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O uso de incubadoras e escritórios de coworking para o desenvolvimento de novos negócios na percepção de empreendedores sergipanos

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Academic year: 2021

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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

RYAN SANTANA DO SACRAMENTO

O USO DE INCUBADORAS E ESCRITÓRIOS DE COWORKING PARA O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS NEGÓCIOS NA PERCEPÇÃO DE

EMPREENDEDORES SERGIPANOS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

São Cristóvão 2017

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O USO DE INCUBADORAS E ESCRITÓRIOS DE COWORKING PARA O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS NEGÓCIOS NA PERCEPÇÃO DE

EMPREENDEDORES SERGIPANOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Administração, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. José Pedro Penteado Pedroso

São Cristóvão 2017

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diretos para atuação no mercado desejado, como a busca por financiamento, aluguel de espaço físico, contratação de pessoal etc. Porém, existem organizações que historicamente têm o papel de ajudar no desenvolvimento de novos negócios, assim como existe um novo modelo de ambiente de trabalho que vislumbra o aumento da colaboração e criatividade, também podendo ajudar os empreendedores. Deste modo, o presente trabalho tem por objetivo, expor características, singulares e comuns, do uso de incubadoras e escritórios de coworking em Sergipe, e como tais aspectos podem vir a afetar o desenvolvimento de novos negócios, para os empreendedores locais. Para atender ao objetivo citado, este trabalho se utiliza de estudos de casos. Como estratégia de pesquisa, foram realizadas para a coleta de evidências, entrevistas com roteiros semiestruturados com um gestor de incubadora, um gestor de escritório de coworking e dois usuários de cada organização citada. Além disso, foram utilizadas análise documental para corroborar os dados coletados e também observações diretas, a fim de identificar as características mais marcantes no uso das organizações em questão. Para análise de dados, fez-se a convergência de evidências, e para analisar comparativamente os casos, utilizou-se uma análise cruzada entre os casos. A partir da análise dos dados constatou-se que dentre os diversos tipos de apoio possíveis dentro de um programa de incubação, o apoio à gestão e a possibilidade de aumento da rede de contatos, se mostraram mais relevantes. Nas constatações do escritório de coworking, identificou-se que a colaboração entre usuários e a possibilidade de aumento da rede de contatos, se revelaram mais importantes. E, como pontos de convergência entre essas organizações, encontrou-se afinidades nos serviços oferecidos dentro de suas estruturas e a possibilidade de aumento da rede de contatos de seus usuários.

Palavras-chave: Incubadoras de empresas. Escritórios de coworking. Empreendedorismo.

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Entrepreneurs to launch new businesses can use traditional strategies to act in a desired market, as searching for finance, renting space, hiring new people, and others. However, there are organizations that have been supporting business ideas for decades, and exists a new work-environment model that can help with collaboration and creativity, therefore with the ability to support entrepreneurs. This paper has the goal to expose single and common characteristics within the experience of using business incubators and coworking spaces and how those aspects can influence business development by the eyes of Sergipe’s entrepreneurial class. To achieve that goal this paper uses cases of study. As researching strategy it was used semi-structured interviews with a business incubator manager, a coworking space manager and two users of each organization. Beyond that, it was collected data from different sources like documents and websites to cooperate with data extract from local observation. Cross-evidence method was used to analyze all data collected in addition, cross-case method was applied to compare both cases. After the final analysis, it was found in the local business incubator experience managerial and networking support were more relevant than any other type. Secondly, in the coworking space experience, collaboration between users and possible network increase were discovered to be more relevant. Finally, when compared business incubator and coworking space experiences, it was found that services provide within each structure and the possibility of network increase as common characteristics between both models.

Keywords: Business incubators. Coworking spaces. Entrepreneurship. Local entrepreneurship.

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Quadro 2: Setor de atuação das incubadoras...21

Quadro 3: Tipos de administração das incubadoras...21

Quadro 4: Modelo de negócio genérico de um escritório de coworking...35

Quadro 5: Categorias analíticas...45

Quadro 6: Perfil geral dos empreendedores da Incubadora de Base Tecnológica...73

Quadro 7: Caracterização das empresas pesquisadas na Incubadora...74

Quadro 8: Caracterização da Incubadora pesquisada...75

Quadro 9: Perfil geral dos empreendedores da Neoworking...80

Quadro 10: Caracterização dos usuários pesquisados na Neoworking...81

Quadro 11: Caracterização da Neoworking...82

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Figura 1: Evolução das incubadoras no contexto internacional ... 20

Figura 2: Processo de incubação ... 23

Figura 3: Processos principais das incubadoras de empresas ... 24

Figura 4: Impacto direto das empresas incubadas e graduadas ... 27

Figura 5: Efeitos indiretos das empresas graduadas ... 28

Figura 6: Efeitos indiretos das empresas incubadas ... 28

Figura 7: Setor de atuação das incubadoras brasileiras ... 29

Figura 8: Foco das empresas incubadas ... 29

Figura 9: Setores de atuação das empresas incubadas ... 30

Figura 10:Alcance das inovações das empresas incubadas ... 30

Figura 11: Perfil dos coworkers brasileiros ... 36

Figura 12: Fontes de receitas ... 37

Figura 13: Periodicidade na realização de eventos ... 38

Figura 14: Panfleto utilizado como fonte para a pesquisa ... 41

Figura 15: Brochura utilizada como fonte para a pesquisa ... 41

Figura 16: Exemplar de banner (ao fundo) utilizado como fonte para a pesquisa ... 42

Figura 18: Fachada da Incubadora de Base Tecnológica ... 48

Figura 19: Organograma do SergipeTec ... 50

Figura 20: Tipo de sala compartilhada da Neoworking ... 61

Figura 21: Tipo de sala compartilhada da Neoworking ... 62

Figura 22: Escritórios e salas compartilhadas em Aracaju ... 63

Figura 23: Planos de coworking da Neoworking ... 64

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1.1.JUSTIFICATIVA...11 1.2.PROBLEMA DE PESQUISA...11 1.3.OBJETIVOS...11 1.3.1. Objetivo geral...11 1.3.2. Objetivos específicos...12 2. REFERENCIAL TEÓRICO...13 2.1.EMPREENDEDORISMO...13 2.2.INCUBADORAS DE EMPRESAS...17 2.2.1. Definição...17 2.2.2. Histórico...18 2.2.3. Tipologia...20 2.2.4. Processo de incubação...22 2.2.5. Benefícios do programa...25

2.3.INCUBADORAS DE EMPRESAS NO BRASIL...26

2.4.COWORKING ...31 2.4.1. Definição...31 2.4.2. Histórico...32 2.4.3. Benefícios de características...33 2.5.COWORKING NO BRASIL...35 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...39 3.1.QUESTÕES DE PESQUISA...39 3.2.CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO...39 3.3.ESTRATÉGIA DE PESQUISA...40 3.4.FONTES DE EVIDÊNCIA...40

3.5.PROTOCOLO DE ESTUDO DE CASO...44

3.6.CATEGORIAS ANALÍTICAS...45

3.7.ANÁLISE DOS DADOS...46

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS...47

4.1.CASO 1...47

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4.2.CASO 2...61

4.2.1. Caracterização da Neoworking...61

4.2.2. Percepção usuário 1 – coworking...67

4.2.3. Percepção usuário 2 – coworking...69

4.3.ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS – INCUBADORA...72

4.4.ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS – NEOWORKING...79

5. CONCLUSÕES...85

REFERÊNCIAS...91

APÊNDICE A - Roteiro de entrevista com empreendedores...96

APÊNDICE B- Roteiro de entrevista para incubadora...98

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1. INTRODUÇÃO

As transformações nos processos produtivos reformularam o lugar do empreendedor no trabalho, assim como sua forma de atuação e os espaços para realizar a atividade empreendedora. Essas mudanças geram uma diversidade de formas e inserções de trabalhos, nas quais aspectos como jornada de trabalho, horário fixo, regularidade de atuação semanal, típicos do modelo industrial tradicional, são substituídos por contratos e horários atípicos (AQUINO, 2007).

