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Superar limites e vencer desafios: motivos que levam os jovens a praticarem o atletismo

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

LUCAS DIEGO FELIPE DOS SANTOS

SUPERAR LIMITES E VENCER DESAFIOS: MOTIVOS QUE LEVAM OS JOVENS A PRATICAREM O ATLETISMO

NATAL/RN 2019

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LUCAS DIEGO FELIPE DOS SANTOS

SUPERAR LIMITES E VENCER DESAFIOS: MOTIVOS QUE LEVAM OS JOVENS A PRATICAREM O ATLETISMO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, como requisito para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física, sob a orientação do Professor Mestre José dos Santos Figueiredo.

NATAL/RN 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Santos, Lucas Diego Felipe dos.

Superar limites e vencer desafios: motivos que levam os jovens a praticarem o atletismo / Lucas Diego Felipe dos Santos. - 2019.

23f.: il.

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação em Educação Física) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Educação Física. Natal, RN, 2019.

Orientador: José dos Santos Figueiredo.

1. Atletismo - Adolescentes - TCC. 2. Esporte - TCC. 3. Motivação - TCC. I. Figueiredo, José dos Santos. II. Título. RN/UF/BS-CCS CDU 796.42-053.6

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FOLHA DE APROVAÇÃO

A apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “SUPERAR LIMITES E VENCER DESAFIOS: MOTIVOS QUE LEVAM OS JOVENS A PRATICAREM O ATLETISMO”, apresentado por Lucas Diego Felipe dos Santos, contou com a participação da seguinte banca:

________________________________________________ José dos Santos Figueiredo - UFRN

Presidente da Comissão Examinadora

________________________________________________ Elmir Henrique Silva Andrade - UFRN

Examinador Interno

________________________________________________ Rui Barboza Neto - UFRN

Examinador Interno

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais em especial. A todos os que vivem em busca de um mundo melhor.

Aos que vivem intensamente o presente. Aos que acreditam no poder da Educação Física e do Esporte.

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AGRADECIMENTOS

Às pessoas de boa vontade que me ajudaram/ajudam.

Aos meus alunos que me fazem crescer enquanto ser humano. Aos que me incentivaram/incentivam a seguir em frente.

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RESUMO

O esporte faz parte da cultura humana, se difundindo desde a vertente escolar até o esporte-espetáculo. A adesão, persistência e abandono da prática de modalidades esportivas, por parte dos jovens, se justificam por elementos motivacionais atrelados a uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos. Indiretamente, não só a representatividade olímpica de uma nação depende da massificação do desporto, mas também, face ao crescente número de casos de sedentarismo, a qualidade de vida dos adultos. Entender quais as razões que levam as crianças e adolescentes a praticarem esporte é uma necessidade cada vez mais emergente. Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi identificar quais os motivos que levam os atletas escolares a praticarem o atletismo. Para tanto, foi utilizada uma amostra composta por 50 atletas de ambos os sexos, com média de idade de 15,68 (desvio padrão = 1,39), participantes de uma competição de caráter nacional. Os sujeitos foram avaliados, quanto aos atributos motivacionais que os impulsionam a prática esportiva, por meio do Participation Motivation Questionnaire de Guedes e Netto (2013). Os resultados evidenciaram que a competição e competência técnica são as dimensões que mais motivam os atletas escolares, ao passo que reconhecimento social e

emoção são as que menos motivam. Os achados apontam para uma

necessidade de revisão do ideário motivacional baseado no sucesso em exigências técnicas e competitivas. A literatura científica carece de estudos longitudinais que abordem esta temática.

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ABSTRACT

The sport is part of human culture, spreading from the school to the spectacle sport. The adherence, persistence and abandonment of sports practice by young people are justified by motivational elements linked to a series of intrinsic and extrinsic factors. Indirectly, not only the Olympic representation of a nation depends on the massification of sport, but also, in view of the increasing number of cases of sedentary lifestyle, the quality of life of adults. Understanding the reasons that lead children and adolescents to play sports is an increasingly emerging need. In this sense, the objective of the present study was to identify the reasons that lead school athletes to practice athletics. Therefore, a sample composed of 50 athletes of both sexes, with a mean age of 15.68 (standard deviation = 1.39), participating in a national competition, was used. The subjects were evaluated regarding the motivational attributes that drive them to practice sports through the Participation Motivation Questionnaire by Guedes and Netto (2013). The results showed that competition and technical competence are the dimensions that most motivate school athletes, while social recognition and emotion are the least motivating. The findings point to a need for revision of motivational ideas based on success in technical and competitive requirements. The scientific literature lacks longitudinal studies that address this theme.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO...9 METODOLOGIA...11 RESULTADOS...13 DISCUSSÕES...16 CONSIDERAÇÕES FINAIS...20 REFERÊNCIAS...22

