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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente) e JAMES SIANO. São Paulo, 23 de novembro de 2016.

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Registro: 2016.0000869412

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1075998-60.2014.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante CENTRO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA LTDA. ME, é apelado GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA..

ACORDAM, em 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram parcial provimento ao recurso, V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente) e JAMES SIANO.

São Paulo, 23 de novembro de 2016.

J.L. Mônaco da Silva RELATOR Assinatura Eletrônica

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Voto : 20368

Apelação : 1075998-60.2014.8.26.0100

Apelante : Centro Nacional de Ens. Pesquisa Ltda. ME Apelado : Google Brasil Internet Ltda.

Comarca : São Paulo

Juíza : Dra. Luciana Novakoski F. Alves de Oliveira

OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C.

INDENIZAÇÃO - Autora que pretende a

exclusão de vídeo disponibilizado no site da requerida e indenização por danos morais - Procedência parcial do pedido - Inconformismo - Acolhimento parcial - Aplicação do disposto no art. 252 do RITJSP - Requerida que forneceu os dados então utilizados pelo usuário responsável pela disponibilização do vídeo - Direito ao esquecimento - Tese não suscitada na petição inicial - Inovação recursal indevida - Conteúdo do vídeo, ademais, que atualmente não está disponível para visualização - Manutenção do fundamento do MM. Juízo de origem de existência de interesse público, diante da entrevista dada por atendente da própria autora confirmando a emissão de certificado de conclusão do ensino escolar - Honorários advocatícios - Redução para R$ 1.500,00 - Sentença reformada em parte - Recurso parcialmente provido.

Trata-se de ação de obrigação de fazer c.c. indenização ajuizada por Centro Nacional de Ensino e Pesquisa Ltda. ME em face de Google Brasil Internet Ltda., tendo a r. sentença de fls. 193/197, de relatório adotado, julgado parcialmente procedente o pedido.

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síntese, que o usuário responsável pela postagem do vídeo em discussão é falso e não pode ser individualizado para ajuizamento de ação. Alega que o vídeo deve ser removido, pois o anonimato é ilegal. Argumenta que o conteúdo é ilícito e deve ser removido pela ré. Sustenta que a requerida é provedora primária do vídeo ofensivo, não mera provedora de buscas. Menciona ainda que a autora faz jus ao direito ao esquecimento. Requer, pois, o provimento do recurso ou a redução dos honorários de sucumbência (v. fls. 203/210).

Recurso recebido, processado e respondido (v. fls. 216/236).

É o relatório.

O recurso merece parcial provimento.

É caso de aplicar o disposto no art. 252 do RITJSP e ratificar os fundamentos da r. sentença apelada, proferida nos seguintes termos:

“CENTRO NACIONAL DE ENSINO E

PESQUISA LTDA. ME CENAE ajuíza ação de obrigação de fazer c.c. indenização por danos morais em face de GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA.

Alega, em síntese, ser instituição de ensino livre, com foco em jovens e adultos. Sustenta que um usuário de serviço da ré (YouTube) disponibilizou vídeo de conteúdo ofensivo à sua honra e imagem, intitulado "Escola emite falsos certificados de supletivo em São Paulo", cujo usuário é "JornaldaRecordJR". Afirma que o vídeo traz afirmações inverídicas de que estaria enganando seus alunos. Afirma que a manutenção de disponibilização desse vídeo na plataforma da ré acarreta-lhe prejuízos e efetivo danos morais. Sustenta que, mesmo notificada, a ré negou-se a retirar o conteúdo ofensivo e, portanto, deve responder pelo abalo moral suportado. Em

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sede de tutela antecipada, requer que a ré indisponibilize o vídeo em sua plataforma e informe os dados da conta de quem o disponibilizou. Por fim, pede a confirmação da tutela, a exclusão definitiva do vídeo, a retirada do link dos resultados de busca em seu serviço, com ofício para MSN/Bing e Yahoo, além da condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais. (...)

Trata-se de hipótese de julgamento antecipado da lide, uma vez que os autos estão suficientemente instruídos por documentos, sendo desnecessária a dilação probatória, nos termos do art. 330, inciso I, do Código de Processo Civil.

A preliminar apresentada pela ré confunde-se com a discussão de mérito da causa e, portanto, será apreciada a seguir.

No mérito, o pedido é parcialmente procedente. O cerne do pedido da autora é que a ré remova do YouTube vídeo jornalístico, produzido pela Rede Record para seu jornal noturno e disponibilizado por terceiro desconhecido, usuário "JornaldaRecordJR". Há indícios de que tal usuário não pertença à emissora. Nota-se, portanto, que há uma pluralidade de partes envolvidas na situação que se compõe. Entretanto, a presente demanda é circunscrita à relação entre autora e ré: CENAE e Google.

