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Ostracoda (Arthropoda, Crustacea) subrecente da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte, Brasil

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ALEF KENNEDY ROCHA DA SILVA

_______________________________________________

Dissertação de Mestrado

Natal/RN, agosto de 2019

OSTRACODA (ARTHROPODA, CRUSTACEA) SUBRECENTE DA PLATAFORMA CONTINENTAL SETENTRIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

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ALEF KENNEDY ROCHA DA SILVA

OSTRACODA (ARTHROPODA, CRUSTACEA) SUBRECENTE DA PLATAFORMA CONTINENTAL SETENTRIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sistemática e Evolução da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Sistemática e Evolução.

Orientadora: Profa Dra Simone Nunes Brandão

NATAL 2019

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ALEF KENNEDY ROCHA DA SILVA

OSTRACODA (ARTHROPODA, CRUSTACEA) SUBRECENTE DA PLATAFORMA CONTINENTAL SETENTRIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sistemática e Evolução da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Sistemática e Evolução.

Orientadora: Profa Dra Simone Nunes Brandão

Aprovada em: 22 de agosto de 2019.

BANCA EXAMINADORA:

Dra. Simone Nunes Brandão (Presidente da banca) – UFERSA Dra. Mariana Santana Santos Pereira da Costa (Membro externo) – IFRN

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À minha família, por todo o afago e proteção.

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AGRADECIMENTOS

À Profa Dra. Simone Nunes Brandão, por todo o ensinamento, paciência e disponibilidade na orientação da pesquisa, assim como por coordenar um dos auxílios do Projeto BioAmbA (CNPq processo 442550/2014-6), e pelo planejamento e coordenação das coletas de parte das amostras analisadas na presente dissertação.

À Profa Dra. Helenice Vital, pela coordenação de outros dois auxílios do Projeto BioAmbA (CNPq processos 400116/2013-8, 374397/2013-9), que financiaram a coleta de parte das amostras estudadas na presente dissertação, e finalmente por me permitir utilizar a infraestrutura do Laboratório GGEMMA (Departamento de Geologia-UFRN).

Ao Prof. Dr. Moab Praxedes Gomes, coordenador do projeto “PROCESSOS OCEANOGRÁFICOS NA QUEBRA DA PLATAFORMA CONTINENTAL DO NORDESTE BRASILEIRO: FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS PARA O PLANEJAMENTO ESPACIAL MARINHO” (CAPES-Ciências do Mar 2 n° 43/2013, proj. nº 23038.004320/2014-11), pelo planejamento e organização da coleta de amostras estudadas na presente dissertação. À Minha família, por todo o amor, confiança, respeito e auxílio em todos os pilares da vida. Em especial aos meus avós João Batista, Joana Barbosa, Sebastiana Rocha da Silva (in memoriam) e Raimundo Soares da Silva (in memoriam), com vocês aprendi sobre o que é amar/ser amado de fato. E as minhas tias Luzineide Silva de Carvalho e Lucineide Silva Trindade, por todo o cuidado e sentimento depositados em nossa relação.

Aos meus tios Rita Barbosa e Prof. Dr. Hermano Machado, por me receberem de braços e corações abertos durante o tempo que passei em Natal/RN.

À minha grande amiga, Danyelle Alves, tenho um carinho e uma gratidão sem tamanho pela forma ao qual você me acolhe.

À Heloísis Souza e Nathalia Kaluana, por acreditarem em mim em todas as horas, sou e vou ser eternamente grato por tudo.

Aos amigos de longa/curta data, pois o tempo não importa. Assim lembrando quando ouço Murica: “...eu tô na missão de juntar gente onde me espalho...”.

Ao Basquete Macau, por todos os amigos que ganhei e pela realização pessoal de representar Macau/RN tantas vezes ao longo desses últimos anos.

À Victória Gabrielle, por todo o cuidado, afago e empatia com a nossa relação. Gratidão por tudo que partilhamos.

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RESUMO

A classe Ostracoda apresenta um dos mais diversos e abundantes registros fósseis dentre todos os animais, além de uma ampla distribuição estratigráfica (do Ordoviciano ao Recente) e distribuição geográfica cosmopolita. Estas características fazem com que o grupo seja amplamente utilizado como indicador ecológico e paleoecológico. A presente dissertação de mestrado teve como objetivo fazer um levantamento taxonômico da fauna de Ostracoda subrecente da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, assim como investigar aspectos ecológicos desta fauna. Vinte e uma amostras foram coletadas com auxílio de um busca fundo do tipo Van Veen na plataforma interna e externa ao largo do Rio Açu. Um total de 63 espécies, 32 gêneros e 16 famílias foram identificados. Hemicytheridae foi a família com maior riqueza de gêneros e também com maior abundância (número de valvas / 100g de amostra seca). Pellucistoma Coryell & Fields, 1937 e Bythocythere Sars, 1866 foram os gêneros mais abundantes. Neonesidea Maddocks, 1969, Semicytherura Wagner, 1957 e Paracytheridea Mueller, 1894 apresentaram as maiores riquezas de espécies. Com base nas assembleias de Ostracoda, as regiões interna e externa da plataforma se mostraram significativamente diferentes. Dos 32 gêneros presentes nas amostras, nove (28,2%) foram encontrados somente na região externa, quatro (12,5%) na interna e 19 (59,3%) apresentaram ocorrência comum às duas regiões. Dentre as variáveis ambientais analisadas, a profundidade e o tipo de sedimento foram os fatores que melhor explicaram a distribuição atual dos ostracodes marinhos bentônicos ao longo das porções interna e externa da plataforma. Os dados gerados no presente estudo possibilitam uma maior compreensão da fauna Ostracoda presente na região, e devem servir de base para novas linhas de pesquisas, assim como para a exploração sustentável dos hábitats em que esses organismos se encontram. Aumentando o conhecimento e a proteção da fauna Ostracoda presente na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte.

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ABSTRACT

The class Ostracoda shows one of the most diverse and abundant fossil records among all animals, as well as a wide stratigraphic distribution (from the Ordovician to the Recent) and cosmopolitan geographical distribution. For these characteristics the ostracods are widely used as ecological and paleoecological proxies. The present dissertation aimed at performing a taxonomic survey of the subrecent Ostracoda fauna of the northern continental shelf of Rio Grande do Norte, Northeast Brazil, as well as to investigate ecological aspects of this fauna. Twenty-one samples were collected with a Van Veen on the inner and outer continental shelf off the Açu River. A total of 63 species, 32 genera and 16 families were identified. Hemicytheridae was the family with the highest genera richness and also with the highest abundance (number of valves / 100g of dry sample). Pellucistoma Coryell & Fields, 1937 and Bythocythere Sars, 1866 were the most abundant genera. Neonesidea Maddocks, 1969, Semicytherura Wagner, 1957 and Paracytheridea Mueller, 1894 presented the highest species richness. Based on the Ostracoda assemblages, the inner and outer regions of the continental shelf were significantly different. Of the 32 genera present in the samples, nine (28.2%) were found only in the external region, four (12.5%) in the internal region and 19 (59.3%) were common in both regions. Among the environmental variables analyzed, depth and sediment type best explained the current distribution of benthic marine ostracodes along the internal and external portions of the continental shelf. The data generated in the present study allow a better understanding of the Ostracoda fauna present in the region, and this information will serve as a basis for new scientific research, as well as the sustainable exploitation of the habitats in which these organisms are found. Increasing knowledge and protection of Ostracoda fauna present on the northern continental shelf of Rio Grande do Norte.

