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Risco de acidentes de trabalho e fator acidentário de prevenção – FAP: um estudo ecológico

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VERGÍNIO

RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO E FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO – FAP: UM ESTUDO ECOLÓGICO

Florianópolis/SC 2018

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VINÍCIUS VERGÍNIO

RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO E FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO – FAP: UM ESTUDO ECOLÓGICO

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Ricardo Liberali Magajewski.

Florianópolis/SC 2018

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VINÍCIUS VERGÍNIO

RISCO DE ACIDENTES DE TRABALHO E FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO – FAP: UM ESTUDO ECOLÓGICO

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e aprovada em sua forma final pelo Curso de Especialização em Segurança do Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 30 de maio de 2018.

______________________________________________________ Professor e orientador Flávio Ricardo Liberali Magajewski, Dr.

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Agradeço primeiramente a Deus por ser meu guia nesta caminhada, à minha esposa e meus pais por todo o incentivo e apoio.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por sempre guiar meu caminho, abrindo as portas e me iluminando para alcançar novas conquistas.

A minha esposa Karina Maria Pires Vergínio por ser sempre meu porto seguro, principal incentivadora dos meus projetos e estar sempre ao meu lado nesta importante caminhada.

A todos meus familiares, em especial meu pai Valdori José Vergínio e minha mãe Jucélia Roberta Pires Vergínio que ao longo desta trajetória estiveram sempre ao meu lado me dando suporte e palavras de conforto.

Ao professor Dr. Flávio Ricardo Liberali Magajewski que me auxiliou nesta caminhada com ideias, sugestões e conselhos.

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“O próprio Senhor irá à sua frente e estará com você; ele nunca o deixará, nunca o abandonará. Não tenha medo! Não se desanime!” (Deuteronômio 31:8).

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RESUMO

A saúde e segurança do trabalhador é uma questão muito importante e todo estudo que visa melhorar a segurança e saúde do trabalhador está contribuindo com a vida humana e, além disso melhorando a produtividade. Hoje no Brasil o FAP é um fator que contribui para a melhoria da saúde de segurança do trabalho. Este trabalho, por meio de uma pesquisa observacional utilizando dados da previdência social, procurou entender a real influência do FAP no cotidiano das empresas, buscando evidencias sobre a possibilidade do FAP ter induzido investimentos para melhoria da saúde e segurança do trabalhado a partir da sua implantação.

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ABSTRACT

The health and safety of the worker is a very important issue and any study aimed at improving worker safety and health is contributing to human life and, in addition, improving productivity. Today in Brazil the FAP is a factor that contributes to the improvement of occupational safety health. This work, through an observational research using data from social security, sought to understand the real influence of the FAP in the daily life of the companies, seeking evidence on the possibility of the FAP to have induced investments to improve health and safety of the workforce from its implantation.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número médio de vínculos de trabalho com a Previdência Social. Brasil, 2008-2015...15 Tabela 2 – Frequência de acidentes de trabalho segundo motivo-situação e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...26 Tabela 3 – Taxa de acidentes de trabalho segundo motivo-situação e ano de ocorrência. Brasil 2008-2015...26 Tabela 4 – Frequência de acidentes de trabalho segundo grande região e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...27 Tabela 5 – Taxa de acidentes de trabalho segundo grande região e ano de ocorrência. Brasil 2008-2015...27 Tabela 6 – Frequência de acidentes de trabalho segundo divisão do CNAE e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...28 Tabela 7 – Taxa dos acidentes de trabalho segundo divisão do CNAE e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...29 Tabela 8 – Acidentes de trabalho segundo divisão do CID e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...30 Tabela 9 – Taxa dos acidentes de trabalho segundo divisão do CID e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...30 Tabela 10 – Acidentes de trabalho segundo a faixa etária e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...31 Tabela 11 – Taxa de Acidentes de Trabalho segundo a faixa etária e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...31 Tabela 12 – Acidentes de trabalho típicos com CAT segundo o sexo e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...32 Tabela 13 – Taxa dos Acidentes de trabalho típico com CAT segundo o sexo e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015...32

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LISTA DE SIGLAS

CID: Classificação Estatística de Doenças

CNAE: Classificação Nacional de Atividades Econômicas FAP: Fator Acidentário de Prevenção

RAT: Risco de Acidente de Trabalho SAT: Seguro Acidente de Trabalho

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...11 1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO...11 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA...11 1.3 JUSTIFICATIVA...11 1.4 OBJETIVOS...12 1.4.1 Objetivo Geral...12 1.4.1.1 Objetivo Específicos...12 1.5 MEDOLOGIA...13 1.5.1 Local de estudo...13 1.5.2 População de estudo...13

1.5.3 Procedimentos de coleta e análise dos dados...13

1.5.4 Fonte de dados...14 1.5.5 Método de Análise...14 1.6 ESTRUTURA...15 2 REFERENCIAL TEÓRICO...16 2.1 SEGURIDADE SOCIAL...16 2.2 ACIDENTE DE TRABALHO...17

2.3 NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO PREVIDENCIÁRIO...17

2.4 FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO - FAP...19

2.5 METODOLOGIA DE CÁLCULO PARA O FAP...21

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...26

4 CONCLUSÕES...34

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1 INTRODUÇÃO

A Metodologia para cálculo do Fator Acidentário de prevenção - FAP tem por objetivo “incentivar a melhoria das condições de trabalho e de saúde do trabalhador, estimulando os estabelecimentos a implementarem políticas mais efetivas de saúde e segurança no trabalho” (Brasil. Resolução nº 1.329 de 25 de abril de 2017). Este trabalho apresenta a Metodologia FAP e procura correlações entre a implementação do FAP e a diminuição do risco de acidentes de trabalho registrados pelas empresas à Previdência Social.

Esta pesquisa levanta genericamente os acidentes por motivo/situação nos anos de 2008 e 2009 (período antes da implantação do FAP) e de 2011 e 2015, tentando associar estatisticamente esses dados com os efeitos do FAP, que foi implementado em 2010.

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO

Comparação por meio de dados da previdência social da possível influência do FAP nos acidentes de trabalho no Brasil.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Esta pesquisa terá como problema de pesquisa: Existe relação entre a implantação do FAP e as estatísticas de acidentes de trabalho no Brasil?

1.3 JUSTIFICATIVA

O FAP, em “vigência desde 2010” (Brasil, site Ministério Fazenda 2015), mede o desempenho da empresa na prevenção de acidentes trabalho, levando em consideração o número de acidentes, a sua gravidade e seu custo em um determinado período. “O desempenho da empresa á atribuído pelo resultado do FAP, que varia de 0,5000 a 2,0000; e encontra-se disponível no sítio do Ministério da Previdência Social - MPS na Internet” (Brasil, site Ministério Fazenda 2015).

