Ementa e Acórdão
25/03/2014 SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 794.180
PARANÁ
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S) :GIOMBELLI MÁQUINAS AGRÍCOLAS LTDA
ADV.(A/S) :CARLOS JOSÉ DAL PIVA E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) :ESTADO DO PARANÁ
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERALDO ESTADODO PARANÁ E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO (LEI Nº 12.322/2010) – ICMS – SALDO ESCRITURAL – CORREÇÃO MONETÁRIA PRETENDIDA PELO CONTRIBUINTE –
INADMISSIBILIDADE – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de não reconhecer, ao contribuinte do ICMS, o direito à correção monetária dos créditos escriturais excedentes, enfatizando, ainda, que essa recusa não configura hipótese caracterizadora de ofensa aos postulados constitucionais da não-cumulatividade e da isonomia.
Precedentes.
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do
Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidência da Ministra Cármen Lúcia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 25 de março de 2014.
CELSO DE MELLO – RELATOR
Supremo Tribunal Federal
Supremo Tribunal Federal
Relatório
25/03/2014 SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 794.180
PARANÁ
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S) :GIOMBELLI MÁQUINAS AGRÍCOLAS LTDA
ADV.(A/S) :CARLOS JOSÉ DAL PIVA E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) :ESTADO DO PARANÁ
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERALDO ESTADODO PARANÁ
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Trata-se
de recurso de agravo, tempestivamente interposto, contra decisão que
conheceu do agravo (previsto e disciplinado na Lei nº 12.322/2010), para negar seguimento ao recurso extraordinário, eis que o acórdão recorrido está em harmonia com diretriz jurisprudencial prevalecente nesta
Suprema Corte.
Eis o teor da decisão que sofreu a interposição do presente recurso
de agravo (fls. 1.664/1.667):
“O recurso extraordinário a que se refere o presente agravo
revela-se processualmente inviável, eis que se insurge contra
acórdão que decidiu a causa em estrita conformidade com a orientação jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal firmou na matéria em exame.
Com efeito, ambas as Turmas desta Suprema Corte, apreciando a controvérsia ora em análise, acolheram o
entendimento no sentido de não reconhecer ao contribuinte o direito de corrigir monetariamente crédito escritural de ICMS:
Supremo Tribunal Federal
25/03/2014 SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 794.180
PARANÁ
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S) :GIOMBELLI MÁQUINAS AGRÍCOLAS LTDA
ADV.(A/S) :CARLOS JOSÉ DAL PIVA E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) :ESTADO DO PARANÁ
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERALDO ESTADODO PARANÁ
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Trata-se
de recurso de agravo, tempestivamente interposto, contra decisão que
conheceu do agravo (previsto e disciplinado na Lei nº 12.322/2010), para negar seguimento ao recurso extraordinário, eis que o acórdão recorrido está em harmonia com diretriz jurisprudencial prevalecente nesta
Suprema Corte.
Eis o teor da decisão que sofreu a interposição do presente recurso
de agravo (fls. 1.664/1.667):
“O recurso extraordinário a que se refere o presente agravo
revela-se processualmente inviável, eis que se insurge contra
acórdão que decidiu a causa em estrita conformidade com a orientação jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal firmou na matéria em exame.
Com efeito, ambas as Turmas desta Suprema Corte, apreciando a controvérsia ora em análise, acolheram o
entendimento no sentido de não reconhecer ao contribuinte o direito de corrigir monetariamente crédito escritural de ICMS:
Relatório
ARE 794180 AGR / PR
TRIBUTÁRIO. ICMS. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS ESCRITURAIS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA NÃO-CUMULATIVIDADE.
A questão constitucional está devidamente prequestionada no acórdão recorrido.
A ausência de previsão na legislação estadual de correção monetária dos créditos escriturais não fere os princípios da isonomia e da não-cumulatividade, conforme assentado na jurisprudência desta Corte.
Agravo regimental a que se nega provimento.’
