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A contribuição dos núcleos de inovação tecnológica: relações com o desenvolvimento regional no nordeste brasileiro

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Academic year: 2021

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A CONTRIBUIÇÃO DOS NÚCLEOS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA:

RELAÇÕES COM O DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO

NORDESTE BRASILEIRO

PEREIRA, Ruth Oliveira*; NEVES, Clara Cruz; CUNHA, Beatriz Mendonça; SILVA, Daniel Pereira; VASCONCELOS, Cleiton Rodrigues

Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Sergipe * email: rutholip@gmail.com

Resumo: Os Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT) são escritórios que buscam a

transferência de tecnologia entre o meio acadêmico e a indústria, possibilitando às empresas protegerem seu ativo intelectual e comercializarem seus inventos. Este trabalho teve como objetivo apresentar o número de registro de patentes provindas das Universidades Federais da região Nordeste. O levantamento feito através dos dados fornecidos pela base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), através do depósito de patentes por cada Instituição de Ensino Superior Federal (IESF), buscou estabelecer uma relação com o crescimento regional. A pesquisa evidenciou a necessidade de maiores investimentos e incentivo à cultura da inovação tecnológica nas regiões priorizadas.

Palavras-chave: Núcleo de Inovação, Universidades Federais, Patentes, Crescimento

Regional.

1. INTRODUÇÃO

Os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) são escritórios de transferência de tecnologia que visam a passagem do conhecimento produzido nas Instituições de Ciência e Tecnologia à indústria (MUSCIO, 2010). A importância desses escritórios vem se tornando cada vez mais notável, pois, de acordo com Cavalcanti (2002), o conhecimento influencia em cerca 55% da

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riqueza mundial, superando os fatores tradicionais de geração de riqueza (terra, capital e trabalho).

Além disso, Rahim et al. (2015) sugerem que a atuação dos escritórios de transferência de tecnologia são uma importante ferramenta para a aplicação do conhecimento produzido nas Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs).

A influência dos NITs vem fazendo parte desse cenário desde 1980, com a promulgação do Bayh-Dole act (P.L. 96-517, Patent and Trademark Act Amendments of 1980) nos Estados Unidos. A política permitiu que as universidades americanas explorassem os direitos de patente resultantes das pesquisas financiadas pelo governo. No Brasil, a institucionalização dos NITs ocorreu apenas em 2004, com a sanção da Lei de Inovação (Lei nº 10.973 de 2 de dezembro de 2004) que diminuiu a distância entre Universidades e o ambiente empresarial. Desde esse ano, o número do registro de patentes resultantes de pesquisas acadêmicas vem crescendo. Mas, infelizmente, o país ainda enfrenta um déficit no número de registros quando comparado a nações como EUA, Japão, Alemanha, Canadá e Inglaterra, países em que a prática é fortemente difundida e consolidada (DIAS e PORTO, 2014).

Dentro do território brasileiro também é possível reconhecer divergências nos números de registros. Torkomian (2009) afirma que, apesar de presentes em todas as regiões do país, a maior concentração dos Núcleos de Inovação Tecnológica está restrita ao Sul e Sudeste e, consequentemente, são essas regiões que apresentam os maiores números de pedidos de patentes: concessões públicas cedidas, pelo Estado, aos autores. Estes possuem o direito de invenção ou exploração sobre a invenção em questão.

De acordo com dados disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC), a região Nordeste abriga quase 26% das universidades federais brasileiras.

Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar dados fornecidos no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) acerca do número de pedidos de patentes por cada uma dessas universidades presentes na região Nordeste do Brasil além de buscar dados que evidenciem o crescimento regional nos últimos anos.

2. METODOLOGIA

Conforme o objetivo traçado por este trabalho, foram buscados dados sobre o número de registros de patentes no site do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A busca foi feita na consulta à base de dados do INPI, campo de busca avançada.

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Para isto, utilizou-se dos termos “UNIVERSIDADE FEDERAL” ou “FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE” seguido pelo nome do estado, ou a especificação indicativa à instituição, no campo de busca referente ao depositante ou titular. A pesquisa, feita no dia 01 de setembro de 2015, contabilizou o número total de pedidos de patentes feitos por cada uma das quinze universidades sem analisar qualitativamente seu conteúdo (detalhes de publicação, tipo de patente em questão ou seu status).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com o objetivo proposto, a pesquisa foi realizada analisando as 15 universidades federais distribuídas pela região Nordeste. Destas, apenas uma não possui registros de patentes no INPI, com base na pesquisa realizada no dia 01 de setembro de 2015.