De forma simples, o enquadramento de uma empresa em uma alíquota do FAP vai determinar o valor do Seguro de Acidente do Trabalho – SAT que será cobrado da empresa. 11

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Assim, o empregador tenderá buscar o menor FAP, ou seja, um “desconto” de até 50% “na alíquota de contribuição destinada ao financiamento do benefício de aposentadoria especial ou daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho” (Brasil, site Ministério Fazenda 2015). Por conta disso, a preocupação dos empregadores com medidas eficazes de controle e redução dos acidentes de trabalho tende a se tornar cada vez maior.

A motivação para elaboração deste trabalho vem da necessidade de avaliar os resultados que a introdução da Metodologia FAP possa ter produzido no risco de acidentalidade, com a redução dos acidentes de trabalho, proporcionando mais saúde e segurança aos trabalhadores e redução de custos para as empresas mais empenhadas na redução da sua acidentalidade ocupacional.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Analisar a série histórica do banco de dados da previdência social com os registros dos acidentes de trabalho, tentando associar estatisticamente esses dados com os efeitos do FAP na evolução das taxas de acidentalidade.

1.4.1.1 Objetivo Específicos

 Descrever a Metodologia FAP;

 Caracterizar a acidentalidade ocupacional no Brasil segundo sexo, faixa etária, parte do corpo atingida, região de ocorrência, atividade econômica, diagnóstico, mortalidade e letalidade;

 Analisar a série histórica dos acidentes de trabalho registrados no Brasil antes e depois da implantação do FAP segundo motivo-situação (Típico com CAT; Trajeto com CAT; Doença Ocupacional com CAT e Sem CAT);

 Investigar a possível relação da metodologia FAP com a evolução da frequência dos acidentes de trabalho e sua distribuição segundo as variáveis disponíveis.

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1.5 MEDOLOGIA

Esta pesquisa caracteriza-se por ser um estudo observacional do tipo ecológico ou agregado. De acordo com Morgenstern 1998, “Um estudo ecológico ou agregado focaliza a comparação de grupos, ao invés de indivíduos. A razão subjacente para este foco é que dados a nível individual da distribuição conjunta de duas (ou talvez todas) variáveis estão faltando internamente nos grupos; neste sentido um estudo ecológico é um desenho incompleto”.

Quando à classificação da pesquisa do ponto de vista da forma e de abordagem do problema, esta pesquisa se caracteriza por ser quantitativa, pois os dados são coletados e comparados para obtenção de um resultado. De acordo com Zanella (2011 p. 35) “a pesquisa quantitativa é aquela que se caracteriza pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta como no tratamento de dados, e que tem como finalidade medir relações entre as variáveis”.

A pesquisa foi descritiva, utilizando-se de dados para chegar a uma relação dos efeitos do FAP nos acidentes de trabalho. Segundo Zanella (2011 p.33) “pesquisa descritiva procura conhecer a realidade estudada, suas características e seus problemas”.

1.5.1 Local de estudo

Território onde a pesquisa foi realizada – Brasil e grandes Regiões.

1.5.2 População de estudo

População de trabalhadores formalizados que sofreram acidentes de trabalho registrados na base de dados e no período pesquisado.

1.5.3 Procedimentos de coleta e análise dos dados

Para elaborar o presente trabalho, primeiramente, foi realizada pesquisa bibliográfica sobre a Metodologia FAP e algumas de suas aplicações.

Após, foi realizado um levantamento de dados no site da previdência social de forma geral para fazer uma análise dos acidentes de trabalho por motivo/situação. Então, os dados foram confrontados para chegar a uma possível relação dos efeitos do FAP nos acidentes de trabalho. Para tal, outras informações foram buscadas em referências bibliográficas de textos, artigos e livros para auxiliar na busca desta relação.

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1.5.4 Fonte de dados

A análise de dados foi elaborada utilizando dados abertos da previdência social, por meio do site da previdência social: http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/dados-abertos-previdencia-social/. Neste site, os dados estão contidos no link “Infologo: consulta a base de dados da previdência social”. A partir do link é possível acessar as estatísticas dos acidentes de trabalho por UF, por mês, por grupos de idades, por atividade econômica, por CID, por parte do corpo atingida, entre outros.

1.5.5 Método de Análise

A análise inicia com o levantamento genérico de acidentes por motivo/situação nos anos anteriores a 2010 e comparar com os anos posteriores a 2010, tentando associar estatisticamente os dados com os efeitos do FAP, o qual foi implementado em 2010. Além disso, a análise procura comparar setores mais organizados (indústria e serviços) com outros menos organizados (setor primário).

Para a análise de dados, foram utilizadas tabelas com os dados reais e com as taxas para cada tipo de acidente estudado, para que se possa ter uma real dimensão da influência do FAP sobre os acidentes de trabalhos registrados no banco de dados da previdência social. Assim, é possível identificar possíveis reduções nas taxas por motivo/situação e tentar entender a distribuição por cada motivo sobre os CID, CNAE, faixa etária, sexo, parte do corpo atingida, UF, antes e depois do período de implantação do FAP.

O cálculo das taxas foi calculado de acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2012, na seção II – Indicadores de Acidentes do Trabalho. Basicamente, a equação para o cálculo das taxas foi a apresentada abaixo:

Taxaou coef . acidentes=

(

nº de acidentes

[

ano , região , sexo ,…

]

nº médio de vínculos

[

ano , região , sexo , …

]

)

x 1.000

A taxa de acidentes de trabalho foi calculada por motivo/situação, por grandes regiões, por patologias selecionadas, por atividades econômicas agregadas dos três setores da economia, por sexo e por faixa etária. O número médio de vínculos foi obtido no site da

Previdência Social a partir do acesso à página

http://www3.dataprev.gov.br/infologo/inicio.htm para as informações relativas ao ano de 2008 e relacionadas à sua distribuição por grandes regiões e atividades econômicas, e 14

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http://www3.dataprev.gov.br/aeat/gvin/VIN01/VIN01.PHP para as informações relativas aos anos de 2009 a 2015. Nesta segunda base de dados – a de contribuintes, foi possível discriminar a população trabalhadora por sexo e faixa etária. O número médio de vínculos e corresponde à soma do número de trabalhadores com vínculo formal com a previdência em cada mês do ano considerado, somado e dividido por 12 (doze), sendo, portanto, a quantidade média de trabalhadores formalizados que se expos a algum risco ocupacional no período anual considerado.

A Tabela 1 apresenta o número médio de vínculos informado pela Previdência Social no período de estudo e a variação média anual no número de vínculos.