(AI 318.277-AgR/RS, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA)
‘TRIBUTO. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS. Inadmissibilidade – ICMS. Crédito escritural. Correção monetária. Não incidência. Art. 155, § 2º, I, da CF/88. Recurso extraordinário não admitido. Agravo regimental improvido. Precedentes. Contribuinte do ICMS não tem direito a correção monetária dos créditos escriturais.’
(AI 487.391-AgR/SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO)
‘RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS. LEGISLAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ. CREDITAMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO FISCAL. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA E AO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. IMPROCEDÊNCIA.
1. Creditamento do ICMS decorrente de entradas nos estabelecimentos da empresa de combustíveis, lubrificantes, pneus e câmaras de ar, bem como de serviços de manutenção, utilizados no exercício de suas atividades de transporte. Benefício vedado pela Lei nº 8.933/89, do Estado do Paraná, e que somente com a edição do Decreto estadual nº 3.768/94 foi estendido às empresas transportadoras, desde que formalmente demonstradas as aquisições dos produtos relacionados.
2. Inexistência de escrituração contábil das despesas.
2
Supremo Tribunal Federal
ARE 794180 AGR / PR
TRIBUTÁRIO. ICMS. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS ESCRITURAIS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA NÃO-CUMULATIVIDADE.
A questão constitucional está devidamente prequestionada no acórdão recorrido.
A ausência de previsão na legislação estadual de correção monetária dos créditos escriturais não fere os princípios da isonomia e da não-cumulatividade, conforme assentado na jurisprudência desta Corte.
Agravo regimental a que se nega provimento.’
(AI 318.277-AgR/RS, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA)
‘TRIBUTO. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS. Inadmissibilidade – ICMS. Crédito escritural. Correção monetária. Não incidência. Art. 155, § 2º, I, da CF/88. Recurso extraordinário não admitido. Agravo regimental improvido. Precedentes. Contribuinte do ICMS não tem direito a correção monetária dos créditos escriturais.’
(AI 487.391-AgR/SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO)
‘RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS. LEGISLAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ. CREDITAMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO FISCAL. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA E AO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. IMPROCEDÊNCIA.
1. Creditamento do ICMS decorrente de entradas nos estabelecimentos da empresa de combustíveis, lubrificantes, pneus e câmaras de ar, bem como de serviços de manutenção, utilizados no exercício de suas atividades de transporte. Benefício vedado pela Lei nº 8.933/89, do Estado do Paraná, e que somente com a edição do Decreto estadual nº 3.768/94 foi estendido às empresas transportadoras, desde que formalmente demonstradas as aquisições dos produtos relacionados.
2. Inexistência de escrituração contábil das despesas.
2
Relatório
ARE 794180 AGR / PR
Meras alegações. Conseqüência: não-deferimento do pedido de creditamento, dada a imprescindibilidade da prova da existência do fato constitutivo do direito postulado.
3. Correção monetária de créditos fiscais eventualmente verificados e comprovados. Direito que, por não estar previsto na legislação estadual, não pode ser deferido pelo Judiciário sob pena de substituir-se o legislador em matéria de sua estrita competência.
Recurso extraordinário não conhecido.’
(RE 255.340/PR, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA)
‘RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ICMS. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS ESCRITURAIS.
Permanece firme a jurisprudência de ambas as Turmas deste Supremo Tribunal no sentido de que o fato da legislação estadual desautorizar a correção monetária dos créditos escriturais de ICMS não viola os princípios da isonomia e não-cumulatividade.
Agravo regimental desprovido.’
(RE 328.136-AgR/SP, Rel. Min. ELLEN GRACIE)
Essa mesma orientação tem prevalecido também no
Plenário do Supremo Tribunal Federal, valendo referir, dentre
outras, as seguintes decisões:
‘RECURSO. Embargos de divergência. Inadmissibilidade. Tributo. ICMS. Correção monetária de créditos escriturais. Não incidência. Recurso extraordinário provido. Violação ao princípio da legalidade. Matéria constitucional não prequestionada. Acórdão que, ademais, reflete a jurisprudência da Corte. Recurso não conhecido. Aplicação do art. 332 do RISTF. Não se conhece de embargos de divergência que arguem matéria constitucional não prequestionada e impugnam acórdão proferido de acordo com jurisprudência assentada do Supremo.’
