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Tecnologias comunicacionais móveis contemporâneas: uma revisão de literatura

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA PRESENCIAL

FERNANDA KAROLINE SOARES DE MEDEIROS

TECNOLOGIAS COMUNICACIONAIS MÓVEIS CONTEMPORÂNEAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

NATAL - RN DEZEMBRO/2019

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FERNANDA KAROLINE SOARES DE MEDEIROS

TECNOLOGIAS COMUNICACIONAIS MÓVEIS CONTEMPORÂNEAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia.

Orientador(a): Me. Felipe de Lima Almeida.

Aprovado em: 06/12/2019.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________ Prof. Me. Felipe de Lima Almeida - Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

______________________________________________________________________ Prof. Me. Paulo Roberto Lima De Souza – Examinador Interno

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

______________________________________________________________________ Prof.a Me. Ariane Rochelle Mendonça – Examinadora Interna

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

NATAL - RN DEZEMBRO/2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE

Medeiros, Fernanda Karoline Soares de.

Tecnologias comunicacionais móveis contemporâneas: uma revisão de literatura / Fernanda Karoline Soares de Medeiros. - Natal, 2019.

27 f.: il.

Artigo (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Educação, Pedagogia.

Orientador: Prof. Me. Felipe de Lima Almeida.

1. Infância - Artigo. 2. Identidade Infantil - Artigo. 3. Tecnologias Comunicacionais Móveis - Artigo. I. Almeida, Felipe de Lima. II. Título.

RN/UF/BS - Centro de Educação CDU 37.091.64-053.2

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Às mulheres da minha família, por todo incentivo nesta caminhada, por me ensinarem a crer e ser.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser cais nos momentos de tempestade.

Ao meu (mais que) orientador, professor Felipe Almeida, por há um ano atrás acreditar na proposta de pesquisa e, acima de tudo, por acreditar em mim.

A minha mãe e meus avós, que me fazem querer ser o melhor do melhor de mim, aos quais procuro ser capaz de orgulhar. A vocês, meu obrigada por todo amor e apoio incondicional, por me ensinarem a lutar por tudo que almejo e comemorarem comigo cada conquista.

A minha prima, Taynara Soares, por ser minha maior incentivadora, estando comigo e me apoiando em todos (todos) os momentos. Obrigada pelas noites de sono perdidas ao meu lado, por me lembrar todas as vezes que iria ficar tudo bem.

A Gabriel Silvestre, que sempre enxergou em mim o que às vezes eu não via e nunca desistiu de me ajudar a chegar até aqui. Obrigada por todos os puxões de orelha, por me escutar e tentar me fazer perceber tudo que sou capaz.

Aos meus melhores amigos e amigas, por toda torcida e compreensão quanto às minhas ausências (que não foram poucas).

A Alessandra Silveira, Janaína Petrovna, Claudinho Santos e, principalmente, Karen Michelle e Catiany Costa, por tudo que vocês me proporcionaram e todo amor compartilhado, minha sincera gratidão. Eu não teria chegado aqui sem vocês, isso é indiscutível. Obrigada por me ensinarem tanto, por todas as gargalhadas e surtos durante nossas aventuras acadêmicas (e não acadêmicas). A vocês a minha admiração!

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TECNOLOGIAS COMUNICACIONAIS MÓVEIS CONTEMPORÂNEAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA NACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NA

CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE INFANTIL

Fernanda Karoline Soares De Medeiros

Resumo: As tecnologias comunicacionais móveis estão cada vez mais atrativas e disponíveis

para o público infantil. Sob esta perspectiva, o presente artigo tem por objetivo realizar um levantamento das publicações científicas brasileiras em base de dados de domínio público sobre o uso das tecnologias comunicacionais móveis na infância. A pesquisa encontra-se fundamentada teoricamente a partir das contribuições de autores relacionados à temática das tecnologias e da infância conectada, como Castells (1999), Buckingham (2007), Belloni (2009) e Bona (2010). Como uma revisão bibliográfica de caráter analítico, nos ancoramos na análise de conteúdo proposta por Bardin (2011). A análise dos dados nos sugere que é necessária, para além da ressignificação da identidade infantil na contemporaneidade, uma maior inserção das tecnologias digitais no contexto educacional, bem como maiores discussões e contribuições que abarquem a influência das tecnologias nos modos de ‘ser criança’ atualmente.

