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Diferenças regionais nas trajetórias do estado de saúde e limitações funcionais entre idosos no Brasil: uma análise entre os anos de 1998 e 2013

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Diferenças regionais nas trajetórias do estado de saúde e limitações funcionais entre idosos no Brasil: uma análise entre os anos de 1998 e 2013 1

Felipe Lopes D’Attoma 2 Luciana Correia Alves 3

Resumo 

O objetivo do presente estudo foi comparar o perfil de saúde dos idosos brasileiros por coortes de nascimento no Brasil, segundo grandes regiões e situação de domicílio, no período entre 1998 e 2013. Os dados são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 1998 e da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE de 2013. Foram investigadas e comparadas ao longo do tempo seis doenças crônicas (hipertensão arterial, diabetes, doença do coração, câncer, bronquite ou asma e depressão) e as incapacidades funcionais representadas pela dificuldade para alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro por meio do cálculo de suas prevalências. O presente trabalho mostra que as regiões Sudeste e Sul do Brasil tendem a registrar, no período, os maiores percentuais de idosos que conseguem realizar as três Atividades da Vida Diária, segundo cada coorte estudada. As dificuldades de acesso aos estabelecimentos de saúde encontradas pelos habitantes das áreas rurais do Brasil e, em consequência, a exames de rotina, em comparação com as áreas urbanas, pode estar relacionada à menor prevalência de doenças crônicas nessas áreas. 

Palavras-chave: Desigualdades regionais, doenças crônicas, capacidade funcional, envelhecimento populacional.

1 Trabalho apresentado no XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em

Poços de Caldas, MG – Brasil, de 22 a 28 de Setembro de 2018.

2 Instituto de Geociências - Universidade Estadual de Campinas, Unicamp. E-mail:

flopesdattoma@gmail.com

3 Professora do Departamento de Demografia, IFCH-Unicamp e pesquisadora do Núcleo de Estudos

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Diferenças regionais nas trajetórias do estado de saúde e limitações funcionais entre idosos no Brasil: uma análise entre os anos de 1998 e 2013 4

Felipe Lopes D’Attoma 5 Luciana Correia Alves 6

1. Introdução

O peso relativo de idosos na população brasileira tem aumentado desde as últimas décadas em razão do rápido processo de transição demográfica pelo qual passa o país. A transição demográfica consiste na alteração de um equilíbrio caracterizado por elevados níveis de mortalidade e fecundidade para outro com níveis mais baixos de mortalidade e fecundidade. Paralelamente ao envelhecimento populacional, o Brasil tem experimentado um aumento de longevidade que se caracteriza pelo aumento do número de anos vividos pelos indivíduos de uma mesma coorte de nascimentos (Carvalho & Garcia, 2003). Simultaneamente à transição demográfica, o Brasil vem passando por um processo de transição epidemiológica. A transição epidemiológica consiste na modificação do perfil epidemiológico de uma situação de elevado padrão de mortalidade por doenças infectocontagiosas para um de predominância das doenças crônico-degenerativas, tais como neoplasias e doenças cardiovasculares e suas complicações (Prata, 1992). 

O aumento da esperança de vida ao nascer pode não significar envelhecer com qualidade de vida, devido às incapacidades e limitações funcionais. O conceito de incapacidade funcional surge como um novo componente da saúde dos indivíduos e passou por uma enorme evolução durante as últimas décadas. A incapacidade é caracterizada pela presença de deficiências ou de dificuldades para desempenhar algumas tarefas e, entre os idosos, pode ser definida pela necessidade de ajuda para realizar atividades diárias, com prejuízo para a qualidade de vida, a independência, a mobilidade, a inserção do indivíduo na sociedade e as 4 Trabalho apresentado no XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em

Poços de Caldas, MG – Brasil, de 22 a 28 de Setembro de 2018.

5 Instituto de Geociências - Universidade Estadual de Campinas, Unicamp. E-mail:

flopesdattoma@gmail.com

6 Professora do Departamento de Demografia, IFCH-Unicamp e pesquisadora do Núcleo de Estudos

de População “Elza Berquó”, Nepo-Unicamp. E-mail: ​luciana@nepo.unicamp.br

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atividades relacionadas à família (Alves, Leite & Machado, 2008). As limitações funcionais, tais como as dificuldades para alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro, podem ser consideradas complicações que surgem em função do aumento da longevidade e do número de idosos. Diante disso, torna-se necessário investigar as limitações funcionais na população brasileira, porque envelhecer sem incapacidade é fator indispensável para a manutenção de boa qualidade de vida e do bem-estar entre os idosos (Alves, Leite & Machado, 2008). 

A existência de desigualdades em saúde entre pessoas pertencentes a diferentes grupos socioeconômicos é bem documentada no Brasil. A prevalência de condições de saúde precárias, incapacidades funcionais e mortalidade em idosos, inclusive entre os mais velhos, está relacionada com fatores socioeconômicos, tais como renda, escolaridade e trabalho. Pessoas de baixa posição socioeconômica têm menor esperança de vida e mais problemas de saúde do que pessoas de mais alta posição socioeconômica (Kelfve, 2017). 

O acesso aos serviços de saúde é desigual nas áreas urbanas e rurais do país. Nas áreas rurais, a população tende a procurar menos pelos serviços de saúde, porque o baixo poder aquisitivo, a baixa disponibilidade de estabelecimentos de saúde e a frequente ausência de vínculo empregatício não possibilitam o acesso aos planos de saúde e clínicas particulares (Arruda, 2015). 

O aumento da esperança de vida dos brasileiros, resultante da diminuição da mortalidade, está relacionado a alguns fatores que parecem ter surgido em função da urbanização do país, tais como o desenvolvimento econômico, as boas práticas sanitárias, a introdução de vacinas, os investimentos em saneamento e a melhoria da condição de vida dos brasileiros (Santos, 1996; Prata, 1992). Esse fato põe em evidência a necessidade de estudar os perfis de saúde dos idosos brasileiros de acordo com a situação do domicílio urbana e rural e por grandes regiões. 

