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Determinação de Sulfato por Nefelometria

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Academic year: 2021

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Nefelometria

Thiago C. Correra

QBQ5825 — Pr´

atica de Ensino de Qu´ımica e Bioqu´ımica

(2)

Introdu¸

ao

Esse relat´orio tem o objetivo de apresentar as atividades realizadas como monitor na disciplina QFL-3203 – Anal´ıtica Instrumental, por ocasi˜ao da disciplina QBQ5825 – Pr´atica de Ensino de Qu´ımica e Bioqu´ımica.

Al´em de tratar brevemente das atividades realizadas, ser´a discutida tamb´em uma modifica¸c˜ao nos experimentos did´aticos realizados pelos alunos.

Atividades realizadas

A disciplina QFL-3203 – Anal´ıtica Instrumental ´e uma disciplina tanto te´orica quanto experimental, onde muitas t´ecnicas s˜ao abordadas. A atividade principal realizada pelos monitores ´e, portanto, se responsabilizar por dois dos experimentos realizados.

Nesse sentido, os monitores ficam respons´aveis por testar os experimentos, preparar e apresentar o col´oquio, corrigir os testes de laborat´orio e, caso desejar, propor pequenas mudan¸cas na realiza¸c˜ao desses experimentos. Dos experimentos dispon´ıveis, tanto a t´ecnica de fluorimetria quanto de cromatografia gasosa foram de minha responsabilidade. Al´em do descrito acima, outras atividades, como avaliar semin´arios e auxiliar em duvidas e resolu¸c˜ao de exerc´ıcios foram tamb´em realizadas.

Por fim, foi proposta, al´em de mudan¸cas menores nos roteiros dos experimentos, uma nova atividade para ser realizada em conjunto com o experimento de fluorimetria. Tal proposta, assim como sua motiva¸c˜ao, ´e detalhada a seguir.

Motiva¸

ao

O experimento de fluorimetria realizado atualmente consiste na determina¸c˜ao de qui-nino em ´agua tˆonica. Apesar desse experimento ser bastante ilustrativo, ele ´e de f´acil realiza¸c˜ao e, portanto, dura pouco menos de 2 horas, contando com o tempo utilizado no col´oquio inicial. Como as aulas de laborat´orio, normalmente, duram 4 horas, acreditasse que este tempo possa ser usado de forma mais efetiva. Al´em disso, esse experimento se mostra pouco atraente aos alunos, principalmente pela amostra n˜ao representar elevada importˆancia, al´em de n˜ao possuir valor de referˆencia para compara¸c˜ao. Por este motivo, a fluorimetria foi escolhida como a t´ecnica na qual deveriam ser focados os esfor¸cos para a proposta de um novo experimento.

Al´em disso, como a pr´opria natureza do fluor´ımetro utilizado faz com que os experi-mentos sejam extremamente r´apidos, pensou-se n˜ao em substituir o experimento, e sim em adicionar um experimento ao j´a realizado, explorando tanto o tempo restante no laborat´orio, quanto outras caracter´ısticas do equipamento, at´e ent˜ao negligenciadas.

Procurando na literatura[1] utiliza¸c˜oes de fluor´ımetros no ensino de qu´ımica, foi en-contrada a utiliza¸c˜ao de m´etodos nefelom´etricos para determinar espalhamento de luz causados por col´oides e sua quantifica¸c˜ao. Desta forma, foi realizado o estudo da utili-za¸c˜ao do fluor´ımetro presente como um nefelˆometro.

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A amostra escolhida ´e outro fator que motiva este trabalho. O que se determina nesse experimento ´e a quantidade de sulfato em ´agua. Esse m´etodo, conforme mostram os c´alculos realizados, ´e capaz de determinar sulfato em fontes de interesse para a qu´ımica ambiental, como em efluentes e em chuva ´acida. Se lembrarmos que este curso ´e ofere-cido, entre outros, para estudantes de qu´ımica ambiental, veremos o alto apelo que esse experimento teria, se adicionado ao quadro de t´ecnicas.

Cabe ressaltar que esse experimento, por ser tamb´em r´apido, pode ser realizado em conjunto com o experimento de determina¸c˜ao de quinino por fluorimetria, sem causar perda de nenhum conte´udo para a disciplina, o que ´e um dos objetivos deste trabalho.

Descri¸

ao do m´

etodo

O m´etodo utilizado foi adaptado da literatura[1], onde a fonte de radia¸c˜ao que se utiliza ´e um laser de He-Ne, e um fotodiodo como detector. Essa fonte, apesar de ser indicada para experimentos de espalhamento de luz, tanto por sua alta intensidade, quanto por ser monocrom´atica, ´e muito dispendiosa, e al´em disso, n˜ao esta dispon´ıvel em nossos laborat´orios.

