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Estudo comparativo entre cuidadores profissionais e informais de idosos com demência / Comparative study between professional and informal carers of elderly with dementia

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 50884-50893, jul. 2020. ISSN 2525-8761

Estudo comparativo entre cuidadores profissionais e informais de idosos com

demência

Comparative study between professional and informal carers of elderly with

dementia

DOI:10.34117/bjdv6n7-653

Recebimento dos originais: 03/06/2020 Aceitação para publicação: 24/07/2020

Ursulla Vilella Andrade

Enfermeira. Mestre em doenças infeciosas e parasitárias pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS.

Instituição: Universidade católica Dom Bosco – UCDB. Endereço: Avenida Tamandaré. 6000 Jardim Seminário. Campo Grande – MS, Brasil

E-mail: rf4823@ucdb.br Valéria Ferreira de França

Acadêmica em Enfermagem pela Universidade Católica Dom Bosco Instituição: Universidade Católica Dom Bosco

Endereço: Rua Horácio Lemos, número 648- Bairro Taquaral Bosque, Campo Grande – MS, Brasil (pode ser institucional)

E-mail: va-franca42@hotmail.com Kenia Shayene Campos Rynaldi

Bacharel em Enfermagem pela Universidade Católica Dom Bosco Universidade Católica Dom Bosco

Rua Guaporé, 87, Sobrado 1, Vila Ipiranga, Campo Grande MS E-mail: keniashayene@gmail.con

RESUMO

Diante da perspectiva de que o Brasil é um dos países do mundo que possui o maior contingente de população idosa em seu território, é incontestável refletir sobre a importância dos serviços que prestam suporte ao idoso, que devem ser planejados e abrangentes. Objetivo comparar os conhecimentos em relação aos cuidados ofertados aos idosos com demência, tanto por cuidadores profissionais quanto por informais, em relação a mudança de decúbito, higiene geral e alimentação, no município de Campo Grande- MS. Foi realizado um estudo do tipo comparativo descritivo e transversal a partir da aplicação de entrevista utilizando-se de um questionário estruturado e validado, para essa pesquisa participaram 34 cuidadores. O levantamento de dados foi realizado nos meses de abril a maio de 2019, quanto à comparação entre os grupos, pode-se concluir discreta discrepância em seu grau de conhecimento dos cuidados e em sua grande maioria realizam os cuidados adequadamente.

Palavras chaves: serviços de saúde para idosos, assistência ao paciente, enfermagem. ABSTRACT

Given the prospect that Brazil is one of the countries in the world that has the largest contingent of elderly population in its territory, it is incontestable to reflect on the importance of services that support the elderly, which must be planned and comprehensive. Objective: To compare the

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knowledge regarding the care offered to the elderly with dementia, both by professional and informal caregivers, in relation to the change of decubitus, general hygiene and feeding, in the city of Campo Grande - MS. A comparative descriptive and cross-sectional study was carried out from the interview application using a structured and validated questionnaire. For this study, 34 caregivers participated. The data collection was carried out from April to May 2019, regarding the comparison between the groups, it is possible to conclude a discreet discrepancy in their degree of knowledge of the care and, for the most part, they carry out the care adequately.

Keywords: health services for the elderly, patient care, nursing. 1 INTRODUÇÃO

Com o aumento da expectativa de vida, vem crescendo o número de idosos no mundo e com isso, a cada ano, mais idosos são incorporados a população brasileira. O envelhecimento populacional é uma realidade em nosso país devido ao aumento da expectativa de vida, pois os idosos estão tendo uma melhor qualidade de vida, aderindo a exercícios físicos, alimentação saudável, controle de doenças crônicas. Entretanto, como passamos por todas as fases da vida cada um com sua dificuldade, não se pode fugir das consequências da velhice, requerendo assim uma maior atenção com esta população fazendo com que haja a necessidade de um cuidador1.

Apesar de haver uma boa parte desta população caminhando para uma melhora na qualidade de vida e independência, ainda há idosos que necessitam de cuidados devido a doenças crônicas e restrições funcionais. A maior parte vive em seus domicílios e são cuidados por seus familiares, geralmente esposas, filhas ou irmãs e em alguns casos por profissionais contratados2.