Tabela 1 – Número médio de vínculos de trabalho com a Previdência Social. Brasil, 2008-2015

Ano Número médio de vínculos Variação % anual

2008 32.107.542 0 2009 33.896.431 +5,57 2010 36.784.540 +8,52 2011 39.527.166 +7,46 2012 41.936.780 +6,10 2013 42.857.802 +2,20 2014 43.848.546 +2,31 2015 43.061.571 -1,79 Variação 2008/2015 +10.954.029 +34,11

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor.

1.6 ESTRUTURA

Este trabalho de conclusão de curso está composto por quatro capítulos, distribuídos da seguinte maneira:

No capítulo 1 – INTRODUÇÃO - foram apresentados: tema, problema de pesquisa, objetivos, justificativa e metodologia aplicada.

No segundo capítulo – REFERENCIAL TEÓRICO - foi elaborada uma revisão bibliográfica acerca da metodologia FAP, bem como algumas aplicações e exemplos.

No terceiro capítulo – RESULTADOS E DISCUSSÃO - foram apresentados os dados coletados, os resultados obtidos e as análises elaboradas.

No quarto e último capítulo – CONSIDERAÇÕES FINAIS - foram inseridas as conclusões do presente estudo, buscando a verificação das respostas aos objetivos propostos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 SEGURIDADE SOCIAL

A seguridade social pode ser definida como um conjunto de ações integradas dos Poderes Públicos e da sociedade, sendo que essas ações estarão destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social como consta do art. 194, caput da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88).

Para Ibrahim (2011, p. 5) a seguridade social pode ser conceituada como:

[...] rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações para o sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida digna.

O FAP faz parte da Seguridade Social no Brasil. De acordo com a lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, “a Seguridade Social será financiada por toda sociedade, de forma direta e indireta, nos termos do art. 195 da Constituição Federal e desta Lei, mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais.”

O art. 195 da CRFB/88 expõe que:

A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento; c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

O art. 11 da lei 8.212/91 dispõe ainda que o orçamento da Seguridade Social é composto das receitas da União, das contribuições sociais e de outras fontes. Além disso, esse mesmo artigo define as contribuições sociais como sendo:

a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço;

b) as dos empregadores domésticos;

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c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário-de-contribuição; d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro;

e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos.

2.2 ACIDENTE DE TRABALHO

O acidente de trabalho é definido pela lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 sendo o acidente que “que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.

A lei nº 8.213/91 expõe ainda que “A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador e que, é dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular”.

2.3 NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO PREVIDENCIÁRIO

Baseado no Decreto nº 6.042, de 12 de fevereiro de 2007, Paulocci (2011) define o nexo técnico epidemiológico previdenciário (NTEP) como “cruzamento de informações entre o código de doença e código de atividade econômica a que a empresa pertence, ou seja, é a correlação entre a Classificação Internacional de Doença, 10ª edição (CID10) e a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE)”.

Morais (2007) relata que NTEP é:

[...] uma metodologia que consiste em identificar quais doenças e acidentes estão relacionados com a prática de uma determinada atividade profissional. Com o NTE, quando o trabalhador contrair uma enfermidade diretamente relacionada à atividade profissional, fica caracterizado o acidente de trabalho. Nos casos em que houver correlação estatística entre a doença ou lesão e o setor de atividade econômica do trabalhador, o Nexo Epidemiológico caracterizará automaticamente que se trata de benefício acidentário e não de benefício previdenciário normal.

A Lei nº 11.430, de 27 de dezembro de 2006, alterou a Lei nº 8.213/91 acrescentando o art. 21-A, §§ 1° e 2º que dispõe:

A perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa e a entidade

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mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças - CID, em conformidade com o que dispuser o regulamento.

§ 1o A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto neste artigo quando demonstrada a inexistência do nexo de que trata o caput deste artigo.

§ 2o A empresa poderá requerer a não aplicação do nexo técnico epidemiológico, de cuja decisão caberá recurso com efeito suspensivo, da empresa ou do segurado, ao Conselho de Recursos da Previdência Social.

Com isso, prevê Aguiar (2008):

Fica evidente, então, que a presunção legal do artigo 21-A, da Lei nº 8.213/91, instituiu na seara administrativa a inversão do ônus da prova em prol do empregado, passando ao INSS a obrigação de estabelecer o nexo e transferindo ao empregador o ônus de provar que a doença contraída pelo obreiro não foi provocada pela atividade laboral exercida, podendo valer-se, para tanto, de mapeamento de riscos e sinistros, rol das CAT’s emitidas, número reduzido de ações administrativas e judiciais ajuizadas, dentre outros.

Paulocci (2011) afirma que “Através do Decreto nº 6.042, de 12 de fevereiro de 2007, anexo II, lista B, ficaram estabelecidos os agentes patogênicos causadores de doenças profissionais ou do trabalho, fazendo assim a correlação entre CNAE e a tabela do CID-10”. Paulocci (2011) entende ainda que “com isso, doenças profissionais ou acidente do trabalho serão caracterizados tecnicamente pela perícia médica do INSS, através da identificação do nexo entre o trabalho e o agravo”.

Franklin (2011) afirma que o “NTEP trouxe vários benefícios ao operário, especialmente no que tange à dispensa de produção de provas diagnósticas, permitindo a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva na esfera judicial”. Franklin (2011) entende que:

Embora pareça ser uma desvantagem ao empregador, na realidade configura um instrumento facilitador para o médico perito, não significando necessariamente uma conclusão final, cabível de prova que exclua o nexo do acidente com a relação laboral.

[...] mister que a empresa empregadora, ao contratar, utilize critérios rigorosos de investigação da saúde do operário, com o intuito de verificar se há doenças preexistentes, a fim de lhe resguardar de futura responsabilização pelas mesmas, que poderão ser configuradas como doença desencadeada pelo labor.

Paulocci (2011) entende que:

O NTEP ajuda a verificar quais atividades econômicas produzem maiores índices de doenças relacionados com o trabalho, e que tipos de doenças são mais comuns, possibilitando com isso uma atuação por partes dos órgãos públicos nesses setores de trabalho. É importante salientar que essa correlação do nexo entre o trabalho e o agravo tem que ser bem-feita, para não prejudicar empresas que realmente se preocupam com seus trabalhadores.

Com isso, conclui Aguiar (2007):

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Não se pode olvidar, ainda, que essa inversão do ônus da prova trazida pelo NTEP servirá de incentivo para as empresas serem mais diligentes e cuidadosas com o meio ambiente de trabalho, cumprindo rigorosamente as normas de segurança e medicina do trabalho e prevenindo a ocorrência de acidentes, mormente diante da possibilidade de redução ou majoração da contribuição do SAT (seguro de acidente de trabalho) conforme o resultado dos dados estatísticos epidemiológicos de cada empresa, inovação bastante salutar também trazida pela Lei 11.430/06.