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CONTEMPORARY MOBILE COMMUNICATION TECHNOLOGIES: A NATIONAL LITERATURE REVIEW AND ITS INFLUENCE ON CHILD IDENTITY

CONSTITUTION

Fernanda Karoline Soares De Medeiros

Abstract: Mobile communication technologies are increasingly attractive and available to

children. From this perspective, this article aims to map Brazilian scientific publications in a public domain database, on the use of mobile communication technologies in childhood. This research is theoretically based on the contributions of authors related to the theme of technologies and connected childhood, such as Castells (1999), Buckingham (2007), Belloni (2009) and Bonn (2010). As a bibliographic review of analytical character, we anchored in the content analysis proposed by Bardin (2011). The analysis of the data suggests that it is necessary, in addition to the resignification of the child identity in contemporary times, a greater insertion of digital technologies in the educational context, as well as greater discussions and contributions that embrace the influence of technologies in the ways of ‘being a child’ today.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 8

1.1 A tecnologia e a mudança de paradigma espaço/tempo 9

1.2 A criança na sociedade tecnológica 11

2 METODOLOGIA 12

3 RESULTADOS 14

CONSIDERAÇÕES FINAIS 23

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1. INTRODUÇÃO

As tecnologias comunicacionais móveis estão em constante atualização e gradativamente ampliando suas funcionalidades, na busca de suprir as necessidades sociocomunicativas da sociedade contemporânea. Ribeiro et al. (2008) afirmam que, atualmente, os dispositivos móveis são objetos imensamente valorizados, tanto pelas variadas funções que o aparelho assume, como também pela relação dos sujeitos com o espaço e o tempo por meio da utilização deles.

Para além da comunicação, as tecnologias móveis se tornaram verdadeiros computadores, servindo também para armazenar, entreter, gerenciar atividades e as relações sociais. Dessa forma, estes aparelhos assumem características relacionadas à construção da identidade de seus usuários, pois fatores como a atualização de modelos, o status e o pertencimento de grupos específicos interferem na forma como esses sujeitos se relacionam a tecnologia e com os outros através dela (RIBEIRO et al., 2008).

A educação está imersa na cultura da humanidade e, principalmente, no momento histórico que se situa. A escola e a cultura não podem ser concebidas de modo desvinculado, e esta problemática é inerente a todo processo educativo, por isso se faz necessário pensar uma prática pedagógica em que as experiências socioculturais dos discentes sejam consideradas no processo de ensino-aprendizagem.

Considerando que os dispositivos móveis fazem parte da experiência sociocultural dos discentes, a escola precisa acompanhar as transformações da sociedade que, de certa forma, afeta o contexto socioeducacional pela imersão dos alunos neste mundo tecnológico. No entanto, inserir essas tecnologias no cotidiano das escolas, de modo que se tornem um recurso eficaz, e direcionar os alunos para o seu uso consciente são alguns desafios do sistema educacional (SOARES, 2016).

Segundo Moura (2009), entende-se por tecnologia móvel a forma de acessar a internet e outros recursos por meio de dispositivos móveis, tais como, celulares, tablets, notebooks, dentre outros. As crianças da contemporaneidade sentem uma grande atração pelas tecnologias móveis e usam-nas diariamente, sendo cada vez mais evidente a destreza ao interagir com elas, e por meio delas, a cada atualização e inovação. Para esta geração atual, o uso dos dispositivos móveis tem se tornado seu brincar, pois nascem e crescem em meio à era

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10 digital, onde interagir e expressar-se por meio da internet e aplicativos são comuns, uma vez que os recursos tecnológicos estão presentes no seu dia-a-dia (MOURA, 2009).

Segundo Veen e Vrankking (2009), estas crianças são denominadas Homo zappiens, por processar ativamente as informações, resolver problemas mais rapidamente e se comunicar muito bem. Elas descobriram, e continuam descobrindo, o mundo através das tecnologias móveis e dos ambientes virtuais, o que permitiu possuírem o controle do fluxo de informações, intercalar grupos reais e virtuais, comunicar-se e colaborar entre si, conforme suas necessidades. Neste, sentido, houve uma ressignificação na maneira com que esta geração se relaciona com o outro.

Adicionalmente, a vivência tecnológica desses indivíduos trouxe modificações nos padrões de consumo infantil, pois os brinquedos têm dividido seu espaço com os dispositivos móveis, e as crianças têm se tornado cada vez mais fluentes no uso de tal ferramenta. De acordo com Oliveira Neto et al. (2017), por constituírem um público bem sugestivo, parte do desejo de utilizar as diferentes tecnologias é gerado a partir das estratégias de marketing, e a criança, mesmo que indiretamente, acaba exercendo grande influência de compra sobre seus pais. Por isso, é cada vez maior a oferta de interfaces voltadas para crianças. Sob esta perspectiva, os engenheiros de software e os desenhadores de interfaces constroem sistemas melhores adaptados para elas (MANO, 2005). Desse modo, ao consumirem determinados recursos tecnológicos elas os fazem aptos a serem consumidos, tornando-os valiosos para o mercado.

1.1 A tecnologia e a mudança de paradigma espaço/tempo

Buckinghan (2007) discorre sobre a tecnologia ser responsável pela mudança nas relações sociais, no funcionamento mental, nas compreensões básicas de conhecimento e cultura, e neste sentido, do que significa ser criança. Segundo Lèvy (2000):

as tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura que convivem no ciberespaço, lugar de comunicação, de sociabilidade, onde se cria uma nova modalidade de contato social, que extrapola os limites naturais de espaço e tempo, aos quais até então a humanidade estava acostumada (apud BONA, 2010, p.38).

