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Levantamento e caracterização da arborização urbana da cidade de Chaves

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Academic year: 2021

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Levantamento e Caracterização da Arborização Urbana

da Cidade de Chaves

Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista

Maximiliano Monteiro de Castro

Orientadora: Professora Laura Cristina Roldão Costa

Coorientador: Arquiteto Paisagista Agostinho Pizarro Bravo

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Dissertação de Mestrado apresentada para o efeito de obtenção do grau de Mestre em Arquitetura Paisagista, de acordo com o disposto no Decreto de Lei n.° 216/92, de 13 de Maio.

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À minha orientadora, Professora Doutora Laura Roldão Costa, por toda a dedicação, disponibilidade, paciência e ensinamentos transmitidos. Sem dúvida que o seu contributo foi essencial para a realização desta dissertação.

Ao Arquiteto Agostinho pela disponibilidade e por me permitir realizar o estágio nas instalações da Câmara Municipal de Chaves.

A todas as pessoas da divisão de recursos operacionais da Câmara Municipal de Chaves que tão bem me acolheram durante o estágio.

Um agradecimento especial para a Engenheira Salomé Carneiro com quem tive o prazer de partilhar o ambiente de trabalho e que sempre se mostrou disponível para ajudar e transmitir os seus conhecimentos.

Aos meus irmãos pela paciência, pelo carinho e pela compreensão que sempre demonstraram. Espero que se alegrem por mim depois dos tempos conturbados que vivemos recentemente. Aos meus pais pelo suporte a diversos níveis, mas sobretudo pela educação e pelos valores que sempre me transmitiram. Obrigado por me permitirem viver esta experiência, pela paciência, pelo amor e pela compreensão sempre demonstrada. Espero que se orgulhem de mim.

À Maria João pela colaboração, pelo amor, pela compreensão e pela motivação transmitida que muito me ajudou nos momentos mais difíceis.

Aos meus amigos e companheiros de curso que tornaram o meu percurso académico uma experiência memorável. Obrigado por estarem sempre presentes. São inesquecíveis para mim!

A todos vocês, Muito Obrigado!

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A presente dissertação estuda a arborização urbana nas freguesias de Santa Maria Maior, Madalena e Samaiões e Santa Cruz da Trindade e Sanjurge pertencentes à cidade de Chaves. Verificando-se que as áreas urbanas apresentam um processo de crescimento contínuo torna-se importante perceber em que medida a arborização urbana, como parte integrante da estrutura urbana, deve ser alvo de planeamento e ser entendida como parte indissociável do espaço urbano. A arborização urbana enfrenta diversos constrangimentos característicos destes espaços, pelo que é importante que se tenha cada vez mais consciência ecológica dos múltiplos benefícios que as árvores proporcionam justificando as ações de planeamento, projeto, gestão e manutenção que sobre elas devem recair.

A dissertação desenvolve-se em três fases: a primeira corresponde à revisão bibliográfica que constitui o suporte teórico que fundamenta as propostas estabelecidas; a segunda corresponde ao trabalho de campo e respetivo tratamento e discussão dos dados por forma a caracterizar a arborização urbana instalada; e a terceira fase, sustentada nas duas anteriores, corresponde à elaboração do Plano Estratégico de Arborização de Chaves para as referidas freguesias.

O Plano Estratégico de Arborização de Chaves integra a definição de um conjunto de intervenções a aplicar nas árvores existentes e propostas de arborização visando o aumento da integridade ecológica dos ecossistemas urbanos e à promoção da qualidade estética e funcional da área em estudo.

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This dissertation studies the urban forestry in the parishes of Santa Maria Maior, and Samaiões e Madalena and Santa Cruz da Trindade e Sanjurge belonging to the city of Chaves.

The continuing growth process at urban areas is important to realize the extent to which urban forestry as part of the urban structure, and need to be planned and seen as an integral part of urban space. The urban forestry faces several constraints characteristic of these spaces, so it is important to have increasing ecological awareness of the multiple benefits that trees provide justifying the actions of planning, design, management and maintenance they need. This dissertacion presents three phases: the first corresponds to the literature review which is the theoretical basis to support the proposals; the second corresponds to the fieldwork and respective treatment and discussion of the data in order to characterize the installed urban forestry; and the third phase, sustained in the previous two, corresponds to the preparation of the Plano Estratégico de Arborização de Chaves.

This plan matches the definition of a set of interventions in existing trees and afforestation proposals aimed at increasing the ecological integrity of urban ecosystems and promote the aesthetic and functional quality of the study area.

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xi Agradecimentos…...………..……… V Resumo………..…...………...…….……….. VII Abstract………...……….………,,,………. IX Índice de figuras……….……….………XV

1.

Introdução ... 19

1.1 Introdução ... 19 1.2 Objetivos ... 20 1.3 Metodologia ... 20 1.4 Estrutura do trabalho ... 21

1.5 Os espaços verdes urbanos ... 22

1.6 Arborização urbana: Conceito ... 23

2. Caracterização da área em estudo ... 25

2.1 Introdução ... 25

2.2 Localização e organização administrativa ... 25

2.3 Caracterização socioeconómica ... 27 2.4 Caraterização climática ... 29 2.4.1 Temperatura ... 29 2.4.2 Precipitação ... 30 2.4.3 Vento ... 31 2.5 Caracterização biofísica ... 32 2.5.1 Geologia ... 32 2.5.2 Solos ... 33 2.5.3 Solo urbano ... 34 2.6 Qualidade do ar ... 35

3. A importância da arborização urbana de Chaves ... 39

3.1 Introdução ... 39

3.2 Tipologias de espaços verdes urbanos ... 39

3.3 Os espaços arborizados urbanos em Chaves ... 41

3.3.1 Praça General Gomes Silveira ... 42

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3.3.4 Jardim do Terreiro da Cavalaria ... 52

3.3.5 Margens do Rio Tâmega ... 54

3.3.6 Principais espaços verdes de enquadramento ... 56

3.3.6.1 Jardim de enquadramento da torre de menagem ... 56

3.3.6.2 Jardim envolvente do forte de São Neutel ... 57

3.3.6.3 Jardim envolvente do Forte de São Francisco ... 57

3.3.6.4 Ruas e Avenidas ... 58

3.4 Considerações sobre a arborização de Chaves ... 60

3.5 Benefícios das árvores em espaço urbano ... 61

3.6 Inconvenientes das árvores em espaço urbano ... 62

4. Levantamento de campo e tratamento estatístico ... 65

4.1 Introdução ... 65

4.2 Área de intervenção ... 65

4.3 Condicionantes ao desenvolvimento do trabalho ... 66

4.4 Ficha e levantamento de campo ... 67

4.5 Materiais e métodos ... 69

4.6 Trabalho de campo. Tratamento dos dados e discussão de resultados ... 70

4.6.1 Seleção e definição da amostragem... 70

4.6.2 Análise dos resultados ... 70

4.6.2.1 Variedade de espécies ... 72

4.6.2.2 Idade ... 73

4.6.2.3 Situação da árvore ... 74

4.6.2.4 Tipologia de situação urbana ... 75

4.6.2.5 Fatores limitantes ... 76 4.6.2.6 Sanidade ... 79 4.6.2.7 Tipo de copa ... 80 4.6.2.8 Intervenções ... 81 4.6.2.9 Prioridade de intervenção ... 84 4.6.2.10 Interesse particular ... 85 4.7 Cartografia ... 86

4.7.1 Plano de levantamento de campo ... 86

4.7.2 Planos de análise ... 86

4.7.2.1 Plano de maturidade arbórea ... 86

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4.8 Síntese dos resultados obtidos ... 94