Atualmente existem dois grupos de cuidadores: os profissionais e os informais. O cuidador familiar acaba se enquadrando na categoria de informais e exerce seu papel de modo solitário, muitas vezes sem a ajuda ou orientações suficientes e adequadas para o desempenho dessa função. Já o profissional está habilitado com cursos profissionalizantes e até mesmo graduação para exercer esta função adequadamente3.

As doenças que mais atingem os idosos e que demandam uma maior atenção do cuidador são as demenciais. A demência é uma síndrome caracterizada pelo declínio progressivo da memória e de mais outra função cognitiva, de intensidade suficiente para interferir com o desempenho nas atividades sociais e/ou profissionais do indivíduo. Ela torna o seu portador cada vez mais dependente, por se tratar de um quadro progressivo e irreversível. As incapacidades do doente limitam-no inicialmente e, por fim, impedem-no de realizar as mais simples tarefas da vida diária. Além do mais, dificultam cada vez mais o relacionamento com amigos, com o trabalho e com a família4.

Por estas doenças acometerem grande parte do público de idosos há uma necessidade de abranger alguns cuidados específicos de necessidade humana básica, como, higiene geral,

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alimentação e a mudança de decúbito, vistos que estes cuidados são de suma importância para oferecer uma melhor qualidade de vida aos idosos5.

A presente pesquisa teve como objetivo comparar os conhecimentos em relação aos cuidados ofertados aos idosos com demência, tanto por cuidadores profissionais quanto por cuidadores informais, em relação a mudança de decúbito, higiene geral e alimentação, por meio de entrevista com questionário estruturado e validado.

2 POPULAÇÃO E MÉTODOS

Trata-se de um estudo comparativo, descritivo e transversal realizado com cuidadores de idosos portadores de demências. O projeto foi encaminhado para a análise e parecer do Comitê de Ética da Universidade Católica Dom Bosco, recebeu parecer favorável em 05 de Abril de 2019, CAAE: 09677419.9.0000.5162. Tal procedimento visa atender aos dispositivos da Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº 466/12, os quais regulamentam a realização de pesquisas envolvendo seres humanos.

A pesquisa foi desenvolvida em dois cenários distintos: Emum instituto de cuidados aos idosos e em um hospital de grande porte ambos no município de Campo Grande – MS. Inicialmente, foram selecionados os cuidadores que preenchiam os seguintes critérios de inclusão: cuidadores com idade maior ou igual a 18 anos, que prestam cuidados a idosos portadores de alguma síndrome demencial. Para os profissionais foi exigido que fossem habilitados por meio de cursos profissionalizantes ou técnicos para exercer tal função.

Foi assegurado aos participantes o direito de desistirem de participar do estudo a qualquer momento, sem prejuízo ou retaliação, os benefícios que direta ou indiretamente pudessem contribuir aos participantes, bem como a participação voluntária, sem nenhuma remuneração em espécie alguma. Também foi esclarecido que, nos resultados e divulgação da pesquisa, que seria preservado o anonimato dos sujeitos.

Segundo os critérios expostos, foram selecionados os cuidadores durante o período de abril a maio de 2019 e obteve-se a amostra de 17 cuidadores profissionais (CP) e 17 cuidadores informais (CI). As entrevistas foram realizadas por meio de questionário estruturado e validado. O estudo foi esclarecido para todos os participantes, conforme critérios de inclusão. Aqueles que manifestaram concordância em participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A análise das informações se deu a partir do banco de dados organizados em planilhas no programa Microsoft Office Excel 2013, com demonstração por meio de tabelas, que contém dados relacionados à frequência absoluta e relativa, contendo média ± desvio padrão. Para análise dos dados foram utilizados os testes Qui-quadrado, a partir do Software Bioestat 5.0, com significância de 5%.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Perfil sociodemografico e econômico

Após entrevista, verificou-se que 70,6% (n=24) dos 34 cuidadores eram do sexo feminino e 29,4% (n=10) do sexo masculino. A idade dos cuidadores variou entre 20 e 70 anos, dos quais 26,5% (n=9) tem entre 20 e 30 anos. A idade dos cuidadores formais (CF) variou entre 21 e 51 anos com média de 32,88 ± 8,13 anos, enquanto dos cuidadores informais (CI) variou entre 29 e 69 anos com média de 51,7 ± 10,6 anos, visto que há uma diferença extremamente significativa entre as idades dos grupos de cuidadores, caracterizada por p = 0,0001.