Sob esta perspectiva de limite espaço/tempo as Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs intensificam a vinculação de imagens e mensagens, que por consequência influenciam nas formas de agir e pensar, colaborando para o surgimento de

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11 novas linguagens e representações, quebrando paradigmas na forma que os indivíduos lidam com o espaço e o tempo por meio da utilização delas.

Estando o espaço e o tempo interligados na natureza e na sociedade e relacionando-se entre si, estes relacionando-se constituem enquanto as principais dimensões materiais da vida humana. Castells (1999) propõe que, na sociedade em rede, o espaço organiza o tempo, ambos sendo transformados sob do paradigma da tecnologia da informação e das práticas sociais promovidas pelo processo atual de transformação histórica. Desse modo, as práticas sociais exercem influência no espaço, tornando-o um ambiente construído, de forma que através desta relação significativa, esse se constitui enquanto expressão da sociedade.

Assim, o espaço e o tempo não podem ser definidos sem referência às práticas sociais, pois, segundo Harvey (apud CASTELLS, 1999, p. 500), “concepções temporais e espaciais objetivas são necessariamente criadas por meio de práticas e processos materiais que servem para reproduzir a vida social”, portanto essas não podem ser entendidas separadamente da ação social. Logo, por meio da mobilidade estas dimensões se fragmentam formando um ambiente hibrido, onde na sociedade em rede o espaço-tempo é transitório entre o âmbito físico e o virtual, estando entrelaçados pela linha do tempo intemporal (CASTELLS, 1999).

Nessa perspectiva, o desenvolvimento da comunicação por meio da tecnologia propicia uma dissociação entre a proximidade espacial e o desempenho de funções cotidianas, pois as “localidades ficam despojadas de seu sentido cultural, histórico e geográfico e reintegram-se em redes funcionais ou em colagens de imagens, ocasionando um espaço de fluxos que substitui o espaço de lugares” (CASTELLS, 1999, p. 397). Contudo, através desse espaço, fluxos são produzidos e outros modos de interação que têm características especificas e que complementam os lugares tradicionais de sociabilidade.

De forma que, através da redefinição das dimensões locais e dos espaços físicos, é observada a importância dos dispositivos móveis enquanto fatores de inclusão de sujeitos em grupos, situações e lugares. Portanto, tal mobilidade permite a esses indivíduos estarem presentes em um ambiente, como também envolvidos em um espaço virtual, onde as experiências mediadas por esses aparelhos tecnológicos reorientam a sociabilidade, a percepção dos espaços físicos e a produção simbólica.

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12

1.2 A criança na sociedade tecnológica

O avanço tecnológico contribui para a constituição de outras concepções de “ser criança”, pois a infância é entendida enquanto uma concepção da modernidade, sendo um período característico de nossas vidas que não é um sentimento natural ou inerente à condição humana e sim uma construção social (BONA, 2010).

Levando em consideração que a infância é um fenômeno histórico e que esta tal como é entendida hoje era inexistente antes do século XVI, de modo que até então não se admitia a existência autônoma de infância enquanto uma esfera diferenciada do gênero humano. A primeira concepção de infância surge, nas classes dominantes, durante o século XVII, onde passa a designar a aqueles com necessidade de proteção, tendo, então, a primeira preocupação com a infância ligada à disciplina e a difusão da cultura existente (NASCIMENTO et al., 2008).

O conceito de infância começa a ser aos poucos alterado com a institucionalização da escola, através da escolarização das crianças. Em que “podemos então, a partir do desenvolvimento de uma pedagogia para as crianças, mencionar uma construção social da infância” (CORSARO apud NASCIMENTO et al., 2008). No século XXI, a criança passou a ser constituída através de uma noção de desenvolvimento, onde ela é tida como um ser cujo crescimento é um desenrolar de fases intelectuais e emocionais.

A partir da década de 90 alguns estudos sobre as crianças passam a considerar o fenômeno social da infância, estudos voltados para a Sociologia da infância parte da perspectiva que esta é uma construção social específica, tendo sua própria cultura e que, por isto, deve ser considerada através das suas características, adotando a concepção das crianças como atores.

Buckinghan (2007) diz que para entender esta influência das tecnologias digitais sobre as crianças é preciso considera-las num contexto mais abrangente, levando em conta as transformações da condição social e as diferentes formas que a infância foi sendo definida ao longo do seu percurso histórico. Segundo o autor, as tecnologias evidenciam a formação de uma geração em que as crianças são compreendidas como agentes de transformação da sociedade em um sentido mais amplo.

