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Guias de Estudos do Grupo dos 20: O Papel na Governança Global Soluções para a Crise Financeira Internacional

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Guias de Estudos do Grupo dos 20: O Papel na Governança Global Soluções para a Crise Financeira Internacional

Diretores:

Julia Erthal C. dos Santos João Paulo Eleutério Maria Izabel Ramos

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Carta aos Delegados

Caros delegados,

É com grande satisfação que, depois de meses de trabalho, damos as boas vindas ao Comitê do G-20 do IX MIRIN, no ano de 2012.

Neste ano, com um comitê inédito no MIRIN, o G-20, discutiremos a crise financeira que teve início em 2008, mas apresenta consequências prolongadas no cenário internacional, bem como origens em crises anteriores. O grupo do G-20 surgiu como o instrumento-chave da governança econômica internacional, que se inicia na coordenação política rápida e eficaz, sendo tal elemento ímpar para superar a crise. Na ocasião da sua criação, na reunião de Cancun, o objetivo do grupo era defender resultados em negociações agrícolas, o foco central da rodada de Doha. Com a falta de medidas concretas no encontro, o grupo se dedicou a intensas consultas técnicas e políticas, visando injetar dinamismo nas negociações. Antes da existência do G-20, outros grupos discutiam a economia internacional, por exemplo, o G-8 por volta de 1973/1974, período de crise do petróleo.

É possível afirmar que o G-20 substituiria o G-8 em termos de assuntos internacionais; já que o último não tem uma institucionalização e ao longo de sua existência passou a discutir outras questões, não apenas econômicas. O desenvolvimento de crises financeiras no mundo gerou necessidade pela criação de um órgão institucionalizado que debatesse e tentasse encontrar soluções para estes problemas que, em caso de negligência por parte das nações, levariam ao colapso econômico mundial. O estopim foi a crise de 2008. Neste cenário, o Grupo aumenta expressivamente sua importância, focando em discussões econômicas para lidar com a crise.

O guia de estudos é uma ferramenta de extrema importância para a preparação do delegado e, com ele, os senhores terão um ponto de partida em suas pesquisas. Esperamos que a próxima reunião ministerial do Grupo dos Vinte possa ser bastante proveitosa e que os senhores aprendam bastante com a experiência.

Por último, gostaríamos de agradecer a ilustríssima Secretária Geral Ana Luiza Goulart e ao Vice-Secretário Acadêmico Higor França pela oportunidade e por todo apoio que culminou na aceitação do projeto de um comitê como o Grupo dos Vinte para o IX MIRIN. Gostaríamos também de agradecer a ajuda de nosso orientador Danilo

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Marcondes, que permitiu que escrevêssemos esse guia com um conteúdo acadêmico de excelência do seu início até a versão final – a que os senhores possuem em suas mãos! Façam bom proveito e até a reunião ministerial do Grupo dos Vinte!

A Equipe do Grupo dos Vinte, Julia Erthal C. dos Santos João Paulo Eleutério Maria Izabel Ramos

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Índice

Carta aos Delegados...2

1) O Grupo dos 20...5

1.1) Princípios...7

1.2) O grupo dos sete (G-7), o grupo dos oito (G-8) o grupo dos vinte (G-20) e outros G´s...10 1.3) O G-20 Agrícola...11 1.4) O G-20 e os BRICS...11 2) A Crise Financeira...13 2.1) Histórico da Crise...14 2.2) O G-20 e a Governança Global...17

2.3) A Zona do Euro e a Crise Financeira...18

2.3.1) Algumas medidas tomadas pelos líderes europeus...19

3) Pontos de tensão e a posição dos principais países: O embate entre países desenvolvidos e países emergentes...20

4) Posicionamento dos países do grupo...21

5) Pontos que uma resolução deve abordar...33

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1) O Grupo dos Vinte

Atualmente o G-20 é dividido em dois subgrupos: G-20 agrícola e G-20 financeiro, justamente para que as discussões econômicas apresentem papel central e não se confundam com os outros grupos, como ocorria no G-8. Neste Comitê aprofundaremos as discussões a respeito das causas da crise financeira. Serão discutidas que medidas os países que formam o grupo, entre eles os BRICS (que apesar de formarem um grupo, apresentam níveis de inserção no assunto diferenciados), podem tomar para que a crise se expanda e seja amenizada. Além dos BRICS, há também na economia internacional o N-11 (Next Eleven), as onze maiores economias do mundo. Dentre essas medidas destacam-se discussões relacionadas ao regime de câmbio dos países, abertura econômica, comércio internacional, liberalização financeira, pacotes de ajuda entre outros. É preciso ter sempre em mente que o G-20 inclui países que são considerados em desenvolvimento e a União Europeia, portanto, situações de tensão podem ocorrer na tentativa de estabilização econômica. Países Europeus que também foram afetados pela crise em forma de desemprego e outras formas de declínios econômicos podem restringir a importação de produtos provenientes dos países em desenvolvimento. Uma política protecionista deste tipo, além de ir contra os princípios do livre mercado, prejudica consideravelmente tais países que possuem grande parte de suas economias voltadas para a exportação.

As crises financeiras alertam para a necessidade de cooperação entre os países. A crise de 2008 é a que será tratada pelo Comitê do G-20, neste ano de 2012. Neste sentido, o presente tópico consistirá, entre outras abordagens, em uma contextualização da crise. Abordará também os desdobramentos desta, relacionando ao foro do G-20 como possível mecanismo de governança global para superá-la. Vários atores estão envolvidos nesta importante questão que domina os debates internacionais nos últimos quatro anos, entre eles, grupos como os BRICS e o Next Eleven. Portanto, estes devem ser considerados durante as discussões.

Ao apresentar pontos relevantes para a crise, este guia também pretende discutir assuntos econômicos como política cambial, liberalização financeira, comércio internacional, pacotes de ajuda e outros mecanismos que a cúpula do G-20 aborda para amenizar a crise financeira desde que iniciou suas reuniões. A abordagem destes temas será de forma clara, tornando acessível ao entendimento dos mesmos.

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O G-20 foi estabelecido formalmente em 1999 em consequência das seguidas crises de balança de pagamento das economias emergentes durante a segunda metade da década de 1990, como por exemplo, a crise asiática de 1997. Esta, que devido ao contínuo desenvolvimento econômico asiático, sofreu o forte impacto da crise financeira, que atingiu vários países e repercutiu na região como um todo. A chamada crise asiática teve antecedentes no Japão, que desde o final dos anos 80 conhecia dificuldades econômicas, e buscava cooperar com o continente para compensar seus crescentes problemas com os EUA. Em 1991 estourou a "bolha imobiliária", que produziu igualmente a explosão da "bolha financeira", devido à supervalorização de imóveis e terrenos que serviam de garantia aos empréstimos bancários. Para evitar a inflação, o governo bloqueou a oferta de dinheiro, condenando o país à estagnação. Ao mesmo tempo, vários bancos faliam, sem que o Estado pudesse socorrer a todos. A extensão dos empréstimos japoneses à Ásia oriental e sudeste, por sua vez, de certa forma regionalizou a crise japonesa. A crise se aprofunda, na medida em que o modelo somente funcionava à base de um acentuado crescimento econômico (Educaterra, 2004).