Diante dessas mudanças no cenário global, os empreendedores, ao desenvolverem um novo negócio, se adquire uma contrapartida inerente a todo e qualquer empreendimento, o risco. Isto é, aquela probabilidade de que o negócio pode não se comportar como desejado. Assim, existem na literatura diversas maneiras de se administrar tal risco, algumas, para utilização enquanto a empresa já está em funcionamento, outras, para quando elas ainda não começaram ou estão no início de suas atividades. São alguns destes meios, que serão discutidos neste trabalho.

Os empreendedores, para lançarem um novo negócio, podem dispor de meios tradicionais e diretos para atuação no mercado desejado, como a busca por financiamento, aluguel de espaço físico, contratação de pessoal, etc. Mas, e se eles pudessem desenvolver melhor o empreendimento e adquirir apoio administrativo-financeiro, sem estar exposto diretamente aos riscos e a competitividade do mercado?

De modo alternativo, se eles pudessem alocar um ambiente de trabalho que tem o potencial de estimular colaboração e criatividade, sem a preocupação com altos custos ou a administração deste ambiente? Tais locais existem, o primeiro é conhecido como incubadoras de empresas e o segundo como escritórios de coworking.

Incubadoras de empresas são organizações, das mais variadas características, que fornecem, além de espaço físico, diversos tipos de apoio, como administrativo, financeiro, jurídico, etc., para que empreendedores possam desenvolver suas ideias e transformá-las em negócios mais susceptíveis ao sucesso. (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores, 2016).

Por outro lado, os espaços de coworking podem trazer uma abordagem diferente e menos institucional, se comparada as incubadoras. Neles, os empreendedores alugam um

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espaço em um escritório compartilhado, onde outras pessoas também terão acesso aos recursos físicos disponíveis, podendo torná-lo mais barato que os escritórios comerciais tradicionais. Porém, devido à presença de outros empreendedores de diferentes áreas, este ambiente pode favorecer a colaboração, criatividade, networking, entre outros benefícios, que podem ser cruciais para o desenvolvimento de novos negócios. (LEFORESTIER, 2009).

Vale ressaltar, no entanto, que ambas organizações possuem formas diferentes de seleção das empresas a serem hospedadas. Isto significa que comparativamente, existe um número maior de etapas a serem cumpridas para se entrar em um programa de incubação, do que para adentrar em um escritório de coworking.

Diante disto, este trabalho tem como finalidade expor características singulares e comuns, do uso de incubadoras e escritórios de coworking em Sergipe, e como tais aspectos podem vir a afetar o desenvolvimento de novos negócios, para os empreendedores locais.

Assim, tal pesquisa se mostra relevante, pois, apesar da presença destas organizações no cenário mundial, elas podem carregar aspectos específicos da realidade onde estão inseridas. Sendo a convergência dessas características e como elas podem afetar o progresso dos empreendimentos locais, fato que se revela importante.

Este trabalho está dividido em quatro partes principais: referencial teórico; metodologia; estudos de casos e; conclusões. Na primeira parte, se tem um apanhado geral das principais características dessas organizações no mundo e no cenário brasileiro, expostas na literatura, além da apresentação de conceitos que serão relevantes para a compreensão desta pesquisa.

Em segundo lugar, são apresentados os meios intelectuais e técnicos que foram utilizados para atingir os objetivos propostos. Na terceira parte, são apresentados os estudos de casos que formam a parte central deste trabalho. Por fim, são explicitadas as conclusões que foram alcançadas nesta pesquisa.

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1.1.JUSTIFICATIVA

Este trabalho se mostra relevante devido à grande presença das incubadoras de empresas e escritórios de coworking no cenário mundial Além disto, estas organizações podem trazer características específicas do ambiente local, os quais valem ser explorados. Esta pesquisa pode também revelar quais aspectos estão contribuindo, positiva e negativamente, para o progresso de novos negócios sergipanos.

No caso específico dos escritórios de coworking, a pertinência se dá pela origem relativamente recente, pouco mais de 10 anos, no palco global, e, ainda menor, no plano sergipano, por volta de 5 anos.

Para a execução e alcance dos objetivos desta pesquisa, foram escolhidos, por conveniência uma incubadora de empresas e um escritório de coworking. A suas escolhas se deram deste modo, devido à natureza deste trabalho, qualitativo. Para que houvesse relevância dos dados obtidos, se escolheu a Incubadora de Base Tecnológica do SergipeTec, a maior, mais antiga e pública, do estado de Sergipe. Já em referência ao escritório escolhido, o Neoworking, sua relevância se dá pelo seu tempo de atividade no estado, estrutura e avaliação positiva no mercado.

1.2.PROBLEMA DE PESQUISA

Que características são singulares e comuns do uso de incubadoras e escritórios de

coworking para o desenvolvimento de novos negócios na percepção de empreendedores

sergipanos?

1.3.OBJETIVOS

Abaixo, são expostos os objetivos que norteiam este trabalho.

1.3.1. Objetivo Geral

 Identificar características singulares e comuns do uso de incubadoras e escritórios de

coworking para o desenvolvimento de novos negócios na percepção de

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1.3.2. Objetivos Específicos

 Especificar o perfil dos empreendedores sergipanos respondentes da pesquisa tanto usuários de incubadora quanto de escritório de coworking.

 Classificar os novos negócios pertencentes aos empreendedores pesquisados.  Caracterizar incubadora de empresas e escritório de coworking.

 Definir as principais características no uso de incubadoras.

Revelar as principais características no uso de escritórios de coworking.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Inicialmente, para um melhor entendimento dos estudos de caso e das conclusões desta pesquisa, são expostas algumas características relevantes para este trabalho, na área do empreendedorismo. Em seguida, são apresentados os principais conceitos de incubadoras de empresas e escritórios de coworking, além do contexto mundial e brasileiro, dessas organizações.

2.1.EMPREENDEDORISMO

Como este trabalho está focado em novos negócios, o entendimento de empreendedorismo se mostra fundamental. Assim, verificando-se no dicionário Priberam de língua portuguesa1, empreendedorismo é "qualidade ou caráter do que é empreendedor. [...] Atitude de quem, por iniciativa própria, realiza ações ou idealiza novos métodos com o objetivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer atividades de organização e administração". Ou seja, é uma ação do ser empreendedor.

Ao se levar em consideração a definição exposta acima, pode ser feita uma conexão inicial entre os agentes que, para a criação, desenvolvimento e lançamento de um novo negócio, podem se utilizar dos mecanismos trazidos na incubação de empresas e no

coworking, tais agentes podem ser considerados seres empreendedores.

A disposição em empreender está associada a predisposição em aceitar desafios, segundo McCleland (1962), para este autor, o empreendedor, ao se expor a uma situação desafiadora, se coloca à disposição do trabalho que será necessário para o alcance do seu objetivo, desta forma, a inconformidade com a situação momentânea, funcionaria como um impulso, um estímulo, para que ele continue focado na realização dos objetivos traçados.

Na mesma linha traçada pelo autor supracitado, Lazzarotti (et al., 2015) afirma que o empreendedor não é o único agente a se apropriar dos meios de produção, sejam eles terra, trabalho, capital, etc., para a transformação de bens e serviços, entretendo, ele teria a capacidade de ver oportunidades, onde outros agentes não teriam.

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Corroborando, Gonçalves (p. 13, 2003) afirma que:

empreender enseja quebrar uma lógica de mercado, modificar uma dinâmica até então válida e oferecer ao mercado um negócio realmente novo. Não é por outro motivo que inovação e criatividade andam de braços dados com o empreendedorismo.

Em resumo, os autores citados trazem a ideia de que o empreendedor não é um agente de conformidade, muito pelo contrário, ele busca traçar caminhos diferentes, entendendo que o desafio faz parte deste caminho, esta característica, podendo até se tornar um auxiliador para o alcance de seus objetivos.

