UNTvERSTDADE
Dr
Évonn
MESTRADO
EM
SOCIOLOGIA
Areo
de
Especiolizoçõo em
Recursos Humonos
e
Desenvolvimento
Sustentóvel
Quotidiono dos
Prólicqs
de Voluntqriodo
no
SqÚde
O
Coso
do
Ligo
de
Amigos
do
Hospitol
de
Porlolegre
DissertoçÕo
de
Mestrodo
opresentodo
por:
Ano
Cristino Dios Bronquinho
N.o 3454
Orientodor:
Professor
Doutor Corlos
Albedo
do
Silvo
Evoro
Capítulo
ll-
Contributos para uma Sociologia doVoluntariado
542.1. Émile
Durkeim
542.2. Durkheim e a sociologia
funcionalista
55 2.3. Asassocia$es
de voluntariado: grupos intermédios ou gruposintermediários?
62 2.4.as
novos desafios dovoluntariado
66INDICE
lntrodução
Capítulo
l-
Pensamento Socialacerca do voluntariado1.1 De que falamos?
1.2. Evolução histórica do voluntariado 1.2.1 . Antecedentes Gemis
1.2.2. A experiência Portuguesa
1.3. O voluntariado na Sociedade de Bem-Estar
1.4. Canactenza$o do voluntariado no palco nacional 1.5. O voluntariado em contexto Hospitalar
Capitulo Ill
-
Gestão de Programas de Voluntariado 3.1. Processo de angariação de voluntários 3.2. Desenvolvimento do recrutamento 3.3. A integraçáo dos voluntários 3.4. O acompanhamento do voluntário3.5. A Formação
3.6. A Gestão dos Dados
Capítulo lV
-
Opçoes Metodolfuicas4.1. Considera$es preliminares sobre a invesügação em ciências sociais
4.2. Unidade de Análise 4.3. Objectivos de Estudo
4.4 Modelo de Análise
4.5.
OpÉes
Metodológicas4.6. Técnicas de Recolha de Informação
4.6.1. Pesquisa Documental 11 13 13 19 19 22 30
u
43 71 72 74 79 80 80 90 92 92 93 94 95 97 99 1004.6.2. Entrevista
4.6.3. Observaçáo
4.7. Procedimentos para a Análise da lnformação
CapÍtulo V
-
Caractenza$o do espaço empírico1. Caracteriza§o da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejo (ULSNA)
2. Caractenzac$o da Liga dos Amigos do Hospital de Portalegre
(HHPOR)
Capítulo Vl
-ApresentaÉo
e Análise dos Resultados6.1. O que é servoluntário na LAHPOR?
6.1.1. Características pessoais
AJ..z. Percepçâo de voluntariado hospitalar 6.1.3. Motivações e lnfluências
6.2. Exercício do Voluntariado Hospitalar
6-2.1. Processo de
sele@o
6.2.2. Desenvolvimento da acfividade de voluntariado hospitalar 6.2. 3. Vivências significativas
6.2.4. Dificuldades verificadas
6.3. Formação e Desenvolvimento do Voluntariado na I-AHPOR 6.3. 1 . Formação disponibilizada
6.3.2. Necessidades formaüvas
6.4. Satisfaçao e expectativas
6.4.1. Satisfaçao com o trabalho em voluntariado hospitalar 6.4.2. Expectativas na acção da LAHPOR
6.4.3. Benefícios da acçáo voluntária em contexto hospitalar 6.5. Relação @m a sociedade
6.5.1. Valores privilegiados pela
láHPOR
6.5.2. Avaliaçáo do mundo presente
Considera$es finais Bibliografia Fontes 101
1M
105 107 147 108 120 120 120 1241%
1291n
136 142 145 147 147 150 153 153 156 158 160 160 161 162 167 170 Anexos 171Figura n.o1 Figura
n.2
Figura n.e3 Figura n.o4 Quadro n.o1 Quadron.2
Quadro n.13 Quadro n.o4 Quadro n.oS Quadron.ti
Quadron.Y
Quadro n.o8 Quadro n.o9 Quadro n.o10 Quadro n.o11 Quadro n.o12 Quadro n.o13 Quadro n.o14 Quadro n.o 15 Quadro n.o16 Quadrc n.o17INDICE DE FIGURAS
Desenvolvimento do Recrutamento Entrevista deSelecSo
Tomada de DecisãoMatriz do voluntariado hospitalar na I-AHPOR
INDICE DE QUADROS
Formação de voluntários
-As
bases de um programaResponsabilidades
dos
Centrosde
Formaçâoe
das
Organizações PrcmotorasProposta Formativa do CNPV
Voluntários Admiüdos na LAHPOFUAno Ex- voluntários da láHPORlAno
Grelha de frequências
da
sub-categoria:Percepão
de voluntariadohospitalar
Grelha de frequências da sub-categoria: Motivaçfus e lnfluencias Grelha de frcquências da sub-categoria: Processo de selecção
Grelha
de
frequências
da
sub-categoria:
Desenvolvimento daactividade
Grelha de frequências da sub-categoria: Vivências significativas Grelha de frequências da sub-categoria: Dificuldades verificadas Grelha de frequências da sub-categoria: Formação disponibilizada Grelha de frequências da sub-categoria: Necessidades formativas Grelha de frequências
da
sub-categoria: Satisfação como
trabalhoem voluntariado hospitalar
Grelha
de
frequênciasda
sub-categoria: Expectaüvasna
acção daLAHPOR
Grelha
de
frequências
da
sub-categoria:Benefícios
da
a@o
voluntária em contexto hospitalar
Grelha
de
frequênciasda
sub-categoria: Valores privilegiados pela LAHPORGrelha
de
frequências
da
sub-categoria:Avaliação
do
mundo presente 76 77 78 166 85 86 89 113 113 125 128 133 13914
1rc
150 152 155 156 159 160 Quadro n.o18 161AIV CGV CNAIV CNPV HDC IPSS
IáHDC
LAHPOR ONU P.IáHPORrcA
ULSNASIGLAS
Ano lntemacional dos Voluntários
Coordenadora do Grupo de Voluntariado
Comissão Nacional para o Ano lntemacionaldos Voluntários Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado
Hospital Distrital de Chaves
lnstituição Particular de Solidariedade Social Liga de Amigos do Hospital Distritalde Chaves Liga de Amigos do Hospitalde Portalegre
Organiza$o
dasNa$es
UnidasPresidente da Liga de Amigos do Hospital de Portalegre Presidente do Conselho de Administração
Quotidiano das Práticas
de
voluntariado
na
saÚde
o
coso
do
Ligo
de
Amigos
do
Hospitol
de
PoÉolegre
RESUMO
o
presente trabalhode
invesügação pretende contribuirpara um
aprofundamento do conhecimento das dinâmicas dos grupos de voluntariado no sector da saúde, através doestudo das vivências,
e
dos esquemas estratágicos desenvolvidos pelos voluntários daLiga
de
Amigosdo
Hospitalde
Portalegreno
sentidode
potenciarno
quotidiano a regulação sociate
de
controlodas
configurações metodo!ógicasde tais
práticas nodomínio
hospitalar.Em
termos metodológicos, seguimosuma
abordagem qualitaüva' reconendo parao
efeitoà
técnicada
entrevista semi-estruturadaa
oito voluntários daLiga de
Amigosdo
Hospitalde
Portalegre, bem comoà
coordenadorado
Grupo de Voluntariado, ao presidenteda
Ligae
ao Presidente do Conselho de Administração doHospital
de
portalegre.Através
da
informação recolhidafoi
possívelconhecer
os esquemas estmtégicos desenvolvidos nos diferentes momentos do quotidianoda
Liga,bem
como as estmtfuiasde
recrúamento, angariação,integraÉo e
acompanhamento de voluntários, para além disso, foi também possívet conhecer as vivências, experiências e expectativas daqueles que dão corpo e alma à Liga'Health's
Voluntary Daily
Performances
Hospital of Portalegre's
League
of Friends
Gase
ABSTRACT
The goal of this investigation assignment is
to
know better the skills of voluntary groupswithin the
health sector,by
studyinglife
experiences and using strategies which weredeveloped
by the
volunteersof
Hospitalof
Portalegre's Leagueof
Friends, trying toenhance social
regulationand
method based control
of
these
hospital
ac{ivities.Methodologically, we get a quanti§ approach, using semi-structured interview techniques
in
eight
volunteersof
the
Hospitalof
Portalegre's Leagueof
Friends,as well as
theVoluntary Group Coordinator,
the
League's Chairman andthe
Hospitalof
Portalegre's Administraüon Council Chairman. Gathering some information it was possible to find outsome stmtegies developed during different moments of
the
League's daily life, such as recruiting strategies, funds, integration and volunteefs assistance. Moreover, it was alsopossible
to
know some
life
experiencesand
expectaüonsfrom those
who
are
the League's body and soul.AGRADECIMENTOS
Ainda que uma
disserta$o
seja, pela sua finalidade académi@, um Úabalho individual,há
determinados contributosque
não quero deixarde
realçar. Poressa
razáo, desejoexpressar os meus sinceros agradecimentos:
Ao
professor Doutor Carlos Albertoda
Silva, professore
orientador, pela dedicação eprofissionalismo,
os
quaisforam
imprescindíveispara
o
su@sso deste trabalho. Peladisponibilidade sempre revelada,
e
pelas criticas e sugestões relevantes feitas durante aorientaçáo.