O Grupo objetivava avaliar as razões de tal turbulência financeira, além de discutir ações de longo prazo que evitassem novas crises. Houve um crescente reconhecimento de que o conjunto de países de mercados emergentes não foi adequadamente incluído no núcleo da discussão econômica global e de governança. Assim, a meta era reunir os países desenvolvidos e os países sistemicamente mais importantes em desenvolvimento, para cooperação em temas econômicos e financeiros. O Grupo reúne Estados economicamente avançados (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, bem como a União Europeia), mas também países emergentes considerados essencialmente importantes (Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, China, Coréia, Índia, Indonésia, México, Turquia e Rússia) (G20, 2012), além do FMI e do Banco Mundial, representando assim 90% do PIB mundial e 2/3 da população global (Itamaraty, 2012). Suas reuniões têm por vocação realizar-se na presença dos chefes de Estado e de governo, dos ministros da fazenda e dos presidentes dos Bancos Centrais, além de trabalhar em conjunto sobre as questões de política econômica. Seu objetivo é garantir e promover a estabilidade financeira internacional e sua criação mostrou os benefícios potenciais de um fórum consultivo internacional de regulação que abrangesse os países de mercados emergentes (G20, 2012). A primeira reunião do Grupo dos 20 aconteceu nos dias 15 e 16 de

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dezembro de 1999, em Berlim. Entretanto, nos anos seguintes, passou a incorporar outros temas globais a sua agenda, tais como mudanças climáticas e as consequências do crescimento demográfico para a economia. O grupo não tem poderes para instituir uma nova arquitetura financeira global, apenas discute e sugere práticas que consideram apropriadas para o manejo do sistema financeiro mundial.

1.1) Princípios

O G20 procura avançar seus trabalhos nas seguintes áreas: estrutura para o crescimento forte, sustentável e equilibrado; fortalecimento do sistema financeiro internacional de regulamentação; modernização das instituições globais para refletir a atual economia global; reformulação do mandato, missão e governança do FMI; reforma da missão, mandato e governança dos Bancos de Desenvolvimento; segurança energética e mudanças climáticas; apoio ao fortalecimento para os mais vulneráveis, colocando empregos de qualidade no centro da recuperação, além de preconizar uma economia global aberta (Nelson, 2010).

Diferentemente de instituições internacionais formais, como as Nações Unidas ou o Banco Mundial, o G-20 não possui sede nem secretariado permanente. A cada ano, um país-membro é encarregado da função. A cadeira de presidência rotativa precisa estabelecer um escritório temporário que se torna o responsável pelas relações do secretariado, religiosas e administrativas do grupo, conhecido como secretariado temporário. Além disso, também coordena as diversas reuniões do G-20 durante o tempo que estiver no cargo e tipicamente posta detalhes das reuniões e do programa de trabalho no site oficial do Grupo (BCB, 2008).

A cadeira apresenta um esquema de rotatividade entre os membros e é selecionado um membro de uma diferente região a cada ano. Em 2011, a França foi escolhida e em 2012, o México. Os Estados Unidos nunca foram escolhidos oficialmente, mas já sediaram duas reuniões em seu território desde 2008 (CRI, 2011).

Para garantir o trabalho simultâneo com instituições internacionais, o Diretor-Gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Presidente do Banco Mundial também participam “ex-officio” das reuniões. Em adição aos membros do G-20, Espanha e Holanda já participaram, como observadoras, em algumas reuniões. No encontro em Toronto, em junho de 2010, Etiópia, Malaui e Vietnã também estiveram presentes, mas como países observadores. Diversas organizações internacionais e regionais também já participaram dos encontros do Grupo dos 20. Por exemplo,

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participantes oficiais na reunião de Toronto incluíam representantes das seguintes instituições: Comissão Europeia, Conselho Europeu, Organização Internacional do Trabalho, Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento, a Organização das Nações Unidas e a Organização Mundial do Comércio (OMC) (BCB, 2008).

Além disso, em diferentes momentos, geralmente a pedido dos líderes do grupo, ministros do desenvolvimento, educação, emprego, trabalho, energia, informação global e sociedade, saúde, justiça, ciência, entre diversos outros, foram convidados a discutir temas pertinentes para o grupo. O G-20 já chamou, por exemplo, os ministros do emprego e do trabalho a se reunirem em 2010 para debater a questão do desemprego que surgiu como consequência da crise de 2008 (Nelson 2010, p. 6).

As reuniões dos chefes de Estado do G-8 e G-20 são o foco principal das discussões de ambos e onde as decisões principais dos fóruns são anunciadas. Entretanto, variados debates dos "sherpas” acontecem antes dos encontros oficiais para iniciar as negociações e depois das reuniões para discutir detalhes técnicos e logísticos da implementação do que foi acordado e anunciado nas mesmas (Ibid.).

Em adição as reuniões e aos diversos encontros ministeriais, há ainda a união para promover uma discussão entre os representantes pessoais dos líderes de cada país, conhecidos como "sherpas". Os sherpas se reúnem diversas vezes ao ano para se preparar para a reunião anual do G-20 que está por vir, acompanham as reuniões formais juntamente com os líderes oficiais e preparam diversas reuniões para acompanhar continuamente o que está acontecendo. A equipe sherpa de cada país tipicamente inclui um líder sherpa e dois "sous-sherpas": um sous-sherpa financeiro e outro sous-sherpa de relações exteriores. O sous-sherpa de relações exteriores cobre questões fora do âmbito financeiro, como meio ambiente. Além dos sherpas, há uma variedade de equipes e grupos estabelecidos pelos próprios líderes do G-20 ao longo dos anos para apoiar o trabalho do grupo e ajudar na tomada das decisões. Exemplos incluem a Força Tarefa de Ação Financeira (Financial Action Task Force - FATF), o Fórum de Estabilidade Financeira (Financial Stability Forum - FSF), o Grupo de Ação Contra o Terrorismo (Counter-Terrorism Action Group) e o Fundo Global para combater a AIDS, a Tuberculose e a Malária (Ibid.).

Tendo o G-20 se iniciado através de um fórum para ministros de finanças e governadores de Bancos Centrais, o Departamento do Tesouro Norte Americano e a Reserva Federal dos Estados Unidos da América foram tradicionalmente as primeiras

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agências dos EUA envolvidas nas reuniões do fórum. Quando o Grupo substituiu o G-7 em questões financeiras, o Departamento do Tesouro alcançou a liderança nas reuniões e se tornou um órgão de extrema relevância no processo decisório. Entretanto, o Departamento do Tesouro trabalha juntamente com outras agências durante os processos do G-20. Em adição a Reserva Federal, o Departamento do Tesouro ainda coordena suas ações com o Departamento de Estado Norte Americano, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional e o Departamento de Energia do país. A Casa Branca, particularmente através do Conselho de Segurança Nacional e do Representante do Comércio Norte Americano, também está enormemente envolvida no processo de planejamento da instituição (Ibid., p.7).

Todos os acordos, comentários, recomendações e reformas políticas alcançadas pelos ministros de finanças e líderes do banco central, assim como dos líderes do G-20, são atingidos através de um consenso unânime. Não existe um sistema de votação formal como em algumas instituições econômicas internacionais, como o FMI (Ibid., p.8; UAE, 2012).

O G-20 não possui uma maneira de forçar a implementação de qualquer acordo alcançado pelo grupo em nível nacional; assim como também não apresenta um mecanismo de aplicação de alguma medida e os compromissos do Grupo dos 20 são não vinculativos. Tal característica contrasta com a Organização Mundial do Comércio, por exemplo, que apresenta alguns mecanismos para a aplicação efetiva das medidas decididas pela mesma (Nelson, 2010, p.9).

