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Alimentação e o trabalho : Monografia : Food at work

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Academic year: 2021

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Alimentação e o Trabalho

“Food at Work”

Orientado por: Mestre Sónia Mendes

Tipo de documento: Monografia

Joana Fabíola Gonçalves Pereira da Silva

(2)
(3)

ÍNDICE

LISTA DE ABREVIATURAS...iii

RESUMO...iv

ABSTRACT... v

1.INTRODUÇÃO... 1

2.ENQUADRAMENTO... 3

3.SAÚDE NO LOCAL DE TRABALHO... 6

3.1.DOENÇAS CRÓNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS... 7

3.2.MALNUTRIÇÃO... 7

3.2.1.OBESIDADE... 8

3.2.2.SUBNUTRIÇÃO... 9

4.RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES PARA A POPULAÇÃO ACTIVA... 10

4.1.BEBIDAS ALCOÓLICAS... 11

5.PROMOÇÃO DA SAÚDE NO LOCAL DE TRABALHO... 12

5.1.PROMOÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO... 12

5.1.1.EDUCAÇÃO ALIMENTAR... 13

5.1.1.1.EDUCAÇÃO ALIMENTAR À DISTÂNCIA... 13

5.1.2.INTERVENÇÕES AMBIENTAIS... 14

5.1.3.FACTORES LABORAIS QUE INTERFEREM COM A ALIMENTAÇÃO... 15

5.1.3.1.SALÁRIOS E RENDIMENTOS... 15

5.1.3.1.1.SUBSÍDIO DE REFEIÇÃO... 15

5.1.3.1.2.VALES DE REFEIÇÃO... 16

5.1.3.1.3.REDUÇÃO DE PREÇOS DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS... 16

5.1.3.2.HORÁRIO DE TRABALHO... 17

(4)

5.1.3.3.1.CANTINAS E BARES... 19

5.1.3.3.2.REFEITÓRIOS E KITCHENETTES... 21

5.1.3.3.3.PARCERIAS COM AS EMPRESAS DE RESTAURAÇÃO LOCAIS... 21

5.1.3.3.4.MÁQUINAS DE VENDA AUTOMÁTICA... 22

5.2.PROMOÇÃO DA PRÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA... 22

6.ANÁLISE CRÍTICA... 23

7.CONCLUSÃO... 34

8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 36

(5)

L

ISTA DE

A

BREVIATURAS

DL – Decreto-lei

DCNT – Doenças Crónicas Não Transmissíveis EUA – Estados Unidos da América

FAO – Food and Agriculture Organization OMS – Organização Mundial de Saúde OIT – Organização Internacional do Trabalho

(6)

R

ESUMO

As doenças crónicas não transmissíveis têm impacto não só na saúde e qualidade de vida dos indivíduos afectados e suas famílias, mas também na estrutura socioeconómica de um país. Surgem em indivíduos cada vez mais jovens, afectando a população activa.

Existem evidências científicas que relacionam a sua prevenção com a adopção de hábitos alimentares saudáveis e a prática adequada de actividade física.

A promoção da saúde nos locais de trabalho deve ser apoiada devido à sua eficácia na adopção dos hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis, por parte dos trabalhadores, que os transpõem para a vida familiar e social.

Influenciar o comportamento alimentar requer acções de natureza multifactorial: educação alimentar, intervenções ambientais e modificação de factores laborais que interferem com a alimentação.

Ao contrário de outros países, em Portugal, a alimentação no local de trabalho constitui uma área pouco desenvolvida e as empresas estão pouco sensibilizadas para a importância desta questão. A implementação de programas de promoção de hábitos alimentares saudáveis nos locais de trabalho portugueses, constitui uma medida urgente e necessária, no qual o nutricionista deverá ter uma voz activa.

Palavras-chave: alimentação no trabalho; promoção da saúde; alimentação

(7)

A

BSTRACT

The burden of noncommunicable diseases has an impact not only on the quality of life of affected individuals and their families, but also on the country’s socio-economic structure. They appear in young individuals, and affect active population.

There are scientific evidences that relate their prevention with the adoption of healthy food habits, and adequate physical activity.

The health promotion in the workplace should be supported due to the effectiveness of the adoption of healthy food habits and lifestyle, by workers, and pass it to their families and social environment.

Influencing the food behaviour requires multifactor actions: food education, environmental interventions and changing labour conditions that interfere with the eating habits.

In opposite to others countries, in Portugal, food at workplace is a less developed area, and companies are not aware of the importance of this matter. The implementation of healthy food promotion programmes, in the Portuguese workplaces is an urgent and necessary measure in which the nutritionist should actively participate.

