• Nenhum resultado encontrado

Robôs com Comprometimento Social - O Auxílio no Cuidado de Idosos com Decência e Alzheimer

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Robôs com Comprometimento Social - O Auxílio no Cuidado de Idosos com Decência e Alzheimer"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

ARTIGOS

ROBÔS COM COMPROMETIMENTO

SOCIAL - O AUXÍLIO NO CUIDADO

DE IDOSOS COM DECÊNCIA

E ALZHEIMER*

KERSTIN ROGER** LORNA GUISE*** ELAINE MORDOCH****

ANGELA OSTERREICHER*****

Resumo: esse artigo descreve um estudo em que o PARO (uma foca robótica) foi usada como

parte de um programa de treinamento para estudantes. Conclusões preliminares sugerem que a integração de robôs de responsabilidade social pode ser clinicamente útil para pessoas idosas, que vivem agitados com demência, em instituições de longa permanência.

Palavras-chave: Tecnologia assistiva. Instituição de Longa Permanência para Idosos. Demência.

* Recebido em: 02.08.2012. Aprovado em: 13.09.2012.

** University of Manitoba - Canadá.

*** University of Manitoba - Canadá.

**** University of Manitoba - Canadá.

***** University of Manitoba - Canadá.

D

e acordo com um estudo publicado pelo Grupo de Trabalho de Saúde e Enve-lhecimento Canadense (1994), 8% dos canadenses com 65 anos ou mais tinham demência em 1991, a maioria deles, tinha doença de Alzheimer. Os números podem mais que dobrar até 2021 e pode triplicar até 2031. Este estudo também identificou que 53% dos canadenses conheciam alguém com Alzheimer, enquanto 25% tiveram um membro da família com esta doença. Um estudo mais recente feito pela Alzheimer Society of Canada (2010), projeta que a taxa de demência em canadenses vai aumentar substancial-mente nos próximos 20 anos. A demência está associada à comportamentos desafiadores, tais como agitação, dispersão e agressividade. Desta forma, os cuidadores devem encontrar estratégias inovadoras para facilitar e implementar a qualidade de vida dessa população, enquanto continua a valorizar a pessoa.

(2)

VALORIZAÇÃO DA PESSOA

A pessoalidade é importante para o estudo da demência, tal como explorados através do trabalho de Kitwood (1997) e outros como Cowdell, 2006; Hellstrom, Nolan e Lundh, 2005; Touhy, 2004. Kitwood desafiou a prática de ver indivíduos com demência, primeiramente através de uma lente biomédica, na qual a doença vem primeiro, e explorou maneiras em que as pessoas com demência permaneçam pessoas em primeiro lugar, e a de-mência em segundo. Pessoalidade é um princípio que sugere que mesmo aqueles com limita-ções extremas devem ser vistos como pessoas inteiras e merecem experimentar contentamen-to, autoestima, tranquilidade e espiritualidade (COKER, 1998; SIKMA, 2006; TOUHY, 2004; WEREZAK; MORGAN, 2003). Cuidados que valorizam a pessoa estendem-se para além da doença e comportamentos exibidos por indivíduos com demência.

Da mesma forma, Sabat (2005) declarou que os pesquisadores e as pessoas em geral, devem ouvir as vozes daqueles com demência. Ele observou que um diagnóstico de demência pode resultar na pessoa sendo vista como incapacitada, reduzindo sua pessoalida-de. Resultados de testes com base na medição da capacidade cognitiva não podem represen-tar a pessoa com demência como uma pessoa inteira e Sabat observou que as pessoas com demência poderiam ser convidadas a participar de pesquisas de modo que sua experiência diária de vida e o sentido de sua vida seriam melhor compreendidos. Keady, Gilliard, Evers e Milton (1999) sugeriram anteriormente que, a real tarefa de estabelecer pessoalidade, desenvolve a capacidade das pessoas com demência de serem vistas como contribuintes de relacionamentos.

Outras pesquisas de Roger (2006, 2007 e 2010) e de Roger e Medved (2010), produziram dados que confirmam a consciência e as habilidades das pessoas com demência. Estas pessoas podem experimentar introspecção dentro de suas perdas e podem estar cientes do que está por vir.

O restante deste estudo descreve a utilização de tecnologia, especificamente, uma foca robótica, em apoio ao cuidador de pessoa com demência, através da lente da pessoalida-de, dos robôs com compromisso social que são projetados especificamente com fins terapêu-ticos e de comunicação, proporcionando significado para a realização desse objetivo.