Até 2008, as reuniões do G-20 eram conduzidas ao nível dos ministros de finanças de cada país do grupo e se mantinham como um fórum de proeminência inferior ao Grupo dos 7, que realizava as reuniões ao nível dos presidentes de cada país-membro. Com a ascensão da crise financeira global de 2008, os líderes do G-7 reconheceram a enorme importância das nações em desenvolvimento para o funcionamento da economia mundial e decidiram conceder aos líderes do G-20 o poder da discussão e coordenação principal sobre políticas de resposta à crise. Dessa forma, o Grupo se tornou o fórum oficial para o debate e o responsável por instituir soluções para questões econômicas e políticas que pudessem surgir, substituindo o G-7. Já foram organizadas seis reuniões desde então: Novembro de 2008 em Washington D.C., EUA; Abril de 2009 em Londres, Reino Unido; Setembro de 2009 em Pittsburgh, EUA; Junho de 2010 em Toronto, no Canadá; Novembro de 2010 em Seul, Coréia do Sul e Novembro de 2011 em Cannes, na França (Ibid.).

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1.2) O grupo dos sete (G-7), o grupo dos oito (G-8) o grupo dos vinte (G-20) e outros G´s.

Já surgiram muitos "Gs" no cenário internacional, como 4, 5, 8, 10, G-8+5 e os dois G-20 citados. Vale lembrar que antes da entrada da Rússia o G-8 era G-7 e que, por isso, há quem o chame de G-7/8 ou G-7+1. G-8+5 é o nome que se dá aos encontros esporádicos entre o G-8 e o G-5, mais um grupo informal de países em desenvolvimento: Brasil, China, Índia, México e África do Sul. O G-5 vem sendo chamado a se sentar à mesa das grandes potências pela relativa importância econômica que vem conquistando no cenário mundial. Já foram criados vários G-4, mas o principal deles foi uma associação entre EUA, Brasil, União Europeia e Índia. O principal objetivo do grupo era o de tratar de questões comerciais, quando preciso envolvendo a Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas alguns fracassos, como nas negociações feitas em Potsdam (Alemanha) sobre a liberalização do comércio mundial, em junho de 2007, levaram à saída do Brasil e da Índia e, consequentemente, ao fim do grupo. No episódio de Potsdam, Bush culpou os dois países pelo malogro nas negociações. Fundado em 1964, o G-10 reunia as dez maiores economias capitalistas da época. Hoje, são 11: Alemanha, Canadá, Bélgica, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Holanda, Reino Unido, Suécia e Suíça. Os países do chamado Grupo dos Dez participam do General Arrengements to Borrow (GAB), um acordo para a obtenção de empréstimos suplementares, para o caso dos recursos estimados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) estarem aquém das necessidades de um dos países-membros. O G-10 concentra 85% da economia mundial (Veja, 2009).

O G-7 foi criado em 1976 como um fórum informal das sete principais economias industriais: Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos da América. O G-7 conduz o diálogo e procura obter um acordo sobre os atuais problemas econômicos com base comparável aos interesses desses países. O G-20, por sua vez, foi criado em 1999 e reflete os diversos interesses das economias sistemicamente importantes como as industriais e de mercados emergentes. O grupo tem um alto grau de representatividade e legitimidade devido à sua composição geográfica (os membros são provenientes de todos os continentes) e sua grande parcela da população global (dois terços) e PIB mundial (cerca de 90 por cento). Ampla representação do G-20 de países em diferentes estágios de desenvolvimento dá aos seus resultados um consenso maior impacto do que as do G-7.

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1.3) O G- 20 agrícola

O G-20 da OMC é uma união informal, constituída por países em desenvolvimento, instituída em 2003 durante negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). O grupo possui uma vasta e equilibrada representação geográfica, além de uma grande importância na produção e comércio agrícolas, representando quase 60% da população mundial, 70% da população rural em todo o mundo e 26% das exportações agrícolas mundiais. Formado no âmbito das reuniões da OMC o seu principal objetivo é combater os subsídios agrícolas dos países ricos.

1.4) O G20 e os BRICS

A ideia dos BRICS foi formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O´Neil, em estudo de 2001, intitulado Building Better Global Economic BRICs. Fixaram-se como categoria da análise nos meios econômico-financeiros, empresariais, acadêmicos e de comunicação. Em 2006, o conceito deu origem a um agrupamento, propriamente dito, incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, que adotou a sigla BRICS.

Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul. Por que focar esses quatro países em particular? A primeira razão é porque todos parecem dispor de recursos de poder militar, político e econômico; alguma capacidade de contribuir para a gestão da ordem internacional em termos regionais ou globais, além de algum grau de coesão interna e capacidade de ação estatal efetiva. Particularmente nos casos de China e Índia, os altos níveis de crescimento econômico têm atraído atenção, motivando projeções sobre as implicações políticas e geoeconômicas do desenvolvimento econômico futuro desses países. “Países como China, Índia e Brasil estão adquirindo poder suficiente para alterar a realidade da política e economia globais” (Itamaraty, 2012). Uma segunda razão é o fato de todos esses países compartilharem uma crença em seu direito a um papel mais influente em assuntos mundiais. Uma terceira razão para focar nestes cinco países deriva do desenvolvimento da relação entre eles, como por exemplo, a cooperação entre Rússia e China por meio da Organização da Cooperação de Xangai; exercícios militares combinados sino-russos; reaproximação entre China e Índia; emergência do Grupo dos 20 (G-20) e também na Organização Mundial do Comércio (OMC) como uma nova coalizão de países do Sul liderada por Brasil e Índia; fortalecimento de laços entre Índia

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e Brasil e África do Sul sob a forma do Fórum IBAS; expansão das relações econômicas chinesas com Índia e Brasil. Tais desenvolvimentos são identificados como um alarde por aqueles que buscam sinais de uma disposição coordenada de desafiar Washington, ou evidências da emergência de um mundo multipolar com potencial renovado de revisionismo sistêmico.

O importante aqui é o quanto o Brasil, Rússia, Índia e China se encontram fora ou as margens de tal formação das estruturas multilaterais criadas no pós-II Guerra: a ONU (Organização das Nações Unidas), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, o antigo Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) e um denso sistema de alianças nos oceanos Atlântico e Pacífico. Diferentes de Japão, Coréia do Sul, Canadá, Austrália e os principais países europeus (em bloco, ou individualmente), os BRICS não estão intimamente integrados em um sistema de alianças com os Estados Unidos (Hurrell, 2009, p.13).

Como agrupamento, o BRICS tem um caráter informal. Não tem um documento constitutivo, não funciona com um secretariado fixo, nem tem fundos destinados a financiar qualquer de suas atividades. Em última análise, o que sustenta o mecanismo é a vontade política de seus membros. Ainda assim, o BRICS tem um grau de institucionalização que se vai definindo, à medida que os cinco países intensificam sua interação. Em síntese, o BRICS abre para seus cinco membros espaço para (a) diálogo, identificação de convergências e concertação em relação a diversos temas; e (b) ampliação de contatos e cooperação em setores específicos.

Na reunião do G-20 de 2011, em Cannes, na França, não se esperava - dada a correlação de forcas atual e o nível ainda limitado de coordenação e institucionalização dos BRICS - que este grupo pudesse assumir o papel de uma liderança alternativa, viabilizando a sua própria proposta global. No entanto, os países integrantes do grupo aproveitaram a reunião do G-20 para avançar sua agenda de reforma da governança econômica global. Em dois pontos em particular eles foram capazes de coordenar posições: 1-a defesa do direito ao desenvolvimento como parte da agenda de recuperação econômica global. 2-a indicação de que o aporte de recursos dos países BRICS para programas de ajuda aos países mais duramente atingidos pela crise se daria via Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os países BRICS se alinham na defesa da política de manutenção de elevadas reservas como mecanismo de proteção para o desenvolvimento das economias nacionais. Contudo, esses mesmos países divergem no tratamento da questão cambial

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nos fóruns internacionais. Fruto desta divergência, o grupo BRICS optou por não tentar coordenar uma posição neste campo. No entanto, a Declaração do G-20 faz uma menção positiva em relação a modificações recentes das políticas cambiais da Rússia e da China em direção a uma maior flexibilidade baseada em fundamentos de mercado. Também discutem temas relacionados ao processo de reforma do sistema de cotas e governança do FMI com ampliação da participação relativa dos países integrantes dos BRICS. Ainda que o documento final do encontro não satisfaça a demanda de reforma dos BRICS, a própria menção da temática já representa um reconhecimento do papel crescente do agrupamento para a solução de problemas econômicos globais.