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9 Introdução

O esporte faz parte da história da humanidade desde os primórdios da civilização grega, quando se disputavam os jogos olímpicos da antiguidade (SONOO et al., 2010). Seja como praticante ou espectador, o homem está associado ao desporto há muito tempo. Assim, é inegável a importância do esporte em nossa sociedade. É possível classificar o esporte de acordo com a sua finalidade em três subgrupos: (1) esporte-educação (propósito de formação para a cidadania), (2) esporte-lazer (propósito de prática esportiva voluntária, onde o prazer torna-se essencial) e (3) esporte de rendimento (que se baseia na competitividade e na busca pela vitória) (TUBINO e MOREIRA, 2003). Dessa forma, o desporto pode estar presente desde uma forma pedagógica nas escolas até como uma profissão na fase adulta. Dentre os fenômenos sociais, o esporte é um dos que mais promovem a inserção. Quando se trata da juventude, a prática do desporto se apresenta como uma das principais manifestações sócio-culturais e é responsável pela construção da identidade deste público.

Tendo em vista a relevância do esporte no nosso cotidiano, é de se notar a evolução na investigação das vertentes do esporte. “Desta forma, o esporte contemporâneo tem agregado em torno de si um número cada vez maior de áreas de pesquisa, constituindo as chamadas Ciências do Esporte” (COIMBRA et al., 2008), dentre elas podemos destacar a psicologia do esporte que, segundo Samulski (2009), é o estudo dos comportamentos das pessoas dentro das vertentes do esporte, exercícios físicos e suas devidas aplicações de conhecimento, buscando se apropriar de forma específica a modalidade abordada nas suas teorias e métodos psicofisiológicos, vindo a contribuir com um maior entendimento do esporte como um todo.

Dentre as variáveis da psicologia do esporte, a motivação é, certamente, umas das mais estudadas, dada a sua relevância no que se refere a adesão, persistência e abandono da prática de modalidades esportivas. Neste sentido, na literatura científica é possível encontrar uma infinidade de definições para a motivação. Uma das mais difundidas é aquela proposta por Samulski (2009), a qual conceitua o vocábulo em questão como um processo ativo e intencional dirigido a uma meta; tal processo possui dependência de fatores pessoais/intrínsecos (motivação intrínseca) e de fatores ambientais/extrínsecos (motivação extrínseca). De modo mais

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10 aprofundado, a motivação intrínseca diz respeito a realização da atividade em busca da satisfação promovida pela própria atividade, ao passo que, em sentido oposto, a motivação extrínseca está relacionada à satisfação oriunda de recompensas externas à atividade (RYAN; DECI, 2000).

A partir da década de 1980, tornaram-se comuns as investigações científicas que buscavam elucidar, em jovens atletas, os aspectos motivacionais para a prática esportiva (CECCHIN; MÉNDEZ; MUÑIZ, 2002). A maior parte destes estudos são de natureza descritiva e se baseiam no uso de questionários que, normalmente, solicitam ao entrevistado o grau de importância de diversos itens, os quais, em tese, interferem na motivação para a participação desportiva (WEINBERG et al., 2000). Pesquisas desta natureza tornam-se cada vez mais importantes, uma vez que os jovens atuais não só são menos ativos que os das gerações passadas (PELEGRINI; SILVA; PETROSKI, 2008), mas também porque há uma relação entre o comportamento ativo na infância e adolescência e o estilo de vida saudável na vida adulta.

Dentre a enorme variedade de modalidades esportivas existentes ao redor do planeta, por englobar os gestos motores básicos de correr, saltar, arremessar e lançar, o atletismo é o esporte que melhor atende às demandas motoras de um vasto leque de atividades humanas (ANDRADE; COUTINHO, 2019). Ademais, ele tem a capacidade de desenvolver fundamentais aspectos de personalidade que contribuem para estruturar o ideal de cidadania (GOMES, 2008).

