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A estrutura regional do emprego no Brasil ao longo da primeira metade da década de 80: tendências a maior assalariamento

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Academic year: 2021

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A ESTRUTURA REGIONAL DO EMPREGO NO BRASIL AO LONGO DA PRIMEIRA METADE DA DÉCADA DE 80:

TENDÊNCIAS A MAIOR ASSALARIAMENTO*

Maria Cristina Cacciamali** INTRODUÇÃO

A depressão econômica no início dos anos 80 e o crescimento eco-nômico descontínuo nessa década alterou de forma quantitativa e qualitativa as tendências da estrutura do emprego do País quando comparadas com as duas décadas anteriores(1).

O período 1960-80 caracterizou-se por grande ampliação do emprego produtivo do País, principalmente urbano, superando o crescimento da força de trabalho e com predominância de relações de assalariamento. 0 setor secundário - especialmente a indústria de transformação - Iiderou a absorção dos novos ocupados complementado pelo setor terciário. Este setor por sua vez alterou sua composição em dire0o aos ramos de atividade modernos que passaram a contribuir com maior peso relativo na absorção da força de trabalho.

Entre 1979 e 1983 o crescimento médio do emprego total e urbano (1,4 e 3% a.a., respectivamente) foi inferior ao da população economicamente ativa total (2,9% a.a.) a urbana (5,1 % a.a.), o que ocasionou

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*

A autora agradece ao Sr. Francisco Faria Jr. - responsável pela execução da coleta a micro-computação das informações. Agradece também os comentários e sugestões apresentados pelos Srs. Cláudio Salm, Ramonaval da Costa, Alfonso Arias, Diana Sawyer, Simone Veran-das a Rosa Ribeiro durante o Seminário de Avaliação Metodológica Veran-das PNADs, realizado pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais em Nova Friburgo entre 12 a 15 de Junho de 1988.

**

Maria Cristina Cacciamali é Doutora em Economia pela Universidade de São Paulo com Pós-Doutoramento no Massachusetts Institute of Technology. Atualmente é professora do

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substancial ampliação na taxa de desemprego aberto urbano cuja taxa média de expansão no período foi da ordem de 36,5% a.a. O reequilibro entre a oferta de trabalho e a ocupação foi restabelecido ao longo dos dois anos posteriores em que o emprego total e urbano retornou a crescer a taxas elevadas (6,8 a 6,6% a.a.) superando o crescimento da PEA (4 ,0 a 2,7% a.a., respectivamente). (2)

Ao longo da primeira metade da década de 80 e, especialmente, nos anos da recessão, o setor terciário teve papel fundamental na absorção dos novos ocupados acompanhado pela expansão do emprego agrícola.

Esse comportamento diferiu fundamental mente daquele das décadas anteriores, principalmente 1970-80, em que a indústria de transformação teve papel primordial na absorção dos novos ocupados e o setor primário contribuiu de forma insignificante.

Além disso, informações adicionais mostraram ainda que a ocupação expandiu-se em 80 substancialmente sob a forma de relações de trabalho assalariadas sem vínculo legal de trabalho tanto no setor urbano como no setor primário.

Esse diagnóstico por um lado mostra o ajustamento do mercado de trabalho face ao estado de indefinição econômica nesta década com vistas a um processo de crescimento econômico consistente, bem como a debilidade das instituições no mercado de trabalho a do próprio aparelho de Estado. Por outro, a situação analisada não chega a caracterizar uma reversão de tendência na estrutura do emprego.

Em primeiro lugar, o setor terciário não pode ser-analisado como setor residual de empregos. Uma sociedade urbana-industrial demanda substancial a crescentes serviços sociais, governamentais, de apoio a produção a pessoais. E, nesse sentido, os ramos da atividade terciária que ganharam espaço no espectro produtivo mostram modernização na estrutura desse setor a não arcaísmo a regressão.

Em segundo lugar, o aumento relativo do setor primário na absorç5o de força de trabalho reflete a excelente performance econômica da agricultura nesta década, bem como a reorganização interna desse setor quanto a maior emprego relativo de trabalho assalariado e especializado.

E, por fim, a tendência positiva de relações invisíveis - sem vínculos legais - na produção a no mercado de trabalho indicaram não uma reversão em termos de desenvolvimento capitalista, mas sim formas de sobrevivência capitalistas, a até aumento no nível de consci6ncia dos indivíduos a segmentos sociais no papel de agentes econômicos em práticas capitalistas, no sentido de superar, tanto as dificuldades econômicas enfrentadas no País nos anos 80, como o desgaste dos aparelhos de Estado.

(3)

A incidência desses fatos não poderia ocorrer de forma homogênea sobre o espaço econômico e social do País. Isto porque, em 1980, as Regiões Sudeste e Sul congregavam 78% do total da produção brasileira a cerca de 85% da produção industrial. A contrapartida resultava que quase dois terços do total da população brasileira, 68% da população economicamente ativa, ocupada total e 72% da urbana ali se localizava. E, entre os ocupados, estavam representados 79 e 78% dos empregados com carteira de trabalho assinada dos setores econômicos urbano e primário, respectivamente.

Nesse sentido, o presente artigo objetiva analisar as modificações estruturais no primeiro lustro da década de 80 no emprego a nível regional de acordo com a seguinte desagregação: Sul, Sudeste, Nordeste e Norte e Centro-Oeste(3). Nas próximas duas seções apresentam-se informações sobre a evolução da população, da população economicamente ativa, d.o emprego e do desemprego. Na quarta seção analisa-se a distribuição do emprego segundo os setores da atividade econômica e na última seção estuda-se a distribuição do emprego segundo os setores formal e informal e as relações de invisibilidade, no mercado de trabalho.

1. OS DADOS

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) constitui-se numa fonte de dados valiosa para a realização de diagnósticos globais agregados sobre a estrutura do emprego no Brasil, nas Áreas Metropolitanas e nas Macroregiões do País. No caso das Áreas Metropo-litanas há superposição de informações com as geradas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) para o mês de setembro de cada ano, contudo se o objetivo do pesquisador for uma análise abrangente da evolução do comportamento do emprego e das atividades econômicas urbanas e do setor primário, a PNAD é a única fonte disponível no País além dos Censos (decenais) Demográficos.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios apresenta pelo menos cinco restrições de ordem metodológica, de coleta e de tratamento conceitual sobre a variável emprego.