Sendo assim, a pr´opria fonte de radia¸c˜ao no vis´ıvel do fluor´ımetro foi utilizada. Entre-tanto, apesar de existir a possibilidade de utilizar filtros prim´arios que possibilitassem que a radia¸c˜ao escolhida fosse no vermelho (faixa de 600-700 nm), o mais indicado para se realizar experimentos de espalhamento, n˜ao existe no laborat´orio nenhum par de fil-tros nesse intervalo. O ´unico par de filtros de mesmo intervalo de comprimento de onda presente ´e o de 540 nm, ou seja, radia¸c˜ao correspondente ao verde.

Outra pequena adapta¸c˜ao tamb´em foi realizada. Apesar dos filtros secund´arios serem mais transparentes a radia¸c˜ao, foram utilizados dois filtros prim´arios, tanto para filtrar a radia¸c˜ao emitida pela fonte, quanto para filtrar a radia¸c˜ao que chega no detector. Esse procedimento ´e necess´ario, j´a que pelo fato do fluor´ımetro ter sido constru´ıdo para medir pequenas intensidades de radia¸c˜ao, uma grande quantidade de luz espalhada satura o detector, e somente com um filtro menos transparente ´e poss´ıvel trabalhar sem que esse problema ocorra.

Para poder comparar os resultados aqui obtidos com o da literatura, o mesmo m´etodo de calibra¸c˜ao proposto foi utilizado. O m´etodo consiste em preparar 5 solu¸c˜oes de concentra¸c˜ao de sulfato variadas, e adicionar uma mesma quantidade de ´ıons Ba2+

em excesso, conforme mostra a Tabela 1.1 abaixo. As solu¸c˜oes estoque foram preparadas a partir dos sais de cloreto de b´ario dihidratado e sulfato de s´odio, de modo que se obtivessem solu¸c˜oes de 0,100 M e 0,0100 M respectivamente. Cabe ressaltar que cada grupo utiliza cerca de 50 mL da solu¸c˜ao de b´ario e 10 ml da solu¸c˜ao de sulfato. A solu¸c˜ao de sulfato de s´odio de concentra¸c˜ao 0,00100 M ´e preparada pela dilui¸c˜ao de 10 vezes da solu¸c˜ao de sulfato citada anteriormente.

Cabe ressaltar aqui que as solu¸c˜oes preparadas a partir das solu¸c˜oes estoque foram, assim como na literatura, preparadas em provetas. Apesar da curva de calibra¸c˜ao exibir uma boa sensibilidade, n˜ao se recomenda o uso de provetas, devido a grande incerteza associada a sua utiliza¸c˜ao. Outros m´etodos como a utiliza¸c˜ao de pipetas e bal˜oes

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volu-Ponto da Solu¸c˜ao Volume de Volume de Volume de Volume curva de Sulfato sol. sulfato ´agua sol. Bario total

1 0.001 M 2 mL 3 mL 5 mL 10 ml 2 0.001 M 5 mL 0 mL 5 mL 10 ml 3 0.01 M 1 mL 4 mL 5 mL 10 ml 4 0.01 M 2 mL 3 mL 5 mL 10 ml 5 0.01 M 3 mL 2 mL 5 mL 10 ml

Tabela 1.1: Volumes de solu¸c˜ao necess´arios para a prepara¸c˜ao da curva de calibra¸c˜ao para determina¸c˜ao de sulfato.

m´etricos ou at´e mesmo de tubos Falcon, podem melhorar os resultados obtidos. Al´em disso, a utiliza¸c˜ao de provetas impede que os alunos pratiquem a¸c˜oes que, apesar de se-rem corriqueiras no laborat´orio de qu´ımica, ainda apresentam-se como desafios a muitos alunos.

A amostra foi preparada da mesma forma que o padr˜ao, mas se utilizou 5 ml de amostra e 5 ml de solu¸c˜ao de b´ario.

Cabe ressaltar que o sulfato de b´ario utilizado para a quantifica¸c˜ao n˜ao ´e um col´oide verdadeiro. A influˆencia desse fato ´e pequena nas solu¸c˜oes com baixo teor de sulfato, mas se torna muito importante nas mais concentradas. Apesar disso ser um fato que dificulte a quantifica¸c˜ao, ´e extremamente ilustrativo para um experimento did´atico. Discuss˜oes a respeito dos m´etodos poss´ıveis para resolver esta quest˜ao podem ser realizadas, assim como an´alises das causas deste problema, envolvendo conceitos da f´ısico-qu´ımica.

Nesse experimento n˜ao foram testados estabilizantes para manter o sulfato de b´ario em suspens˜ao, assim como sugerido pela literatura[1]. Testes mostram que, se a medida for feita imediatamente ap´os a adi¸c˜ao de b´ario nos padr˜oes (curva a) Figura 1.1), ou se esperamos que o s´olido precipite e o ressuspendamos por agita¸c˜ao (curva b) Figura 1.1), ocorrem varia¸c˜oes na sensibilidade.