(8)
(9)

1.INTRODUÇÃO

O aumento das doenças crónicas não transmissíveis (DCNT) tem vindo a atingir proporções assustadoras nos últimos anos. Em 2001, representavam 46% das doenças a nível global e estavam associadas a 60% das mortes no mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, em 2020, as DCNT atinjam os 57%. O estilo de vida sedentário e os maus hábitos alimentares estão associados ao aparecimento destas doenças, assim como a obesidade, Diabetes Mellitus tipo 2, as doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro. (1) Estas aparecem em idades cada vez mais jovens, afectando a população activa. (2)

As DCNT têm impacto não só na saúde e qualidade de vida dos indivíduos afectados e suas famílias, mas também na estrutura socioeconómica de um país.(1)

A subnutrição atinge quase um milhar de milhões de indivíduos e afecta directamente a produtividade dos trabalhadores, ao aumentar o seu estado de fadiga e ao diminuir a sua capacidade de atenção. (2)

Os governos são afectados por custos directos e indirectos. Os custos directos representam os gastos ao nível do sector da saúde (hospitalizações, medicação, análises, etc.). Os custos indirectos são distribuídos pelo governo e empresas através da diminuição da actividade económica: perda de produtividade, altas taxas de absentismo (baixas devido a doença), acidentes de trabalho e maior turnover dos funcionários. (2-6)

O local de trabalho é reconhecido pela OMS como sendo apropriado para a promoção da saúde. (3, 4)A população activa constitui uma grande percentagem da população em risco, não só pelo número de habitantes que representam, mas também devido ao facto das actividades profissionais serem cada vez mais

(10)

sedentárias. (5) Em Portugal, a população activa é constituída por cerca de 5595 milhares de indivíduos, representando cerca de 52,5 % da população. (5) Estima-se que os trabalhadores pasEstima-sem mais de metade do Estima-seu tempo útil a laborar. (2, 6)

A promoção da saúde no local de trabalho poderá modificar estilos de vida de risco numa população, promovendo o desenvolvimento e crescimento da actividade económica das empresas e do País. (2-4)

O direito à alimentação e bebida segura e a liberdade para o seu consumo são direitos humanos básicos, mas muitas vezes ignorados no contexto do trabalho. (2)

Esta monografia tem como objectivos, efectuar uma revisão bibliográfica sobre o tema da “Alimentação e o Trabalho”, demonstrar a importância que a alimentação tem neste contexto, e o modo como esta afecta a saúde da população activa. Poderá ainda ser utilizada como ferramenta pelo profissional da nutrição, na sua intervenção no local de trabalho.

(11)

2.ENQUADRAMENTO

Existem evidências históricas de que a alimentação no local de trabalho era já há muito uma preocupação das populações. Exemplo disso foi a construção da maravilha arquitectónica, “Great House of Chaco”, edificada no actual Novo México, Estados Unidos da América (EUA), pelos indígenas, numa zona rodeada por deserto e montanhas “sagradas”, há cerca de mil anos. Devido à hostilidade do local e à complexidade da construção, a alimentação dos trabalhadores constituía uma tarefa difícil, mas de extrema importância para a sua produtividade. Descobertas recentes revelaram que o milho era transportado durante milhares de quilómetros de distância para alimentar estes trabalhadores.(2) A necessidade da alimentação no local de trabalho permaneceu inalterada ao longo do milénio. Como este exemplo, existem vários que demonstram que a questão da alimentação no local de trabalho foi evoluindo, integrando preocupações sociais, recomendações de saúde, diversidade étnica, questões de status, refinamento da arte de comer e de cozinhar, entre outras.

A importância da promoção da saúde no local de trabalho foi apresentada, pela primeira vez em 1950, sendo actualizada em 1995 numa parceria entre a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a OMS. (3, 4) A promoção da saúde no local de trabalho tem sido recomendada por outros organismos internacionais através de cartas e declarações, incluindo a Carta de Ottawa para promoção da saúde de 1986, (6) Declaração de Jacarta sobre promoção da saúde no mundo globalizado de 1997 (7) e a Declaração de Filadélfia de 2007, que integra os princípios e direitos fundamentais no trabalho.