A primeira refere-se ao tempo de referência estabelecido pela pesquisa - uma semana - para classificar a população de acordo com a condição de atividade e outras categorias decorrentes (ocupada, de-socupada etc.).

Admitindo-se que o objetivo-meta da PNAD seja um levantamento de informações de caráter estrutural - inclusive para não sobrepor-se a PME -, o tempo considerado a muito exíguo, principalmente quando se trata do emprego no setor primário.

(4)

Além disso, o mesmo questionário é aplicado tanto para os ocupados em atividades econômicas urbanas como para aqueles no setor primário. E, pelas características dos processos de produção e de trabalho neste último setor de atividade (intermitência do processo de trabalho e de percepção de renda, fases do processo de produção etc.) o questionário constitui-se num instrumento de coleta de informações parcial e incompleto, representando somente aspectos do emprego, desemprego e renda do setor agropecuário na semana de referência em que é aplicado.

Finalmente, um outro aspecto negativo sobre o tempo de referência a que impede comparações com os Censos Demográficos, nos quais o intervalo de tempo considerado para classificar a população em idade ativa por condição de atividade equivale a um ano.

Enfatiza-se, no entanto, que apesar das limitações destacadas as PNADs constituem-se no único levantamento anual desde 1968 - no mesmo mês de referência, na maioria dos levantamentos - que apresenta informações consistentes sobre emprego e renda em todos os setores da atividade econômica do País e por Macro-Regiões, inclusive resistindo as comparações com outras fontes abrangentes ou com levantamentos restritos a regiões ou localidades. E, por esse motivo, é uma fonte de referência muito utilizada não só pela comunidade técnico-científica, como por usuários que desempenham funções em diversos níveis de responsabilidade em atividades empresariais e de planejamento nacionais e internacionais, de ensino, ligados à mídia etc.

A segunda restrição que se deseja apontar refere-se ao enfoque teórico adotado para definir as categorias de posição na ocupação - questão extremamente relevante para quem acompanha mudanças qualitativas na estrutura de relações de produção e de trabalho no mercado de trabalho.

Uma tipologia adequada sobre esta matéria permite acompanhar o comportamento e evolução do emprego e da renda dos assalariados vis a vis outros segmentos de trabalhadores como, por exemplo, contas próprias, trabalhadores familiares sem remuneração etc. Assim sendo, essas categorias de análise deveriam caracterizar da forma mais fiel possível as formas de participação na produção: diversas inserções de trabalho assalariado, contas próprias, pequenos proprietários etc. (4)

No entanto, se o instrumento de coleta de informações a relativamente adequado para captar as informações relevantes para essa questão, o formato de apresentação das informações ao público dificulta a obtenção de um espectro de informações, mesmo que agregadas, rápidas e consistentes sobre as categorias que compõem a posição na ocupação.

(5)

A PEA ocupada é nas PNADs apresentada desagregada em uma ta-bela própria nas seguintes categorias de posição na ocupação: empregados, comas próprias, empregadores, a não remunerados. Por sua vez, em

tabela distinta e situada em páginas distantes da anterior, a categoria

empregados é apresentada subdividida em: com carteira de trabalho assinada pelo empregador a sem carteira de trabalho assinada pelo em-pregador.

A sugestão principal que se faz neste caso(5) é que na tabela principal de posição na ocupação, segundo os ramos da atividade econômica, se

apresente de imediato a categoria empregados desagregada segundo a

posse da carteira de trabalho assinada pelo empregador. Adicionalmente, sugere-se que os ocupados em serviços domésticos (prestação de serviços em domicílios), ao invés de serem englobados nas categorias empregados com carteira assinada e sem carteira assinada, sejam apresentados em

categoria própria, melhor opção operacional-teórica para este tipo de inserção de força de trabalho na produção.

Além das considerações anteriores deseja-se apontar um outro equívoco conceitual da maior importância: de que os empregados públicos estatutários da Administração Pública e das Atividades Sociais são

apresentados nas tabelas supracitadas no grupo de empregados sem

carteira assinada pelo empregador. Esse viés conceitual deveria ser

cor-rigido pois - considerando novamente essas categorias a nível agregado - a situação funcional desse grupo aproxima-se mais dos empregados com carteira assinada do que dos sem carteira assinada.

Adotando-se então as sugestões apresentadas, e corrigindo a classificação dos funcionários públicos, a categoria posição na ocupação apresentaria então a seguinte subdivisão: empregados com carteira assinada, empregados sem carteira assinada, conta própria, empregados domésticos, empregadores e sem remuneração. Sendo que para estas categorias deveriam ser apresentadas além da informação sobre o número de ocupados, também, pelo menos, informações a respeito de rendimentos e contribuição para institutos de previdência social.

Essas reformulações enriqueceriam sobremaneira a variável posição na ocupação, refletiriam de forma mais adequada as formas de participação na produção e no mercado de trabalho, poupariam tempo para o usuário, procedimentos errôneos de ajustamento das informações e interpretações incompletas, e, as vezes, até equivocadas, sobre os dados.

A terceira limitação refere-se ao fato da PNAD não apresentar quesitos no instrumento de coleta de informações que objetivem levantar os motivos e o tempo de inatividade da população em idade ativa. Além da

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de inatividade e os elementos de mobilidade entre atividade e inatividade de parcelas da população, as informações permitiriam estimar a parcela de

desencorajados a possibilitariam reavaliar de forma objetiva a magnitude da

PEA e da PEA potencial.

A quarta crítica diz respeito as Regiões Norte e Centro-Oeste. Sugere-se, em função das rápidas e significativas modificações estruturais por que passam esses territórios geográficos, que recebam maiores cuidados metodológicos no que se refere A qualidade de cobertura e coleta de dados e amostragem.

Finalmente, a quinta restrição possui uma dimensão menor que as anteriores, mas é relevante para o usuário, principalmente se este não pertence ao meio técnico-acadêmico onde o conhecimento das informações e de seus detalhes flue com major intensidade. Reporta-se a ausência na seção denominada INTRODUÇAO logo, nas primeiras páginas das publicações

-de -detalhamento teórico na -descrição dos procedimentos metodológicos e sobre os itens e variáveis selecionados para publicação. Por exemplo, há. poucos detalhes sobre a descrição dos ramos de atividade econômica, ocupações, tipo de construção da habitação, categorias de posição na ocupação etc.

Esse fato pode induzir o usuário a procedimentos errôneos. Por exemplo, não há nenhuma descrição que leve a concluir que o ramo de

Atividades Sociais inclua as atividades de saúde e ensino público, e que

estas não componham o ramo de atividade da Administração Pública.