No tocante ao desenvolvimento do atletismo no Brasil, dada a deficiência estrutural dos clubes em fomentar o esporte, é normalmente na escola que as crianças e adolescentes tem o primeiro contato com o desporto em xeque. Levando em consideração a permanência no esporte, surge, portanto, a figura do atleta escolar/estudantil, que concilia a formação esportiva e a formação acadêmica. Face a esta realidade, o Comitê Olímpico Brasileiro promove anualmente os Jogos Escolares da Juventude, a maior competição estudantil do país, com a participação de moças e rapazes de todo o território nacional, em duas faixas etárias que compreendem idades entre os 12 e os 17 anos (COB, 2019).

A representatividade olímpica de uma nação está atrelada fortemente ao grande quantitativo de praticantes nas categorias de base. Tal constatação tem uma explicação lógica: quantos mais pessoas conhecerem os esportes ao longo do processo de formação humana, maior a possibilidade de uma destas vir a ser um atleta de elevada qualificação. No entanto, o produto final de uma política nacional de

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11 promoção ao esporte não se dá apenas na conquista de medalhas e prêmios em grandes competições, mas também na difusão da prática esportiva como forma de se exercitar e, sendo assim, de manter um estilo de vida ativo e saudável.

Na contemporaneidade, uma das maiores preocupações da saúde pública é o alarmante incremento do sedentarismo, o qual se configura como fator de risco para o surgimento de doenças crônico-degenerativas. Há, pois, uma relação inversa entre o gasto calórico do sujeito (oriundo da realização de atividades físicas) e a ocorrência de patologias do sistema cardiovascular (FERREIRA; CASTIEL; CARDOSO, 2012).

Dada a necessidade de se entender quais as razões que levam os jovens brasileiros à prática do atletismo, uma vez que elas podem influenciar diretamente na permanência destes no esporte e, por conseguinte, (1) na adoção de um estilo de vida, na fase adulta, pautado na prática de atividade física ou (2) no prosseguimento da carreira esportiva com vistas ao alto rendimento, parece ser necessária uma investigação que esclareça quais são estes elementos motivadores. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi identificar quais os motivos que levam os atletas escolares a praticarem o atletismo. A hipótese testada foi a de que os estudantes-atletas tem como cerne da motivação o ato de competir.

Metodologia

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo descritivo, pois “tem como objetivo primordial a descrição de características de determinada população” (GIL, 2002). É um trabalho científico de natureza quantitativa, com abordagem transversal.

Amostra

A amostra foi composta por 50 jovens, praticantes de atletismo, de ambos os sexos (faixa etária entre 13 e 17 anos), participantes dos Jogos Escolares da Juventude 2019, realizados em Timbó/SC. A seleção da amostra foi feita de forma aleatória. A participação na pesquisa foi de caráter voluntário.

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12 Após o recrutamento da amostra, no período pós-competição, foram explicados os objetivos da pesquisa e os procedimentos a serem realizados. Houve, neste instante, a coleta de dados demográficos (nome, idade, sexo e estado no qual reside). Em seguida, os motivos que levam a prática esportiva foram avaliados por meio do Participation Motivation Questionnaire (PMQ). Cada atleta estudantil respondeu individualmente ao questionário e em apenas um único momento.

Instrumentos

Em conformidade com o exposto na seção anterior, para a realização deste estudo foi utilizado o Participation Motivation Questionnaire (PMQ), inicialmente proposto por Gill et al. (1983) e traduzido e validado para os jovens brasileiros por Guedes e Netto (2013). Tal instrumento, na sua versão original em inglês, tem sido um dos mais empregados nas investigações científicas que avaliam a motivação para a prática esportiva. O PMQ é um questionário composto por 30 itens, no qual o participante assinala sua resposta a cada um deles através de uma escala de 1 a 5, do tipo Likert. O entrevistado responde a seguinte afirmação: “Eu pratico esportes para:”, indicando a opção que melhor se associa com a sua escolha, em um espectro que tem como extremos o 1 (nada importante) e o 5 (muito importante). Os itens avaliados se agrupam em 8 fatores de motivação: reconhecimento social, atividade de grupo, aptidão física, emoção, competição, competência técnica, afiliação, diversão. Cada um destes grupos pode obter uma pontuação mínima de 1 ponto e máxima de 5 pontos, conforme mostra a figura a seguir:

Figura 1: Fatores de motivação do PMQ

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13

Análise de dados

Foi realizada, preponderantemente, a estatística descritiva dos dados (média e desvio padrão). Para tanto, usou-se o software Excel 2016, da Microsoft Corporation, para a análise estatística das informações.