A estratégia global sobre a alimentação, actividade física e saúde, desenvolvida pela OMS em 2004, na 57ª Assembleia Geral para a Saúde Global,

(12)

estabelece a importância do local de trabalho para a promoção da saúde. (8) No ponto 62 podemos ler: “ Os locais de trabalho são importantes para a promoção da saúde e a prevenção da doença. É preciso dar oportunidade às pessoas para que estas possam fazer escolhas saudáveis nos locais de trabalho, de modo a reduzir a sua exposição ao risco. O custo da morbilidade atribuída às doenças crónicas não transmissíveis está a aumentar rapidamente. Os locais de trabalho devem fazer com que seja possível a realização de escolhas alimentares saudáveis e apoiando e encorajando a actividade física.” (8)

No Plano Global de Acção para a saúde dos trabalhadores para 2008-2017, estabelecido pela OMS na 6ª Assembleia de Saúde Pública (9) constata-se a relevância dada ao local de trabalho na promoção da saúde, no ponto 14: “A promoção da saúde e a prevenção das doenças crónicas não transmissíveis deve ser estimulada no local de trabalho, defendendo uma alimentação saudável e a actividade física dos trabalhadores, e promovendo a saúde mental e familiar no trabalho”. (9)

A nível Europeu, foram criados documentos que estabelecem a importância da saúde no local de trabalho, designadamente: Livro Branco – “Uma estratégia para a Europa em matéria de problemas de saúde ligados à nutrição, excesso de peso e Obesidade” (10); Livro Verde sobre a promoção de regimes alimentares saudáveis e da actividade física (11); e Directiva 89/391/CEE (12). A rede europeia para a promoção da saúde no local de trabalho emitiu várias declarações que suportam a importância deste tema, incluindo a Declaração de Barcelona sobre o desenvolvimento de boas práticas de saúde nos locais de trabalho da Europa (1995) (13); a Declaração de Luxemburgo sobre a promoção da saúde no local de trabalho na União Europeia de 1997 (actualizada em 2005) (14) e a Declaração de

(13)

Lisboa, sobre a promoção da saúde no local de trabalho nas pequenas e médias empresas (2001) (15). Na Conferência Ministerial sobre Combate à Obesidade, da OMS Europa, realizada em 2006, foi desenvolvida a Carta europeia de combate à Obesidade que também inclui estratégias para a promoção de saúde na população activa. (16)

Em Portugal, no ano de 1977, após a revolução de liberdade e numa fase de estruturação social do país, foi aprovado o primeiro Decreto-lei (DL) nº 305/77 que instituía a atribuição de um subsídio de refeição aos trabalhadores da Administração Pública. Portarias subsequentes (portarias nos 478/77, 743/77 e 426/78) (17-19) estabeleceram a composição alimentar e nutricional padrão para as refeições dos trabalhadores, normas de funcionamento dos refeitórios e alguns princípios de segurança alimentar.

Em 1982, a portaria nº 879/82 definiu as normas dos concursos públicos para o fornecimento das refeições nos refeitórios dos serviços e obras sociais da Administração Central. (20) Devido à dificuldade de aplicação desta, no que diz respeito à matéria de preços das refeições, foi elaborada a portaria nº 1078/83. (21)

No DL nº 243/86, secção IV, artigo 44º, podemos encontrar os princípios de estruturação física dos refeitórios, suas normas de higiene e segurança, elaboradas no âmbito da Regulamentação Geral de Higiene e Segurança no Trabalho. (22)

No DL nº 305/77, a atribuição do subsídio de refeição, não foi acompanhada das devidas medidas para a implementação de refeitórios e redimensionamento dos existentes. Assim, em 1984 foi elaborado o DL nº 57-B/84 que teve como objectivo rever as condições do subsídio de refeição atribuindo-lhe a natureza de benefício social, ao compartimentar as despesas das refeições no local de

(14)

trabalho e ao contemplar as reformas dos refeitórios e suas normas de funcionamento. (23) Os preços das refeições foram actualizados em 2008 com a criação da portaria nº 374/2008. (24)

3.SAÚDE NO LOCAL DE TRABALHO

Quando falamos de saúde no local de trabalho, geralmente estabelece-se uma associação com as consultas de medicina do trabalho. No entanto, segurança e saúde no trabalho não implicam apenas evitar a exposição dos trabalhadores aos riscos e perigos existentes no local do trabalho e protegê-los contra os mesmos.(2) Passa também pela adopção de uma atitude pró-activa na promoção de estilos de vida saudáveis. A utilização do local de trabalho como uma plataforma de sensibilização pode ajudar os trabalhadores, servindo ainda como veículo de transmissão da mensagem às suas famílias e comunidade. (2, 4)

Desde 2001, que a OIT comemora, a 28 de Abril, o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho. Esta data surgiu como forma de homenagear todas as vítimas mortais de acidentes de trabalho e todos aqueles que contraíram doenças profissionais. Em Portugal, este dia foi ainda instituído como o Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho. O tema das comemorações deste ano mais uma vez relembrou a necessidade de promoção de saúde neste local: “Saúde e vida no trabalho: Um direito humano básico”. (25)

