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Formação inicial de professores de Educação Física com foco na inclusão: uma revisão de literatura

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FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

DE EDUCAÇÃO FÍSICA COM FOCO NA

INCLUSÃO: uma revisão de literatura

José Francisco Ribeiro Cabral 1

Renata Aparecida Rodrigues Oliveira 2

Eveline Torres Pereira 3

Elizângela Fernandes Ferreira 4

RESUMO

O presente estudo tem por objetivo revisar o conhecimento produzido na área de formação inicial dos professores de educação física na atuação inclusiva. Os conceitos que abarcaram tal pesquisa são direcionados à educação inclusiva, a qual afirma que todos têm direito à educação, independentemente das suas diferenças. Entretanto, para que tal evento aconteça, é necessário que os profissionais envolvidos nesse processo estejam realmente preparados desde a sua formação inicial. Método: A temática é abordada por meio de uma revisão integrativa. Realizado um levantamento bibliográfico em bases de dados digitais, 22 artigos atenderam aos critérios de inclusão e foram submetidos à análise. Resultados: A partir de 2005 houve um aumento nas produções acadêmicas voltadas para formação inicial dos professores de educação física sobre a inclusão. Além disso, a literatura apontou que a maioria dos professores não se sente preparada para atuar com a educação física inclusiva, mesmo aqueles que, em sua formação inicial, cursaram alguma disciplina voltada para a educação física adaptada.

1 Faculdade Governador Ozanam Coelho. E-mail: josefran-ciscoribeiro21@gmail.com

2 Faculdade Governador Ozanam Coelho. E-mail: renata. oliveira@ufv.br

3 Universidade Federal de Viçosa. E-mail: evelineufv@ gmail.com

4 Faculdade Governador Ozanam Coelho. E-mail: elizange-la.fernandes.f@gmail.com

PALAVRAS-CHAVE: Formação Inicial. Professores.

Educação Física.

INTRODUÇÃO

A educação física, no âmbito escolar, tem passado por transformações metodológicas ao longo do tempo, conforme os princípios éticos da sociedade e os projetos político pedagógico das escolas. Durante a história da educação física, percebe-se que houve uma transformação no currículo, o qual inicialmente compreendia os exercícios ginásticos. Com o passar dos anos e sob influência da ciência moderna, a educação física destacou-se pela promoção da saúde, esportivização e, a partir do século XX, a inserção das pessoas com deficiência no ensino regular (MINAS GERAIS, 2014).

O acesso da pessoa com deficiência no ensino brasileiro é garantido pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e pelas Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei n. 9.394/96, que estabelecem a educação como direito de todos, e que as pessoas com deficiência devem ter atendimento educacional preferencialmente na rede regular de ensino, garantindo o atendimento especializado para o público alvo da educação especial (BRASIL, 1996; BRASIL, 1988).

Todavia, a presença da pessoa com deficiência no ensino regular desencadeou vários questionamentos sobre a preparação dos professores, as condições físicas e materiais e

ISSN: 2525-488X

Multi

disciplinar

Científica Revista Fagoc

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10 Revista Científica Fagoc Multidisciplinar - Volume I - 2016

a organização de recursos humanos. Muitos se perguntaram se os docentes estariam preparados para lidar com a inclusão (VITTA et al., 2010).

A educação inclusiva gerou uma série de dificuldades para os docentes na educação física. Os principais entraves relatados referem-se a fatores como a falta de infraestrutura da escola, a escassez do apoio técnico, a ausência de contribuição governamental, as limitações física e psicológica do aluno com deficiência e o despreparo dos professores, proveniente da formação inicial (CHICON et al., 2011; COSTA, 2010; FALKENBACH et al., 2007;FIORINI; MANZINI, 2014; FRANK et al., 2013; MELO et al., 2013; NASCIMENTO et al., 2007; SOUSA et al., 2013; SOUZA; PICH, 2013; VITTA et al., 2010).

Estudos recentes evidenciam que a formação inicial dos professores de educação física é voltada para as instituições esportivas de alto rendimento, característico da formação tradicional-esportiva. Ainda ressaltam que a formação inicial não é satisfatória para contribuir com a inserção da pessoa com deficiência na educação física (SOUZA; PICH, 2013; VITTA et al., 2010). Tais fatos demonstram a existência de uma lacuna na orientação pedagógica de cunho crítico-reflexiva para os docentes de educação física incluírem as pessoas com deficiência em suas aulas (SOUZA; PICH, 2013).