Aos
voluntáriosda
Ligade Amigos
do
Hospitalde
Portalegrepela
disponibilidade e simpatia com que sempre me receberam'Aos
meus paise
Luís, pela compreensáo e paciência que sempre tivemm para comigo,assim como pelo apoio que sempre me deram, o qual não tem qualquer preço.
À
minhaTNTRODUçÃO
Os voluntários estivemm sempre presentes nas sociedades ao longo dos tempos, e a sua acção revestiu várias expressôes, predominantemente
de
cariz caritativo, exercido de forma isolada, espoÉdica e ditada a maioria das vezes por razões familiares' de amizade e de boa vizinhança.Durante anos a sua actuaçáo foi entendida como um modo de colmatar insuficiências dos
apoios familiares e institucionais.
Na sociedade actual reconhece-se
o
espaço próprio de actuação, cujo trabalho se situa numa linha de complementaridade do trabalho prcfissionale da actuaçáo das instituit'oes,reconhecendo-se hoje,
os
voluntários como umdos
mais valiosos recursos ac'tivos dequalquer país.
Foi
o
ano
de
2OO1-
o Ano
lntemacionaldos
Voluntários (AlV),no qual 123
países membros da ONU decidiram homenagear os voluntários que em todo o mundo dão parte de si, que conduziu às bases do enquadramento jurídico do voluntariado e que catapultouo voluntariado no nosso país para as páginas das revistas, jomais e até pam programas
de
televisão.
EstaÉ
o
voluntariadona
moda?
ou
será
este
fenómeno
um
dospassatempos privilegiados
no
nossotempo?
E
neste
sentido,como
é
pensado pela Sociologia?A
Liga
de
Amigos
do
Hospitalde
Portalegre, constituídaem
Novembrode
2003,beneficiou
iá
deste
enquadramentoe
nesse
sentido pretendemos
compreenderteoricamente este movimento e qual a dinâmica interna que move estas associações de
voluntariado.
A
presente investigaSo pretende contribuir para um aprofundamentodo
conhecimento das dinâmicas do processo de voluntariado no sector da Saúde, através do estudo dasvivências
e
dos
esquemas estratégicosque os
voluntáriose
demais actores sociais engendram e desenvolvem para potenciar no quotidiano a regutação social e de controlo das configuraçôes metodológicas de tais práticas no domínio hospitalar'Na primeira parte deste
hbalho
e no
sentido de construiro
enquadmmênto teórico dotema, percoremos toda
a
históriado
voluntrariado, observámosa
carac{erizaso
dovoluntariado social em portugal, analisámos numa perspec{iva sociologica as
noÉes
devoluntariado e de solidariedade.
Para desocultar as políticas e as práticas de voluntatiado
na
saúde procuÉmos desenharum modelo analítico para analisar
as
metodologias de implementaÉoe manuten$o
do núcleo de voluntariado,o
quotidiano dos modos de vida e dos contextos deintervenso
dos voluntários num ambiente hospitalar.Em termos
metodológicos, seguimosuma
abordagem qualitaüva, reconendopara
oefeito
e
como
instrumentos privilegiadosde
recolha
de
informaSo
à
técnica
daobservação
não
participantee
da
entrevista
semi-estruturadaa
um
conjunto
de informantes privitegiadosdo
voluntariadoda
saúdeno
Distritode
Portalegre. Para otratamento dos dados recolhidos nas entrevistas, utilizámos a análise de conteúdo'
Na segunda parte do tmbalho fazemos intervir os resultados da invesügação empírica' na qual circunscrevemos de uma forma mais concisa e concreta
o
obiecto'e
os objectivos específicos desta inves{igaçáo, que nos permitiu conhecer a dinâmica intema da Liga deAmigos do HosPitalde Portalegre.
Estamos conviclos que
os
resultadosdo
estudopodeÉo
contribuirpala
a
melhoria do conhecimento dascondises de vida
e
de
trabalho dos voluntáriosda
saúdena
área geográfica de Portalegre, assim como Para renovar as linhas estratégicas para a melhoriadas
condiçõesde
desenvolvimentodo
voluntariadoem
contexto hospitalar,a
curto e médio prazo.CAPITULO
IO
PENSAMENTO SOCIAL AGERCA
DO
VOLUNTARIADO
í.í.
De
que
falamos?
O
voluntariadoé
um
fenómeno particularmente plurifacetado,que assume
múltiplas definições consoante os contextos culturais e as finalidades com que é usado'Segundo
a
definiso
de
voluntariado utilizada
pelas
Na@es Unidas,
que
énecessariamente abrangente
a
uma
pluralidadede
paises, são
três
os
critérios a enumerarpam
caracterizar uma acção como voluntariado: "§er empreendidade
liwevonfude, sem temune6i6o e em benefício
de
terrr;iros" (Dingle cit. Delicado,2OO2:17)'Esta definição compreende um leque muito alargado de actividades, abrangendo desta forma a doação de sangue, a participaSo em partidos políticos, actividades em benefício próprio ou de familiares, aclividades sem enquadramento insütucional definido' exercidas
de forma esPorádica e informal.
Em França considem-se voluntário
o
indivíduo que colabora com uma organizaçáo nãogovemamental,
a
tempo
inteirc,sem
receber qualquer remuneraçao. Distinguindo-se desta forma do "benévolo" que realiza voluntariado a tempo parcial, geralmente, de formaregular (algumas horas por semana) e o "voluntário", cuja acüvidade de voluntariado é a tempo inteiro, aplicando-se geralmente aos bombeiros ê aos membros de organizações
de
cooperação parao
Desenvolvimento (Halbacit.