O ROBÔ

Takanori Shibata, um líder do campo da robótica desde o início dos anos 1990 desenvolveu várias versões de um robô de mesa que se assemelha a uma foca bebê, que ele chamou de “Paro” (uma abreviação do termo japonês para robô pessoal). Shibata refere-se a Paro como um robô socialmente interativo que se destina à fins de lazer ou relaxamento. O termo “Robô com Compromisso Social” é usado por Shibata e sua equipe para inspirar o conceito de que a pessoa está tendo uma relação social com o robô. PARO parece uma foca de 3 semanas, com aproximadamente 2,8 kg e 45 cm de comprimento, o que torna fácil o manuseio, podendo ficar no colo de uma pessoa ou sobre a mesa. PARO é coberto com uma pele sintética antibacteriana branca. A foca foi escolhida como modelo por ser um animal não familiar. A forma simples do PARO é bem próximo ao animal real.

PARO responde à luz, ao toque e ao som devido a um sensor criado por Shibata, presente em toda a sua superfície tátil. Este sensor é inserido entre os pelos e o esqueleto,

(3)

dan-do ao animal um toque macio e natural. PARO tem quatro sentidan-dos: visão, audição (ou seja, detecta a direção da fonte sonora e reconhece a fala), o equilíbrio e toque (SHIBATA, 2004).

Ele tem ainda partes móveis motorizadas que permitem que ele faça os movimentos vertical e horizontal do pescoço, movimenta o rabo para cima e para baixo, abre e fecha as pál-pebras, movimentos para expressão facial e rotação dos olhos. Uma bateria instalada permite que o robô seja usado durante uma hora e meia, mas ele também pode ser operado inserindo um carregador que parece uma chupeta.

PARO olha, sente e age realisticamente. Pode mover-se autonomamente e aparenta aprender comportamentos e emoções. Pode apresentar três tipos de comportamento: pró-ati-va, reativa e fisiológica. Seu comportamento pró-ativo inclui poses e movimentos que imitam o comportamento real de uma foca. De acordo com a sua programação, a frequência e a ve-locidade de seus movimentos variam. Por exemplo, se acariciado, PARO responde movendo a cabeça e nadadeiras, vocalizando.

Comportamentos de reação incluem responder à estimulação súbita. Se PARO ouve uma voz alta, ou seu nome, ele vai olhar na direção de onde o som foi originado. PARO também pode reconhecer luz e escuridão. Estes tipos de padrões reativos fazem com que ele aparente ter um comportamento inconsciente.

O comportamento fisiológico de PARO baseia-se no ritmo circadiano (ativo duran-te o dia e dorme a noiduran-te) (WADA; SHIBATA; SAITO; TANIE, 2004).

Shibata testou o PARO com duas populações: crianças autistas e residentes do lar de idosos que vivem com demência. Wada e seus colegas exploraram primeiramente as altera-ções no humor e as interaaltera-ções sociais das pessoas vivendo com demência após a sua exposição ao PARO. (WADA; SHIBATA, 2007; WADA; SHIBATA; SAKAMOTO; TANIE, 2003, WADA et al., 2004; WADA; SHIBATA; SAKAMOTO; TANIE, 2005).

Eles também têm explorado a equipe de enfermeiros que trabalham no lar dos idosos, quanto à percepção da mudança da qualidade de vida dos idosos que vivem com demência, mas não tem explorado como os funcionários veem o uso de PARO em relação à percepção dos benefícios, dos inconvenientes e preocupações. Wada et al. (2005) observou que, enquanto as pessoas que vivem com demência tendem a perder o interesse em interagir com uma série de animais robóticos, os idosos não pareceram perder o interesse tão rapida-mente quando interagindo com PARO, por ser um animal parecido com uma foca bebê, des-conhecido para a maioria da população japonesa. Wada e Shibata (2007) também sugeriram que outros robôs possam não ser tão bem sucedidos como PARO, porque não são concebidos especificamente para terapia com essas pessoas.

Em um estudo americano, Kidd, Taggart e Turkle (2006) encontraram dificuldades quando usaram PARO de maneira terapêutica. Por exemplo, notaram que seria melhor se PARO fosse menor e mais leve e, portanto, capaz de ser manipulado mais facilmente pela pessoa. Para alguns usuários, o robô foi percebido como estranho e assustador, sugerindo que uma forma alternativa deve ser adotada em alguns casos. Algumas pessoas que vivem com demência tiveram vontade de colocar PARO na água.

