. Por curiosidade pessoal e como forma de enriquecer um pouco mais o meu estágio, trabalhei ainda alguns sábados.

2.3. Recursos Humanos

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atualizados e capazes de realizar um completo atendimento ao utente, suprimindo as suas necessidades e as exigências do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Desta forma, a equipa é constituída pelos seis elementos, apresentados abaixo: - Diretora Técnica: Dra. Vânia Dantas;

- Diretora Técnica Substituta: Dra. Cátia Preto;

- Técnico de Diagnóstico e Terapêutica: Dra. Catarina Martins; - Técnico de farmácia (por experiência): Vítor Monteiro;

- Técnico Auxiliar de Farmácia: Tânia Soares;

- Farmacêutica a exercer estágio profissional: Dra. Isabel Varejão; - Auxiliar de Limpeza: Elisa Soares.

A equipa Farmácia mantém ainda frequentes contactos com médicos, de modo a visar o bem-estar de cada utente, delegados de ação médica, estabelecendo o elo de ligação entre os laboratórios e a farmácia, armazenistas e fornecedores dos produtos da farmácia.

2.4. Caracterização Interior da Farmácia

As instalações da FC cumprem todas as exigências legais referentes às áreas mínimas e respetivas divisões de uma farmácia comunitária [4]:

a) Zona de Atendimento ao Público: renovada e harmoniosa, propiciando o diálogo entre os utentes e os profissionais de saúde da FC. Possui um balcão com quatro postos de atendimento e expositores em toda a sua extensão. Os produtos de higiene oral, dietéticos, dermatológicos e os medicamentos com maior taxa de vendas (laxantes, antiácidos, antidiarreicos, antieméticos, antitússicos e antigripais) estão organizados nas prateleiras atrás do balcão. Já as pomadas, cremes, pílulas e tiras de teste para medição do colesterol e glicose, encontram-se devidamente organizados alfabeticamente nos armários fechados atrás dos postos de atendimento. Os produtos de veterinária e todos os acessórios e produtos destinados à nutrição e higiene infantil são de fácil acesso aos utentes da FC. Nesta zona de fácil acesso aos utentes há ainda uma balança eletrónica para medição do peso, altura e respetivo valor de IMC e um pequeno espaço infantil que permite uma maior disponibilidade para o aconselhamento farmacêutico aos pais (Figura 2 - Anexo).

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b) Zona de Armazenamento de Medicamentos: está organizada em duas grandes zonas: 1) formas farmacêuticas sólidas (FFS); 2) restantes formas farmacêuticas. Ambas estão devidamente organizadas por ordem alfabética. A zona 1 está armazenada em gavetas e prateleiras, organizando respetivamente as FFS de marca e genéricos. As restantes formas farmacêuticas estão organizadas nas gavetas: xaropes e medicamentos em pó para dispersão oral, os pós/granulados, os injetáveis, os medicamentos oftálmicos, auriculares e nasais, os sistemas transdérmicos, suspensões e soluções orais (Figura 3 - Anexo).

Todos os medicamentos armazenados na farmácia são conservados a uma temperatura e humidade controlada (inferior a 25ºC), registada diariamente e analisada estatisticamente de um modo mensal pelo programa Testo®. Os produtos de frio, tais

como vacinas, insulinas e determinados colírios são conservados no frigorífico a uma temperatura controlada entre 2 a 8ºC.

c) Zona de Receção/Verificação de Encomendas: está na continuação da zona de armazenamento de medicamentos, permitindo assim uma receção e arrumação mais facilitada. Os medicamentos vão sendo rececionados pelo sistema informático SIFARMA 2000 por ordem de chegada das encomendas (manuais e diárias) pelos armazenistas (OCP e COOPROFAR), sendo que os medicamentos de frio têm receção prioritária (Figura 4 - Anexo).

d) Laboratório: local destinado à preparação dos medicamentos manipulados (MM), sendo criadas todas as condições necessárias à conservação e controlo da qualidade exigidos para a produção de MM. Neste sentido, este espaço encontra-se equipado com a toda a documentação, equipamentos e materiais necessários. Os testes de gravidez são também realizados neste espaço, quando solicitado pelos utentes (Figura 5 - Anexo) [5,6].

e) Gabinete de Atendimento Personalizado ao Utente: neste local procede-se à determinação dos parâmetros bioquímicos, tais como: pressão arterial, glicose

sanguínea, colesterol total e triglicerídeos (Figura 6 - Anexo).

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as atividades da farmácia (Figura 7 - Anexo).

g) Instalação Sanitária: destinada à equipa.

2.5. Fontes de Informação

a) Contactos com as publicações de existência obrigatória

Segundo as Boas Práticas de Farmácia (BPF), as farmácias comunitárias devem estar munidas de variadas referências bibliográficas, umas cariz obrigatório e outras opcionais consoante a especialização da mesma. Desta forma, a FC apresenta como bibliografias obrigatórias: a Farmacopeia Portuguesa, o Simpósio Terapêutico, o Índice Nacional Terapêutico, o Prontuário Terapêutico, o Mapa Terapêutico, o Regime Geral de Preços e Manipulações, o Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos e Circulares Técnico - Legislativas Institucionais e as respetivas atualizações. Possui ainda algumas referências de cariz opcional, tais como: a Revista das Farmácias Portuguesas e a revista da Ordem dos Farmacêuticos. As fontes de pesquisa on-line mais utilizadas na FC são: a Pubmed, Infarmed e ANF (Associação Nacional de Farmácias).

Ao longo do meu estágio recorri assiduamente a algumas referências bibliográficas, tais como, o Prontuário Terapêutico para a realização de um bom atendimento ao público e um correto armazenamento dos produtos, e o Formulário Galénico para a preparação de MM.

b) Sistema Informático

O software informático que permite a prática farmacêutica na FC designa-se por

SIFARMA 2000, sendo esta a versão mais atualizada desenvolvida pela empresa Glintt.

Este sistema surgiu com vista a facilitar a atividade farmacêutica, ao nível do processo de vendas e no controlo de todos os produtos da farmácia (atualização de stocks, criação, aprovação e receção de encomendas, gestão de bónus e devoluções de encomendas e realização de inventários de acordo com os prazos de validade de cada produto).

De modo a garantir um melhor atendimento ao utente, o sistema disponibiliza ainda a informação técnico-científica adequada para todos os produtos, facilitando assim a

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pesquisa dos medicamentos (por DCI, nome comercial ou então por grupo terapêutico), verificação das contra-indicações e/ou efeitos adversos e indicações ao farmacêutico.