Delicado,2oo2)-No
Reino unido,onde
a
tradiçãodo
voluntariadose
encontra mais enraizada,o
fiabalho
voluntário é frequente, mesmo nos organismos públicos (Gaskin e Davis Smithcit
Delicado,2OO2)'A
primeira conferência da Cruz Vermelha sobre o voluntariado, realizada no México, no anode
1gg3, denominou o votuntário comoo
indivíduo que se sensibiliza por questôessociais,
conduzindo-oa
trabalharcom
pessoase
procurando despertar nelasa
sua própria capacidade de melhorar a qualidade das suas vidas'No mesmo ano, o parlamento Europeu especificou trabalho voluntário como um exercício
espontâneo, imparcial e gratuito, que deve assumir um carácter de complementaridade e
náo
de
competiçãoçom
as
estruturas tradicionais
de
emprego, sendo
que
asorganizaSes
promotoras devemdispor
de
um
mínimode
condições adequadas ao desenvolvimento das actividades prestadas pelo voluntário. (Beibeder, 1991)O conceito de voluntariado esconde, sob a sua aparente simplicidade, uma complexidade que deriva do facto de este se aplicar a uma grande diversidade de situa@es, bem @mo da circunstância de vários sentidos lhe serem reconentemente associados.
Osbome (cit. João Santos,
2OO2) distinguetrês
níveis
conceptuais associados aovoluntariado:
a
votuntariedade
(voluntaryism),o
voluntartsmo
(volunteerism)e
ovol u
nb
rtado (vol untarism).Na
opiniãodo
autor,
a
voluntartedade
liga-seaos
pressupostosda
vida
colec'tiva, constituindo-sena
qualidade-cimentoda
civilidade,e
baseando-senuma
cooperação comunitária voluntáriapor
princípionão
activa,o
voluntartsmo
relaciona-secom
adimensão individual do voluntariado, ou seja, com a provisão gratuita e organizada de um
serviço
directo desünadoa
melhoraro
bem-estarde
pessoas@m
as
quaisnão
semantêm laços familiares.
O
autor
destaca,no
nível
do
voluntarismo,três
aspectos:um
primeiro'de
enfoque económico, no qual se assume umapresta$o
náo paga, que por esse facto consütuiuma
mais-valia,pam
alémdas
criadaspelo
normal funcionamentoda
economia; umsegundo, liga-se ao facto de
o
voluntário ombrear como
profissionalna prestaÉo
dosserviços de que
se
ocupa, muito emboraos
dois papeis sejam distintos, podendo porvezes tornar-se conflifuantes; um terceiro que sublinha ser a acção voluntária distinta da ajuda informal, concedida tanto à família como à rede social de apoio mais extensa.
Neste sentido,
o
voluntarismoé
distinto
da
aiuda
informal,não
obstanteter
sidoconsiderado como uma extensão do comportamento privado na esfera pública.
por fim,
Osbome identifica um terceiro nível conceptual associadoao
voluntariado. O níveldo
voluntartado liga-se ao âmbito institucional de análise, referindo-seà
provisâoorganizada e colectiva de serviços, por meio de organizaSes voluntárias não lucrativas,
cuja fonna
de
recrutamentode
recursos humanosderiva
em
particulardo
uso
de voluntários,aradenzados
pelo voluntarismo, na óptica da dimensão acima referida.Apesar das
distinções referidas anteriormente,a
designaçãoda
a@o
exercida peloindivíduo
que se
voluntaria,tem sido
acolhida,em
português,no termo
voluntariado' Muito embora imbuído de umaacepSo
conceptual por vezes diversa, é com este termo que continuaremos o nosso discurso.São várias as questões associadas à definiçáo de voluntariado, bem como à identÍficaÉo
do que serão os seus elementos integmdores, mesmo no que diz respeito
à
necessáriagratuitidade
do
serviço (para além
de
benefícios
não
materiais).Se
para uns
a remuneração negao
carácter voluntário, para outros, como por exemplo,os
indivíduos eleitos para cargos mal pagos que os aceitam com o desejo de serviço altruísta, devem ser considerados "q uasi-vol untários". (Santos' 2OO2)A de6nição de voluntariado referenciada aos motivos subjacentes, constitui outra área de
divergência teórica. por um lado, aceita-se que o desejo de aiudar os outros é constitutivo
do voluntariado, por outro, avança-se que voluntariado significa apenas conÚibuir para a produçáo de um bem público, que por si só dispensa referência a motiva@es. A recente ênfase na qualidade produtiva do voluntariado
vai
nessa linha, assumindo aliás que ovoluntariado apenas
se
define como uma actividade que produz bense
serviçosa
umpreço mais baixo que o do mercado de economia real. (Santos, 2OO2)
Conceitos como
os
de solidariedade, activismoe
altruísmo, têm sido associados ao de voluntariado,é
portanto necessário sublinhar não existir entre eles uma conespondêncianecessária.
Associar solidariedade
a
voluntariado privilegiariaa
importânciados fins
e
limitaria oserviço
prestadoa
instituiçõesde
acção social.
Deixariade
ter
lugar
o
trabalho de voluntariado orientado para a preservação do património ou para a intervençáo ecolÓgica.Da
mesmaforma, não seria
adequado associar activismoe
voluntariado,já
que
oactivismo
se
orienta, principalmente,pam
acelerara
mudança social, enquanto que o voluntariadopode
trabalhartambém
no
sentido
de
uma
progressiva melhoria dascolectivas-para
terminar
a
análisedesta
associaçâode
conceitos,o
voluntariadonão
seria,necessariamente, determinado por moüva@es altruístas,
já
queé
conhecidoo
conjuntode
recompensas colhidaspelos
voluntáriosna
sequênciada
sua
actividade. Assimsendo,
o
altruísmo será uma das várias motivaSes subjacentesà
decisão de aceitar e manter uma linha de acção voluntária, mas não a única (Santos, 2OO2)'Associada
a
esta questão altruística, duas linhasde
análise podem ser discemidas, no âmbitoda explicaSo
sociologica do voluntariado. "lJmaprimein de
índole subpcÍivistapor
excelência,é
dominadapla
procun
de
motivosque
determinamo
voluntariado.Outta,
de
enfoque compoftamentalista,defede
gue
os
voluntáios
úo,
em
últimainstância, agentes
ncionais
que
escolhemas
suas was
de
a@o,
atnvés
de
umprocesso
economicistade
companção entreos
benefrciose
os cusÍog potencialmentedearrcntes
da sua decisâo" (Santos, 2002: 30)'No que diz respeito à primeira linha de análise, registam-se múltiplos contributos paÍa a
construção
de
tipologiasdos
motivos, neessidades
ou
impulsosque
potenciam o voluntariado. No entanto, esta linha de investigaSo tem sido recentemente criticada, pois inferir motivosa
partirda
uülizaçãodo
que os voluntários pensam sobreo
seu próprio trabalho voluntário, não distinguiria até que ponto os motivos reportados seriam motivos reais ou construçoes mcionalizantes para explicar este comportamento (Wilson eÍ aí-,cit
Santos 2OO2').As teorias de base comportamentalista, por sua vez defendem que a decisão de aceitar
um
trabalho voluntárioderiva, no seu
núcleo centml,de um
balanço individual entrecustos e benefícios.