Keywords: Ostracoda, taxonomic survey, continental shelf, Brazil.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Comparação entre as espécies Limnocythere cyphoma, Fabaeformiscandona subacuta e

Dolerocypris sinensis (Retirado de Smith, 2019) ... 13

Figura 2. Imagem de microscopia eletrônica de varredura de um ostracode com a valva direita

removida, revelando os apêndices dentro da carapaça (Retirado de Smith, 2019) ... 14

Figura 03. Plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte, destacando a delimitação em

plataforma interna, média e externa (Retirado de Gomes & Vital, 2010) ... 16

Figura 04. Plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu,

com as localidades amostradas no presente estudo ... 19

Figura 05. Escalonamento multidimensional não métrico (nMDS) das assembleias de Ostracoda da

plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu, mostrando diferenciação entre a plataforma interna e externa ... 35

Figura 06. Presença do gênero Pellucistoma nas estações de coleta da plataforma continental

setentrional do Rio Grande do Norte ... 38

Figura 07. Presença do gênero Ruggiericythere nas estações de coleta da plataforma continental

setentrional do Rio Grande do Norte ... 39

Figura 08. Presença do gênero Xestoleberis nas estações de coleta da plataforma continental setentrional

do Rio Grande do Norte. Ssa caCor laranja = espécies presentes na porção interna da plataforma. Um único ponto pode apresentar mais de uma espécie ... 40

Figura 09. Presença do gênero Neonesidea nas estações de coleta da plataforma continental setentrional

do Rio Grande do Norte. Um único ponto pode apresentar mais de uma espécie ... 41

Figura 10. Frequência dos gêneros Polycope e Caudites para as estações de coleta da plataforma

continental setentrional do Rio Grande do Norte ... 43

Figura 11. Frequência dos gêneros Keijcyoidea e Cornucoquimba para as estações de coleta da

plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte. Um único ponto pode apresentar mais de uma espécie ... 44

Figura 12. Frequência do gênero Paranesidea para as estações de coleta da plataforma continental

setentrional do Rio Grande do Norte. Um único ponto pode apresentar mais de uma espécie ... 45

Figura 13. Frequência dos gêneros Touroconcha e Henryhowella para as estações de coleta da

plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte. Um único ponto pode apresentar mais de uma espécie ... 46

Figura 14. Grupo dos gêneros presentes apenas na porção externa da plataforma continental setentrional

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LISTA DE PRANCHAS

Prancha 1. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A, Cytherelloidea sp. 1., valva direita; B, Keijcyoidea sp. 1., valva direita; C-D, Bairdoppilata sp. 1., C, valva direita; D, valva esquerda; E, Bairdoppilata sp. 2., valva esquerda; F, Neonesidea longisetosa Brady, 1902., valva esquerda; G-H, Neonesidea sp. 1., G, valva direita; H, valva esquerda ... 26

Prancha 2. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Neonesidea equatorialis Coimbra & Carreño 2002., A, valva direita; B, valva esquerda; C-D, Paranesidea sp. 1 cf. P. bensoni Teeter, 1975., C, valva direita; D, valva esquerda; E-F, Paranesidea sp. 2., valvas esquerdas; G-H, Triebelina sp. 1., valvas direitas ... 27

Prancha 3. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Macrocyprina sp. 1., A, valva direita; B, valva esquerda; C, Pontocyprididae sp. 1., valva esquerda; D, Pontocypris sp. 1., valva esquerda; E-F, Bythocythere sp. 1., E, valva direita; F, valva esquerda; G-H, Bythocythere sp. 2., G, valva direita; H, valva esquerda ... 28

Prancha 4. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Pellucistoma sp. 1 cf. P. magniventra Edwards, 1944., A, valva direita; B, valva esquerda; C, Cytheropteron sp. 1., valva direita; D, Cytheropteron sp. 2., valva direita; E-F, Cytherura sp. aff. C. swaini Bold, 1963., valvas direitas; G, Hemicytherura bradyi (Puri, 1960) Bold, 1966., valva direita; H, Semicytherura sp. 1., valva direita ... 29

Prancha 5. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A, Semicytherura sp. 2., valva esquerda; B, Semicytherura sp. 3., valva esquerda; C, Semicytherura sp. 4., valva esquerda; D, Caudites sp. 1., valva direita; E, Cornucoquimba sp. 1., valva esquerda; F, Cornucoquimba sp. 2., valva esquerda; G-H, Orionina sp. 1 cf. O. bradyi Bold, 1963., G, valva direita; H, valva esquerda ... 30

Prancha 6. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Puriana variabilis Chukewiski & Purper, 1985., A, valva direita; B, valva esquerda; C-D, Ruggiericythere sp. 1., C, valva direita; D, valva esquerda; E-F, Loxoconcha sp. 1 aff. L. sperata Williams, 1966., E, valva direita; F, valva esquerda; G-H, Loxocorniculum tricornatum Krutak, 1971. 1., G, valva direita; H, valva esquerda ... 31

Prancha 7. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A, Touroconcha sp. 1., valva esquerda; B, Touroconcha sp. 2., valva esquerda; C, Microcythere sp. 1., valva direita; D, Microcythere sp. 2., valva direita; E-F, Paracytheridea sp. 1., E, valva direita; F, valva esquerda; G-H, Paracytheridea sp. 2., G, valva direita; H, valva esquerda ... 32

Prancha 8. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A, Paracytheridea sp. 3., valva direita; B, Paracytheridea sp. 4., valva direita; C, Trachyleberididae sp. 1., valva direita; D, Phyctocythere sp. 1., valva direita; E-F, Cativella sp. 1 aff. C. reticulocostata Coimbra, Ramos, Whatley e Bergue, 2004., E, valva direita; F, valva esquerda; G-H, Henryhowella tuberculoclaviforma Coimbra, Ramos, Whatley & Bergue, 2004. G, valva direita; H, valva esquerda ... 33