Por não ter produzido o vídeo exibido, tem-se que o conteúdo da matéria, se há cunho difamatório ou inverídico, é secundário e refere-se apenas à produtora da reportagem, a Rede Record, e não àqueles que a disponibilizaram na web.

Neste processo, então, não cabe discussão profunda sobre o teor da matéria, mas, tão-somente, a verificação de manifesto abuso no seu conteúdo, em prejuízo à autora, e de existência de interesse público na manutenção de sua divulgação.

Por sua vez, levando-se em consideração o conteúdo do vídeo e os documentos apresentados pela autora, não se sustenta a tese de que se trata de conteúdo

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indiscutivelmente ilícito. Ela sustenta que a Rede Record não mais disponibiliza o vídeo em seu portal (fls. 63/65). No entanto, não demonstra ter lhe enviado notificação extrajudicial nem promovido qualquer demanda judicial em face da emissora, na qual haja o reconhecimento do equívoco na produção e veiculação da matéria jornalística.

Ademais, o escopo da reportagem não se esgota nos inquéritos que a autora afirma terem sido arquivados (fls. 38/58 e 59/62), mas, sim, nos transtornos causados por suas práticas comerciais, que causam confusão aos interessados em completar seus estudos escolares. Para tanto, a matéria conta com entrevista de uma atendente da autora, filmada por câmera escondida, que confirma a final emissão de certificado de conclusão do ensino escolar.

Dessa forma, não há como entender flagrante ilicitude a disponibilização da referida reportagem na internet, diante da existência de interesse público e do direito à informação, que devem prevalecer quando contraposto com o interesse individual.

Neste sentido, confira-se recente decisão do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo. (...)

Incabível, portanto, o pedido de remoção do vídeo do YouTube, pois não caracterizada ilicitude na sua veiculação. Como consequência lógica da ausência de ilícito, são também improcedentes os demais pedidos de retirada do link do serviço de pesquisa e de expedição de ofícios para as empresas MSN/Bing e Yahoo, que, aliás, sequer integram a lide.

Também, não que se falar em

responsabilidade da ré por não ter removido o seu conteúdo após notificação extrajudicial, pois, para tanto, é necessária a prévia existência de ordem judicial, em consonância com o art. 19 da Lei 12.965/14:

"Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de

aplicações de internet somente poderá ser

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conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.".

Por fim, merece acolhimento apenas o pedido, já adimplido em sede de tutela antecipada, de disponibilização dos dados do usuário JornaldaRecordJR, com relação ao vídeo, aos quais a ré tem acesso, como forma de resguardar o direito de ação da autora contra o usuário que mantém o canal, caso entenda que deva dar seguimento às discussões judiciais.

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para, confirmando a antecipação de tutela, condenar a ré a informar os dados do usuário JornaldaRecordJR relativos à plataforma YouTube, obrigação já cumprida à fl. 126. Os pedidos de obrigação de fazer e de indenização por danos morais são improcedentes. Em razão da sucumbência preponderante, arcará a autora com o pagamento das custas e despesas processuais e de honorários advocatícios que fixo, por equidade, em R$ 3.000,00” (v. fls. 193/197).

E mais. A tese relativa ao direito ao esquecimento não foi suscitada na petição inicial, tratando-se, pois, de indevida inovação recursal. Aliás, em pesquisa realizada no link informado na inicial (fls. 2), verifica-se que atualmente o conteúdo discutido não está disponível.

Quanto à alegação de que o responsável pela postagem do vídeo é falso e não pode ser processado, nota-se que, de fato, a responsabilidade da empresa-requerida se limita a fornecer os dados cadastrais então utilizados pelo usuário. No caso, o fornecimento de dados foi feito a fls. 126, com identificação do e-mail utilizado e respectivo IP. Já no que diz respeito ao conteúdo do vídeo discutido, que não está mais disponível para visualização,

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é imperiosa a manutenção dos fundamentos do MM. Juízo de origem, que considerou tratar-se de reportagem de interesse público, com entrevista dada por atendente da própria autora confirmando a emissão de certificado de conclusão do ensino escolar, descabendo falar em ilicitude.

Por fim, razão assiste à apelante quanto ao pedido de redução da verba honorária fixada em R$ 3.000,00, tendo em vista a pouca complexidade da causa, a inexistência de audiência de instrução e o rápido julgamento da lide (7 meses).

Assim, os honorários advocatícios de sucumbência devem ser reduzidos para R$ 1.500,00, tornando-se razoáveis e proporcionais ao caso em apreço.

Em suma, a r. sentença apelada comporta reparo tão somente para reduzir a verba honorária para R$ 1.500,00.

Ante o exposto, pelo meu voto, dou parcial provimento ao recurso.

J.L. MÔNACO DA SILVA

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