Paralelamente permite ao farmacêutico realizar um maior acompanhamento farmacoterapêutico, a partir do histórico atualizado de cada utente, e deste modo, prevenir possíveis interações medicamentosas e efeitos secundários indesejáveis. Esta funcionalidade foi-me bastante útil ao longo do estágio no ato da dispensa de medicamentos.

No fim de cada dia de trabalho o SIFARMA 2000 assume mais uma vez um papel importante, através da emissão de documentos internos contabilísticos (resumo das vendas diárias, valores em caixa e detalhes de cada venda), de modo a realizar-se uma avaliação das vendas de cada dia de trabalho.

3. Administração e Gestão da Farmácia

Em tempos difíceis como os de hoje em dia, é fundamental uma boa gestão da farmácia. Para isso é importante criar-se uma base sólida ao nível da organização e gestão financeira da farmácia.

A otimização do negócio exige um planeamento organizado de todas as funções e responsabilidades exercidas na farmácia, sendo esse trabalho facilitado com recurso ao SIFARMA 2000.

3.1. Gestão de Stocks

Para uma boa gestão de stocks na farmácia deve ter-se em consideração certas variáveis, tais como: a localização, o espaço disponível para o armazenamento dos produtos, as condições e ofertas comerciais, a disponibilidade financeira, o tipo utentes que a frequentam e o conhecimento dos hábitos de prescrição dos médicos do centro de saúde mais próximo. Tal facto visa responder a todas as necessidades da população, garantindo uma constante e eficaz rotação de produtos e um bom fluxo de consumo dos mesmos.

A gestão de stocks na FC é garantida sobretudo com recurso ao SIFARMA 2000, surgindo assim dois tipos de encomendas: as encomendas diárias (encomendas automaticamente monitorizadas através do stock mínimo e máximo estipulado pela

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diretora técnica para cada produto) e as manuais (encomendas específicas realizadas a pedido de um utente).

As encomendas diárias representam o maior volume de encomendas para a farmácia, requerendo atenção redobrada da diretora técnica. O SIFARMA 2000 facilita parte do trabalho ao propor automaticamente uma encomenda sempre que o stock mínimo do produto é atingido. A proposta é então analisada pela diretora técnica e enviada ao fornecedor via farmalink.

3.2. Aquisição de produtos na farmácia

A aquisição de produtos pela farmácia pode efetuar-se de quatro formas distintas: 1. encomenda diária aos distribuidores/armazenistas, sendo esta realizada sempre no mesmo horário de segunda-feira a sábado, repondo os stocks habituais da farmácia; 2. encomenda via telefónica; 3. encomenda informática ao armazenista via gadget, evitando um atendimento moroso; 4. encomendas diretas aos laboratórios por contrato estabelecido com os mesmos.

Em qualquer tipo de encomenda é fulcral ter-se em consideração certas particularidades: custo e rotação (sazonalidade) dos produtos, descontos, bónus comerciais (comuns em encomendas com grandes quantidades de produtos) e vantagens financeiras no modo de pagamento da encomenda.

Tendo tudo isto em consideração e o público a que se destina, a FC realiza quatro encomendas diárias (início da tarde e final do dia) aos seus dois fornecedores, OCP (fornecedor maioritário) e COOPROFAR (Figura 8 - Anexo).

3.3. Receção e Verificação de encomendas

A receção, verificação e armazenamento de encomendas foi a primeira atividade que realizei na FC, o que me permitiu uma maior familiarização com todos os produtos da farmácia e sua respetiva localização e um melhor relacionamento entre os princípios ativos, nomes comerciais e grupos terapêuticos correspondentes.

O processo diário de receção de encomendas ocorre da seguinte forma: 1) chegada das encomendas do armazenista (em horário definido) em banheiras/contentores devidamente identificados e selados, sendo sempre acompanhadas da respetiva fatura em duplicado e da guia de psicotrópicos e benzodiazepinas (de referir que os produtos

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de frio estão separados dos restantes produtos através de contentores com identificação e cor distinta); 2) verificação das faturas, garantindo prioridade aos produtos de frio; 3) análise de todos os dados da fatura (verificar se os produtos vêm em boas condições, os prazos de validade, o preço de venda ao público (PVP) e o preço de venda à farmácia (PVF)), aquando da receção informática dos produtos. Cada fatura apresenta um número identificativo, sendo discriminada em cada uma: os dados da farmácia (tal como o NIF) os códigos dos produtos enviados e respetivos nomes comerciais, a dosagem, a quantidade pedida e a enviada, o PVF, o PVP, o imposto de valor acrescentado (IVA), os descontos, os bónus (se existirem) e o valor total da fatura.

Após terminada a receção de todos os produtos da encomenda no SIFARMA 2000 e antes da mesma ser validada, é importante voltar a rever todos os valores para que a farmácia não sofra qualquer prejuízo derivado de um erro na receção de encomenda. Nos produtos sem PVP inscrito na embalagem é efetuada a respetiva marcação, consoante a margem da FC, recorrendo-se à impressão das etiquetas impressas na farmácia, onde se indica o valor do produto e a taxa de IVA a que se encontra sujeito. Depois de tudo verificado e de terminada a receção da encomenda transferem-se os produtos em falta de um fornecedor para o outro, de modo a voltarem a ser encomendados; ou então para uma lista de esgotados, seguindo-se o envio da respetiva informação para o INFARMED.

As faturas originais que acompanham as encomendas diárias de cada armazenista são arquivadas na farmácia para posterior comparação com os dados do resumo mensal enviados pelos armazenistas à farmácia e futuro arquivo durante o prazo legal (5anos).

3.4. Armazenamento

Após a receção das encomendas, os medicamentos são armazenados e organizados por ordem alfabética, formas farmacêuticas e prazos de validade.

De salientar que o armazenamento dos produtos de frio (tais como, vacinas e insulinas) é prioritário e que os medicamentos psicotrópicos e/ou estupefacientes exigem um armazenamento em separado dos restantes produtos, sendo esse local fechado de acesso restrito.