2.4 FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO - FAP

O Governo Federal tenta implementar medidas para diminuição dos acidentes de trabalho há algum tempo. Uma das medidas que buscou diminuir os acidentes de trabalho foi

o fator acidentário de prevenção – FAP. Este dispositivo já constava na Lei nº 7.787/83 em seu art. 4º, que “a empresa cujo índice de acidente de trabalho seja superior à média do respectivo setor, sujeitar-se-á a uma contribuição adicional de 0,9% a 1,8%, para financiamento do respectivo seguro”. A Lei nº 8.212/91 em seu art. 22 definiu que cada empresa deveria contribuir com a Seguridade Social de acordo com a classificação do risco de acidente de trabalho para a empresa. Além disso, § 3º dispõe que:

Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar, com base nas estatísticas de acidentes do trabalho, apuradas em inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da contribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de estimular investimentos em prevenção de acidentes.

Contudo, de acordo com Paulocci (2011), pode-se verificar que essas disposições não foram implantadas por faltar informações da realidade ambiental das empresas. Com isso, segundo Paulocci (2011):

O Governo, em especial o Ministério do Trabalho e da Previdência e Assistência Social verificou a necessidade de estabelecer ações nas áreas de prevenção de riscos de acidente do trabalho e de fiscalização de ambientes de trabalho e de aprimorar o enquadramento dos ramos de atividade econômica por grau de risco para fins de incidência de contribuição previdenciária, aprovando assim através da Resolução nº 1.101, de 16 de julho de 1998, uma sistemática para elaboração dos indicadores de acidente de trabalho, consubstanciada no documento “Metodologia para Avaliação e Controle dos Acidentes de Trabalho”.

A primeira etapa da resolução, conforme Paulocci (2011), “foi avaliar como estava a situação dos acidentes de trabalho para propor uma metodologia de elaboração de vários indicadores”. Então foram definidos três indicadores: o índice de frequência, o índice de gravidade e a taxa de incidência. Paulocci (2011) ainda afirma que:

Esses indicadores são usados internacionalmente, permitindo avaliar e comparar os riscos de cada código de atividade econômica (CNAE), servindo também como ponto de partida para obter uma medida de risco única para controle. Apesar de tudo isso, a metodologia não foi estabelecida.

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Na Lei nº 8.212/91 constam ainda, nos artigos 22 e 23 as contribuições a cargo das empresas com destinação à seguridade social. Destaque para o inciso II do artigo 22 desta lei que prevê:

A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:

I – [...].

II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: .

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;

b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio;

c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave.

De acordo com Paulocci (2011):

O risco ambiental do trabalho (RAT) que consta do artigo citado acima, tem como função custear as aposentadorias decorrentes de incapacidade laborativa em virtude dos riscos existentes no ambiente de trabalho ou acidentes de trabalho. A alíquota de tal contribuição, é determinada de acordo com os riscos a que os empregados ficam expostos no ambiente de trabalho. O grau de risco de cada empresa dependerá da atividade predominante que exerce, podendo ser leve, médio ou grave.

Relata ainda Ibrahim (2011) que “a contribuição do RAT é obrigação da empresa, não podendo a mesma repassar a cobrança desse valor ao beneficiário do seguro”.

A Lei 10.666, de 08 de maio de 2003, que dispõe da aposentadoria especial, prevê no seu art. 10º:

A alíquota de contribuição de um, dois ou três por cento, destinada ao financiamento do benefício de aposentadoria especial ou daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, poderá ser reduzida, em até cinquenta por cento, ou aumentada, em até cem por cento, conforme dispuser o regulamento, em razão do desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica, apurado em conformidade com os resultados obtidos a partir dos índices de frequência, gravidade e custo, calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social.

Além disso, a Lei 10.666/03 estabeleceu que o Poder Executivo regulamentaria o art. 10º, já citado acima, em 360 dias. Entretanto, segundo Paulocci (2011), essa regulamentação ocorreu somente com o Decreto nº 6.042, de 12 de fevereiro de 2007, que alterou o Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999, inserindo o art. 202-A, que segue:

As alíquotas constantes nos incisos I a III do art. 202 serão reduzidas em até cinquenta por cento ou aumentadas em até cem por cento, em razão do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade, aferido pelo Fator Acidentário de Prevenção - FAP.

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O Art. 202 do Decreto nº 3.048/99 dispõe que:

A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, nos termos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso:

I - um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve;

II - dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado médio; ou

III - três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave.

Entretanto, o Decreto 3.048/99 foi alterado pelo Decreto nº 6.957, de 09 de setembro de 2009, conforme disposto por Pietroluongo (2010):

A regulamentação do FAP é que é recente. Atualmente, o FAP é regulamentado pelo Decreto 6.957/2009, que alterou o art. 202-A, do RPS, e pela Resolução do Conselho Nacional de Previdência Social - CNPS- nº 1.308/2009 (Resolução). Pelo art. 4º, do Decreto nº 6.957/2009, o FAP começa a produzir efeitos a partir do primeiro dia do mês de janeiro de 2.010.

Conforme Paulocci (2011), o FAP nada mais é do que um multiplicador variável de cinco décimos (0,5000) a dois inteiros (2,0000), o qual é aplicado na alíquota do RAT conforme ressalta o Decreto nº 3.048/99, art. 202-A, parágrafo 1º. Conforme a Resolução CNPS nº 1.329, de 25 de abril de 2017, o FAP não altera o enquadramento do RAT da empresa, apenas fornece um benefício (FAP abaixo de 1,0) ou um malefício (FAP acima de 1,0) de acordo com o desempenho da empresa dentro da respectiva atividade econômica com relação aos acidentes de trabalho.

2.5 METODOLOGIA DE CÁLCULO PARA O FAP

Para compor o valor do FAP, foi “criado um índice composto pelos índices de

gravidade, frequência e custo. Esses índices foram calculados conforme metodologia

aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social” (Paulocci, 2011). A Resolução nº 1.329/17 define tais índices.

Conforme Resolução nº 1.329/2017, o índice de frequência:

Indica o quantitativo de benefícios e mortes por acidente de trabalho no estabelecimento. Para esse índice são computados os registros de benefícios das espécies B91 - Auxílio-doença por acidente de trabalho, B92 - Aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho, B93 - Pensão por morte por acidente de trabalho e B94 - Auxílio-acidente por acidente de trabalho, assim como as CATs de óbito para as quais não houve a concessão de B93 - Pensão por morte por acidente de

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trabalho. Para todos os eventos serão excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la.