Por ultimo, aponta-se que para a década de 80 o maior problema é que as informações sobre PEA e PEA Ocupada incluem os cadastrados nas

Frentes de Trabalho do Nordeste nos anos de 1981, 1982 e 1983, devendo

portanto ser corrigidos.

Nos primeiros anos da década de 80 essa região foi duramente atingida por um período prolongado de secas (1979-84), que sustou parte substancial da produção agropecuária e desorganizou as demais atividades produtivas e o mercado de trabalho da região.

Entre 1981 e 1983, com intuitos tanto político-eleitoreiros como de reter a população atingida na área, o Governo Federal criou um programa de ajuda a população atingida pela seca denominado de Frentes de Trabalho.

As pessoas cadastradas recebiam remuneração mensal em torno de meio a um salário mínimo e, como contrapartida, eram engajadas de forma descontínua e temporária em atividades de conservação e benfeitorias em áreas e propriedades urbanas e principalmente rurais.

Essa população foi considerada, pelas estatísticas oficiais, sem ne-nhuma justificativa, esclarecimento ou registro complementar, População

(7)

Economicamente Ativa- Ocupada e agregada no ramo de atividade da Construção Civil.

Esse fato mascara a realidade pelo menos de duas maneiras.

A primeira, é que não reflete a magnitude dos efeitos da depressão econômica e da seca no período sobre o emprego da região, do País e da área urbana.

A segunda é que distorce o total do emprego urbano computado no período, visto que a grande maioria dos indivíduos engajados nas Frentes de Trabalho estava realizando atividades no setor primário e não em um setor

econômico urbano como foi classificada.

A vista destes fatos esta autora, neste estudo, bem como em outros, apresenta os resultados sobre a estrutura de emprego no País no período excluindo das estatísticas oficiais o número de pessoas engajadas nesse programa de assistência aos flagelados das secas, que são apresentados quando necessário ou em separado ou agregados com os desempregados urbanos.

2. POPULAÇÃO

Em 1979, a população encontrava-se distribuída espacialmente segundo as regiões da seguinte forma: a Região Sudeste compreendia 44,16% do total da população, seguida pelas Regiões Nordeste com 30,81 %, Sul com 19,31 % e Norte e Centro-Oeste com 5,72%. (6)

Ao longo do primeiro lustro da década de 80, o crescimento anual da população brasileira de 2,28% a.a. incidiu principalmente sobre a última fronteira nacional do País (o que inclui o efeito dos fluxos migratórios): a Região Norte e Centro-Oeste que apresentaram crescimento populacional a excepcional taxa média anual de 11,98% a.a.. Em contraposição a Região, Sul expulsou população - -1,24% a.a. -, a Região Sudeste continuou mantendo sua posição de pólo de atração - 2,56% a.a. -, e a Região Nordeste apresentou crescimento anual menor que o total do País - 1,60% a.a. ,

Essa evolução implicou que em 1985 as Regiões Sudeste e Nor-deste mantivessem praticamente a mesma participação relativa do fim da década passada no total da população 29,60 e 44,88%, respectivamente -e qu-e ocorr-ess-e uma fort-e r-ealocação -espacial d-e população -entr-e as Regiões Sul e Norte e Centro-Oeste -' 15,65 e 9,86%, respectivamente (Quadro 2.1) .

(8)

Quadro 2.1

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO

E TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO ANUAL BRASIL E REGIÕES (1979-85) (Em porcentagem) População Taxa 1979 1983 1985 1985-79 Brasil 100,00 100,00 100,00 2,28 Sul 19,31 15,93 15,66 -1,24 Sudeste 44,16 44,76 44,89 2,56 Nordeste 30,81 29,74 29,60 1,60 Norte e Cen.-Oeste 5,72 9,57 9,85 11,98

Fonte: F. IBGE. Diversos Anos, PNADs

3. POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA, EMPREGO E DESEMPEMPREGO

A distribuição relativa da população economicamente ativa - total e urbana -, do emprego e do desemprego segundo as regiões acompanhou o comportamento da população.

A Região Sudeste continha em 1979 o maior contingente de oferta de trabalho total (44,73%) e urbana (54,45%), como também de ocupados (44,52%), de ocupados urbanos (54,57%) e de desocupados (51,76%). Nesse perfil distributivo a Região Nordeste apresentava a segunda maior expressão, sendo seguida em ordem decrescente pelas Regiões Sul e Norte e Centro-Oeste (Quadro 3.1).

0 crescimento da força de trabalho e do emprego entre 1979 e 1985 praticamente eqüivaleram-se em todas as regiões do País, embora no ano de 1983 - pior ano do período da depressão econômica recente (1981-83) - o crescimento da população economicamente ativa superasse a expansão média do total de ocupados nas Regiões Sudeste e, principalmente, Nordeste.

Nesta última região, no meio urbano, enquanto a força de trabalho expandiu-se - por conseqüências principalmente da seca - em torno

(9)

Quadro 3.1

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA

E DO EMPREGO E DESEMPREGO ABERTO URBANO

BRASIL E REGIÕES

(1979-85)

EM PORCETAGEM

a) Distribuição da PEA Total

1979 1983 1985 Brasil 100,00 100,00 100,00 Sul 21,61 17,49 17,22 Sudeste 44,73 46,51 46,30 Nordeste 28,41 27,12 27,28 Norte e Centro-Oeste 5,25 8,88 9,20

b) Distribuição da PEA Urbana

1979 1983 1985 Brasil 100,00 100,00 100,00 Sul 18,15 14,40 14,95 Sudeste 54,45 52,55 54,40 Nordeste 20,40 23,76 20,65 Norte e Centro-Oeste 7,00 9,29 10,00

c) Distribuição do Emprego Total

1979 1983 1985 Brasil 100,00 100,00 100,00 Sul 21,72 18,38 17,34 Sudeste 44,52 47,73 45,87 Nordeste 28,52 24,53 27,52 Norte e Centro-Oeste 5,24 9,36 9,27

(10)

d) Distribuição do Emprego Urbano

1979

1983

1985

Brasil

100,00

100,00

100,00

Sul

18,17

15,23

15,00

Sudeste

54,56

55,02

54,20

Nordeste

20,22

19,73

20,66

Norte e

Centro-Oeste

7,05

10,02

10,14

e) Distribuição do Desemprego Aberto Urbano

1979 1983 1985 Brasil 100,00 100,00 100,00 Sul 17,79 8,00 13,86 Sudeste 51,76 33,36 58,52 Nordeste 24,84 54,93 20,53 Norte e Centro-Oeste 5,61 3,71 7,09

Fonte: F.IBGE. Diversos Anos. PNADs.