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3.5. Devoluções

Existem dois tipos de devoluções: 1) as devoluções solicitadas pelo INFARMED e/ou laboratório e 2) as devoluções solicitadas pela FC. Relativamente às devoluções do tipo 1, são devolvidas ao fornecedor que emitiu a solicitação de devolução, sendo posteriormente encaminhadas para a entidade responsável; quanto às devoluções mencionadas no tipo 2, estas podem ser realizadas sempre que a FC considerar pertinente, podendo ou não ser aceites pelo fornecedor em causa. A aceitação irá depender da justificação apresentada por parte da farmácia, sendo a mesma apenas permitida em condições muito específicas: embalagem danificada, prazo de validade curto, erro no produto enviado (quando o produto enviado não corresponde ao pedido), erro de quantidades (quando a quantidade enviada é superior à encomendada) ou remoção do produto do mercado (nesta situação, a farmácia recebe uma circular a informativa). Para cada uma destas situações, o SIFARMA 2000 cria um registo de devolução e a respetiva guia de devolução (em triplicado). Esta última discrimina o motivo da devolução e o número da fatura de fornecimento, sendo impressa em duplicado, acompanhando assim o produto devolvido ao fornecedor (Figura 9 - Anexo). O triplicado da guia é arquivado na farmácia.

Caso na justificação seja aceite, o fornecedor poderá trocar o produto devolvido por outro igual ou emitir uma nota de crédito; por outro lado, se a devolução não for aceite, a farmácia terá de assumir o prejuízo.

Realizei com frequência devoluções do tipo 1 na FC, devido sobretudo a erros no pedido e por razões de embalagens danificadas. As devoluções do tipo 2, embora menos frequentes, também ocorrem, como foi o caso da vacina Meningitec® (vacina meningocócica C conjugada) que foi retirada do mercado pela deteção de partículas avermelhadas em algumas unidades deste produto.

4. Dispensa de Medicamentos

O papel do farmacêutico na dispensa do medicamento ao utente assume grande responsabilidade, já que este é o último profissional de saúde a contactar com o mesmo antes do uso da medicação. Compete por isso ao farmacêutico: 1) dispensar corretamente o medicamento em causa, atendendo à indicação terapêutica, posologia, modo de administração, possíveis interações medicamentosas, efeitos secundários,

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condições de armazenamento e sua conservação; 2) prestar ao utente toda a informação necessária e adequada à correta utilização do medicamento; 3) garantir o cumprimento do código de ética farmacêutica, não sobrepondo a este os interesses comerciais da farmácia.

Em Portugal subsistem dois tipos de receitas médicas [7]:

1. Receitas médicas renováveis: refletem tratamentos prolongados ou crónicos, apresentando uma validade de seis meses.

2. Receitas médicas não renováveis: correspondem a tratamentos agudos ou não crónicos, apresentando uma validade mais curta, de apenas trinta dias.

A FC situa-se numa localidade do Porto com alguns bairros sociais e em que a sua população apresenta algumas dificuldades financeiras, desta forma foi criado um sistema de crédito para os utentes com mais dificuldades financeiras e que são assíduos na farmácia (Figura 10 - Anexo). Este sistema de crédito permite prolongar o prazo de pagamento do utente até um plafond máximo estabelecido até ao fim do mês, perante a apresentação do seu cartão de fidelidade (Figura 11 - Anexo). No ato da venda a crédito são emitidos dois recibos: uma fatura (que só será entregue aquando do pagamento) e um comprovante de crédito (que deve ser assinado pelo utente e arquivado num envelope até ao pagamento dessa dívida).

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) são classificados consoante os critérios exigidos no Estatuto do Medicamento [8] e a sua dispensa representa uma grande percentagem do rendimento da FC. Denominam-se como MSRM todos os medicamentos que preencham uma das seguintes condições apresentadas no organograma da figura 12 em anexo.

A dispensa dos MSRM apenas pode ser efetuada sob a apresentação de uma receita médica, na qual devem constar os seguintes pontos: local da prescrição com a respetiva vinheta ou carimbo da instituição de saúde, nome do médico com a respetiva vinheta identificativa (enunciando a especialidade e a sua assinatura), identificação do utente com indicação da entidade responsável pela comparticipação, designação clara do medicamento prescrito (indicando dosagem, forma farmacêutica, quantidade necessária e posologia), data da prescrição e data de validade da receita (que deverá estar atualizada para que o seu aviamento seja possível).

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Durante o meu estágio foi frequente receber receitas fora do prazo, por parte dos utentes, tendo por isso sempre muita atenção a este parâmetro, e alertando os utentes sempre que tal ocorria.

Todas as receitas médicas devem ser assinadas pelo utente ou indivíduo que o representa, como comprovativo de que os medicamentos prescritos lhe foram dispensados e prestados todo a aconselhamento necessário à sua utilização. Posteriormente, a receita é datada, carimbada e assinada pelo farmacêutico ou técnico habilitado.

4.1.1. Comparticipação dos Medicamentos

A comparticipação dos medicamentos tem como base o pagamento, por parte do Estado, de uma determinada taxa sobre o preço de referência. Esta taxa inclui também os MG. A comparticipação do Estado é determinada após uma avaliação cuidada do pedido do titular da Autorização de Introdução no Mercado (AIM) e apenas após a aprovação do INFARMED.

Aos medicamentos destinados a patologias crónicas ou incapacitantes, é-lhes aplicado um maior valor de comparticipação, sendo que este valor é variável consoante o escalão em que o medicamento se insere (Figura 13 - Anexo).

Em determinadas patologias graves (listadas no endereço eletrónico do INFARMED), tais como: lupus, hemofilia e paramiloidise, é aplicado um regime especial de comparticipação, tornando-se gratuitos todos os medicamentos destinados a estes doentes.

O sistema de comparticipação do SNS é atualizado ao dia 15 do último mês de cada trimestre, podendo ou não daí advir a alteração dos preços de referência na comparticipação.

4.1.2. Logística do Receituário

No fim de cada mês procede-se ao encerramento dos lotes, ordenando todas as receitas em lotes de trinta e organizando as mesmas por plano e regime de comparticipação. A cada lote de receitas associa-se sempre o respetivo resumo geral, designado por verbete. No verbete é discriminado: o nome e código da farmácia, o plano de comparticipação, o número do lote, o número de receitas, o número de

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etiquetas (isto é, o número de produtos vendidos, por unidade), o valor de PVP, de comparticipação e o valor pago pelo utente em cada receita.

Todas as receitas são mensalmente encaminhadas com os respetivos documentos (verbete, a relação de resumo de lote e as vias da fatura) para o Centro de Conferência de Faturas (CCF) (no caso do SNS) e para a ANF (no caso dos restantes organismos de comparticipação), até ao dia 10 de cada mês.