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Prancha 9. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Henryhowella sp. 1 cf. H. macrocicatricosa Whatley, Moguílevsky, Chadwíck, Toy & Ramos, 1998., A, valva direita; B, valva esquerda; C, Xestoleberis sp. 1 aff. X. punctata Tressler, 1949., valva esquerda; D, Xestoleberis sp. 2., valva esquerda; E, Cyprididae sp. 1., valva esquerda; F, Podocopida sp. 1., valva esquerda ... 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Detalhes das localidades amostradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande

do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu ... 19

Tabela 02. Riqueza de espécies apresentada pelas estações de coleta da plataforma continental

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 13

1.1 CLASSE OSTRACODA LATREILLE, 1802 ... 13

1.2 OSTRACODES COMO INDICADORES AMBIENTAIS E PALEOAMBIENTAIS 15 1.3 PLATAFORMA CONTINENTAL SETENTRIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE ... 15 1.4 JUSTIFICATIVA ... 16 2. OBJETIVOS ... 17 2.1 OBJETIVO GERAL ... 17 2.2 OBJETIVOSESPECÍFICOS ... 17 3. MATERIAL E MÉTODOS ... 17

3.1 PROJETOS BIOAMBA E AÇU-REEF ... 17

3.2 AMOSTRAS, TRIAGEM E IDENTIFICAÇÃO ... 18

3.3 ANÁLISES DOS DADOS ... 20

4. RESULTADOS ... 21

4.1 TAXONOMIA ... 21

4.2 RESULTADO DAS ANÁLISES DOS DADOS ... 35

4.3 ABUNDÂNCIA, RIQUEZA E FREQUÊNCIA ... 35

5. DISCUSSÃO ... 37

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 48

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 49

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1. INTRODUÇÃO

1.1. CLASSE OSTRACODA LATREILLE, 1802

Os ostracodes são artrópodes, mais precisamente crustáceos, distribuídos em cinco subclasses (Brandão et al., 2019). Cosmopolitas, esses organismos estão presentes em habitats marinhos (e. g., Hartmann 1954, 1955; Pinto et al., 1978; Coimbra et al., 1999), dulcícolas (e. g., Higuti & Martens, 2014; Higuti, Roche & Martens, 2017) e semi-terrestres (e. g., Pinto, Rocha & Martens 2003). Metacopa é uma subclasse extinta e marinha, Myodocopa, Palaeocopa, Platycopa e Podocopa são subclasses com táxons extintos e existentes, Podocopa é a única subclasse com representantes marinhos e não marinhos (Brandão et al., 2019). Bergue (2006) destaca a presença de ostracodes nos ecossistemas aquáticos e frisa que, no geral, o maior número de espécies vive nos oceanos.

Esses microcrustáceos possuem tamanho corporal variando entre 0,20 mm e 2 mm, Figura 1 (Cohen, Peterson & Maddocks, 2007). Porém, existem exceções é o que descrevem Horne, Cohen & Martens (2002) ao enfatizar 32 mm para espécies do gênero Gigantocypris Mueller, 1895. Coimbra e colaboradores (2009) também chamam a atenção para o tamanho das espécies desse gênero citando a espécie Gigantocypris agassizii Mueller, 1895 e seu tamanho máximo de 25 mm.

Figura 1. Comparação entre as espécies Limnocythere cyphoma, Fabaeformiscandona subacuta e Dolerocypris sinensis (Retirado de Smith, 2019b).

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A estrutura externa dos ostracodes, carapaça bivalve, engloba toda a parte interior do animal, corpo e apêndices (Horne, Cohen & Martens, 2002). É substituída diversas vezes durante o desenvolvimento do organismo até a fase adulta, com o número de mudas variando de um táxon para outro (Coimbra & Bergue, 2011), e dependendo da espécie pode ou não apresentar um conjunto de ornamentações (e. g., tubérculos e espinhos) (Bergue, 2006; Coimbra et al., 2009).

Exibem de cinco a oito pares de apêndices desempenhando diferentes funções e um par de ramos caudais, esse último ausente ou reduzido em alguns táxons (Horne, Cohen & Martens, 2002; Bergue, 2010; Williams et al., 2015). Na região cefálica é possível encontrar antênula e antena (função sensorial e locomotora), mandíbula e maxila (ambas auxiliando na alimentação). Na parte torácica estão presentes o quinto membro (associado a locomoção, respiração e alimentação, funções variando de acordo com o táxon), sexto membro (usado para locomoção) e sétimo membro (locomoção e limpeza). Os ramos caudais auxiliam na locomoção (Horne, Cohen & Martens, 2002), Figura 2.

Os ostracodes se reproduzem de forma sexuada e assexuada, na última o processo ocorre por meio de partenogênese, estando mais presente em espécies de água doce (Coimbra et al., 2004). O dimorfismo sexual pode ser notado de forma frequente na fase adulta do animal, em alguns táxons essa característica fica evidente já no último estágio juvenil (Coimbra & Bergue, 2011; De Deckker, 2002). Desigualdades presentes em antenas de machos e fêmeas de espécies do gênero Sclerocypris Sars, 1924 são descritas por Martens (1987). Em alguns táxons do gênero Cytherella Jones, 1849 as fêmeas apresentam tamanho corporal superior aos machos (Shaver, 1953). Quanto a alimentação, esses animais são considerados onívoros e possuem uma dieta bem variada (Coimbra et al., 2004).

Figura 2. Imagem de microscopia eletrônica de varredura de um ostracode com a valva direita removida, revelando os apêndices dentro da carapaça (Retirado de Smith, 2019a).

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1.2. OSTRACODES COMO INDICADORES AMBIENTAIS E PALEOAMBIENTAIS Os microfósseis marinhos registram a história ecológica e evolução da vida no planeta (Bergue & Coimbra, 2008). Por apresentarem tamanho diminuto é possível estudá-los sem que haja necessidade de grandes gastos como, por exemplo, fixativos e transporte de amostras. Isso porque, em geral, 50 mL de sedimento contém dezenas a milhares de microfósseis (Williams et al., 2015), o que permite análises complexas e testes de hipóteses (Vital, Da Silveira & Amaro, 2005). Entre os artrópodes, a classe Ostracoda apresenta o mais diverso e abundante registro fóssil (Cohen, Peterson & Maddocks, 2007; Williams et al., 2015), pois a carapaça desses animais contém impregnação de carbonato de cálcio, o que favorece a preservação (e.g., Cohen, Peterson & Maddocks, 2007; Horne, Cohen & Martens, 2002).

Alguns táxons apresentam ampla distribuição na linha temporal, como por exemplo, os ostracodes que possuem registros do Ordoviciano ao Recente (Bergue, 2006). Essa ampla distribuição estratigráfica do registro fóssil possibilita uma série de estudos (e. g., paleoceanográficos e bioestratigráficos). Em estudos paleoceanográficos é possível reconstruir aspectos físicos e químicos dos oceanos em diferentes períodos geológicos. Por exemplo, a relação entre o magnésio (Mg) e o estrôncio (Sr) na carapaça de um ostracode indica a temperatura e a salinidade do ambiente onde o animal viveu (Bergue & Coimbra, 2008). No campo da bioestratigrafia estes animais são excelentes indicadores na prospecção de petróleo ao indicarem a idade do depósito (Vital, Da Silveira & Amaro, 2005; Bergue, 2010).