5. Plano Estratégico de Arborização de Chaves... 95

5.1 Introdução ... 95

5.2 Tipologias das intervenções ... 95

5.3 Definição de propostas ... 97

5.3.1 Parque multiusos ... 97

5.3.2 Avenida da Raposeira ... 98

5.3.3 Avenida do Santo Amaro ... 101

5.3.4 Avenida Miguel Torga ... 106

5.3.5 Envolvente da Igreja de Santa Cruz da Trindade ... 109

5.3.6 Avenida Nuno Álvares ... 111

5.3.7 Rua Joaquim José Delgado ... 113

5.3.8 Avenida Bracara Augusta ... 116

5.3.9 Largo de Nossa Senhora da Lapa ... 119

5.4 Síntese ... 122

6. Conclusões finais ... 123

6.1 Conclusão ... 123

Referências bibliográficas ... 125

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xv

Figura 1 - Diagrama metodológico. ... 21

Figura 2 - Freguesias do Concelho de Chaves e identificação das freguesias em estudo. ... 26

Figura 3 - Distribuição da população no concelho de Chaves por estrutura etária. ... 27

Figura 4 - Variação de edifícios, alojamentos, famílias e população residente na cidade de Chaves .. 28

Figura 5 - População empregue por setor de atividade. ... 29

Figura 6 - Temperatura máxima e temperatura mínima mensal no concelho de Chaves ... 30

Figura 7 - Precipitação média mensal no concelho de Chaves. Fonte: Carneiro, 2003. ... 31

Figura 8 - Localização do edifício das termas de Chaves nas imediações do Jardim do Tabolado. ... 33

Figura 9 - Constituição dos solos do concelho de Chaves. ... 34

Figura 10 - Emissões de gases de efeito de estufa expressas em toneladas. ... 36

Figura 11 - Classificação das tipologias de espaços verdes. ... 40

Figura 12 - Localização dos principais espaços verdes urbanos da área de estudo. ... 42

Figura 13 - Praça General Gomes Silveira por volta dos anos 30 do século XX. ... 43

Figura 14 - Praça General Gomes Silveira nos anos 50 do século XX. ... 44

Figura 15 - Praça General Gomes Silveira nos anos 70 do século XX. ... 45

Figura 16 - Praça General Gomes Silveira após as obras de requalificação, no ano de 2005 ... 46

Figura 17 - Buvete provisório do Jardim do Tabolado nos anos 50 do século XX. ... 47

Figura 18 - Jardim do Tabolado após obras de requalificação no início dos anos 60 do século XX. ... 48

Figura 19 - Percurso do Rio Ribelas antes de se proceder ao desvio do seu curso natural. ... 48

Figura 20 - Jardim do Tabolado atualmente ... 49

Figura 21 – Alameda do Jardim Público anos 30 do século XX. ... 50

Figura 22 - Alameda do Jardim Público atualmente. ... 50

Figura 23 - Jardim público por volta dos anos 70 do século XX. ... 51

Figura 24 - Terreira da Cavalaria por volta dos anos 40 do século XX. ... 52

Figura 25 - Jardim do Terreiro da Cavalaria por volta de 1970 em que se percebe o formato em forma de "bacalhau seco". ... 53

Figura 26 - Passeio pedonal e ciclovia nas imediações do Rio Tâmega. ... 54

Figura 27 - Margens do Rio Tâmega depois da intervenção do programa Pólis. ... 55

Figura 28 – Espaço verde envolvente da Torre de Menagem. ... 56

Figura 29 - Exterior do Forte de São Neutel após as obras requalificação. ... 57

Figura 30 - Amplos relvados na zona este do Forte de S. Francisco. ... 58

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xvi

Figura 33 - Avenida Bracara Augusta. ... 59

Figura 34 - Avenida Bracara Augusta atualmente (2014) ... 60

Figura 35 - Delimitação da área de estudo. ... 66

Figura 36 - Esquematização do levantamento de campo……….69

Figura 37 - Espécies, cultivares e híbridos existentes na área de intervenção. ... 72

Figura 38 - Idade das árvores. ... 73

Figura 39 - Situação de plantação da árvore. ... 74

Figura 40 - Tipologia de situação urbana. ... 75

Figura 41 - Identificação dos principais fatores limitantes ao natural desenvolvimento das árvores. . 76

Figura 42 - Caldeira desadequada apresentando dimensões reduzidas. ... 77

Figura 43 - Árvores com emissão de ramos ladrões e cancros, devido a podas mal efetuadas. ... 77

Figura 44 - Exemplos de tutoragens desadequadas verificadas no levantamento de campo. ... 78

Figura 45 - Sintomas visíveis de doença. ... 79

Figura 46 - Tipo de copa das árvores. ... 80

Figura 47 - Exemplo de caldeira desadequada. ... 81

Figura 48 - Intervenções verificadas como necessárias durante o levantamento de campo. ... 82

Figura 49 - Diferenciação entre intervenções e manutenções. ... 83

Figura 50 - Prioridade de intervenção. ... 84

Figura 51 - Estudo do interesse particular das árvores. ... 85

Figura 52 - Zonamento do campo da feira. ... 88

Figura 53 - Caldeiras sem árvores revestidas por infestantes. ... 88

Figura 54 - Árvore em conflito com edifício na Avenida Miguel Torga ... 89

Figura 55 - Esquematização da organização da avenida Nuno Álvares. ... 90

Figura 56 - Corredor pedonal reduzido na Rua Joaquim José Delgado... 91

Figura 57 - Corredor pedonal reduzido e caldeiras subdimensionadas na Av. Bracara Augusta... 92

Figura 58 - Pavimento em mau estado verificado na Avenida Bracara Augusta. ... 92

Figura 59 - Definição de ações de intervenção relativamente a situações verificadas no levantamento de campo. ... 95

Figura 60 - Nova construção onde se verifica um passeio pedonal desadequado. ... 96

Figura 61 - Localização do Parque Multiusos na área de estudo. ... 97

Figura 62 - Planificação da proposta para o Parque Multiusos. ... 98

Figura 63 - Localização da Avenida da Raposeira na área de estudo. ... 98

Figura 64 - Avenida da Raposeira. ... 99

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xvii

Figura 67 - Localização da Avenida de Santo Amaro na área de estudo... 101

Figura 68 - Passeio a arborizar na rua de Santo Amaro. ... 102

Figura 69 - Local onde se propõe a construção de passeio pedonal arborizado. ... 102

Figura 70 - Planificação da proposta apresentada para a Avenida de Santo Amaro. ... 103

Figura 71 - Simulação ilustrativa da arborização proposta. ... 105

Figura 72 - Localização da Avenida Miguel Torga na área de estudo. ... 106

Figura 73 - Planificação das intervenções propostas a efetuar na Avenida Miguel Torga e plantações existentes. ... 107

Figura 74 - Planificação da proposta para relocalização da arborização em conflito com o edifício…108 Figura 75 - Localização da envolvente da Igreja de Santa Cruz da Trindade na área de estudo. ... 109

Figura 76 - Planificação da proposta para envolvente da Igreja de Santa Cruz da Trindade. ... 110

Figura 77 - Localização da Avenida Nuno Álvares na área de estudo. ... 111

Figura 78 - Diferenças entre a tipologia de passeio existente e proposta. ... 112

Figura 79 - Exemplo de caldeira subdimensionada na avenida Nuno Álvares. ... 112

Figura 80 - Localização da Rua Joaquim José Delgado na área de estudo. ... 113

Figura 81 - Intervenções propostas na Rua Joaquim José Delgado. ... 114

Figura 82 - Reorganização proposta do passeio com aumento do corredor livre pedonal e o alargamento da caldeira. ... 115

Figura 83 - Localização da Avenida Bracara Augusta na área de estudo. ... 116

Figura 84 - Corte explicativo da proposta apresentada. ... 117

Figura 85 - Localização do Largo de Nossa Senhora da Lapa na área de estudo. ... 119

Figura 86 - Organização espacial e plantação proposta. ... 120

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(19)

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1.

Introdução, objetivos e metodologia

1.1 Introdução

A presença da arborização em espaço urbano oferece inúmeros benefícios ambientais, económicos e até culturais, podendo uns ser quantificados, como sejam a melhoria da qualidade do ar e a fixação de carbono atmosférico, e outros dificilmente serem mensuráveis podendo-se dar como exemplos a redução dos estados de stresse e de ansiedade.