\Mlson
et
at.
apresentamuma teoria
integradade
voluntariado, afirmandoque
a ,defrniSo de voluntafiado que afrrma simplesnente que os wluntários são indivÍduos quedão
o
seu tempo grutuitamenteao
servíço dos ouÚrognão
negaque haia
benefícios deconentesparc
o
dador,nem que
o
altruísmopossa
serútil
no
estudode
motiws
propiciadores do voluntaiado" (cit. Santos,2Cfi2:32). No entanto, nem a necessidade de
circunstanciar ganhos,
nem
de
determinar motivosseria
fundamentalpara definir
a actividade.a)
A
primeira premissa assume
que
o
trabalho voluntário
se
constittti
numaactividade produtiva.
Para
o
autor,
o
voluntariado assume-secomo forma
de trabalho gomooutra
qualquer,em vez
de
um
simplesacto
de
consumo, ou ocupaçãode tempos livres.
Existiriaum
mer@dopara
o
Úabalho voluntário'paralelo
a
um mer@do para o trabalho pago, sendo que, em ambos os casos aadmissão e o su@sso dependem do nívelde qualificaçoes do candidato;
b)
A
segunda premissa assumegue
o
tmbalho
voluntárioenvolve uma
acçáocolec{iva,
seia
porque es§a actividadese
integra numaorganizaÉo'
porque o trabalhoé
desenvolvidoem grupos
ou
porque,
em
última
instância,na
sua actividade prosseguem fins comunitários. Assim sendo, a decisão de um indivíduose dar
como voluntárioe a
eficáciada sua
acção' dependem,tanto das
suasavaliações e escolhas comportamentais, çgmo das
avalia$es
e comportamentosdos
oüros;
c)
A terceira premissa assume quea
relação do voluntariado com os reoeptores de serviços,se
constitui num u@ntlato" ético mobilizadoe
reguladopor
incentivos morais. Quando questionados sobreo
porquêda sua
decisãode
desenvolver trabalho voluntário,os
voluntários colocam geralmentea
respostaem
termoséticos (p.e.: "sinto que é importante ajudar os oufos"). Apesar de, @mo já vimos' estes relatos poderem ter por base esüatégias racionalizadas, constituem-se num material muito úü1, nomeadamente paÍa
a
aferir acercadas
crenças ligadas à importânciaética,
individuate
societaldo
trabalho voluntário, assumidas por aqueles que a ele aderem.'O
voluntaiadoé aqui
tntado como um típo detnbatho,
mas igualmente como um tipode
consumo, umavez
que envolvea
produ$o
de bens e servrÇog mashmffim
deconências simbÓticas posrtiwmente valondas
pan o
suieito-o
volunhriadoseia
uma formade
benefrciardo consumode
rr,ns simbótico.s, bens esses consumidos emtão maior monta, quarrto maior o capítat individuat ínvestido
e,
nesta linha,o
potencial de sucessodaí
resultanÍe" (Santos, 2002:33)'A
ideia acima referida avança umaligaÉo
esúeita entre o assumir de tarefas voluntáriase
o
desejode
diferenciaçãoe
promoção de estatÚo social.como
deve imaginar-se ateoria
de
\Mlson
não
é
pacífica
e
teÉ
poucas hipóteses
de
ser
aceite
pelosinvestigadorês humanistas,
que não aMicam
do
enfoque altruístae
da intenso
de reabilitar o Homem de uma @Íacj(eÍtzação egoísta e calculista'Desde 1998
que
Portugal conta com uma definiçao legal de voluntariado estabelecidapela lei
n.o 71198, segundoa
qual
"voluntariadoé
o
coniuntode
acçôesde
thÍercsse sociale
comunitário
rcalizadasde
forma
desÍnfercssadapor
pe§soa§'no
âmbÍto de projeÇtos, prc,g, ,mase
outns
formasde interuenfio
ao
seruiçodos
inüvíduos' dasfamítias e
da
comunidade,de*nvolvidos,
sem fin§ lucntivos,por
entidadespúblias
ouprívadas" (Artigo 2.o da Lei 71198).
Esta
definição
compreendeapenas
as
acções
de
interesse social
e
comunitário'realizadas
de
forma
desinteressadaao
serviço
de
indivíduos'
das
famílias
e
da comunidade, conÚibuindopara
a
melhoriada
qualidadede vida
e
do
bem-estar daspopula@s
mas
apenas
no
âmbito
de
projectos'
programase
outras formas
deintervenção desenvolvida sem fins lucrativos por entidades públicas ou privadas'
Esta concepção limitada do voluntariado, associada a regras @mo
a
obrigatoriedade do estabelecimentode um
programade
voluntariado entrea
organizaÉo
e o
voluntário'semerhante a um contrato, e com a emissão de um cartão de
identiÍicaso
de voluntário,justifica-se
no
planode uma
medida legislativa quese
destinaa
conceder benefícios sociais aos voluntários. Estes benefícios são o a@sso a formação, a inclusão no regimede seguro social voluntário, a obrigatoriedade de condiçoes de higiene e segurança para
o exercício da actividade, indemnizações em caso de acidente ou doença' reembolso das despesas, um regime especial de utilização dos transportes públicos
e
participação nas decisões daorganizaso
em que está integrado (Delicado, 2@2\.Segundo
a
mesma lei, "voluntáríoé
o
indivíduoque de
formalivrc, desintercssda
eresponsável
&
comp@mete,de
acotdo comas
suas aptidõespÉpfias e no
seu tempo livre,a
rcalízaracções de voluntariado no âmbÍto de umaoryanízafio
prcmoton"' (Artigo 3.o da Lei71198)voluntário é aquele que presta serviços não remunerados numa
organizaso
promotora'de forma livre, desinteressada e responsável, no seu tempo livre.
São
assim excluídosos
c€tsosde
solidariedade familiarou de
vizinhançae
os
actos esporádicose
informais,bem como
as
actividadesexercidas
no
âmbito
de
algumí.2.
EVOLUçÃO HISTÓRICA
DO
VOLUNTARIADO
l,2.L
Antecedentes Gerais
As
primeir:as formasde
voluntariado terãotido
origem desdeos
temposem que
seexpandiu a assistência aos considerados mais fracos, primeiramente no seio das tribos e das famílias.
A
par da
assistência familiar surgem esforços colectivosque
revelam organizaçáo de esforçospap a
protecçáo dos mais fragilizados. Tanto os Babilónios comoos
Egípciosexerceram pÉticas de assistência à medida que iam desenvolvendo conhecimentos que
foram
surgindo tambémda preoorpaÉo do
bem-estar, como por exemplo' formas de tratamento de doenças.Em EnsaÍo sobre
a
Dádiua-
Formae
Razão de troca nas sociedades atã,iicíi,s, MarcelMauss enuncia a sistematizaçáo da camctenzaçáo das trocas voluntárias realizadas nas
sociedades arcaicas.