Não obstante esses conflitos, o vácuo de liderança na governança econômica global revelada na última reunião do G-20 coloca diante dos países BRICS a possibilidade de elaborar propostas e ter voz mais ativa na definição dos rumos da economia mundial, resguardando e potencializando seus respectivos projetos de desenvolvimento. Isto, no entanto, exige uma maior coordenação de políticas para produzir posições e proposições comuns (BRICS Policy Center, 2011).

2) A Crise Financeira

O grupo dos vinte adquiriu maior relevância após a crise financeira internacional iniciada em 2008. A crise teve como origem o baixo nível de regulação e supervisão dos mercados financeiros praticados nos países desenvolvidos e, por canais de transmissão como o comércio internacional, as transferências unilaterais ou investimento direto externo, que repercutiu em todo o mundo. A atual crise financeira em vez de ter sido gestada em países subdesenvolvidos ou em países emergentes, mais propensos a desajustes em seus índices macroeconômicos e a turbulências periódicas, teve origem clara em fenômenos comumente relacionados a economias desenvolvidas e avançadas. Esse é um diferencial da crise de 2008 em relação a crises que já ocorreram em nossa história (Torres, 2008, p. 29).

A expansão de crédito baseada no dólar como reserva internacional corrente gerou problemas financeiros nos Estados Unidos. Mas, o ápice foi quando o empréstimo interbancário, que está no centro do sistema financeiro, foi interrompido porque os bancos tinham dado seus recursos e não poderiam confiar em suas contrapartes. Os bancos centrais tiveram que injetar uma quantidade sem precedentes de dinheiro e estender ainda mais o crédito (Soros, 2009). A primeira internacionalização dos efeitos da crise se deu nos mercados de ações, com perdas quase que generalizadas em todo o

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mundo. A redução dos recursos financeiros abriu precedentes para o consequente transbordamento da crise para a economia real. Dois fatores impediam que a crise se delimitasse exclusivamente ao mundo desenvolvido: primeiro, os vínculos de interdependência entre o Norte e o Sul; e, também, a prosperidade das economias emergentes que estava ligada ao estimulo das economias desenvolvidas para o crescimento dos países em desenvolvimento, pela compra de comodities, mercados e serviços ou também pela taxa de investimento externo direto propiciado (Torres, 2008, p. 31).

Os países emergentes, dessa forma, que dependiam das economias desenvolvidas também se viram afetados, ainda que de maneira menor. O esgotamento do modelo de gestão macroeconômica defendido pelas economias desenvolvidas, a composição do grupo, unindo países desenvolvidos e países em desenvolvimento, a maior resiliência das economias emergentes à crise e a eficácia de suas medidas anticrise, contribuíram para que o G-20 fosse designado como o principal foro para a cooperação econômica internacional, conforme estabelecido na Declaração de Pittsburgh. As Cúpulas de Washington, de Londres e de Pittsburgh representaram um processo em que se transferiram de foros restritos para o G-20 as discussões e as decisões sobre temas pertinentes à estabilidade da economia global. A legitimidade ao G-20 derivou de sua eficiência em coordenar uma boa resposta à crise iniciada em 2008, evitando o colapso do sistema econômico internacional (Itamaraty, 2009). Ainda que a fase mais aguda da crise financeira tenha sido superada, persistem os seus efeitos sobre a sustentabilidade fiscal de muitos países e a crise do emprego, que tardarão anos para serem equacionadas. Atualmente, o trabalho do G-20 consiste tanto no enfrentamento destes efeitos mais duradouros da crise como também na construção de uma nova arquitetura financeira internacional, que seja mais aberta à participação dos países em desenvolvimento, mais estável e resistente a crises como a recente.

2.1) Histórico da Crise

Para compreender a crise de 2008 que se alastrou e continua a produzir efeitos ainda hoje é necessário retornarmos aos Estados Unidos ainda no ano de 2001. Neste ano, ocorreu uma crise nas empresas “pontocom” e o mercado imobiliário norte-americano passou por uma fase de expansão acelerada. Com o intuito de encorajar consumidores e empresas a voltarem a gastar, o Banco Central Americano (Federal Reserve) reduziu sua taxa de juros para baratear empréstimos e financiamentos.

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Essa atitude do FED foi aproveitada pelo setor imobiliário, a demanda por imóveis cresceu por conta dos juros reduzidos. No ano de 2005, o boom do setor imobiliário estava avançado. Os consumidores procuravam casas para comprar pelo simples fato de quererem uma casa própria ou uma forma de investimento. Além da compra de imóveis, cresceu a procura por hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para pagar dividas ou para consumir ainda mais.

Neste ponto surge o tão mencionado segmento subprime. O subprime é caracterizado pela baixa renda, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar renda. O segmento subprime, assim caracterizado, representa um risco maior de inadimplência que os de outras categorias de crédito, mas justamente por ser de maior risco, as taxas de retorno são bem mais altas.

A promessa de retornos altos atraiu gestores de fundos e bancos, que compraram esses títulos subprime das companhias hipotecárias e permitiam que uma nova quantia em dinheiro fosse emprestada antes mesmo de o primeiro empréstimo ser pago. Outro gestor, interessado no alto retorno envolvido com esse tipo de papel, podia comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.

Porém, se o tomador não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado é que todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os subprime, o que termina por gerar uma crise de liquidez, ou seja, retração de crédito.

Em 2006 o preço dos imóveis, que tinham atingido o ápice, passou a cair. Sem contar, que desde 2004 os juros do FED vinham subindo o que encarecia o crédito e afastava compradores. Com os juros altos, a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo.

No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos Estados Unidos podem ser convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo. Dessa forma, pode-se compreender porque o pessimismo influencia os mercados globais. Em 2008, essa globalização financeira mostrou seus indícios por meio da redução da taxa de juros do FED nos Estados Unidos, levando assim a uma espiral de crédito e o posterior não recebimento, que culminou em uma crise (Folha Dirigida, 2008). Com a intensificação da crise global ao final de 2008 e com a generalização do entendimento de que seria impossível combatê-la com ações restritas aos países do G-7, o G-20 foi invocado a fortalecer a cooperação internacional,

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tendo sido consolidado como foro de Chefes de Estado e de Governo como a instância central para a coordenação internacional de política econômica.

Pela primeira vez, dada a importância e urgência dos assuntos tratados pelo G-20, foi realizada a Cúpula do G-G-20, em Washington, Estados Unidos da América, em novembro de 2008. Como resultado do encontro, foi publicada a Declaração dos Líderes do G-20, com percepções sobre a crise econômica mundial e indicação de 47 (quarenta e sete) ações que deveriam ser implementadas pelos órgãos reguladores financeiros e pelos responsáveis pela política econômica desses países, com ênfase especial na solidez da regulação e no fortalecimento da transparência; no reforço da cooperação internacional e na promoção da integridade dos mercados financeiros; na reforma das instituições financeiras internacionais, em particular do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.

Ao longo de 2009, realizaram-se duas Cúpulas e três Reuniões de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G-20, com o objetivo de elaborar, discutir e encaminhar aos líderes propostas relacionadas à economia e estabilidade financeira globais. O Grupo concentrou-se na elaboração e implementação de medidas de combate à crise, inclusive no fortalecimento institucional e de recursos das instituições financeiras internacionais (IFIs) e no reforço da regulação financeira internacional.