Embora todas as receitas sejam conferidas várias vezes e por funcionários diferentes, podem surgir erros na correção, colocando em causa as exigências de cada organismo comparticipante. Quando tal acontece, a entidade responsável pela comparticipação não suporta o valor da mesma, sendo a receita devolvida de novo à farmácia e acompanhada da justificação.

4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) são medicamentos que não satisfazem qualquer condição imposta na legislação dos MSRM, não apresentando por isso qualquer tipo de comparticipação [8].Recorre-se aos MSRM em casos de transtornos menores de saúde, não carecendo de uma prescrição médica para serem dispensados. Por esta mesma razão, a venda livre destes produtos propicia em grande escala a auto-medicação da população, o que pode desencadear reações adversas graves. É precisamente nestas situações que o farmacêutico se torna primordial, assumindo uma grande importância ao nível da dispensa dos medicamentos ao utente e consequente promoção de saúde.

O PVP deste tipo de medicamentos é estabelecido pela farmácia, consoante a margem da mesma.

Durante o meu estágio na FC dispensei ao utentes uma variada gama de MNSRM, entre os quais, os que mais frequentemente dispensei foram: anti-diarréicos (como Imodium®), antigripais (como Ilvico® e Cêgripe®), antitússicos (como Bisoltussin®), descongestionantes (como o Vibrocil Actilong®), e também analgésicos, antipiréticos e alguns produtos dietéticos.

4.3. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes são substâncias que atuam diretamente sobre o Sistema Nervoso Central, sendo responsáveis tanto por comprovados benefícios

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terapêuticos em diversas doenças, causando também algum grau de tolerância, dependência física e/ou psíquica e risco de sobredosagem. Dado o binómio risco/benefício, estas substâncias são alvo de um rigoroso controlo [9].

O DL relativo a este tipo de medicamentos [10] visa classificar estas substâncias e associar às mesmas um conjunto de regras no que diz respeito à prescrição médica, dispensa e controlo do receituário onde estejam incluídas.

O INFARMED é responsável por fiscalizar e controlar este tipo de medicamentos, sendo que para isso estes medicamentos são prescritos isoladamente e requerem o preenchimento de um formulário no ato da sua venda (do qual consta o número da receita, dados do médico prescritor, do doente e da pessoa que adquiriu a medicação). O duplicado de talão de faturação é anexado à cópia da receita e arquivado por um período de 3 anos. A receita original é tratada como uma receita normal, sendo enviada para o Centro de Conferência de Faturas (CCF) juntamente com o restante receituário (Figura 14 - Anexo).

Na FC era comum a dispensa deste tipo de medicamentos à população. Dado que este tipo de prescrição exige um tratamento especial e controlado, garanti sempre o maior rigor e atenção no atendimento e dispensa do medicamento. Os medicamentos psicotrópicos/estupefacientes que dispensei com mais frequência foram buprenorfina e metilfenidato.

4.4. Produtos de Dermocosmética e de Higiene

Compreende-se como produto cosmético, “qualquer substância ou preparação destinada a (…) epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger ou de corrigir os odores corporais” [11]. Já os produtos dermocosméticos apresentam na sua constituição uma ou mais substâncias ativas, com uma finalidade terapêutica específica.

Estes produtos não têm um preço fixo, representando uma grande margem para a FC. Por este motivo, os mesmos encontram-se bastante visíveis e com uma exposição bem elaborada e apelativa (normalmente nas prateleiras mais expostas à vista do utente).

A FC tem à disposição do utente alguma variedade de marcas, entre as quais: Avéne®, Uriage® e Vichy® (Figura 15 - Anexo). Dada esta elevada gama de produtos

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existentes no mercado, é da responsabilidade do farmacêutico, estudar a utilidade e ação farmacológica de cada, de modo a dispensar ao utente o melhor aconselhamento possível.

Durante o meu estágio familiarizei-me muito com os produtos que a FC dispensa, tendo estudando as vantagens de cada um e assim, adequando a necessidade do utente ao produto mais recomendado.

4.5. Medicamentos de Uso Veterinário

Os medicamentos de uso veterinário caraterizam-se como um bem público e um recurso crucial para a defesa da saúde e do bem-estar animal. Todos estes produtos têm impressa a designação uso veterinário, sob um fundo verde.

Os produtos de uso veterinário mais procurados pelos utentes da FC são antiparasitários (externos e internos), antibióticos, anti-inflamatórios e medicamentos cardiovasculares (Figura 16 - Anexo).

4.6. Dispositivos Médicos

Define-se como dispositivo médico “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação (…), cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado (…) para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença; diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de uma deficiência; estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico; e controlo da conceção” [13]. Todos estes produtos têm inscrito na embalagem o símbolo CE. Durante o meu estágio na FC contactei com alguns, tais como: material ortopédico (bengalas, canadianas, meias, pulsos e pés elásticos), artigos de penso, de sutura e drenagem, artigos destinados a grávidas e preservativos. Tive a oportunidade, durante o meu estágio, de aconselhar a aplicação de uma meia de descanso a uma grávida e auxiliar uma utente na aplicação de um suporte ortopédico para o seu braço fraturado.

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4.7. Produtos Alimentares e Dietéticos

Os produtos destinados a uma alimentação especial correspondem aos “géneros alimentícios que têm uma composição ou processo de fabrico particular, distinguindo-se assim dos alimentos de consumo corrente” [14]. Este tipo de produtos visa satisfazer as necessidades nutricionais de grupos muito específicos de indivíduos, tais como, lactentes (entre 1 e 3 anos de idade), pessoas com perturbações digestivas e/ou metabólicas ou com circunstâncias fisiológicas especiais, entre outros [15]. Incluem-se também neste grupo: 1) produtos dietéticos com um valor energético muito reduzido, visando um maior controlo do peso; 2) géneros alimentícios especiais, adequados às necessidades individuais (isenção de glúten, lactose e fenilalanina); 3) suplementos nutritivos (produtos hiperproteicos e hiperenergéticos), adaptados a indivíduos com um esforço muscular mais intenso ou até para indivíduos com carência muscular.

A rotulagem destes produtos exige determinadas condições, tais como, a apresentação do valor energético (em Kcal), do teor em glúcidos, proteínas e lípidos.

Para otimizar o aconselhamento farmacêutico prestado e satisfazer as necessidades nutricionais de cada utente, tive oportunidade de contactar com a variada gama de produtos que a FC dispõe, estudando assim os objetivos nutricionais de cada.