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13 Dessa forma, é concebida a ideia de que as crianças que interagem com a tecnologia fazem parte de uma geração autônoma capaz de modificar o contexto em que se encontram. Bona (2010) afirma que a presença massiva das tecnologias tem transformado cada vez mais o contexto social e, sobretudo, de forma direta ou indireta, o dia a dia da infantil, pois, nos dias atuais, o uso dessas ocasiona mudanças nas ações e no comportamento da criança.

Sob esta perspectiva, algumas questões nortearam a pesquisa: Como o uso das tecnologias comunicacionais móveis contribuem para a formação da identidade infantil? Como as crianças aderem às representações veiculadas ao uso destes dispositivos móveis nos seus modos de ser criança? Assim, considerando o exposto, essa revisão de literatura justifica-se pela necessidade de abordagem e conhecimento da infância, como também a reconfiguração do “ser criança” e do brincar por meio das tecnologias digitais.

O objetivo desta pesquisa é realizar um levantamento das publicações científicas brasileiras em base de dados de domínio público sobre o uso das tecnologias comunicacionais móveis na infância, realizando uma revisão sistemática por meio de análise de categorias e análise quantitativa dos artigos encontrados.

Sendo assim, nesse contexto, compreendemos que se faz necessário ampliar as discussões sobre o impacto que o uso dessas tecnologias traz para a infância e construção da sua identidade, ressaltando a relevância de como essa temática vem sendo retratada nas publicações científicas brasileiras.

2. METODOLOGIA

O presente artigo configura-se como uma revisão bibliográfica de caráter analítico a respeito do uso das tecnologias comunicacionais móveis infância. A coleta dos dados foi realizada no período 26 de outubro a 08 de novembro de 2019, e foi utilizada para a pesquisa as seguintes bases de dados: Eletrônic Library Online (SCIELO), Periódicos CAPES e Google Acadêmico. Ressalta-se que a busca foi realizada em artigos em português e publicados no Brasil.

Foram utilizados critérios previamente definidos para inclusão e exclusão dos artigos encontrados nas bases de dados. Dessa forma, foram considerados para pesquisa as publicações dos últimos cinco anos (2014-2019). As palavras-chave a busca nos bancos de

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14 dados foram definidas com base em leituras anteriores sobre a temática, sendo elas: criança, infância, tecnologias móveis, tecnologia da informação e comunicação. Os artigos foram selecionados por meio da leitura dos títulos e resumos presentes nas bases de dados adotadas nesta pesquisa. Os resultados que se repetem nas bases de dados foram considerados e contabilizados uma única vez.

Após a seleção dos artigos conforme os critérios previamente definidos, foi realizada uma leitura exploratória dos manuscritos. Em seguida, feita uma leitura seletiva para a escolha dos artigos que se adequam a temática e objetivo desta pesquisa. Posteriormente, realizada uma leitura analítica dos artigos.

Para a análise dos dados obtidos por meio das leituras dos artigos, foi utilizada a análise de conteúdo. Este tipo de análise, segundo Bardin (2011), visa obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. Neste sentido, a análise de conteúdo fez-se necessária como técnica de investigação para sistematizar os conteúdos para o uso exploratório na interpretação, como também para a inferência de significados. Foram adotadas duas categorias de análise, conforme mostra o Quadro 1:

Quadro 1 – Categorias de análise de conteúdo.

Categoria I – As mudanças que as tecnologias comunicacionais móveis produzem na infância S ubc ategor ias Comunicação Concentração Criação/criatividade Segurança

Categoria II – Valores dos modos de ser criança

S ubc ategor ias Comportamento Contemplar o belo Sociabilidade Superexposição Fonte: Autor da pesquisa.

Conforme Bardin (2011), classificar elementos em categorias permite o agrupamento e a definição do ponto comum entre eles. Sob esta perspectiva, a categoria I foi subdividida

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15 em quatro subcategorias: comunicação, concentração, criação/criatividade e segurança. Por sua vez, a categoria II é constituída das subcategorias: comportamento, contemplar o belo, sociabilidade e superexposição. Levando em consideração a transversalidade no tratamento dos dados, as subcategorias foram recortadas ao redor do tema-objeto, ou seja, as ocorrências foram contabilizadas e transcritas para uma ficha em forma de planilha.

3. RESULTADOS

Para atender aos objetivos desta pesquisa foram consultadas as bases de dados utilizando as palavras-chaves definidas: criança, infância, tecnologias móveis, tecnologia da informação e comunicação. No primeiro momento, foram identificados 89 artigos, sendo selecionados apenas os artigos que tratassem da relação infância e tecnologia descartando-se os artigos que não atendessem a esse critério ou aos previamente definidos para inclusão e exclusão dos mesmos. De modo que foram considerados para análise 27 artigos, os quais são descritos no Quadro 2.

Quadro 2 – Trabalhos identificados de com acordo com palavras-chave e repositórios.