A busca evidenciou que, do total de 7160 pedidos de patentes realizados por Universidades Federais de todo o Brasil, 834, ou seja 11,64%, vieram das 15 instituições pesquisadas. Estas instituições representam 25,42% do número total de 59 Universidades Federais.

Desse número de pedidos, 98, ou seja, 11,75%, foram realizados pela Universidade Federal de Sergipe (Figura 1).

Figura 1 – Números de patentes por IESF (INPI, 2015)

De acordo com os dados recolhidos, 93,33% dos NITs das universidades federais nordestinas vêm contribuindo com a inovação tecnológica através dos pedidos de patentes.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Q ua nt ida de de de pó sit os de pa te nt es

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Seguindo a proposta do trabalho, foi analisada também a contribuição da região Nordeste com o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. De acordo com as Contas Regionais do Brasil divulgadas pelo IBGE, em 2004, ano da institucionalização dos Núcleos de Inovação Tecnológica, a contribuição do Nordeste atingiu 12,7%. Em 2012, último ano divulgado, a contribuição nordestina cresceu 0,9%, atingindo a maior taxa desde 2002 (Figura 2).

Figura 2 – Contribuição da região Nordeste com o PIB brasileiro no período

de 2002 – 2012 (%) (IBGE, 2015)

Em âmbito estadual, Bahia e Pernambuco foram os estados que mais contribuíram com o PIB nacional, com participação de 3,8% e 2,7%, respectivamente, no ano de 2012. Desse ponto de vista, a contribuição do estado de Pernambuco cresceu 0,4% em relação a 2004 enquanto a Bahia apresentou um decréscimo de 0,3% (Figura 3).

12,2 12,4 12,6 12,8 13 13,2 13,4 13,6 13,8 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Con tr ib ui ção da re gi ão N or de st e ( % ) Ano (2002 - 2012)

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Figura 3 – contribuição de cada Estado no PIB brasileiro nos anos de

2004 e 2012 (%) (IBGE, 2015)

Ainda de acordo com dados do IBGE (2015), em 2012 o Nordeste possuía PIB equivalente a R$ 595.382 milhões, ficando atrás apenas das regiões Sudeste e Sul com R$ 2.424.005 e R$ 710.860 milhões respectivamente.

Tabela 1 – Produto Interno Bruto por Estado em 2012 (1.000.000 R$) (IBGE, 2015)

Estado PIB (R$)

Bahia 167.727

Pernambuco 117.340

Ceará 90.132

Maranhão 58.820

Rio Grande do Norte 39.544

Paraíba 38.731

Alagoas 29.545

Sergipe 27.823

Piauí 25.721

Vale ressaltar que a atuação dos NITs não é o único fator de interferência na economia e crescimento regional. De acordo com o Modelo da Tríplice Hélice, é necessária uma interação entre universidade, empresa e governo (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 2000). A influência do Estado se torna evidente pois, após a sanção da Lei de Inovação em 2004, mais universidades começaram a contar com a atuação de escritórios de transferência de tecnologia. Nesse cenário de interligação, a universidade é responsável pela criação intelectual, a empresa se torna responsável pelas atividades econômicas e o governo garante a estabilidade para a interação.

0 0,51 1,52 2,53 3,54 4,5 Con tr ib ui ção d os e st ad os (% ) Estados 2004 2012

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De acordo com Chais et al. (2013), a criação de um ambiente econômico e político propício para a geração de conhecimento é necessária para atrair investidores, sejam eles nacionais ou internacionais. Entra, nesse ponto, a importância do governo e das medidas de estímulo à produção intelectual, assim como o investimento na criação de centros de pesquisa e parques tecnológicos, que promovem a cultura da inovação, da competitividade e da capacitação empresarial objetivando incrementar a produção de riqueza de uma determinada região.

De acordo com estudos realizados pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) em 2011, em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), 98% das incubadoras, que têm como objetivo oferecer suporte a empreendedores para o desenvolvimento de ideias inovadoras, de empresas e parques tecnológicos contribuem com a inovação, tanto em nível nacional, quanto mundial.