Obs.: 1) Excluídos os ocupados nas Frentes de Trabalho do Região Nordeste do Total de Ocupados.

2) O Desemprego Aberto Urbano foi obtido a partir dos seguintes definições: PEA Urbana = PEA Total - Ocupação do Setor Primário.

Desemprego Aberto Urbano = PEA Urbana - Ocupação Urbana Ocupação Urbana = Ocupação (Setor secundário + Setor Terciário).

de 9% a.a. entre 1981 e 1983, o emprego cresceu apenas 2,3% a.a. o que acarretou a ampliação da taxa de desemprego aberto em 66,5% a.a. e na desocupação aberta de mais de um quarto da força de trabalho regional (Quadro 3.2). Estas informações ressaltam a importância das frentes de trabalho como auxílio desemprego no período. Pois, em 1983, elas absorveram cerca de 1.862 milhões de pessoas, cerca de 78% dos desempregados, o que reduz a taxa de desemprego aberto oficial para 5,78%.

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Quadro 3.2

TAXA MÉDIA DE CRESCIMENTO ANUAL DA PEA, DO EMPREGO E DO DESEMPREGO ABERTO URBANO

BRASIL E REGIÕES a) População Economicamente Ativa Total

83/79 85/79 Brasil 1,029 1,033 Sul 0,976 0,994 Sudeste 1,039 1,039 Nordeste 1,017 1,026 Norte e Centro-Oeste 1,174 1,134 b) Emprego Total 83/79 85/79 Brasil 1 ,014 1,032 SuI 1,972 0,994 Sudeste 1,031 1,037 Nordeste 0,976 1,026 Norte e Centro-Oeste 1 ,172 1,135

c) População Economicamente Ativa Urbana

83/79 85/79 Brasil 1,051 1,043 Sul 0,991 1,009 Sudeste 1,041 1,043 Nordeste 1,091 1,045 Norte e Centro- Oeste 1,128 1,107

(12)

d) Emprego Urbano 83/75 85/75 Brasil 1,030 1,042 Sul 0,985 1,009 Sudeste 1 ,032 1,040 Nordeste 1,023 1 ,045 Norte e Centro-Oeste 1,124 1 ,107 e) Desemprego Aberto Urbano

83/79 85/79 Brasil 1,365 1,069 Sul 1,118 1,025 Sudeste 1 ,223 1,091 Nordeste 1,665 1,035 Norte e Centro-Oeste 1,231 1,112 f) Taxa de Desemprego Aberto Urbano

1979 1983 1985 Brasil 4,02 11,47 4,66 Sul 3,94 6,37 4,32 Sudeste 3,82 7,28 5,02 Nordeste 4,89 26,50 4,63 Norte e Centro-Oeste 3,23 4,58 3,31 Fonte: F. IBGE. Diversos Anos. PNADs.

Obs..: 1) Excluídos os ocupados nas frentes de trabalho da Região Nordeste do Total de Ocupados. 2) Os participantes nas frentes de trabalho foramconsiderados como desempregados.

(13)

Em 1985, a hierarquia distributiva da PEA - total e urbana - e do emprego segundo as regiões se manteve, embora ocorresse o mesmo fenômeno mencionado anteriormente para a população: realocação de força de trabalho e de emprego entre as Regiões Sul e Norte e Centro-Oeste. Adicionalmente, a Região Nordeste perdeu pequena participação relativa de população economicamente ativa a de ocupados, ocorrendo tendência oposta para a Região Sudeste (Quadros 3.1 e 3.2).

4. EMPREGO SEGUNDO 0 SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA

No período Pós-Guerra o processo de industrialização promoveu a manutenção da predominância relativa da Região Sudeste sobre a produção brasileira. No ano de 1980 esse. percentual era da ordem de 62,42%, embora um processo de desconcentração na estrutura produtiva - mormente nos setores secundário e terciário - estivesse em movimento desde os anos 70 (Quadro 4.1).

Quadro 4.1

ESTRUTURA DA PRODUÇÃO BRASIL E REGIÕES (Preços Correntes)

(1975-80)

(a) 1975 SETORES

REGIÕES PRIMÁRlO SECUNDÁRlO TERCIÁRIO TOTAL

Norte 3.695 1.329 2.178 2.097 Nordeste 19.809 7.488 11.584 11.305 Sudeste 32.086 75.210 65.099 64.219 Sul 36.142 4.830 15.992 18.113 Centro-Oeste 8.268 1.142 5.147 4.266 Brasil 100.000 100.000 100.000 100.000

(14)

(b) 1980 SETORES

REGIÕES PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO TOTAL

Norte 4.960 3.003 2.788 3.088 Nordeste 19.491 9.493 12.364 11.980 Sudeste 34.683 69.049 62.893 62.419 Sul 29.505 16.239 15.131 16.997 Centro-Oeste 11.360 2.215 6.823 5.515 Brasil 100.000 100.000 100.000 100.000

Fonte: FGV. (Maio 1987). Conjuntura Econômica.

A associação entre as estruturas do emprego, da produção e a dis-tribuição espacial da população é direta na .área urbana: em 1975, a Região Sudeste respondia por 58,99% do emprego no total do setor secundário, 62,41 % na industria de transformação, 53,41 % na indústria de construção civil, 52% no total do setor terciário e em torno da metade ou mais nas demais atividades terciárias (Quadro 4.2).

Conforme pode ser observado por meio do Quadro 4.1 a Região Sul do País apresentava a segunda maior participação relativa na produção agregada dos grandes setores econômicos. No entanto, no meio urbano, exceto pelas atividades associadas a indústria de transformação, aos transportes, a aos serviços auxiliares da atividade econômica, é a Região Nordeste que apresentava a segunda maior absorção de força de trabalho.