(15)

3.1.DOENÇAS CRÓNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT)

As DCNT são responsáveis por 60% das mortes a nível global, correspondendo a cerca de 46% das doenças em todo o mundo. As 5 principais DCNT são as doenças cardíacas, enfartes, cancros, doenças respiratórias crónicas e diabetes. A tensão arterial elevada, as altas concentrações de colesterol sanguíneo, a ingestão inadequada de frutas e hortícolas, o excesso de peso ou Obesidade, a inactividade física e os hábitos tabágicos representam os factores majores das DCNT. Destes factores, cinco estão directamente relacionados com a alimentação e a actividade física. Existem fortes evidências científicas que relacionam a sua prevenção com a adopção de hábitos alimentares saudáveis e a prática adequada de actividade física (≥ 30 minutos de actividade física moderada, ≥ 5 dias por semana). (1, 3)

Estima-se que cerca de 80% das doenças cardiovasculares e diabetes Mellitus e 40% dos cancros, poderão ser prevenidos de forma económica, implementando programas de promoção da saúde, cuja rentabilidade a médio e longo prazo se reflecte na melhoria do estado nutricional das populações e poupanças nos cofres dos estados. (1, 3) (Anexo 1 e 2)

3.2.MALNUTRIÇÃO

De acordo com a OMS, a malnutrição diz respeito não só ao consumo insuficiente de comida, mas também ao consumo excessivo ou desequilibrado de nutrientes. É de salientar que, a nível mundial, existem quase um milhar de milhões de pessoas subnutridas, enquanto que mais de um milhar de milhões apresentam excesso de peso. Assim sendo, compreende-se que a malnutrição tenha um impacto económico elevado. (2)

(16)

3.2.1.OBESIDADE

A epidemia da Obesidade tem aumentado nos últimos 30-40 anos, tendo as doenças a ela associadas acompanhado este crescimento. De acordo com a OMS é uma das maiores ameaças de saúde pública. (26) Este aumento não pode ser explicado por alterações genéticas, mas sim por factores ambientais, que encorajam o aumento da ingestão energética e a diminuição da actividade física.

(27)

Nas empresas norte-americanas existem pelo menos 20% de trabalhadores classificados como obesos ou com excesso de peso. A incidência da Obesidade reflecte-se no tipo de actividade profissional exercida. (28) Os custos económicos da obesidade representam aumentos significativos nas despesas médicas e no absentismo dos trabalhadores. (4, 29) Em Portugal, quase metade da população apresenta excesso de peso ou é obesa. (30) Os custos directos de saúde representaram aproximadamente 3,8% das despesas nacionais em 1995 e 6,9% em 1999 e, com o aumento da Obesidade, prevê-se um maior peso desta doença na balança económica nacional. (30)

Alguns estudos demonstram que os indivíduos com excesso de peso ou obesos são discriminados nas decisões profissionais, são estereotipados como sendo emocionalmente debilitados, socialmente inaptos e como sendo pessoas com relações pessoais negativas. (31) Existem evidências que indicam uma diferença salarial entre indivíduos obesos e normoponderais, sobretudo nas mulheres. (28)

O local de trabalho oferece inúmeras vantagens na prevenção da Obesidade, sendo uma intervenção populacional apoiada empiricamente e tendo apresentado benefícios económicos para os empregadores e para as nações. (32) Assim, este

(17)

local deve apresentar aprovisionamento de refeições adequado, fornecimento de melhores alimentos e iniciativas de educação alimentar.

3.2.2.SUBNUTRIÇÃO

A deficiência de macro e micronutrientes traduz-se em alterações na produtividade dos trabalhadores e na maior incidência dos acidentes de trabalho, sobretudo através do aumento da fadiga e da diminuição dos níveis de atenção.(2)

O “4º Relatório Sobre a Situação Nutricional a Nível Mundial” estima que cerca de 3,5 milhares de milhões de pessoas tenham deficiência de ferro (2 em cada 3 pessoas). A capacidade física de trabalho é afectada pela deficiência em ferro. (33,

34)

. Estudos experimentais sugerem que esta deficiência prejudica a eficiência energética e os efeitos podem ser observados, mesmo na ausência de anemia.(35) Vários estudos indicam que não existe um efeito casual entre a deficiência em ferro e a baixa capacidade de trabalho. (35) Basta et al (1982) demonstraram que ao receberem um suplemento de ferro, os trabalhadores que sofriam de anemia aumentavam a sua produtividade a um nível comparável com os trabalhadores não anémicos. (36)