Portanto, esse estudo pretendeu responder às seguintes questões: Qual a evolução da prevalência de incapacidades funcionais e de doenças crônicas entre os idosos no Brasil, por grandes regiões e situação do domicílio? Existem diferenças de acordo com a coorte de nascimento dos idosos? Em decorrência do rápido processo de transição demográfica e epidemiológica no país, em um contexto com substanciais desigualdades socioeconômicas, surge a hipótese de que os perfis de 2

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incapacidade funcional e de saúde dos idosos no Brasil podem apresentar variações de acordo com as coortes de nascimento e a situação do domicílio desses idosos. Em virtude do envelhecimento populacional em curso no Brasil emerge a necessidade de estudos que abordem a saúde desse segmento populacional que mais cresce no país. Estudos dessa natureza podem fundamentar o planejamento de políticas públicas voltadas para a saúde dos idosos, minimizando os efeitos das morbidades sobre o bem-estar dos indivíduos da terceira idade. 

Embora o percentual de população vivendo em situação do domicílio urbana tenha sido superado pelo percentual domiciliado em situação rural na década de 1970, é indispensável entender o perfil de saúde dos habitantes do campo, porque sobretudo nas áreas rurais os benefícios da urbanização brasileira se manifestam menos intensamente do que nas cidades. 

As morbidades representadas pelas doenças crônicas e incapacidades funcionais, que ocorrem em consequência do processo de envelhecimento da população brasileira, acometem os idosos com maior frequência em comparação com o total da população, apontando para a importância de estudos que explorem as prevalências dessas morbidades em cada grande região do país e também no campo e nas cidades. Tais estudos podem permitir a realização de ações nas áreas mais críticas do país, para que o aumento da esperança de vida seja acompanhado de bem-estar e saúde nos anos adicionais vividos pelas pessoas. 

Diante do exposto acima, o objetivo do presente estudo foi traçar o perfil de saúde dos idosos brasileiros, segundo algumas doenças crônicas e incapacidades funcionais, de acordo com as coortes de nascimento, as grandes regiões brasileiras e a situação do domicílio para o período de 1998 a 2013. 

 

2. Materiais e Métodos 

O estudo utilizou microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do ano de 1998 e da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada em 2013. A PNAD é realizada anualmente para investigar alguns temas permanentemente, tais como rendimento, trabalho, migração, dentre outros. Nos anos de 1998, 2003 e 2008, isto é, a cada cinco anos, o IBGE realizou de forma

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suplementar algumas perguntas para averiguar as condições de saúde da população brasileira (IBGE, 1998; IBGE, 2003; IBGE 2008). 

Em 2013 o IBGE iniciou a aplicação do questionário da Pesquisa Nacional de Saúde, que se repetirá a cada cinco anos (IBGE, 2013). A PNAD e a PNS permitem, a partir de uma série histórica de dados, averiguar a evolução do perfil de saúde da população brasileira. Os microdados dessas pesquisas viabilizaram a análise da evolução das morbidades entre os idosos do Brasil, segundo as grandes regiões do país, a situação do domicílio e as coortes de nascimento. 

As variáveis pertencentes ao estudo foram: idade (60-64, 65-69, 70-74, 75-79, 80 anos e mais), coortes de nascimento (anos), situação do domicílio (urbana, rural), regiões brasileiras (norte, nordeste, sul, sudeste e centro-oeste), doenças crônicas (presença de hipertensão arterial, diabetes, doença do coração, câncer, bronquite ou asma, depressão) e capacidade funcional (dificuldade para alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro). 

Foram calculadas as prevalências das doenças crônicas e incapacidades funcionais para o período de 1998 a 2013, segundo coorte de nascimento, situação de domicílio e grandes regiões brasileiras. A pesquisa foi realizada comparando as coortes de nascimento. Uma coorte é caracterizada por um agrupamento de pessoas que compartilham de um evento ocorrido em um mesmo período, como, por exemplo, o nascimento em um mesmo quinquênio ou década (Carvalho, Sawyer & Rodrigues, 1998). O estudo também analisou a evolução do perfil de saúde dos idosos brasileiros segundo a situação do domicílio e por grandes regiões. 

As variáveis sobre doenças crônicas foram alvo de uma alteração da amostra na comparação entre as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios - Pnad - de 1998, 2003 e 2008 com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2013. Em cada Pnad, as perguntas sobre o diagnóstico de doenças crônicas por profissional de saúde eram respondidas para todos os moradores do domicílio. Contudo, com a realização da Pesquisa Nacional de Saúde, a partir do ano de 2013, essas perguntas passaram a contemplar apenas um morador de cada domicílio selecionado. Para manter a comparabilidade entre as pesquisas, o IBGE atribuiu um peso ao morador selecionado. 

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Durante a realização deste trabalho, as pessoas que não responderam às perguntas sobre doenças crônicas da Pesquisa Nacional de Saúde – PNS, em 2013, foram cortadas do banco de dados referente a esta pesquisa após o processamento dos dados sobre incapacidades funcionais. Este fato se justifica porque as variáveis sobre doenças crônicas foram respondidas por apenas um morador selecionado do domicílio. No entanto, a PNS considera todos os moradores do domicílio nas respostas sobre incapacidades funcionais. Para assegurar a comparabilidade dos dados da PNS com os das PNAD foi empregada a variável peso correspondente. As análises dos dados foram realizadas no ​software ​SPSS versão 18.0. 

3. Resultados e discussão 

3.1. Doenças crônicas segundo a situação de domicílio

Estudos recentes discutem que nas áreas rurais do Brasil, especialmente onde a densidade demográfica é mais baixa, há menos acesso aos serviços e, em consequência disso, a utilização de serviços de saúde é prejudicada (Travassos e Viacava, 2007). Essa constatação contribui para explicar o motivo para a detecção de câncer, diabetes, hipertensão arterial, doença do coração e depressão ser menos frequente entre os moradores das áreas rurais do país, quando comparados aos habitantes das áreas urbanas, conforme será detalhado a seguir. Outros fatores reduzem a utilização de serviços de saúde nas áreas rurais, tais como as grandes distâncias a serem percorridas, as dificuldades de transporte e a baixa renda. A dispersão territorial das pessoas no meio rural brasileiro dificulta a instalação de serviços de saúde próximos de suas residências. A baixa escolaridade, mais frequente nas áreas rurais, é uma barreira à utilização dos serviços de saúde, porque os idosos não estão capacitados para identificar o serviço de que necessitam (Travassos e Viacava, 2007). 