Como resultado obtido neste estudo sobre o perfil sóciodemográfico dos cuidadores foi observado que em sua maioria são do sexo feminino. Um estudo realizado entre cuidadores de Porto Alegre, 95,3% das mulheres entre os cuidadores de idosos e de um estudo qualitativo realizado em São Paulo, onde estas representavam 90% da amostra6.

Murano e Boff7descreveram a forte e histórica relação entre fêmeas e seus filhos como origem do cuidado e efetividade da espécie humana. Assim, as raízes históricas e culturais do cuidar podem explicar a expressiva presença feminina observada entre os cuidadores neste estudo. A relação afetiva das mulheres com o cuidar pode contribuir na humanização das instituições. Em estudo realizado com os cuidadores do Sistema Único de Saúde (SUS), foi relatado que os cuidadores de idosos são predominantemente mulheres, assumindo esta função por delegação ou por necessidade de emprego8. Referente à idade dos cuidadores, nosso estudo apontou significância e foi observado que a maioria possuía menos de 30 anos em ambas as modalidades. No entanto, os cuidadores informais possuem idade maior que 40 anos. Para Neri & Sommerhalder9 e Ricci10 et al. observaram maior proporção de indivíduos com mais de 50 anos de idade em uma população de cuidadores familiares. Assim como Mello6, que observou uma média de idade de 36 anos entre cuidadores de instituições privadas de Porto Alegre. Frenkel11 et al., em um estudo realizado em instituições do Reino Unido constataram que poucos cuidadores possuíam mais que 55 anos. Segundo os autores, tal fato deve-se a exigência física dessa função. Assim, a idade é um aspecto importante na atividade de cuidador, pois é elevada a dependência dos idosos com demências.

Em relação ao nível de formação dos cuidadores observou-se que a maioria 61,8% (n= 21) possuem ensino médio completo e 14,7% (n= 5) possuem ensino superior. Demonstrou-se que 61,8% (n= 21) dos 34 cuidadores possuem renda 1.000 ≥ 2.000 e 5,9% (n= 2) possuem renda > 3.000. Os valores estão detalhados na tabela 1.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 50884-50893, jul. 2020. ISSN 2525-8761 Tabela 1. Perfil sociodemográfico e econômico do grupo de cuidadores de idosos dos locais de estudo no mês de maio de 2019. Dados Sociodemográficos Frequência N % Sexo Feminino 24 70,6 Masculino 10 29,4 Idade 20 ├ 30 9 26,5 30 ├ 40 6 17,6 40 ├ 50 8 23,5 50 ├ 60 7 20,6 > 60 4 11,8 Escolaridade Sem Escolaridade 0 0 Ensino Fundamental 8 23,5 Ensino Médio 21 61,8 Ensino Superior 5 14,7 Renda ≤ 1.000 6 17,6 1.000 ≥ 2.000 21 61,8 2.000 ≥ 3.000 5 14,7 > 3.000 2 5,9

Elaborada pelas autoras

Sobre a mudança de decúbito, nos idosos cuidados por CF foi realizada em 70,6% (n=12) dos casos, e desses, não houve presença de lesão por pressão. O mesmo foi identificado no grupo de CI com valor de 64,7% (n=11), não havendo de modo geral associação entre as variáveis mudanças de decúbito e lesão por pressão. Conforme detalhados na tabela 2. De acordo com estudos realizados anteriormente12-15, habitualmente úlceras resultam de cuidados domiciliares inadequados ou desenvolvem-se no próprio hospital, em paciente acamados, causando grande problema na rotina das instituições e dos familiares, pois são lesões de difícil cicatrização, alto custo e dor.