As ações certeiras e decisivas do G-20 ajudaram, com a participação equilibrada dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, o mundo a combater de forma eficaz a atual crise econômica e financeira. O G-20 atingiu resultados significativos e concretos. Implementou políticas macroeconômicas inéditas e melhores coordenadas, incluindo a expansão fiscal de US$ 5 trilhões e instrumentos não convencionais de política monetária; aprimorou significativamente a regulação financeira, particularmente através do estabelecimento do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB – Financial Stability Board); e reforçou substancialmente as IFIs, incluindo a ampliação dos recursos e a melhoria das linhas de crédito precaucionais das mesmas.

Ao longo de 2010, realizaram-se duas Cúpulas de Chefes de Estado, três Reuniões de Ministros das Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G-20, quatro Reuniões de Deputies (Vice-Ministros das Finanças e Diretores de Bancos Centrais) do G-20, com o objetivo de elaborar, discutir e encaminhar aos Líderes propostas relacionadas à economia e estabilidade financeira global. O Grupo concentrou-se na elaboração e implementação de medidas para buscar uma cooperação internacional mais efetiva e concertada no sentido de: a) fortalecer e proteger a recuperação; b) garantir um

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crescimento forte, sustentável e equilibrado no longo prazo; c) estimular a criação de empregos; d) apoiar a redução da pobreza e o desenvolvimento; e) elevar a prosperidade global (BRICS Policy Center, 2011). Em junho, foi realizada em Toronto, Canadá, a primeira Cúpula de Líderes do G-20 de 2010 em seu novo papel de principal fórum para cooperação econômica internacional, onde foram decididos os passos seguintes que seriam dados para assegurar o pleno retorno do crescimento e dos empregos de qualidade, para reformar e fortalecer os sistemas financeiros e para gerar um crescimento global forte, sustentável e equilibrado.

Em continuidade aos trabalhos do Grupo, foi realizada em Seul, Coréia do Sul, em 11 e 12 de novembro de 2010, a segunda Cúpula do G-20, quando foi lançado um Plano de Ação Global, o qual representou um maior reforço para avançar nos objetivos de estabelecimento de uma base sólida para um crescimento forte, sustentável e equilibrado, e fortalecer e proteger a recuperação. Por meio do Plano de Ação Global anunciado em Seul, será possível continuar com a cooperação para monitorar a situação econômica global e identificar os riscos potenciais, além de avaliar que ações de políticas deveriam ser tomadas para promover o crescimento mais forte, sustentável e equilibrado. Este processo consultivo de avaliação mútua e liderado pelos países membros foi mantido em 2011, no âmbito da presidência francesa do G-20 (BRICS Policy Center, 2011).

2.2) G-20 e Governança Global

O G-20 como mecanismo de governança global ainda é bastante questionado. Para fazer tal avaliação e responder a essa dúvida é preciso ter mente uma definição do que seria governança e assim, comparar as ações do G-20 com aquelas funções tidas como “funções de governança”. Algumas dessas funções de governança são: autoridade política para gerenciar problemas globais; construção de estabilidade; articulação de interesse coletivo; estabelecimento de direitos e deveres; mediação de diferenças e coordenação de políticas díspares (Torres, 2009, p. 52).

Antes de começar a falar sobre Governança Global é preciso entender também como este conceito vem sendo utilizado. A Comissão sobre Governança Global da ONU define Governança como “a soma das várias maneiras de indivíduos e instituições, público e privado, administrarem seus assuntos comuns. É um processo contínuo por meio do qual conflito ou interesses diversos podem ser acomodados e a ação cooperativa tem lugar. Em nível global, Governança era vista

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primeiramente como sendo apenas as relações intergovernamentais, mas hoje já pode ser entendida como envolvendo organizações não governamentais, movimentos de cidadãos, corporações multinacionais e o mercado de capitais global.”.

A governança, mesmo em nível global, necessita de liderança. A Comissão de Governança da ONU salienta que essa liderança pode vir em diversas formas: governos, sozinhos ou em grupos, podem perseguir grandes objetivos; indivíduos podem colocar sua reputação em favor da inovação internacional; e organizações internacionais podem favorecer o surgimento de atores que exerçam esse papel.

O G-20 tem como contrapartida o G-7 (G-8), mas diferente deste, o Grupo dos 20 tem maior grau de institucionalização. Se considerarmos o grau de coação e a legitimidades das funções, o G-20 parece superior à sua contrapartida. O Grupo apontou na direção de gerenciar a crise e construir uma estabilidade a partir de um arcabouço regulatório que tinha maior compromisso das (e com relação às) economias emergentes (Ibid., p. 52).

Os encontros da cúpula do G-20 produzem efeitos como a injeção de trilhões de dólares para recuperação da economia mundial e propostas de reformas do FMI e do Banco Mundial (Ibid., p. 55). As reformas do FMI visam atender ao crescimento de novos polos financeiros, mas são reformas muito aquém das pretensões dos membros do G-20.

2.3) A Zona do Euro e a Crise Financeira

A zona do euro enfrenta uma grande questão com a crise financeira - a crise do euro. À medida que está crise afunda a economia leva consigo a estabilidade que a União Europeia tem conquistado desde sua criação em 1951 como a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço e que mais tarde ganhando moeda única e mais membros, passou a se chamar União Europeia.

A preocupação com relação à crise atingiu os membros da União Europeia, de maneira especial, quando em 2009 a crise chegou à Grécia. Mas, antes mesmo da Grécia ser afetada, outros países, tais como Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, já enfrentavam problemas. Deste ano em diante, outros países passaram a necessitar de ajuda de instituições financeiras europeias e tudo ficou mais turbulento quando, agora, a Itália – um país grande demais, como os líderes alegam - se mostrou em uma recessão profunda. A solução é algo ainda questionável e está nas discussões mais recentes sobre

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os efeitos da crise financeira. Discute-se, entre outras soluções, uma hipótese de rachar a zona do euro para evitar uma decadência generalizada. Uma divisão com relação aos 17 países que utilizam a moeda única. O obstáculo é que a União Europeia não é apenas um arranjo econômico, mas também político (Veja, 2011).

A exclusão de países da zona do euro poderia acarretar em uma crise política sem precedentes. A fragmentação devolveria desentendimentos que hoje são resolvidos na arena política, por meio de diversas instituições criadas para servir ao bloco (Veja, 2009).

Após 20 anos da criação da União Europeia e 12 anos de implantação da moeda única, ficou claro que os pilares do sistema apresentam grandes rachaduras. Uma grande disparidade separa a agricultura e a indústria de países como Alemanha e Portugal, que usam a mesma moeda, sem ter a mesma força econômica. O quadro se agrava quando se constata que tampouco há paridade fiscal entre os países. Mais grave ainda é o fato de que no bloco há nações que maquiaram suas contas públicas, como a Grécia, e outras que se endividaram além da conta, como Portugal e Irlanda (Veja, 2011).

2.3.1) Algumas medidas tomadas pelos lideres europeus

Mecanismo Europeu de Estabilidade

Os líderes da União Europeia se reuniram em Janeiro deste ano, em Bruxelas, para uma reunião de Cúpula que teve como resultado o acordo para a criação de um fundo permanente de resgaste financeiro para a zona do euro (Mecanismo Europeu de Estabilidade), no valor de 500 bilhões de euros.

Pacto Fiscal

Chefes de Estado e de Governo da União Europeia, com exceção de Grã-Bretanha e República Tcheca, deram aval a um pacto de maior disciplina fiscal proposto pela Alemanha (leis nacionais de responsabilidade fiscal), apesar das dificuldades para conciliar a austeridade das contas públicas com o crescimento econômico.