O ferro tem um papel essencial na produção de energia por oxidação. A anemia ferropénica está associada, entre outras coisas, à susceptibilidade à doença, fadiga e redução do desenvolvimento cognitivo. Esta afecta a actividade física de 2 formas: assim que a hemoglobina diminui, a quantidade de oxigénio que o organismo pode utilizar decresce também. Logo que as reservas de ferro se esgotam a quantidade de oxigénio disponível para os músculos diminui, reduzindo a resistência individual e provocando um maior esforço cardíaco. (35)

(18)

Katinka Weinberg concluiu que as políticas de intervenção que tinham como objectivo melhorar a ingestão de micronutrientes, constituem um bom investimento para a melhoria da produtividade e dos rendimentos. Melhorar a ingestão de micronutrientes poderá contribuir significativamente para o crescimento da economia e o seu desenvolvimento. (34)

4.RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES PARA A POPULAÇÃO ACTIVA

O que constitui uma verdade para a máquina também o é para o Homem: os humanos necessitam de energia para “trabalhar”. O balanço entre a energia ingerida e gasta deve ser equilibrado. A energia que é consumida sobre forma de alimentos e que não é gasta acumula-se no organismo, sobre a forma de reserva, e é traduzida num aumento de peso. A ingestão inadequada de alimentos, de modo a que o indivíduo não atinja as suas necessidades energéticas, resulta na diminuição de peso e colapso do tecido corporal. (2)

As necessidades energéticas variam de acordo com as características individuais como: altura, idade, nível de actividade física e mental. Os indivíduos passam mais de 60% do seu dia a trabalhar, portanto a ingestão energética deve estar de acordo com o tipo de actividade laboral realizada. (Anexo 3)

Quanto à ingestão de macronutrientes e micronutrientes deve estar de acordo com as recomendações da OMS. (37, 38) (Anexo 4)

As frutas e os hortícolas são componentes essenciais de uma alimentação saudável, e sua adequada ingestão está associada com a prevenção de várias doenças, assim como doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro. A OMS estima que 2,7 milhões de vidas poderiam ser poupadas anualmente se o consumo de fruta e vegetais fosse significativamente aumentado. (39)

(19)

4.1.BEBIDAS ALCOÓLICAS

A portaria nº 390/2002 acolhe as recomendações do Plano de Acção Europeia sobre o Álcool. Este diploma visa estabelecer as prescrições mínimas sobre o consumo, a disponibilização e a venda de bebidas alcoólicas no local de trabalho.

(40)

O consumo excessivo de álcool pode produzir efeitos negativos ao nível do absentismo, da produtividade e da relação com utentes dos serviços e colegas de trabalho. Por outro lado, o consumo excessivo de álcool, ao afectar a capacidade de reacção e de coordenação motora, bem como a capacidade de decisão, o discernimento e o comportamento, pode aumentar o risco de ocorrência de acidentes. (40)

Embora os grandes consumidores de bebidas alcoólicas apresentem maior predisposição para os acidentes de trabalho, os consumidores moderados, ao representarem um maior percentagem da população, apresentam maior taxa de acidentes. Este facto constitui um paradoxo na saúde ocupacional e segurança dos profissionais. (41)

Os ambientes sociais e culturais parecem influenciar o consumo de bebidas alcoólicas no local de trabalho. Nalgumas profissões os colegas bebem para aliviar o stress e criar laços sociais. (42)

Os trabalhadores com actividades profissionais com riscos físicos ou de segurança, inerentes à sua execução, apresentam maior consumo de bebidas alcoólicas. (42)

Observou-se também que problemas relacionados com os níveis de stress e pressão psicológica no trabalho eram maiores nos trabalhadores em que se verificava um ambiente encorajador do consumo de bebidas alcoólicas. (42)

(20)

5.PROMOÇÃO DA SAÚDE NO LOCAL DE TRABALHO

A promoção da saúde nos locais de trabalho permite abranger grande parte da população activa, encorajando a adopção de hábitos saudáveis, a repetirem esses comportamentos fora do local de trabalho, transpondo-os para a vida familiar. (2) Os trabalhadores passam cerca de 60% do dia e aproximadamente 5 dias, ou mais, por semana, no seu emprego podendo este ser um local de educação e de promoção de um estilo de vida saudável. (43, 44) As condições de trabalho, horário, salário, stress, alimentos disponibilizados, infra-estruturas, são também fortes condicionantes que podem limitar ou apoiar o indivíduo na modificação de comportamentos. Este local permite também atingir grupos específicos de indivíduos que, de outra forma, não participariam numa acção de promoção da saúde. (45)

5.1.PROMOÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS NO LOCAL DE TRABALHO