Observa-se que essas lacunas são atribuídas à escassez de disciplinas referentes à atividade física adaptada, à falta de conhecimento das características da deficiência, à dificuldade com as estratégias pedagógicas, à elaboração de materiais específicos e o conhecimento sobre as necessidades educativas dos alunos (COSTA, 2010; LOPES, 2013; SALERNO et al., 2012). Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo revisar o conhecimento produzido na área de formação inicial dos professores de educação física na atuação inclusiva, entre 2005 e 2014.

METODOLOGIA

O presente estudo é de cunho quali-quantitativo, com características técnicas de levantamento bibliográfico. Segundo Marconi e Lakatos (2003), a pesquisa bibliográfica caracteriza-se por uma coleta dos principais trabalhos científicos já publicados na literatura de forma a fornecer dados atuais e relevantes, relacionados ao tema.

Foram utilizados estudos referentes às áreas do conhecimento em Educação Física, Esporte e Educação, publicados em meio eletrônico. A coleta de dados foi conduzida por meio do cruzamento dos descritores “Formação Inicial AND Professores AND Educação Física”. Todos os estudos capturados estão dispostos no banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES (disponível em http://www.periodicos. capes.gov.br), que se trata de um acervo de diversas áreas do conhecimento, de acesso gratuito e privado. Contudo, nesta pesquisa utilizaram-se apenas os artigos disponibilizados na íntegra e gratuitamente. A busca dos estudos foi realizada durante os meses de agosto e setembro de 2015 e percorreu 3 etapas.

Etapa 1 - Acesso ao banco de dados do portal de periódicos da CAPES (Figura 01).

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Após o acesso ao banco de dados do portal de periódicos da Capes, obteve-se a seleção de 523 estudos, dos quais somente 28 atenderam os critérios de inclusão adotados. Após a seleção desses artigos, procedeu-se à segunda etapa.

Etapa 2 - Tabulação dos dados: com o nome do autor, objetivo do estudo, instrumento de coleta de dados, resultados da percepção dos professores em relação à sua formação inicial em educação física, dificuldades de incluir alunos com deficiência nas aulas de educação física, titulação (Formação em Educação Física, Especialização, Mestrado e Doutorado).

Etapa 3 - Avaliação crítica dos estudos: foram adotados três critérios para esta avaliação: 1º - qualidade dos estudos mediante a relevância do tema ; 2º - qualidade do método adotado:

se os estudos descreviam a amostra, o local da pesquisa, o instrumento de coleta de dados e as análises de dados; 3º - critérios de inclusão/ exclusão dos estudos de acordo com formação profissional, dificuldade de inclusão e inclusão.

Após a avaliação crítica, verificou-se que, dos 28 estudos pré-selecionados, apenas22 se enquadraram nos requisitos da terceira etapa (Quadro 1).

Em seguida, realizou-se a análise dos dados por meio da estatística descritiva, através do cálculo das porcentagens e mapeamento dos fragmentos temáticos, resultantes da análise de conteúdo dos relatos dos professores de educação física referente a contribuição da sua formação inicial para a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de educação física.

Quadro 1 - Relação dos estudos selecionados de acordo com a avaliação crítica

Autores Título Objetivo

AGUIAR; DUARTE (2005)

Educação Inclusiva: um estudo na área da educação física

Investigar os significados da inclusão de pessoas com necessidades especiais nas aulas de educação física no sistema regular de ensino.

ALVES; DUARTE (2014)

A percepção dos alunos com deficiência sobre a sua inclusão nas aulas de Educação Física escolar: um estudo de caso

Investigar a inclusão a partir da perspectiva do aluno com deficiência dentro do contexto das aulas de educação física escolar.

CHICON.; MENDES; SÁ (2011)

Educação física e inclusão: a experiência na Escola Azul

Investigar e analisar o processo de inclusão de dois alunos com necessidades educacionais especiais (NEES) no espaço-tempo das aulas de Educação Física.