A cidade de Chaves apresenta diversidade no modo como se encontra a sua arborização, quer pela composição de espécies, idade dos exemplares, localização e tipologias de aplicação, pelo que se considera ser necessário realizar o levantamento e caracterização da sua arborização urbana. Tendo sido realizados outros levantamentos da arborização de Chaves, nomeadamente a “Análise e proposta de reestruturação da estrutura arbórea da cidade de Chaves” da autoria de Salomé Carneiro no ano de 2003, considera-se ser necessário prossegui-los de modo a se aprofundarem as caracterizações, e a se apresentarem propostas de ação para a gestão e manutenção da arborização.

Para a avaliação da situação da arborização da cidade de Chaves considerou-se serem as freguesias de Santa Maria Maior, Freguesia da Madalena e Samaiões e Freguesia de Santa Cruz da Trindade e Sanjurge as que apresentavam maior número de árvores, condições mais complexas de instalação e desenvolvimento da arborização em espaço urbano e maior diversidade de situações quanto à idade das árvores, pelo que a avaliação da arborização nestas freguesias pode oferecer um diagnóstico capaz de promover propostas diversificadas e que podem integrar um plano estratégico de arborização. Também é nestas freguesias que se encontra a malha urbana mais consolidada e se localizam os espaços verdes públicos mais relevantes. Considera-se que planos estratégicos de arborização são elementos orientadores das ações de planeamento, projeto, gestão e manutenção e que podem aumentar os benefícios ambientais, económicos e sociais da arborização no espaço urbano, nomeadamente contribuindo para a instalação da rede de corredores verdes que criem/consolidem o continuum naturale no espaço urbano, aumentar a integridade ecológica dos ecossistemas, aumentar a variabilidade e qualidade da arborização e promover a qualidade estética e funcional do espaço urbano.

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Tendo-se por objetivo entender de que modo se pode estabelecer o continuum naturale neste espaço urbano ir-se-á refletir sobre a evolução dos espaços verdes urbanos de Chaves.

1.2 Objetivos

São vários os objetivos que se pretendem alcançar com o desenvolvimento desta dissertação. Com o levantamento de campo ir-se-á obter uma vasta base de dados sobre a arborização, o que permitirá atualizar os dados existentes sobre a arborização e que poderão ser utilizados por todos os que pretendam investigar e trabalhar nesta área. Esta base de dados também será disponibilizada à Câmara Municipal de Chaves que a poderá utilizar no âmbito do planeamento, projeto e manutenção da arborização urbana.

Com a base de dados a obter em levantamento de campo far-se-á a caracterização da situação em que se encontra a arborização urbana das freguesias de Santa Maria Maior, Madalena e Samaiões e de Santa Cruz da Trindade e Sanjurge.

Por objetivo final tem-se a elaboração de um plano estratégico de arborização onde se definem as principais linhas de ação a aplicar sobre a arborização e espaço urbano de modo a criar/consolidar o continuum naturale, a se aumentar a integridade ecológica dos ecossistemas urbanos e promover a qualidade estética e funcional da área de estudo.

1.3 Metodologia

A metodologia do trabalho estrutura-se em três fases.

A primeira fase inicia-se pela caraterização da área de estudo pelo que se efetua uma recolha documental, cartográfica e fotográfica. Nesta fase também se apresenta uma revisão bibliográfica que incide na definição de conceitos importantes relacionados com a arborização urbana, essenciais para a compreensão da importância desta temática. Ainda nesta fase procede-se à identificação e caracterização dos principais espaços verdes da área de estudo.

A segunda fase corresponde ao levantamento de campo, recolha de dados e elaboração da base de dados, seguindo-se o tratamento dos dados. Aproveita-se também esta fase para se fazer a discussão dos resultados obtidos caracterizadores da arborização instalada e que servirão de ponto de partida para o desenvolvimento do plano estratégico de arborização.

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Por fim, a terceira fase que resulta da informação obtida nas fases anteriores, consiste na realização da proposta que se sintetiza no plano estratégico de arborização e que inclui a sugestão de novas arborizações bem como a definição de intervenções que devem ser efetuadas na arborização instalada.

1.4 Estrutura do trabalho

O trabalho estrutura-se em seis capítulos que se encontram sintetizados na figura 1.

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1.5 Os espaços verdes urbanos

Para Almeida (2006: 6) “os espaços verdes urbanos podem ser definidos como o conjunto

de áreas livres, ordenadas ou não, revestidas de vegetação, e que exercem funções de proteção ambiental, integração paisagística ou arquitetónica, e/ou de recreio”. A

definição de espaço verde é muito abrangente e pode surgir de diversas formas na cidade. Habitualmente surge como jardim, parque, praças, espaços de enquadramento a vias ou edifícios, ou seja, pode apresentar múltiplas funções e tipologias de utilização (Almeida, 2006).

Até ao século XIX os jardins e parques eram reconhecidos por terem por principais funções serem locais proporcionadores de encontros, de estadia ou de passeio público (Almeida, 2006). Os espaços verdes urbanos terão surgido a partir da era industrial com o prepósito de recriar o espaço natural no meio urbano e tinham como principal função amenizar as deploráveis condições de salubridade que foram provocadas pelas implantações industriais, funcionando como “Pulmão Verde” (Magalhães, 2001). Jácome (2010) afirma que o primeiro projeto de espaço verde público – parque de recreio surge em Liverpool tendo por autor Joseph Paxton, sendo designado de Birhenhead Park mas também é conhecido por People´s Park, pois foi criado com fundos públicos sendo propriedade de toda a população.

Mais tarde, no século XX, o conceito de “Pulmão Verde” evoluiu para um sistema contínuo de parques, que conjuntamente com a formulação do conceito de homeostasis, formulado por Walter Canon, dá origem ao continnum naturale (Jácome, 2010).

A teoria do continnum naturale divulgada em Portugal por Francisco Caldeira Cabral desde a década de 40 do séc. XX defendia que a paisagem natural penetrava na cidade de forma tentacular e contínua (Magalhães, 2001). Pretendia-se que esta inserção da paisagem natural assumisse diversas formas e funções: espaço de lazer e recreio; enquadramento de infraestruturas e edifícios; espaço de produção de frescos agrícolas e de integração de linhas ou cursos de água com os seus leitos de cheia e cabeceiras (Almeida, 2006). Este objetivo é concretizado através da criação de novos espaços verdes, da recuperação dos existentes, e da sua ligação através de corredores verdes, integrando circuitos pedonais e rodoviários (Magalhães, 2001).

Percebe-se então que a definição de espaços verdes urbanos se têm desenvolvido ao longo do tempo por forma a assegurar uma maior diversidade biológica e salvaguardar sistemas fundamentais para o equilíbrio ecológico da cidade (Magalhães, 2001).

(23)

23

1.6 Arborização urbana: Conceito

O conceito de arborização urbana (urban forestry), que é a principal temática desta dissertação, surgiu na América do Norte por volta dos anos 60 e tinha como prioridade criar uma abordagem inovadora no que diz respeito á gestão dos recursos naturais em ambientes urbanos. Este conceito pretendia que se fizesse um planeamento e manutenção dos elementos arbóreos existentes na cidade e, após alguma resistência inicial por parte de silvicultores, arboricultores e arquitetos paisagistas, acabou por ser reconhecida a importância da sua existência. Esta resistência também se fez sentir na Europa e prolongou-se até ao início dos anos 90. Na Europa, depois de se reconhecer a importância do planeamento e manutenção das florestas urbanas, surgem equipas de investigação, programas e formações de ensino superior nesta área de investigação (Konijnendijk, 2003).