Esse fato ocorre não só em virtude da maior proporção relativa de população que a Região Nordeste contém, mas principalmente pelo menor grau relativo de desenvolvimento econômico dessa região que permite maior incidência de formas de organização da produção não tipicamente capitalista, mais intensivas em mão-de-obra, com menor nível de produtividade média, a utilizando força de trabalho em relações de trabalho a margem da legislação trabalhista (invisíveis) ou não tipicamente capitalistas (informais). (7)

Assim, em função desses aspectos, o Nordeste, em 1979, também absorvia quase metade dos ocupados no setor primário - 45,74°/a -, enquanto ao Sul correspondia 29,08%, ao Sudeste 23,69% , e ao Norte e Centro-Oeste 1,49% (Quadro 4.2). (8)

(15)

Quadro 4.2

DISTRIBUIÇÃO DO EMPREGO

SEGUNDO OS SETORES DA ATIVIDADEECONÔMICA BRASIL E REGIÕES

(1979-85)

Brasil Sul N e CO Sudeste Nordeste Total 100.000 21.717 5.240 44.527 28.516 Primário 100.000 29.077 1.490 23.694 45.739 Secundário 100.000 17.961 4.917 58.990 18.132 - Transf. 100.000 18.735 3.498 62.412 15.354 - Constr. 100.000 16.501 7.672 53.406 22.421 - Outras 100.000 16.667 6.932 49.410 26.991 Terciário 100.000 18.284 8.211 52.149 21.357 - Comércio 100.000 19.850 8.066 47.183 24.901 - Transp. 100.000 18.176 7.234 56.717 17.872 - P. Serv. 100.000 17.583 8.082 52.076 22.259 - Sociais 100.000 18.326 7.469 51 .936 22.268 - Ad . PubI . 100.000 17.869 12.955 49.649 19.528 - SAAE 100.000 17.841 7.315 61.641 13.202 - Outras 100.000 17.537 7.090 59.701 15.672 PEA Total 100.000 21.609 5.250 44.726 28.415 PEA Urbana 100.000 18.155 6.989 54.454 20.403 Fonte: F. IBGE. 1979. PNAD.

(16)

(b) 1985

Brasil Sul N. e CO Sudeste Nordeste

Total 100.000 17.336 9.276 45.870 27.518 Primário 100.000 23.186 7.097 25.010 44.707 Secundário 100.000 15.471 7.664 58.135 18.730 - Transf. 100.000 16.274 5.467 62.444 15.815 - Constr. 100.000 13.723 10.946 51.534 23.797 - Outras 100.000 14.422 16.091 42.193 27.294 Terciário 100.000 14.788 11.259 52.433 21.520 - Comerciário 100.000 15.408 11.195 49.028 24.368 - Transp. 100.000 16.023 10.699 53.810 19.468 - P. Serv. 100.000 13.982 10.402 54.879 20.736 - Sociais 100.000 14.551 11.009 50.638 23.801 - Ad. Publ. 100.000 13.294 16.745 45.633 24.329 - SAAE 100.000 17.155 10.669 58.647 13.529 - Outras 100.000 16.085 10.132 58.157 15.627 PEA Total 100.000 17.218 9.202 46.298 27.282 PEA Urbana 100.000 14.947 10.003 54.400 20.650

Fonte: F. IBGE. 1985. PNAD.

Calculando as taxas médias de crescimento do emprego para o período 1979-85 e decompondo-as para detectar a importância relativa de cada setor de atividade econômica na absorção dos novos ocupados constatou-se que coube as atividades terciárias a responsabilidade de gerar o maior número de empregos no período nas Regiões Sudeste (76,7%), Nordeste (74,1%) e Centro-Oeste (59,9%). E, no caso da Região Sul esse foi o único setor a apresentar contribuição positiva (31,0%) na taxa de crescimento do emprego no período.

0 setor secundário foi o segundo setor agregado mais importante para as Regiões Sudeste (14,4%) e Nordeste (15,4%), enquanto para a Região Centro-Oeste esta posição coube ao setor primário (23,0%) (Quadro 4.3).

(17)

Quadro 4.3

TAXA DE CRESCIMENTO DO EMPREGO E SUA DECOMPOSIÇAO SEGUNDO OS SETORES DA ATIVIDADE ECONÔMICA

BRASIL E REGIÕES (1979-85)

Sul Sudeste Nordeste Norte -C.O

T.C. Dec. T.C. Dec. T.C. Dec. T.C. Dec.

Total 0.994 0.994 1.037 1.037 1.026 1.026 1.135 1.135 Primário .0972 -0.623 1.019 0.089 1.006 0.119 1.309 0.230 Secundário 0.994 -0.063 1.016 0.144 1.024 0.154 1.097 0.173 - Transf. 1.000 0.003 1.023 0.142 1.028 0.097 1.102 0.085 - Constr. 0.974 -0.070 0.998 0.005 1.014 0.031 1.065 0.053 - Outras 1.011 0.007 1.009 0.004 1.038 0.023 1.192 0.031 Terciário 1.016 0.310 1.054 0.767 1.054 0.741 1.110 0.599 - Comércio 1.009 0.041 1.059 0.169 1.049 0.169 1.112 0.134 - Transp. 1.004 0.007 1.017 0.022 1.040 0.039 1.095 0.039 - P. Serv. 1.008 0.053 1.057 0.281 1.035 0.172 1.093 0.174 - Sociais 1.022 0.062 1.058 0.123 1.074 0.155 1.133 0.100 - Ad. Publ. 1.018 0.027 1.055 0.060 1.110 0.109 1.116 0.082 - SAAE 1.035 0.037 1.033 0.033 1.046 0.022 1.110 0.031 - Outras 1.069 0.069 1.080 0.073 1.084 0.046 1.151 0.040

Fonte: F.IBGE. Diversos Anos. PNADs:

Notas: T.C. - Taxa de crescimento; Dec. decomposição.

Obs.: 1) Excluídos os ocupados das Frentes de Trabalho do Nordeste do Total de Ocupados. 1) A base da ponderação para decomposição da Taxa de Crescimento é o ano de 1979.

Analisando as atividades de forma isolada observou-se que: os ramos de prestação de serviços e comércio foram os que mais contribuíram para o

crescimento do emprego em todas as regiões, exceto para a Região Sul em que estas colocações são ocupadas pelas atividades outras (principalmente,

instituições financeiras) e sociais. O ramo de atividades sociais ocupa o terceiro lugar no crescimento do emprego nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste, enquanto esta posição pertence à indústria de transformação na

Região Sudeste e a prestação de serviços na Região Sul. As atividades

(18)

Regiões Nordeste e Centro-Oeste, ocuparam, no entanto, situação bastante inferior nas demais regiões. Por fim, a quarta posição em ordem de importância na absorção dos novos ocupados esteve associada na Região Sul

ao ramo do comércio e na Região Centro-Oeste a indústria de

transformação (Quadro 4.3).