Os ostracodes também podem ser utilizados como indicadores de poluição, já que, algumas espécies são sensíveis e outras resistentes a presença de contaminantes. Yasuhara e colaboradores (2003) relatam o desaparecimento da espécie Callistocythere alata Hanai, 1957 em regiões atingidas por poluição antropogênica na Baía de Hiroshima, no Japão. Em trabalho realizado no porto de Vladivostok, na Rússia, Schornikov (2000) observou a ausência de ostracodes em regiões com aporte de esgoto.

1.3 PLATAFORMA CONTINENTAL SETENTRIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE A área de estudo está localizada na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (RN), estando também compreendida na Bacia Potiguar (Gomes & Vital, 2010). Estudos geomorfológicos (Gomes & Vital, 2010) e sedimentológicos (Vital, Da Silveira & Amaro, 2005) já foram realizados na região. Quanto a caracterização geomorfológica da plataforma, Vital, Da Silveira & Amaro (2005) classificam como rasa. Dois vales incisos, denominados de vale inciso do Rio Apodi-Mossoró e vale inciso do Rio Piranhas-Açu, fazem parte das feições geomorfológicas da plataforma (Gomes & Vital, 2010), Figura 03. Vital, Da

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Silveira & Amaro (2005) reconhecem 16 tipos de sedimentos, entre areia, cascalho, marga e lama, para a plataforma. As estações de coleta estão distribuídas nas porções interna e externa ao largo do Rio Açu, próximo ao município de Macau, RN. A região interna é composta por sedimentos do tipo lama e marga e possui uma isóbata com limite de 15 m, ao longo da porção externa é possível observar a predominancia de areia, além de isóbatas de 25 à 40 m (Gomes & Vital, 2010; Vital, Da Silveira & Amaro, 2005).

Figura 03. Plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte, destacando a delimitação em plataforma interna, média e externa (Retirado de Gomes & Vital, 2010).

1.4 JUSTIFICATIVA

A classe Ostracoda apresenta um importante conjunto de características econômicas e ecológicas. No campo da bioestratigrafia, são excelentes indicadores na prospecção de petróleo ao indicarem a idade do depósito (Vital, Da Silveira & Amaro, 2005; Bergue, 2010). É importante salientar que a porçãosubmersa da Bacia Potiguar apresenta grande potencial quanto a presença de campos de petróleo (Milani & Araújo, 2003). Municípios como Macau e Guamaré, situados próximos a área de estudo, tem a extração do petróleo como um dos principais recursos econômicos (IDEMA, 2008a, 2008b). Fatores abióticos (e. g., composição do sedimento) estão diretamente ligados a abundância e diversidade de faunas de ostracodes. Em pesquisa realizada na plataforma equatorial brasileira Coimbra et al. (1999) relatam divergências entre assembléias de ostracodes presentes em diferentes tipos de sedimento. Dessa forma, é necessário proteger esses hábitats de ações antropogênicas que possam alterar a

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composição do sedimento (e. g., dragagens), e como resultado ocasionar o desaparecimento de táxons ligados diretamente a algum sedimento específico. Estudos sobre a fauna de ostracodes da plataforma setentrional do Rio Grande do Norte foram até então direcionados a táxons específicos (e. g., Bergue & Coimbra, 2002; Coimbra & Carreño, 2002). Com isso, o conhecimento sobre a fauna desses microscrustáceos para a área estudada é parcial, já que, uma lista de espécies mais ampla não foi fornecida até então. Visando todos os pontos listados anteriormete para a classe Ostracoda, percebeu-se a necessidade de analisar, de forma mais ampla, a presença dos organismos na plataforma, gerando novos dados sobre sua fauna.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Estudar a fauna de ostracodes marinhos da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (RN), assim como discutir aspectos ecológicos.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Realizar o levantamento taxonômico da fauna de ostracodes da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte;

• Ilustrar as espécies encontradas em microscópio eletrônico de varredura (MEV); • Analisar padrões ecológicos das assembleias coletadas.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 PROJETOS BIOAMBA E AÇU-REEF

Os projetos Biodiversidade Bentônica e o Ambiente no Atlântico (CNPq, processos 442550/2014-6, 400116/2013-8, e 374397/2013-9) e “Processos oceanográficos da quebra da plataforma continental do nordeste brasileiro: fundamentos científicos para o planejamento espacial marinho” (CAPES, Edital Ciências do Mar 2 n° 43/2013, proj. nº 23038.004320/2014-11, aqui denominado Açu-Reef) são iniciativas destinadas a ampliar o conhecimento da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte. Estes projetos objetivaram identificação de áreas com potencial econômico e ampliação do conhecimento marinho da região para uma melhor conservação desse ecossistema.

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3.2 AMOSTRAS, TRIAGEM E IDENTIFICAÇÃO

As estações estudadas na presente pesquisa estão distribuídas ao largo do Rio Açu, próximo ao município de Macau, RN. As dez estações do BioAmbA foram amostradas em 12/05/2014, ao longo da plataforma interna, e as onze estações do Açu-Reef foram amostradas em 23/07/2015, na plataforma externa, Figura 04. As amostras foram coletadas com auxílio de um busca fundo do tipo Van Veen. Para o estudo dos ostracodes, 50 mL do centímetro superior do sedimento foram armazenados em frascos e fixados em etanol a 96%. As amostras foram processadas no Laboratório de Geoquímica do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, de acordo com o seguinte protocolo: (1) secagem das amostras em estufa (máximo de 40ºC); (2) pesagem em balança de precisão; (3) peneiramento (150 µm) em via úmida; (4) secagem em estufa (máximo de 40ºC); (5) pesagem em balança de precisão. A triagem dos ostracodes foi realizada no microscópio esteroscópico (Zeiss Discovery V8 steREO) do Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental (GGEMMA) da UFRN. As amostras que continham um número de valvas muito superior a 100, foram quarteadas com um microsplitter. A triagem dos ostracodes foi feita com o auxílio de um pincel, e as valvas foram acondicionadas em lâminas micropaleontológicas. Valvas de adultos em bom estado de conservação foram selecionadas para análise em microscópio eletrônico de varredura (MEV).