Além disso, a Resolução nº 1.329/2017 apresenta como deve ser executado o cálculo do índice de frequência de cada estabelecimento:

O cálculo do índice de frequência é obtido da seguinte maneira: Índice de frequência = ((número de benefícios acidentários (B91, B92, B93 e B94) acrescido do número de CATs de óbito para as quais não houve a concessão de B93 - Pensão por morte por acidente de trabalho, por estabelecimento, excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la) / número médio de vínculos do estabelecimento) x 1.000 (mil).

O índice de gravidade “indica a gravidade das ocorrências acidentárias em cada estabelecimento” (Resolução CNPS nº 1.329, de 25 de abril de 2017). Todos os casos considerados para o índice de frequência são computados, com as mesmas exceções. A diferença é que é “atribuído um peso diferente para cada espécie de afastamento em função da gravidade” (Resolução CNPS 1.329/17). A Resolução nº 1.329/2017 define quais são esses pesos:

Para a pensão por morte, assim como para as CATs de óbito para as quais não houve a concessão de B93 - Pensão por morte por acidente de trabalho, o peso atribuído é de 0,50; para aposentadoria por invalidez o peso é 0,30; para o auxílio-doença e o auxílio-acidente o peso é 0,10.

A Resolução nº 1.329/2017 define como o cálculo é obtido:

Índice de gravidade = ((número de auxílios-doença por acidente de trabalho (B91) x 0,10 + número de aposentadorias por invalidez por acidente de trabalho (B92) x 0,30 + número de pensões por morte por acidente de trabalho (B93) + CATs de óbito para as quais não houve a concessão de B93 - Pensão por morte por acidente de trabalho x 0,50 + o número de auxílios-acidente por acidente de trabalho (B94) x 0,10, excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la) / número médio de vínculos) x 1.000 (mil).

O índice de custos “representa as despesas da Previdência Social com pagamento de benefícios de natureza acidentária e sua relação com as contribuições das empresas” (Resolução nº 1.329/2017).

A Resolução nº 1.329/2017 define quais benefícios são computados no cálculo do índice de custos:

Para esse índice são computados os valores pagos pela Previdência em rendas mensais de benefícios, excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la. No caso do auxílio-doença por acidente de trabalho (B91), o custo é calculado pelo tempo de afastamento, em meses e fração de mês, do segurado dentro do Período-Base de cálculo do FAP. Nos casos da aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho (B92) e do auxílio-acidente por acidente de trabalho (B94), os custos são calculados

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fazendo uma projeção da expectativa de sobrevida do beneficiário a partir da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, para toda a população brasileira, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos. No caso da pensão por morte por acidente de trabalho (B93) os custos serão calculados considerando as regras vigentes para duração do benefício.

O cálculo dos índices de custos é definido pela Resolução nº 1.329/2017:

Índice de custo = ((valor total pago pela Previdência pelos benefícios de auxílio-doença por acidente de trabalho (B91), aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho (B92), pensão por morte por acidente de trabalho (B93) e auxílio-acidente por acidente de trabalho (B94), excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la) / valor total de remuneração paga pelo estabelecimento aos segurados) x 1.000 (mil).

A partir da obtenção dos valores do índice de frequência, gravidade e custos do estabelecimento, são atribuídos os percentis de ordem para os estabelecimentos por CNAE Subclasse para cada um dos índices, conforme fórmula apresentada na Resolução nº 1.329/2017, descrita abaixo:

Percentil = 100 x (Nº ordem – 1) / (n – 1).

Onde n é o número de estabelecimentos na CNAE Subclasse, com todos os insumos necessários ao cálculo do FAP e Nº ordem é a posição do índice no ordenamento do estabelecimento na CNAE Subclasse.

Então é calculado o índice composto (IC), conforme a seguinte fórmula:

IC = (0,50 x percentil de gravidade + 0,35 x percentil de freqüência + 0,15 x percentil de custo) x 0,02.

Com isso é possível exemplificar um cálculo do FAP de uma empresa que apresentou percentil de gravidade 30, percentil de frequência 70 e percentil de custo 41, dentro do respectivo CNAE Subclasse:

IC = (0,50 x 30 + 0,35 x 70 + 0,15 x 41) x 0,02 = 0,9130 (resultado do FAP da empresa).

Supondo que CNAE-Subclasse dessa empresa apresente alíquota de contribuição de 2% (valor do RAT - médio), essa empresa teria a alíquota individualizada de 1,826% (2% x 0,9130). Verifica-se que houve uma redução na alíquota, ou seja, um benefício para a empresa neste caso.

Aqui é possível observar a influência do FAP nos gastos das empresas. Por exemplo, uma empresa que paga mensais R$ 100.000,00 reais de remuneração aos seus empregados, está classificada em um CNAE Subclasse de risco grave, ou seja, 3%, irá 24

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contribuir para a Seguridade Social, caso tenha um FAP de 2,0, com R$ 6.000,00. Entretanto, caso o FAP seja o mínimo, ou seja, 0,5, a contribuição será de R$ 1.500,00. Essa diferença de R$ 4.500,00 ao mês, geraria uma economia de R$ 54.000,00 ao ano. Então, o FAP tem relação direta e significativa com os lucros de cada empresa.

Importante salientar que, caso a empresa não apresente, no período-base de cálculo do FAP, benefícios das espécies de natureza acidentária: B91, B92, B93 e B94, independente se decorrentes de agravamento do mesmo evento, e CATs de óbito para as quais não houve a concessão de B93, excetuados em todos os casos os decorrentes de acidente de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la, seus índices de frequência, gravidade e custo serão nulos e assim o FAP será igual a 0,5000, por definição. Entretanto, nesses casos, ficando comprovado a partir de fiscalização que a empresa não apresentou notificação de acidente ou doença do trabalho, nos termos do artigo 22 da Lei nº 8.213/1991, mediante protocolo de CAT, ou seja, tentar burlar a fiscalização, o FAP do estabelecimento será, por definição, igual a 2,0000, independentemente do valor do IC calculado. (Resolução nº 1.329/2017).

Os cálculos para definir o FAP das empresas é atualizado bianualmente em lógica de escala móvel. Para isto os dados obtidos entre janeiro e dezembro de cada ano, até completar o período de dois anos, a partir de quando os dados do ano inicial serão substituídos por aqueles obtidos no último período. Para esses dados foram definidas as seguintes fontes conforme consta da Resolução nº 1.329/2017:

Registros de Comunicação de Acidentes de Trabalho - CAT.

Registros de concessão de benefícios acidentários que constam nos sistemas informatizados do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. O critério para contabilização de benefícios acidentários concedidos é a Data de Despacho do Benefício - DDB dentro do Período-Base (PB) de cálculo.