O mesmo estudo mostrou que, em 2011, o Brasil possuía 384 incubadoras em operação, sendo estas responsáveis pela geração de 16.394 empregos e pela graduação de cerca de 2.500 empreendimentos, que hoje faturam R$ 4,1 bilhões. Portanto, investimentos nesse sentido devem estimular cada vez mais a ação empreendedora e movimentar a economia nacional através da inovação e geração de postos de trabalho.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pela análise dos dados e da bibliografia consultada, concluímos que a atuação dos NITs pode apresentar impacto no crescimento econômico, pois são eles que incentivam a inovação tecnológica nas ICTs e fazem a ligação entre o meio acadêmico e as empresas. Entretanto, a inovação tecnológica ainda enfrenta muitas barreiras no Brasil e necessita de mais estímulo para iniciativas inovadoras. Seguindo por este caminho, as criações produzidas nas universidades e levadas pelos NITs às empresas poderão ser difundidas para o mercado e ter um real impacto na economia e no desenvolvimento econômico.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao apoio do CNPq, CAPES e FAPITEC/SE, bem como dos Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/UFS), ao Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI/UFS), e à Extensão (PIBIX/UFS) da Universidade Federal de Sergipe.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores. Disponível em: http://www.anprotec.org.br/site/pt. Acessado em setembro de 2015 BRASIL. Lei nº 10.973 de 2 de dezembro de 2004, Lei de Inovação Tecnológica. Diário Oficial da União. Brasília: Imprensa Oficial, 2004.

CAVALCANTI, M. Conhecimento e desigualdade. Instituto de estudos do trabalho e sociedade, ano 2, 2010.

CHAIS, C; MAZZOCHI, A. S; PRATES, C. M; MUNHOZ, P. O. Atuação dos núcleos de inovação tecnológica na promoção do desenvolvimento regional a partir da abordagem da tríplice hélice. Revista Gestão Universitária na América Latina - GUAL, v.6, p.171-189, 2013. DIAS, A. A; PORTO, G. S. Como a USP transfere tecnologia? Revista O&S, v.21, p.489-507, 2014.

ETZKOWITZ, H; LEYDESDORFF, L. The dynamics of innovation: from National Systems and “Mode 2” to a Triple Helix of university - industry - government relations, Research Policy, n. 29, p. 109-123, 2000.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acessado em setembro de 2015.

INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Disponível em: http://www.inpi.gov.br/. Acessado em setembro de 2015

MUSCIO, A. What drives the university use of technology transfer offices? Evidences from Italy. The Journal of Technology Transfer, v.35, p.181-202, 2010.

RAHIM, N. A; MOHAMED, Z. B; AMRIN, A. Commercialization of Emerging Technology: The Role of Academic Entrepreneur. Procedia, Social and Behavioral Sciences, v.169, p.53-60, 2015.

REUNI – Reestruturação e expansão das universidades federais. Disponível em: http://www.reuni.mec.gov.br. Acessado em agosto de 2015.

TORKOMIAN, A. L. V. Panorama dos núcleos de inovação tecnológica no Brasil. Campinas: Komedi, 2009. p. 21-39.

Triple Helix Research Group – Stanford University. Disponível em: http://www.triplehelix.stanford.edu/triplehelix. Acessado em setembro de 2015.

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THE CONTRIBUTION OF TECHNOLOGY TRANSFER OFFICES:

RELATIONS WITH REGIONAL DEVELOPMENT IN THE

BRAZILIAN NORTHEAST

PEREIRA, Ruth Oliveira*; NEVES, Clara Cruz; CUNHA, Beatriz Mendonça; SILVA, Daniel Pereira; VASCONCELOS, Cleiton Rodrigues

Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Sergipe * email: rutholip@gmail.com

Abstrac: The Centers for Technological Innovation are offices seeking technology transfer

between academia and industry, enabling businesses to protect intellectual assets and market inventions. This study aimed to present the patent registration number stemmed from the Federal Universities in the Northeast of Brazil. The survey done by the data supplied by the National Institute database of Industrial Property (INPI) , through the patent filing by each institution of federal higher education, sought to establish a relationship with the regional growth. The research highlighted the need for greater investment and encouraging the culture of technological innovation in these priority regions.

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