(continua) Eletrônic Library Online – SCIELO (2014-2019)

Artigo Autor(res) Instituições da pesquisa Ano Tecnologias digitais móveis:

reterritorialização dos cotidianos escolares

Salete de Fátima Noro Cordeiro; Maria Helena Silveira

Bonilla

Universidade Federal da

Bahia 2015

As redes sociais na internet e suas apropriações por jovens brasileiros e portugueses em

idade escolar

Luiz Alexandre da Silva Rosado; Vitor Manuel Nabais

Tomé Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Universidade do Algarve 2015 Culturas digitais e tecnologias móveis na educação

Simone Lucena Universidade Federal de

Sergipe 2016

Competências Digitais e Superdotação: uma Análise

Comparativa sobre a Utilização de Tecnologias

Ketilin Mayra Pedro; Miguel Claudio Moriel

Chacon Universidade do Sagrado Coração; Universidade Estadual Paulista 2017

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16

Quadro 2 – Trabalhos identificados de com acordo com palavras-chave e repositórios.

(continuação) Uso da Tecnologia na Prática Pedagógica: Influência na Criatividade e Motivação de Alunos do Ensino Fundamental Clarissa Nogueira Borges; Denise de Souza Fleith Universidade de Brasília 2018 Periódicos CAPES (2014-2019)

Artigo Autor(res) Instituições da pesquisa Ano Criança e apropriação

tecnológica: um estudo de caso mediado pelo uso do computador e do tablet Deise Juliana Francisco; Adriana Paula Lourenço da Silva Universidade Federal de Alagoas 2015

Criança e Tecnologia: novas experiências da infância Ana Lívia E. F. Gonçalves; Yuri Toledo Kuwahara; Luiz Antonio Feliciano UNIFATEA 2016 A criança e a Internet: análise bibliográfica acerca

dos riscos e benefícios percebidos por crianças

Mayara Waleska Oliveira de Ataide;

Adilson Rocha Ferreira; Deise Juliana

Francisco

Universidade Federal de

Alagoas 2019

Google Acadêmico (2014-2019)

Artigo Autor(res) Instituições da pesquisa Ano O consumo de smartphones

entre jovens no ambiente escolar

Camila Rodrigues Pereira; Sandra Rubia Silva

Universidade Federal de

Santa Maria 2014

Modernidade líquida e infâncias na era digital

Martha Kaschny Borges; Silviane De Luca Avila Universidade do Estado de Santa Catarina 2015 A formação docente frente

às tecnologias de Informação e comunicação (TICS): Um estudo de caso

em

duas escolas públicas de São Luís - MA

Karine de Jesus Ferreira Macêdo; João Batista Bottentuit

Junior

Universidade Federal do

Maranhão 2015

Os pequenos nativos digitais e suas percepções sobre o

mundo digital

Patrícia F. da Silva; Léa da Cruz Fagundes; Crediné S. de Menezes

Universidade Federal do

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17

Quadro 2 – Trabalhos identificados de com acordo com palavras-chave e repositórios.

(continuação)

Impacto das tecnologias: o olhar dos pais acerca do viver saudável da criança

Aline Medianeira Gomes Correa, Adriana Dall'Asta Pereira, Dirce Stein

Backes, Carla Lizandra de Lima Ferreira, Iris Elizabete

Messa Gomes, Eduarda Signor Universidade Federal de Santa Maria 2016 “Nativos e imigrantes digitais” em questão: crianças e competências midiáticas na escola

Monica Fantin Universidade Federal de

Santa Catarina 2016

Múltiplas faces da infância na contemporaneidade:

consumos, práticas e pertencimentos na cultura

digital

Monica Fantin Universidade Federal de

Santa Catarina 2016

Educação infantil: a cidade, o currículo, a cultura digital

Maria da Graça Moreira Silva; Fernando José

Almeida

Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo 2016

A utilização de dispositivos móveis: tablets e celulares na

Educação infantil

Vinícius Nogueira Silva; Lídia Cecília de França Ribeiro; Paula Matias de Lima

Assis

Universidade do Estado

do Rio Grande do Norte 2017

A midiatização da infância nos processos de leituras por

meio das mídias digitais Christianny Cavalcante Bandeira Gaspar; Keyla Negrão Estácio-FAP 2017 Entre denominações geracionais: o que as narrativas acadêmicas nos ensinam sobre crianças e

jovens digitais

Sandro Faccin Bortolazzo

Universidade Federal do

Rio Grande do Sul 2017

O uso de dispositivos móveis na educação: desafios na formação de professores

Tássia Priscila Fagundes Grande; Anna Hekena Silveira Sonego; Ana Carolina

Ribeiro; Patricia Alejandra

Behar

Universidade Federal do

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18

Quadro 2 – Trabalhos identificados de com acordo com palavras-chave e repositórios.

(conclusão)

Hábitos dos adolescentes quanto ao uso das mídias

digitais

Cássia Rejane Balvedi Zancan; Cineiva Campoli Paulino Tono

Universidad de La Empresa;

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

2018

Como as crianças estão se apropriando das Tecnologias

Digitais na Primeira Infância?