Dados de vínculos, remunerações, atividades econômicas, admissões, graus de risco, rescisões, afastamentos, declarados pelas empresas, por meio da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - GFIP, ou por meio de outro instrumento de informações que vier a substituí-la.

A expectativa de sobrevida do beneficiário será obtida a partir da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, para toda a população brasileira, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos, mais recente do Período-Base.

Com relação a metodologia de cálculo do FAP, Pietroluongo (2010) expõe que:

A forma de cálculo dos índices de gravidade, frequência e custo é relativamente simples, basta substituir as variáveis necessárias na fórmula, e se pode facilmente comprovar se o valor obtido pelo INSS segundo a fórmula informada está correta ou não.

No entanto, para a obtenção do percentil de ordem, o INSS se utiliza de uma fórmula a cujas variáveis as empresas não tem acesso. O percentil de ordem é calculado segundo o número de empresas na subclasse e a posição do índice no ordenamento da empresa na respectiva subclasse.

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[...] Esta informação não é divulgada aos contribuintes. Não há, pois, como se saber como a Receita do Brasil obteve o número relativo ao percentil de ordem. Por consequência, não há como saber se a aplicação da fórmula divulgada na Portaria CNPS nº 1.308/2009 está ou não correta, impossibilitando, inclusive, a interposição de Recurso Administrativo Cabível.

Cabe ressaltar ainda, segundo Paulocci (2011) que “os empreendimentos que determinada empresa realizar para amenizar ou até neutralizar acidentes do trabalho e doenças ocupacionais poderão ser inúteis por pertencer a uma determinada categoria econômica”. Além disso, Paulocci (2011) observa ainda que “para cada CNAE Subclasse é calculado um valor de percentil de frequência, gravidade e custo, porém as empresas têm informações apenas desses valores, não sabendo o cálculo de cada um deles”. Paulocci (2011) ainda salienta que “com isso, uma empresa que não tenha investido em segurança do trabalho poderá ser beneficiada por aquela que investiu, por pertencer a uma mesma categoria econômica”.

Apesar das ressalvas jurídicas indicadas acima, a agregação das informações de gravidade, frequência e custo por CNPJ e a determinação do número de ordem de cada empresa a partir da posição relativa que o IC - Índice Composto calculado assumir dentro do CNAE Subclasse da atividade principal exercida pela empresa vai determinar o valor a ser pago a título de Seguro de Acidente de Trabalho – SAT, com o impacto econômico já indicado.

É exatamente a percepção de que o FAP tem um valor econômico significativo é que levou o autor deste Trabalho de Conclusão de Curso a empreender este esforço de pesquisa. A questão subjacente aos resultados obtidos é: o FAP pode ter induzido investimentos em prevenção de acidentes e com isto à redução do risco de acidentalidade no Brasil após sua implementação?

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisados mais de 5.600.000 acidentes de trabalhos registrados no país entre 2008 e 2015, com o objetivo de analisar a evolução temporal dos mesmos no período e observar a eventual influência da implementação do FAP, que ocorreu a partir de 2010, na redução da acidentalidade ocupacional brasileira.

A primeira análise elaborada foi sobre os acidentes de trabalho no Brasil de forma geral. A Tabela 2 apresenta os dados obtidos:

Tabela 2 – Frequência de acidentes de trabalho segundo motivo-situação e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015. Ano Típico-com CAT Trajeto-com CAT Doença com

CAT Sem CAT Total

2008 441.925 88.742 20.356 204.957 755.980 2009 424.498 90.180 19.570 199.117 733.365 2010 417.295 95.321 17.177 179.681 709.474 2011 426.153 100.897 16.839 176.740 720.629 2012 426.284 103.040 16.898 167.762 713.984 2013 434.339 112.183 17.182 161.960 725.664 2014 430.454 116.230 17.599 148.019 712.302 2015 383.663 106.039 13.240 109.690 612.632 TOTAL 3.384.611 812.632 138.861 1.347.926 5.684.030 Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor.

CAT=Comunicação de Acidente de Trabalho;

A Tabela 3 apresenta as taxas para os acidentes de trabalho no Brasil, utilizando o número de acidentes como numerador e o número médio de vínculos como denominador. O resultado foi multiplicado pela constante 1.000 (trabalhadores).

Tabela 3 – Taxa de acidentes de trabalho segundo motivo-situação e ano de ocorrência. Brasil 2008-2015. Ano Típico Com Cat Trajeto Com Cat Doença do Trabalho

Com Cat Sem Cat Total

2008 13,76 2,76 0,63 6,38 23,54 2009 12,52 2,66 0,58 5,87 21,64 2010 11,34 2,59 0,47 4,88 19,29 2011 10,78 2,55 0,43 4,47 18,23 2012 10,16 2,46 0,40 4,00 17,03 2013 10,13 2,62 0,40 3,78 16,93 27

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2014 9,82 2,65 0,40 3,38 16,24

2015 8,91 2,46 0,31 2,55 14,23

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor.

É possível perceber que houve uma redução consistente na taxa dos acidentes típicos com CAT, doenças do trabalho com CAT e acidentes sem CAT a partir de 2010. Entretanto, para os acidentes de trajeto com CAT, houve um aumento nas taxas no ano de 2014 e no conjunto a redução não foi significativa. Esse aumento indica que a implantação do FAP influenciou os motivos de acidentalidade para os quais os empregadores tem algum controle e não conseguiu diminuir as taxas de acidentes de trabalho cujo motivo não se encontra sob controle dos empregadores, caso dos acidentes de trajeto.

A Tabela 4 apresenta o número absoluto dos acidentes de trabalho no Brasil distribuídos pelo ano e região de ocorrência.

Tabela 4 – Frequência de acidentes de trabalho segundo grande região e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015.

Ano \ Regiões Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

2008 30.292 85.953 415.074 172.222 52.439 755.980 2009 31.026 92.147 392.432 166.441 51.319 733.365 2010 29.765 91.285 382.216 158.486 47.722 709.474 2011 31.772 93.711 391.324 155.497 48.325 720.629 2012 32.269 90.588 390.997 150.580 49.550 713.984 2013 31.857 88.027 394.715 159.272 51.793 725.664 2014 31.834 87.536 383.022 159.001 50.909 712.302 2015 28.283 74.815 334.873 138.886 45.522 622.379 Total 247.098 704.062 3.084.653 1.260.385 397.579 5.693.777

Fonte: Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT [ano]) adaptado pelo autor. Obs: Foram excluídos os acidentes classificados como ignorados

A Tabela 5 apresenta as taxas para os acidentes de trabalho no Brasil segundo região e ano de ocorrência, utilizando o número de acidentes como numerador e o número médio de vínculos como denominador. O resultado foi multiplicado pela constante 1.000 (trabalhadores).