COSTA (2010)

Inclusão escolar na educação física: reflexões acerca da formação docente

Compreender como vem se dando o processo de Inclusão na Educação Física Escolar dos estudantes deficientes visuais incluídos (as) na Educação Básica. CRUZ; FERREIRA (2005) Processo de formação continuada de professores de educação física em contexto educacional inclusivo

Acompanhar como professores do componente curricular Educação Física lidam em suas aulas com a proposta de inclusão escolar de alunos que

apresentam necessidades educacionais especiais e em que medida um programa de formação

continuada pode contribuir para o enfrentamento desta situação. CRUZ et al. (2011) Formação continuada de professores inseridos em contextos educacionais inclusivos

A)compreender como professoras lidam com a proposta de inclusão escolar de alunos que

apresentam necessidades especiais no contexto da Educação Física; B) analisar o processo de

implementação de um programa de formação continuada junto a essas professoras.

DUEK (2013)

Trajetória profissional de uma professora de educação física na escola inclusiva.

Analisar o potencial dos casos de ensino para a caracterização da trajetória profissional de uma professora de Educação Física, descrevendo possíveis contribuições para os processos de formação docente na perspectiva inclusiva. FALKENBACH et

al (2007)

A inclusão de crianças com necessidades especiais nas aulas de Educação Física na educação infantil

Investigar a temática da inclusão de crianças com necessidades especiais na prática pedagógica da Educação Física na educação Infantil.

FERREIRA et al. (2013)

Um olhar sobre a

educação física adaptada nas universidades públicas paulistas: atividades obrigatórias e facultativas

Verificar a ocorrência de deficiências; identificar os recursos pedagógicos que possibilitam a inclusão; conhecer as barreiras arquitetônicas, de

comunicação, de atitudes e pedagógicas e que interferem no desempenho dos estudantes durante o curso e identificar as sugestões dos alunos para promover a inclusão.

FIORINI; MANZINI (2014)

Inclusão de alunos com deficiência na aula de educação física:

identificando dificuldades, ações e conteúdos para

1) identificar as dificuldades encontradas por professores de Educação Física para atender a demanda da inclusão educacional de alunos com deficiência e 2) sugerir ações e conteúdo, a partir

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12 Revista Científica Fagoc Multidisciplinar - Volume I - 2016 RESULTADOS

Foram encontradas 22 produções acadêmicas que atendiam ao objetivo do presente estudo (Tabela 1).

A Tabela 1 demonstra que há um aumento de produções acadêmicas voltadas para a formação inicial dos professores de educação física sobre a inclusão de pessoas com deficiência. Destaca-se o ano de 2013, com o maior número de publicações, equivalente a 31,81% dos estudos coletados.

Em relação aos periódicos, observa-se que a Revista Brasileira de Educação Especial, obteve a maior porcentagem de publicação no tema pesquisado (27,27%). Além disso, nota-se que o método de pesquisa mais empregado foi o qualitativo (68,18%), e o questionário (36,36%) foi instrumento de coleta de dados mais utilizado.

Na Tabela 2, identifica-se o nível de formação dos professores de educação física e o ano em que concluíram o curso de graduação, de acordo com os artigos selecionados na revisão.

A maioria dos professores participantes dos diversos estudos encontrados na revisão possuem somente a graduação em Educação Física (76,58%). Quanto ao ano de formação, verificou-se que 34,20% dos docentes cursaram a graduação entre 1990 a 1999.

A Tabela 3 representa a relação dos professores que cursaram a disciplina de Educação Física Adaptada durante a sua graduação.

ANO DE PUBLICAÇÃO No % 2005 2 9.09 % 2007 2 9.09 % 2009 2 9.09 % 2010 2 9.09 % 2011 3 13.63% 2012 1 4.54 % 2013 7 31.63 % 2014 3 13.63% Total 22 100% PERIÓDICOS No % Revista Movimento 4 18.18%

Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP 4 18.18% Revista Brasileira de Educação Especial 6 27.27%

Outros 8 36.36% Total 22 100% TIPO DE ESTUDOS No % Qualitativa 15 68.18% Quantitativa 2 9.09% Misto 2 9.09% Não reportado 3 13.64% Total 22 100%

INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS No %

Entrevista 7 31.82% Questionário 8 36.36% Observação 3 13.64% Misto 4 18.18% Total 22 100% FORMAÇÃO No % Ano No %

Graduação em Educação Física 206 76,58% 1978- 1989 14 5,20% Especialização 62 23,05% 1990 – 1999 92 34,20% Mestrado 0 0% 2000 – 2010 43 15,98% Doutorado 1 0,37% 2011 – 2014 3 1,11% Não informado - - - 117 43,49% Total 269 100% - 269 100% CURSARAM A DISCIPLINA No % Sim 77 28,62 Não 19 7,06 Sem informação 173 64,31 Total 269 100