Resultados

A amostra apresentou média de idade igual a 15,68 (desvio padrão = 1,39). Foram 22 moças e 28 rapazes, predominantemente da região Nordeste do Brasil. A Tabela 1 exibe, levando em consideração a amostra completa, a pontuação e o desvio padrão para cada um dos 8 fatores de motivação do PMQ:

Tabela 1: Dimensões - Geral

DIMENSÕES – GERAL RECONH E CIM E NT O S OCIA L A TIV IDA DE DE GRUPO A P TIDÃO FÍ S ICA E M OÇÃ O COM P E TIÇÃO COM P E TÊNCIA TÉCNICA AFIL IA ÇÃ O DIV E RSÃ O MÉDIA 3,40 3,76 4,01 3,56 4,46 4,41 3,80 3,79 DESVIO PADRÃO 0,80 0,87 0,88 0,98 0,73 0,69 0,70 0,76

Fonte: Autoria própria

A Tabela 2 oferta as mesmas informações anteriores, aplicando um recorte para os atletas do sexo masculino:

Tabela 2: Dimensões - Masculino

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14 RECONH E CIM E NT O S OCIA L A TIV IDA DE DE GRUPO A P TIDÃO FÍ S ICA E M OÇÃ O COM P E TIÇÃO COM P E TÊNCIA TÉCNICA AFIL IA ÇÃ O DIV E RSÃ O MÉDIA 3,59 3,87 4,18 3,69 4,45 4,38 3,81 3,83 DESVIO PADRÃO 0,79 0,92 0,73 0,89 0,81 0,70 0,64 0,81

Fonte: Autoria própria

A Tabela 3, por sua vez, expõe os dados para os atletas do sexo feminino:

Tabela 3: Dimensões - Feminino

DIMENSÕES – SEXO FEMININO

RECONH E CIM E NT O S OCIA L A TIV IDA DE DE G RU P O A P TIDÃO FÍ S ICA E M OÇÃ O COM P E TIÇÃO COM P E TÊNCIA TÉCNICA AFIL IA ÇÃ O DIV E RSÃ O MÉDIA 3,16 3,61 3,78 3,39 4,48 4,45 3,79 3,73 DESVIO PADRÃO 0,77 0,80 1,01 1,07 0,63 0,69 0,78 0,69

Fonte: Autoria própria A Tabela 4 mostra os itens do questionário em questão que, na população geral, obtiveram as maiores pontuações:

Tabela 4: Itens - Maiores pontuações - Geral

ITENS COM MAIORES PONTUAÇÕES – GERAL

(16)

15

26 – “Vencer desafios” 4,56

23 – “Superar limites” 4,54

1 – “Melhorar as habilidades técnicas” 4,48

Fonte: Autoria própria A Tabela 5 elenca os itens do questionário em questão que, dentre os homens, obtiveram as maiores pontuações:

Tabela 5: Itens - Maiores pontuações - Masculino

ITENS COM MAIORES PONTUAÇÕES – MASCULINO

ITEM PONTUAÇÃO

20 – “Competir” 4,54

23 – “Superar limites” 4,50

1 – “Melhorar as habilidades técnicas” 12 – “Fazer algo em que sou bom”

15 – “Fazer exercício físico” 24 – “Estar em boas condições físicas”

4,46

Fonte: Autoria própria A Tabela 6 evidencia os itens do questionário em questão que, dentre as mulheres, obtiveram as maiores pontuações:

Tabela 6: Itens - Maiores pontuações - Feminino

ITENS COM MAIORES PONTUAÇÕES – FEMININO

ITEM PONTUAÇÃO

26 – “Vencer desafios” 4,82

29 – “Divertir” 4,73

23 – “Superar limites” 4,59

Fonte: Autoria própria Na Tabela 7 estão os itens que possuem as menores médias, na população geral:

Tabela 7: Itens - Menores pontuações - Geral

ITENS COM MENORES PONTUAÇÕES – GERAL

ITEM PONTUAÇÃO

25 – “Ser conhecido” 3,04

3 – “Ganhar dos adversários” 3,06

(17)

16 Fonte: Autoria própria Na Tabela 8 encontram-se os itens que, para os homens, tem menor relevância para a prática esportiva:

Tabela 8: Itens - Menores pontuações - Masculino

ITENS COM MENORES PONTUAÇÕES – MASCULINO

ITEM PONTUAÇÃO

19 – “Sair de casa” 3,14

9 – “Satisfazer a família ou os amigos” 3,18

3 – “Ganhar dos adversários” 3,21

Fonte: Autoria própria Já a Tabela 9 mostra aqueles que, dentre as moças, tem menor importância:

Tabela 9: Itens - Menores pontuações - Feminino

ITENS COM MENORES PONTUAÇÕES – FEMININO

ITEM PONTUAÇÃO

25 – “Ser conhecido” 2,68

21 – “Sentir importante” 2,77

3 – “Ganhar dos adversários”

22 – “Pertencer a um grupo” 2,86

Fonte: Autoria própria

Discussões

No presente estudo, para a amostra investigada, os alunos-atletas do atletismo de ambos os sexos, a competição e a competência técnica foram, dentre os 8 fatores motivacionais elencados pelo PMQ, aqueles que mais contribuem para a participação destes jovens no esporte. Os achados deste estudo corroboram com os dados encontrados na literatura científica. Campos, Vigário e Lüdorf (2011), estudando jogadores de voleibol (masculino e feminino) com faixa etária entre 13 e 20 anos, descobriram que tanto para as moças, quanto para os rapazes, a competência técnica foi o principal fator de motivação para a prática desta modalidade esportiva. Paim (2001), avaliando jogadores e jogadoras de futebol de 10 a 16 anos, também identificaram o mesmo elemento motivacional como sendo o preponderante. Januário

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17 et al. (2012), em um estudo de grande magnitude com mais de 1000 participantes, evidenciaram constatação semelhante. De grande relevância, as investigações de Gill et al. (1983) e Longhurst e Spink (1987), em praticantes de modalidades coletivas e individuais dos 8 aos 18 anos, ambos os naipes, obtiveram resultados análogos, em que a competência técnica se apresenta como a dimensão motivacional que mais interfere na prática do desporto por parte dos jovens.

Mediante o apresentado no parágrafo anterior, cabe uma discussão a respeito da motivação das crianças e adolescentes para a prática esportiva, dados os achados do presente estudo e dos estudos retratados que possuem resultados semelhantes. É preciso entender que há uma necessidade implícita (ou explícita), ainda nas competições das categorias de base, para a obtenção de medalhas, recordes e premiações. A performance tem, muitas vezes, uma relação direta com as habilidades técnicas que o atleta estudantil possui. Para além do desempenho, o reconhecimento dos treinadores e clubes/professores e escolas perpassa, em considerável parte dos casos, por uma apresentação de movimentos tecnicamente bem executados por parte dos atletas/alunos. Talvez por estes dois motivos (a pressão por resultados e o desejo de reconhecimento social), os quais se atrelam perfeitamente à visão midiática do esporte competitivo, que exacerba a ideia do atleta como alguém bem-sucedido e importante na sociedade, os atletas em formação tenham preocupação excessiva com o aperfeiçoamento técnico.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, ao analisar os dois itens que receberam as maiores pontuações (“Vencer desafios” e “Superar limites”), na população geral do corrente trabalho acadêmico, observa-se que, notoriamente, está incutida a ideia exposta anteriormente de que o esporte revela para a sociedade a figura do atleta-herói, aquele que é capaz de, ainda que sob situações de profunda dificuldade, realizar feitos exemplares. É evidente que não se pode generalizar e se considerar que, em todos os casos, esta construção social do conceito de atleta dita a busca, demonstrada nos achados citados há pouco, pela expressão de competências técnicas louváveis. No entanto, também não se pode negar a intervenção indireta que tal idealização tem sobre a motivação para a prática esportiva, uma vez que, conforme salienta Rubio (2001), “é possível constatar que mesmo na literatura o esporte é descrito e apreciado como uma atividade respeitável, quase divina”. Ainda, de acordo com Campos, Cappelle e Maciel (2017):

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Na construção da carreira esportiva, o contexto social é um grande influenciador, uma vez que há vários fatores nele compreendidos que impactam na decisão, manutenção e continuidade do atleta no esporte. Um fator marcante é a questão dos mitos gerados pelo esporte. O atleta como maior legado olímpico, ou seja, a pessoa em si se torna uma referência a ser seguida pelas demais.