A pesquisa feita por Wada et al. (2005) observou que interações com PARO me-lhorou o humor dos participantes, efeito que foi inalterado durante as cinco semanas de interação. No mesmo estudo, Wada et al. descobriram que após a interação com PARO, tanto as feições, como vigor foram melhorados nos idosos com demência. Wada et al. também descobriram que as pessoas que vivem com demência interagiram de boa vontade

(4)

com PARO desde o primeiro dia – falando, acariciando, abraçando, sorrindo e às vezes, beijando o robô.

Nas instituições de longa permanência, a equipe tem várias responsabilidades ao cuidar de pessoas que vivem com demência e, como resultado, podem sofrer de esgotamento. Wada et al. (2005) perceberam que a equipe aguarda com expectativa a chegada de PARO, e que a interação com o robô faz o pessoal rir e tornam-se mais animados e ativos. Por exemplo, a expressão facial amolece e eles se animam.

A utilização de PARO também encorajou o pessoal para se comunicar com o outro e se tornou tema comum de conversação. Em outro estudo semelhante, Wada et al. (2004) estudaram especificamente o efeito de PARO na equipe de enfermagem. Estatisticamente, alterações significativas mostraram que tanto a pontuação do esgotamento quanto da fadiga da equipe de enfermagem diminuiu após a introdução de PARO.

REABILITAÇÃO ATRAVÉS DA RECREAÇÃO TERAPÊUTICA

Briller, Proffitt, Perez, Marsden e Calkins (2001) examinaram associações entre o projeto ambiental característico das instituições de longa permanência e a incidência de agressi-vidade, agitação, retraimento social, depressão e problemas psicóticos entre os moradores com Alzheimer ou algum distúrbio relacionado. Por exemplo, um declínio de comportamento nega-tivo ocorreu quando espaços tranquilos, com mais privacidade foram instituídos.

Reimer, Slaughter, Donaldson, Currie e Eliasziw (2004) constataram que as unidades especializadas para pessoas com demência que realizaram atividades com os residentes, melhora-ram e diminuímelhora-ram as suas respostas negativas. Projetos de pesquisas inovadores como este, vêm mostrando a importância de melhorar a qualidade de vida de pessoas que vivem com demência. Tal constatação enfatiza a necessidade de os pesquisadores continuarem a explorar maneiras inovadoras para melhorar o atendimento, incluindo em como o robô pode cumprir esse papel.

Atividades recreativas, incluindo música, arte, exercícios e passeios, são cruciais para a qualidade de vida para muitos idosos que vivem em instituições de longa permanência. A As-sociação Canadense de Recreação Terapêutica (2008) tem definido como recreação terapêuti-ca uma profissão que reconhece o lazer, a recreação e os jogos como componentes integrantes da qualidade de vida. A Recreação Terapêutica é direcionada para intervenções funcionais, de lazer e oportunidades de participação. Estes processos têm como objetivo ajudar os indi-víduos a maximizar sua independência alcançar uma ótima saúde com a mais alta qualidade de vida possível. Estas metas refletem uma abordagem de pessoalidade definida por Kitwood (1997) e outros. A utilização de robôs com comprometimento social em cuidados com idosos de instituições de longa permanência se encaixa diretamente dentro do campo das terapias recreativas e exemplificam uma abordagem pessoal no tratamento.

Os benefícios da recreação terapêutica têm mostrado, através de numerosos estudos, que fazem melhorias para as pessoas que vivem com demência e sua qualidade de vida global. Especificamente, a recreação terapêutica visa melhorar as áreas do bem-estar total, incluindo a cognição (CHENG; CHAN; YU, 2006; KERSTIN et al., WISE, 2002), a ca-pacidade física (ARKIN, 1999), a caca-pacidade social (RICHESON; NEILL, 2004), a estabi-lidade emocional (BUETTNER; FITZSIMMONS, 2004; BUETTER; FITZSIMMONS; ATAV, 2006), a estimulação sensorial (BITTMAN et al., 2004) e de bem-estar espiritual (TREVITT; MACKINLAY, 2006).

(5)

Intervenções para melhoria da qualidade de vida são fornecidas por indivíduos trei-nados profissionalmente, que compreendem a importância da avaliação contínua da defini-ção de objetivos, intervenções e avaliadefini-ção (HARE; FRISBY, 1989). A reabilitadefini-ção através da recreação terapêutica fornece às pessoas que vivem com demência, uma oportunidade para atingir seus objetivos e melhorar sua qualidade de vida por meio de intervenções individuali-zadas de recreação e lazer (WANG, 2007). A integração do que foi aprendido pela recreação terapêutica pode melhorar significativamente a utilização de robôs como PARO.

TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS E ROBÔ COM COMPROMISSO SOCIAL Terapia com animais é definida como o uso de animais específicos em estratégias de tratamento de saúde dos humanos. Em 1860, Florença Nightingale observou a conexão entre saúde e animais de estimação, em indivíduos com doenças crônicas e defendeu a incorpora-ção de cuidados utilizando animais na convalescença (FONTAINE, 2000).

A Terapia com Animais fornece às pessoas que vivem com demência, importantes benefícios tais como sensação de felicidade e compaixão. Wada et al. (2005) concordam que a interação com animais tem sido reconhecida como emocionalmente benéfica. Filan e Llewellyn-Jones (2006), com base na revisão da literatura de Terapias com Animais, pro-puseram que esta terapia pode melhorar os sintomas comportamental e psicológico da de-mência e que a utilização de animais de estimação e robôs como intervenção merecem mais investigação. Visto anteriormente com ceticismo, a Terapia com Animais é agora cada vez mais utilizada para proporcionar benefícios terapêuticos às pessoas, em várias áreas como a pediatria e geriatria.

Por outro lado, a Terapia com Animais pode ter um impacto negativo se as pes-soas que vivem com demência desenvolverem alergias e infecções ou sofrerem mordidas e arranhões. Gammonley e Yates (1991) abordaram a importância da escolha de animais ade-quados especificamente para a Terapia de Animais, pelas instituições de longa permanência. Os animais devem estar livres de doença e terem temperamentos que lhes permitam interagir adequadamente com todos os funcionários e pessoas que vivem com demência. Para algumas dessas pessoas, memórias negativas de experiência com animais podem impedi-los de partici-par da Terapia com Animais.

Animais robóticos estão emergindo como uma alternativa positiva e de ajuda a Terapia com Animais, em instituições de longa permanência. Esses robôs podem fornecer o mesmo benefício dos animais vivos na Terapia com Animais, sem os inconvenientes. Por exemplo: Banks Willoughby e Bancos (2008) realizaram estudo que mediu a solidão em pes-soas com demência em instituições de longa permanência. Eles descobriram que cães robôs interativos são eficazes na diminuição da solidão dessas pessoas e que essas pessoas ficaram ligadas tanto aos robôs quanto aos animais vivos.

Por outro lado, num estudo com 24 idosos de instituição de longa permanência, Odetti et al (2007) descobriram que a capacidade de residentes com demência moderada a grave, de aceitar e compreender um robô interagindo com eles, foi inconsistente e limitada. Os pesquisadores supuseram que isso pode ter ocorrido porque o primeiro modelo que eles usaram não se parecia com um cão vivo, a maioria dos indivíduos era incapaz de identificar o que o robô foi projetado para representar. Tamura et al. (2004) conduziram um estudo similar que comparou um cachorro de brinquedo e um cão robô. Eles descobriram que os

(6)

participantes sabiam que o brinquedo imitou um cachorro de verdade, respondendo positi-vamente ao estimulo, cuidando do brinquedo.

Quando o cão robô foi introduzido, as pessoas com demência não conseguiram identificar e uma terapeuta ocupacional foi necessária para a intervenção. Os pacientes sa-biam que era a imitação de um cão real, mas somente interagiram com ele quando instruí-dos pelo terapeuta ocupacional. Este resultado pode ser explicado pela construção simplista do robô, e não refletem as possibilidades potenciais, inerentes à utilização do robô animal. O Centro Deer Lodge e a Pesquisa Interdisciplinar

O Centro Deer Lodge é uma instituição de longa permanência e centro de rea-bilitação com 431 leitos, localizado em Winnipeg (Canadá). Esta pesquisa é uma iniciativa apoiada pelo Centro Colaborativo de Pesquisa Deer Lodge, Universidade de Manitoba, Fa-culdade de Enfermagem. Este programa oferece oportunidade para estudantes de diversas disciplinas, de participarem de pesquisas sobre envelhecimento, demência e instituições de longa permanência.

Funcionários deste centro tomaram a decisão de comprar dois robôs PARO, depois de uma visita ao Japão, para aprender sobre o trabalho de Shibata e Wada com animais ro-bóticos em instituições de longa permanência. Estas duas focas robóticas foram utilizadas em estudos exploratórios de intervenção, realizados pelo programa de pesquisa da Universidade de Manitoba, no Centro Deer Lodge, no período de 2008 a 2010. Neste período, o programa realizou 3 estudos com o PARO. Foi recebida aprovação ética do Conselho Ético e Pesquisa e Educação em Enfermagem, da Universidade de Manitoba. Aqui apresentaremos o histórico e o contexto desta pesquisa e o significado do robô com compromisso social.