Por várias vezes foi-me possível aconselhar algumas mães quanto à papa mais adequada para os seus filhos, tendo em conta parâmetros importantes, tais como, a idade do bebé, peso e possibilidade de qualquer alergia a algum alimento.

4.8. Medicamentos Genéricos

Entende-se como medicamento genérico todos os medicamentos que tenham a mesma substância ativa na sua composição, apresentem igual forma farmacêutica e dosagem e manifestem a mesma indicação terapêutica que o medicamento de marca de referência. Para que um medicamento genérico possa ser vendido ao público, a sua substância ativa tem primariamente de se encontrar no mercado por um longo período de tempo, ter garantia de efetividade e um profundo conhecimento acerca do seu perfil de segurança [16].

A Autorização de Introdução no Mercado (AIM) dos medicamentos genéricos requer as mesmas exigências legais que os medicamentos de marca. A sua aprovação para utilização em ensaios pré-clínicos e posteriormente clínicos baseia-se em estudos de farmacológicos, de bioequivalência e de biodisponibilidade.

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Salienta-se o facto do utente possuir o direito à opção no ato da dispensa, podendo optar por um medicamento de marca ou por um MG pertencente ao mesmo grupo homogéneo. Desta forma, perante as condições em causa, tive sempre o cuidado prévio de questionar o utente quanto à sua preferência.

Cada vez mais nos dias de hoje, os medicamentos genéricos assumem um grande nível de aceitação por parte de muitos utentes, dada a sua qualidade, eficácia, segurança e custo inferior ao medicamento de marca [16].

Na Parte II deste relatório apresento um estudo estatístico que realizei acerca da venda de genéricos na FC, verificando-se que uma grande percentagem das vendas da farmácia se devem a medicamentos genéricos.

5. Medicamentos Manipulados

Os MM são preparados segundo fórmulas magistrais (preparação baseada numa receita médica específica) ou oficinais (preparação baseada nas indicações compendiais, da farmacopeia ou de um formulário específico), cuja preparação compete às farmácias e sob a direta responsabilidade do farmacêutico.

Os atuais padrões de qualidade na utilização de MM estão enquadrados num sistema de boas práticas de fabrico e de acordo com normas e requisitos aprovados pelo Infarmed [17].

É da total responsabilidade do farmacêutico supervisionar a preparação dos MM de acordo com as necessidades de cada pessoa, constituindo uma terapêutica rigorosa, controlada e devidamente personalizada consoante o perfil fisiopatológico do utente. A sua preparação pode ser efetuada pelo farmacêutico ou por um técnico competente.

O laboratório da FC é constituído por todo o equipamento obrigatório para a preparação, acondicionamento e controlo de manipulados. Os MM requeridos na FC resumem-se à produção de cápsulas de emagrecimento.

5.1. Produção dos Medicamentos Manipulados

As cápsulas de emagrecimento manipuladas na FC seguem procedimentos de manipulação devidamente normalizados e apresentam uma composição e quantidade variável dos seguintes compostos, consoante prescrição médica (Figura 17 - Anexo):

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1) Glucomanano: é uma fibra solúvel em água e com elevada capacidade de absorção de água. A sensação de saciedade é por isso alcançada por esta caraterística [18]. 2) Centelha Asiática: é um tanino com propriedades fitocosméticas. Estas mesmas

propriedades terapêuticas garantem o controlo da fixação da prolina e alanina (elementos fundamentais na formação do colagénio) e desta forma, orientam o tratamento venoso de celulites localizadas [19].

3) Fenolftaleína: é um fitoterápico com ação laxante, podendo causar cólicas, desidratação, dermatites e reações fotossensíveis quando usado em doses elevadas. Por este motivo é utilizado nas formulações da FC numa quantidade máxima de 80mg [20].

4) Cáscara Sagrada: é um fitoterápico com ação laxante muito usado em tratamentos intestinais, agindo na estimulação da mucosa gastrointestinal, favorecendo assim um melhor funcionamento do intestino [21].

5) Sene: os seus derivados antraquinônicos conferem uma ação colagoga e laxante, em doses baixas, e purgante em doses maiores [22]. A sua ação laxante tem por base o aumento da motilidade do colón, levando à redução do trânsito intestinal e à estimulação da secreção de água e eletrólitos para o lúmen do cólon [23].

6) Hoodia Gordonii: atua como inibidor do apetite através da estimulação direta do centro do apetite que envia estímulos neuro-hormonais para a redução da fome [24].

7) Equisetum: diurético, tónico remineralizante, utilizado no tratamento das afeções das vias urinárias como cistites e uretrites[25].

8) Hamamelis: dada a alta concentração em taninos, produz um efeito adstringente (antidiarréico, hemostático local, cicatrizante). A grande quantidade em flavonóides leva a um efeito venotônico e vasoprotetor, aumentando a elasticidade das veias e a resistência capilar, reduzindo a permeabilidade [25].

9) Extrato de Laranja Amarga: o alcalóide existente na casca de Citrus aurantium sinefrina, é muito usado em programas de emagrecimento, pois ajuda no controlo da fome, estimula o metabolismo e a termogénese. Isto é, aumenta a energia e queima das gorduras acumuladas, estimula a síntese das proteínas e evita a perda de massa muscular [26].

10) Furosemida: apresenta uma propriedade diurética, inibindo a reabsorção de eletrólitos e assim, inibindo o centro da fome e apetite. Apresenta um efeito adelgaçante quando associada a outras substâncias que ajudam a inibir o

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apetite. Por si só, a furosemida apenas estimula a perda de líquidos devido à sua ação diurética [27].

11) Clorodiazepóxido: como composto benzodiazepínico que é, atua ao nível do SNC, diminuindo neste caso a ansiedade do paciente [28]. A sua utilização é justificável em utentes que demonstrem ansiedade com a implementação de uma dieta mais rigorosa.

12) Diazepam: ação idêntica ao clorodiazepóxido.

13) Faseolamina: é uma glicoproteína que atua como inibidor de α-amilase, inibindo a digestão e a absorção do amido e diminuindo o peso que os carboidratos exercem no ganho de calorias da alimentação [29].

14) Metformina: diminui a concentração de glicose no sangue, melhora a sensibilidade à insulina nos tecidos muscular e adiposo, reduz a hiperinsulinémia e aumenta a oxidação de ácidos gordos [30].

15) Picolinato de Crómio: a suplementação com picolinato de cromo ajuda na redução da resistência à insulina, particularmente em diabéticos. A substância atua em enzimas ligadas ao metabolismo energético, agindo diretamente na regulação dos níveis de glicose sanguínea [31].