A definição de floresta urbana que reúne maior consenso é a descrita por Konijnendijk (2005: 174) que entende ser “the art, science and technology of managing trees and forest

resources in and around urban community ecosystems for the physiological, sociological, economic, and aesthetic benefits trees provide society”. Nesta definição facilmente se

percebe que arborização urbana não é entendida apenas como o conjunto de árvores que se encontram nas cidades, mas como um conteúdo essencial a diversos níveis pelos múltiplos benefícios que traz para a cidade. O rápido e não planeado crescimento das áreas urbanizadas degrada os ecossistemas naturais e o meio ambiente das áreas urbanas e as árvores podem ter um papel importante na minimização desses impactes (Sudipto, 2012), entendendo Almeida (2006) serem quatro os fatores que justificam a relevância da arborização urbana:

 Decréscimo crescente entre a área ocupada pela floresta urbana e a população urbana;

 Deterioração evidente da qualidade da paisagem urbana devido à ocupação cada vez maior dos espaços vazios, quintais e logradouros por betão e asfalto, e à crescente poluição atmosférica e sonora;

 Interesse crescente de grupos com preocupações no âmbito do ambiente e paisagismo;

 Melhoria do nível de vida e aumento do tempo livre, que induz nos cidadãos uma maior exigência de espaços de bem-estar e qualidade de vida que os espaços verdes oferecem em meio urbano.

(24)
(25)

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2.

Caracterização da área em estudo

2.1 Introdução

Neste capítulo faz-se o estudo e a caracterização da área de intervenção que é uma das áreas urbanisticamente mais consolidadas da cidade de Chaves, refletindo-se também sobre fatores bióticos e abióticos que se relacionam diretamente com a arborização, tais como: caracterização climática, caracterização de solos urbanos, caracterização biofísica, qualidade do ar e caracterização socioeconómica.

Também neste capítulo se faz uma breve revisão bibliográfica sobre a arborização urbana e a sua importância nos espaços públicos urbanos. Depois de se definirem alguns conceitos e princípios, faz-se a caracterização dos principais espaços verdes públicos da área de estudo, bem como uma abordagem sobre a sua evolução histórica.

2.2 Localização e organização administrativa

O concelho de Chaves apresenta 39 freguesias sendo que a cidade de Chaves abrange as freguesias de Santa Maria Maior, Freguesia da Madalena e Samaiões e Freguesia de Santa Cruz da Trindade e Sanjurge. Estas 3 freguesias, que constituem a cidade de Chaves, fazem também parte do limite da área de estudo da presente dissertação (Figura 2).

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Figura 2 - Freguesias do Concelho de Chaves e identificação das freguesias em estudo. Fonte: Adaptado. Disponível online em http://www.chaves.pt/Default.aspx?ID=151

As freguesias de Santa Maria Maior, Madalena e Samaiões e Santa Cruz/Trindade podem ser caracterizadas resumidamente da seguinte forma:

 Santa Maria Maior e a União de Freguesias da Madalena e Samaiões apresentam carácter urbano e abrangem o centro da cidade apresentando um espaço urbano consolidado com grande concentração de valores patrimoniais do concelho;

 A União de Freguesias de Santa Cruz Trindade e Sanjurge caracteriza-se por apresentar um contínuo urbano ao longo dos principais eixos viários a partir dos limites da cidade. Trata-se de uma freguesia de transição entre o espaço urbano consolidado e o espaço rural em que se verifica a expansão e progressiva consolidação urbana (Santos e Nicolau, 2004).

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2.3 Caracterização socioeconómica

O concelho de Chaves, como é na generalidade dos concelhos do interior, tem sofrido diminuição da população residente ao longo do tempo e, segundo o resultado dos censos de 2011, essa diminuição foi de cerca de 5% relativamente aos valores apresentados nos censos de 2001 (FFMS, 2009).

Paralelamente à diminuição de população residente, também se verifica o aumento do índice de envelhecimento da população. Segundo os censos de 2011, o concelho de Chaves tem cerca de 201 idosos de idade superior a 64 anos para cada 100 jovens com idade inferior a14 anos (FFMS, 2009). Ainda assim, como demonstra a figura 3, a estrutura etária mais representativa continua a ser a dos jovens adultos e na segunda posição aparece a classe dos idosos. A continuar a tendência que se tem verificado no concelho de Chaves, a população jovem/ativa tende a diminuir e, consequentemente, a população residente fica cada vez mais envelhecida.

Figura 3 - Distribuição da população no concelho de Chaves por estrutura etária. Fonte: Adaptado. Informação disponível online em http ://www.pordata.pt/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela

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Figura 4 - Variação de edifícios, alojamentos, famílias e população residente na cidade de Chaves (2001-2011). Fonte: Adaptado. Informação disponível online em http://www.pordata.pt/Municipios/Pesquisa

Por outro lado e contrariamente ao que seria expectável uma vez que a população residente está a diminuir, o número de edifícios e alojamentos têm aumentado. Estas novas construções fazem-se notar sobretudo nas freguesias urbanas e periurbanas, o que contribui para o crescimento e consolidação da malha urbana de Chaves.

A freguesia de Santa Cruz e Trindade, uma freguesia considerada periurbana, é a que apresenta construções mais recentes, nomeadamente de infraestruturas públicas sendo exemplos o novo centro escolar e a zona comercial inaugurada em 2007. As freguesias de Santa Maria Maior e Madalena/Samaiões, onde se localiza o centro histórico, dado o carácter urbano que apresentam, as novas construções são menos presentes em virtude da reconstrução de edifícios já existentes.

Quanto aos setores de produção verifica-se que o mais representativo é o setor terciário, sendo as atividades relacionadas com o comércio e hotelaria as mais representativas. O setor terciário pode relacionar-se com a arborização urbana uma vez que a população do terciário apresenta comportamentos “urbanos” dispondo de mais tempo livre para o lazer e para usufruir dos espaços verdes (Figura 5).

O turismo em Chaves está sobretudo associado ao termalismo, sendo também potenciador de movimentos populacionais temporários com disponibilidade para utilizar os espaços verdes.

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Figura 5 - População empregue por setor de atividade. Fonte: Disponível online em http://www.pordata.pt/Municipios/Ambiente+de+Consulta

2.4 Caraterização climática

As condições climáticas de uma determinada região, particularmente em espaço urbano, são importantes no momento de planear a arborização urbana uma vez que condicionam as espécies que se devem utilizar. Assim, é importante fazer uma breve caracterização climática tendo-se selecionando os parâmetros que se consideram ser os que mais influenciam o desenvolvimento das árvores: Temperatura, precipitação e vento.

2.4.1 Temperatura

O espaço urbano, no que diz respeito ao clima, apresenta algumas características que são condicionadoras do desenvolvimento das árvores. Almeida (2006) refere que a cidade apresenta o efeito de “ilha de calor”, em que as temperaturas registadas nos centros urbanos apresentam valores mais elevados do que os registados nos arredores. Este efeito resulta essencialmente da substituição do tipo de cobertura do solo de vegetação para betão ou asfalto, já que se está a diminuir a capacidade da natureza em baixar as temperaturas diurnas através da evapotranspiração e do ensombramento. Percebe-se então que as árvores e os espaços verdes podem ter um efeito importante no que diz respeito à diminuição do efeito “ilha de calor”.

No concelho de Chaves verifica-se grande amplitude térmica, que se traduz em Verões muito quentes e em Invernos gelados. As temperaturas médias variam entre valores muito próximos de 0º C nos meses de Dezembro e Janeiro, sendo que nos meses Julho e Agosto estes valores médios disparam para perto de 30º C (figura 6).

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Figura 6 - Temperatura máxima e temperatura mínima mensal no concelho de Chaves. Fonte: Adaptado de Carneiro, 2003.

2.4.2 Precipitação

Relativamente à hidrologia urbana, grande parte dos problemas estão relacionados com a urbanização que tem substituído os espaços verdes por estruturas impermeáveis, tais como edifícios, estradas e outros pavimentos. Segundo Mcpherson et al. (2003) também a este nível as árvores têm um papel importante, uma vez que:

a) A superfície das folhas e dos troncos intercetam e armazenam a chuva, diminuindo assim o volume de escoamento.

b) As copas das árvores diminuem o impacto das gotas da água da chuva nas superfícies sem vegetação atenuando a erosão do solo e diminuem a quantidade de água em escorrência superficial.

Através do gráfico da precipitação média (figura 7) percebe-se que o mês de Fevereiro é o que regista valores mais elevados, perto de 100 mm. Seguidamente, os meses de Outubro, Novembro, Dezembro e Janeiro apresentam valores muito próximos dos 80 mm.

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Figura 7 - Precipitação média mensal no concelho de Chaves. Fonte: Carneiro, 2003.