O foco da cúpula da UE, com duração de meio dia, foi à busca por uma estratégia que permitisse a retomada do crescimento e a geração de empregos em um momento no qual governos de toda a Europa precisam cortar gastos e elevar impostos para enfrentar seu endividamento (Veja, 2012).

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O pacto fiscal forçará os países signatários – os 25 países membros restantes da UE – a incluírem em suas legislações ou Constituições a chamada "regra de ouro", que os obriga a manter o déficit estrutural anual abaixo de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Os países membros que não adotarem corretamente essa norma poderão ser denunciados no Tribunal de Justiça da UE por alguma outra das nações, que, além disso, poderá solicitar diretamente uma sanção financeira. A máxima instância judicial da UE poderá, em últimos casos, impor uma sanção de 0,1% do PIB do país punido (GLOBO, 2012).

3) Pontos de tensão e a posição dos principais países: O embate entre países desenvolvidos e países emergentes

Para realizar discussões dentro de uma simulação do G-20 é importante ter em mente o posicionamento dos países que fazem parte deste “grupo”, assim como dos Next Eleven e dos BRICS. Mostrar como estes tem se posicionado frente à crise financeira de 2008, que medidas têm tomado dentro do próprio foro de discussão do G-20, assim como em suas políticas internas. Embora formem grupos e muitas vezes sejam designados como pertencentes a tais, cada país tem um desempenho muito peculiar.

Os membros do G-20 são representativos da atual ordem mundial. Evocam a centralidade dos EUA nos campos econômico, político e militar. Reconhecem o peso relativo que as economias desenvolvidas tradicionais ainda carregam. E, principalmente, espelham a ascensão das grandes economias emergentes como atores chave do meio internacional. Tendo em mente que vinte membros são uma representação parca da totalidade dos Estados, há forte correspondência entre os principais atores da ordem atual e o corpo do G-20 (Torres, 2009, p. 52).

Os grandes emergentes têm encontrado dificuldade em manter um bom nível de crescimento com um mercado externo reduzido, pela dependência externa que possuem. Porém, esses mesmos países atuaram na crise 2008 com um grau de responsabilidade maior que o de períodos anteriores. Isto desde o fim da década de 1990, quando a última crise financeira mundial afetou com intensidade a Ásia (Ibid.). Países com altos graus de reservas estrangeiras, com contas relativamente ordenadas e mercados internos apreciáveis – caso da China, Brasil e Índia – conseguiram manter seus índices em níveis saudáveis. Mesmo nesse grupo de três países as repercussões

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foram diversas, apesar da avaliação geral positiva. Assim supõe-se uma avaliação mais detida das circunstâncias individuais (Ibid.).

Avaliando a posição de cada país em particular com suas peculiaridades e necessidades perante a crise, as discussões na cúpula do G-20 se tornarão mais direcionadas e poderão atingir resultados mais satisfatórios. As transformações e as reformas em andamento na arquitetura do sistema financeiro e econômico internacional representam um momento singular, no qual, pela primeira vez, os países em desenvolvimento estão presentes na mesa de negociações desde o princípio. Ao contrário do que ocorria no passado, quando os países desenvolvidos, reunido no G-7(G-8), negociavam apenas entre si e divulgavam modelos prontos para a aplicação uniforme nos demais países, as discussões no âmbito do G-20 contam com a participação de países em desenvolvimento em todas as suas fases. As medidas propostas pelo grupo têm maior legitimidade e representatividade do que no passado recente.

4) Posicionamento dos países do grupo

1. África do Sul

A África do Sul é o país mais forte do continente em termos econômicos e devido ao seu destaque recente no cenário internacional nesse quesito, ela foi incluída na formação dos BRICS, juntamente a Brasil, Rússia, índia e China. Por tal reconhecimento, é possível perceber que, apesar de localizada em um continente caracterizado muitas vezes pela pobreza, doença, entre outros problemas graves, a nação sul-africana está conseguindo se desenvolver e acompanhar outros Estados que também crescem rapidamente, o que é de extrema relevância para análise da sua política externa (South African Government Information, 2012; South Africa Info, 2012).

Apesar de ter sido muito afetada pela crise no início e se afundado em um período de recessão, a nação conseguiu se reerguer aos poucos e atualmente a situação já é diferente. Os banqueiros, por exemplo, que foram bastante prejudicados, fortaleceram suas posições através de uma combinação de crescimento dos níveis de capital, mudança nas estratégias de fundos, redução dos riscos e mantiveram significativamente mais propriedades. Embora tenha atingido novamente uma posição consideravelmente estável, há ainda a noção de

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que o estado sul-africano é enormemente dependente dos europeus quanto a questões de importação-exportação e que enquanto a situação não for solucionada nesse continente, os problemas ainda existirão. Por isso o governo sul-africano apoia propostas referentes a uma cooperação entre todos os países para que a crise seja remediada e que suas consequências sejam reduzidas (The Aconomist, 2011; South Africa Info, 2012).

2. Alemanha

Na Alemanha, as prioridades estabelecidas após a crise de 2008 podem ser vistas como medidas protecionistas para garantir a segurança do país nas diversas áreas que poderiam ser afetadas. O estabelecimento de indicadores que permitiram avaliar a situação financeira dos países, considerando assim o grau de flexibilidade das taxas de câmbio, o montante de subsídios ineficientes e distorcidos e a sustentabilidade fiscal de cada um são exemplos disso. Sendo o segundo maior exportador do mundo (atrás apenas da China) e considerando que esse setor responde por cerca de um terço do PIB do país, é possível entender a preocupação dos alemães pós-crise. Por causa disso, as autoridades da Alemanha propuseram aos demais líderes do G20, na cúpula realizada na Coréia do Sul em 2010, o comprometimento com a promoção de um sistema de livre comércio e investimentos que pudesse garantir a recuperação e o crescimento das nações afetadas, além de aliviar as dificuldades enfrentadas pelos países em desenvolvimento (Nascimento, 2010).

Porém, por não terem apresentado o resultado esperado, as propostas receberam críticas do governo dos Estados Unidos da América, que acusaram os alemães de terem agido pouco para tentar reaver a economia global. Ainda assim, tendo em vista a situação de diversos países europeus no contexto atual, é possível afirmar que a Alemanha se mantém ainda em posto privilegiado como uma das nações europeias mais fortes no cenário recorrente. (Nascimento, 2010; Agência Financeira , 2012).

Através da tentativa de criação contínua de postos desemprego e da ajuda aos países mais prejudicados, o governo alemão almeja reduzir os efeitos da crise e retornar a "via de crescimento" que a Europa vivia antes de 2008. A atual chanceler alemã, Angela Merkel, afirma ainda que a confiança e a estabilidade são a chave para a recuperação e que os países devem agir em união uns com

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outros então aplicando medidas unilaterais (O Globo, 2012; The Federal Government, 2012).

3. Arábia Saudita

Arábia Saudita acredita que, como produtor de petróleo vital que atua como uma força de moderação dentro da OPEP, tem o direito de ser um membro do G-20. Quando o rei Abdullah dirigiu-se ao grupo em Washington no ano passado, ele observou: "A Arábia Saudita está consciente do papel central e crítico que desempenha na economia mundial e para garantir a estabilidade do mercado internacional do petróleo”. O reino pode buscar medidas para conter a especulação nos mercados financeiros, que culpa dos preços do petróleo descontroladamente flutuantes que foram expostos nos últimos anos. Em julho de 2008, o petróleo atingiu um recorde $ 147 o barril. Ele caiu para US $ 35 em dezembro, antes de começar a se recuperar (Post-Gazzete, 2009).