Após a preparação do MM é da responsabilidade do farmacêutico o controlo da qualidade do produto manipulado, avaliando as suas caraterísticas organoléticas.

Na FC procede-se ao preenchimento de uma ficha de preparação para cada MM, na qual são registadas todas as matérias-primas utilizadas e respetiva quantidade, o lote, a Farmacopeia utilizada, o procedimento de preparação da fórmula, o recipiente de armazenamento, o prazo de validade, o valor unitário de cada matéria-prima, material de embalagem e a verificação da qualidade (Figura 18 - Anexo). O prazo de validade estipulado pela FC é de seis meses após a manipulação. A ficha de preparação é então anexada à fotocópia da receita médica e arquivada na farmácia.

Durante o meu estágio preparei mensalmente algumas fórmulas de emagrecimento, sempre com a supervisão da diretora-técnica ou da técnica responsável. Após a preparação, armazenei todas as cápsulas nos recipientes próprios e identifiquei as embalagens com o respetivo rótulo (com a indicação do nome do utente, prazo de validade, constituição das cápsulas, número do lote e data de preparação).

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5.2. Dispensa dos Medicamentos Manipulados

Os MM produzidos na FC apenas podem ser dispensados aos utentes após a apresentação da respetiva prescrição médica. No ato da sua venda não é aplicado qualquer desconto, sendo o preço determinado através de um cálculo rigoroso, explicado mais à frente.

5.3. Preço dos Medicamentos Manipulados

O preço ao público dos MM é calculado com base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de embalagem [32].

O cálculo dos honorários da preparação tem por base um fator (F) de valor fixo, atualizável automática e anualmente consoante o crescimento do índice de preços ao consumidor. A este valor é depois multiplicado o fator correspondente à forma farmacêutica do MM. O valor das matérias-primas é calculado a partir da multiplicação do valor de compra (isento de IVA) com o fator correspondente ao número de matérias-primas utilizadas. Já o cálculo do valor dos materiais de embalagem é determinado pela multiplicação do valor de aquisição (isento de IVA) com o fator fixo de 1,2.

Desta forma, a fórmula aplicada para o cálculo do preço de venda ao público (P.V.P.) é a seguinte:

6. Farmácia Clínica e Serviços prestados na farmácia

O farmacêutico de oficina, como profissional de saúde mais próximo do utente que é, tem o dever de acompanhar o utente e, sempre que necessário, aconselhar e encaminhar o mesmo ao médico. É este tipo de acompanhamento farmacoterapêutico mais personalizado que permite ao farmacêutico identificar determinados comportamentos de risco e assim atuar atempadamente [33].

Desta forma, a FC visa ajudar e promover o bem-estar dos seus utentes e nesse sentido são prestados controlos bioquímicos (pressão arterial (PA), colesterol total (CT), triglicerídeos (TG), glicemia e testes de gravidez) e antropométricos (peso e altura), administração de vacinas e rastreios pontuais de certas patologias. Estes e os restantes

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serviços prestados na farmácia são da total responsabilidade do farmacêutico, devendo estar sempre inerente aos mesmos a farmacovigilância ao utente.

6.1. Farmacovigilância

A farmacovigilância tem como objetivo primordial, melhorar a qualidade e segurança dos medicamentos e consequentemente a segurança do utente e da saúde pública. Todos os profissionais de saúde e instituições de saúde (públicas e privadas) estão incluídos no Sistema Nacional de Farmacovigilância visando a deteção, avaliação e prevenção de todas as reações adversas aos medicamentos [34]. As mesmas são maioritariamente detetadas durante a fase de ensaios clínicos, podendo existir algumas reações adversas mais raras ou de deteção tardia e, que apenas são detetadas após a fase de ensaios clínicos.

6.2. Avaliação dos Parâmetros Bioquímicos e Antropométricos

Ao longo do meu estágio na FC determinei e avaliei diariamente, e com muita frequência, os vários parâmetros bioquímicos e antropométricos aos utentes da FC. Os utentes recorrem assiduamente, e muitas vezes em primeiro recurso, a estes serviços e ao seu respetivo aconselhamento. Tal relacionamento com os utentes permite uma melhor farmacovigilância e monitorização da terapêutica instituída em cada um.

Desta forma, os parâmetros bioquímicos e antropométricos que assegurei na FC foram:

a) Determinação da pressão arterial (PA): este é o serviço mais requerido pelos utentes da FC, justificando assim o facto da hipertensão arterial ser atualmente um dos grandes fatores de risco de doenças cardiovasculares e uma das principais causas de morte. A sua determinação é gratuita e realizada com recurso a um tensiómetro automático. Sempre que o utente solicita este serviço, é aconselhado um pequeno repouso (cinco a dez minutos), antes da respetiva medição.

Sempre que realizei este serviço na FC, tive como referência os valores designados pela OMS, onde valores de PA acima de 140-90 mmHg (em utentes saudáveis) e entre 130-80 mmHg (em utentes com patologias mais rigorosas e que exigem um maior controlo, tais como, Diabetes Mellitus) são considerados hipertensão arterial [56]. Contudo, cada utente é um caso particular, devendo ser analisado e avaliado individualmente.

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Em determinadas circunstâncias e perante valores de PA muito elevados durante vários dias consecutivos, tive de chamar o INEM e assim encaminhar alguns utentes para o hospital. Houve por isso uma alteração à terapêutica desses doentes, no sentido de uma melhor adesão e qualidade de vida dos mesmos.

b) Determinação da concentração de glicose sanguínea: a medição da glicémia, isto é, a concentração de açúcar no sangue, é fulcral na prevenção e controlo da

Diabetes Mellitus. A sua determinação é muito simples e pouco evasiva, sendo efetuada

e avaliada em três situações distintas: 1) glicémia em jejum (valores de referência: 70-110 mg/dL); 2) glicémia pós-prandial (valor máximo: 200 mg/dL); 3) glicémia de ocasião (valor máximo: 140 mg/dL).

Sempre que me deparei com níveis de glicémia acima dos de referência alertei o utente para a necessidade de controlo e sensibilizei o mesmo para a adoção de hábitos alimentares saudáveis e para a prática de exercício físico equilibrado e adequado.

c) Determinação da concentração de colesterol: a adoção de um estilo saudável de vida, com a prática assídua de exercício físico e a introdução de hábitos alimentares benéficos para a saúde, é preponderante no controlo de fatores de risco de doenças cardiovasculares, tais como, a dislipidemia e a aterosclerose. A sua determinação é simples e pouco dolorosa, facilitando desta forma a adesão à monitorização.