As acções de promoção de hábitos alimentares saudáveis devem-se concentrar em: reduzir de barreiras (limitações económicas, temporais, entre outras) que limitam a disponibilidade ou a escolha alimentar; aumentar opções alimentares saudáveis tornando-as mais acessíveis, tanto física como economicamente; ou limitar oferta de alimentos menos saudáveis. (26) (Anexo 5)

(21)

5.1.1.EDUCAÇÃO ALIMENTAR

As acções de educação alimentar permitem que o trabalhador efectue escolhas informadas. (26, 46) Os locais de trabalho acolhem muitas vezes indivíduos com o mesmo nível de formação e que apresentam as mesmas preocupações com a saúde. Consistem em pequenas comunidades, que contam geralmente com a sua rede social e com infra-estruturas para a disseminação da informação ou mensagens. (47) Existem evidências científicas que comprovam que a venda de determinados alimentos aumenta quando estes são promovidos através de intervenções de educação alimentar. (48) Os indivíduos que trabalham em conjunto partilham informação, podendo assim aprender através destes canais informais. Os colegas podem ainda providenciar apoio e motivação mútua à medida que aprendem, experienciam e adoptam novos comportamentos saudáveis. (29)

5.1.1.1.EDUCAÇÃO ALIMENTAR À DISTÂNCIA

O aconselhamento à distância constitui uma ferramenta mais económica e acessível que as intervenções tradicionais, pois estas últimas requerem que os participantes visitem um centro de tratamento durante o horário do expediente e que o façam com regularidade. (45) O uso do telefone e da internet, para aconselhamento alimentar permite tornar a tarefa de educação e aconselhamento mais prática, cómoda e exequível. (45)

Os meios de comunicação como o mail, da chamada telefónica, ou das mensagens de texto (SMS) abrangem um maior número de trabalhadores, de forma mais económica, aumentando a taxa de aderência à iniciativa, através da

(22)

diminuição do grau de compromisso e da possibilidade de obtenção de mais privacidade, sem medo de represálias.

Block, G. et al demonstrou que apenas 7% das pessoas com acesso à internet a usam para procurar informações relacionadas com a saúde, ao passo que 52% a utilizam para receber e enviar mails. Uma vantagem particular destes programas é que não necessitam que a procura de informação seja feita de forma voluntária. Esta chega até ao consumidor, em vez deste ter que a procurar. (49)

5.1.2.INTERVENÇÕES AMBIENTAIS

Perceber os ambientes alimentares e nutricionais e promover a sua melhoria é um passo essencial para a melhoria do comportamento alimentar e da saúde pública. (50, 51)

As intervenções ambientais passam pelas mudanças que facilitam e promovem as escolhas alimentares saudáveis através da modificação no ambiente de trabalho. Podem ser definidas como “todas as estratégias que não necessitam que o indivíduo se auto seleccione para um programa definido de educação”. (52) Incluem, por exemplo, a implementação de rotulagem nutricional, maior disponibilidade e variedade das opções alimentares saudáveis, modificação na preparação e confecção dos alimentos, políticas de catering e políticas de preço, entre outras. (53)

Neste âmbito, foi desenvolvida, na Austrália, em 1995, uma lista de verificação denominada CHEW (Checklist of Health Promotion Environments at Worksites) que permite auditar os locais de trabalho, de forma a avaliar os ambientes alimentares e nutricionais, escolhas efectuadas nas cafetarias, máquinas de venda automática e indícios de escolhas alimentares saudáveis. Esta ferramenta

(23)

poderá ser adaptada a vários locais, embora não tenham sido encontrados registos da sua aplicação, ate à data. (54) (Anexo 6)

5.1.3.FACTORES LABORAIS QUE INTERFEREM COM A ALIMENTAÇÃO

Além da educação alimentar e práticas que promovam uma alimentação saudável, é necessário melhorar as condições de trabalho, designadamente os salários e rendimentos dos trabalhadores, o horário de trabalho e as instalações destinadas ao consumo de refeições. (2)

5.1.3.1.SALÁRIOS E RENDIMENTOS

Os trabalhadores não podem garantir uma alimentação adequada com baixos rendimentos e salários. (2) O empregador necessita de garantir que a alimentação adequada do trabalhador se encontra assegurada. Algumas das estratégias adoptadas pelas empresas incluem a atribuição de um subsídio de refeição, a entrega de vales de refeição ou a redução de preços de alimentos saudáveis.