Patrícia F. da Silva; Léa da Cruz Fagundes;

Crediné Silva de Menezes

Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação; Universidade Federal do Rio Grande do

Sul

2018

Compartilhando sabedoria! Sentidos

Atribuídos às tecnologias por crianças

Viviane de Bona Universidade Federal de

Pernambuco 2018

O lugar da educação na cultura digital: esboços de

crianças e jovens digitais

Sandro Faccin Bortolazzo University of Western Sydney 2018 Infância e tecnologias: desafios e relações aprendentes Cláudia de Oliveira Inácio, Elaine Conte,

Adilson Cristiano Habowski, Míriam

Benites Rios

Universidade La Salle 2019

Mídias digitais e sua influência no consumo de dispositivos eletrônicos pelo público infantil na cidade de

Santa Luzia - PB

Francielma de Souza Alves

Universidade Estadual da

Paraíba 2019

O uso das TICS por alunos do Ensino Fundamental –

estudo realizado na E.E. Machado de Assis - Nova

Monte Verde – MT

Claudineia Schadek Labiak Burei; Rosane

Duarte Rosa Seluchinesk

Universidade do Estado

de Mato Grosso 2019 Fonte: Autor da pesquisa, 2019.

Na busca realizada no Eletrônic Library Online – SCIELO foi feito o levantamento no qual foram encontrados 25 artigos que faziam menção às palavras-chaves, no entanto dentre eles apenas 05 artigos foram considerados por atenderem aos critérios de inclusão. A busca por meio do Periódicos CAPES, no qual o levantamento das informações foi alcançado da mesma forma, sendo realizada através da busca por assunto, onde dos 17 artigos encontrados, 03 destes foram selecionados para análise. Por fim, na busca realizada no

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19 Google acadêmico, no universo de aproximadamente 1.560 resultados, sendo 48 artigos identificados e dentre estes 19 artigos selecionados.

Diante do exposto no Quadro 2, foi possível verificar que dos 27 artigos sobre a temática considerados para análise do presente trabalho, 22 artigos são da área da Educação, sendo os outros, 03 deles são da área de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, 01 da área de Administração e 01 da área de Enfermagem.

Dentre os textos considerados para esta pesquisa, destacam-se alguns que objetivam refletir sobre essas mudanças ocorridas nos cotidianos escolares a partir da chegada das tecnologias móveis, como por exemplo, o artigo Tecnologias digitais móveis: reterritorialização dos cotidianos escolares, de Cordeiro e Bonilla, que evidencia como estas se estruturam por meio das práticas estabelecendo significados na produção de conhecimento, bem como reorganizando o espaço escolar. Destaca-se também Culturas digitais e tecnologias móveis na educação, onde Lucena busca discutir os desafios da educação e dos docentes em relação ao lidar com essas novas formas de interação com o conhecimento, demonstrando a importância de se repensar a formação inicial de professores.

Já o Modernidade líquida e infâncias na era digital, de Borges e Avila, pretende, para além de compreender a nova forma de organização social que se desenvolve atualmente, a compreensão da infância na contemporaneidade, em que a cultura digital influencia a constituição destes novos sujeitos, desenvolvendo subjetividades e competências em razão da inserção das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação nas práticas sociais e lúdicas. Nessa perspectiva, Fantin busca refletir a relação da criança com a cultura digital no texto “Nativos e Imigrantes Digitais” em questão: crianças e competências midiáticas na escola, evidenciando essas múltiplas faces da infância contemporânea.

Cita-se ainda, Mídias digitais e sua influência no consumo de dispositivos eletrônicos pelo público infantil na cidade de Santa Luzia – PB em que Alves discute sobre a infância através da ótica consumo digital, buscando demonstrar como a mídia digital exerce influência sobre o consumo infantil. Por sua vez, Pereira e Silva em O consumo de smartphones entre jovens no ambiente escolar apresentam as diferentes apropriações, bem como a relevância do uso dos dispositivos móveis na vida dos jovens, sendo evidenciado este consumo como prática cultural entre os esses sujeitos.

(20)

20 Os trabalhos acima citados dão um bom panorama sobre as outras publicações selecionadas para análise. De forma que, nota-se um predomínio de trabalhos voltados para compreender os nativos digitais e suas interações no ambiente escolar, bem como as influências que as tecnologias, sobretudo as tecnologias comunicacionais móveis, acarretam para o processo de ensino aprendizagem e na constituição destes novos modos de ser criança.

Por meio da análise do campo semântico foi realizada a categorização a fim de agrupar e definir um ponto em comum entre os artigos considerados para esta pesquisa, buscando apreender as dimensões que evidenciem as mudanças que as tecnologias comunicacionais móveis produzem na infância e os valores dos modos de ser criança. A fim de obter uma compreensão de como a interação com os dispositivos móveis constituem subjetividades relacionadas à infância, a primeira categoria foi agrupada em quatro subcategorias empíricas – que emergiram dos próprios dados. O gráfico 1 exibe as denominações dessas subcategorias juntamente com a porcentagem de recorrência nos trabalhos analisados.