Somando os valores da precipitação média mensal obtemos a precipitação média anual que é de cerca de 800 mm. Este valor pode ser considerado como baixo.

Se analisarmos o gráfico da precipitação conjuntamente com o gráfico da temperatura, denota-se que o período de maior calor coincide com o período de menor precipitação, ou seja, poderá corresponder a um período em que pode ocorrer défice hídrico nas árvores. Ao nível da arborização este fator tem consequências, que não podem ser descoradas, na seleção das espécies, nomeadamente a sua resistência à seca. Se as espécies não forem adequadas haverá necessidade de proceder a regas abundantes.

2.4.3 Vento

Almeida (2006) defende que no espaço urbano, onde os edifícios apresentam alturas mais elevadas, formam-se ventos fortes que ao circular ao longo das ruas e passagens estreitas criam turbilhões. Segundo a mesma autora, as árvores podem ser utilizadas para controlar o movimento do ar por obstrução, encaminhamento de direção, desvio e filtragem. Os efeitos finais dependem do tamanho e forma da planta, da densidade e regime de folhagem, capacidade de retenção, bem como da sua localização.

Segundo Carneiro (2003), na cidade de Chaves o vento proveniente de sudoeste é o mais frequente, seguido pelo vento de Norte. Quanto à velocidade dos ventos, afirma que os que possuem maior velocidade são os ventos de Sudoeste.

A proveniência, frequência e velocidade dos ventos devem-se ter em atenção uma vez que são um fator que também condiciona a escolha das árvores. Assim, as árvores que

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são plantadas nas zonas expostas aos quadrantes de ventos dominantes devem ser resistentes, por forma a evitar quedas e outros problemas associados.

2.5 Caracterização biofísica

2.5.1 Geologia

O fenómeno geográfico mais relevante no concelho de Chaves é a falha Penacova-Régua-Verim. Trata-se de uma falha ativa com movimento de desligamento e com uma extensão longitudinal de 500km, que origina fenómenos hidrogeológicos tais como nascentes minerais e termais. Como aproveitamento desta ocorrência litológica podemos referenciar a exploração de águas de Salus e Vidago e a utilização para tratamentos termais das caldas de Chaves (CMC1, s/d). Assim, pode-se afirmar que esta falha permite um aproveitamento económico e turístico importante para a região.

O melhor aproveitamento que se tem feito deste fenómeno natural é ao nível do termalismo. Ao longo dos tempos a cidade de Chaves tem vindo a assumir-se como uma referência no que diz respeito ao turismo de lazer e bem-estar aproveitando esta potencialidade (Santos e Nicolau, 2004). O complexo termal localiza-se em pleno centro da cidade de Chaves e tem como envolvente o jardim do Tabolado e o Rio Tâmega (figura 8).

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Figura 8 - Localização do edifício das termas de Chaves nas imediações do Jardim do Tabolado. Fonte: Disponível online em https://www.google.pt/maps

2.5.2 Solos

Predominam os solos soltos e com espessuras e granulometrias variáveis resultantes da alteração e desagregação do substrato rochoso por ação dos agentes de meteorização. Os solos mais representativos são os leptossolos, que ocupam cerca de 52% da superfície (Santos e Nicolau, 2004). Estes solos caracterizam-se por serem limitados por rocha a dura contínua e coerente a menos de 50 centímetros de profundidade o que dificulta a sua exploração para fins agrícolas, para fixação das raízes e para o armazenamento de água. Normalmente estes solos apresentam também uma deficiência ao nível da fertilidade que se deve à acidez e à pobreza em fósforo. Também com uma expressão relevante surgem os cambissolos, que representam cerca de 41% da superfície e que se caracterizam por serem solos pobres em matéria orgânica o que implica que tenha que se recorrer a fertilizações frequentes quando a finalidade é ter uma produção agrícola (Martins e Lourenço, 2012).

Com cerca de 5% surgem os fluvissolos, que correspondem sobretudo à veiga de Chaves e que se caracterizam por serem solos de aluvião. Estes são solos mais evoluídos comparados com os anteriormente descritos, possuem um nível de fertilidade elevado e uma elevada aptidão para a agricultura, pecuária e pastagens (Martins e Lourenço, 2012).

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Por último tem-se o solo urbano com uma expressão pouco significativa ao nível do concelho, com apenas 2% de representatividade (figura 9). Porém, o solo urbano é aquele que mais interessa no contexto desta dissertação, pois a área de estudo localiza-se em três freguesias urbanas onde a arborização se depara com todas as vicissitudes associadas a estes tipos de solos.

Figura 9 - Constituição dos solos do concelho de Chaves. Fonte: CMC1, s/d.

2.5.3 Solo urbano

É sabido que as cidades para crescerem e se expandirem o fazem à custa de um elevado consumo de solo que vão dotando de infraestruturas passando a ser solos que apresentam características muito próprias (Fadigas, 1993).

Os solos urbanos, pela importância fundamental que apresentam no desenvolvimento das árvores, devem ter uma atenção especial. Os solos urbanos estão sujeitos a pressões e vicissitudes características do ambiente urbano. Kays (s/d)afirma que grande parte das dificuldades de plantação e manutenção de árvores em espaço urbano estão relacionadas diretamente com as condições do solo.

A elevada impermeabilização do espaço urbano provoca maior necessidade de drenagem das águas provenientes das chuvas que, por sua vez, dissolvem ou arrastam muitas substâncias (óleos, poeiras, lixos, etc.) que acabam por se infiltrar nos solos urbanos acabando por contaminar o material vegetal instalado. Estes solos urbanos são muitas vezes provenientes de solos de escavação e aterro e apresentam deficientes condições para a instalação e desenvolvimento do material vegetal. Geralmente também se

Leptossolo 52% Cambissolos 41% Fluvissolos 5% Solos urbanos 2%

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encontram compactados, o que dificulta a penetração das raízes e afeta o movimento de água e nutrientes disponíveis para as raízes (Almeida, 2006).

Os solos urbanos apresentam diversos condicionalismos ao desenvolvimento das árvores, dos quais se destacam os seguintes: secura; desmoronamento de terras; compactação; carências minerais e contaminações, quer com substâncias inorgânicas, quer com compostos orgânicos (Almeida, 2006).

2.6 Qualidade do ar

Como se sabe as plantas, através do processo de fotossíntese, convertem dióxido de carbono, água e energia solar em oxigénio e glicose, contribuindo para um melhor equilíbrio dos ecossistemas na cidade e melhoria da qualidade do ar. A poluição atmosférica, que está diretamente relacionada com a qualidade do ar, resulta das diversas atividades que o homem desenvolve no dia-a-dia, sendo que nos centros urbanos de maiores dimensões se faz sentir de forma mais acentuada, sobretudo na saúde da população. As principais fontes de poluição estão associadas aos setores dos transportes, da energia e das indústrias (Rodrigues, 2013).

Uma vez que Chaves não possui estações de monitorização da qualidade do ar, mediu-se a qualidade do ar em dois pontos da cidade num estudo realizado no âmbito do programa Polis designado de “Eficiência: Otimização do metabolismo urbano”. Um dos pontos de avaliação encontrava-se localizado em pleno centro urbano e o outro numa zona mais periférica em relação ao centro urbano. O estudo teve como objetivo fazer uma estimativa da emissão dos 3 principais gases efeito de estufa, que são: dióxido de carbono (CO2);

metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) tendo-se utilizado os dados energéticos dos sectores

doméstico, industrial, serviços e do transporte. Neste estudo a metodologia utilizada refere-se às emissões no consumidor final, ou seja, para a energia elétrica consumida consideram-se as emissões resultantes da produção de energia elétrica, assim como no caso de combustão de produtos petrolíferos também se consideram as emissões resultantes da combustão e refinação do petróleo (CMC2, s/d).

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Figura 10 - Emissões de gases de efeito de estufa expressas em toneladas. Fonte: CMC 2, s/d.

O mesmo estudo, de acordo com os valores recolhidos nas duas estações, classifica a qualidade do ar de Bom. Afirma também que é relevante que ambas as estações tenham revelado a mesma classificação uma vez que estas se encontravam em pontos distintos relativamente à malha urbana da cidade.