Um segundo aspecto que pode ser útil nesta pesquisa, são algumas possíveis características que podem fortalecer o ato de empreender, o que na literatura têm-se o nome e Orientação Empreendedora. Este conceito, pode ser definido, segundo Santos e Alves (p. 1, 2009), como “posturas ou comportamentos organizacionais que possam propiciar maior ou menor capacidade de empreender”.

São diversas dimensões trazidas pela literatura, neste trabalho, se tratará de três delas, a saber: aceitação de risco; proatividade e; comportamento inovador. Primeiramente, segundo McCleland (1972), ao se comportar como um empreendedor, necessariamente o agente estaria predisposto ao risco, ou seja, seria uma singularidade inerente à todo ato de empreender.

Em segundo lugar, na visão de Lumpkin e Dess (1996), proatividade é toda iniciativa que visa se antecipar à uma oportunidade, assim, a “proatividade pode ser crucial para uma OE [Orientação Empreendedora] porque ela sugere uma perspectiva de olhar adiante que é acompanhada por atividades inovativas ou novos negócios” (MARTENS; FREITAS, p. 97, 2008). Em terceiro lugar, por fim, o comportamento inovador, como o próprio nome indica, seria, de acordo com Miller (1983), a ideia de que o empreendedor é um ser que inova, ou seja, que desenvolve novas combinações na economia.

Complementando, outros autores trazem outras dimensões/variáveis que auxiliam na formação da OE, uma delas é dada por Fillion (1991), a rede de relações, o qual atrela o desenvolvimento de uma visão empresarial aos relacionamentos do empreendedor, ou seja, para ele é difícil que uma empresa e, por consequência, o empreendedor, se desenvolva sem que haja na rede de contatos do mesmo, relações que possibilitem a evolução de tal visão. Já Jenssen e Nybakk (2009), associam a busca do conhecimento com a geração de novas ideias,

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para elas, participação em cursos e conferências seria uma forma de aumentar o conhecimento, assim, elevando a probabilidade de inovação.

Em conclusão, a OE traz luz a certas singularidades que podem ser encontradas em empreendedores, assim, essa abordagem teórica se revela importante para esta pesquisa, uma vez que se busca explicitar as características e o perfil dos empreendedores sergipanos respondentes da mesma.

Outra forma de buscar entender as características dos empreendedores, é por meio de pesquisas estatísticas. Por exemplo, um relatório executivo do Global Entrepreneurship

Monitor (GEM), sobre empreendedorismo no Brasil, realizado em 2015, traz algumas

peculiaridades ao caso brasileiro.

De acordo com dados do relatório, "estima-se [...], que em 2015, 52 milhões de brasileiros com idade entre 18 e 64 anos estavam envolvidos na criação ou manutenção de algum negócio, na condição de empreendedor em estágio inicial ou estabelecido2” (GEM Report, p. 9, 2015).

Ainda segundo o relatório, em se tratando de empreendimentos iniciais, os adultos entre 25-34 anos, são mais ativos que outras faixas etárias, correspondendo percentualmente à 26% do total. Destacam-se ainda outros dados, como a igualdade estatística na proporção entre homens e mulheres empreendedores. Conjuntamente, indivíduos que possuem apenas ensino médio completo e renda familiar entre 6 e 9 salários mínimos, também despontam como mais ativos para negócios iniciais (GEM Report, 2015).

No quesito perfil dos novos negócios, o relatório demonstra algumas características comuns, como o fornecimento de produtos/serviços que podem não ser considerados novos, a existência de muitos concorrentes, utilização de processos e tecnologias datadas de mais de 5 anos e, falta de orientação para o mercado externo (GEM Report, 2015).

Por fim, a maioria dos especialistas ouvidos na pesquisa argumenta que características ditas marcantes dos brasileiros, como criatividade e resiliência, favoreceriam o empreendedorismo no país, mesmo nas recorrentes incertezas econômicas (GEM Report,

2 A pesquisa considera estágio inicial, negócios que não pagaram salário, pró-labore ou qualquer forma de remuneração aos proprietários dos mesmos, por mais de 3,5 anos. Acima deste período, é considerado estabelecido.

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2015). Deste modo, os dados deste relatório servem de parâmetro para a comparação entre o perfil encontrado nesta pesquisa com o do empreendedorismo brasileiro.

Em decorrência do fato de que nesta pesquisa se utiliza de incubadora de base tecnológica e escritório de coworking como fonte de dados, o entendimento do que alguns autores chamam de ‘empreendedorismo tecnológico’, igualmente se traduz importante. De acordo com Borges, Bernasconi e Fillion (2003), o empreendedorismo tecnológico não só é diferente do empreendedorismo tradicional, como também é mais difícil, isto decorre do que Stinchombe (1965) chamou de “liability of newess”.

Como ainda não existe no mercado uma base de conhecimento sólida para o tipo de produto ou ação que a nova empresa está propondo. Em consequência, o processo de criação e de legitimação da nova empresa torna-se mais difícil. Mais do que criar uma empresa, muitas vezes os empreendedores tecnológicos precisam criar um mercado. (BAÊTA; BORGES; TREMBLAY, p. 9, 2006)

Desta forma, esta preocupação diferenciada que um empreendedor tecnológico pode ter, aumenta ainda mais o número de variáveis que ele tem que lidar ao abrir um novo negócio, igualmente, as possíveis características particulares deste tipo de empreendedor. Por exemplo, Chassagne (2015), ao analisar casos de start ups digitais brasileiras, encontrou algumas evidências que sugerem certas características marcantes na atuação de empreendedores brasileiros que lidam com produtos tecnológicos.

Primeiramente, estes empreendedores, para abrirem um novo negócio, focariam demasiadamente no tamanho da oportunidade, em suas visões. Ou seja, para a construção de um negócio próprio, eles condicionariam isto à clareza que uma oportunidade de mercado parece, para eles.

Segundo, a ideia de testar seus produtos/serviços previamente com possíveis clientes, conversar com estes, não parece ser algo comum no caso brasileiro. Assim, planos de negócios podem ser desenvolvidos sem muita interação entre consumidores em potencial. Finalmente, a autoconfiança de empreendedores locais, em seus próprios negócios, é característica marcante para empreendedores do mundo digital (CHASSAGNE, 2015).

De modo complementar, todo este apanhado geral sobre o tema empreendedorismo, serve de base para o entendimento dos próximos capítulos, já que diz respeito a “quem” as incubadoras de empresas e escritórios de coworking estão focalizadas.

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2.2.INCUBADORAS DE EMPRESAS

Nesta sessão, é feito uma síntese do que são incubadoras de empresas, seus benefícios, características e particularidades brasileiras.

2.2.1. Definição

As incubadoras parecem ter grande presença no cenário mundial, desta forma, diferentes autores e entidades possuem diferentes definições para este tipo de organização. Por exemplo, o Centre for Strategy & Evaluation Services (CSES) (p. 3, 2002), centro britânico especializado em pesquisas multidisciplinares e serviços de consultoria, denomina incubadora como "[...] uma organização que acelera e sistematiza o processo de criação de empreendimentos de sucesso, provendo um apoio amplo, compreensivo e integrado, que inclui: espaço físico, serviços de apoio à gestão, e oportunidades para parcerias e networking [...]".

No entanto, o U.S. Economic Development Administration (EDA) (et al., p.15, 2011), agência do governo federal dos Estados Unidos focada exclusivamente no desenvolvimento econômico, diz que a definição de incubadoras de empresas passa também pelo seu principal objetivo que "[...] é produzir empresas de sucesso, que deixarão o programa financeiramente viáveis e independentes". Ainda segundo a agência, uma incubadora "deve prover direcionamento administrativo, assistência técnica, e consultoria personalizada às novas e crescentes empresas".