A identificação taxonômica se deu até o menor nível taxonômico possível (na maioria dos casos, gênero). Para tal foram observados principalmente a forma das valvas e a ornamentação primária e secundária (por exemplo, reticulações, espinhos, tubérculos). A morfologia das valvas foi então comparada com pranchas de estudos previamente publicados. A lista completa das publicações utilizadas é apresentada no Anexo 01. Na segunda etapa, todas as valvas triadas foram identificadas com o auxilio de microscópio esteroscópico de acordo com as fotos de microscopia eletrônica. Os dados de temperatura (ºC), salinidade e profundidade (m) foram medidos com um CTD portátil na camada de água logo acima do assoalho marinho. A profundidade variou de 16.5 m (amostra VA1b4) a 56.7 m (amostra AR-19), Tabela 01. A abundância das famílias, gêneros e espécies foi calculada para 100g de amostra, Anexos 2, 3 e 4. Para determinar a frequência de ocorrência das espécies, gêneros e famílias o seguinte cálculo foi aplicado: A/B x 100 = % de ocorrência do táxon dentro de todo o esforço amostral. A = Quantidade de ocorrências do táxon nas 21 estações de coleta. B = Quantidade de estações de coleta (21 estações), Anexos 5, 6 e 7.

(20)

Figura 04. Plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu, com as localidades amostradas no presente estudo.

Tabela 01. Detalhes das localidades amostradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu.

Amostra Temperatura (ºC) Salinidade Profundidade (m) Latitude Longitude

AR-09 27.2 36.2 32.2 -4.8227529 -36.6240583 AR-10 27.3 36.1 33.8 -4.803517 -36.6123746 AR-11 27.3 36.1 34.5 -4.790538 -36.6104036 AR-12 27.3 36.2 36.3 -4.7751106 -36.6083599 AR-13 27.3 36.1 38.7 -4.7685562 -36.6068055 AR-14 27.3 36.1 44.1 -4.7581123 -36.6048541 AR-15 27.3 36.1 44.2 -4.7481557 -36.6021529 AR-16 27.3 36.2 40.5 -4.7342617 -36.6024267 AR-17 27.4 36.1 32.5 -4.724548 -36.5967161

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AR-18 27.3 36.1 33.4 -4.7154168 -36.5977332 AR-19 27.4 36.1 56.7 -4.7059551 -36.6014563 VA1a1 28.9 36.7 19.7 -4.948285 -36.658178 VA1a2 28.8 36.8 17.6 -4.979342 -36.677886 VA1a3 28.9 36.9 19 -4.938517 -36.685751 VA1a4 28.9 36.8 22.2 -4.945622 -36.686559 VA1a5 28.8 36.8 20.4 -4.946521 -36.688784 VA1b1 29 36.9 17.6 -4.959926 -36.690976 VA1b2 28.8 36.8 20.3 -4.98423 -36.702534 VA1b3 28.9 36.9 20.8 -4.976921 -36.689347 VA1b4 29.1 36.9 16.5 -4.968671 -36.684492 VA1b5 28.9 36.9 19 -4.970276 -36.69871

3.3 ANÁLISES DOS DADOS

Considerando a diferença no número total de espécimes entre as assembleias, os dados bióticos (ostracodes) foram uniformizados através da transformação em raiz quadrada, em seguida o índice de similaridade de Bray-Curtis foi aplicado a matriz de abundância. Para testar a similaridade entre as faunas de ostracodes presentes nas porções interna e externa da plataforma, utilizou-se a análise de similaridade ANOSIM com 999 permutações. A análise de escalonamento multidimensional não métrico (nMDS) foi usada para mostrar a divergência entre as assembleias presentes na plataforma. Os dados abióticos foram normalizados e uma análise BioENV BEST com 99 permutações foi realizada para verificar quais fatores abióticos mais influenciaram nas assembleias de ostracodes presentes nas regiões interna e externa da plataforma.

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4. RESULTADOS 4.1 TAXONOMIA

Nas 21 estações de coleta foram registrados um total de 2903 espécimes (1058 valvas esquerdas, 1160 valvas direitas e 685 carapaças fechadas) pertencentes a 63 espécies, 32 gêneros e 16 famílias. A lista de táxons encontrados é apresentada a seguir.

Classe Ostracoda Latreille, 1806 Subclasse Myodocopa Sars, 1866

Ordem Halocyprida Dana, 1853 Subordem Cladocopina Sars, 1865 Superfamília Polycopoidea Sars, 1865

Família Polycopidae Sars, 1865 Gênero Polycope Sars, 1866 Polycope sp. 1

Subclasse Platycopa Sars, 1866 Ordem Platycopina Sars, 1866 Sars, 1866

Superfamília Cytherelloidea Sars, 1866 Família Cytherellidae Sars, 1866

Gênero Cytherella Jones, 1849 Cytherella sp. 1

Gênero Cytherelloidea Alexander, 1929 Cytherelloidea sp. 1 (Prancha 1, fig. A)

Gênero Keijcyoidea Malz, 1981 Keijcyoidea sp. 1 (Prancha 1, fig. B)

Subclasse Podocopa Sars, 1866 Ordem Podocopida Sars, 1866 Podocopida sp. 1 (Prancha 9, fig. F)

Podocopida sp. 2

Subordem Bairdiocopina Gruendel, 1967 Superfamília Bairdioidea Sars, 1888

Família Bairdiidae Sars, 1865

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Bairdoppilata sp. 1 (Prancha 1, figs C-D) Bairdoppilata sp. 2 (Prancha 1, fig. E)

Gênero Neonesidea Maddocks, 1969 Neonesidea sp. 1 (Prancha 1, figs G-H)

Neonesidea sp. 2

Neonesidea longisetosa Brady, 1902 (Prancha 1, fig. F)

Neonesidea equatorialis Coimbra & Carreño, 2002 (Prancha 2, figs A-B) Gênero Paranesidea Maddocks, 1969

Paranesidea sp. 1 cf. P. bensoni Teeter, 1975 (Prancha 2, figs C-D) Paranesidea sp. 2 (Prancha 2, figs E-F)

Gênero Triebelina Bold, 1946 Triebelina sp. 1 (Prancha 2, G-H)

Subordem Cypridocopina Jones, 1901 Superfamília Cypridoidea Baird, 1845

Família Cyprididae Baird, 1845 Cyprididae sp. 1 (Prancha 9, fig. E)

Superfamília Macrocypridoidea Müller, 1912 Família Macrocyprididae Müller, 1912 Gênero Macrocyprina Triebel, 1960 Macrocyprina sp. 1 (Prancha 3, figs A-B)

Superfamília Pontocypridoidea Müller, 1894 Família Pontocyprididae Müller, 1894 Pontocyprididae sp. 1 (Prancha 3, fig. C)

Pontocyprididae sp. 2 Pontocyprididae sp. 3 Pontocyprididae sp. 4 Pontocyprididae sp. 5 Pontocyprididae sp. 6 Pontocyprididae sp. 7

Gênero Pontocypris Sars, 1866 Pontocypris sp. 1 (Prancha 3, fig. D)

Subordem Cytherocopina Baird, 1850 Superfamília Cytheroidea Baird, 1850

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Cytheroidea sp. 1

Família Bythocytheridae Sars, 1866 Gênero Bythocythere Sars, 1866 Bythocythere sp. 1 (Prancha 3, figs E-F)