No que diz respeito aos efeitos que a poluição do ar provoca nas árvores, Gray (2008) afirma que, de uma forma geral, os danos se podem fazer sentir a longo ou a curto prazo, sendo que os sintomas poderão ser os seguintes: bloqueio dos estomas; aumento da temperatura das folhas; redução da taxa fotossintética; redução da frutificação e do crescimento da folha; redução do crescimento da árvore; aparecimento de cloroses e necroses nas folhas.

Na tabela 1 identificam-se os principais poluentes e quais as suas repercussões especificas ao nível da sanidade das árvores.

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Tabela 1 – Principais poluentes. Os seus efeitos nas árvores. Fonte: Adaptado de a) CCDRC (2012) e b) Gray (2008)

Principais poluentes (a)

Características (a) Fontes (a) Efeitos nas árvores (b)

Dióxido de Enxofre (SO2) - Incolor e inodoro em baixas concentrações - Cheiro intenso em concentrações elevadas - Laboração industrial

- É considerado o mais nefasto para as árvores;

- Efeitos no metabolismo celular (dano na membrana que produz efeitos negativos na respiração e taxa fotossintética) - Lesões ao nível foliar;

- Redução do crescimento e capacidade de reprodução;

- Aumento da suscetibilidade aos ataques de insetos herbívoros. Dióxido de Azoto (NO2) - Castanho claro  - Tráfego  - Laboração industrial

- Cloroses, castanhas ou brancas, nas nervuras principais e nas bordaduras das folhas. Dióxido de Carbono (CO) - Incolor - Inodoro  - Tráfego  - Laboração industrial

- Cloroses, castanhas ou brancas, nas nervuras principais e nas bordaduras das folhas. Partículas (PM10 e PM2,5)  - As de origem mineral apresentam-se na forma sólida - As de origem orgânica resultam de condensação de gases  - Tráfego  - Laboração industrial  - Construção civil  - Atividades agrícolas  - Vulcões  - Fogos florestais  - Ação do vento sobre o solo

- Provoca o bloqueio dos estomas que, posteriormente, vai dificultar as trocas gasosas para a realização da fotossíntese.

Ozono (O3) - Incolor - Poderoso oxidante - Ao nível do solo resulta de reações químicas entre óxidos de azoto e os compostos orgânicos voláteis na presença de luz solar e de temperaturas elevadas

- Provoca o bloqueio dos estomas e, consequentemente, a diminuição da taxa fotossintética e de crescimento. - Pode provocar diretamente a morte de células da planta através da obstrução dos estomas.

- Provoca cloroses castanhas entre as nervuras principais.

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No que diz respeito à melhoria da qualidade do ar, a arborização urbana também se pode revelar importante uma vez que as árvores têm a capacidade, através do processo fotossintético, de fixar dióxido de carbono atmosférico e libertar oxigénio. São também capazes de funcionar como “filtros” e fixar poeiras, cinza e fumo, ajudando assim à melhoria da qualidade do ar (Sá, 2013).

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39

3.

A importância da arborização urbana de Chaves

3.1 Introdução

Este capítulo visa explicar a importância e necessidade da arborização no espaço urbano, enumerar os seus benefícios, apontar os aspetos menos positivos e identificar os constrangimentos do espaço urbano ao desenvolvimento da arborização.

É também neste capítulo que se identificam os principais espaços verdes urbanos da área de intervenção, dos quais se faz uma caracterização da situação atual e se analisa a sua evolução histórica.

3.2 Tipologias de espaços verdes urbanos

Definir tipologias de espaços que integram a arborização urbana é fundamental para identificar usos e funções adequadas a cada espaço arborizado de modo a aproveitar a máxima potencialidade que podem oferecer para a cidade (Sá, 2013).

Pereira (2011) considera complicado definir tipologias distintas para os espaços arborizados urbanos uma vez que não se associa imediatamente uma forma ou função a cada espaço, pois apresentam diversas formas e assumem características, dimensões, usos e funções muito distintas, o que dificulta a sua classificação. Normalmente a elaboração de uma classificação varia consoante a área de estudo, a sua história, as suas características estruturais e funcionais ou mesmo a perspetiva do autor.

Sá (2013) defende que normalmente os espaços arborizados são classificados de acordo com especificidades abióticas, bióticas e culturais de cada cidade ou de acordo com os objetivos específicos de cada trabalho de planeamento e gestão de espaços arborizados urbanos a ser desenvolvido.

A mesma autora afirma ainda que ao longo dos tempos a classificação dos espaços arborizados se tem feito com base em:

 Critérios relacionados com as funções sociais desempenhadas pelos espaços arborizados urbanos ou os diferentes tipos de utilizador.

 Critérios de propriedade associados ao acesso e gestão dos espaços arborizados urbanos.

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Em Portugal não existe uma classificação da tipologia dos espaços arborizados urbanos genericamente aceite e utilizada o que se comprova pela diversidade de designações que se aplicam nos vários instrumentos de planeamento e gestão de espaços verdes dos vários municípios (Pereira, 2011). Pereira (2011) op cit in Ferreira (1984) propõe uma classificação de espaços verdes que se considera ser bastante abrangente e consistente e que, por isso será adotada neste trabalho para classificação dos espaços verdes da área de estudo, sendo que no que diz respeito às áreas apresentadas para o jardim público (1-9 ha) se irá ter flexibilidade na classificação podendo-se integrar espaços com menos de 1 ha (figura 11).

Figura 11 - Classificação das tipologias de espaços verdes. Fonte: Pereira (2011).

Considerando a classificação apresentada, podem-se agrupar os espaços arborizados urbanos existentes na área de estudo nas seguintes tipologias:

 Parques urbanos: Margens do Rio Tâmega.

 Jardins Públicos e de Repouso/Recreio - Praças: Praça General Gomes Silveira; Jardim Público de Chaves; Jardim do Tabolado; Jardim do Terreiro da Cavalaria.

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41  Proteção e enquadramento: Jardim envolvente da Torre de Menagem; Envolvente

do Forte de S. Neutel. Ainda se considerou a classe de:

Arruamentos: Avenida Nuno Álvares; Avenida Bracara Augusta

3.3 Os espaços arborizados urbanos em Chaves

A figura 12 assinala a localização dos principais espaços verdes públicos inseridos na área de estudo, que se localizam no que se pode considerar o centro histórico da cidade de Chaves.

O centro histórico de Chaves apresenta testemunhos de espaços verdes de várias épocas, contudo, no essencial e no que se refere aos espaços públicos, encontram-se predominantemente contributos das épocas medievais, seiscentistas, oitocentistas e da primeira república (Babo et al., 2013).

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Figura 12 - Localização dos principais espaços verdes urbanos da área de estudo.

3.3.1 Praça General Gomes Silveira

A praça General Gomes Silveira é um dos locais mais carismáticos da cidade de Chaves. Este espaço construído por volta dos anos 20 do século XX, localiza-se em pleno centro da cidade em frente ao Convento de Freiras da Ordem da Conceição de Maria Santíssima, edifício que a partir de 1943 passou a ser utilizado para instalações escolares função que mantém atualmente. Ainda nos dias de hoje este espaço é comumente chamado por Largo

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43

das Freiras em virtude de ser um espaço contiguo ao antigo convento anteriormente referido (Aires, 1990).

A figura 13 retrata o espaço por volta de 1930, verificando-se que o jardim ainda não se encontrava instalado. Apenas existiam dois alinhamentos de árvores nas faixas centrais que pelo seu porte teriam sido recentemente instalados. Ao nível do edificado o edifício da esquerda corresponde ao convento e o edifício do fundo, aqui ainda em fase de acabamentos, as instalações da GNR/Quartel dos bombeiros sendo atualmente o edifício onde se encontra a biblioteca municipal de Chaves.