Tabela 5 – Taxa de acidentes de trabalho segundo grande região e ano de ocorrência. Brasil 2008-2015.

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Ano \ Regiões Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste BRASIL 2008 20,26 16,66 24,13 29,65 22,02 23,55 2009 19,75 16,69 21,74 27,19 19,94 21,64 2010 17,03 14,94 19,62 24,07 17,07 19,29 2011 16,53 14,08 18,78 22,13 16,01 18,23 2012 15,13 12,54 17,85 20,46 15,26 17,03 2013 14,96 12,09 17,65 20,93 15,27 16,93 2014 14,65 11,59 16,85 20,37 14,54 16,24 2015 13,15 9,90 15,06 18,03 13,08 14,41 Var % 2008-15 35,09 40,57 37,58 39,19 68,34 38,81

Fonte: Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT [ano]) adaptado pelo autor. Obs: Foram excluídos os acidentes classificados como ignorados

A análise da variação das taxas de acidente de trabalho no período estudado por região indicou que em todas as regiões brasileiras houve redução significativa no risco de registro de acidentes de trabalho. Na região Centro-Oeste, esta redução foi de 68,34% e a região com a menor redução foi a região Norte, com -35,09%.

A Tabela 6 apresenta os dados dos acidentes de trabalho de algumas divisões do CNAE, representativas dos três setores da economia: agricultura pecuária e serviços fabricação de produtos têxteis, fabricação de produtos alimentícios, fabricação de bebidas, metalurgia e o conjunto do setor de serviços:

Tabela 6 – Frequência de acidentes de trabalho segundo divisão do CNAE e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015. Ano Agricultura, Pecuária e Serv. Relacionados Fabricação de Produtos Têxteis Fabricação de Produtos Alimentícios Fabricação de Bebidas Metalurgia Setor de Serviços 2008 25.022 9.708 63.985 5.938 14.980 352.514 2009 25.512 8.446 60.677 5.912 10.083 355.636 2010 24.536 7.471 53.987 5.981 10.374 381.006 2011 22.893 7.383 52.017 5.510 10.625 356.996 2012 22.203 7.011 49.460 4.828 10.300 360.892 2013 20.345 7.322 48.622 4.600 10.561 375.409 2014 19.918 5.683 41.323 3.941 8.928 418.411 2015 16.221 4.660 40.012 3.256 6.873 367.944 TOTAL 176.650 57.684 410.083 39.966 82.724 2.968.808

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor.

O cálculo das taxas de risco para as mesmas divisões do CNAE é apresentado na Tabela 7:

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Tabela 7 – Taxa dos acidentes de trabalho segundo divisão do CNAE e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015. Ano Agricultura, Pecuária e Serv. Relac. Fabricação Produtos Têxteis Fabricação Produtos Alimentícios Fabricação Bebidas Metalurgia Setor de Serviços 2008 16,22 32,72 49,82 58,80 62,30 16,10 2009 18,51 29,09 45,68 56,59 46,79 15,15 2010 17,60 24,09 38,90 53,27 44,96 14,97 2011 16,19 23,77 35,91 46,25 43,26 13,02 2012 15,39 22,67 33,30 39,89 42,45 12,27 2013 14,36 23,47 32,52 35,73 44,19 12,43 2014 24,42 18,36 26,90 30,10 38,20 13,09 2015 12,05 16,51 24,66 25,60 32,79 11,75

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor.

É possível perceber que houve tendência de queda nas taxas de acidentes de trabalho por divisão do CNAE a partir de 2010 em todos os segmentos estudados: fabricação de produtos alimentícios, agricultura pecuária e serviços e fabricação de bebidas, fabricação de produtos têxteis, metalurgia e setor de serviços.

Apesar de ser um setor menos organizado (primário), a divisão CNAE agricultura, pecuária e serviços relacionados teve uma diminuição na taxa de acidentes de trabalho a partir de 2010, ou seja, o FAP pode ter relação com as melhorias de trabalho nesse segmento. Da mesma forma, o setor industrial, representado pelos segmentos de fabricação de alimentos, bebidas, têxteis e metalurgia, e todo o setor de serviços apresentaram nítida redução das taxas de acidentes, indicando uma possibilidade de que esses resultados tenham sido de fato influenciados pela implantação do FAP.

Para a análise dos dados de acidentalidade por CID, foram selecionados cinco códigos da CID-10: CID G56: Mononeuropatias dos Membros Superiores; CID H90: Perda da Audição por Transtornos de Condução Neuro-Sensoriais - PAIR; CID C44: Outras Neoplasias Malignas da Pele e; CID F32: Episódios Depressivos. O CID G56 foi selecionado por estar associado às LER/DORT, uma doença muito comum no ambiente de trabalho. O CID H90 foi selecionado para incluir nos estudos os trabalhadores que desenvolvem surdez por exposição ao ruído. O CID C44 foi analisado por não haver lei específica que obrigue o uso de protetor solar no ambiente de trabalho. O CID F32 foi escolhido porque as psicopatologias, e em especial a depressão, são doenças que cada vez mais afetam os trabalhadores.

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A Tabela 8 apresenta a quantidade de acidentes por CID nos anos de 2008 a 2015: Tabela 8 – Acidentes de trabalho segundo divisão do CID e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015. Ano CID G56: Mononeuropatia s dos Membros Superiores CID H90: PAIR CID C44: Neoplasias Malignas da Pele CID F32: Episódios Depressivos TOTAL (inclui outros CIDs) 2008 8.651 1.111 552 5.205 755.980 2009 7.603 1.223 511 4.908 733.365 2010 6.805 1.068 476 4.116 709.474 2011 6.599 851 430 4.006 720.629 2012 6.284 871 448 3.628 713.984 2013 6.532 657 446 3.935 725.644 2014 6.164 685 386 3.666 712.302 2015 4.730 624 305 2.724 612.632 TOTAL 53.368 7.090 3.554 32.188 5.684.010

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor. PAIR=Perda auditiva induzida pelo ruído;

A tabela 9 mostra o resultado dos cálculos para as taxas de cada um dos CID selecionados no estudo:

Tabela 9 – Taxa dos acidentes de trabalho segundo divisão do CID e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015. Ano CID G56: Mononeuropatia s dos Membros Superiores CID H90: Perda Audicao Transt Conducao Neuro-Sens CID C44: Outr Neoplasias Malignas da Pele CID F32: Episodios Depressivos Total (Inclui outros CIDs) 2008 11,44 1,47 0,73 6,89 23,54 2009 10,37 1,67 0,70 6,69 21,64 2010 9,59 1,51 0,67 5,80 19,29 2011 9,16 1,18 0,60 5,56 18,23 2012 8,80 1,22 0,63 5,08 17,03 2013 9,00 0,91 0,61 5,42 16,93 2014 8,65 0,96 0,54 5,15 16,24 2015 7,72 1,02 0,50 4,45 14,23

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor.