Esta obra
constitui actualmenteum
documentode
relevância acrescida paraa
compreensáoda
evolu@o do voluntariado,ao
debruçar-se sobre astrocas
voluntárias,define
o
regime
de
direito
contratuale
sistemadas
prestações económicasentre grupos
das
sociedadesditas
primitivase
também
daquelas que poderÍamos dizer arcaicas.No que diz respeito às trocas voluntárias, essencialmente de bens materiais, mas não só,
Mauss indica:
'
Na cívilizaçáo escandinaua e em bom númerode
outns, asfioas
e
oscontntos
fazem-sesob
a
forma
de
presentes,em
teoría voluntáríos,na
rcalidade obrígatoiamente dadose
retribuído.s"(Mauss, 2001: 53).Mauss
consideraestes actos
de
troca
fenómenossociais totais, uma
vez que
se revestemde
uma
complexidadede
dimensões-
religiosas, jurídicas, económicas emorais:
"Nesfes
fenón;re;nossociaig como
propomos chamar-lhes, exprinrem'se ao mesmo tempoe
de
umasó
vez Íodasas
espéciesde
instituições: reltgiosas,jurtdias
e
monis-e
esfas
potítiase
famitiarcEao
mesmg tempo;eanómia'
e esfas
supõem fonnas particularcsde
prcduçãoe do @nsumq ou
antes, daprcsÍaçáo
e
Úa distibuiçáo;
sem contarcom os
fenómenos esÍéÍÍarsa
que esúe§ fac,tosvão
dare
os
fenórnenos morfotÓgicosgue
manifestam esÍas instftui@es."Ao que Mauss acre§centa"Detúos
esÚês temas muito complexose
desta muttiplicidadede
acísas sociaÍsem
movimerúo, não queremos aqui considerar senãoum
dos aspectog prcfundo mas isolado: o @ráctervoluntáio,porassir" dízer,
apaÊntemente livre e gratuito,e
todaviafoçado
e rnfelessadoporesfas presfações" (Mauss, 2001: 53).
Mauss descreve os primórdios das trocas voluntárias que não se resÊringem às
focas
de bens materiais, podendo muitas vezes assumir as formas de amabilidades, festins, ritos,e outros, e Serem praticados atmvés de enquadramento colectivo'
Nas palavras de Mauss:
,NaE
economiase
nos
diteitosque
ptwderT,
os
nos§o§,nâo
e
obsetuamnunaa, por assim dizer, srmpíes
troas de
bens,que
ríquezasê de
pradutos no decurso deum meradopassado
entre indivídws'Em primeirc
lugar,
não setnta
de indivÍduos, tnta-sede
colecÍividades gue seobrigam
mutuamente,troam e
contrctam; as pessoas presenÍesao
antmto
sáo pessoa
s
motais: clãs, tribos, hmílias, gue se atacam e se opõem, quer emgrupos desafiando-se dircctarnente, quer por intermédio dos seus chefes, quer
de
ambasesÍas duas maneins simultaneamente'Atém disso,
o
quetroam
não sáo exclusivanente bense iquezas,
móveis eimóveis,
corsas uteis eanomicamente.
são,
antesde
maÍg
amabilidades,festins, ritos,
*rviços
militarcs, mulheres,cianps,
danças, fesúagfens
cuio mercado náoé
senáoum
dos seu§ moí??enÍose
em que
a
citculaçáo dasriquezas mais náo é do que
um
dos termos de umcontnto
muito maisgenl
emuito
mais
permanente.
Enfim, esÍas
presÍaçôes
e
conttapresbçõesembrenham-se
sob
uma
fonna
prefercncialnente
voluntáia,
atnvés
de presenfeqde
prendas,se
bem que seiam, no fundo, tígoroamente obrígatóias sobpna
de
guen'a prívadaou
púbtia.
Prcpusemos chamara
isto tudo o sisúema das presfaçôes ÍoÍaís. " (Mauss, 2001 : 56)'O
autor atribuià
Polinésia uma explicaçáo mitológicae
mágica paÍa as trocas:"aeitar
qualquer ooisade
alguémé
aeitar
qualquer coÍsada
sua essência espiritual,da
suaalma;
a
consennçâo dessacois
seia
perígosa e mortal, e ísso não apenaspoque
seríailícita,
mas também porque essa coÍsa que vem da pessoa, não apenas monlmente, mas físÍcae
espirítualnente,essa
essência, essa comida, es§es bens, móveisou
imótrcis,essas
mulheresou esses
descendenÍegesses
ritosou essas
comunhões,têm
poder mágico sobre vós." (Mauss, 2001: 68)Assim sendo,
dar
é
tão
importantecomo receber,
isto
é,
recusar receber
seria equivalente a recusar a aliança e a comunhão.Ainda com Mauss, é referido que nos Esquimós da Asia se vertficavam manifestaçôes da
teoria do sacrifício, que compreende nas trocas a dimensão do sagrado. "As dádiva§ aos homens
e
aos
deusestêm
tambémpor frnalihde
comprura
paz com
unse
ouÍros'AfasÍam-seassim os Ínaus espíritos, mais genlnrente
as
más ittftuência§, ínesmoas
não pe rson a lizadas" (Maus s, 2AO1: 72).Foram os Romanos e os Gregos que empreenderam a
distin$o
dos direitos pessoais edos direitos reais, separando
a
venda da dádivae da
trocae
distinguindoa
obrigaçâo moral e o contrato.A
civilização gregae o
império romano demonstraram também formasde
protecçãoespecial,
caracterizadapelo
espírito
de
serviço
à
comunidade'
Na
GÉcia
eram concedidosauxílios
aos
mutiladosde
gueÍTa,em
Espartaos
filhos
dos
gueneirosfalecidos
em
combate eram
protegidosaté
à
maioridade.No
lmpério Romano'
oclientelismo, não obstante a contrapartida de auxítio por favores, resultou em que muitas
famílias prestassem assistência, ainda que peculiar, aos mais necessitados.
A
difusãodo
crisüanismo impli@u uma nova concepçaoda
assistência, prestada sobprincípios
de
igualdade
e
fmtemidade.
A
lgreja
foi
gradualmente
assumindoresponsabilidades assistenciais,
à
medida que as suas estrutums se complexificavam êque ia também adquirindo cada vez mais relevo social
e
político. Assim, sob inspiraSodos valores cristÉios foram sendo criadas institui@es de prcteoçâo socialdestinadas nâo
só
a
remediar paliativamente situaçôes de carência económica, como também a acolher órfãos, viúvas, doentes ou inválidos, revelando já algum carácter de continuidade.1.2,2.
A
experiência
PoÉuguesa
A evolução do voluntariado em Portugal está intimamente ligada às formas de assistência primordialmente familiares e à assistência proporcionada por esta forma de solidariedade
primária.
"FoE do
domínio famitiare
tndicional,
as
situaçõesde
infortúnioou
de
necesidadeenantnnm
resposúas
técnias
queevoluínm
ao
tongodo
tempo
e
por
forya
das circunstâncias.A
mais
estávete
que maior
expansãoconheeu
foi
a
da
assÍsúêncÍap6rtiada dunnte
sécuíos. Cancleríza-sepeío
exercicioda
solidariedade emhvor
dosque não po4'3m
contibuir
pano
seu funcionamento. Prcdominou por iniciativa pafticulare
desenvolveu-se, sobretudo,no
quadrc institucionat ectesíástico. Esta aiuda voluntáiaaos
indigentestnduziu um
deverde
çarídade,não
isentode um
apteciávelgnu
deegoísmo, quando
a
esmola revestiua
naturezade
meiode
saluaçáo da alma." (caneira,1996:39)
Em
Portugal,desde cedo,
a
lgreja
desempenhoufunses
de
carácter
assistencial voluntário sobinspiraso
dos princípios cristãos de caridade.simultaneamente
foram
sendo instifuídas outras formasde
organizaçãoe
protecçãosocial.