Pode-se perceber que a preocupação da europeia CSES, é com a definição mais exata e completa do que venha a ser uma incubadora de empresas, talvez devido ao caráter avaliativo da instituição, uma definição como esta, ajude as organizações a situarem e adequarem seus processos ao mais próximo das melhores práticas de incubação de negócios verificadas.

Por outro lado, pode-se inferir que a visão da americana EDA é ligada ao objetivo final do processo: a produção de negócios de sucesso. Por ser um órgão governamental, é de seu interesse, destacar os possíveis frutos que, por exemplo, um país pode colher ao incentivar a criação de novas incubadoras.

Enriquecendo-se a discussão, na visão de Lazarrotti (et al., 2015), há uma associação entre a definição de incubadora e seu objetivo de desenvolver economias regionais, sendo ela

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mecanismo de estimulo à criação de novas empresas. Já para Leite (2006), uma incubadora de empresas tem como finalidade a criação de um ambiente de negócio de risco baixo, para assim ter um maior estímulo a inovação dos empreendedores.

Para efeitos deste trabalho, se utilizou da definição da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), entidade que representa as incubadoras de empresas, parques tecnológicos e empreendimentos inovadores no Brasil, a qual discorre sobre incubadoras na mesma sintonia dos órgãos internacionais já citados. Deste modo, ela situa esta organização como:

[...] uma entidade que tem por objetivo oferecer suporte a empreendedores para que eles possam desenvolver ideias inovadoras e transformá-las em empreendimentos de sucesso. Para isso, oferece infraestrutura, capacitação e suporte gerencial, orientando os empreendedores sobre aspectos administrativos, comerciais, financeiros e jurídicos, entre outras questões essenciais ao desenvolvimento de uma empresa 3. A escolha desta definição para este trabalho, está embasada na sua complexidade, trazendo uma definição possivelmente mais completa dos processos envolvidos, sem deixar de lado os objetivos finais, ou razão de existência, de uma incubadora.

Em resumo, estas organizações oferecem suporte para futuros negócios, seja para poder tirar do papel projetos acadêmico e/ou tecnológicos, seja para sustentar projetos mais bem estruturados de empreendedores. O sucesso de um programa de incubação não parece depender apenas na sua estrutura física, mas, além disto, da qualidade dos serviços que disponibiliza aos entes incubados.

2.2.2. Histórico

As incubadoras de empresas apresentam, historicamente, a finalidade de auxiliar empreendedores no desenvolvimento de seus negócios, contando com uma série de serviços que os possibilitam obterem conhecimento e ampliar suas habilidades de gestão. Desta forma, "produz-se, ao final do programa de incubação, empresas financeiramente viáveis, com gestão adequada e bem posicionada em seus mercados de atuação” (ANPROTEC; SEBRAE, pg. 06, 2016).

3 Disponível em: < http://anprotec.org.br/site/menu/incubadoras-e-parques/perguntas-frequentes/>. Consultado em 09/10/2016.

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Em sua origem, estas organizações estiveram associadas à responsabilidade de estimular os negócios resultantes de projetos tecnológicos, muitos deles desenvolvidos nos clássicos centros de pesquisa de universidades. Assim, a tipologia criada foi de incubadoras tecnológicas e, para os novos negócios incubados4, de empresas de base tecnológica. (RAUPP; BEUREN, 2006, apud, FONSCECA; KRUGLIANSAKS, 2000)

Com o passar dos anos, os tipos de projetos incubados e a finalidade desta organização, passaram a ficar mais complexos. Através da introdução de empresas que não tinham apenas bases tecnológicas, as incubadoras aumentaram seus objetivos, assim, ganharam a função de desenvolvimento econômico local. (RAUPP; BEUREN, 2006, apud, FONSCECA; KRUGLIANSAKS, 2000)

Segundo Zouain e Torres (2005), a primeira incubadora sem fins lucrativos surgiu em Nova York, nos anos de 1950, em decorrência imediata da proliferação dos parques tecnológicos nos Estados Unidos. No Brasil, as primeiras incubadoras tecnológicas surgiram nas cidades de São Carlos (SP), em 1985, em Florianópolis (SC), em 1986, e em Brasília (DF), em 1988, todas fundadas por universidades.

De acordo com um estudo realizado pela ANPROTEC, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro de Pequenas Empresas (SEBRAE) (2016), pode-se dividir a história das incubadoras em três fases distintas, também chamadas de gerações. Tais momentos, dizem respeito a diferentes focos que estas organizações deram na prestação de seus serviços.

Em sua primeira geração, as incubadoras estavam focadas na disponibilidade de espaços físicos para que os projetos tecnológicos pudessem se desenvolver em verdadeiros empreendimentos, tais ambientes, que deveriam ser de baixo custo e boa qualidade, incluíam auditórios, salas de reunião e outros tipos de equipamentos para uso coletivo. (ANPROTEC; SEBRAE, 2016)

Posteriormente, em sua segunda geração, as incubadoras também passaram a dar ênfase no desenvolvimento empresarial, mais especificamente, em transmitir aos entes incubados, através de mentorias, treinamentos, etc., as habilidades de gestão que os preparassem para o mercado. Por fim, na terceira geração, além de abarcar os valores das

4 Negócios que estão passando pelo processo de incubação são chamados de incubados. Já os que concluíram tal programa, são denominados de graduados. (ANPROTEC, 2016)

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fases anteriores, introduziu-se a preocupação com o ambiente externo, assim, os empreendimentos teriam acesso a novos parceiros, conhecimentos e recursos. (ANPROTEC; SEBRAE, 2016)

Figura 1: Evolução das incubadoras no contexto internacional

Fonte: Anprotec (2016).

Pode-se concluir que as incubadoras que se encontram na terceira geração, são as mais modernas, nelas, devem ser encontradas as características gerais descritas na Figura 1. Vale ressaltar, ainda, se tratar de parâmetros gerais ao processo de incubação, tendo cada incubadora, tipologia, regionalidade e finalidade própria.

2.2.3. Tipologia

Segundo o EDA (et al., 2011), as incubadoras podem ser divididas, basicamente, pelo seu tipo (física, virtual, internacional ou aceleradora), setor de atuação (manufatura, mista, tecnologia ou serviço) e tipo de administração (universidades, com fins lucrativos, estados ou nações). Os quadros a seguir, resumem os principais pontos de cada uma delas.

Quadro 1: Tipologia das incubadoras.

Tipo de incubadora Definição

Física Incubadora que possui espaço físico definido e a administração do mesmo se encontra no local. Deve-se ressaltar que, apesar do espaço, o foco deste tipo está nos serviços de apoio aos negócios incubados.

Virtual Basicamente, estas incubadoras não oferecem espaço físico para seus clientes, ainda sim, pode existir sede, funcionários e locais para reunião. Aqui, os clientes podem ou não estar situados na mesma cidade ou estado.

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(continuação)

Tipo de Incubadora Definição

Internacional Organizações especializadas em serviços para negócios que desejam atuar fora dos seus países de origem. Aqui, o tipo de preparação depende das especificidades dos mercados internacionais desejados. Aceleradora (de empresas) Um programa para negócios mais estruturados ou que já passaram pelo processo de incubação. Auxilia no começo da atuação no mercado.

Fonte: (EDA et. al., 2011).

Quadro 2: Setor de atuação das incubadoras. Setor de atuação

Manufatura Incubadoras voltadas para projetos de clientes que desejam atuar na indústria manufatureira. Geralmente, ocupam mais espaços que os outros tipos, pois, além da estrutura básica, existe espaço para produção. Mista Organizações que oferecem seus serviços,

independentemente do setor de atuação dos negócios incubados.

Tecnologia Os clientes deste tipo de incubadora, atuam nos setores emergentes da tecnologia, como por exemplo, software, biotecnologia, robótica, etc.

Serviços Incubadoras voltadas para projetos de clientes que desejam atuar no setor de serviços. Projetos podem incluir, por exemplo, negócios para Web.

Fonte: (EDA et. al., 2011).