Figura 13 - Praça General Gomes Silveira por volta dos anos 30 do século XX. Fonte: Disponível online em http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/253640.html

A figura 14, da década de 50, evidencia alterações realizadas no espaço verificando-se que a praça já se encontra totalmente delimitada e encerrada por edifícios. Também se observa que o espaço central da praça se encontra ordenado com infraestrutura rodoviária bem definida, passeios pedonais generosamente dimensionados e com calçada policromática e canteiros geometricamente desenhados.

Ao nível da vegetação identificam-se quatro alinhamentos de árvores em caldeira que pelo seu porte se revelam jovens. Apresentam-se protegidas por estruturas metálicas. Em relação aos canteiros eram relvados, revestidos com arbustos e flores anuais.

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Figura 14 - Praça General Gomes Silveira nos anos 50 do século XX. Fonte: Disponível online http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/234935.html

Na figura 15 representativa da praça nos anos 70 observa-se a manutenção do traçado geral da década de 50 tal como dos materiais de revestimento. O crescimento da vegetação é visível sobretudo ao nível das espécies arbóreas e percebe-se que o formato dos canteiros de arbustos e herbáceas permanece semelhante. Verifica-se também a existência de pequenos espelhos de água.

O jardim, tal como se vê na figura 15, vai manter as mesmas características até ao ano de 2005.

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Figura 15 - Praça General Gomes Silveira nos anos 70 do século XX. Fonte: Disponível online http://enifpegasus.blogspot.pt/2012/06/jardim-das-freiras-chaves-pt.html

Integrado no Programa Polis e das iniciativas de requalificação promovidas pela Câmara Municipal de Chaves, procedeu-se a uma intervenção considerável sobre o espaço público do centro histórico, promovendo-se a sua renovação urbana. Esta renovação visava essencialmente a conservação das infraestruturas e renovação de pavimentos e mobiliário urbano, sendo que uma das intervenções mais profundas foi a da Praça General Silveira, que transformou completamente o espaço (Babo et al., 2013).

Na figura 16, do ano de 2005, verifica-se que a intervenção efetuada segundo projeto do gabinete Arpas – Arquitetura Paisagista, Lda - autoria de Luís Cabral, no âmbito do programa Polis, foi abrangente alterando toda a organização espacial e a arborização. As principais alterações foram ao nível do espaço verde, tendo-se eliminado os canteiros e uma parte significativa da arborização existente. Também foram eliminadas as vias rodoviárias que circundavam o espaço tendo-se tornado o espaço unicamente pedonal. O espaço foi também dotado de um espelho de água com repuxo com uma dimensão considerável.

Este local atualmente apresenta-se como uma praça plana, pavimentada com lajetas de calcário e onde se denota uma clara falta de arborização e consequente falta de espaços com sombra. A arborização presente é constituída por Cercis siliquastrum, que são remanescentes do espaço verde anterior e Liquidambar styraciflua plantados na data da recente intervenção. Estas árvores apresentam-se em três alinhamentos e em caldeiras que ocasionalmente são revestidas por flores anuais.

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Esta intervenção foi fortemente criticada por uma grande parte da população mas o espaço passou também a ser usado para outras finalidades. O espaço que outrora foi um jardim que visava sobretudo o recreio passivo, apresenta-se nos dias de hoje como um espaço de recreio ativo por ser contiguo à escola secundária Fernão de Magalhães e onde se procede à organização de exposições ao ar livre, concertos musicais e de diversas feiras temáticas.

Figura 16 - Praça General Gomes Silveira após as obras de requalificação, no ano de 2005 . Fonte: Disponível online http://hpserra.blogs.sapo.pt/252427.html

3.3.2 Jardim do Tabolado

O jardim do Tabolado assume-se como o espaço verde mais carismático da cidade. Trata-se de um jardim situado à beira rio e perto do centro urbano da cidade. Este é o local preferencialmente escolhido pela população para atividades de recreio e lazer.

O espaço sofreu várias e consideráveis alterações ao longo do tempo. Inicialmente era utilizado como matadouro que por volta dos anos 40 do séc. XX foi relocalizado num espaço mais afastado do centro urbano da cidade. Até aos anos 60 do séc. XX realizavam-se feiras de gado. No entanto dada a qualidade das águas termais que já eram conhecidas desde o Império de Flávio Vespasiano no séc. I, foi construído um buvete provisório que permitia a captação das águas termais (Ribeiro, s/d). A Figura 17 datada dos anos 50 do séc. XX permite verificar que na envolvente do buvete não existia qualquer espaço verde ordenado, apenas arborização nas periferias que não refletia cuidado estético ou ordenamento cuidado.

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Figura 17 - Buvete provisório do Jardim do Tabolado nos anos 50 do século XX. Fonte: Disponível online em http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/2007/10/

No início dos anos 60, o espaço foi requalificado tendo-se construído um complexo termal com jardim na envolvente. O projeto do jardim do Tabolado, da autoria do arquiteto paisagista Ilídio Alves Araújo englobava toda a área circundante à fonte das caldas de Chaves e aos balneários e a frente ribeirinha permitindo que a população e visitantes termais fizessem percursos repousantes e aprazíveis ao longo do rio Tâmega (Ribeiro, s/d).

A figura 18, da década de 60, permite observar as plantações recentes de árvores e arbustos tal como a implantação de relvados e orlas definindo-se um espaço verde que reflete um desenho estruturado e funcional que organiza percursos pedonais e rodoviários, eixos visuais e áreas de recreio e lazer.

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Figura 18 - Jardim do Tabolado após obras de requalificação no início dos anos 60 do século XX. Fonte: Disponível online em http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/285263.html

Aquando da construção do novo pavilhão de tratamentos termais na década de 50, o rio Ribelas foi desviado. No entanto foi preservada a ponte de Ribelas, mantendo o carácter representativo da sua data de construção no século XVI. Esta ponte foi, durante séculos, uma das principais entradas de Chaves (figura 19) (Ribeiro, s/d).

Figura 19 - Percurso do Rio Ribelas antes de se proceder ao desvio do seu curso natural. Fonte: Disponível online em http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/2009/06/

Nos finais da década de 70 e inícios da década de 80 do séc. XX foram construídas as piscinas municipais e os campos de ténis da associação de ténis flaviense o que implicou alterações ao traçado inicial do jardim, tendo-se perdido área permeável e a leituras das clareiras (Figura 20).

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Recentemente o jardim do Tabolado foi novamente intervencionado ao abrigo do programa Polis tendo sido realizada uma intervenção na envolvente das termas, na frente fluvial e instalando-se um parque infantil, intervenção da autoria do arquiteto Gomes Fernandes.

Este espaço caracteriza-se também por ser um local muito frequentado durante a noite, principalmente no verão, devido à proximidade de bares e espaços de animação noturna.

Figura 20 - Jardim do Tabolado atualmente. Fonte: Disponível online em http://www.flickr.com/photos/fer-ribeiro/1796659828/lightbox/

3.3.3 Jardim Público de Chaves

O jardim público de Chaves é o jardim mais antigo da cidade. Trata-se de um espaço que outrora foi propriedade privada pertencente a um banqueiro de nome Cândido Sotto Mayor. A quinta de Cândido Sotto Mayor terá sido construída na última década do séc. XIX pelo que o jardim deve ter sido construído em data próxima (Babo et al., 2013). No princípio do séc. XX foi transformado em jardim público tendo sido doado como presente à população flaviense pelo referido proprietário. Em sua homenagem foi erguido um busto na alameda principal do jardim (Babo et al., 2013).

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Figura 21 – Alameda do Jardim Público anos 30 do século XX. Fonte: Disponível online em http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/arquivo/2006_10.html

Na Figura 21 dos anos 30 do séc. XX pode-se observar a alameda principal do jardim com um elevado número de árvores. Nota-se também que por esta altura as árvores já apresentavam um porte considerável, o que nos dá a indicação que atualmente se tratam de árvores centenárias (figura 22).

Figura 22 - Alameda do Jardim Público atualmente. Fonte: Disponível online em

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Trata-se de um jardim plano que na entrada sul apresenta canteiros organizados em desenho geométrico formal com pequenos canteiros floridos e com sebes geometricamente talhadas, com um eixo central bem definido e com uma fonte com repuxos no centro (Figura 23).