Gráfico 1 – Categoria de análise I: As mudanças que as tecnologias comunicacionais móveis

produzem na infância.

Fonte: Autor da pesquisa, 2019.

Conforme ilustrado no Gráfico 1, a subcategoria denominada de “Comunicação” abrange quase 89% das associações voltadas para a relação das crianças com as tecnologias comunicacionais móveis. Sob essa perspectiva, Silva et al. (2017) destacam que:

A comunicação móvel permite novas formas de interação com conteúdos, pessoas e ambientes, a partir dela, o indivíduo tem a comunicação nas mãos em qualquer lugar, em qualquer tempo, com pessoas de diversos lugares do mundo, permitindo uma maior flexibilidade no processo de interação devido às características de mobilidade, interatividade e portabilidade (SILVA et al., 2017, p.27).

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21 Segundo Cordeiro e Bonilla (2015), as tecnologias móveis criam uma dinâmica potente de nossa relação com o ambiente, as coisas, os acontecimentos e as pessoas. Neste sentido, as produções que refletiam sobre esta relação demonstram que por meio da apropriação e do uso dessas tecnologias as crianças expressam níveis de proficiência notáveis relativas às suas capacidades de navegação e de comunicação no ciberespaço.

De forma que, com o desenvolvimento da capacidade de navegação e comunicação as crianças passaram de meras consumidoras a produtoras de espaços/tempos mais fluidos e flexíveis. Se constituindo, como destaca Rivoltella e Fantin (2010), enquanto prosumers, sujeitos que são produtores e também consumidores (producers + consumers), pois estando elas imersas nessa realidade das tecnologias comunicacionais, em que brincam, interagem, aprendem e constroem novas relações entre si, com os pares e com a cultura, se destacam enquanto usuários que não apenas consomem mensagens, mas também as produzem.

Na sequência, destaca-se, também, a subcategoria “Criação/criatividade” compreendendo 59% das reflexões que evidenciam a intervenção que as tecnologias comunicacionais móveis produzem na infância. De acordo com Inácio et al. (2019), as tecnologias digitais, além de facilitarem a expressão, comunicação e a relação interpessoal, têm potencial para o estímulo do raciocínio e da criatividade das crianças. Possibilitando, assim, a criação de estratégias de forma coletiva e colaborativa, além de estimular a imaginação e o desenvolvimento de ideias.

Entretanto, Correa et al. (2016) infere que o mundo virtual abrevia parte da criatividade das crianças, pois ilustra e faz todos os efeitos que a mente deveria fazer, além de influenciá-la a reproduzir o que vê nas telas. De forma que este uso pode também se tornar desvantagem para os sujeitos, pois podem concentrar sua atenção apenas no uso propriamente dito da tecnologia em vez de focar no processo criativo.

As subcategorias seguintes ‘Concentração’ e ‘Segurança’ abrangeram, respectivamente, pouco mais de 18% e 29%, sendo notório o contato cada vez mais precoce das crianças às experiências de uso das tecnologias móveis. Segundo Inácio et al. (2019), o aspecto da concentração, no que se refere a construção de um foco de atenção, se torna cada vez mais dispersa na contemporaneidade, em razão das demandas de informações obtidas pelos mais diversos meios tecnológicos que envolvem os sujeitos no cotidiano. No que diz respeito à ótica segurança, Pereira e Silva (2014) expõe que o uso e a apropriação das

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22 tecnologias, em especial do celular, proporciona certa sensação de segurança e de coordenação da vida cotidiana, contribuindo para a construção de uma cultura própria diferenciada da dos adultos.

Bem como a categoria anterior, a segunda foi agrupada em quatro subcategorias, para que fosse possível analisar os valores dos modos de ser criança apreendendo a concepção desse sujeito que está em constante interação com o meio social. O gráfico 2 apresenta essas subcategorias, assim como a porcentagem de recorrência nos trabalhos analisados.

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Gráfico 2 – Categoria de análise II: Valores dos modos de ser criança.

Fonte: Autor da pesquisa, 2019.

A partir desta categoria pode-se refletir sobre a influência que a utilização dos dispositivos móveis tem sobre os modos de ser criança na contemporaneidade. Para tanto, observa-se que as subcategorias ‘Comportamento’ e ‘Sociabilidade’ resultam em mais de 85% das discussões realizadas no campo amostral desta pesquisa, evidenciando a constituição de uma infância em que as crianças, desde muito pequenas, acessam e interagem com a hipermídia e suas múltiplas linguagens, modificando a forma como elas interagem com o mundo ao seu redor.