Levando em consideração que, em decorrência do processo de seleção no esporte de rendimento, nem todos os praticantes no âmbito escolar se tornarão praticantes na vertente profissional, e tecendo uma relação com a descontinuidade na prática esportiva presente nas trajetórias de vida dos jovens esportistas, a motivação oriunda da dimensão competição pode ser vista com um ar de preocupação. Não se trata da imposição de uma aversão completa ao elemento competitivo dos esportes, já que competir é um grande fator motivacional e se apresenta como meio para a obtenção de conquistas pessoais (ROSE JUNIOR, 2009), mas sim de uma cautela no estabelecimento da vitória como única possibilidade para o jovem desportista.

No sentido diametralmente oposto, as dimensões que obtiveram as menores pontuações na amostra em geral foram reconhecimento social e emoção. Tais achados estão, em parte, de acordo com as informações obtidas em estudos anteriores. Guedes e Netto (2013), ao investigar 1517 atletas de ambos os sexos (12 a 18 anos), modalidade coletivas e individuais, identificaram o reconhecimento social como a dimensão motivacional de menor relevância para a amostra. Martínez et al. (2008), analisando futebolistas espanhóis em idade escolar, obtiveram informação análoga em praticamente todas as faixas etárias delimitadas pelo estudo.

Curiosamente, no tangente à dimensão motivacional emoção, contrariando os achados da presente pesquisa, um estudo de Kaya, Kabakçi e Dogan (2015), o qual investigou atletas jovens turcos (média de idade igual a 14,29 anos), verificou que o fator motivacional citado há pouco se apresentou como um dos mais importantes, recebendo as maiores pontuações, ao lado das dimensões competição e

competência técnica. No entanto, Guedes e Netto (2013) obtiveram uma constatação

oposta, ao descobrir que para sua amostra a emoção foi um dos fatores motivacionais menos relevantes.

Em uma análise mais aprofundada, parece haver uma contradição entre dois elementos: (1) o ideário social do atleta como figura pública e reconhecida e (2) o

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19 esportiva entre os jovens. A visão contemporânea do esporte como espetáculo confere ao seu praticante justamente a possibilidade de se sobressair, de se tornar visível e conhecido. No entanto, na amostra investigada neste estudo, não parece haver interesse nesta notoriedade social promovida pelo desporto. Talvez não haja explicitude, por parte das crianças e adolescentes investigados, em demonstrar a necessidade de exposição e reconhecimento por meio de uma investigação descritiva. Na era tecnológica atual, onde as redes sociais ofertam uma visibilidade acentuada (e bastante vaga), o sentimento de pertencimento a um grupo, criado pela ilusão da conectividade da internet, pode influenciar o desejo do sujeito em ser reconhecido socialmente, uma vez que, já sanada a necessidade através dos agrupamentos virtuais, não haveria a exigência de um reconhecimento perante a sociedade.

A visão do corpo humano como uma máquina, que apenas executa e não sente, está cada vez mais forte em decorrência das exigências da vida moderna. O cotidiano torna-se, pois, automatizado e carente de sentimentos e emoções. É possível que haja uma repercussão desta ideia (que aborda uma profunda transformação no modo de lidar com a existência humana, se compararmos os dias atuais com os das gerações passadas) nas relações entre o esportista e o esporte, que pode explicar, parcialmente, os achados do presente estudo no que diz respeito a dimensão motivacional emoção. Ainda, dada a pressão por resultados e por desempenho, já analisada neste documento, existe a possibilidade de que, no intuito de atender a esta demanda performática, o atleta escolar seja moldado, fisicamente e psicologicamente, para participar dos eventos esportivos em pleno estado de normalidade e apatia, não havendo, portanto, a condição de sentir emoções. Vale ressaltar que as emoções são inerentes ao esporte, então não se nega a presença delas no contexto esportivo, mas sim se discute até que ponto elas são autênticas (e não forjadas) e em qual magnitude elas se apresentam para os jovens desportistas avaliados.