Tabela 2 - Nível de formação em Educação Física e ano de conclusão

Tabela 3 - Disciplina de educação física adaptada na graduação Tabela 1 – Informações acerca de ano de

publicação, periódicos, tipos de estudo e instrumentos de coleta de dados capturados nos 22 artigos selecionados

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Revista Científica Fagoc Multidisciplinar - Volume I - 2016

Contudo, quatro estudos demonstraram que até mesmo os profissionais que tiveram algum conhecimento sobre a educação física adaptada na graduação não se sentem preparados para atuar no contexto educacional inclusivo

(Quadro 2).

Quadro 2 - Relatos sobre a percepção dos professores sobre a sua formação inicial

Ao analisar os principais resultados dos artigos selecionados, foi possível capturar as dificuldades dos professores em incluir alunos com deficiência em suas aulas de educação física

(Tabela 4).

Tabela 4 - Principais dificuldades para inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física

Além das principais dificuldades apresentadas na Tabela 4, outras barreiras foram relatadas, tais como a administração escolar, recursos pedagógicos e estratégias de ensino (FIORINI; MANZINI, 2014; CHICON et al., 2011); ausência de metodologia apropriada e de conhecimentos dos docentes para trabalhar com crianças com deficiência (COSTA, 2010; VITTA et al., 2010); falta de conhecimento acerca da deficiência; limitações físicas e psicológicas do aluno e estrutura física da escola (SOUSA, et al., 2013; SOUZA; PICH, 2013; FALKENBACH et al., 2007); dificuldades no transporte do aluno à escola, as quais acontecem em horário contrário às aulas regulares (MELO et al., 2013); ausência de apoio da gestão local (SOUZA; PICH, 2013); e dificuldade em adaptar as atividades para incluir alunos com e sem deficiência (CRUZ; FERREIRA, 2005; DUEK, 2013).

DISCUSSÃO

O presente estudo demonstrou um aumento das produções acadêmicas voltadas para a formação inicial dos professores de educação física sobre a inclusão de pessoas com deficiência nos últimos anos. Esse aumento pode ser relacionado à preocupação em detectar a influência da formação inicial dos docentes na sua prática pedagógica no contexto educacional inclusivo (CRUZ, 2011). Souza (2013) relata que os professores relataram que o contato inicial com a inclusão, durante a graduação, não foi suficiente para atuarem no contexto profissional.

A maioria dos estudos avaliados nesta pesquisa foi publicada na Revista Brasileira de Educação Especial, o que se justifica por tratar-se de um periódico com grande representatividade na área da Educação Física Adaptada, além de serem escassas revistas científicas que permeiam nessa área.

Em relação aos aspectos metodológicos, observou-se que o método qualitativo foi o mais “Eu não sou uma professora preparada para lidar com essas crianças, não obtive essa

formação. Não me importo, apoio a inclusão e faço a inclusão. ” (FALKENBACH et al., 2007, p. 47).

“Por sua vez, os (as) docentes são unânimes em afirmar que, no processo de formação para atuar na Educação Básica, não tiveram disciplinas que os preparassem, qualificassem e habilitassem para a promoção da Inclusão Escolar.” (COSTA, 2010, p. 895).

“As escolas e os professores não estão preparados para atender os alunos com deficiência. ‘Eu mesmo não recebi preparo ou fundamentação durante a graduação’” (Professor F) (FRANK, 2013, p. 98).

“Sou contra a inclusão de alunos com deficiência, pois as escolas não possuem infraestrutura adequada, nem os professores estão preparados adequadamente para atendê-los” (Professores M e O), (FRANK, 2013, p. 98).

“Às vezes o professor não está preparado ou apto para trabalhar com tal aluno” (Professor E)” (FRANK, 2013, p. 99).

A não oferta da disciplina para os professores durante a sua graduação foi relatada pelos participantes no estudo de Fiorini e Manzini (2014).