DESENVOLVIMENTO

O primeiro estudo (Murdoch, Roger, Guse e Osterreicher) foi realizado em 2008. A finalidade deste estudo piloto foi dupla: (a) examinar a interação do residente com o PARO e consequentes mudanças de humor e afetividade, e (b) compreender as percepções dos mem-bros da família da interação entre os residentes e o PARO.

A amostra consistiu de três moradores que residem em uma instituição de longa permanência e seus filhos adultos. Todos os residentes têm limitações cognitivas: demência moderada com ansiedade ou agitação, especificamente. O consentimento foi obtido dos resi-dentes e seus filhos adultos.

Os moradores participaram de duas semanas de interação com PARO com duração de aproximadamente 30 minutos por dia, as quais foram filmadas. Para fornecer uma base de limitações cognitivas, foi administrado o Teste denominado Mini Mental em cada residente no início do estudo.

A escala de rostos que representam as emoções, desenvolvida por Wada (2003), foi mostrada para os residentes pré e pós-intervenção. Também foram perguntadas aos re-sidentes questões simples para avaliar a depressão. Os filhos adultos participaram de duas entrevistas: (a) entrevista oral de pré-intervenção, que coletou informações sobre saúde e sociabilidade dos residentes, e (b) uma gravação de voz após a entrevista de intervenção, que dizia respeito à percepção dos filhos adultos quanto às interações e mudanças de

(7)

hu-mor e o afeto de seus pais. Esse material foi analisado com instrumentos adaptados a partir dos conceitos utilizados para medir a interação e engajamento (COHEN-MANSFIELD; DAKHEEL-ALI; MARX, 2009).

Os resultados deste estudo piloto foram trazidos em relação aos benefícios do uso de um robô de compromisso social. Para dois dos moradores, a maioria de suas interações com elementos de jogos, conversa e tátil foram positivas, indicando que eles desfrutaram do tempo com PARO. O terceiro residente estava com medo do robô e hesitante em se envolver com ele. Vários fatores poderiam explicar esse comportamento, incluindo fadiga física, des-conforto e precária intervenção. Estas são considerações para serem analisadas num planeja-mento de intervenção futura. A escala de rostos que representam as emoções não se mostrou uma ferramenta eficaz de avaliação, uma vez que os residentes tinham dificuldade de distin-guir as faces. Todos os filhos adultos que participaram da pesquisa relataram mudanças posi-tivas em seus pais, citando a melhora do humor, da interação e valorização da natureza, que ajudou a combater a solidão de seus pais. Um membro da família notou, que embora o pai não pudesse falar sobre os efeitos da intervenção, pareceu receber os benefícios das interações.

O segundo estudo “O uso do Robô em uma instituição de longa permanência: Per-cepções dos funcionários em relação aos benefícios, inconvenientes e preocupações”, analisou como os funcionários haviam percebido os benefícios do uso de PARO. As percepções dos funcionários foram avaliadas pelo Método Survey. Resultados preliminares sugeriram uma perspectiva positiva dos funcionários quanto ao uso do robô nos idosos com demência. Po-rém, algumas preocupações surgiram quanto à limpeza de PARO num ambiente hospitalar, e se alguns idosos teriam medo do robô, mas em geral as respostas indicaram que os funcio-nários acreditam que a intervenção com o robô é útil, principalmente em relação aos idosos com ansiedade e dor.

Nos anos de 2008-2009, clínicos do Centro Deer Lodge começaram a usar o robô PARO como uma ajuda terapêutica para idosos com demência que apresentavam sentimentos de depressão, agitação e ansiedade. Essa prática forneceu evidencias de que os idosos se acalmaram. Esses médicos estão trabalhando com os pesquisadores que os aconse-lham a ter contato um a um com o robô, para terem os benefícios gerados por esse contato. O terceiro estudo, chamado “O uso de um Robô na terapia assistiva com mora-dores de instituições de longa permanência: a percepção da família quanto aos benefícios, inconvenientes e preocupações”. Foi conduzido em 2009. Este estudo exploratório tentou determinar como PARO poderia facilitar as interações entre a família e os idosos que vivem nessas instituições, sofrendo com deficiência cognitiva moderada, especificamente demência e agitação ou ansiedade. Uma pesquisa anterior sugeriu que a dificuldade de comunicação associada com a demência pode ser um fardo maior e pode afetar a saúde. (SAVUNDRA-NAYAGAM; HUMMERT; MONTGOMERY, 2005).