(RE 213.583-EDv/RS, Rel. Min. CEZAR PELUSO)
Supremo Tribunal Federal
ARE 794180 AGR / PR
Meras alegações. Conseqüência: não-deferimento do pedido de creditamento, dada a imprescindibilidade da prova da existência do fato constitutivo do direito postulado.
3. Correção monetária de créditos fiscais eventualmente verificados e comprovados. Direito que, por não estar previsto na legislação estadual, não pode ser deferido pelo Judiciário sob pena de substituir-se o legislador em matéria de sua estrita competência.
Recurso extraordinário não conhecido.’
(RE 255.340/PR, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA)
‘RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ICMS. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS ESCRITURAIS.
Permanece firme a jurisprudência de ambas as Turmas deste Supremo Tribunal no sentido de que o fato da legislação estadual desautorizar a correção monetária dos créditos escriturais de ICMS não viola os princípios da isonomia e não-cumulatividade.
Agravo regimental desprovido.’
(RE 328.136-AgR/SP, Rel. Min. ELLEN GRACIE)
Essa mesma orientação tem prevalecido também no
Plenário do Supremo Tribunal Federal, valendo referir, dentre
outras, as seguintes decisões:
‘RECURSO. Embargos de divergência. Inadmissibilidade. Tributo. ICMS. Correção monetária de créditos escriturais. Não incidência. Recurso extraordinário provido. Violação ao princípio da legalidade. Matéria constitucional não prequestionada. Acórdão que, ademais, reflete a jurisprudência da Corte. Recurso não conhecido. Aplicação do art. 332 do RISTF. Não se conhece de embargos de divergência que arguem matéria constitucional não prequestionada e impugnam acórdão proferido de acordo com jurisprudência assentada do Supremo.’
(RE 213.583-EDv/RS, Rel. Min. CEZAR PELUSO)
Relatório
ARE 794180 AGR / PR
‘RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS. IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA DE CRÉDITOS ESCRITURAIS. PRECEDENTES DAS TURMAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.
1. A incidência de correção monetária sobre o crédito foi objeto de apreciação anterior deste Supremo Tribunal, concluindo-se no sentido de que, em se tratando de irregular lançamento de crédito em decorrência do recolhimento do ICMS, não há incidência de correção no momento da compensação com o tributo devido.
2. Essas operações de creditamento têm natureza meramente contábil: são os chamados créditos escriturais. Aplica-se a eles técnica de contabilização para viabilizar a equação entre débitos e créditos, para fazer valer o princípio da não-cumulatividade.’
(RE 386.475/RS, Rel. p/ o acórdão Min. CÁRMEN LÚCIA)
O exame da presente causa evidencia que o acórdão
impugnado em sede recursal extraordinária ajusta-se à diretriz jurisprudencial que esta Suprema Corte firmou na matéria em referência.
Sendo assim, e tendo em consideração as razões expostas, conheço do presente agravo, para negar seguimento ao recurso
extraordinário, eis que o acórdão recorrido está em harmonia com diretriz jurisprudencial prevalecente nesta Suprema Corte (CPC, art. 544, § 4º, II, ‘b’, na redação dada pela Lei nº 12.322/2010).
...
Ministro CELSO DE MELLO Relator”
4
Supremo Tribunal Federal
ARE 794180 AGR / PR
‘RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS. IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA DE CRÉDITOS ESCRITURAIS. PRECEDENTES DAS TURMAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.
1. A incidência de correção monetária sobre o crédito foi objeto de apreciação anterior deste Supremo Tribunal, concluindo-se no sentido de que, em se tratando de irregular lançamento de crédito em decorrência do recolhimento do ICMS, não há incidência de correção no momento da compensação com o tributo devido.
2. Essas operações de creditamento têm natureza meramente contábil: são os chamados créditos escriturais. Aplica-se a eles técnica de contabilização para viabilizar a equação entre débitos e créditos, para fazer valer o princípio da não-cumulatividade.’