Deparei-me frequentemente com utentes com elevados níveis de colesterol (acima de 190mg/dL), tendo alerta-los sempre para o elevado risco desses valores e para o grande benefício inerente à adoção de medidas não-farmacológicas para controlo da doença.

d) Determinação da concentração de triglicerídeos (TG): a determinação dos níveis de TG dever ser sempre realizada em jejum, já que os mesmos se alteram com a ingestão de alimentos. O valor de referência máximo é de 150 mg/dL.

O aconselhamento que disponibilizei aos utentes com altos níveis de TG é idêntico ao aconselhamento prestado aos utentes com altas concentrações de colesterol.

e) Determinação do peso, altura e índice de massa corporal (IMC): a FC dispõe de uma balança automática que determina tanto o peso corporal como a altura do utente,

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calculando ainda o valor de IMC do mesmo. Utentes com valores de IMC acima de 25,0 já são considerados indivíduos com algum risco cardiovascular inerente, sendo por isso devidamente aconselhados e alertados para a problemática.

É da responsabilidade do farmacêutico aconselhar o utente em cada situação, orientando-o no sentido de adquirir um estilo de vida saudável. Desta forma, sempre que considerei pertinente, atuei nesse mesmo sentido: avaliei com o utente os seus valores, alertei-o para o risco cardiovascular a que estava sujeito e estruturei com o mesmo uma lista de comportamentos a adotar para diminuir esse risco.

Neste âmbito, tive a oportunidade de colaborar num rastreio cardiovascular em Terras de Bouro (Gerês), em colaboração com uma aluna da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.

6.3. Administração de Vacinas

Na FC, apenas os profissionais devidamente habilitados para o efeito (com curso atualizado de administração de vacinas) são responsáveis pela administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação [35]. Embora na unidade curricular de primeiros socorros tenha tido oportunidade de aprender a técnica de administração de vacinas, não tenho ainda um curso que me habilite à sua prática, e por essa razão não tive um papel muito ativo neste serviço. Contudo, foi-me permitido assistir por algumas vezes à administração de vacinas por parte dos profissionais da FC que estão habilitados para a função.

6.4. VALORMED

A VALORMED (Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos, Lda) é responsável pela “gestão de resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso” [36] (Figura 19 - Anexo). Em colaboração com a indústria e distribuição farmacêutica, todas as farmácias de oficina em Portugal visam criar uma maior consciencialização para a gestão das embalagens dos medicamentos.

Os utentes da FC dirigem-se muito frequentemente à farmácia para devolver os medicamentos, que por algum motivo já não usam (como por exemplo, validade expirada).

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Após a entrega dos medicamentos, os mesmos são primeiro avaliados e por fim, colocados no contentor (até um máximo de 20kg), que quando completo é selado, pesado e devidamente identificado. Aquando da identificação do contentor, é preenchida uma ficha com o nome da farmácia, o respetivo número da ANF e a assinatura do profissional responsável. Para finalizar o processo, o armazenista efetua a recolha do contentor e termina o preenchimento da ficha.

7. Formações e Workshops

São periódicos os convites para formações solicitados à equipa da FC por parte da ANF. Neste sentido, fazendo também parte da equipa, tive oportunidade de participar em duas palestras: “Saúde Nasal – A importância de bem respirar. Etiologia e Abordagens terapêuticas” e “Vírus Ébola – Ameaça sem Fronteiras?”.

Paralelamente, assisti também a algumas formações na FC fornecidas por alguns laboratórios, como por exemplo, a Boehringer Ingelheim e o Grupo Teva.

8. Conclusão Final

A unidade curricular de estágio em farmácia comunitária é fundamental para um maior contacto com a realidade atual das farmácias, colocando assim todo o conhecimento por nós adquirido ao longo de cinco anos de estudo. A minha segurança no aconselhamento foi bastante gradual, devendo isso a todos os profissionais da FC que sempre me acompanharam, ensinaram e me deram muita autonomia desde o início.

Desta forma, considero que no meu estágio tive oportunidade de realizar atividades diversificadas, o que se revelou bastante positivo. Adquiri também novos conhecimentos legislativos, tornando-me assim uma profissional mais atenta e crítica perante a minha futura profissão e como profissional de saúde (Figura 30 – Anexo).

A saúde está sempre em constante atualização, pelo que é fulcral um estudo diário e atualizado, considerando-me assim responsável e capaz de dignificar esta profissão, ser farmacêutica.

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PARTE II

9. A Pediculose: Saúde Escolar Emergente

Representando setembro o mês do regresso às aulas, é fundamental ter-se em atenção todas as problemáticas de saúde caraterísticas da época sazonal em causa. Assim, considerei importante estudar a temática da pediculose, como causa de emergência relativamente à saúde escolar.

9.1. Definição e Fisiopatologia

A Pediculosis capitis constitui uma parasitose exclusivamente humana e ubiquitária de elevada prevalência, especialmente entre crianças em idade escolar. Representa um problema universal que acarreta muitos custos e riscos resultantes do absentismo escolar e laboral. Desta forma, é fulcral insistir na aplicação de estratégias de promoção da saúde e numa vigilância adequada, para que seja assim possível o tratamento atempado de novos casos [37].

As crianças são o foco mais suscetível de infeção sintomática, contudo, a problemática pode afetar qualquer indivíduo, independentemente de idade, sexo ou condição socioeconómica [38]. O tratamento é importante, devendo ser tido em atenção e promovidas sobretudo pelos pais [39].

9.2. Transmissão e Sintomatologia

A pediculose afeta indivíduos de todas as faixas etárias e níveis sociais. Contudo, as crianças são o alvo preferencial, sobretudo as raparigas entre com idades compreendidas entre os 5 e os 11 anos, devido ao maior contacto interpessoal na comunidade escolar [38].

A transmissão ocorre sobretudo por contacto direto (através do contacto direto

cabeça com cabeça) ou por contacto indireto (pela partilha de objetos pessoais, tais

como, pentes, chapéus, fitas e almofada). Esta pode surgir em qualquer indivíduo, já que é independente da boa ou má higiene que o indivíduo pratique. [39].

Apesar da relativa benignidade, a patologia é causa frequente de desconforto físico e marcada morbilidade psicológica [37]. Assim, é fundamental estar alerta para todos os

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comichão e por vezes até dor. Esta sensação dolorosa é causa frequente de desatenção, perturbação do sono, escoriações e sobreinfeções cutâneas do couro cabeludo, nomeadamente por Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus [40].