No estudo de 2009, quatro moradores e seus filhos participaram de interações de 30 minutos com PARO, filmadas. Antes de cada interação, os idosos e seus familiares foram reintroduzidos e incentivados a interagir com o robô. Os vídeos foram analisados pela equipe de pesquisadores, utilizando as diretrizes desenvolvidas a partir de guias anteriores e com base nos conceitos de engajamento, emoção expressa, e os efeitos da interação sobre os membros da família e os idosos. Cada membro da equipe analisou o vídeo individualmente, em seguida, compararam e discutiram as observações com toda a equipe para chegarem a um consenso das observações e análise.

(8)

A análise dos dados indica que os membros da família perceberam a interação de PARO em 5 maneiras significativas: (a) útil nas interações dos familiares com seus pais com demência, na qual PARO foi um veículo para ajudar na comunicação, muitas vezes remanes-cente; (b) proporcionar uma oportunidade para a liberação emocional em que os membros da família e residentes são capazes de expressar emoção positiva com a intervenção do robô, proporcionando bom humor e brincadeiras; (c) proporcionando diálogo entre os membros da família e seus pais, desviando das conversas habituais; (d) provendo conforto e momentos de alegria aos idosos com demência; (e) criação de oportunidade de estimulação tátil, que pode, potencialmente, reduzir sentimentos de solidão. As famílias também identificaram a necessidade de mais estrutura e ideias de como usar o robô, para envolver o residente, a fim de obter maiores benefícios nas interações. Estes resultados indicam que existe um papel para o PARO, o de melhorar a comunicação, e que existe uma necessidade de continuidade de desenvolver melhorias na utilização de tais robôs.

DISCUSSÃO

Até o momento, poucas pesquisas têm sido conduzidas com robôs como o PARO, no Canadá. A equipe de pesquisadores está empenhada em desenvolver protocolos adicionais e a divulgar os resultados, beneficiando assim os prestadores de serviços e estudantes que po-dem se tornar futuros profissionais de instituições de longa permanência.

RECOMENDAÇÕES

Embora a análise dos dados, dos vídeos feitos das interações ainda esteja em anda-mento, conclusões preliminares dos três estudos sugerem que a interação com o robô pode ser clinicamente útil para idosos com demência que são agitados e também benéfica aos familiares e funcionários. Até agora, os pesquisadores mostram as seguintes recomendações:

• Pesquisas devem ser conduzidas para identificar os benefícios e riscos potenciais do uso do robô (e semelhantes), particularmente para pessoas com demência que experimentam angústia frequente e agitação. O objetivo é aumentar a experiência desses indivíduos com a pessoalidade.

• Proporcionar oportunidade de formação de equipe para trabalhar em instituições de longa permanência, de modo que eles sejam capazes de se engajar na utilização do robô (e similares) em intervenções clínicas, aumentando o sentimento de pessoalidade dos idosos com demência. • Conduzir pesquisa que demonstre o impacto social, psicológico e físico de PARO em idosos com

demência em instituições de longa permanência.

• Incluir as percepções e necessidades dos familiares no desenvolvimento de intervenções utilizando o robô, de modo que o envolvimento da família com os idosos pode ser melhorado.

O interesse em como a robótica pode melhorar o cuidado dos funcionários de ins-tituições de longa permanência está crescendo. PARO e robôs similares podem mudar a vida cotidiana dos idosos com demência. A partir de 2008, por exemplo, a Dinamarca comprou 1.000 robôs PARO para suas instituições de longa permanência e 20 casas de repouso e hos-pitais americanos compraram os robôs PARO, e começaram a testar como a interação com o robô afeta a vida das pessoas com demência (PINK TENTACLE, 2008). Atualmente, em

(9)

Manitoba, a equipe de pesquisa do Centro Deer Lodge, num trabalho que é o primeiro no Canadá, está se esforçando para colocar essas recomendações em prática através do curso em andamento chamado uso-amigável, educação e difusão de conhecimento para os profissionais. Dependendo dos resultados desta pesquisa, estes robôs podem se tornar uma parte integrante da assistência terapêutica no futuro e uma melhora na qualidade de vida dos idosos com de-mência.

ROBOTS WITH SOCIAL COMMITMENT IN AID FOR ELDERLY CARE

Abstract: this article describes a study in which the PARO (a seal robotics) was used as part of a

training program for students. Preliminary conclusions suggest that the integration of robots social responsibility may be clinically useful for elderly people who live with agitated dementia in long--stay institutions.

Keywords: Self-Help Devices. Homes for the Aged. Dementia.