Segundo Dealey16e Hess17, considerando que as lesões por pressão são complicações

desagradáveis, dolorosas, e que sua prevenção e tratamento têm custos elevados, algumas medidas de baixa tecnologia podem ser utilizadas tanto em ambientes hospitalares quanto domiciliares, como, por exemplo, o reposicionamento e a mudança de decúbito realizado a cada duas horas em indivíduos acamados; já para os que permanecem sentados por períodos longos, o reposicionamento deve ser realizado a cada hora.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 50884-50893, jul. 2020. ISSN 2525-8761 Tabela 2. Relação da realização de mudança de decúbito e possuir lesão por pressão em idosos nos locais de estudo no mês de maio de 2019.

Mudança de Decúbito

Lesão Por Pressão Cuidador Formal (17) Valor de P Cuidador Informal (17) Valor de P S (1) N (16) S (5) N (12) Sim 5,9 (1) 70,6 (12) 1 29,4 (5) 64,7 (11) 1 Não 0 (0) 23,5 (4) 0 (0) 8,33 (1) *Teste Qui-quadrado Elaborada pelas autoras

A respeito dos cuidados da higiene geral, foi verificado que realizam cuidados com a pele em 70,6% (n=12) dos idosos no grupo dos CF e 82,3 (n=14) no grupo dos CI. Sobre os cuidados com a pele da pessoa idosa, alterações relacionadas a idade, tais como a elasticidade reduzida da pele, colágeno diminuído, e a alteração da musculatura e tecidos subjacentes, fazem com que a pele de um adulto idoso seja facilmente propensa a rupturas em resposta a traumas mecânicos, especialmente forças de atrito. A hipoderme diminui de tamanho com a idade. Clientes idosos tem pouco tecido subcutâneo sobre proeminências ósseas, de modo a estar mais propensa a ruptura da pele19.

A higiene oral no grupo dos CF foi feita em 52,9% (n=9) dos casos e em 78,6% (n=20) no grupo dos CI. Porém, de modo geral não houve diferença entre os cuidados prestados identificados na tabela 3. Em relação à higiene oral, esta ajuda a manter o estado saudável da boca, dentes, gengivas e lábios. O cuidado oral deficiente, juntamente com a condição física geral e medicamentos, como anti-hipertensivos, antidepressivos e diuréticos, diminuem a produção de saliva, isto, por sua vez, reduz a capacidade da cavidade oral de combater os efeitos dos patógenos20.

Mello & Padillha21, lembram que a maioria dos idosos não consegue manter bons níveis de higiene bucal ou de suas próteses necessitando, em muitos casos, do auxilio do cuidador para realiza-la, então é indispensável o conhecimento sobre o processo correto de higiene oral, pois se configura como um cuidado diário e fundamental para a saúde bucal.

Sumi et al.22, relataram que uma saúde bucal insatisfatória pode ser fator de risco importante para infecções do trato respiratório inferior, especialmente nos grupos de risco como pacientes dependentes entre outros, pois ocorre, na maioria das vezes, a aspiração do conteúdo bacteriano bucal normalmente aumentado através da faringe. No caso dos idosos dependentes existe o fato dos mesmos não conseguirem manter suas próteses suficientemente limpas e, devido à constante deglutição ou aspiração dos microrganismos da placa bacteriana aderida à prótese, podem ocorrer infecções inesperadas, já que a prótese funciona como potente reservatório de patógenos respiratórios.

Estudando as condições de higiene bucal e o acúmulo de placa nas superfícies das próteses, Pietrokovski et al.23, relataram que as próteses superiores são mantidas um pouco mais limpas nas

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superfícies internas e externas do que as próteses inferiores. As superiores são mais fáceis de segurar-se nas mãos e têm menos curvaturas do que as inferiores. Para os pacientes geriátricos, muitas vezes com a coordenação motora afetada, estes fatores são limitações adicionais na limpeza de suas próprias próteses. Infelizmente há certa rejeição por parte da equipe de enfermagem e até mesmo dos parentes no que diz respeito à limpeza bucal e das próteses dos pacientes dependentes e, por isso, deve-se realizar intervenções constantes, e idealmente semestrais, sobre a importância de uma higienização bucal apropriada tanto para a equipe de enfermagem como para os familiares e cuidadores.