4. Argentina

Argentina e Brasil, junto com o México, são os três países latino-americanos que fazem parte do G20. O país discute junto com seus parceiros continentais preocupações em relação a possíveis efeitos de contágio precedentes da crise financeira europeia na América Latina, mas que o balanço continua “envolvendo otimismo” para a região. Concentrou-se nos efeitos da regulação financeira sobre os fluxos de investimentos na região e a necessidade de potencializar um comércio aberto (Veja, 2010).

5. Austrália

A estabilidade econômica global é fundamental para a política externa e para os interesses econômicos nacionais australianos. Através da análise da queda do índice de crédito da Nova Zelândia, um dos parceiros econômicos da Austrália, pelas agências de índice de crédito internacional, é possível compreender que o que acontece na Nova Zelândia apresenta impacto tanto em território australiano quanto na região do Pacífico Sul. Reconhecendo os impactos alarmantes da crise de 2008, o governo australiano constata que vivemos uma nova emergência global e que é preciso reagir a ela. Apesar de o

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Pacífico Sul proceder no seu crescimento e apresentar muitos pontos fortes, os estados da região não estão protegidos à evolução da crise, caracterizada pelo crescimento fraco, balanço geral fraco e o que é percebido como políticas fracas para o combate. A questão principal é que os formuladores de políticas, particularmente nos Estados Unidos e na Europa, ainda não criaram uma política de apoio para as medidas que eles precisavam e o mercado começou a questionar se as ações para solucionar a crise são realmente eficazes. Considerando os pontos acima mencionados, é possível entender por que o governo australiano defende uma transformação dos critérios estabelecidos para combater o inimigo financeiro e, assim como outras várias nações do grupo, uma cooperação entre todos os países visto que a crise não é nacional ou multilateral, mas é mundial (Foreign Minister, 2011; DFAT, 2012).

6. Brasil

O Brasil preocupa-se, sobretudo com a expansão monetária que vem ocorrendo nos países desenvolvidos e que prejudica o mercado internacional do Brasil. Uma preocupação do Brasil é que o FMI conceda mais fundos para países em dificuldade na zona do euro, caso a moeda da União Europeia não seja estabilizada (O Globo, 2012).

Se por um lado o Brasil está atento à liquidez das moedas, a Europa, de maneira especial a Alemanha manifestam cuidado com relação às medidas protecionistas unilaterais como maneira de sair da crise (Ibid.).

Com relação à taxa cambial, o Brasil vem demonstrando tendência às medidas para proteger sua economia, porém, sem ferir as regras da Organização Mundial do Comércio, para evitar que a desvalorização da moeda provoque a desindustrialização da economia brasileira. As medidas do governo Brasileiro apontam para que, mesmo em tempos de crise, o país, uma economia emergente e que faz parte dos BRICS possa continuar apresentando crescimento (Ibid.). 7. Canadá

O Canadá, por sua proximidade estratégica, possui uma relação bastante complexa com os Estados Unidos. Apesar de não apoiar muitas das suas posições internacionais, os canadenses apresentam uma série de alianças estratégicas, militares e econômicas com os norte-americanos, sendo a fronteira

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Canadá – Estados Unidos considerada como a maior fronteira indefesa do mundo. Além disso, confirmam uma posição bastante favorável à América Latina com o programa "The Americas: Our neighbours, Our priority", afirmando que uma cooperação norte-sul pode e precisa ser possível se o mundo realmente quiser superar a crise de 2008. Em relação à Europa, o governo canadense detém uma política também positiva e de encorajamento à cooperação tendo em vista que ambos os lados seriam beneficiados em acordos econômicos e que isso estreitaria cada vez mais os laços entre eles, gerando assim a possibilidade de colaboração em outros setores. Ademais, o Canadá, como um dos países mais abastados do sistema, poderia contribuir significativamente para a recuperação europeia dos efeitos da crise (Canada s.d.).

8. China

Por causa da controvérsia ensejada pelo efeito global do rígido controle do câmbio do Yuan, autoridades chinesas têm sido ardis quando questionadas sobre temas cambiais, alegando a ocorrência de um consenso entre os membros do G20 quanto à ineficiência de focar em uma moeda ou país especificamente, dado que a causa da crise financeira iniciada em 2008 é de abrangência mundial. Isso também reforça a posição da China em relação aos países desenvolvidos que fazem uma pressão contínua sobre a mesma para que ela altere seu sistema cambial (Nascimento, 2010).

A proposta chinesa de combate à crise está focada no combate a problemas estruturais, principalmente a desigualdade no desenvolvimento global e no sistema internacional financeiro, bem como na vulnerável regulação e supervisão dos fluxos de capitais. Segundo Pequim, a liquidez excessiva - fenômeno intensificado pelo afrouxamento monetário dos Estados Unidos - gera insegurança financeira em diversas nações, em especial as emergentes, como os países do BRICS (Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul) (Nascimento, 2010).

Apesar da tensão com alguns países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos, negociadores chineses pretendem manter uma comunicação constante com o governo norte-americano, frisando o papel das cúpulas do G20 em incrementar a coordenação e a cooperação ao invés da confrontação, ainda

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mais considerando o alto nível de dependência econômica entre ambos. Como a China é um Estado que defende fortemente a cooperação, especialmente com as nações em desenvolvimento, e luta contra qualquer tipo de hegemonia ou discriminação na questão econômica, é possível compreender porque os chineses acreditam que o ponto principal para o ressurgimento econômico é a assistência entre os diversos países e não somente os afetados (Diqing, 1990).

9. Estados Unidos

Atualmente em déficit econômico, os Estados Unidos querem que os países da Zona do Euro aumentem os recursos do fundo europeu de resgate para devolverem a confiança aos mercados. À margem de um encontro de ministros das finanças no México, o secretário do Tesouro dos EUA reconheceu os esforços que os países da moeda única fizeram até agora, mas avisou que a Europa tem de fazer mais, se quiser convencer o mundo e colocar definitivamente um travão à crise da dívida. Além do polêmico afrouxamento monetário – condenado em todo mundo, principalmente pelos países no qual a liquidez excessiva do dólar tem ocasionado os efeitos mais deletérios –, autoridades norte-americanas têm criticado com vigor o desequilíbrio global nos fluxos comerciais. Em entrevista em Nova Déli, Obama condenou a existência de países com altos índices de superávits comerciais (por exemplo, China e Alemanha), enquanto outros apresentam elevados déficits (EUA, principalmente), sem que haja propostas de ajustes monetários que permitam um crescimento mais equilibrado. Washington entende que superávits desproporcionais de alguns países mascaram, por meio de distorções monetárias, a fraqueza de sua demanda doméstica, uma referência indireta à China, porém parcialmente aplicável também à Alemanha.

Como proposta, os EUA apresentaram a ideia de estabelecer como meta limitar em 4% do PIB os déficits ou superávits em conta corrente a partir de 2014 (na Alemanha, há superávit de 5,4%; na China, 4,9%; nos EUA, déficit de -3,3%), porém, após críticas generalizadas, os norte-americanos recuaram e passaram a propor “bandas” meramente indicativas para contas correntes. Mesmo com a atenuação do tom, a China e Alemanha permanecem céticas quanto à adoção de medidas que impliquem restrições a seus modelos exportadores. O responsável pelas Finanças dos EUA considerou também que a

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melhor maneira de resolver uma crise é “comprometer-se a fazer mais do que o necessário” (RTP, 2012).

10. Federação Russa

Na Rússia a prioridade foi assegurar a retomada do crescimento, que deveria ser sustentável e baseado em uma estrutura mais equilibrada. Em 2010, prosseguiu-se com esforços para modernizar a economia, encorajando a inovação e diversificação. Globalmente, a Rússia continuou a ser uma fonte confiável de energia e de outras matérias primas. Sendo assim, o país focou em prosseguir com seus esforços para promover um acordo de cumprimento obrigatório para a cooperação internacional na área de energia.