As
albergarias mar@m
as
primeiras
formas
de
assistência
organizada,representando
a
mais antiga forma
de
acolhimentopara
peregrinos, mendicantes,doentes e outros que nessa pousada poderiam encontmr abrigo temporário'
Como refere Gonçalves Feneira,
em
História&
Saúdee dos
SenaÇosde
Saúde emPortugal,
'As
primeircs albergaias de gue há notícia na árca geogÉfrca que veio aser
Portugal,só
aparcem
ao
ser fundadoo
Condado Pottucalen§e oUno ameço
danacionalidade, não havendo
rqisto
delas anÍes. Devem-se pincípatmente à interuençáodas
nossas
nÍnhas,
que
prcocupadaspeto
espírito profundamente cristãocom
ocumpimento das
obrasde
mísedcórdiatáo
rccomendadas pelalgrcia,
eclesÍásÚbs e pessoas debm,
seMianm
pincipatmente à prática&
aidade,
enquanto os reís ecavaleiros
se
encontnvam empnhados nas íufas intermitentes comos
mourcse
outros rcis vizinho§e
nas
tarchs&
oryanizaÉo e
povoamentodo
pais,de
que dependia aAs albergarias e outras instituiçôes similares espalhamm-se por todo o país, sustentiadas
pelos seus fundadores, instituidores, confrarias ou por financiamento régio.
Foram criados
os
hospitais, dedicados exclusivamenteao
acolhimentoe
tratamento de doentes; as gafarias, dedicadas ao acolhimento de leprosos; mercearias, instituiçÕes queinicialmente serviam
para
recolhimento espiritualmas que
assumiram posteriormentecaÉcter
mais caritaüvo, dando origem aos asilose
hospícios;e
desdeo
séculoXlll,
as confmrias, instituiSes de carácter associativo e popular insütuídas pelos "homens-bons"ou mesteirais, também com fins caritativos.
O
período da erpansão marítima portuguesa assumiu repercussões sociais específicas,determinadas
por
novos
problemas
sociais
aliados
à
conjuntum
da
época'nomeadamente, a proliferação de órfãos' viúvas e doentes'
O
ano
de
14gg marca
a
fundação
das
lrmandadesdas
Misericordias, instituiSesinspiradas nas confrarias, sob
a evoca$o
de Nossa Senhora da Miseriórdia.A
RainhaD. LeonOr ÍOi, cOmO Se sabe, a grande responsável, Sob "inSpiração", çqmo se presume' de Frei Miguel Contreiras.
A
partir deste período verifica-se um período de expansáo de instituições partio.tlares de assistência social que deconeu atéao
séculoX/ll,
e a
sua acção potenciouo
espírito solidário, da participaSo dos indivíduos, muitas vezes baseado nos princípiosda
lgrejaCatólica.
As confrarias surgem çgmo associaSes voluntárias de indivíduos unidos pelo vínculo de
caridade
ou
irmandade,por
oposição
ao
grémio,
que
era
corpora$o
profissiona! obrigatória.No século
x/ll
foi dado um importante passo para a implementação da assistência socialpública em Portugal, uma vez que no ano de 1701 é publicado um dos primeiros decretos
sobre
a
mendicidade.E em
1780foi
fundadaa
Casa Pia
de
Lisboa,um
marco naimplementa$o da assistência social pública em Portugal'
A responsabilizaSo crescente do Estado foiemergindo à medida em que se acentuava a
falta de unidade entre a lgreja e o Estado. A intervenção crescente do govemo central na administmçao da assistência pública evoluiu a par dos fenómenos da Industrializa$o' da
concentÍaÉo urbana e novas formas de
organiza$o
de tmbalho, designadamente com oaparecimento de sindicatos.
É
entendidoque
Portugal,em
princípiosdo
século
XX,
atravessaum peíodo
de laicizaçãoda
sociedade associadaao
positivismoe
ao
cientismo, reflectindo-se estefenómeno
em
alguns aspectos
que
nos
interessam
na
abordagem histórica
dovoluntariado.
Como
podemos constatar,
um dos
efeitos
deste
pensamentoé
odesenvolvimento das ciências, tais como
a
medicina e as ciências sociais, que, por suavez, váo
influenciara
orientaso
de
serviços médicose
sociaise a
necessidade de actividadesque até
aí
eram
exercidaspor
religioso§ou
voluntários passarama
serdesenvolvidas por profissionais.
Daqui depreendemos
que
o
voluntariado assumiuum
papel importantenos
séculosanteriores, ainda que revestido, do carácter religioso que o acompanhava'
A
questão da profissionalização,por
oposiçãoao
serviço voluntário,é
concretamente apontada pelamédica Branca Rumina,
que
em
1925,
com
uma
especializaçáoem
França
econhecedora
de
práticasde
serviço socialem vários
paísesda
Europae
nos
EUA' defendea
profissionalizaçáo das assistentes sociais, reconhecendo queo
facto de serremunerada
não
diminuia
possibilidadede
a
pessoase
dedicarao
serviço,com
a vantagem de o trabalho ser efectivamente feito, o que nem sêmpre acontece nas acçõesvoluntárias. (Martins, 1999)
A
isto se
acrescentaque
"A
referênciade
em
todaa Eurcpa
srlremas
mulhercs dos médicosas assisfentes benévolas do Seruiço Sociaí hospitatareas
senhons das cíassesabastadas colabonrem com as oDras de
caidade,
fá-la aprcsentar noll
Congresso dasMiseicórdias (1929)
a
prcpostapan
queem
ada
MisericÓdiade
prcvÍncia passe aexistir
um
pequeno seruiçode
assísÍência
sociat. Propõea
criaçáode
núcleos de assísÍenúes socÍais profissionaisiunto
das Misericódiasde
üsboae
Porto, para irem àsoutns
Misericódias oientaras senhoras assisÍenÍes benévolas."(Martins, 1999: 78)Embora sem dados mais apurados, não podemos contomar este perfil que caracleizava as formas de voluntariado no nosso país. Na sua grande maioria praticado pelo género feminino, a acção benévola, mais entendida como caritativa, em reflexo da denominada
boa
vontadedas
senhorasde
níveis socio-económico médioe
elevado, assente em costumese
princípios não de todo destituídosde
alguma conotaçáo moral. Quanto ao carácter caritativo desta intervenção social mais se irá explicitar'É importante recordar que no início do século XIX a organização da caridade em Portugal
é
influenciada particularmente pela criaçâo em França das Damas da Caridadee
Filhas da Caridade e pelas Conferências de São Vicente de Paulo iniciadas em 1833, em Paris'Em 1819
é
admitidaem
Portugala
congregaçáodas servas dos
pobres, tambémconhecidas pelas Filhas de Caridade, que visitavam os pobres nos seus domicílios, nos hospitais
e
na Casa pia. As primeiras Conferências de S. Vicente de Paulo são criadasna
paróquiade santa
Justae
Rufinaem
Lisboa,em
1859. Registando um incremento nas décadas seguintes, funda-se uma em coimbm, em 1880. Nessa altura a polémica no seio destasorganiza@s é a
oposição entre caridade e filantropia e enÚe caridadee
a 'caridade oficial", @mo refere Alcina Martins (1999)'Em
1901é
publicadoo
Regulamento Geraldos serviços de saúde
e
BeneficênciaPública.
