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A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA ASSISTIVA

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Academic year: 2021

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240 A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA ASSISTIVA

NATÁLIA GLADCHEFF ZANON 1 JULIANA ARCHIZA YAMASHIRO 2

GERUSA FERREIRA LOURENÇO 3

ENICÉIA GONÇALVES MENDES 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CNPq

Introdução

Segundo o portal de ajudas técnicas do MEC, Tecnologia Assistiva (TA) é um termo novo, utilizado para determinar um campo que engloba equipamentos, recursos e também serviços que promovam ao indivíduo, com deficiências ou incapacidades provenientes da idade, maior facilidade na realização de atividades, mantendo ou melhorando suas capacidades funcionais. Ainda de acordo com o portal de ajudas técnicas, o processo que envolve a implementação desse tipo de tecnologia é complexo e exige o trabalho de uma equipe multidisciplinar com pedagogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, engenheiros, psicólogos, entre outros profissionais. Estes devem estar atentos durante o processo de escolha, aquisição e implementação de um equipamento de tecnologia assistiva, avaliando as necessidades e peculiaridades do usuário, na tentativa de selecionar o recurso mais apropriado. Também podem participar do desenvolvimento de novas tecnologias, assim como o ensino e a utilização nos diferentes ambientes freqüentados pelo usuário (2007, p.7).

De acordo com Gianni, o termo paralisia cerebral foi utilizado pela primeira vez por Freud, no ano de 1897, e compreende “um vasto conjunto de afecções que comprometem o sistema nervoso central imaturo e que tem em comum o distúrbio motor como uma de suas manifestações mais evidentes” (2003, p. 89). Gauzzi e Fonseca descrevem ainda que tais distúrbios motores vêm acompanhados de alterações posturais, mas não estão necessariamente associados a distúrbios cognitivos (2004, p. 37).

As autoras, Araújo e Galvão, observam que a lesão pode ocorrer desde a fase embrionária até os dois anos de idade. As causas mais comuns são a má formação do sistema nervoso central, fatores genéticos, infecções congênitas, como rubéola e toxoplasmose, encefalopatias, traumas cranioencefálicos e afogamentos, sendo que todas são provocadas, além de suas características peculiares, pela falta de oxigenação das células cerebrais (2007 p. 328).

Clinicamente pode se manifestar de acordo com o tipo e a distribuição do comprometimento. Quanto aos tipos, podem ser classificados como: espástico, que é caracterizado por hipertonia e paresia de grupos musculares com atraso nas aquisições motoras e permanência de reflexos; extrapiramidal, que se manifesta por movimentos involuntários, também com persistência de reflexos primitivos; atáxico, que é o tipo menos comum e se caracteriza por alterações da coordenação e do equilíbrio; e misto, que apresenta sintomas associados de mais de um tipo clínico, geralmente com predomínio de um. Já com relação à distribuição do comprometimento, podem-se descrever três tipos: tetraparesia, na qual há desordens motoras nos quatro membros; diparesia, caracterizada pelo comprometimento também dos quatro

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membros, porém com predomínio nos inferiores; e hemiparesia, que é determinada por alterações de um hemicorpo (GIANNI, 2003, p. 92-93).

Além do comprometimento físico proveniente da lesão cerebral causado pela paralisia, as crianças com a paralisia cerebral podem, ou não, apresentar déficits cognitivos. No entanto, devido a tal comprometimento, normalmente se deparam com dificuldades de adaptação e evolução no processo de aprendizagem.

Uma das principais causas de dificuldade enfrentadas por tais crianças ocorre devido à falta de acessibilidade física encontrada nas escolas. Este problema aliado à inadequação de equipamento escolar adaptado e à falta de recursos tecnológicos necessários e profissionais capacitados para o uso dos mesmos, faz com que tais crianças acabem por frequentar o ambiente escolar em condições de pouco, ou nenhum, conforto (LOURENÇO, 2008).

Neste contexto, os recursos de tecnologia assistiva se fazem necessários como meios auxiliares das atividades escolares.

Objetivo

O presente trabalho tem por objetivo demonstrar a importância e possibilidade de do uso de recursos de tecnologia assistiva como meios promissores para aumentar a possibilidade de sucesso escolar, bem como favorecer a inclusão digital de pessoas com paralisia cerebral. Para tal, nota-se a importância da execução de um trabalho multidisciplinar que vise contemplar todas as características e demandas desta população.

O projeto “Alta TA & Inclusão”, viabilizando o uso de recursos de alta tecnologia assistiva na escolarização de alunos com disfunções motoras, (MENDES; 2008; Edital MCT/CNPq Nº 014/2008- Universal) desenvolvido por docentes, pós-graduandos e graduandos da Universidade Federal de São Carlos, utiliza-se deste trabalho multidisciplinar na implementação de equipamentos de alta tecnologia assistiva para alunos com paralisia cerebral, usuários de uma sala de recursos alocada em uma escola pública do município há 5 anos. Através da análise de diários de campo realizados a partir das práticas deste projeto com um aluno-alvo, mostraremos a necessidade e as possibilidades do uso dos equipamentos de TA no desenvolvimento escolar destas crianças.

Metodologia

Para alcançar o objetivo proposto, a metodologia consistirá em relatar e analisar as atividades desenvolvidas e o desempenho do aluno-alvo, em sua utilização dos recursos de tecnologia assistiva como ferramentas pedagógicas para favorecer o processo de ensino e aprendizagem, com base nos acompanhamentos e registros em diários de campo (Figura 1).