Figura 23 - Jardim público por volta dos anos 70 do século XX. Fonte: Disponível online em http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/279779.html

Junto ao rio Tâmega o jardim apresenta-se como um passeio público constituindo-se como um espaço amplo em saibro, onde se destacam as alamedas de árvores centenárias de grande porte, nomeadamente cedros, carvalhos e plátanos.

No ano de 2007, no seguimento do programa Polis e com projeto da autoria de Anabela Simões Guedes da empresa Quartenaire/Norvia – Consultores de engenharia SA, o jardim foi alvo de requalificação tendo-se intervindo no coreto, remodelado o mobiliário urbano, construído um parque infantil e regularizado o pavimento (Ribeiro, s/d).

O coreto existente no jardim público é uma construção de morfologia circular protegida por grades. O coreto era muito utilizado quando se realizavam as verbenas, sendo que atualmente apenas a se utiliza pontualmente e como elemento decorativo e de carácter memorial (Ribeiro, s/d).

Recentemente muitas das árvores do jardim foram intervencionadas devido às condições débeis que apresentavam e algumas tiveram de ser abatidas, o que se traduz numa grande perda, uma vez que se tratavam de árvores centenárias.

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3.3.4 Jardim do Terreiro da Cavalaria

Terreiro localizado em pleno centro da cidade que foi, durante muitos anos, utilizado para exercícios e cerimónias militares. No início do séc. XX este terreiro era utilizado para exercícios militares do regimento de cavalaria nº6 que ali se encontrava implementado, uso que ficou perpetuado através da toponímia (Aires, 1990). Ainda na primeira metade do séc. XX mas sem se conhecer data precisa, o espaço foi ajardinado como se pode observar na figura 24, verificando-se a presença de vegetação jovem, instalada em canteiros organizados em desenho geométrico, em placa central e arborização em caldeiras com proteção metálica. A organização da circulação pedonal e rodoviária é muito semelhante à da Praça General Gomes Silveira por volta das décadas de 40-50 o que leva a crer que terão sido construídas na mesma altura.

Figura 24 - Terreira da Cavalaria por volta dos anos 40 do século XX. Fonte: Disponível online em http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/53706.html

Este espaço é comumente chamado de Jardim do Bacalhau devido à forma geométrica que apresentava e que se pode verificar na figura 25. Nesta mesma figura percebe-se a evolução do espaço tendo-se construído uma pérgula e reformulado os passeios. Os alinhamentos de árvores encontram-se estabelecidos conferindo identidade ao local (Babo et al., 2013).

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Figura 25 - Jardim do Terreiro da Cavalaria por volta de 1970 em que se percebe o formato em forma de "bacalhau seco". Fonte: Disponível online em http://chavesantiga.blogs.sapo.pt/2006/07/

O jardim, tal como se encontra atualmente, foi construído no ano de 1982 tendo-se procedido à requalificação urbanística da zona e à demolição o edifício de apoio militar (Babo et al., 2013).

Ao nível da vegetação o espaço caracteriza-se pelos seus pequenos canteiros, geometricamente desenhados, que são relvados e revestidos pontualmente com arbustos e flores anuais. Ao nível da arborização as espécies que podemos encontrar são, sobretudo, a Cercis siliquastrum que substituíram recentemente Prunos cerasifera,

Magnolia x soulangeana, Tilia sp., Phoenix canarienses e Araucaria araucana.

O espaço possui ainda alguns bancos, que proporcionam pequenas zonas de estadia, mas como o jardim está rodeado de vias rodoviárias, em todos os seus limites, o espaço é ruidoso não oferecendo conforto (Babo et al., 2013).

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3.3.5 Margens do Rio Tâmega

Uma intervenção recente efetuada ao abrigo do programa Polis (2002-2008) requalificou as margens do rio Tâmega com o propósito de valorizar a estética urbana e a qualidade ambiental da cidade dotando a cidade de um parque urbano de uma dimensão considerável (Babo et al., 2013). Este espaço localiza-se no centro da cidade e é contiguo a outros espaços verdes, pelo que é bastante utilizado.

Trata-se de um parque, cujo projeto realizado para a margem esquerda é da autoria de Quaternaire Portugal, e a sua conceção tem por objetivo tornar a cidade mais pedonal porque permite ligar o espaço urbano envolvente às margens do rio com outros espaços verdes, nomeadamente o Jardim Público e o Jardim do Tabolado.

Este parque apresenta amplos relvados que permitem recreio ativo, possui um parque infantil de dimensões consideráveis e oferta diversificada de equipamentos. Esta intervenção permitiu também a construção de uma ciclovia que é bastante utilizada por parte da população (Figura 26).

Figura 26 - Passeio pedonal e ciclovia nas imediações do Rio Tâmega. Fonte: Disponível em http://chaves.blogs.sapo.pt/330894.html?view=802446

Ao nível da arborização o parque possui arborização jovem plantada aquando as obras de construção do parque do Tâmega, árvores adultas remanescentes dos campos agrícolas que existiam neste espaço e a típica galeria ripícola associada ao rio Tâmega.

A arborização é bastante diversa, sendo que a vegetação de galeria ripícola é a mais representativa. Ao nível das espécies ripícolas pode-se observar a existência de freixos,

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amieiros, salgueiros e choupos. Estas mesmas espécies, sobretudo os freixos, têm sido replantados pela CMC nas margens do rio Tâmega de modo a consolidar a galeria ripícola.

Ao nível das novas plantações que se têm verificado no parque, segundo a responsável dos espaços verdes da CMC, as escolhas têm recaído em Liquidâmbar styracifua,

Aesculos hipocastanum, Quercus pallustris, Quercus rubra e Liriodendro tulipífera.

Pode-se afirmar então, que existe grande variedade de espécies no parque sendo que as espécies ripícolas são as mais predominantes (Figura 27).

Figura 27 - Margens do Rio Tâmega depois da intervenção do programa Pólis. Fonte: Disponível online em

http://www.flickr.com/photos/82096526@N00/3331308396/in/photolist-65nPVE-6xfKUj-6yyMUi-6zJTYH-6zNXG9-6zP28w-7Xd7Ax-93uhPq-7Xgm9C-7WRU6n-7WV7Qh-7WV7po-7WV8q7-7WV

Na margem direita para jusante do jardim do Tabolado, também no âmbito do programa Polis realizou-se uma intervenção que permitiu a instalação de ciclovia, replantação de vegetação ripícola e recuperação de muros, acessos pedonais e estabelecimento de relação com o rio Tâmega e ribeira de Ribelas sendo designado de Requalificação Paisagística das Margens do Tâmega entre a Ponte de S. Roque e a Estação de Tratamento de Água de Stª Cruz - Tâmega tendo sido realizado pelo Atelier do Beco da Bela Vista.

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3.3.6 Principais espaços verdes de enquadramento

A cidade de Chaves possui elevado valor patrimonial sobretudo de natureza histórica e, como tal, são os espaços associados ao património que merecem um olhar especial no que diz respeito aos espaços verdes de enquadramento que lhe estão associados. Como exemplos desses locais que associam património e espaços verdes tem-se: a torre de menagem; o forte de S. Francisco; e o forte de S. Neutel.

3.3.6.1 Jardim de enquadramento da torre de menagem

A envolvente da torre de menagem caracteriza-se por ser um espaço verde de pequenas dimensões, com poucos elementos arbóreos, dominando os maciços arbustivos de pequenas dimensões e pequenos canteiros relvados em que as bordaduras têm desenhos geométricos com buxo talhado e o interior com flores de temporada.

Neste jardim que tem uma vista privilegiada para todo o vale do Tâmega podemos também encontrar algumas peças do Museu da Região Flaviense, bem como algum material bélico que servem para ornamentar o espaço. O jardim está delimitado por muralhas construídas aquando da fortificação da vila, por altura das guerras da restauração (figura 28) (Babo et al., 2013).

Figura 28 – Espaço verde envolvente da Torre de Menagem. Fonte: Disponível online em http://fotos.sapo.pt/zerouxinol/fotos/?uid=N24StjkjcdWqknsfUz5u#grande

Referências

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