Os dados das pesquisas mostram maior prevalência de câncer, diabetes, hipertensão arterial, doença do coração e depressão (Tabela 1), em idosos com 60 anos e mais de idade, entre as pessoas que vivem em situação do domicílio urbana, em comparação com a rural. A dificuldade de acesso a estabelecimentos de saúde e, em consequência, a exames de rotina nas áreas rurais do Brasil pode estar 5

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relacionada à dificuldade de diagnóstico dessas doenças crônicas. A comparação das doenças crônicas em idosos de diferentes coortes de nascimento mostra algumas tendências que podem estar relacionadas a mudanças culturais da sociedade, de comportamento das pessoas e da disponibilidade de estabelecimentos de saúde em algumas regiões do país.

Tabela 1 ​​: Prevalência de doenças crônicas entre as pessoas com 60 anos e mais de idade, segundo as coortes de nascimento e a situação de domicílio, 1998 e 2013.

1998 2013

Coortes de

nascimento Urbana Rural

Coortes de

nascimento Urbana Rural Presença de Câncer (%) 1934-1938 1,0% 0,6% 1949-1953 4,2% 2,3% 1929-1933 1,0% 0,3% 1944-1948 7,4% 4,5% 1924-1928 1,4% 0,6% 1939-1943 4,8% 3,3% 1919-1923 1,6% 0,8% 1934-1938 7,2% 7,8% 1914-1918 1,9% 0,9% 1929-1933 8,9% 5,5% <1914 1,7% 0,2% <1929 9,4% 4,5% Presença de Diabetes (%) 1934-1938 10,1% 5,3% 1949-1953 15,4% 16,0% 1929-1933 10,7% 6,5% 1944-1948 21,7% 16,8% 1924-1928 13,2% 6,9% 1939-1943 21,1% 15,1% 1919-1923 12,2% 8,0% 1934-1938 24,1% 15,0% 1914-1918 12,5% 7,2% 1929-1933 21,7% 6,0% <1914 9,4% 9,3% <1929 19,1% 9,2% Presença de Bronquite ou asma (%)

1934-1938 6,0% 6,2% 1949-1953 4,6% 2,8% 1929-1933 7,6% 7,8% 1944-1948 5,6% 2,7% 1924-1928 8,5% 6,1% 1939-1943 7,5% 2,0% 1919-1923 9,7% 10,0% 1934-1938 4,7% 3,2% 1914-1918 9,9% 10,5% 1929-1933 3,3% 1,0% <1914 10,3% 12,0% <1929 4,1% 4,9%

Presença de Hipertensão Arterial (%)

1934-1938 41,5% 36,7% 1949-1953 45,5% 48,7% 1929-1933 46,0% 39,9% 1944-1948 53,6% 49,4% 1924-1928 47,4% 41,5% 1939-1943 57,7% 47,4% 1919-1923 48,8% 43,1% 1934-1938 59,9% 47,7% 1914-1918 47,7% 40,1% 1929-1933 58,4% 36,3% <1914 41,5% 36,7% <1929 58,6% 39,2% 6

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Presença de Doença do coração (%) 1934-1938 16,4% 10,3% 1949-1953 10,0% 5,8% 1929-1933 19,7% 13,0% 1944-1948 12,4% 6,0% 1924-1928 21,7% 14,5% 1939-1943 13,5% 14,3% 1919-1923 25,3% 19,5% 1934-1938 13,1% 13,2% 1914-1918 25,3% 18,6% 1929-1933 17,9% 10,5% <1914 25,1% 20,6% <1929 12,9% 10,8% Presença de Depressão (%) 1934-1938 13,3% 8,4% 1949-1953 12,2% 7,3% 1929-1933 12,4% 8,0% 1944-1948 11,1% 6,6% 1924-1928 13,3% 8,4% 1939-1943 10,7% 5,0% 1919-1923 13,5% 7,4% 1934-1938 10,2% 6,1% 1914-1918 13,4% 10,3% 1929-1933 6,0% 4,3% <1914 11,7% 7,3% <1929 4,4% 4,1%

Fonte​​: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - 1998, IBGE - Pesquisa Nacional de Saúde - 2013.

A evolução das prevalências de doenças crônicas no período analisado, nas coortes de idosos com 60 a 64 anos de idade, mostra tendência de aumento do número de pessoas que auto referem câncer, diabetes e hipertensão arterial nas áreas urbanas e rurais do Brasil. Em idosos com idades a partir de 85 anos, a prevalência de câncer aumentou no período analisado em ambas as áreas, urbanas e rurais. Hipertensão e diabetes se tornaram mais prevalentes em idosos mais idosos residentes nas áreas urbanas do país. O aumento das pessoas que referem câncer em idosos, nas áreas urbanas e rurais do Brasil, pode estar relacionado a um aumento da disponibilidade de equipamentos capazes de detectar a doença nos estabelecimentos de saúde. 