Em vista dessas tendências, em 1985, a distribuição espacial do emprego permaneceu praticamente inalterada a não ser quanto ao comportamento da Região Sul. Esta última região nas atividades econômicas urbanas perdeu posição relativa para o Nordeste na atividade de transportes, e nas atividades primárias diminuiu sua participação em termos de emprego (Quadro 4.3).

5. EMPREGO FORMAL, INFORMAL E INVISÍVEL

A distribuição dos ocupados segundo a inserção na produção e no mercado de trabalho das regiões reflete os diferentes níveis e formas históricas de desenvolvimento do País que implicam em formas heterogêneas de organização da produção e de relações sociais na produção nos espaços regionais.

Deseja-se destacar neste trabalho, como em outros realizados an-teriormente, a diferença entre as definições de atividades informais e aquelas invisíveis ou subterrâneas.(9) O núcleo característicos das primeiras e o pequeno proprietário associado ao trabalho familiar sem remuneração; e o trabalhador por conta própria. Enquanto as segundas são caracterizadas por serem ilegais frente as instituições do País e situarem-se a margem das legislações tributária e trabalhista.

Não distinguir os dois grupos de atividades pode conduzir a graves distorções na análise do mercado de trabalho, principalmente no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Aqui existe maior heterogeneidade de formas de organização na produção - que é o corte teórico e metodológico para definir as atividades formais e informais: as primeiras realizadas com utilização de força de trabalho assalariada -; como também ocorre um elevado grau de invisibilidade na estrutura produtiva e nas relações de trabalho -definido e mensurado pelo número de estabelecimentos não registrados junto aos órgãos competentes do Estado, pelos assalariados não registrados e pela magnitude na evasão de receita tributária.

A evolução positiva de atividades informais indicaria um aprofun-damento de relações não tipicamente capitalistas de produção e um re-trocesso relativo do processo de crescimento econômico. Enquanto a tendência positiva de relações

(19)

invisíveis na produção e no mercado de trabalho indicariam formas de sobrevivência capitalistas(10) e até aumento no nível de consciência das pessoas em práticas capitalistas face as dificuldades econômicas enfrentadas pelo País nesta década e ao enfraquecimento, desarticulação do aparelho de Estado, perda de receita tributária, e deterioração das aposentadorias nesse período.

Além disso, questiona-se a caracterização de atividades não tipica-mente capitalistas quando aplicada para segmentos específicos de tra-balhadores por conta própria, principalmente dos grandes centros urbanos, pois esses desenvolvem seus trabalhos utilizando instrumentos complexos de produção e a contratação de trabalhadores assalariados temporários. Essa caracterização no entanto é quase impossível de ser captada pelas estatísticas oficiais.

Deseja-se apontar também que o período 1979-85 identificou-se para o emprego brasileiro mais pela expansão de relações de trabalho invisíveis que informais (Cacciamali, 1988).

5.1. Setor Primário

Em termos regionais e no setor primário, em 1979, as formas de participação na produção e as relações de trabalho não tipicamente capitalistas tinham sua major expressão na Região Nordeste. Encontravam-se al i localizados 43,69% do total dos empregados sem carteira de trabalho assinada(11), 55,32% do total de trabalhadores por conta própria e 43,85% do total dos ocupados sem remuneração.

Em seguida observou-se que nesse setor de atividade a Região Sudeste tinha a segunda maior representatividade - 36,95% - de empregados sem carteira de trabalho assinada - e que a Região Sul representava a

segunda major proporção de trabalhadores informais: 27,71% do total de

contas próprias e 42% do total de trabalhadores sem remuneração (Quadro

5.1 ).

Diagnósticos anteriores já demonstraram tendência detectada na última década no assalariamento da força de trabalho inserida no setor primário, embora precário e invisível quanto as relações com a legislação trabalhista. Esse movimento continuou se - ampliando nos anos 80 e pode ser observado em todas as regiões do País exceto na Região Sul que, conforme visto anteriormente, apresentou, no período, forte processo de redução de força de trabalho.

(20)

Quadro 5.1

DISTRIBUIÇÃO DOS OCUPADOS

SEGUNDO SUA POSIÇÃO E CARTEIRA DE TRABALHO BRASIL E REGIÕES

(1979)

(Em Porcentagem) Brasil Sul NO a CO Sudeste Nordeste Total de Ocupados 100.000 21.716 5.239 44.529 28.516 Setor Primário 100.000 29.079 1.485 23.693 45.743 Empregados c/Carteira 100.000 22.872 1.276 54.918 20.934 Empregados s/Carteira 100.000 16.860 2.495 36.949 43.696 Conta Própria 100.000 27.708 1.176 15.794 55.322 Empregadores 100.000 28.936 5.618 32.755 32.691 Sem Remuneração 100.000 42.047 0.403 13.696 43.854 Setor Urbano 100.000 18.168 7.049 54.569 20.214 Empregados c/Carteira 100.000 19.033 6.034 60.415 14.517 Empregados s/Carteira 100.000 16.182 8.878 49.022 25.917 Conta Própria 100.000 16.668 7.840 43.976 31.516 Empregadores 100.000 20.558 8.787 58.926 11.729 Sem remuneração 100.000 22.920 6.733 34.991 35.356

Fonte: F. IBGE. 1979. PNAD.

Entre 1979 e 1985 a categoria empregados sem carteira assinada

ocupou a primeira posição na determinação da expansão do emprego no setor primário das Regiões Nordeste (12,6%) e Centro-Oeste (14,6%) e situou-se em segundo lugar no Sudeste (3,1%) visto que nesta região foi a categoria empregados com carteira assinada que deteve a principal

colocação (3,7%). Adicionalmente, as categorias conta própria e sem remuneração foram as que ocupavam as posições subsequentes de

destaque.

A Região Sul reduziu nesse período a força de trabalho no setor primário a taxa média anual de -2,8% a.a. - e isto refletiu-se em decréscimos absolutos no número de pessoas inseridas em todas as categorias ocupacionais. Contudo, conjugando os diferentes ritmos de

(21)

decrescimento com a importância relativa de cada categoria no total de ocupados constatou-se que, em ordem decrescente, os grupos ocupacionais que mais contribuíram para as quedas de emprego foram: sem remuneração

(-36,2%), empregadas sem carteira (-11,3%), empregadores (-8,7%) e conta própria (-6,1 %) (Quadro 5.2).