Com a tabela 9 é possível perceber que apesar do aumento nas taxas para o código CID G56 e F32 em 2013, bem como nas taxas dos códigos CID C44 e H90 em 2012 e 2015, respectivamente, em todas as patologias selecionadas a tendência de redução da prevalência se confirmou. Apesar de não se estar fazendo associações de causalidade, e, portanto, não ser possível concluir se a inclusão do FAP teve interferência direta na diminuição ou aumento dos 31

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casos das doenças analisadas, a tendência de redução ocorreu de forma sistemática em todo o período sob influência do FAP.

A tabela 10 mostra os dados coletados acerca dos acidentes de trabalho de acordo com a faixa etária:

Tabela 10 – Acidentes de trabalho segundo a faixa etária e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015.

Ano Até 19 Anos 20 a 39 Anos 40 a 64 Anos 65 em diante Total

2008 26.336 482.510 244.955 2.055 755.980 2009 22.159 115.204 246.367 1.782 733.365 2010 22.971 111.098 237.409 1.634 709.474 2011 24.044 109.858 243.396 1.907 720.629 2012 23.791 105.208 244.236 2.082 713.984 2013 24.561 103.778 250.098 2.323 725.664 2014 23.241 99.460 249.073 2.634 712.302 2015 17.153 83.065 216.706 2.648 612.632 TOTAL 184.256 1.210.181 1.932.240 17.065 5.684.030

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor.

A tabela 11 apresenta as taxas calculadas para os acidentes de trabalho de acordo com a faixa etária:

Tabela 11 – Taxa de Acidentes de Trabalho segundo a faixa etária e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015.

Ano Até 19 Anos 20 a 39 Anos 40 a 64 Anos 65 em diante Total

2008 22,29 23,34 39,85 0,24 20,74 2009 20,05 5,47 24,59 8,50 22,64 2010 19,11 4,93 21,78 7,05 20,34 2011 16,08 4,57 20,63 7,31 19,18 2012 14,14 4,17 19,20 6,88 17,87 2013 13,87 3,96 18,94 7,05 17,49 2014 13,68 3,77 17,99 7,06 16,83 2015 10,82 3,21 15,40 6,54 14,62

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor. Obs: Foram excluídos os valores correspondentes à idade ignorada.

Por meio da tabela 11 é possível observar que houve tendência de redução na taxa de acidentes de trabalho em todas as faixas etárias, o que pode evidenciar que o FAP pode ter influenciado nessa diminuição.

A última análise realizada neste estudo foi, quanto aos acidentes de trabalho típicos com CAT, verificar a distribuição da sua frequência de acordo com o sexo. A tabela 12 apresenta os dados obtidos:

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Tabela 12 – Acidentes de trabalho típicos com CAT segundo o sexo e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015.

Ano Masculino Feminino Ignorado Total

2008 347.987 93.938 0 441.925 2009 327.183 97.310 5 424.498 2010 319.147 98.146 2 417.295 2011 320.818 105.328 7 426.153 2012 316.453 109.818 13 426.284 2013 317.038 117.289 12 434.339 2014 309.090 121.347 17 430.454 2015 269.803 113.847 13 383.663 TOTAL 2.527.519 857.023 69 3.384.611

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor. CAT=Comunicação de Acidente de Trabalho;

A tabela 13 expõe os resultados para os cálculos das taxas para os acidentes de trabalho típicos com CAT e sua relação com o sexo.

Tabela 13 – Taxa dos Acidentes de trabalho típico com CAT segundo o sexo e ano de ocorrência. Brasil, 2008-2015.

Ano Masculino Feminino Ignorado Total

2008 17,84 7,77 0,00 23,54 2009 16,54 7,71 0,01 21,64 2010 15,05 7,18 0,00 19,29 2011 14,18 7,05 0,01 18,23 2012 13,29 6,81 0,02 17,03 2013 12,97 6,89 0,06 16,93 2014 12,34 6,73 0,20 16,24 2015 11,14 6,39 0,18 14,23

Fonte: Dados da Previdência Social (AEAT 2018) adaptado pelo autor.

É possível verificar que em toda a série temporal estudada, as taxas de acidentalidade típica por sexo tiveram tendência de queda, com maior ênfase na série do sexo masculino. A redução mais suave na série feminina pode indicar uma tendência de migração gradual das mulheres para postos de trabalho com maior risco, o que pode, no futuro, equipar as mulheres em relação aos riscos ocupacionais que, até há algum tempo, eram quase exclusivamente observados em postos de trabalho ocupados por homens.

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4 CONCLUSÕES

Com a análise dos resultados obtidos e apresentados no capítulo anterior, é possível perceber que houve redução significativa na acidentalidade ocupacional quando considerados os acidentes de trabalho com comunicação formal pelo empregador – a CAT, e também dos acidentes sem CAT, mas reconhecidos como acidentários pelo INSS por meio do NTEP. Esta tendência de redução ocorreu também quando foram analisadas as séries temporais das taxas de acidentes do período segundo atividades econômicas do setor primário, secundário e terciário, as regiões de ocorrência e patologias variadas, e também segundo a faixa etária e o sexo dos trabalhadores brasileiros.

A implementação do FAP a partir de 2010 foi a mais importante iniciativa implementada no país no âmbito da saúde e segurança do trabalho, e sua influência nas decisões empresariais associadas a melhoria dos ambientes de trabalho não pode ser desconsiderada, já que o retorno dos investimentos passou a ser uma possibilidade real com o enquadramento mais favorável das empresas em relação ao valor do Seguro de Acidente de Trabalho – SAT.

Como este esforço acadêmico optou pela realização de uma pesquisa observacional com delineamento ecológico, não é possível afirmar inequivocamente a relação de causa e efeito entre a implementação do FAP a partir de 2010 e a redução observada nas taxas, que ocorreu em todo o período estudado.

Novos estudos, com métodos que incluam e controlem melhor os efeitos de outras variáveis que eventualmente possam ter influenciado as taxas de acidentalidade ocupacional no período estudado poderão confirmar ou refutar a hipótese aqui formulada – a de que a implementação do FAP pode ter influenciado a redução da acidentalidade por acidentes de trabalho no país a partir de 2010.

Pelos resultados apresentados, a hipótese de que o FAP pode ter tido influência direta na redução absoluta e relativa dos acidentes de trabalho registrados na população formalizada brasileira mantém-se como uma explicação razoável para a tendência de queda das taxas de acidentes de trabalho observada nos últimos oito anos.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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