3.2. Doenças crônicas segundo a Grande Região do Brasil

3.2.1. Região Norte

Os percentuais de idosos com câncer, diabetes, bronquite ou asma, hipertensão arterial, doença cardíaca e depressão, segundo coorte, no período de 1998 a 2013 são mostrados e discutidos nas seções abaixo. Na região Norte do Brasil, o percentual de idosos do grupo etário de 85 anos e mais de idade com câncer aumentou de 1,4% em 2003 para 2,3% em 2008 e 8,3% em 2013. No grupo 7

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etário de 60 a 64 anos de idade, o percentual de idosos com a doença aumentou de 0,6% em 2003 para 1,6% em 2008 e 2,7% em 2013. A diabetes na Região Norte do país em idosos com idades entre 60 e 64 anos variou de 9,0% do grupo etário em 1998 para 12,7% em 2003, 11,9% em 2008 e 12,8% em 2013. Entre os idosos mais idosos, com 85 anos e mais de idade, os percentuais da doença no grupo etário aumentaram de 10,2% em 2003 para 14,6% em 2008 e 17,1% em 2013. Os percentuais de idosos de 60 a 64 anos de idade com bronquite ou asma na região Norte do Brasil diminuíram de 6,0% do grupo etário em 1998 para 2,6% em 2013. Entre os idosos com idades iguais ou superiores a 85 anos, a prevalência dessa doença diminuiu gradualmente de 13,9% do grupo etário em 1998 para 0,7% em 2013. 

O percentual de residentes na região Norte com hipertensão arterial aumentou entre os idosos mais jovens do grupo etário de 60 a 64 anos, mas diminuiu entre os idosos mais idosos, com 85 anos e mais de idade. O percentual de pessoas com a doença no grupo etário entre 60 e 64 anos de idade aumentou de 35,8% em 1998 para 38,8% em 2003, 42,8% em 2008 e 43,3% em 2013. No grupo de idosos com idades iguais ou superiores a 85 anos de idade, todavia, a prevalência de pressão alta diminuiu de 57,0% em 2003 para 36,5% em 2013. 

O percentual de idosos com idades entre 60 e 64 anos de idade, com doença do coração, residentes na região Norte, diminuiu gradualmente de 16,0% em 1998 para 4,6% em 2013. Entre os idosos do grupo etário de 85 anos e mais de idade, o número de diagnósticos da doença diminuiu paulatinamente de 30,4% em 1998 para 3,0% em 2013. A depressão entre os idosos da região Norte do Brasil com 60 a 64 anos de idade diminuiu de 15,7% em 1998 para 6,1% em 2003, 4,7% em 2008 e aumentou para 5,4% em 2013. Entre os idosos mais idosos, com 85 anos e mais de idade, o percentual de diagnósticos desta doença diminuiu de 10,7% em 1998 para 1,6% em 2013. 

Na região Norte do país, os idosos da coorte de nascimentos de 1929 a 1933 observaram um aumento de câncer de 0,6% em 1998 para 6,1% em 2013. O aumento de diabetes observado entre os membros desta coorte foi de 8,4% em 1998 para 20,8% em 2008, com diminuição para 13,7% em 2013. A bronquite ou asma entre as pessoas nascidas naquele quinquênio oscilou de 6,0% em 1998 para 8

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5,0% em 2003 e 5,3% em 2008, diminuindo para 3,4% em 2013. O percentual de idosos desta coorte de nascimentos com hipertensão arterial aumentou de 41,0% em 1998, para 50,8% em 2003, 59,9% em 2008 e 65,6% em 2013. A doença do coração variou de 16,0% em 1998 para 14,3% em 2013 e a depressão diminuiu de 10,7% em 1998 para 6,6% em 2003, 4,9% em 2008 e 3,5% em 2013. 

3.2.2. Região Nordeste

O percentual de idosos com idades entre 60 e 64 anos com câncer na região Nordeste do país aumentou de 0,4% em 1998 para 3,5% em 2013. Entre os idosos mais idosos, com 85 anos e mais de idade, a prevalência aumentou de 0,9% em 1998 para 6,0% em 2013. O percentual de idosos com 60 a 64 anos de idade com diabetes aumentou de 6,9% em 1998 para 17,9% em 2013. Entre os idosos com 85 anos e mais de idade, a doença aumentou de​ ​​7,9% em 1998 para 18,1% em 2013. 

Presença de bronquite ou asma entre os idosos nordestinos com idades entre 60 e 64 anos variou de 4,3% em 1998 e 2003 para 3,5% em 2008 e 3,4% em 2013. Entre os idosos com 85 anos e mais de idade, o percentual diminuiu de 9,9% em 1998 para 5,5% em 2003, 4,8% em 2008 e 1,6% em 2013. Os idosos com 60 a 64 anos de idade com hipertensão representavam 38,6% do grupo etário em 1998, 40,0% em 2003, 45,5% em 2008 e 43,9% em 2013. O percentual de desta doença entre os idosos com 85 anos e mais de idade foi de 41,9% em 1998, 44,5% em 2003, 50,7% em 2008 e 40,3% em 2013. 

A doença do coração entre os idosos com 60 a 64 anos de idade foi de 10,7% em 1998, 9,3% em 2003 e 2008 e 6,4% em 2013. O percentual de idosos com 85 anos e mais de idade com a doença variou de 20,3% em 1998 para 18,2% em 2003, 18,4% em 2008 e 9,9% no ano de 2013. O percentual de pessoas com 60 a 64 anos de idade com depressão variou de 11,6% em 1998 para 7,3% em 2003, 5,8% em 2008 e 7,3% em 2013. O percentual de idosos do Nordeste com depressão, com 85 anos e mais de idade, variou de 9,9% em 1998 para 5,2% em 2003, 4,6% em 2008 e 4,4% no ano de 2013. 

Os idosos da coorte de nascimentos de 1929 a 1933, residentes na região Nordeste do país, tiveram um aumento de câncer de 0,5% no ano de 1998 para

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1,0% em 2003, 1,9% em 2008 e uma diminuição para 1,5% em 2013. O percentual de idosos desta coorte com diabetes aumentou de 7,3% em 1998 para 11,1% em 2003, 13,8% em 2008 e oscilou para 13,7% em 2013. A frequência de pessoas da coorte com bronquite ou asma variou de 6,1% em 1998 para 5,0% em 2003, 3,7% em 2008 e 3,1% em 2013. O percentual de pessoas com hipertensão aumentou de 39,8% em 1998 para 54,9% em 2008 e diminuiu para 51,2% em 2013. Os percentuais de doença do coração entre essas pessoas variaram de 16,0% em 1998 para 13,0% em 2003, 14,9% em 2008 e 9,8% em 2013. A depressão diminuiu de 10,0% em 1998 para 5,6% em 2003, 5,3% em 2008 e 3,7% em 2013. 