O diagnóstico da problemática é efetuado pela deteção visual de um ou mais piolhos vivos, com recurso ao pente de dentes finos [37].

9.3. Prevenção da doença e tratamento

Dada toda a energia e hiperatividade caraterísticas de muitas crianças, torna-se praticamente impossível evitar todos os possíveis contágios. Contudo, há certos comportamentos preventivos que lhes devem ser ensinados [41]. É prudente que as crianças saibam a principal causa de contágio, de modo a adquirem certos cuidados preventivos.

No momento do diagnóstico, a infestação está já presente há tempo suficiente para permitir a transmissão interpessoal, pelo que deve ser dada primazia ao diagnóstico dos casos concomitantes e início precoce do tratamento. Muitos são os métodos que ao longo das gerações têm sido usados nesta patologia. Muitos deles expõem o indivíduo a sérios riscos, nomeadamente algumas formulações caseiras à base de maionese, óleos essenciais e petróleo.

Para que o tratamento seja eficaz é fundamental ter-se em conta o ciclo de vida do piolho e a coexistência simultânea de vários estadios de maturação do mesmo. Tal facto torna evidente a necessidade de uma terapêutica seriada, para deste modo garantir a erradicação dos piolhos que sucessivamente vão eclodindo.

Atualmente, o tratamento de primeira opção para remoção dos parasitas e lêndeas é aplicação de uma solução com um composto piretróide [37]. O piretróide mais comumente utilizado é a permetrina a 1%. O mecanismo de ação da permetrina baseia-se no do bloqueio dos canais de sódio dos neurónios do piolho, repolarizando-os. Tal facto resulta na paralisia respiratória e morte do piolho. A sua atividade é sobretudo pediculicida, apresentando uma fraca atividade na erradicação das lêndeas, pelo que é recomendada uma segunda aplicação após 7 a 10 dias [42].

Nos últimos anos tem-se assistido ao aumento do número de resistências do piolho a este fármaco, pelo que a remoção dos piolhos e lêndeas com pentes de dentes finos, como método isolado, não é suficiente para erradicação da parasitose. No entanto, a remoção manual das lêndeas após uso do composto piretróide é um importante

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tratamento adjuvante e fundamental em crianças com menos de seis meses de idade, já que nestas o uso de piretróides é totalmente contra-indicada [43].

9.4. Sensibilização escolar para a problemática

A pediculose é vista como uma ectoparasitose prevalente entre a população infantil [44]. Desta forma, apercebi-me durante o meu estágio na FC da necessidade de promover a saúde escolar, educando as crianças e adultos acerca da problemática da pediculose. Neste sentido e dado o início do ano escolar, realizei uma apresentação

animada aos alunos do 1º ano de escolaridade da Escola EB1 da Lomba (Figura 20 -

Anexo).

A apresentação baseia-se numa história original e animada que alerta para a necessidade de uma maior vigilância, bem como para o modo de prevenção, transmissão

e tratamento da doença (Apresentação 1). Os alunos demonstraram-se bastante atentos e

interessados ao logo de toda a apresentação, relatando vários episódios pessoais e questionando vários aspetos para uma melhor compreensão da temática (Figura 21 - Anexo). Após a apresentação voltei a salientar a importância de estarem muitos atentos para a problemática e do interesse de transmitirem os ensinamentos adquiridos aos pais e restantes familiares. Forneci aos alunos alguns jogos temáticos, como forma de consolidação dos conhecimentos obtidos (Figura 22 - Anexo).

“E porque a educação da criança deve começar em casa” considerei importante a apresentação de um póster informativo sobre a pediculose na FC, para que desta forma toda a população esteja devidamente informada para a problemática e assim possa atuar em conformidade (Figura 23 - Anexo).

9.5. Conclusões gerais

A adoção de comportamentos saudáveis em prol da qualidade de vida de cada indivíduo é fundamental, devendo essa educação ter início em casa e sendo sobretudo da responsabilidade dos pais. Os mesmos devem estar devidamente informados e atualizados relativamente aos comportamentos e cuidados a ter ao nível da prevenção e/ou ataque da pediculose. Para além dos pais, também os educadores, professores e familiares próximos das crianças devem manter-se atentos à problemática.

Após o desenvolvimento de todo este trabalho e tendo posteriormente, atendido na FC algumas mães dos meninos aos quais fiz a apresentação na EB1 da Lomba e alguma

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população generalizada, posso concluir que consegui transmitir a mensagem principal do meu trabalho: prevenção!

Neste sentido, considero que a realização e exposição do poster informativo à população e a apresentação oral da temática aos alunos da Escola EB1 da Lomba foram pontos-chave para o alcance do meu principal objetivo: dar a conhecer a patologia de um modo fisiopatológico, e assim, promover uma melhoria no acesso aos cuidados de saúde existentes.

10. A Gota

No seguimento de um caso clínico com que me deparei durante um atendimento na FC, senti necessidade de informar e alertar os utentes para a problemática desta doença reumatológica, a gota.

Caso Clínico: Um utente do sexo masculino com uma idade compreendida entre os

50 e os 60 anos, apresentou-se na FC com dores muito fortes ao nível do joelho e do pé direito, sobretudo ao andar, e com o hálux (dedo grande do pé) muito inchado e inflamado. Abordou-me, questionando-me acerca de um diagnóstico possível.

Primariamente frisei a importância de apresentar a situação ao seu médico, no sentido deste pedir a realização de todos os exames necessários para uma conclusão mais fiável do diagnóstico. Contudo, realizei algumas perguntas de despiste que indicaram a possibilidade de se tratar da doença da gota:

1)Tem dor ao urinar? Ao que o utente responde “Sim, bastante”.

2)Sente cansaço? Ao que o teu responde “Sim, e por vezes sinto também falta de ar”.

3) É hipertenso? Ao que o teu responde “Sim”.

Como a FC não realiza o doseamento de ácido úrico, aconselhei o utente a dirigir-se a outra farmácia ou laboratório de análidirigir-ses clínicas para realizar o respetivo doseamento, pois analisando as suas respostas e se o valor estivesse aumentado (> 8 mg/dL), eram fortes justificações para o sustento do diagnóstico de gota.

Mais tarde, o utente passou na FC a confirmar a possibilidade de diagnóstico que lhe apresentei, sem antes voltar a reforçar a importância de ir ao médico.

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