Simultaneamente, a tarefa de modernizar a economia nacional requer que o país continue como grande importadora de novos equipamentos, tecnologias e serviços. Em outras palavras, a Rússia se vê como parte do sistema de comércio global e que construir relações mais fortes, amigáveis e confortáveis com todos os seus parceiros. A Rússia continuará a contribuir para o trabalho dos dois fóruns, tanto o G8 quanto o G20. Manter um modelo de cúpula não é tão importante como criar condições ao diálogo (Fundação FIA, 2010).

11. França

A França, juntamente com a Alemanha, foi o país que uniu esforços para a formação da União Europeia. Atualmente, com a crise financeira na Europa e seus reflexos que geram dúvidas inclusive em torna da moeda única, e indo mais além, em propostas de mudança no tratado da União Europeia, a França tem um papel central na solução da questão. Mas é um país que apresenta divergências com relação à sua parceira Alemanha. Diferente da mesma, a França tem alguns receios quanto ao maior controle por parte das instituições europeias, no que se refere ao controle dos orçamentos nacionais (UOL, 2011).

12. Índia

A política externa da Índia é fortemente alinhada com seus interesses nacionais e de segurança. Uma política indiana bem estruturada obteve sucesso em estabelecer uma rede de relações mutuamente benéficas com todos os países do mundo, particularmente em melhorar as relações dessa nação com suas

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vizinhas. Por causa disso, é possível perceber que os princípios essenciais de ordem estabelecidos pelos indianos atualmente se focam no "emergente século Asiático". A postura da Índia precisa ser inclusiva, unindo todos os poderes - tanto regionais quanto extra regionais - que sejam relevantes para a prática da segurança do continente asiático. Seu escopo geográfico deve ser extenso e sua estrutura de segurança pluralista e aberta, aprendendo com os fracassos de segurança coletiva do passado. Os mecanismos institucionais tenderiam a ser consultivos e não prescritivos, respeitando as preferências de cada região para uma abordagem baseada em consensos que possam garantir a solução de problemas globais. Dessa forma, os métodos para se combater a crise se fundariam numa cooperação entre todos, mas que ao mesmo tempo assegurasse uma proteção da Índia e dos países asiáticos. A Índia pode ter a ambição de ser um poder capacitador, que procura estabelecer uma compreensão mais simples dos princípios e práticas relacionados a questões fundamentais das relações internacionais das regiões. Além disso, poderá ser também um poder pluralista, que facilita o envolvimento outros participantes no sistema internacional e, com isso, formar alianças multilaterais exclusivistas, particularmente em área de segurança não tradicional. Com tudo isso, os indianos podem se tornar também um poder estabilizador, preparado para utilizar suas capacidades de precaução para ajudar na resistência de grupos revisionistas e manter um equilíbrio mais estável, sendo esse um dos principais interesses nacionais (East Asia Forum, 2012).

13. Indonésia

A Indonésia é um país com população maior que a do Brasil e está entre as trinta maiores economias do mundo, no entanto se comenta muito pouco sobre ela. No que tange à política externa, por sua vez, tem-se que seu objetivo principal, desde a consolidação da Indonésia enquanto Estado-Nação é assegurar a integridade territorial e a segurança deste Estado. O Princípio do Arquipélago, estabelecido pelo Direito Internacional dos Mares, deu à República maior unidade do território, incorporando o espaço marítimo entre as ilhas. Enquanto Sukarno utilizou este princípio para legitimar sua política externa de caráter anti-imperialista e radical, Suharto seguiu pelo caminho da cooperação, principalmente com o Ocidente, em busca de apoio e suporte à estabilidade

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política e ao desenvolvimento econômico da Indonésia (Nogueira; Agostini, 2007).

14. Itália

Apesar de sua grandiosidade a Itália foi amplamente afetada pela crise financeira e é um dos países que necessita de ajuda das instituições europeias. Esta situação vem gerando preocupações para os demais líderes europeus, tendo em vista principalmente a existência da própria União Europeia e o fato da Itália mesmo sendo um país grande, estar necessitando de ajuda.

O endividamento do país é de 120% do Produto Interno Bruto (PIB), bem abaixo dos 190% da Grécia. A dívida externa chega a 24% do PIB, mesmo patamar que países como Inglaterra e Estados Unidos – e bem abaixo da dívida espanhola, por exemplo, que já atinge 96% do PIB. Contudo, a desconfiança que paira sobre a Península Itálica é se o país conseguirá, em 2012, honrar o pagamento dos juros de sua dívida, no valor de 300 bilhões de euros (Veja, 2011).

Em meio à crise financeira, a Itália ainda enfrentou uma crise política com o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi. No fim de novembro de 2011, Berlusconi, após perder maioria no Parlamento diante da crise da dívida foi obrigado a renunciar. Em seu lugar foi nomeado o economista Mario Monti. O principal desafio de Monti é formar um governo que ponha fim à crise que deixou a Itália à beira da quebra. A principal função tem relação com a implementação de um plano de austeridade, que contém medidas duras para economizar e equilibrar o orçamento (UOL, 2011).

15. Japão

Jun Azumi, ministro das finanças, explicou que os países do G20 não estão totalmente de acordo e estão pouco receptivos a discutir valores específicos. A situação atual do Japão, a crise da segurança nuclear e como o governo está lidando com o problema do terremoto em 2011, limita ações do país devido à reconstrução do mesmo. Segundo o ministro, enquanto os líderes do G20 procuram maneiras de fortalecer uma recuperação global desigual, os ministros de finanças e chefes de bancos centrais terão que pesar as implicações da instabilidade política no Oriente Médio e Norte da África e as incertezas

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decorrentes do terremoto, tsunami e desastre nuclear do Japão (Alternativa, 2012).

16. México

Durante a administração do presidente Carlos Salinas, o tema central da política externa mexicana tornou-se o livre comércio, especialmente o Nafta. O México estava focado em discussões bilaterais com os países do hemisfério em um esforço para melhorar o comércio e o potencial de investimento. O nacionalismo mexicano foi redefinido como "nacionalismo progressista", ou também conhecido como "a busca do desenvolvimento econômico", enquanto reforçava a importância do papel internacional mexicano. Em meados da década de 1990, o presidente Ernesto Zedillo continuou a enfatizar a posição estratégica do México e do mundo em potencial de mercado e tal postura é reafirmada até hoje pelo atual presidente Felipe Calderón. A política externa mexicana ainda é bastante focada na interação com os países latino americanos em uma maior projeção mexicana internacional. Essa última proposta foi fielmente alcançada como podemos perceber que agora o México é o país escolhido como presidente do G20 e que coordenará as reuniões e as principais questões do grupo durante o ano de 2012. Apesar de compreender a essencialidade da participação europeia para a economia mundial, o governo do México ainda destaca mais as relações com os países do hemisfério sul, como afirmado acima, e com os Estados Unidos pela enorme proximidade geográfica. Dessa forma, podemos afirmar que sua política externa também é de cooperação, como a de diversas outras nações do grupo, mas a mesma é mais focada em regiões específicas. Além disso, Calderón alega que o momento atual é o ideal para que as economias da América Latina demonstrem suas capacidades e possam aproveitar a oportunidade que tem diante de si para constatar o potencial de cada um dos países e da região como um todo.

17. Reino Unido

O Reino Unido pertence a União Europeia, mas não à zona do Euro. E atualmente com a crise, está em uma situação um pouco melhor do que os membros do bloco que também utilizam a moeda única. Apesar de menos afetado, isso não significa que o país esteja livre de problemas (Ibid.).

Referências

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