3.2.3. Região Sudeste

O percentual de idosos da região Sudeste, com 60 a 64 anos de idade, com câncer aumentou de 0,9% em 1998 para 1,5% em 2003, 1,8% em 2008 e 3,2% em 2013. Entre os idosos do grupo etário com 85 anos e mais de idade, 1,5% apresentavam a doença em 1998, 2,2% no ano de 2003, 3,6% em 2008 e 9,0% em 2013. A diabetes no grupo de idosos com 60 a 64 anos de idade variou de 10,8% em 1998 para 12,1% em 2003, 16,5% em 2008 e 15,4% em 2013. A prevalência desta doença entre os idosos mais idosos, com 85 anos e mais, foi de 10,9% em 1998 para 12,3% em 2003, 12,2% em 2008 e 19,5% em 2013. 

A bronquite ou asma em pessoas com 60 a 64 anos de idade variou de 5,7% em 1998 para 5,0% em 2003, 5,5% em 2008 e 4,7% em 2013. Em idosos com 85 anos e mais, o percentual com a doença diminuiu de 10,2% em 1998 para 8,3% em 2003, 7,7% em 2008 e 5,9% em 2013. Os idosos com idades entre 60 e 64 anos com hipertensão foram 42,8% em 1998, 46,9% em 2003, 50,9% em 2008 e 48,3% em 2013. Os idosos hipertensos com 85 anos e mais de idade representavam 42,6% do grupo etário em 1998, 47,6% em 2003, 52,2% em 2008 e 66,9% em 2013. 

Os idosos de 60 a 64 anos de idade com doença do coração eram 16,5% do grupo etário em 1998, 14,3% em 2003, 13,4% em 2008 e 11,0% em 2013. O percentual desta doença em idosos mais idosos, com 85 anos e mais de idade, foi de 27,0% em 1998, 24,5% em 2003, 28,0% em 2008 e 14,7% em 2013. Idosos com depressão eram 11,4% do grupo etário de 60 a 64 anos de idade em 1998, 11,0%

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em 2003, 10,0% em 2008 e 12,5% em 2013 e eram 12,0% do grupo etário de 85 anos e mais de idade em 1998, 9,9% em 2003, 10,3% em 2008 e 4,4% no ano de 2013. 

Os dados mostram que, entre os idosos da coorte de nascimentos de 1929 a 1933 nascidos na região Sudeste do país, houve aumento de câncer de 0,9% em 1998 para 2,5% em 2003, 3,5% em 2008 e 9,2% em 2013. O percentual de pessoas com diabetes aumentou de 11,2% em 1998 para 15,4% em 2003, 18,1% em 2008 e 20,4% em 2013. Presença de bronquite ou asma variaram de 6,7% em 1998 para 7,8% em 2003, 7,7% em 2008 e 2,8% em 2013. Os casos de pessoas com hipertensão arterial tiveram variação percentual de 47,4% em 1998 para 53,6% em 2003, 59,5% em 2008 e 54,4% em 2013. Os percentuais de pessoas da coorte de nascimentos com doença do coração variaram de 19,6% em 1998 para 21,2% em 2003, 22,5% em 2008 e 18,7% em 2013. Os diagnosticados com depressão desta coorte somavam 11,3% em 1998, 10,8% em 2003, 10,5% em 2008 e 5,5% em 2013. 

3.2.4. Região Sul

O percentual de idosos da faixa etária de 60 a 64 anos com câncer aumentou de 1,4% em 1998 para 2,5% em 2003, 2,8% em 2008 e 8,2% em 2013. Entre os idosos com 85 anos e mais de idade, os percentuais de idosos com a doença aumentaram de 2,7% em 1998 para 6,6% em 2003, 7,6% em 2008 e 16,2% em 2013. O percentual de idosos com 60 a 64 anos de idade com diabetes aumentou de 8,5% do grupo etário em 1998 para 12,0% em 2003, 13,8% em 2008 e variou para 11,2% no ano de 2013. Em idosos mais idosos, com 85 anos e mais de idade, o percentual de diabéticos variou de 8,2% no ano de 1998 para 12,1% em 2003, 11,9% em 2008 e 13,7% em 2013. 

As pessoas do grupo etário de 60 a 64 anos com bronquite ou asma eram 9,8% em 1998, 8,1% em 2003, 6,7% em 2008 e 6,5% em 2013. Em idosos com 85 anos e mais de idade o percentual de pessoas com bronquite ou asma variou de 12,5% em 1998 para 11,5% em 2003, 9,5% em 2008 e 4,1% em 2013. Idosos com 60 a 64 anos de idade hipertensos representavam 38,5% do grupo etário em 1998, 42,1% em 2003, 48,2% em 2008 e 41,9% em 2013. Em idosos mais idosos, com 85

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anos e mais de idade, o percentual de pessoas com hipertensão foi de 29,6% em 1998, 42,3% em 2003, 52,3% em 2008 e 61,7% no ano de 2013. 

O percentual de idosos da faixa etária de 60 a 64 anos de idade, com doença do coração, variou de 17,7% em 1998 para 15,3% em 2003, 16,8% em 2008 e 11,5% em 2013. Em idosos mais idosos, com 85 anos e mais de idade, o percentual da doença foi de 22,6% em 1998, 31,8% em 2003, 36,0% em 2008 e 10,0% em 2013. Os idosos do grupo etário de 60 a 64 anos com depressão eram 14,6% em 1998, 13,4% em 2003, 13,1% em 2008 e 18,0% em 2013. Em idosos mais idosos, com idades a partir de 85 anos, a depressão estava presente em 9,6% das pessoas do grupo etário em 1998, 14,3% em 2003, 14,2% em 2008 e 5,9% no ano de 2013. 