Quadro 3: Tipos de administração das incubadoras. Tipo de administração

Universidades Como citado anteriormente, as universidades estão na origem das incubadoras, onde, faziam a transferência de projetos tecnológicos para os negócios. Quando aquelas administram estas, existe um fluxo de conhecimento, estudantes, professores e pesquisadores, entre ambas. Vale notar que estudos de Mian (1994), demostram não haver diferença significativa nos resultados de uma administração feita por universidades públicas ou privadas.

Com fins lucrativos Incubadoras administradas por organizações com fins lucrativos. O autor explicita que, de modo não raro, estas incubadoras acabam não contendo todos os requisitos mínimos que um programa de incubação deveria conter.

Estados Organizações administradas por iniciativas estaduais. Elas se mostram peças importantes para o desenvolvimento econômico local.

Nações Este tipo de gestão está, segundo o autor, conectado à incubadoras internacionais.

Fonte: (EDA et. al., 2011).

Já na visão da ANPROTEC (2012), em pesquisa realizada junto à 60 incubadoras brasileiras, encontrou-se incubadoras com enfoques em diferentes setores da economia, esta

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pluralidade, gerou diferentes tipologias para as mesmas, a saber: tecnológicas; tradicionais; mistas; culturais; sociais; agroindustriais e; de serviços. Com a ressalva, de que não fora citado à época, incubadoras com enfoque exclusivamente ambiental, por exemplo.

Dentro do escopo dos tipos de incubadoras, Zouain e Torres (2005) caracterizam estas organizações em tradicionais, de base tecnológica, culturais e sociais. Nesta última tipologia, os autores citam a Incubadora de Projetos de Profissionais e Empreendedores Afro-Brasileiros, mantida pelo Instituto Palmares de Direitos Humanos (IPDH), como exemplo de iniciativa que busca incentivar empreendimentos de economia solidária, visando uma melhor inserção do profissional negro no mercado.

Se encontra ainda na literatura, a menção à incubadoras sem fins lucrativos, porém, como são a maioria dos casos, supõe-se, a priori, que já se enquadrem nesta tipologia (EDA et

al., 2011). Por fim, o conhecimento dos tipos que estas organizações podem assumir, se

parece determinante para as características que os programas podem ter e, a natureza dos negócios resultantes.

2.2.4. Processo de incubação

Como já foi mencionado anteriormente, as incubadoras podem trazer uma abordagem mais sistematizada e institucional, no que diz respeito ao apoio que dão aos empreendedores. Sendo esta característica, parte central na sua diferenciação dos espaços de coworking.

Geralmente, num processo desta natureza, se incluem quatro tipos de assistências: treinamento; apoio à gestão; apoio financeiro (podendo ser da própria incubadora ou de instituições terceiras) e; apoio tecnológico (CSES, 2011).

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Figura 2: Processo de incubação

Fonte: Traduzido de InfoDev (p. 13, 2010).

Pode-se perceber, através da figura acima, que uma incubadora de empresas oferece um programa de assistência definido pelo mercado-alvo (setor de atuação), a um número relativamente pequeno de empreendimentos. É importante ressaltar também, que existem critérios bem definidos para a entrada e saída de um projeto/negócio. (InfoDev5, 2010)

Corroborando, Abreu, Souza e Gonçalo (2006), também dizem que o processo de incubação pode ser dividido, de modo geral em três etapas: pré-incubação; incubação e; pós-incubação (ou graduação). Para eles, a primeira fase é o momento em que os empreendedores apresentam os planos de negócio e estudos de mercado, de modo a avaliar a viabilidade de seus negócios.

O segundo momento, diz respeito à fase em que a empresa irá atuar de fato no mercado, introduzindo seus produtos mercadológicos. Neste momento, principalmente, de acordo com os autores, é que a empresa receberá todos os tipos de apoios disponíveis pela incubadora. Por fim, a última etapa consiste no momento em que o empreendimento alcançou maturidade em sua gestão, podendo começar a se desvincular da hospedeira.

Já Caulliraux (2001), aprofunda a ideia de três fases já citada, com a menção à outras quatro fases adicionais: seleção de candidatos; assistência e acompanhamento das empresas; acompanhamento das graduadas e; captação. A primeira tem por objetivo manter a qualidade

5 Programa do Banco Mundial que apoia empreendimentos em países em desenvolvimento. Além disto, supervisiona uma vasta rede de contatos de incubadoras de empresas e polos de inovação. Ver: <http:// http://www.infodev.org/>

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aos empreendedores entrantes, a segunda, diz respeito aos apoios oferecidos além do acompanhamento do progresso dos entes incubados.

O terceiro ponto, se refere à uma análise periódica do andamento dos negócios graduados, com vistas à mensurar seus impactos econômicos e sociais. Por fim, o último ponto tem por objetivo a elaboração de projetos visando a captação de recursos para a incubadora. Todo este macro processo descrito pelo autor, pode ser visto na Figura 3 abaixo.

Figura 3: Processos principais das incubadoras de empresas

Fonte: Caulliraux (2011).

Uma visão final sobre o mesmo processo é dada pelo CSES (p. 24-23, 2011), o qual, vê um modelo entrada-saída como

a maneira com que uma incubadora de empresas opera. A entrada consiste basicamente na inclusão dos recursos financeiros, administrativos, [...] e dos projetos selecionados. [...] A saída se tem empreendimentos graduados de sucesso, com impacto positivo de riqueza e empregos nas economias locais.

Outro elemento que deve ser levado em consideração é o tempo fixado para a assistência dada pela organização. Tipicamente se incluem cláusulas que indicam o período máximo de incubação, por exemplo, cinco anos. Obviamente, alguns negócios se desenvolvem mais cedo e, após graduadas, as empresas podem manter contato com a incubadora, em muitos casos, devido à rede de contato construída ao longo do processo. (CSES, 2011)

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2.2.5. Benefícios do programa

Devido à sua dispersão nas mais variadas partes do mundo, estas organizações são bastante conhecidas, assim como, os benefícios que elas promovem para os novos negócios. Pode-se constatar que:

o principal valor agregado das incubadoras é o conjunto de processos institucionalizados e normas que estruturam os canais de conhecimento criando condições que facilitam o desenvolvimento da firma e a comercialização de suas inovações. Assim, na tentativa de evitar o fracasso, ocorre a incubação, para que esses negócios desenvolvam auto sustentabilidade e estruturas empresarias (ENGELMAN; FRACASSO; BRASIL, pg. 405, 2011, apud, HACKETT; DILTS, 2004).

Enriquecendo a visão do autor supracitado, o Centro Europeu para o Desenvolvimento

da Formação Profissional (CEDEFOP) (p. 8, 2011, apud, CSES, 2002), uma das agências

descentralizadas da União Europeia, argumenta que "[...] o processo de incubação [...] adiciona valor ao acelerar a iniciação de um novo negócio e maximizar o seu crescimento em potencial, de uma maneira que é difícil para outros modelos de apoio à pequenas empresas alcançarem".

Dito com palavras diferentes, os benefícios podem ser encontrados no aumento do potencial de crescimento dos novos negócios, devido ao suporte sistematizado aos mesmos, desde seus estágios iniciais, apoio este, dificilmente encontrado em modelos equivalentes.

Porém, tais resultados só serão alcançados se houver sinergia entre um programa de incubação de qualidade, "com os demais ambientes e estratégias de inovação da região em que está inserida [...]. Assim, passa a atuar em um contexto mais complexo, como forma complementar de apoio aos empreendimentos inovadores. [...]" (ANPROTEC; SEBRAE, pg. 07, 2016).

Finalmente, a explicitação de Zambalde, Andrade e Ribeiro (p. 7, 2005), exemplifica esta preocupação com o desenvolvimento local, que uma incubadora de empresas possui.

As incubadoras de empresas são parte substancial dos sistemas locais de inovação tecnológica, pois permitem a transferência de tecnologia entre a universidade e o setor produtivo. Nas localidades onde atuam, desenvolvem políticas de apoio às empresas incubadas na gestão tecnológica e, sobretudo, são o centro mais importante da cultura empreendedora da região.