Fonte: F. IBGE. Diversos Anos. PNADs.

Notas: T.C. = taxa de crescimento; Dec. = decomposição.

OBS.: 1) Excluído: os ocupados de: Frentes de Trabalho do Nordeste do Total de Ocupados.

2) A base de ponderação para decomposição de Taxa de crescimento é o ano de 1979.

5.2. Setor Urbano

Entre as atividades econômicas urbanas, em 1979, a Região Sudeste possuía a maior parcela em todas as categorias ocupacionais exceto entre os

sem remuneração, cuja maior expressão relativa encontrava-se na Região

Nordeste. Esta última região, por sua vez, absorvia a segunda maior parcela de empregados sem carteira assinada e contas próprias. E, a Região Sul

(22)

As ocupações assalariadas foram as que mais absorveram os novos ocupados entre 1979 e 1985: na Região Centro-Oeste, a principal categoria foi

empregados com carteira assinada (29,4%), enquanto na Região Sudeste a

primeira posição coube ao grupo empregados sem carteira assinada

(33,3%), na Sul à categoria empregados com carteira coube a segunda

posição (11,3%) e na Nordeste peso igual encontrava-se associado às duas categorias de empregados (24,1 %).

A categoria trabalhadores por conta própria apresentou a segunda

posição na determinação do crescimento do emprego na Região Centro-Oeste (15,8%) e a terceira posição nas Regiões Sudeste (22,3%) e Nordeste (20,3%). E, o grupo de empregados sem carteira assinada (15,8%) ocupava

a terceira colocação na Região Centro-Oeste. Por fim as categorias que menos contribuíram, em todas as regiões, para absorver os novos ocupados foram sem remuneração e empregadores (Quadro 5.2).

A Região Sul apresentou comportamento diferenciado em relação às demais regiões. Em primeiro lugar, o crescimento médio anual do emprego urbano foi praticamente nulo ao longo desses seis anos: 0 9% a.a. Em segundo lugar, apresentou quedas no número de pessoas ocupadas nas categorias de empregadores (-3,4% a.a.) e sem remuneração (-2,8% a.a.).

Além disso, conforme mencionado, o grupo que mais contribuiu na sustentação do emprego urbano foi trabalhadores por conta própria

(13,2%), e os segundo e terceiro lugares, respectivamente, em termos de contribuição na absorção dos novos ocupados couberam às categorias

empregados com carteira assinada (11,3%) empregados sem carteira assinada (5,9 %) (Quadro 5.2).

Em 1985, o perfil distributivo para o Brasil segundo as categorias ocupacionais a as regiões apresentou transformações quando comparado com aquele do ano de 1979. No setor primário a Região Nordeste diminuiu as características de informalidade na sua estrutura de relações de trabalho quando comparada com as demais regiões do País. Ocorreu ali diminuição na participação relativa dos trabalhadores por conta própria (55,32 vs. 53,35%), empregadores (32,90 vs. 29,90%) e sem remuneração (43,85 vs. 42,40%)

em favor da categoria empregados - com carteira (20,93 vs 24,01 %) e sem carteira assinada (43,70% vs 44,47).

A Região Sul perdeu participação relativa em todas as categorias ocupacionais, a Região Centro-Oeste em contrapartida apresentou o efeito oposto, principalmente, nas categorias de sem remuneração (0,40 vs.

4,16%), empregados com carteira assinada (1,28 vs. 7,35%), sem carteira

(2,50 vs. 8,47%) e empregadores (5,62 vs. 11,13%), e a Região Sudeste apresentou aumento relativo apenas nas categorias empregadores (32,75

(23)

Nas atividades econômicas urbanas as regiões apresentaram tendências opostas. A Região Sudeste reduziu a participação relativa dos

empregados com carteira assinada (60,41 vs. 58,55%), aumentando a

parcela relativa das outras categorias, fenômeno oposto ao verificado na Região Nordeste.(12) E, nas Regiões Sul, Norte e Centro-Oeste, enquanto a primeira perdeu parcelas relativas em todas as categorias ocupacionais, a segunda ganhou importância relativa em todos os grupos, exceto entre os

empregadores [(8,79 vs. 8,63%) Quadro 5.3].

Quadro 5.3

DISTRIBUIÇÃO RELATIVA DOS OCUPADOS SEGUNDO SUA-POSIÇÃO E CARTEIRA DE TRABALHO

BRASIL E REGIÕES 1985

(Em Porcentagem) Brasil Sul Sudeste NO e CO Nordeste

Total de Ocupados 100.000 17.337 45.869 9.276 27.518

Fonte: F. IBGE. 1985. PNAD.

117 Setor Primário 100.000 23.188 25.008 7.100 44.705 Empregados c/carteiros 100.000 13.831 54.811 7.346 24012 Empregados s/carteira 100.000 12.134 34.926 8.472 44.469 Conta própria 100.000 24.548 14.160 7.941 53.352 Empregadores 100.000 16.945 42.023 11.132 29.900 Sem remuneração 100.000 36.921 16.522 4.156 42.401 Setor Urbano 100.000 15.000 54.199 10.145 20.656 Empregados c/carteira 100.000 16.859 58.552 9.069 15.520 Empregados s/carteira 100.000 11.594 51.855 11.947 24.604 Conta própria 100.000 13.925 45.840 10.887 29.348 Empregadores 100.000 15.708 63.447 8.625 12.220 Sem remuneração 100.000 17.278 37.528 11.649 33.546

(24)

SUMÄRIO

O crescimento da força de trabalho e do emprego entre 1979 e 1985 praticamente eqüivaleram-se em todas as regiões do País embora no ano de 1983 - pior ano do período da depressão econômica recente - a crescimento da população economicamente ativa superasse a expansão média do total de ocupados, principalmente nas Regiões Sudeste e Nordeste.

Em 1985 a maior parte da população e do emprego continuava sendo mantida pela Região Sudeste, seguida pelas Regiões Nordeste, Sul e Norte e Centro-Oeste. No entanto essa distribuição, até tradicional em termos da hierarquia das regiões no Brasil continuou sendo afetada pelo deslocamento de população e emprego (e também de desemprego) da Região Sul em direção à Região Norte e Centro-Oeste.