A região Sul do Brasil apresentou em 1998, 2003, 2008 e 2013, para a quase totalidade dos grupos etários, os maiores percentuais de idosos com câncer e depressão do país. Os idosos da coorte de nascimentos de 1929 a 1933, residentes na região Sul do país, observaram um aumento de câncer de 1,3% em 1998 para 3,7% em 2003, 4,4% em 2008 e 20,0% em 2013. O percentual de pessoas da coorte com diabetes variou de 10,2% em 1998 para 13,9% em 2003, 18,0% em 2008 e 9,1% em 2013. Os casos de idosos da coorte com bronquite ou asma variaram de 13,1% em 1998 para 9,9% em 2003, 8,6% em 2008 e 3,3% em 2013. O percentual de idosos nascidos neste grupo quinquenal com hipertensão aumentou de 43,9% em 1998 para 52,4% em 2003, 59,9% em 2008 e variou para 57,1% em 2013. A prevalência de doença do coração variou de 21,3% em 1998 para 27,2% em 2003, 29,3% em 2008 e 21,1% em 2013 no grupo etário analisado. O percentual de depressão variou de 14,3% em 1998 para 12,9% em 2003, 15,2% em 2008 e 21,1% em 2013. 

3.2.5. Região Centro-Oeste

O percentual de idosos do grupo etário de 60 a 64 anos com câncer variou de 1,9% em 1998 para 1,8% em 2003, 2,3% em 2008 e 3,2% em 2013. Em idosos mais idosos, com 85 anos e mais de idade, o percentual com câncer alterou de 1,2% em 1998 para 2,5% em 2003, 2,3% em 2008 e 1,6% no ano de 2013. O diabetes em idosos do grupo etário de 60 a 64 anos aumentou de 7,0% em 1998, para 11,1% em 12

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2003, 14,8% em 2008 e 19,3% em 2013. Em idosos com idades a partir de 85 anos, o percentual de diabéticos era de 8,5% em 1998, 11,0% em 2003, 10,7% em 2008 e 13,5% em 2013. 

A bronquite ou asma em idosos do grupo etário de 60 a 64 anos foi de 6,0% em 1998, 7,9% em 2003, 5,6% em 2008 e 3,0% no ano de 2013. O percentual de idosos mais idosos, com idades a partir de 85 anos, com bronquite ou asma variou de 11,7% em 1998 para 6,9% em 2003, 9,3% em 2008 e 6,9% em 2013. As pessoas com idades entre 60 e 64 anos com hipertensão foram 38,9% do grupo etário em 1998, 47,0% em 2003, 47,3% em 2008 e 47,5% em 2013. Em idosos mais idosos, com 85 anos e mais de idade, o percentual de hipertensão arterial variou de 44,5% em 1998 para 47,4% em 2003, 62,9% em 2008 e 45,4% em 2013. 

As pessoas de 60 a 64 anos de idade com doença do coração eram 17,7% do grupo etário em 1998, 16,4% em 2003, 15,2% em 2008 e 8,6% no ano de 2013. Em idosos mais idosos, com idades a partir de 85 anos, 29,3% apresentavam a doença em 1998, 23,3% no ano de 2003, 30,2% em 2008 e 23,8% em 2013. Os idosos mais jovens com depressão eram 14,3% das pessoas da faixa etária de 60 a 64 anos em 1998, 9,7% em 2003, 9,1% em 2008 e 11,6% em 2013. Em idosos mais idosos, com 85 anos e mais, o percentual com depressão variou de 11,0% em 1998 para 5,2% em 2003, 8,7% em 2008 e 1,3% em 2013. 

Os idosos da coorte de nascimentos compreendida entre 1929 e 1933 apresentaram percentuais de câncer de 1,5% em 1998, 1,9% em 2003, 2,2% em 2008 e 7,3% em 2013. Os percentuais de diabetes entre os idosos do grupo etário variaram de 9,0% em 1998 para 15,9% em 2003, 17,5% em 2008 e 23,7% em 2013. As pessoas com bronquite ou asma correspondiam a 9,6% dos idosos da coorte em 1998, 8,7% em 2003, 6,6% em 2008 e 2,6% em 2013. O percentual de idosos da coorte que referiram hipertensão aumentou de 47,1% em 1998 para 54,6% em 2003, 60,2% em 2008 e 63,9% em 2013. O percentual de idosos com doença do coração variou de 21,6% em 1998 para 20,3% em 2003, 28,1% em 2008 e 21,2% em 2013. Depressão correspondia a 13,0% dos idosos desta coorte em 1998, 8,3% em 2003, 5,4% em 2008 e 7,1% em 2013. 

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3.3. Incapacidade funcional

O aumento no número de doenças crônicas, em consequência do aumento da esperança de vida em curso no Brasil, eleva a prevalência de limitações e incapacidades funcionais na população. A incapacidade funcional se refere às condições físicas, emocionais e cognitivas do indivíduo e implica em dificuldade ou impossibilidade de execução de atividades diárias básicas ou mais complexas necessárias para uma vida independente (Alves ​et al.​, 2008). A incapacidade não é um fenômeno discreto, mas um processo dinâmico: pode se tornar mais ou menos grave com o passar do tempo. Algumas projeções apontam para um aumento da proporção de idosos funcionalmente incapacitados nas próximas décadas (Alves ​et al.​, 2007; Alves, Leite e Machado, 2008). 

As Atividades da Vida Diária (AVD) expressam padrões fundamentais de organização diária do comportamento e incluem tarefas de autocuidado, tais como deitar/levantar da cama e vestir/despir (Alves ​et al.​, 2008). Nesse estudo foram estudadas as variáveis alimentar-se, tomar banho e ir ao banheiro. Os dados mostram que nas coortes mais jovens, em todos os anos do período entre 1998 e 2013 há menor prevalência de limitações ou incapacidades funcionais, para ambas as situações de domicílio. 