Por
sua vez,
o
Conselho Superior
de
Beneficência,como
preüsto
noRegulamento, para além de funt'oes de coordenação dos estabelecimentos e serviços de
benefiéncia de
Lisboa subordinados ao Ministériodo
Reino,é
incumbido de estudar aorganização
dos
serviçose
insütuiçôesde
assistênciapública
com
o
objectivo de remodelaSo e reorganizaçáo da assistência."À
prcposhde
teisoÔre a AssrsÚênciaPúblia,
de
1903,é
desena&ada
umaforte
oposi@opor
pafte
das
Miseicórdiase
otganizações particulates, quevêem nela um
afronh
e ingeréncia àsua adminislnfio,
pla
perdado
resto dasua
independência. Algumas posiçõescomo Artur
de
Maçdo
e
Leite
de Magatháes são reveladons: "evitem'seas
tigaçôes íntimas, os consórcios da assisÍência púbticacom a
particular, porquehá
disparida&
&
organizações: umaé
fria, flgida;pan
elaos
indigenÍes sãoo
motivo d-umafunfio
pública'd'um
or*nado;
enquantona
assísféncia tivrehá
caridade individual, paixão,amor
que animae
insÍiga, conente gueamsta
amigos e até indÍferenÍes como. auyiliares nagnnde obn
de attruísmo;a assÍsÍênciapafticularconlree
melhor,tem
retaç&smais
íntirnas com os neessiúados e corn fodas as neoessÍdades' As relaçôes enfieas
duas devem seruniamente
as doconh*imento
íntimo doque cada uma
hz,
pan
que
náohaia
teparti@o excusadaou
imerecÍda&
auxílio
ou
esmola" (Revistia Medicina contempoÉnea,29
de Janeirode
í905, cit. Martins, 1999)."
Denota-se aqui um paralelismo entre as instÍtuições particularese
os valores atribuídos ao voluntariado.os
principais problemas
da
assistência
era por um
lado,
a
desorganizaÉo,
adescoordenaçâo e a falta de coopemção entre instituições públicas e particulares e, por outro lado, a falta de participação de voluntários, fundamentalmente a colaboração activa
das
mulheres
em
organizaçôesde
assistência,
nos
dispensários
e
hospitais'
à semelhançado
que
acontecia
em
países
como
os
Estados Unidos' Inglatena
eAlemanha. (Martins, 1 999)
As institui$es de
assistência particular vivemma
suafase de
renascimento entre osfinais
de
1973e a
primeira metadede
1974. Nestafase
renascea
confiança nestas insütui$es.Este
foi
um perÍodo muito relevante, no campo legislaüvo. Das várias leise
decretos-lei destacamoso
preâmbulodo
Decreto-lei n.o 413f71 de27
desetembro' o
qual reflecleaquilo
que esta
época
representou:'dada
a
pragressivaexpanáo
do
âmbito
eaçÍividades
da
prcvidênciae
as
óbvias
inter-relaçõegé
de
prcver
mesmoque
aassisÍência sociat venha no futuro
a
constituir com aquele seçÍor um coniunto de serÚços nitidamente defi nido e difercnciado."Mesmo com toda§
as
alteraçôes tegislativase
a
consciencializaçáodas
necessidadessociais, permaneceu
uma
desprotecçáo crescenteentre
as
reais
necessidadese
os meiosde
resposta disponíveis,a que
náoé
indiferentea
inexistênciade
uma política socialglobal.É
nestas circ,unstância§ que,em
1976,se
consagra pela primeiravez em
Portugal asegurança social e a saúde como um direito de todos
(Constituiso
da Republica-
artigo63.0 e 64.0, resPectivamente)'
O
Estado assume desta formaa
responsabilidade sobrea
segurança sociale a
saúdeperante
todos
os
cidadãos,
o
que
significa
um
importantemarco
na
história
dovoluntariado,
uma vêz que esta
responsabilidade durante muitotempo
foi
assumidaquase
exclusivamente
por
aquelas
institui@es/congregaçõesque
apresentámosanteriormente, quer no âmbito da segunança social, quer no âmbito da saúde'
E
o
voluntariado? Qualé
agorao
papel atribuído ao voluntariado? Este fica, em muito' dependente da promoção que dele é feita pelo Estado' E em Portugal esteé
um temaEsta temática
começoua
ser
estudadano
âmbitodo
Ministériodo
Trabalhoe
da solidariedadea
partirde
1995, mas apenas em 1998é
aprovada legislaçáo específica sobre voluntariado-
a
lei 71198-
e só
em 2@0é
criadoo conselho
Nacional para a PromoSo do Voluntariado.A Lei
7'llg8 estabelece as bases do enquadmmento jurídico do voluntariado, aplicando-se a um tipo restrito de voluntariado: a actividade de interesse social ou comunitário' náo remunerada, @ntinuada, realizada no âmbito de uma organização prcmotora' segundo um projec{o ou progpma, nos domínios cívico, da acçáo social, da saúde, da educação'da ciência
e
cultura, da defesa do paÚimónio e do ambiente, da defesa do consumidor'da
cooperação parao
desenvolvimentoda
vida associaüvae
da
economia social' dapromoSo
do voluntariado e da solidariedade social'A
Lei do voluntariado estabelece ainda os princípios enquadradores do voluntariado' osdireitos
e
deveres dos voluntáriose a
regulamenta$o dasrela@s
entre voluntários e organiza@es Promotoras.No ano
seguinte,o
Ministériodo
Trabalhoe
da
solidariedade aprovaum
decreto-lei(389/99)
que
procedeà
regulamenta$o
específicados
princípios previstosna
lei'nomeadamente
os
requisitos
das
organizaçõespromotoms,
a
obrigatoriedade deemissão de um cartão de identificação do voluntário, o enquadramento dos voluntários no regime
de
seguro social voluntário,os
direitos laborais conferidos aos voluntários' asnormas
de
constituição cteum
progplmade
voluntariadoê a
criaçãodo
ConselhoNacional paÍa a Promoção do Voluntariado'
o
ano de 2001foi
um ano decisivo na história do voluntariado'o
Ano lntemacional dos Voluntáriosfoi
proclamado pela Assembleia das Nações Unidas' permitindo desta formauma maior atenção da comunidade intemacional sobre o envolvimento no voluntariado' que existe na maioria das sociedades. Por isso mesmo, procedemos a uma análise' doS objectivos, programas e actividades desenvolvidas dumnte este ano'
Na resoluçã
o
55157 de4 de
Dezembro de 20@ a Assembleia Geral encorajou todos osgovemos, os organismos das Nações unidas e outros intervenientes nesta âtea a tomar
medidas possíveis
para
promover
o
voluntariado, evidenciando,desde logo,
uma.
'A
contibuifio
signifrativa
dos voluntáríos, nosresqcÍivos paÍses'
pan
o aumentoda
prote$o
socia,e
paraa
satisfa$o das
aspiraçôesdos
cídadãosnum
contertode
methoia do bem estar económicoe
social, cuiotnbalho tnduz
a participaçáoda
socidade civil, bem como
o
seu impottante
papel,no
planointemacional,
pan
a
ancretização
dos
obiec'tivosde
desenvolvimenÍo dosdiversos EsÍados npumbros;
.
A
impoftânciados noyos
actores, sobrctudoiúÍvíduos
e
oryanizaçôes dasociedade
civit,
agindo, a nívelloal,
nacionale
intemacional, emparceia
com osGovemos, conforme
foi
destaado
pela
Dectançáode
copenhaguesoôre
oDesenvolvimento Sociale pelo Prognma da Cimein Mundiat
do
Desenwlvimento Social;.
Aconvicéo de
queo
esforço dos voluntáiosé
mais do que nun@neessário
-faceaoimpaÇÍenegativodeprcblemasg/obaigcomoadqndafioambiental,
a
pobrcza,o
abusode
drcgase
a
sida, sobre ossec{oes
mais vulneráveis dasocidade
-
ede
quea
sociedade civil, em patcería comos
Govemos eo
secÍorpivado,
assumitá
ír,da
vez
maiorcs
rcsponsabilidadesno
pro@sso
dedewnvolvimento;
.