5.1.3.1.1.SUBSÍDIO DE REFEIÇÃO

A entidade empregadora é responsável por disponibilizar as refeições aos seus trabalhadores, abrangidas no seu horário de trabalho, sempre que estes permaneçam no interior das suas instalações. Caso tal não seja possível, deve assegurar que o trabalhador se alimenta de forma adequada. Uma das formas de o garantir, é através da atribuição do subsídio de refeição em espécie. Na função pública, esse valor é publicado em Diário da República e actualizado anualmente. Muitas empresas privadas regem-se por este valor, ou então definem outros, com

(24)

base em critérios salariais, função ocupada, negociações com sindicatos ou com representantes de trabalhadores, ou outras. (55)

5.1.3.1.2.VALES DE REFEIÇÃO

Os vales de refeição proporcionam descontos ou pagamento de alimentos ou refeições para os trabalhadores e suas famílias. As lojas e restaurantes aderentes ao processo são pré-seleccionadas pelo empregador, podendo a escolha passar por aqueles que oferecem opções alimentares com maior qualidade nutricional.

Estes constituem benefícios sociais regulados pelas leis nacionais. A lei estipula o máximo de taxa de isenção e a contribuição do trabalhador, assim como o tipo de lojas e restaurantes aderentes, quais os géneros que poderão ser comercializados (proibição da venda de tabaco e bebidas alcoólicas) e regras para a sua utilização. As leis variam de país para país. (2)

Os vales de refeição apresentam vantagens uma vez que limitam o seu uso exclusivamente a géneros alimentícios (ao contrário dos subsídios de refeição pagos sobre a forma de numerário), obrigam os estabelecimentos a conservar as transacções e facilitam as cobranças fiscais. A criação de novos restaurantes, como resultado da crescente utilização dos vales de refeição, pode ajudar à revitalização dos centros urbanos e proporcionar a criação de novos postos de trabalho. (2)

5.1.3.1.3.REDUÇÃO DE PREÇOS DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS

A redução dos preços dos alimentos pode constituir uma medida eficaz, de forma a influenciar as escolhas alimentares dos indivíduos. (48, 56, 57) Esta

(25)

intervenção tem efeitos positivos nos padrões de compra de alimentos saudáveis nos locais de trabalho. Estudos comprovaram que estes resultados são consistentes nos diferentes estratos sociais e faixas etárias. (57)

Ao reduzir o preço dos alimentos saudáveis poderão aumentar os custos com a alimentação para a entidade empregadora, caso não existam incentivos governamentais. O aumento do preço dos alimentos menos saudáveis (hiperenergéticos, com alto teor de gordura, açúcar e sal) tem sido proposto, por alguns autores, de forma a gerar receitas que possam subsidiar as reduções de preço dos alimentos saudáveis. (57)

5.1.3.2.HORÁRIO DE TRABALHO

O horário de trabalho pode limitar a alimentação dos trabalhadores, quando não inclui intervalos destinados às refeições, períodos de tempo demasiado curtos para o fazerem ou complementa períodos do dia em que os alimentos são pouco disponíveis ou de difícil acesso. (2)

Permanecer longos períodos de laboração em jejum, prejudica a saúde e aumenta a sensação de fome. A inconsistência entre a intenção de escolha e o comportamento saudável poderá dever-se ao facto das intenções serem desenvolvidas conscientemente, enquanto que as escolhas são realizadas geralmente de forma impulsiva e mesmo inconscientemente. Quando as decisões são tomadas com controlo cognitivo, o desejo de recompensas futuras é tido em conta, tal como a prevenção de doenças. Por outro lado, quando as decisões são tomadas de forma impulsiva, predomina o desejo de satisfação e prazer imediato. A sensação de fome pode levar a que o indivíduo, inconscientemente, tenha como objectivo apenas modificar o estado em que se encontra, o que o poderá

(26)

fazer esquecer outras motivações para a realização de escolhas saudáveis. Portanto é essencial que os trabalhadores desfrutem de intervalos destinados à alimentação, que limitem as horas que estes permanecem em jejum. (58)

O trabalho por turnos é uma prática cada vez mais comum na sociedade actual. Estudos demonstram que, nestes trabalhadores, se verifica um aumento do índice de massa corporal, prevalência de Obesidade e outros problemas de saúde. (59)

O comportamento alimentar do empregado pode estar alterado devido a perturbações do sono e do ritmo circadiano e do padrão social e familiar. (59)

Existem evidências científicas que demonstram que a privação de sono está relacionada com uma maior dificuldade de manutenção do peso, e uma menor restauração da actividade cerebral. O ritmo circadiano alterado poderá influenciar os comportamentos alimentares, embora ainda não existam evidências científicas sobre a sua interacção nas respostas metabólicas e endócrinas. No entanto, está demonstrado que a tolerância à glicose diminui ao longo do dia e que a alimentação nocturna aumenta o colesterol sanguíneo, assim como a concentração dos triacilgliceróis plasmáticos. (59)

Nos trabalhadores que laboram em turnos rotativos ou nocturnos, foi relatado uma maior percentagem de distúrbios gastrointestinais, nomeadamente: alterações do apetite; funcionamento irregular do intestino; dispepsia; azia; dores abdominais e flatulência. Esta sintomatologia pode provocar alterações do comportamento alimentar. (59)

Assim, ao estabelecer programas de promoção de estilos de vida saudáveis, é necessário considerar factores sobre a saúde e o balanço energético dos

(27)

trabalhadores, que participam em laboração por turnos, que envolvam as dimensões psicológicas, fisiológicas e sociológicas destes.