Bythocythere sp. 2 (Prancha 3, figs G-H)

Família Cytheromatidae Elofson, 1939 Gênero Pellucistoma Coryell & Fields, 1937 Pellucistoma sp. 1 cf. P. magniventra Edwards, 1944 (Prancha 4, figs A-B)

Família Cytheruridae Müller, 1894 Gênero Cytheropteron Sars, 1866 Cytheropteron sp. 1 (Prancha 4, fig. C)

Cytheropteron sp. 2 (Prancha 4, fig. D)

Gênero Cytherura Sars, 1866 Cytherura sp. 1 aff. C. swaini Bold, 1963 (Prancha 4, figs E-F)

Gênero Hemicytherura Elofson, 1941 Hemicytherura bradyi (Puri, 1960) Bold, 1966 (Prancha 4, fig. G) Gênero Semicytherura Wagner, 1957 Semicytherura sp. 1 (Prancha 4, fig. H)

Semicytherura sp. 2 (Prancha 5, fig. A) Semicytherura sp. 3 (Prancha 5, fig. B) Semicytherura sp. 4 (Prancha 5, fig. C)

Família Hemicytheridae Puri, 1953 Gênero Caudites Coryell & Fields, 1937 Caudites sp. 1 (Prancha 5, fig. D)

Gênero Cornucoquimba Ohmert, 1968 Cornucoquimba sp. 1 (Prancha 5, fig. E)

Cornucoquimba sp. 2 (Prancha 5, fig. F)

Gênero Orionina Puri, 1954 Orionina sp. 1 cf. O. bradyi Bold, 1963 (Prancha 5, figs G-H)

Gênero Puriana Coryell & Fields, 1953 Puriana variabilis Chukewiski & Purper, 1985 (Prancha 6, figs A-B)

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Ruggiericythere sp. 1 (Prancha 6, figs C-D)

Família Loxoconchidae Sars, 1925 Gênero Loxoconcha Sars, 1866

Loxoconcha sp. 1 aff. L. sperata Williams, 1966 (Prancha 6, figs E-F) Gênero Loxocorniculum Sars, 1866 Loxocorniculum tricornatum Krutak, 1971 (Prancha 6, figs G-H) Gênero Phyctocythere Keij, 1958 Phyctocythere sp. 1 (Prancha 8, fig. D)

Gênero Touroconcha Ishizaki & Gunther, 1976 Touroconcha sp. 1 (Prancha 7, fig. A)

Touroconcha sp. 2 (Prancha 7, fig. B)

Família Microcytheridae Klie, 1938 Gênero Microcythere Mueller, 1894 Microcythere sp. 1 (Prancha 7, fig. C)

Microcythere sp. 2 (Prancha 7, fig. D)

Família Neocytherideididae Puri, 1957 Gênero Copytus Skogsberg, 1939 Copytus sp. 1

Copytus sp. 2

Família Paracytherideidae Puri, 1957 Gênero Paracytheridea Mueller, 1894 Paracytheridea sp. 1 (Prancha 7, figs E-F)

Paracytheridea sp. 2 (Prancha 7, figs G-H) Paracytheridea sp. 3 (Prancha 8, fig. A) Paracytheridea sp. 4 (Prancha 8, fig. B)

Família Trachyleberididae Sylvester-Bradley, 1948 Trachyleberididae sp. 1 (Prancha 7, fig. C)

Gênero Acanthocythereis Howe, 1963 Acanthocythereis sp. 1

Gênero Cativella Coryell & Fields, 1937

Cativella sp. 1 aff. C. reticulocostata Coimbra, Ramos, Whatley e Bergue, 2004 (Prancha 8, figs E-F)

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Henryhowella tuberculoclaviforma Coimbra, Ramos, Whatley & Bergue, 2004 (Prancha 8, figs G-H) Henryhowella sp. 1 cf. H. macrocicatricosa Whatley, Moguílevsky, Chadwíck, Toy & Ramos, 1998 (Prancha 9, figs A-B)

Família Xestoleberididae Sars, 1928 Gênero Xestoleberis Sars, 1866 Xestoleberis sp. 1 aff. X. punctata Tressler, 1949 (Prancha 9, fig. C) Xestoleberis sp. 2 (Prancha 9, fig. D)

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Prancha 1. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A, Cytherelloidea sp. 1., valva direita; B, Keijcyoidea sp. 1., valva direita; C-D, Bairdoppilata sp. 1., C, valva direita; D, valva esquerda; E, Bairdoppilata sp. 2., valva esquerda; F, Neonesidea longisetosa Brady, 1902., valva esquerda; G-H, Neonesidea sp. 1., G, valva direita; H, valva esquerda.

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Prancha 2. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Neonesidea equatorialis Coimbra & Carreño 2002., A, valva direita; B, valva esquerda; C-D, Paranesidea sp. 1 cf. P. bensoni Teeter, 1975., C, valva direita; D, valva esquerda; E-F, Paranesidea sp. 2., valvas esquerdas; G-H, Triebelina sp. 1., valvas direitas.

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Prancha 3. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Macrocyprina sp. 1., A, valva direita; B, valva esquerda; C, Pontocyprididae sp. 1., valva esquerda; D, Pontocypris sp. 1., valva esquerda; E-F, Bythocythere sp. 1., E, valva direita; F, valva esquerda; G-H, Bythocythere sp. 2., G, valva direita; H, valva esquerda.

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Prancha 4. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Pellucistoma sp. 1 cf. P. magniventra Edwards, 1944., A, valva direita; B, valva esquerda; C, Cytheropteron sp. 1., valva direita; D, Cytheropteron sp. 2., valva direita; E-F, Cytherura sp. aff. C. swaini Bold, 1963., valvas direitas; G, Hemicytherura bradyi (Puri, 1960) Bold, 1966., valva direita; H, Semicytherura sp. 1., valva direita.

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Prancha 5. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A, Semicytherura sp. 2., valva esquerda; B, Semicytherura sp. 3., valva esquerda; C, Semicytherura sp. 4., valva esquerda; D, Caudites sp. 1., valva direita; E, Cornucoquimba sp. 1., valva esquerda; F, Cornucoquimba sp. 2., valva esquerda; G-H, Orionina sp. 1 cf. O. bradyi Bold, 1963., G, valva direita; H, valva esquerda.

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Prancha 6. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Puriana variabilis Chukewiski & Purper, 1985., A, valva direita; B, valva esquerda; C-D, Ruggiericythere sp. 1., C, valva direita; D, valva esquerda; E-F, Loxoconcha sp. 1 aff. L. sperata Williams, 1966., E, valva direita; F, valva esquerda; G-H, Loxocorniculum tricornatum Krutak, 1971. 1., G, valva direita; H, valva esquerda.