Tabela 3. Relação entre higiene geral e condutas adequadas referentes aos cuidados com a pele e higiene oral. Condutas

Adequadas

Higiene Geral Cuidador Formal (17) Valor de

P

Cuidador Informal

(17) Valor de P

S N S N

Conhecimento sobre cuidados com a pele Cuidados

com a Pele

Sim 70,6 (12) 23,5 (4)

1,00 82,3 (14) 17,7 (3) 1,00 Não 5,9 (1) 0,0 (0) 0,0 (0) 0,0 (0)

Conhecimento sobre frequência da realização da higiene oral Higiene Oral Sim 52,9 (9) 0,0 (0) 0,20 78,6 (11) 66,7 (2) 1,00 Não 35,3 (6) 11,8 (2) 21,4 (3) 33,3 (1) *Teste Qui-quadrado Elaborada pelas autoras

Nos cuidados com a alimentação foi identificado que tanto no grupo de CF com valor de 82,3% (n=14) quanto no grupo de CI com valor de 58,8% (n=10) recebeu informações acerca de orientações sobre alimentação da pessoa idosa e ambos sempre realizavam o controle da alimentação, entretanto os CI ainda possuem uma falha no controle da alimentação, onde 11,8% (n=2) nunca realizavam o controle, verificando assim uma grande significância entre ter orientações e realizar o controle da alimentação da pessoa idosa (p=0,003).

Idosos com demência têm necessidades nutricionais especiais, uma vez que sua memoria e suas capacidades funcionais declinam com a progressão da demência, muitos deles perdem a capacidade de lembrar-se de quando comer, de como preparar alimentos e, eventualmente, de como se alimentar. Ao mesmo tempo, suas necessidades calóricas aumentam por causa da energia gastas em atividades de andar de um lado para o outro ou perambular. O cuidador de idosos com demência deve controlar rotineiramente o peso e a ingestão calórica, assim como servir alimentos fáceis de ingerir, prestar assistência para alimentar-se e oferecer suplementos alimentares, prescritos quando necessário, para manter o peso12,18.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 50884-50893, jul. 2020. ISSN 2525-8761 Tabela 4. Relação entre ter obtido orientações sobre alimentação e realizar controle da alimentação. Controle da

alimentação

Recebeu orientações sobre alimentação Cuidador Formal (17) Valor

de P

Cuidador Informal (17) Valor de P S N S N Sempre 82,3 (14) 5,9 (1) 0,22 58,8 (10) 0,0 (0) 0,003 Ás Vezes 5,9 (1) 5,9 (1) 11,8 (2) 17,6 (3) Nunca 0,0 (0) 0,0 (0) 0,0 (0) 11,8 (2) *Teste Qui-quadrado

Elaborada pelas autoras

4 CONCLUSÃO

Os dados do presente estudo revelaram que a maioria dos cuidadores era do sexo feminino. Houve uma diferença significativa entre as idades dos cuidadores, sendo os informais com idade maior que os formais. Verificou-se que a escolaridade dos cuidadores em sua maioria encontra-se com nível médio completo.

Aos cuidados com a mudança de decúbito observou-se que ambos os grupos, realizavam a prática e em sua maioria conheciam sobre o cuidado a ser realizado, pois, a maior parte dos idosos não apresentava lesão por pressão.

Foi possível verificar que ambos os grupos realizavam os cuidados com a pele e possuíam conhecimento sobre tal prática. Quanto aos cuidados com a higiene oral observou-se que apesar dos cuidadores conhecerem a frequência certa de realizar este cuidado, na prática não estava sendo realizado adequadamente, o que pode trazer risco aos idosos.

Nos cuidados com a alimentação dos idosos foram verificados que ambos os grupos receberam orientações acerca do assunto e na prática a maioria realizava o controle, porém, foi verificado que os cuidadores informais ainda possuíam dificuldades no monitoramento. Na comparação entre os grupos, pode-se concluir discreta discrepância em seu grau de conhecimento dos cuidados, considerando ainda, que a maioria realiza os cuidados adequadamente.

A partir deste estudo, nota-se a importância do cuidador na assistência ao idoso, porém, ainda há a necessidade de uma melhora na atenção básica para instruir corretamente estes cuidadores, tanto familiares quanto profissionais, para que possa haver uma promoção de saúde eficaz.

CONFLITO DE INTERESSE

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Tabela 3. Relação entre higiene geral e condutas adequadas referentes aos cuidados com a pele e higiene oral

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