(RE 386.475/RS, Rel. p/ o acórdão Min. CÁRMEN LÚCIA)
O exame da presente causa evidencia que o acórdão
impugnado em sede recursal extraordinária ajusta-se à diretriz jurisprudencial que esta Suprema Corte firmou na matéria em referência.
Sendo assim, e tendo em consideração as razões expostas, conheço do presente agravo, para negar seguimento ao recurso
extraordinário, eis que o acórdão recorrido está em harmonia com diretriz jurisprudencial prevalecente nesta Suprema Corte (CPC, art. 544, § 4º, II, ‘b’, na redação dada pela Lei nº 12.322/2010).
...
Ministro CELSO DE MELLO Relator”
4
Relatório
ARE 794180 AGR / PR
Inconformada com esse ato decisório, a parte ora agravante interpõe o presente recurso, postulando o provimento do agravo que
deduziu (fls. 1.683/1.691).
Por não me convencer das razões expostas, submeto, à apreciação
desta colenda Turma, o presente recurso de agravo.
É o relatório.
Supremo Tribunal Federal
ARE 794180 AGR / PR
Inconformada com esse ato decisório, a parte ora agravante interpõe o presente recurso, postulando o provimento do agravo que
deduziu (fls. 1.683/1.691).
Por não me convencer das razões expostas, submeto, à apreciação
desta colenda Turma, o presente recurso de agravo.
É o relatório.
Voto - MIN. CELSO DE MELLO
25/03/2014 SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 794.180
PARANÁ
V O T O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Não assiste razão à parte recorrente, eis que a decisão agravada ajusta-se, com integral
fidelidade, à diretriz jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal firmou na matéria ora em exame, inexistindo, por isso mesmo, motivo que justifique o acolhimento da postulação recursal em causa.
Com efeito, ao versar a questão ora em exame, a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido de não reconhecer, ao contribuinte do ICMS, o direito de corrigir, monetariamente, os créditos escriturais excedentes.
Essa orientação jurisprudencial – confirmada em sucessivos julgamentos sobre a matéria em causa (RE 195.902/SP, Rel. Min. ILMAR GALVÃO – RE 206.833/SP, Rel. Min. MOREIRA ALVES – RE 213.583/RS, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – RE 217.931/SP, Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI, v.g.) – apoia-se no entendimento de que o aproveitamento de créditos extemporâneos ou acumulados de ICMS deve ser feito sem atualização monetária, não configurando, a recusa do direito à correção, hipótese caracterizadora de ofensa aos postulados da não-cumulatividade
e da isonomia:
“TRIBUTÁRIO. ICMS. ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL. PRETENDIDA CORREÇÃO DOS CRÉDITOS
ACUMULADOS, EM HOMENAGEM AOS PRINCÍPIOS DA
ISONOMIA E DA NÃO-CUMULATIVIDADE.
O sistema de créditos e débitos, por meio do qual se apura o ICMS devido, tem por base valores certos, correspondentes ao tributo incidente sobre as diversas operações mercantis, ativas e passivas
Supremo Tribunal Federal
25/03/2014 SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 794.180
PARANÁ
V O T O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO – (Relator): Não assiste razão à parte recorrente, eis que a decisão agravada ajusta-se, com integral
fidelidade, à diretriz jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal firmou na matéria ora em exame, inexistindo, por isso mesmo, motivo que justifique o acolhimento da postulação recursal em causa.
Com efeito, ao versar a questão ora em exame, a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido de não reconhecer, ao contribuinte do ICMS, o direito de corrigir, monetariamente, os créditos escriturais excedentes.