3.4. Atividades de Vida Diária (AVD) segundo a situação do domicílio

Os resultados mostram, considerando os idosos residentes em situação do domicílio urbana, que os percentuais de pessoas que não conseguiam realizar ao menos uma das Atividades da Vida Diária – AVD – analisadas oscilou pouco entre os anos de 1998 e 2013, para todas as coortes de nascimento. No entanto, na comparação entre 2008 e 2013 houve diminuição do número de idosos com limitação em pelo menos uma das AVD consideradas e aumentou o número de idosos que conseguiam realizar todas as AVD em áreas urbanas do Brasil (Tabela 2).

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Tabela 2 ​​: Atividades de Vida Diária das pessoas de 60 anos e mais de idade, segundo as coortes de nascimento e a situação do domicílio, Brasil, 1998 e 2013.

1998 2013 Coortes de nascimento Não consegue Com limitação Consegue Coortes de nascimento Não consegue Com limitação Consegue Urbana (%) 1934-1938 0,7% 8,5% 90,7% 1949-1953 0,6% 4,0% 95,4% 1929-1933 0,8% 10,6% 88,7% 1944-1948 0,5% 5,0% 94,5% 1924-1928 2,1% 13,1% 84,8% 1939-1943 1,8% 7,5% 90,7% 1919-1923 3,1% 18,0% 79,0% 1934-1938 3,0% 10,2% 86,8% 1914-1918 4,9% 23,5% 71,7% 1929-1933 6,3% 16,0% 77,7% <1914 11,7% 31,2% 57,2% <1929 15,4% 23,1% 61,5% Rural (%) 1934-1938 0,5% 9,6% 89,9% 1949-1953 0,1% 3,5% 96,4% 1929-1933 1,1% 10,2% 88,7% 1944-1948 1,1% 7,6% 91,4% 1924-1928 1,7% 13,2% 85,1% 1939-1943 1,6% 7,0% 91,4% 1919-1923 2,1% 19,6% 78,2% 1934-1938 4,5% 10,3% 85,3% 1914-1918 2,8% 30,0% 67,2% 1929-1933 7,2% 18,9% 74,0% <1914 9,8% 34,8% 55,4% <1929 10,3% 17,0% 72,7%

Fonte: ​​IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – 1998, IBGE - Pesquisa Nacional de

Saúde – 2013.

Entre os idosos com 60 a 64 anos de idade residentes em áreas urbanas do país, o percentual dos que conseguiam realizar as três AVD analisadas aumentou de 91,8% em 2008 para 95,4% em 2013. O percentual de idosos nesta faixa etária que apresentava limitação para executar pelo menos uma das três AVD analisadas diminuiu no período, de 7,7% em 2008 para 4,0% em 2013. Entre os idosos de coortes correspondentes aos 85 anos em mais de idade, o percentual dos que conseguiam realizar as três AVDs analisadas aumentou de 56,4% em 2008 para 61,5% em 2013 e o percentual dos que tinham limitação para realizar ao menos uma das AVDs diminuiu de 33,6% em 2008 para 23,1% em 2013. 

Considerando os idosos residentes em situação do domicílio rural, o número daqueles com 85 anos e mais que não conseguia realizar ao menos uma das três AVDs consideradas aumentou de 9,8% em 1998 para 13,2% em 2003 e oscilou nas pesquisas posteriores para 11,7% em 2008 e 10,3% em 2013. O percentual dos que conseguiram realizar as três AVDs nesse grupo etário aumentou de 53,8% em 2008 para 72,7% em 2013. Entre os anos de 2008 e 2013, o percentual de idosos que

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conseguia realizar as três AVDs aumentou para todos os grupos etários a partir dos 60 anos de idade. 

3.5. Atividades de Vida Diária (AVD) segundo Grandes Regiões do Brasil

O percentual de idosos que não consegue ou apresenta alguma limitação para realizar as Atividades de Vida Diária (AVD) analisadas aumenta segundo o avançar da idade, em todas as Grandes Regiões do Brasil. Em cada um dos anos de pesquisa, realizada a cada cinco anos pelo IBGE, as coortes de idosos mais idosos têm maior prevalência de limitações e incapacidades funcionais em comparação com as coortes de idosos mais jovens. Simultaneamente, o percentual das pessoas de 60 anos e mais de idade que consegue realizar essas atividades diminui com o avançar da idade (Tabela 3). 

Nas pesquisas mais recentes para a região Norte, as coortes de idosos mais idosos, aqueles com 85 anos e mais de idade, apresentam maior porcentagem de pessoas que não conseguem realizar ao menos uma das AVD analisadas - 8,2% em 1998, 10,0% em 2003, 11,2% em 2008 e 14,7% em 2013. Os dados para a região Nordeste do país mostram que o percentual de idosos com 85 anos e mais de idade que não consegue realizar ao menos uma das AVD estudadas aumentou de 12,7% em 1998 para 18,1% em 2013.  

Na região Sudeste do país, o percentual de idosos mais idosos que não consegue realizar ao menos uma das AVD investigadas oscilou de 10,1% em 1998 para 11,3% em 2003, 8,9% em 2008 e 12,3% em 2013. Os dados expõem que o número de idosos que vive na região Centro-Oeste, nesse grupo etário, oscilou de 7,8% em 1998 para 13% no ano de 2013. Na região Sul do Brasil, o percentual de pessoas com 85 anos e mais de idade que não consegue realizar ao menos uma das AVD apreciadas diminuiu entre os anos de 1998 e 2008 – de 14,0% em 1998 e 2003 para 6,7% em 2008, mas aumentou no último quinquênio, tendo alcançado 16,5% em 2013.

As regiões Sudeste e Sul do Brasil tenderam a registrar, no período estudado de 1998 a 2013, os maiores percentuais de idosos que conseguem realizar as três AVD em cada coorte estudada, resguardadas algumas exceções, conforme mostram 16

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em detalhes os dados da tabela 3 abaixo. Logo, foi validada a hipótese inicialmente proposta de que os perfis de incapacidade funcional dos idosos no Brasil apresentam variações de acordo com as Grandes Regiões do país.

Tabela 3 ​​: Atividades de Vida Diária das pessoas de 60 anos e mais de idade, segundo as coortes de nascimento e as Grandes Regiões do Brasil, 1998 e 2013.