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2.3.INCUBADORAS DE EMPRESAS NO BRASIL

As incubadoras brasileiras surgiram não apenas de motivações como estimular o empreendedorismo ou tirar do papel projetos universitários, mas principalmente, "o desenvolvimento do potencial tecnológico de determinadas regiões, bem como o estímulo à cooperação entre universidade e sociedade" (ENGELMAN; FRACASSO; BRASIL, pg. 806,

apud, MORAIS, 1997; PNI, 2000).

Apesar das primeiras incubadoras serem datadas do final dos anos 1980, de acordo com Zouain e Torres (2005), na legislação brasileira vigente, são poucas as citações diretas às incubadoras de empresas. Segundo Fonseca (p. 204, 2015), uma das primeiras, está no artigo 3º da chamada Lei de Inovação, a Lei nº 10.973, de 2 Dezembro de 2004, onde, “[...] as incubadoras são tratadas como ações de empreendedorismo tecnológico e ambientes de inovação”.

Outra menção, está na no artigo 65 da chamada Lei das Micro e Pequenas empresas, a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, a qual, “[...]estabelece as incubadoras como uma das formas passíveis de assumir os programas de apoio à inovação para as microempresas e as empresas de pequeno porte” (FONSECA, p. 204, 2005).

Há indícios que apontam a não importância da localização ou tempo de incubação de um negócio, mas sim, a qualidade do programa oferecido. Em outras palavras, existe uma equidade de chances de sucesso para empreendimentos do Norte/Nordeste, com os do Sul/Sudeste (ANPROTEC; SEBRAE, 2016).

Dentro do contexto mundial, o Brasil desponta como um caso peculiar no uso e implementação de incubadoras. Em um estudo realizado pela InfoDev em 2010, intitulado

"Global Practice in Incubation Policy Development and Implementation", foi realizado um

apanhado de práticas nos seguintes países: Nova Zelândia, Malásia, África do Sul e Brasil. As constatações obtidas do caso brasileiro, indicam que:

a maioria das incubadoras são patrocinadas por Universidades, conectadas à um setor econômico e financiadas por uma variedade de programas governamentais. [...] Essas incubadoras agem como um ponto de encontro para uma complexa rede de contatos, que agrupam recursos financeiros, pesquisadores e empreendimentos [...]. (InfoDev, p. 18, 2010)

Outro estudo que corrobora as conclusões da InfoDev, foi realizado em 2016, pela ANPROTEC, SEBRAE, com participação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Nele, é

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possível encontrar um panorama mais completo sobre a situação/perfil das incubadoras brasileiras. As principais informações encontradas no relatório de 2016 são apresentadas a seguir.

O levantamento contabilizou 369 incubadoras de empresas, 2310 empresas incubadas e 2815 empresas graduadas.

O faturamento estimado das empresas incubadas e graduadas - que representam o impacto direto das atividades das empresas desse segmento na economia do Brasil - é de R$ 15,26 bi, sendo R$ 1.46 bi o impacto direto das 2.310 empresas incubadas e

R$ 13,80 bi das 2.815 graduadas. Desse valor, R$ 8,88 bi é transformado em renda

na economia, gerando um total de 53.280 empregos diretos, sendo 15.477 oriundos das empresas incubadas e 37.803 das empresas graduadas. (ANPROTEC; SEBRAE, pg. 17, 2016, grifo nosso)

Figura 4: Impacto direto das empresas incubadas e graduadas

Fonte: FGV (2015).

Para se ter ideia da dimensão destes valores, basta observar que o valor que é transformado em renda na economia brasileira pelas empresas incubadas e graduadas, R$

8,88 bi, equivale a toda Receita do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social, para o Exercício

de 20166, do estado de Sergipe, que foi estimado em R$ 8,29 bilhões. Simultaneamente, o faturamento total daquelas empresas, R$ 15,26 bi, equivale à 15 vezes o valor que este mesmo estado gastou com Educação em 2016, que girou entorno de R$ 1,05 bi.

Este mesmo estudo, a partir dos gastos diretos realizados, estimou um efeito indireto das empresas incubadas de R$ 2,3 bi na economia, gerados a partir das aquisições das empresas incubadas. Os gastos das empresas incubadas geram, ainda, um total de R$ 1,29 bi em renda para outros setores da economia e geram um total de 35.777 empregos indiretos. (ANPROTEC; SEBRAE, 2016)

6SERGIPE (Estado). Lei nº 8.088 de 6 de janeiro de 2016. Disponível em: < http://seplag.se.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/Lei-n%C2%BA-8.088-Texto.pdf>. Consultado em: 15/01/2017.

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Paralelamente, as empresas graduadas geram efeitos indiretos na economia nacional. A estimativa é de um impacto indireto de R$ 21,8 bi na produção nacional e, na renda, R$

12,28 bi. Além da geração de 338.071 empregos indiretos. (ANPROTEC; SEBRAE, 2016)

Figura 5: Efeitos indiretos das empresas graduadas

Fonte: FGV (2015).

Figura 6: Efeitos indiretos das empresas incubadas

Fonte: FGV (2015).

Aprofundando-se no relatório, 85,9% das empresas graduadas, são micro ou pequenas empresas, seguindo tipologia do SEBRAE7. Assim, "tais dados reafirmam o caráter local de atuação e contribuição para a dinâmica econômica dos mercados onde estes negócios estão inseridos" (ANPROTEC; SEBRAE, pg. 12, 2016).

Finalmente,

outro dado relevante no contexto da importância desses pequenos negócios para o desenvolvimento local é a quantidade de empregos gerados por empreendimento. Um total de 93,6% das empresas incubadas geram até 9 empregos, enquanto que para as graduadas esse percentual é de 80,1%. (ANPROTEC; SEBRAE, pg. 12, 2016).

7Ver: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-as-diferencas-entre-microempresa-pequena-empresa-e-mei,03f5438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Consultado em 09/10/2015.

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É possível, de mesmo modo, traçar um perfil qualitativo das incubadoras brasileiras e, principalmente, das empresas incubadas. No levantamento publicado em 2012 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com a ANPROTEC, tem-se algumas características que se mostram relevantes.

Figura 7: Setor de atuação das incubadoras brasileiras

Fonte: Anprotec (p. 5, 2011).

Primeiramente, se pode observar na Figura 7 que a maior parte das incubadoras brasileiras, percentualmente 40%, atuam principalmente no setor tecnológico, formando assim, as chamadas incubadoras de base tecnológica. Logo em seguida, se tem as incubadoras que incentivam a criação de negócios de setores considerados tradicionais e, as que apoiam empresas de diferentes setores, as chamadas incubadoras mistas, cada uma correspondendo percentualmente à 18% do total.

Figura 8: Foco das empresas incubadas

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Em segundo lugar, de acordo com o estudo citado, é viável se aprofundar nas características das empresas que estão em processo de incubação. A Figura 8 expõe o foco destas empresas, assim, 58% delas, a maioria, estão concentradas no desenvolvimento de novos produtos ou processos que foram originados de pesquisas científico-tecnológicas. Não obstante, para 38% dos negócios incubados, o foco é a inserção em Arranjos Produtivos Locais (APL) de alta tecnologia. Tais números reforçam o destaque que é dado a área tecnológica nas incubadoras nacionais.

Figura 9: Setores de atuação das empresas incubadas

Fonte: Anprotec (p. 17, 2011).

Um terceiro ponto que merece destaque, que está representada graficamente na Figura 9, é o setor de atuação das empresas incubadas. Pode-se concluir, portanto, que além dessas empresas estarem focadas na área de tecnologia, elas são, em sua maioria, empresas que oferecem serviços, e não produtos.