Agradecemos à Fundação Deer Lodge e ao Centro Deer Lodge pelo apoio contínuo da Pesquisa interdisciplinar, ao Michael Kaan, gerente da Unidade de Pesquisa Colaborativa e Jô-Ann Laopinte-McKenzie, chefe de enfermagem, pela inspiração e encorajamento. Agra-decemos também aos moradores e famílias que tão prontamente nos ajudaram com nossa pesquisa.

Referências

ALZHEIMER SOCIETY OF CANADA. Rising tide: The impact of dementia on Canadian society, 2010.

ARKIN, S. M. Elder rehab: A student-supervised exercise program for Alzheimer’s patients. The Gerontologist, v. 39, n. 6, p.729–735, 1999.

BANKS, M. R.; WILLOUGHBY, L. M.; BANKS , W. A. Animalassisted therapy and loneli-ness in nursing homes: Use of robotic versus living dogs . Journal of the American Medical Directors Association, p.9, n. 3, p.173-177, 2008.

BITTMAN , B.B.; BRUHN , K.T.; LIM , P.B.; NEVE , A.; STEVENS, C.K.; KNUDSEN , C. Testing the power of music-making. Provider, v. 30, n. 11, 2004. p.39-41.

BRILLER , S.; PROFFI, T. T. M.; PEREZ, K.; MARSDEN, J.P.; CALKINS , M.P. Creat-ing successful dementia care settCreat-ings: MaximizCreat-ing cognitive and functional abilities (Vol. 2 ). Winnipeg, Manitoba, Canada: Health Professions Press, 2001.

BUETTNER, L.L.; FITZSIMMONS, S. Recreational therapy exercise on the special care unit: Impact on Behaviors. American Journal of Recreation Therapy. v. 3, n. 4, 2004. p. 8-24. BUETTNER, L. L.; FITZSIMMONS, S.; ATAV, A. S. Predicting outcomes of therapeutic recreation interventions for older adults with dementia and behavioral symptoms. Therapeu-tic Recreation Journal, v. 40, n. 1, 2006. p.33-47.

CANADIAN STUDY OF HEALTH AND AGING WORKING GROUP. Canadian study of health and aging. Ottawa, Ontario, Canada, 1994.

(10)

philosophy statement . Disponível em: <http://www.canadian-tr.org>. Acesso em: jul. 2008, 2010.

CHENG, S. T.; CHAN, A. C.; Y.U, E. C. An exploratory study of the effect of mahjong on the cognitive functioning of persons with dementia. International Journal of Geriatric Psy-chiatry, v. 21, n. 7, 2006. p. 611-617.

COHEN-MANSFI E. J.; DAKHEEL-ALI, M.; MARX, M. Engagement in persons with dementia: The concept and its measurement. American Journal of Geriatric Psychiatry, v. 17, n. 4, 2009. p. 299-307.

COKER, E. Does your care plan tell my story? Documenting aspects of personhood in long-term care. Journal of Holistic Nursing, v. 16, n. 4, 1998. p.435-452.

COWDELL, F. Preserving personhood in dementia research: A literature review . Interna-tional Journal of Older People Nursing, v. 1, n. 2, p. 85-94.

FILAN, S. L.; LLEWELLYN-JONES, R. Animal-assisted therapy for dementia: A review of the literature. International Psychogeriatrics, v. 18, n. 4, 2006. p. 597-611.

FONTAINE, K.L. Healing Practices: Alternative therapies for nursing. Upper Saddle, NJ: Prentice Hall, 2000.

GAMMONLEY, J.; YATES, J. Pet projects animal assisted therapy in nursing homes . Jour-nal of Gerontological Nursing, v. 17,n. 1, 1991. p. 12-15.

HARE, L.; FRISBY, W. The job competencies and educational needs of therapeutic recre-ationists in Ontario. Journal of Applied Recreation Research, v. 15, n. 1, p. 15-24.

HELLSTROM, I.; NOLAN, M.; LUNDH , U. ‘We do things together’: A case study of ‘couplehood’ in dementia . Dementia, v. 4, n. 1, 2005. p. 7-22.

KEADY, J.; GILLIARD, J.; EVERS, C.; MILTON, S. The DIALlog study: Support in the early stages of dementia. British Journal of Nursing, v. 8, 1999. p. 432-436.

KIDD, C.; TAGGART, W.; TURKLE, S. A sociable robot to encourage social interaction among the elderly. Paper presented at IEEE International Conference on Robotics and Auto-mation (ICRA), Orlando, FL, 2006.

KITWOOD, T. Dementia reconsidered: The person comes first. Buckingham, UK : Open University Press, 1997.

MURDOCH, E.; ROGER, K.; GUSE, L. et al. (em elaboração). Families, dementia and long term care: Are social commitments robots useful?