A primeira região mencionada apresentou um decréscimo médio anual entre 1979-85 da ordem de -1,24% em relação a sua população, -2,8% no emprego do setor primário e 0,6% no emprego do setor secundário, especialmente na construção civil. 0 ramo do setor secundário de outras indústrias e todos os ramos do setor terciário foram os que sustentaram o

crescimento do emprego da região. A Região Norte e Centro-Oeste, por sua vez, apresentou elevadas taxas de crescimento anual na população (11,98%), no emprego (13,5%) distribuído por todos os setores e ramos da atividade econômica.

O setor terciário se constituiu no principal responsável pela absorção dos novos ocupados no período em todas as regiões principalmente nos ramos de prestação de serviços, comércio, atividades sociais e- ad-ministração pública - este último ramo, em especial no Nordeste. E, entre os

demais ramos de atividade a indústria de transformação apresentou

comportamento diferente perante as duas décadas anteriores: foi importante para determinar a taxa de crescimento do emprego, principalmente na Região Sudeste (terceiro ramo em termos de absorção dos novos empregados), e com menor peso nas Regiões Nordeste (sexta posição) e Centro-Oeste (quinta posição).

A categoria empregados com carteira assinada somente teve

re-presentatividade na absorção dos novos ocupados no setor primário da Região Sudeste, enquanto nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste predominou a categoria empregados sem carteira assinada. Além disso ocorreram

reduções nas categorias conta própria na Região Sudeste e empregadores

é sem remuneração) na Região Nordeste. Tendências que mostram a redução da informalidade no setor primário e o avanço das relações de trabalho-capitalistas - mesmo que precárias e ilegais perante a legislação trabalhista.

(25)

Nas atividades econômicas urbanas predominaram as relações de assalariamento: empregados com carteira a sem carteira nas Regiões

Nordeste e Sudeste. Este fenômeno é mais importante para a primeira região do que para a segunda, visto suas características prévias de desenvolvimento capitalistas, e para a Região Sudeste o fenômeno expressa a reação dos agentes econômicos no período em defesa de seus interesses econômicos e a deterioração do aparelho de Estado no período.

NOTAS

1. O detalhamento dessas comparações pode ser encontrado principalmente nos capítulos IV e VI do livro Mudanças Estruturais na Produção a Emprego no Brasil: 1950-85, elaborado pela autora e a ser apresentado para obtenção do título de Livre-Docente no Universidade de São Paulo.

2. Consulte-se, Cacciamali, M.C. (1988) cap. VI, quadro 6.2. A PEA urbana cresce a uma taxa menor que a PEA total em função do retorno a normalidade do setor Primário do Região Nordeste e diminuição da PEA urbana entre 1983 e 1984.

3.Estas duas últimas regiões não foram passíveis de desagregação em virtude do forma Como os dados foram publicados pelo F. IBGE - PNAD em 1979.

4. Um exemplo de tipologia detalhada sobre formas de participação no produção pode ser encontrada em Cacciamali(1983).

5.Uma discussão sobre o conteúdo e as características destas categorias pode ser encontrado em Cacciamali (1988, Cap. V 1).

6.Esta distribuição se encontra parcialmente distorcida devido a não incorporação de população e força de trabalho do setor primário do Região Norte a partir de 1982.

7. Maiores esclarecimentos sobre essa tipologia consultar Cacciamali (1988, Cap. V1).

8. Relembra-se que esta distribuição se encontra parcialmente distorcida devido a não incorporação de população a força de trabalho do setor primário do Região Norte.

9.Outros aspectos e detalhes sobre estas definições podem ser encontradas em Cacciamali, M. C. (1983 e 19881.

10.Estas formas de sobrevivência significariam a retenção de maior excedente pelos capitalistas, e para os trabalhadores manter o nível de salário ou renda.

11.Destaque-se que se trabalhos em andamento realizados por Kon, A (1988) e Barros R. P. S. e Varandas (1987), a categoria empregados sem carteira assinada a composta proporcionalmente por maior número de assalariados típicos do que de formas de participação no produção próximas de contas próprias ou emprego doméstico.

12. Além da categoria empregados com carteira assinada (14,52 vs. 15,5296), a categoria empregadores aumentou ligeiramente (11,73 vs. 12,2091;).

(26)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Cacciamali, M.C. 1983. Setor Informal Urbano e Formas de Participação no Produção. Ed. IPE. São Paulo.

Cacciamali. M.C. 1988. Mudanças Estruturais no Produção e no Emprego no Brasil. Tese de Livre-Docência a ser apresentada na Universidade de São Paulo. São Paulo.

Lanzana, E. A. a Cacciamali, M.C. 1988. Emprego / Década de 1980. Fipe Informações, fe-vereiro.

Burros, R.P. a S. Varandas. 1987. Ume Avaliação do Impacto do Carteira de Trabalho sobre as Condições de Trabalho e Remuneração dos Chefes de Família em 1985. (mimeo).

Kon, A. 1988. Estrutura Ocupacional: Uma Abordagem Regional. Tese de Doutorado em Economia a ser apresentada na Universidade de São Paulo (em andamento).

***

COMENTÁRIO

Cláudio Salm

O trabalho de Maria Cristina Cacciamali atesta tanto a riqueza quanto a consistência das informações da PNAD sobre o mercado de trabalho.

O período coberto pela análise, 80-85, caracteriza-se pela instabi-lidade, com marcadas quedas na produção a no emprego formal em 81 e 83, a uma recuperação que se inicia em 84 e segue por 85. A PNAD capta bem os efeitos dessa conjuntura, principalmente sobre a estrutura das ocupações, permitindo conhecer os principais mecanismos de ajuste.

No entanto, acreditamos que essa aderência poderia ser melhor, quanto aos valores absolutos, se a expansão dos dados não fosse feita através de projeções independentes da população, mas sim através da própria fração de amostragem. Tivemos oportunidade de adotar esse procedimento numa análise do mercado de trabalho da RMSP para o período 79-83 (ver "0 Mercado de Trabalho Brasileiro", MTb, 1987, caps. 5 e 7). Os resultados a que se chega, quanto a destruição de empregos industriais na crise, são muito próximos aos de outras fontes como FIESP e RAIS.

Quanto as sugestões que Maria Cristina apresenta ao IBGE, concor-damos com a necessidade da PNAD destacar sempre o trabalho assalariado "sem carteira" entre as várias posições na ocupação, principalmente pela importância que esse segmento assume na crise. No entanto, recomendamos cautela quanto a sugestão da PNAD tentar captar os desalentados, incluídos na população inativa. Operacionalmente, e complexo. Caberia antes avaliar a experiência da Pesquisa de Emprego e Desemprego (DIEESE/SEADE) nesse aspecto.

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