Figura 10:Alcance das inovações das empresas incubadas

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Finalmente, uma última constatação do levantamento do MCTI e ANPROTEC (2012), que merece ser enfatizado, é o alcance das inovações realizadas pelas empresas incubadas. Pode-se perceber, na Figura 10, que os resultados inovadores desses negócios, têm repercussão nacional, em 55% dos casos. Este dado pode demonstrar o poder que as incubadoras possuem, não só na contribuição às economias locais, como também, e principalmente, à economia nacional.

Pode-se concluir, por fim, que as incubadoras brasileiras se mostram em sintonia prática com as suas finalidades, já apresentadas, de desenvolvimento local e o possível aumento no sucesso financeiro/econômico das empresas que participam, ou já participaram, de seus processos. Os números citados acima, fortalecem esta ideia, dando a dimensão de seu peso para o desenvolvimento econômico de um país.

2.4.COWORKING

É fundamental, para o alcance dos objetivos deste trabalho, um conhecimento geral do que são escritórios de coworking, suas características, benefícios e particularidades encontradas no caso brasileiro.

2.4.1. Definição

A fim de evitar confusões com outras formas de trabalho compartilhado, é preciso conhecer a definição de espaços de cowokirng. Na visão de Leforestier (p. 03, 2009), estes ambientes

consistem em alugar uma mesa num espaço aberto, por um período de tempo flexível. Este espaço é compartilhado com outras pessoas das mais variadas origens [...]. Os

coworkers podem interagir uns com os outros, assim, cada um traz seu talento

individual para um projeto, melhorando seu resultado. O espaço de coworking é baseado em valores importantes: participação, compartilhamento e mente aberta. A depender do plano contratado, os empreendedores, além de compartilharem um espaço aberto, podem desfrutar de outros serviços, como salas de reunião, cafés, lounges, etc. É através desta estrutura que os espaços atraem pessoas que não estão dispostas, por diferentes motivos, em administrar seus próprios escritórios. (LEFORESTIER, 2009)

Já na visão de Santos (et al., 2015, apud LEFORESTIER, 2009; FOST, 2008), estes escritórios são locais que favorecem parcerias, através do ambiente colaborativo. "Mais que

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isso, o espaço de coworking caracteriza-se por uma atmosfera e espírito de comunidade, em que a participação e o bem-estar se tornam aspectos altamente valorizados, bem como a partilha de valores como colaboração, abertura, coletividade e sustentabilidade".

Lumley (p. 40, 2014) também segue no enfoque do ambiente geral de trabalho, para ele, os espaços de coworking são “comunidades de trabalho onde empreendedores, autônomos e profissionais com flexibilidade quanto ao espaço de trabalho [...] são capazes de se unir e trabalhar lado a lado, de forma independente ou em colaboração, assim como desejado”.

No entanto, Spinuzzi (2010), ao definir estes espaços, faz questão de explicitar as diferenças entre os escritórios tradicionais, para o autor, a ideia do coworking é ser um ambiente menos estruturado formalmente como um escritório, além de ser muito flexível quanto a horários e agendas. Ainda de acordo com o autor, estes ambientes são susceptíveis ao que ele denomina de “eventualidades”, como novas amizades, negócios, trocas de informações e serviços, etc.

Finalizando, como visto nas citações e definições mais recentes, é possível encontrar pesquisadores voltados aos benefícios e resultados que os escritórios estariam estimulando aos empreendimentos e empreendedores, neles hospedados. Finalmente, uma das diferenças centrais entre estes escritórios e as incubadoras de empresas, está em sua formação histórica.

2.4.2. Histórico

Diferentemente das incubadoras, o coworking é um conceito recente, consequência das novas necessidades de trabalho no século XXI. Nestes primeiros anos, trabalhadores acostumados com a era digital, começaram a questionar os espaços de trabalho, especialmente, a adaptabilidade destes as necessidades daqueles. As primeiras experiências datam de 2005, em cidades como São Francisco, Londres e Berlin (WABER; MAGNOLFI; LINDSAY, 2014).

Tecnólogos, programadores, e profissionais de criação queriam trabalhar fora dos confinantes ambientes de escritório, mas também evitar o isolamento dos home

offices. Eles escolheram trabalhar lado a lado em espaços compartilhados,

conhecidos como espaços de coworking (WABER; MAGNOLFI; LINDSAY, p. 61, 2014).

Segundo Leforestier (2009), dividir espaços de trabalho para usos comerciais, não é a novidade trazida por este conceito, até porque, isso existia há muito tempo, mas, o desejo de

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estimular a colaboração, fazer conexões e, espontaneamente, compartilhar o conhecimento. Assim, pessoas que trabalham em diferentes organizações ou projetos, mas compartilham os mesmos valores, podem buscar sinergias anteriormente impossíveis.

De forma semelhante, Gomes (2013), diz que os espaços de coworking oportunizaram a integração e a colaboração entre pessoas e grupos que atuavam de forma independente e em negócios diversos, porém, tinham o desejo de trocar experiências e trabalhar de modo menos isolado e mais criativo.

Em conclusão, pode-se notar a existência de um conceito recente, que está construído na teoria, mas que ainda passa por atualizações em suas práticas, em decorrência de sua origem recente, todavia, seus benefícios já começaram a ser verificados. Para Santos (p. 93, 2014), “à medida que o coworking ganha força, o movimento se expande e redefine o escritório tradicional em termos de espaço físico, de conceitos e de valores”.

2.4.3. Benefícios e características

Como citado anteriormente, a experiência do coworking aconteceu de modo orgânico, as pessoas foram experimentando, conhecendo e acreditando que tal forma de trabalho trazia importantes benefícios em suas vidas. Desta forma, anos mais tarde, pesquisadores começaram a se debruçar sobre o assunto e surgiram evidências que sustentam as vantagens do trabalho compartilhado.

Por exemplo, estudos de Portland (2012), identificaram três aspectos da interação entre pessoas no ambiente de trabalho, que afetam o desempenho de uma equipe: "exploração (interação com pessoas de vários grupos sociais), engajamento (interação com pessoas de seu grupo social, em doses razoavelmente iguais) e energia (interação com mais pessoas em geral)" (WABER; MAGNOLFI; LINDSAY, p. 58, 2014, grifo dos autores).

Desta forma, se podem projetar espaços de trabalho visando estimular um ou mais destes aspectos, a fim de atingir determinados objetivos. Exemplificando, escritórios de

coworking parecem ser espaços que favorecem, principalmente, a exploração (já que pessoas

de diferentes áreas estão reunidas em um mesmo espaço) e a energia (pois pessoas em geral podem alugar posições de trabalho por tempo limitado). E muitas vezes, estas interações no

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ambiente de trabalho são muito mais importantes que a criatividade ou produtividade individual (WABER; MAGNOLFI; LINDSAY, 2014).

Outras pesquisas também colaboram com estas descobertas. Em uma pesquisa realizada pela Deskmag (2011), revista online sobre coworking, com aproximadamente 1500

coworkers em 52 países, foi descoberto que:

 75% citaram um aumento em sua produtividade depois de usarem espaços de

coworking;

 80% disseram ter aumentado suas redes de negócios;  92% relataram um aumento de seu círculo social;

 86% apontaram que a sensação de isolamento diminuiu e;

 83% disseram ter uma confiança maior nesses tipos de espaços, ao invés de outros. Nos estudos de Galli (2015), este autor lista diversos motivos pelos quais uma startup deveria alugar um escritório compartilhado, dentre eles, pode-se dar destaque a três: risco; visibilidade e; localização. Em relação ao primeiro, o autor argumenta que neste tipo de ambiente, é mais fácil de se lidar com o risco, deste modo, como não há contratos longos e limitantes, estes novos negócios, que geralmente são inovadores, correm menos riscos.

No segundo motivo, o autor afirma que uma vez hospedado em um escritório compartilhado, a startup ganha mais visibilidade, podendo assim fazer divulgações e aumentar seu networking. Por fim, em relação ao terceiro motivo, nesses escritórios, haveria um ambiente organizado e equipado para oferecer aos clientes e fornecedores, o que seria uma preocupação desses tipos de negócio, de acordo com o autor.