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Prancha 7. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A, Touroconcha sp. 1., valva esquerda; B, Touroconcha sp. 2., valva esquerda; C, Microcythere sp. 1., valva direita; D, Microcythere sp. 2., valva direita; E-F, Paracytheridea sp. 1., E, valva direita; F, valva esquerda; G-H, Paracytheridea sp. 2., G, valva direita; H, valva esquerda.

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Prancha 8. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A, Paracytheridea sp. 3., valva direita; B, Paracytheridea sp. 4., valva direita; C, Trachyleberididae sp. 1., valva direita; D, Phyctocythere sp. 1., valva direita; E-F, Cativella sp. 1 aff. C. reticulocostata Coimbra, Ramos, Whatley e Bergue, 2004., E, valva direita; F, valva esquerda; G-H, Henryhowella tuberculoclaviforma Coimbra, Ramos, Whatley & Bergue, 2004. G, valva direita; H, valva esquerda.

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Prancha 9. Espécies de Ostracoda encontradas na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu. A-B, Henryhowella sp. 1 cf. H. macrocicatricosa Whatley, Moguílevsky, Chadwíck, Toy & Ramos, 1998., A, valva direita; B, valva esquerda; C, Xestoleberis sp. 1 aff. X. punctata Tressler, 1949., valva esquerda; D, Xestoleberis sp. 2., valva esquerda; E, Cyprididae sp. 1., valva esquerda; F, Podocopida sp. 1., valva esquerda.

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4.2 RESULTADO DAS ANÁLISES DOS DADOS

A análise de similaridade (ANOSIM) mostrou que existe diferença significativa entre as assembleias de ostracodes presentes nas plataformas interna e externa. (i.e., sample statistic (Global R): 0,676, nível de significância: 0,1% (ou 0,001)). Esta diferença fica evidente no escalonamento multidimensional não métrico (nMDS). Pode-se observar que as amostras da plataforma interna e externa ocupam espaços distintos do gráfico: no lado esquerdo estão as amostras da plataforma interna, enquanto do lado direito estão as amostras da plataforma externa, Figura 05. Na BioENV BEST os percentuais de correlação mostraram que a relação entre profundidade, salinidade e sedimento apresentaram maior correlação com as assembleias de Ostracoda (i.e., sample statistic (Rho): 0,542, nível de significância: 1%). Bergue (2006), afirma que faunas de ostracodes presentes em áreas rasas e profundas divergem consideravelmente. Coimbra e colaboradores (1999) evidenciam a relação direta que esses microcrustáceosexercem com o sedimento e a profundidade.

Figura 05. Escalonamento multidimensional não métrico (nMDS) das assembleias de Ostracoda da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte (Brasil) ao largo do Rio Açu, mostrando diferenciação entre a plataforma interna e externa.

4.3 ABUNDÂNCIA, RIQUEZA E FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA

A família Hemicytheridae apresenta uma ampla distribuição e riqueza de espécies em sedimentos marinhos, o táxon é um dos mais diversos da classe Ostracoda (Coimbra & De Morais, 2016). Corroborando com essas informações Hemicytheridae apresentou maior riqueza de gêneros (N = 5) e abundância (12.031 ostracodes considerando-se a abundância padronizada

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para 100 g de peso seco de amostra) entre as famílias estudadas. Registros do táxon para a plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte já foram realizados (e.g., Coimbra et al., 1999; Costa, 2015). Os gêneros Neonesidea, Semicytherura e Paracytheridea apresentaram maior riqueza de espécies (N = 4) os demais gêneros exibiram uma ou duas espécies, Anexo 08. Coimbra & Carreño (2002) registram a presença de Neonesidea na plataforma equatorial brasileira, táxons desse gênero são comumente encontrados em plataformas rasas de clima tropical e subtropical (Maddocks, 1969). Coimbra e colaboradores (1999) evidenciam a presença de Semicytherura e Paracytheridea para a plataforma equatorial brasileira e destacam o considerável número de espécies para o gênero Paracytheridea.

Pellucistoma com 9.872 ostracodes por 100 g e Bythocythere com 9.020 ostracodes por 100 g são, respectivamente, os gêneros mais abundantes. Purper & Ornellas (1987) registraram os táxons nas regiões Norte e Nordeste da plataforma continental brasileira. Espécies do gênero Bythocythere estão bem distribuídas em regiões bentônicas de plataformas continentais (Athersuch, Horne & Whittaker, 1983). O gênero Keijcyoidea foi o menos abundante para a plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte, mas espécies desse táxon estão presentes de forma considerável na região (e.g., Coimbra et al., 1999; Bergue & Coimbra, 2002). A estação de coleta AR-14 apresentou maior riqueza de espécies quando comparada as outras estações, Tabela 02.

Tabela 02. Riqueza de espécies apresentada pelas estações de coleta da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte.