Quando se verificam os itens que receberam os menores escores na amostra geral, “ser conhecido” e “ganhar dos adversários”, o primeiro vai ao encontro do que foi exposto anteriormente sobre visibilidade social. Já o segundo tópico, que, aliás, também se atrela a dimensão motivacional reconhecimento social, carece de um detalhamento. O significado de vencer o outro, tão presente na veiculação midiática por meio de embates e comparações entre atletas e equipes, parece não ter

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20 influenciado fortemente a amostra. Isso pode ser oriundo do tipo de modalidade, já que o atletismo é um esporte de marca e, por definição, vence aquele que obtiver o menor tempo (provas de corrida e de revezamentos) ou a maior distância/altura (provas de arremesso/lançamentos e saltos). Neste ponto de vista conceitual, que respinga para a visão prática do treinamento da modalidade, não há o confronto direto entre os participantes e isso pode justificar a baixa pontuação atribuída ao item em debate. Além disso, pode-se inferir que, em virtude dos propósitos do evento esportivo, os Jogos Escolares da Juventude, que apelam para um cunho social, educativo e de integração entre os seus participantes, a ideia de vencer o oponente tenha sido distorcida e que a ênfase tenha sido dada ao sentido de vencer a si próprio, sentido este que, interessantemente, está de acordo com o que foi discutido na seção deste estudo que abordou as dimensões e itens que exibiram as maiores pontuações.

Considerações finais

Em suma, pode-se concluir que, quando se aborda a motivação em jovens atletas, diversos fatores podem interferir nas percepções que eles tem no que diz respeito aos motivos que os levam a prática esportiva. No presente estudo, a amostra investigada reportou os maiores escores para as dimensões competição e a

competência técnica, ao passo que reconhecimento social e emoção foram aquelas

que obtiveram as menores pontuações. Houve, portanto, confirmação da hipótese testada, ou seja, o ato de competir é um dos elementos mais importantes para a prática esportiva entre os atletas escolares.

São necessários mais estudos que elucidem as diferenças entre as respostas de atletas estudantis de modalidades coletivas e os atletas de modalidades individuais. De grande valia, também, serão os trabalhos científicos que acompanhem a trajetória dos atletas ao longo das diversas faixas etárias, em uma abordagem longitudinal, e assim avalie as mudanças nos fatores motivacionais ao longo do tempo.

Em se tratando da participação de crianças e adolescentes no atletismo, ao compreender os elementos (retratados e discutidos nesta investigação científica) que os impulsionam a prática desta modalidade esportiva, parece haver uma necessidade de revisão do ideário motivacional baseado no sucesso em exigências técnicas e competitivas. Dadas as circunstâncias seletivas do próprio esporte, aqueles

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21 praticantes menos técnicos ou menos vitoriosos nas categorias de base podem se submeter a um processo de inferiorização e, consequentemente, se distanciarem do desporto, o que culminaria na maior propensão ao sedentarismo e suas consequências negativas.

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22 Referências

ANDRADE, Alessandro Domingos Barbosa de; COUTINHO, Nilton F.. Atletismo na escola: é possível? Disponível em: <https://www.unaerp.br/revista-cientifica-

integrada/edicoes-anteriores/volume-2-edicao-4/2053-atletismo-na-escola-e-possivel/file>. Acesso em: 25 mar. 2019.

CAMPOS, L. T. da S; VIGÁRIO, P. dos S.; LÜDORF, S. M. A.. Fatores motivacionais de jovens atletas de vôlei. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Porto Alegre, v. 33, n. 2, p.303-317, 2011.

CAMPOS, Rafaella Cristina; CAPPELLE, Mônica Carvalho Alves; MACIEL, Luiz Henrique Rezende. Carreira Esportiva: O Esporte de Alto Rendimento como Trabalho, Profissão e Carreira. Revista Brasileira de Orientação Profissional, Lavras, v. 18, n. 1, p.31-41, 2017.

CECCHIN, José A.; MÉNDEZ, Antonio; MUÑIZ, José. Motives for practicing sport in Spanish schoolchildren. Psicothema, Oviedo, v. 14, n. 3, p.523-531, 2002.

COB. O evento. Disponível em: <https://www.cob.org.br/pt/jogos-escolares/o-evento>. Acesso em: 30 nov. 2019.

COIMBRA, D. R. et al. Importância da Psicologia do Esporte para Treinadores. CONEXÕES: Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, v. 6, 2008.

FERREIRA, Marcos Santos; CASTIEL, Luis David; CARDOSO, Maria Helena Cabral de Almeida. A Patologização do Sedentarismo. Saúde Soc., São Paulo, v. 21, n. 4, p.836-847, 2012.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

GILL DL, GROSS JB, HUDDLESTON S. Participation motivation in youth sports. Int J Sport Psychol. Roma, p. 1-14. 1983.

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Referências

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