Uma precau¸c˜ao que se recomenda ´e, portanto, utilizar algum estabilizante, como por exemplo um surfactante. Uma outra op¸c˜ao, que al´em de diminuir o custo, pode ser ilustrativa para os alunos, ´e utilizar albumina de ovo para este fim.

Cabe ressaltar que realizar duas curvas, com e sem estabilizantes, n˜ao seria nem dispendioso, nem demorado.

Resultados e discuss˜

ao

Da curva de calibra¸c˜ao obtida vemos que ´e poss´ıvel trabalhar com concentra¸c˜oes de sulfato na faixa de 0,00025 a 0,0030 mol L−1, o que corresponde a faixa de 0,024 a 0,288

g L−1. Apesar do artigo onde foram baseados estes estudos sugerir que ´agua de torneira

possa ser usada como amostra, isso n˜ao ´e v´alido para a ´agua encontrada no Brasil, que tem teor de sulfato muito mais baixo do que a ´agua norte-americana.

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0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025 0,0030 0,0035 0 100 200 300 400 500 a) leitura imediata b) após agitação U n i d a d e s a r b i t r á r i a s C/mol L -1 Equação y = a + b*x R-quadrado 0,99839 0,99912

Coef. Valor Desvio Padrão Leitura Imediata linear 3,82907 5,54414 Leitura Imediata angular 161793,21245 3246,99621 Após agitação linear 6,8238 3,5093 Após agitação angular 138300,72766 2055,26723

a)

b)

Figura 1.1: Curvas de calibra¸c˜ao para determina¸c˜ao de sulfato para: a) leitura imedia-tamente ap´os da adi¸c˜ao de Ba2+

e b) ap´os agita¸c˜ao

´acida, que apesar de necessitarem de dilui¸c˜ao aproximada de 5 e 50 vezes respectiva-mente, podem ser facilmente quantificadas. Cabe ressaltar que amostras de ´aguas mi-nerais sulfatadas1

apresentam teor de sulfato na faixa detectada pelo m´etodo descrito, sem necessitar, a princ´ıpio, de dilui¸c˜oes ou pr´e-concentra¸c˜oes. Outra conclus˜ao ´e a boa linearidade apresentada pelo m´etodo, que apesar dos problemas expostos anteriormente, possibilita uma determina¸c˜ao precisa do teor de sulfato nas amostras. Al´em disso, a linearidade apresentada ilustra que a escolha de radia¸c˜ao na regi˜ao do verde, apesar de n˜ao ser a mais indicada, ´e adequada para esta aplica¸c˜ao.

Por fim, ressaltamos que este experimento, desde a prepara¸c˜ao da amostra at´e a lavagem das vidrarias, durou pouco mais de uma hora, quando realizado somente por um aluno e, portanto, pode ser facilmente integrado ao experimento j´a realizado.

Devemos salientar que a discuss˜ao das caracter´ısticas de um col´oide para ser conveni-entemente quantificado, como cor e distribui¸c˜ao de tamanho das part´ıculas, contribuir´a

1

´

aguas sulfatadas s˜ao aquelas que cont´em no m´ınimo 0,100g de SO2−

4 por litro, combinado com Na +

, K+

e Mg+

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sobremaneira com os conhecimentos envolvidos nos experimentos.

Conclus˜

ao do m´

etodo utilizado

Apesar de possuir algumas deficiˆencias, o m´etodo presente na literatura foi adaptado com sucesso, e se as mudan¸cas propostas anteriormente forem utilizadas, melhores resul-tados podem ser obtidos. Pela utiliza¸c˜ao de reagentes de f´acil acesso e de baixo risco, pelo tempo que este experimento demora, pela utiliza¸c˜ao de uma amostra de cunho ambien-tal e pela possibilidade de discutir muitos outros aspectos envolvidos tanto na qu´ımica anal´ıtica, como em outras ´areas da qu´ımica, esse experimento, se utilizado, apresentar´a uma grande contribui¸c˜ao para a disciplina e para uma vis˜ao mais contextualizada do aluno.

Conclus˜

ao

O est´agio em monitoria se mostrou de grande impotˆancia, n˜ao s´o por propiciar contato mais efetivo entre o aluno de p´os-gradua¸c˜ao e o ensino superior, mas tamb´em por possi-bilitar uma experiˆencia concreta com preparos de aulas e outras pr´aticas envolvidas no cotidiano do ensino de qu´ımica, o que ´e extremamente valioso para aqueles que desejam se tornar professores do ensino superior.

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[1] S. W. Bigger, K. P. Ghiggino, G. A. Meilak, e B. Verity. Illustration of the principles of fluorimetry. J. Chem. Educ., 69(8):675–677, 1992.

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