Projeto Amostra Nº de espécies Projeto Amostra Nº de espécies

Açu-Reef AR-09 24 BioAmbA VA1a1 24

Açu-Reef AR-10 22 BioAmbA VA1a2 19

Açu-Reef AR-11 25 BioAmbA VA1a3 15

Açu-Reef AR-12 24 BioAmbA VA1a4 12

Açu-Reef AR-13 25 BioAmbA VA1a5 8

Açu-Reef AR-14 26 BioAmbA VA1b1 10

Açu-Reef AR-15 25 BioAmbA VA1b2 21

Açu-Reef AR-16 18 BioAmbA VA1b3 16

Açu-Reef AR-17 12 BioAmbA VA1b4 20

Açu-Reef AR-18 17 BioAmbA VA1b5 13

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5. DISCUSSÃO

A composição da fauna de ostracodes registrada na área de estudo, assemelha-se com outras comunidades de ostracodes amostradas na região setentrional da plataforma continetal brasileira (e. g., Nogueira, Ramos & Hunt, 2019). Gêneros como Pellucistoma, Ruggiericythere, Xestoleberis e Neonesidea estão presentes ao longo das duas porções da plataforma, Figuras 6, 7, 8 e 9. Pellucistoma apresenta grande abundância na porção interna e pouca abundância na porção externa. Espécies do gênero Pellucistoma estão bem associadas a sedimentos arenosos e habitats com pequenas profundidades (Grossman & Benson, 1967; Benson, 1959). O que pode explicar a ampla distribuição do gênero ao longo das porções, já que, a plataforma é caracterizada como rasa e tem predominância de sedimento arenoso na porção externa. Ruggiericythere é um gênero descrito por Aiello, Coimbra & Barra (2004). Os autores descrevem quatro novas espécies (i. e., Ruggiericythere batistae, R. perspicua, R. purperae e R. vixalata), além de incluirem R. dimorphica Whatley, Moguilevsky, Chadwick, Toy & Ramos, 1998 ao gênero. Segundo Aiello, Coimbra & Barra (2004) o táxon apresenta afinidade por águas frias e grande ocorrência na região sul da plataforma continental brasileira, assim como a ausência nas regiões Norte e Nordeste. Costa (2015) registra Ruggiericythere para a plataforma setentrional do Rio Grande do Note, mas em baixa abundância e frequência. Ruggiericythere sp. 1 apresenta grande frequência e abundância ao longo das regiões interna e externa, o táxon demonstra diferenças morfológicas consideráveis quando comparado as cinco espécies pertencentes ao gênero. Partindo dessas considerações é possível que Ruggiericythere sp. 1 seja uma nova espécie para a classe Ostracoda. Espécies dos gêneros Xestoleberis e Neonesidea estão bem associadas a regiões com presença de sedimento arenoso e algas marinhas (Maddocks, 1969; Bonaduce & Danielopol, 1988; Luz & Coimbra, 2015). Xestoleberis está presente nas mais variadas profundidades, mas com o maior número de espécies em hábitats rasos (Maddocks, 1969; Bonaduce & Danielopol, 1988; Luz & Coimbra, 2015), segundo Luz & Coimbra (2015) é possivel encontar o gênero ao longo de toda a plataforma continental brasileira, isso explica a grande frequência das espécies Xestoleberis sp. 1 e Xestoleberis sp. 2 ao longo da área estudada. O gênero Neonesidea apresenta baixa frequência e abundância nas estações de coleta da porção interna, nas amostras da plataforma externa, as espécies Neonesidea sp. 1 e Neonesidea equatorialis Coimbra & Carreño, 2002, estão em maior abundância quando se tem presença de algas marinhas.

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Embora sejam gêneros presentes nos mais diferentes gradientes de profundidade e ecossistemas marinhos (Coimbra & Ornellas, 1989; Karanovic & Brandão, 2016), Caudites (presente em uma amostra e abundância de 83 ostracodes por 100 g) e Polycope (presente em três amostras e abundância de 417 ostracodes por 100 g) foram registrados apenas na porção interna da plataforma, apresentando baixa frequência e abundância, Figura 10. É provável que as espécies Caudites sp. 1 e Polycope sp. 1 desenvolvam pequenas populações, sendo consideradas espécies especialistas. Gêneros como Keijcyoidea, Cornucoquimba, Paranesidea, Touroconcha e Henryhowella estiveram presentes apenas na porção externa da plataforma, Figuras. 11, 12 e 13. Bergue & Coimbra (2002) relatam a presença do gênero Keijcyoidea ao longo da área estudada, espécies do táxon são comumente encontradas em habitats de pouca profundidade (Tsukagoshi, Okada & Horne, 2006). Cornucoquimba é um táxon frequente para regiões marinhas rasas de substratos arenosos (Coimbra & Do Carmo, 2002). Paranesidea apresenta uma das maiores taxas de abundância para a familia Bairdiidae, além de ser um táxon característico de hábitats com pouca profundidade e presença de algas marinhas (Maddocks, 1969). As espécies Paranesidea sp. 1 e Paranesidea sp. 2 ocorreram apenas na porção externa da plataforma, apresentando pouca abundância, 190 ostracodes por 100 g e 49 ostracodes por 100 g, respectivamente, e demonstrando relação direta com a presença de algas marinhas. Touroconhca apresenta carapaça bem ornamentada e está presente em regiões tropicais (Athersuch & Horne, 1984). Espécies do gênero Henryhowella ocorrem em sedimentos arenosos e profundidades menores que 100 m, é o caso da espécie Henryhowella tuberculoclaviforma descrita por Coimbra e colaboradores (2004) ao longo da área estudada.

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As porções interna e externa da plataforma apresentaram 32 gêneros. Destes, nove foram encontrados somente na região externa, quatro na interna e 19 apresentaram ocorrência comum às duas regiões. A profundidade e o tipo de sedimento presente na área estudada foram os fatores que melhor explicaram a composição e distribuição atual da fauna de ostracodes da plataforma. A maior parte da fauna presente no estudo está associada à habitats com pouca profundidade. Segundo Vital, Da Silveira & Amaro (2005) a plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte é classificada como rasa. Habitats marinhos de pouca profundidade tendem a concentrar um maior número de espécies com ornamentações (Babinot, 1995; Piovesan, 2008). No geral, a maioria dos gêneros apresentou ornamentação na carapaça. Espécies com carapaças mais lisas tendem a viver em habitats de sedimento fino e espécies com carapaça ornamentada preferem sedimento com maior granulometria (Babinot, 1995; Piovesan, 2008). Corroborando com essas informações Macrocyprina foi o único táxon que apresentou espécie com carapaça lisa entre o grupo de gêneros presente apenas na porção externa da plataforma, Figura 14. Alguns gêneros que apresentam ornamentações e estiveram presentes nas duas porções da plataforma, demonstraram maior frequência na porção externa (e. g., Loxocorniculum e Paracytheridea). Outrossim, gêneros com carapaça lisa presentes nas duas porções foram mais frequentes na porção interna (e. g., Phyctocythere), fortalecendo assim a hipótese de relação direta que os ostracodes exercem com o tipo de sedimento.

Figura 14. Grupo dos gêneros presentes apenas na porção externa da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os resultados alcançados no presente trabalho, é possível relatar as seguintes considerações:

1) As faunas de ostracodes presentes nas porções interna e externa da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte apresentam diferença significativa. 28,2% dos gêneros estiveram presentes apenas na porção externa, 12,5% na porção interna e 59,3% apresentaram ocorrência comum às duas regiões. A profundidade e o tipo de sedimento presentes ao longo da área estudada foram os fatores que melhor explicaram a composição e distribuição atual dos ostracodes. Dessa forma, é fundamental proteger esses hábitats de ações antropogênicas que possam alterar a composição do sedimento (e. g., dragagens) e ocasionar o desaparecimento de táxons ligados diretamente a algum sedimento específico; 2) Foram registradas 63 espécies, 32 gêneros e 16 famílias para a classe Ostracoda. Esses dados aumentam o conhecimento sobre a fauna de ostracodes da plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte, já que, estudos realizados na região foram até então direcionados a táxons específicos (e. g., Bergue & Coimbra, 2002; Coimbra & Carreño, 2002). Não está descartada a possibilidade de novas ocorrências para a região (e. g., Ruggiericythere sp. 1 apresentou diferenças morfológicas consideráveis quando comparado a outras espécies pertencentes ao gênero. Partindo dessas considerações é possível que o táxon seja uma nova espécie para a classe Ostracoda); 3) Os dados gerados no presente estudo possibilitam uma maior compreensão da fauna Ostracoda presente na região, e devem servir de base para novas linhas de pesquisas, assim como para a exploração sustentável dos hábitats em que esses organismos se encontram. Aumentando o conhecimento e a proteção da fauna Ostracoda presente na plataforma continental setentrional do Rio Grande do Norte.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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