DIFICULDADES No % Falta de infraestrutura da escola 6 27.27% Falta de capacitação profissional 8 36.36%

Falta de apoio do governo 2 9.09%

Falta de apoio técnico 4 18.18%

Superproteção da família 2 9.09%

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14 Revista Científica Fagoc Multidisciplinar - Volume I - 2016

empregado nas pesquisas analisadas. Dalfovo et al. (2008) justifica esse achado alegando esse é o método mais utilizado na área da educação, pois atribui maior importância à qualidade do estudo, além de verificar a relação do objeto do estudo. Nota-se que a maioria dos estudos utilizou o questionário como o principal instrumento para coleta de dados. Marconi e Lakatos (2003) afirmam que o uso do questionário traz vantagens por atingir um grande número de pessoas simultaneamente e economizar tempo; contudo tem a desvantagem de não poder ser aplicado a pessoas analfabetas, dada a impossibilidade de se ajudar o informante em questões mal compreendidas.

Além disso, os principais achados das pesquisas consultadas possibilitaram averiguar que os professores formados antes de 1990 não cursaram nenhuma disciplina relacionada à educação física adaptada. Aguiar e Duarte (2005) destacam que o currículo do curso de educação física foi reformulado em 1990, quando passou a oferecer oficialmente, na grade curricular, uma disciplina referente à educação física especial, impulsionado pela Resolução número 03/87 do Conselho Federal de Educação, que prevê a atuação do professor de educação física com pessoa com deficiência (AGUIR; DUARTE, 2005).

Contudo, mesmo os profissionais que mencionaram ter obtido algum conhecimento sobre a educação física adaptada na graduação admitiram sentir-se despreparados para atuar no contexto educacional inclusivo. Os professores de maneira geral relataram que, embora tenham cursado uma disciplina voltada para o ensino da educação física inclusiva, esta não foi suficiente para a sua prática docente (CRUZ et al., 2011; RAMOS et al., 2015). Aguiar e Duarte (2005) mencionam que 62,7% dos professores afirmaram não possuir conhecimento suficiente para incluir pessoa com deficiência em suas aulas, admitindo a falta de conhecimento acerca da deficiência, de cursos para capacitação da aquisição do conhecimentos e ae poio técnico.

Em relação às percepções dos professores

sobre as dificuldades de inclusão das pessoas com deficiência nas aulas de educação física, destaca-se a falta de capacitação profissional (AGUIAR; DUARTE, 2005; NASCIMENTO et al., 2007; COSTA, 2010; VITTA et al., 2010; COSTA, 2010; CRUZ et al., 2011; FRANK et al., 2013; MOURA et al., 2014;AGUIAR; DUARTE, 2014). Entretanto, existem várias possibilidades de capacitações para professores como cursos de curta duração, palestra, especialização, mestrado e doutorado em educação física adaptada; assim, cabe ao professor buscar esse conhecimento para que não seja um docente fragilizado (AGUIAR; DUARTE, 2005; VITTA et al., 2010; PELOSI; NUNES,2009; FIORINI; MANZINI,2014; MOURA et al., 2014; NASCIMENTO; 2014).

Falkenbach et al. (2007) dizem que, se por um lado a falta de conhecimento os fragiliza e traz certas indignações, por outro é utilizada como escudo de defesa para evitar maiores comprometimentos com situações de inclusão de pessoas com deficiência no ensino regular. Dessa forma, observa-se que o caminho a ser percorrido para alcançar a inclusão ainda será árduo, pois um dos principais elementos que favorecem a inclusão encontra-se debilitado: a formação inicial dos professores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os achados deste artigo, a literatura aponta que há um aumento nas produções acadêmicas voltadas para formação inicial dos professores de educação física inclusiva, a partir de 2005. Além disso, foi possível detectar que a maioria dos professores participantes dos diversos estudos encontrados na revisão possui somente a graduação em educação física. Quanto ao conhecimento necessário para incluir pessoas com deficiência na educação física escolar, tanto os profissionais que não cursaram a disciplina de educação física adaptada na formação inicial quanto aqueles os que obtiveram não se sentem preparados para atuar no contexto educacional

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inclusivo.

Dessa forma, é possível inferir, através das pesquisas realizadas, que somente a formação inicial em educação física parece não fornecer segurança aos professores para atuarem na inclusão de pessoas com deficiência em suas aulas, o que demonstra a necessidade de desenvolver novos estudos em áreas como a educação física adaptada, com a preocupação voltada para a formação de professores no contexto da inclusão.

REFERÊNCIAS

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Figura 1 – Fluxograma do processo de seleção dos artigos
Tabela 3 - Disciplina de educação física  adaptada na graduaçãoTabela 1 – Informações acerca de ano de
Tabela 4 - Principais dificuldades para inclusão de alunos  com deficiência nas aulas de Educação Física

Referências

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