A assisfê ncia preslada petos voluntáriosdas Àíaçôes Unidas, em pafticular, àsorganizaçõesaopençõesdasNaçôeslJnidasnasárcasdo&senwlvimento
económico
e
social,da
ajuda humanltáiae
da promo@o&
paz,democncia
ercspeitopeíosdircitoshumanose,sobretudo,peloempenhamentoemfazer
chqarestes
esfoçosàs
populaçôes destinatáiasdo
seu tnbalho"'portugal, como membro
da oNU,
associou-sea
esta iniciativae o
Govemo Português insütuiua
comissão
Nacional parao Ano
lntemacional dos Voluntários(cNAlv)'
que começoua
desenvolveras
suas aclividades desde Janeirode 2001'
definindo desdelogo, os seus objectivos
pap
o Ano lntemacionaldos Voluntários em Portuga!:.
"contríbuir pana
etabon$o
deum
plano nacionalde
promo$o edivulgafio
dotnbalho
voluntário;Propor
mdidas
que permitamo
aprofundanpnto do conhecimenÍo sobre osI
t
tdentifrar
os
neiose
as
fotmas adequadaspan
que
um númercca&
vez maior depes§oa§ se ínÍeresse peta rcalização dotnbalho
voluntáio;.
Cantibuir
pan a implementaçáo de um stsfema de informaçáo com vistaa
serciada
uma
rede decomuniaçáo
e intercâmbiode
exemplose
toas
práticas" dos voluntáios;.
Promovera
colaborrÉo
cgmas
escníase
comas
unÍverciÚades tendo emvista
o
estudoe
desenvolvimentode
prciectose
prcgl;4as
inentivadores do voluntaiado iovem;.
Ciar um
site que
disponibitize amplainforma$o sobre
as
váias
áreas einiciativas enquadndas ern acções
de voluntaiado,
possibilÍtando um píooessode
ansulta
entrc todosos
interuenientese
interessados." (Comissão Nacional para o Ano lnternacional dos Voluntários,2001: 9)o
Progmmade
Actividadesdo
Alv
faz
ressaltaro
reconhecimentoe
a
promoção do voluntariado, a divulgação o AIV por todo o país, a sensibilização da população em gerale o reconhecimento da acçáo dos voluntários pam o desenvolvimento social, numa lógica
de
promo$o
do voluntariado.Este
Programa estruturou-seem três eixos
de
desenvolvimento:o
conhecirnento e Aprofundamentodo tema, fazendo estudos de opinião sobre voluntariado, caracteriza$odo
voluntariadoem
Portugal, identificandoos
pontos
críticos/zonasde
conflito
novoluntariado
em
Portugal,
etc.,
a
Promofio
e
Divutgaçáo
Estntégia,
do
Anolntemacional
dos
Voluntários,das
actividades própriasda
Comissão NacionalAIV
epatrocinando a elaboraçao de Estudos no âmbito do conhecimento e aprofundamento do voluntariado
em
Portugale
porfim, a organizaso
de
Eventose
lniciatiuas, encontros' exposições, @ngressos, etc.No final deste ano ficava
a
esperançaque
o
Estado reconhecesseo
voluntariado'facilitasse o seu trabalho e concedesse apoios para a
formaÉo
e outros fins. (Comissãoí.3.
O
VOLUNTARIADO NA SOCIEDADE
DE
BEM'ESTAR
o
voluntariado eo
Estado de Bem-Estar são insütuiçôes sociais que surgem de forma adar resposta às necessidades humanas.
o
voluntariado é uma instituição que se ediftcou a partir de transformaioese
mudançasculturais, nomeadamente, a revolução do tempo de trabalho, a eclosão da cidadania e as
políticas
de vida
quotidiana,que
procuram novas formasde ajuda'
Neste sentido' as contribuiçõesdo
voluntariado paraa constru$o de
uma sociedade mais participaüva' justa e solidária são, hoie, inquestionáveis.Também
o
Estado de Bem-Estar tem @mo finalidade reduzir as desigualdades, tem umestatuto
de
protecçáo porque desempenha funçoes providenciais.A
sua
Iegitimidadenasce a partir do momento em que para além de ter como missáo a Defesa, deve manter
a coesão socialou manter a ordem e salvaguardar a Justiça
Estas
duas
realidades-
Estadode
Bem-Estare
Votuntariado-
nas@rampara
dar respostaàs
necessidades humanas, comojá foi
referido,e
precisamtirar
proveito dassuas afinidades
e
potencialidadês,no
sentidode
contribuir paraa
construçáode
uma sociedade mais participativa, justa e solidária' (Roca, 2@2)O Estado de Bem-Estar "nas@ gomo uma espécie de guarda-chuva
protec{of'
nasce nasequência
da tl Guena
Mundial,foi
este conflito quefez
recreara
vinculação social e rcÍazeros lugares de protecção que se tomaram ineficientes durante a gueÍra' Haüa umadívida da comunidade face às vítimas de guena'
o
Estado começa a desempenhar outrasfunses
para além daquelas relacionadas com as Finanças eo
Exército. Rapidamente se compreendeu queo
Estado poderia protegeros
cidadãos, gamntir sistemasde
segumnça sociale
cuidar daqueles que não têm osrecursos mínimos
de
sobrevivência'A
doença,a
orfandade,a
velhice'a
viuveze
aincapacidade
eram
as
grandes
necessidades humanase
constituíram,de fac{o,
os objectivos e fundamento para o nascimento do Estado de Bem-Estar'Tomava-se agora
necesúrio
recrearo
pacto social, entreos
doentese os
saudáveis'entre desempregados
e os
Úabalhadores, entre jovense
idosos, sendo oS doentes edesempregados protegidos pelos saudáveis, trabalhadores e jovens'
o
dinamismo inerenteao
Estado
de
Bem-Estar encontra-se relacionadocom
este compromisso activo e solidário entre oS que podem e oS que não podem' entre os que se encontram saudáveis e os que estão doentes, os que podem trabalhar e os que carecem de trabalho. Esta camcterística solidária que sustenta e alimenta o pactosociale
sobre a qual se constroem os sistemas de protecção, simbolizaa
ligaçâo entre o voluntariado e as conquistas do Estado de Bem-Estar'o
Estadode
Bem-Estar consubstancia-seem três
pilares:o
compromissode
pleno emprego,a universalizaso
dos serviços sociais (ectuca$o, saúde, habitação' etc')e
acriaçáo
de um
disposiüvo assistencial para aquelesque
podemvir
a
ficar
à
margemdestes disposiüvos, sáo entendidos como uma questão de direito' (Roca, 2AO2)
Efectivamente,
a
passagemda
beneficênciaao
direito constituiu uma primeira etapa' neste processo deconsolidaso
do Estado de Bem-Estar, sendo a segunda a passagemda assistência à PrevenÉo.
o
Estado de Bem-Estar não se configura num modelo homogéneo e estanque,e
neste sentido, Roca (2002) apresenta-nos de seguida, as diferentes "'rariantes" que o revestem'Os
defensoresde
um
modelo
conservadorde
Estado
de
Bem-Estar propõem-serestaurar
a
ordem natural da comunidade. Esta perspectiva defende que os govemos eos
mercados atendem
mal
as
necessidadessociais, propondo-se recuperar
oSdinamismos
comunitáriosna
resoluçáo dessas neessidades, cabendo assim
àsinstituições primárias (como a família e os vizinhos) proporcionar cada vez mais serviços básicos e assistência às Pessoas.
Em consequência desta retirada do Estado, retomarão os sentimentos cívicos ao mesmo
tempo que
se
recuperamas
estruturas pré-modemase
as
relases
comunitárias'incluindo neste quadro o voluntariado como a linha condutora do espírito democÉtico'
Existe