ODETTI, L.; ANERDI, G.; BARBIERI, M.P. et al. Preliminary experiments on the accept-ability of animaloid companion robots by older people with early dementia. Engineering in Medicine and Biology Society, 2007. EMBS 2007. 29th Annual International Conference of the IEEE, Lyon, France, 1816-1819.

RICHESON, N. E.; NEILL, D. J. Therapeutic recreation music intervention to decrease mealtime agitation and increase food intake in older adults with dementia. American Journal of Recreation Therapy, v. 3, n. 1, 2004. p. 37-41.

ROGER, K. S. Understanding social changes in the experience of dementia . Alzheimer Care Quarterly, v. 7, n. 3, 2006a. p. 185– 193.

(11)

Supportive Care, v. 4, 2006b. p.1-10.

ROGER, K. S. It’s a problem for other people, because I am seen as a Nuisance: Hearing the voices of people with dementia. Alzheimer Care Quarterly, v. 8, n. 1, 2007a. p. 17-25. ROGER, K. S. End-of-life care and dementia. Geriatrics and Aging, v. 10, n. 6, p. 380-384, 2007b.

ROGER, K. S. Perceptions of communications of formal and informal care providers and persons with Parkinson’s Disease and Multiple Sclerosis. Journal of Health Communications, 2010.

ROGER, K. S.; MEDVED , M.I. Living with Parkinson’s disease: Managing identity togeth-er. International Journal of Qualitative Studies on Health and Well-being, v. 5, n. 2, 2010. SABAT, S. Capacity for decision making in Alzheimer’s disease: Selfhood, positioning and semiotics. Australian and New Zealand Journal of Psychiatry, v. 39, 2005. p. 1030-1035. SAVUNDRANAYAGAM, M. Y.; HUMMERT, M. L.; MONTGOMERY, R. Investigating the effects of communication problems on caregiver burden. Journal of Gerontology Social Sciences, v. 608, n. 1, 2005. S48-S55.

SHIBATA, T. Ubiquitous surface tactile sensor. TExCRA ’04. First IEEE Technical Exhibi-tion Based Conference on Robotics and AutomaExhibi-tion Proceedings, Tokyo, Japan, 2004. p. 5-6.

SIKMA, S.K. Staff perceptions of caring: The importance of a supportive environment. Jour-nal of Gerontological Nursing, v. 32, n. 6, p. 22–31.

TAMURA, T.; YONEMITSU, S.; ITOH, A. et al. Is an entertainment robot useful in the care of elderly people with severe dementia? Journals of Gerontology. Series A, Biological Sci-ences and Medical SciSci-ences, v. 59A, n. 1, 2004. p.83-85.

TOUHY, T. A. Dementia, personhood, and nursing: Learning from a nursing situation. Nursing Science Quarterly, v. 17, n. 1, p. 43-49.

TREVITT, C.; MACKINLAY, E. “I am just an ordinary person...”: Spiritual reminiscence in older people with memory loss. Journal of Religion, Spirituality, and Aging, v. 18, n. 2-3, 2006. p.79-91.

WADA, K.; SHIBATA, T. Living with seal robots - Its sociopsychological and physiological influences on the elderly at a care house. Robotics, IEEE Transactions, v. 23, n. 5, 2007. p. 972-980.

WADA, K.; SHIBATA, T.; SAITO , T. et al. Psychological and social effects of robot assisted activity to elderly people who stay at a health service facility for the aged. Robotics and Auto-mation, IEEE International Conference, v. 3, n. 14-19, 2003. p. 3996-4001.

Referências

Documentos relacionados

2001, foi dada ênfase apenas ao alongamento dos músculos isquiotibiais, enquanto o tratamento por meio da RPG alongou todos os músculos da cadeia posterior e, por meio do

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

A implementação de inovações é motivada pela expectativa das empresas apresentarem condições mais favoráveis de comercialização de seus produtos e melhorar seus resultados

13 Além dos monômeros resinosos e dos fotoiniciadores, as partículas de carga também são fundamentais às propriedades mecânicas dos cimentos resinosos, pois

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos

ü The germination tests must be conducted at constant temperature 30ºC for 28 days; ü The addition of gibberellic acid and alternating temperature were ineffective for seed

xii) número de alunos matriculados classificados de acordo com a renda per capita familiar. b) encaminhem à Setec/MEC, até o dia 31 de janeiro de cada exercício, para a alimentação de

Conclui-se que o enfermeiro enfrenta e enfrentará muitos desafios no campo da gestão da assistência em saúde e que para enfrentar o cenário que se desenha é importante