Essa orientação jurisprudencial – confirmada em sucessivos julgamentos sobre a matéria em causa (RE 195.902/SP, Rel. Min. ILMAR GALVÃO – RE 206.833/SP, Rel. Min. MOREIRA ALVES – RE 213.583/RS, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – RE 217.931/SP, Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI, v.g.) – apoia-se no entendimento de que o aproveitamento de créditos extemporâneos ou acumulados de ICMS deve ser feito sem atualização monetária, não configurando, a recusa do direito à correção, hipótese caracterizadora de ofensa aos postulados da não-cumulatividade
e da isonomia:
“TRIBUTÁRIO. ICMS. ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL. PRETENDIDA CORREÇÃO DOS CRÉDITOS
ACUMULADOS, EM HOMENAGEM AOS PRINCÍPIOS DA
ISONOMIA E DA NÃO-CUMULATIVIDADE.
O sistema de créditos e débitos, por meio do qual se apura o ICMS devido, tem por base valores certos, correspondentes ao tributo incidente sobre as diversas operações mercantis, ativas e passivas
Voto - MIN. CELSO DE MELLO
ARE 794180 AGR / PR
realizadas no período considerado, razão pela qual tais valores, justamente com vista à observância do princípio da não-cumulatividade, são insuscetíveis de alteração em face de quaisquer fatores econômicos ou financeiros.
De ter-se em conta, ainda, que não há falar, no caso, em aplicação do princípio da isonomia, posto não configurar obrigação do Estado, muito menos sujeita a efeitos moratórios, eventual saldo escritural favorável ao contribuinte, situação reveladora, tão-somente, de ausência de débito fiscal, este sim sujeito a juros e correção monetária, em caso de não recolhimento no prazo estabelecido.
Recurso não conhecido.”
(RE 195.643/RS, Rel. Min. ILMAR GALVÃO – grifei)
Sendo assim, e tendo em consideração as razões expostas, nego provimento ao presente recurso de agravo, mantendo, em consequência, por seus próprios fundamentos, a decisão ora questionada.
É o meu voto.
Supremo Tribunal Federal
ARE 794180 AGR / PR
realizadas no período considerado, razão pela qual tais valores, justamente com vista à observância do princípio da não-cumulatividade, são insuscetíveis de alteração em face de quaisquer fatores econômicos ou financeiros.
De ter-se em conta, ainda, que não há falar, no caso, em aplicação do princípio da isonomia, posto não configurar obrigação do Estado, muito menos sujeita a efeitos moratórios, eventual saldo escritural favorável ao contribuinte, situação reveladora, tão-somente, de ausência de débito fiscal, este sim sujeito a juros e correção monetária, em caso de não recolhimento no prazo estabelecido.
Recurso não conhecido.”
(RE 195.643/RS, Rel. Min. ILMAR GALVÃO – grifei)
Sendo assim, e tendo em consideração as razões expostas, nego provimento ao presente recurso de agravo, mantendo, em consequência, por seus próprios fundamentos, a decisão ora questionada.
É o meu voto.
Extrato de Ata - 25/03/2014
SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 794.180
PROCED. : PARANÁ
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S) : GIOMBELLI MÁQUINAS AGRÍCOLAS LTDA ADV.(A/S) : CARLOS JOSÉ DAL PIVA E OUTRO(A/S) AGDO.(A/S) : ESTADO DO PARANÁ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PARANÁ
Decisão: A Turma, por votação unânime, negou provimento ao
agravo regimental, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma, 25.03.2014.
Presidência da Senhora Ministra Cármen Lúcia. Presentes à sessão os Senhores Ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Teori Zavascki.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo Gustavo Gonet Branco.
Ravena Siqueira Secretária Substituta
Supremo Tribunal Federal
SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 794.180
PROCED. : PARANÁ
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S) : GIOMBELLI MÁQUINAS AGRÍCOLAS LTDA ADV.(A/S) : CARLOS JOSÉ DAL PIVA E OUTRO(A/S) AGDO.(A/S) : ESTADO DO PARANÁ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PARANÁ
Decisão: A Turma, por votação unânime, negou provimento ao
agravo regimental, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma, 25.03.2014.
Presidência da Senhora Ministra Cármen Lúcia. Presentes à sessão os Senhores Ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Teori Zavascki.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo Gustavo Gonet Branco.
Ravena Siqueira Secretária Substituta Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 9