Nestes diários de campo (observações na sala de recursos) são relatadas as atividades desenvolvidas pelo aluno, bem como o seu desempenho nas mesmas. Sendo assim, analisaremos tais diários, a fim de compará-los para estabelecermos a ocorrência de avanços no desenvolvimento global do aluno-alvo. Explicitaremos ainda os tipos de recursos utilizados pelo mesmo e a contribuição deles no processo de adaptação e aquisição de novos conhecimentos.

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A sala de recursos, aonde tais diários de campo são coletados, funciona em uma escola municipal que atende alunos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, e trabalha com atendimentos individualizados e frequência semanal.

Como aluno-alvo, analisaremos os dados coletados durante o acompanhamento das práticas escolares da aluna L. C. B (15 anos).

Figura 1. Modelo do Diário de Campo

FOLHA DE REGISTRO - DIÁRIO DE CAMPO IDENTIFICAÇÃO

Nome do Observador: Escola:

Data da Observação: __/__/_____ Período Escolar:

Tempo de Duração da Observação:

OBSERVAÇÃO

Aluno(s):

Pessoas presentes:

Descrição da atividade realizada:

Tipos de recursos utilizados:

( ) mouse adaptado ... ( ) teclado adaptado ... ( ) monitor sensível ao toque

( ) softwares ... ( ) acionadores ... ( ) outros acessórios ...

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243 Desempenho do aluno:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim Justifique:

(Obs. Observar COMO o aluno realizou a atividade: com auxílio e de que tipo, se houve necessidade de adaptação, independentemente, etc).

COLETA DE DADOS

Registro da atividade:

( ) arquivo em pen drive (Especificar nome do arquivo salvo) ( ) material impresso

( ) outro

Captação de imagens:

( ) filmagem ( ) foto ( ) não foi realizada (justificar o por quê)

Demais considerações:

Resultados

Durante dois meses em que L. C. B. esteve na sala de recursos, utilizada pelo projeto ALTA TA, foram realizadas atividades de alfabetização com a aluna. Em seu primeiro dia, ela não apresentava muita familiaridade com os recursos computacionais. Além disso, diante das primeiras atividades executadas, notou-se que seu nível de alfabetização estava aquém do esperado para sua idade.

Na tentativa de favorecer a acessibilidade de L. a outros recursos de alfabetização, foram desenvolvidas atividades pedagógicas com o auxílio de equipamentos de tecnologia assistiva,

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244 como o monitor sensível ao toque. Após esta utilização, percebemos que as atividades passaram a ocorrer com maior facilidade, uma vez que a aluna demonstrava muita empolgação e curiosidade pelo recurso, que lhe permitia a utilização das mãos para realização e interação com a atividade.

Segundo os registros, percebemos que a aluna passou a reconhecer algumas letras, após poucas sessões na sala de recursos, fato que, ao ser testado durante seu primeiro atendimento, não obteve sucesso, demonstrando a intensa necessidade que L. tinha em encontrar um recurso capaz de favorecer o seu aprendizado.

Notamos que, em pouco tempo de contato com os recursos, L. demonstrou alguns progressos em seu processo de alfabetização também devido ao seu interesse pelos equipamentos. A aluna passou a apresentar maior desejo em aprender, devido ao acesso a estes mecanismos facilitadores, o que é considerado extremamente importante, em razão do aumento de sua motivação.

Assim, notamos que os recursos de tecnologia assistiva favoreceram não apenas como mecanismos de acessibilidade à alfabetização, mas também como meios motivadores

para a mesma.

Conclusão

Conforme a prática e as observações dos encontros, percebe-se a necessidade do computador como recurso pedagógico para alunos com paralisia cerebral. Vale ressaltar a importância de que o uso do computador deve acontecer mediante um objetivo de cunho educativo, com base em planejamento de aula e estratégias previamente delineadas.

A implementação dos recursos de tecnologia assistiva requer conhecimento e habilidades dos profissionais que precisam ser efetivamente formados nesta área do conhecimento.

Sendo assim, considera-se de grande importância a formação inicial e continuada dos professores para atender com qualidade às diversas necessidades educacionais, acompanhamento do avanço tecnológico, fazendo uso destes recursos e favorecendo os processos de ensino e aprendizagem, visto a eficácia dos mesmos na prática escolar de alunos com deficiências ou necessidades especiais.

Referências

ARAÚJO, A. E.; GALVÃO, C. Desordens neuromotoras. In: CAVALCANTI, A.; GALVÃO, C. Terapia ocupacional: fundamentação & prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

GAUZZI, L. D. V.; FONSECA, L. F. Classificação da paralisia cerebral. In: LIMA, C. L. F.; FONSECA, L. F. Paralisia cerebral: neurologia, ortopedia, reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

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245 GIANNI, M. A. Paralisia Cerebral. In: TEIXEIRA, E.; SAURON, F. N.; SANTOS, L. S. B.; OLIVEIRA, M. C. Terapia ocupacional na reabilitação física. São Paulo: Rocca, 2003. LOURENÇO, G. F. Protocolo para Avaliar a Acessibilidade ao Computador para Alunos

com Paralisia Cerebral. 2008. 208f. Dissertação (Mestrado em Educação Especial (Educ. do

Indivíduo Especial)) - Universidade Federal de São Carlos. São Carlos. 2008.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL. Portal de

ajudas técnicas. Tecnologia assistiva: recursos de acessibilidade ao computador. Brasília,

Referências

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