Fantin (2016) destaca que apesar de não se ter dados que comprovem ao certo as consequências do uso dos dispositivos móveis, sabe-se que a utilização inadequada pode contribuir negativamente, oferecendo as crianças:

Excesso de estímulo visual/auditivo; exuberância de movimentos corporais comprometidas pelo sedentarismo e obesidade; uso demasiado compromete certos tipos de atenção das crianças; certas práticas potencializam o bulismo e podem induzir comportamentos de isolamento e ou exposições suspeitas em redes (FANTIN, 2016, p. 22).

De acordo com Borges e Avila (2015), essa nova forma de ‘ser criança’ em que as tecnologias comunicacionais móveis fazem parte do seu cotidiano, as crianças transitam e constroem a cibercultura, aprendendo rapidamente como utilizar as tecnologias digitais, pois num mesmo dispositivo elas têm outras formas de brincar, de aprender, de interagir com os outros por meio da rede, de construir seu conhecimento e de se relacionar, além da ubiquidade e da mobilidade de acesso à informação e à comunicação. As autoras enfatizam, também, que para estas crianças estarem desconectadas é quase impossível, uma vez que parte da sua

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24 socialização é através do ciberespaço, encontrando através do uso das possibilidades virtuais interativas novas formas de se sociabilizar e se constituir enquanto sujeitos infantis.

Nesse sentido, a escola, diante dessas novas interfaces hipertextuais e interativas disponibilizadas pelos dispositivos móveis e pela cibercultura, precisa compreender e dialogar com os hábitos desses nativos digitais, pensando nesse novo sujeito, praticante cultural que pensa, produz saberes e compartilha opiniões, conteúdos e informações nas redes (LUCENA, 2016). Essa nova demanda, por sua vez, envolve a apropriação desses artefatos tecnológicos para que ressignifique os saberes da prática pedagógica, no intuito de também reavaliar os processos de ensino e de aprendizagem, que interdependem da humanização dos sentidos e dos processos interpessoais (INÁCIO et al., 2019).

A subcategoria ‘Contemplar o belo’, com pouco mais de 25% expressa que a utilização das tecnologias móveis está relacionada também a distintos fatores que influenciam a expressão da imaginação, “no sentido de limitar o imaginário infantil e o desenvolvimento de uma cultura construída pelas crianças em seu devir, de fantasia, expressão espontânea, descobertas, jogos de linguagens e de relações afetuosas com os outros” (INÁCIO et al., 2019).

A subcategoria ‘Superexposição’ indica com 29% uma projeção de como as crianças são afetadas pela exposição excessiva às mídias, encontrando nela referências para a construção da própria identidade cultural. Todavia, os casos reportados a nível nacional sugerem que a taxa de exposição pode ser ainda maior, considerando as inúmeras relações que as crianças estabelecem nos cenários contemporâneos em idades cada vez mais precoces, tornando importante a supervisão de adultos nesse contato. Bem como se faz necessárias mediações educativas voltadas para as mídias, sendo trabalhadas desde a infância, já que a tecnologia está intrínseca na nossa sociedade.

Assim, percebe-se que através do uso das tecnologias comunicacionais móveis há uma ressignificação da identidade infantil na contemporaneidade, visto que essas reconfiguram a atuação das crianças enquanto sujeitos sociais, detentoras de cultura própria. Compreendendo-as enquanto atores ativas e autônomas, essa relação tende a influenciar tudo que cerca o mundo infantil, a exemplo do brincar, das formas de socialização, do comportamento e da cultura do consumo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou mapear a produção cientifica e refletir acerca do impacto que a utilização das tecnologias comunicacionais móveis traz para a infância, bem como para a construção da identidade infantil. Compreende-se que é através dessa relação que as crianças encontram e reorganizam novos modos de se sociabilizar e se estabelecer como sujeitos infantis atualmente. Essa nova configuração institui novos modos de viver, de se relacionar e de aprender, pois por meio do uso do dispositivo móvel elas possuem diversas formas interagir, brincar, construir seu conhecimento e de ser relacionar, além da mobilidade de acesso à informação e à comunicação de acordo com seus interesses.

Diante disso, a partir da análise dos dados, observou-se também a necessidade de uma maior inserção das tecnologias digitais no contexto educacional de modo a oferecer novas formas de produção de conhecimento, buscando aproximar a escola das experiências socioculturais vivenciada pelas crianças fora dela, visto que, bem como o contato com as tecnologias, elas são escolarizadas cada vez mais cedo. Compreendendo que, para além da quantidade de dispositivos móveis inseridos no contexto escolar infantil, são também constituídas relações entre processos simbólicos e culturais.

Por fim, ressalta-se que, ainda há poucas publicações sobre a temática, principalmente, que considerem olhar e ouvir a criança. De forma que são necessárias maiores discussões e contribuições que abarquem a influência das tecnologias nos modos de ‘ser criança’ atualmente, sendo fundamental para o estudo sobre a infância ver e ouvir a essas, pois considerara-las mostra além de um compromisso ético ao enxergá-las enquanto sujeitos ativos, não só nas pesquisas que as coloca enquanto indivíduos centrais, como também de suas vidas.

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