Para auxiliar no entendimento dos benefícios e características dos escritórios compartilhados, pode se utilizar do modelo de negócio genérico para esses escritórios proposto por Menezes (2016), se valendo da aplicação do método Canvas. Abaixo, no Quadro 4, têm-se as informações propostas pelo autor.

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Quadro 4: Modelo de negócio genérico de um escritório de coworking Modelo de negócio genérico de um escritório de

coworking

Atividades principais

Construção de uma comunidade de trabalho colaborativo do espaço, mediar contatos e facilitar a entrada de novos membros.

Recursos Instalações físicas profissionais, salas de reunião e boa

conexão de internet.

Proposta de valor Rede de contatos, ambiente profissional, melhorar a produtividade, flexibilização e menores custos.

Relacionamento com clientes

Através da facilitação da rede de contatos, pela comunidade de trabalho colaborativo, presencialmente e pelas interfaces on-line

Segmento de clientes Profissionais liberais, freelancers e empreendedores

Canais de comunicação Site da empresa, eventos, mídias sociais, e-mail e as relações públicas.

Estrutura de custos Aluguel, materiais de escritório, salários, divulgação, manutenção e impostos e taxas

Fontes de receita Planos de aluguel de espaços compartilhados, eventos

organizados no espaço e aluguel de salas de reunião

Parcerias

Provedor de internet, proprietário do espaço alugado (quando não for um espaço próprio), investidores ou bancos que financiem o empreendimento e

influenciadores de opinião. Fonte: Menezes (p. 43, 2016).

Nas estimativas realizadas pela Emergent Research (2013), firma de consultoria e pesquisa especializada em pequenos negócios, até 2018, pelo menos 1 milhão de pessoas estarão usando mais de 12 mil desses espaços no mundo. Tal crescimento e estudos, de acordo com Waber, Magnolfi e Lindsay (p. 62, 2014), mostram que "podendo optar, as pessoas vão preferir espaços que apoiem seu estilo digital e, ao mesmo tempo, exponham-nas a diferentes tipos de especialidade, deem acesso a novos conhecimentos e acelerem seu aprendizado".

Em conclusão, de acordo com os dados apresentados, o peso e o potencial que o

coworking pode ter na vida do trabalhador moderno, no mundo, parece grande. Todavia, este

trabalho tem como foco empreendedores sergipanos, assim, o conhecimento das características da experiência brasileira, são fundamentais.

2.5.COWORKING NO BRASIL

De acordo com o Censo Coworking Brasil 2016, existem 378 espaços ativos no Brasil, um aumento de 52% em relação à 2015. Eles estão espalhados em todas as regiões brasileiras, com uma concentração maior no Sudeste. Sendo São Paulo, a cidade com os

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maiores números de escritórios compartilhados, especificamente, 90. Já Aracaju, é a 9ª cidade neste ranking, e 3ª na região Nordeste, empatada com João Pessoa e Salvador, com 5 espaços. O destaque da cidade de Aracaju neste ranking se deve ao fato dos escritórios disponíveis no estado de Sergipe, estarem localizados na capital, despontando a cidade no ranking, apesar do estado ser o 12º colocado nacional e 4º no Nordeste. Ainda assim, é notório tal fato, já que, a título de comparação a cidade de salvador tem 4 vezes mais habitantes8.

Neste mesmo censo, com uma amostra de 173 espaços, fez-se um perfil dos escritórios brasileiros: eles empregam mais de 10 mil pessoas, e sendo em média, 57 coworkers por espaço; existem 494 salas de reunião e 840 salas privadas e; cerca de 30% desses escritórios funcionam 24h por dia.

Figura 11: Perfil dos coworkers brasileiros

Fonte: Coworking Brasil (2016).

Apesar de o coworking ter começado por profissionais do ramo da tecnologia, vê-se na experiência brasileira, representada na Figura 11, que os tipos de negócios que se alocam nestes escritórios, estão concentrados basicamente em áreas como consultoria, publicidade,

8 IBGE, 2016.

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design, marketing, internet, statups e advocacia. Tais áreas, atraem profissionais liberais ou micro empresários dispostos a darem o pontapé inicial em seus negócios.

De acordo com Costa (2013), também existem no Brasil, nichos de espaços de

coworking. O autor cita exemplos como os HUBs, espaços com foco em empreendimentos de

cunho social, Ecoworking, espaços voltados à sustentabilidade, o Coletivo 202, um escritório sem fins lucrativos e, por fim, o 2Work, que é um escritório voltado para profissionais da área jurídica. Para Neiva e Santos (p. 22, 2013), “esses nichos ajudam a fazer com que o

coworking não seja visto apenas como um produto fechado e hermético, mas sim uma solução

para qualquer situação e segmento”.

Outro tipo de análise pode ser feita a partir dos dados das Figuras 12 e 13, os quais mostram como os escritórios de coworking se sustentam, ou seja, as suas fontes de receita e, a periodicidade na realização de eventos. Na primeira figura citada, os dados demonstram que a locação dos espaços físicos, por exemplo, posições de trabalho, salas de reunião, etc., são a base financeira que mantêm o escritório funcionando.

Figura 12: Fontes de receitas

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Figura 13: Periodicidade na realização de eventos

Fonte: Coworking Brasil (2016).

Aprofundando-se nessa discussão, de acordo com pesquisa realizada em 2013 pelo site especializado em novos modelos de trabalho, o Movbla, essa dualidade na prestação por parte desses escritórios, tanto de salas coletivas quanto privadas, decorre da demanda de usuários por esses dois tipos de espaço. Deste modo, segundo a pesquisa, acaba havendo uma proliferação de ambientes híbridos: escritórios de coworking que, simultaneamente, são escritórios virtuais.

A hibridez citada acima, pode ser parcialmente explicada pela constatação de Foertsch (2011): a grande maioria, 60%, dos espaços de coworking não são rentáveis por si só. Desta maneira, e enriquecendo os dados do Censo Coworking Brasil 2016, na busca pela rentabilidade, de acordo com Coifard (2012), esses espaços vendem outros tipos de serviços, como: aluguel de sala de reunião, organização de eventos, etc.

Por fim, na última figura, se pode constatar que a maioria dos escritórios de coworking pesquisados no Censo, organizam eventos em suas instalações, porém, de modo ocasional ou mensal, em sua maioria percentual.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para responder o problema de pesquisa e alcançar os objetivos da mesma, este trabalho se utiliza de estudos de caso. A finalidade é apurar as características gerais das organizações pesquisadas, escritórios de coworking e incubadoras de empresas, expostas no referencial teórico, através de entrevistas semiestruturadas com seus gestores.

De maneira complementar, as características específicas, aquelas inerentes aos negócios estudados, são fornecidas através da análise da empresa graduada, incubada e, os participantes do escritório de coworking, por meio de entrevistas semiestruturadas com seus respectivos empreendedores.

3.1.QUESTÕES DE PESQUISA

As questões de pesquisa foram elaboradas à partir dos objetivos específicos, e buscam nortear o desenvolvimento da pesquisa. Deste modo, a seguir, são expostas as questões de pesquisa.

 Qual o perfil dos empreendedores da incubadora de empresas e do escritório de

coworking pesquisado?

 Como são classificados os empreendimentos pesquisados?

 Que características são relevantes da incubadora de empresas e do escritório de

coworking pesquisado?

 Que características são principais no uso de incubadoras?

 Que características são principais no uso de escritórios de coworking?

 Que características são comuns no uso de incubadora de empresas e escritórios de coworking?

3.2.CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Seguindo as definições de Prodanov e Freitas (2013), em termos técnicos, esta pesquisa é baseada no método indutivo, já que parte de observações de realidades específicas, para conclusões no plano geral. O tipo de pesquisa é exploratório e descritivo, assim, se busca permitir uma maior familiaridade com a questão de pesquisa, e, ainda, evidenciar as especificidades de determinada população.

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