1998 2013 Coortes de nascimento Não consegue Com limitação Consegue Coortes de nascimento Não consegue Com limitação Consegue Norte (%) 1934-1938 0,3% 11,3% 88,5% 1949-1953 0,5% 5,0% 94,6% 1929-1933 0,3% 12,6% 87,1% 1944-1948 1,3% 5,4% 93,3% 1924-1928 1,0% 19,6% 79,4% 1939-1943 1,8% 9,8% 88,3% 1919-1923 0,7% 23,8% 75,5% 1934-1938 2,9% 13,1% 84,0% 1914-1918 6,3% 32,9% 60,7% 1929-1933 4,7% 18,4% 76,8% <1914 8,2% 31,9% 60,0% <1929 14,7% 19,9% 65,3% Nordeste (%) 1934-1938 0,4% 10,3% 89,3% 1949-1953 1,0% 3,8% 95,2% 1929-1933 1,1% 11,8% 87,1% 1944-1948 0,9% 5,4% 93,7% 1924-1928 2,1% 15,3% 82,6% 1939-1943 2,1% 7,9% 90,0% 1919-1923 3,1% 20,6% 76,4% 1934-1938 6,4% 9,9% 83,8% 1914-1918 4,0% 30,0% 66,0% 1929-1933 8,1% 16,6% 75,3% <1914 12,7% 32,3% 55,0% <1929 18,1% 22,2% 59,7% Sudeste (%) 1934-1938 0,8% 8,1% 91,1% 1949-1953 0,5% 3,9% 95,7% 1929-1933 0,7% 9,8% 89,5% 1944-1948 0,3% 4,2% 95,5% 1924-1928 2,0% 11,2% 86,9% 1939-1943 2,0% 6,6% 91,4% 1919-1923 2,5% 17,0% 80,5% 1934-1938 2,2% 9,4% 88,4% 1914-1918 3,9% 20,3% 75,8% 1929-1933 5,9% 15,5% 78,6% <1914 10,1% 30,2% 59,8% <1929 12,3% 23,2% 64,5% Sul (%) 1934-1938 1,0% 6,7% 92,4% 1949-1953 0,3% 3,0% 96,7% 1929-1933 0,9% 9,0% 90,1% 1944-1948 0,7% 8,5% 90,8% 1924-1928 2,1% 12,6% 85,3% 1939-1943 1,3% 7,1% 91,6% 1919-1923 3,5% 15,2% 81,3% 1934-1938 1,3% 10,4% 88,3% 1914-1918 6,0% 26,8% 67,3% 1929-1933 6,8% 17,6% 75,6% <1914 14,0% 35,9% 50,1% <1929 16,5% 21,5% 62,0% Centro-Oeste (%) 1934-1938 0,4% 11,2% 88,4% 1949-1953 0,6% 5,5% 93,9% 1929-1933 1,4% 13,9% 84,8% 1944-1948 0,3% 6,4% 93,2% 1924-1928 2,5% 15,5% 82,1% 1939-1943 0,2% 10,2% 89,6% 1919-1923 3,6% 23,7% 72,7% 1934-1938 2,9% 15,1% 81,9% 1914-1918 5,5% 25,3% 69,2% 1929-1933 5,0% 21,0% 74,0% <1914 7,8% 33,8% 58,4% <1929 13,0% 18,2% 68,8%

Fonte: ​​IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – 1998, IBGE - Pesquisa Nacional de

Saúde – 2013.

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4. Considerações finais

Algumas desigualdades em saúde entre as diferentes regiões do Brasil foram mostradas por este trabalho. A região Sul do país apresentou, em todos os anos de pesquisa analisados, para a quase totalidade dos grupos etários, os maiores percentuais de idosos com câncer e depressão do Brasil. Essa diferença pode estar relacionada às disparidades em acesso e utilização de serviços de saúde entre as Grandes Regiões e entre as áreas rurais e urbanas do país. Segundo o Censo Demográfico de 2010, as regiões Nordeste e Norte do Brasil apresentavam, respectivamente, 26,9% e 26,5% dos moradores vivendo em situação do domicílio rural naquele ano, os maiores percentuais do país (IBGE, 2010). No mesmo ano a região Sudeste, contudo, apresentava apenas 7,1% de seus habitantes vivendo nesta situação.  

Os dados também mostraram maior prevalência de câncer, diabetes, hipertensão arterial, doença do coração e depressão entre os idosos que vivem em situação do domicílio urbana, em comparação com a rural. A dificuldade de acesso a estabelecimentos de saúde e aos exames de rotina pode ser o motivo da menor frequência dessas doenças crônicas nas áreas rurais. Estudos anteriores (Travassos e Viacava, 2007) já discutiram sobre as dificuldades de acesso e utilização de serviços de saúde nas áreas rurais do Brasil. 

As limitações funcionais, tais como as dificuldades para alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro, podem ser consideradas complicações que surgem em função do aumento da longevidade e do número de idosos. Houve aumento do percentual de idosos com 85 anos e mais que não conseguem realizar ao menos uma das Atividades de Vida Diária analisadas, entre 1998 e 2013, de 8,2% para 14,7% na região Norte, de 12,7% para 18,1% no Nordeste, de 10,1% para 12,3% no Sudeste, de 14,0% para 16,5% no Sul e de 7,8% para 13% no Centro-Oeste. Os aumentos dessas incapacidades foram mais expressivos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, em relação com as regiões Sul e Sudeste, para as coortes do grupo etário analisado. Esses dados sugerem a mesma tendência apontada em projeções anteriores de um aumento da proporção de idosos funcionalmente

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incapacitados nas próximas décadas (Alves ​et al.​, 2007; Alves, Leite e Machado, 2008). 

Portanto, o estudo validou a hipótese inicialmente proposta de que os perfis de incapacidade funcional e de saúde dos idosos no Brasil apresentam variações de acordo com as coortes de nascimento, as Grandes Regiões do país e a situação do domicílio desses idosos. 

5. Referências bibliográficas 

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