5.1.3.3.INSTALAÇÕES DESTINADAS AO CONSUMO DE REFEIÇÕES

As instalações destinadas ao consumo de refeições podem afectar a qualidade e segurança da refeição. Em 1956, a OIT publicou um documento com guidelines específicas para as cantinas, refeitórios e outras instalações destinadas à alimentação. (60) Desde essa altura, as necessidades de alimentação evoluíram e actualmente o problema não consiste só em garantir uma quantidade suficiente de alimento, mas também em assegurar a qualidade nutricional destes. (Anexo 7)

5.1.3.3.1.CANTINAS E BARES

As cantinas podem ser um óptimo local para empresas que se situem em regiões remotas. Podem oferecer benefícios psicológicos e físicos aos trabalhadores. Permite que estes se alimentem de forma a desfrutar de um período de lazer, ajudando no alívio do stress e escapando à monotonia do local de trabalho. Este espaço promove a camaradagem entre os trabalhadores, tornando-os mais unidos e possibilitando a formação de equipas de trabalho mais coesas. Tem a vantagem de não obrigar os trabalhadores a procurarem um local para efectuar a refeição, permitindo que estes usufruam de um maior período de descanso, uma vez que não têm de abandonar as instalações do local de trabalho. O espaço e o layout devem ter em conta que, quanto menor o tempo de

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espera do trabalhador, maior será o período de tempo que este terá para descansar. (2)

A constituição dos menus pode ser controlada pela empresa, podendo oferecer refeições que acompanhem as necessidades dos trabalhadores. Tem ainda o poder de controlar os preços e subsidiar apenas as opções mais saudáveis, mantendo sempre presente o direito de escolha. (2)

As cantinas apresentam como desvantagens o investimento inicial e de manutenção por parte da empresa e as limitações geográficas e económicas, sobretudo nas zonas urbanas que estão limitadas devido à escassez de terrenos livres ou ao seu custo elevado. (2)

O horário de funcionamento da cantina deve ter em conta que todos os trabalhadores deverão ter igual acesso a esta e à mesma variedade alimentar oferecida. (2)

As cantinas podem ser geridas pelas próprias empresas ou ser concessionadas a uma empresa de restauração colectiva. Uma cantina bem estruturada deve contar com pessoal competente e com formação, oferecer garantias de segurança e qualidade alimentar, boas instalações e um menu que se adapte às necessidades nutricionais, culturais e religiosas dos funcionários. (2)

Os bares são, por norma, locais de menor dimensão que as cantinas. Servem sobretudo pequenas refeições e são frequentemente procurados para o consumo de merendas. Constituem um bom local de convívio e lazer, podendo proporcionar aos trabalhadores momentos de descanso e descontracção, onde podem escapar à monotonia do trabalho, podendo aliviar o stress. O investimento económico é menor que nas cantinas, devido à sua menor dimensão e reduzido

(29)

equipamento, constituindo uma opção para as empresas que apresentem restrições financeiras e/ou empresas de menores dimensões.

5.1.3.3.2.REFEITÓRIOS E KITCHENETTES

Os refeitórios e as kitchenettes são opções mais económicas do que as cantinas, requerem menos espaço e constituem um local de manutenção fácil. (2)

Os refeitórios são locais onde os trabalhadores podem consumir uma refeição preparada e confeccionada noutro local. Estes podem ser equipados com equipamento destinado à armazenagem e à regeneração. A kitchenette é uma pequena cozinha, apresentando geralmente locais e equipamentos destinados à armazenagem de produtos alimentares e não alimentares e à confecção ou aquecimento de refeições. (2)

Estas áreas podem ser utilizadas como locais de convívio, lazer e descanso, podendo resultar bem em locais de trabalho com características de informalidade.

(2)

Deve-se ter em atenção a manutenção dos espaços de modo a que a segurança alimentar esteja assegurada. (2)

5.1.3.3.3.PARCERIAS COM EMPRESAS LOCAIS DE RESTAURAÇÃO

As parcerias com os vendedores locais constituem uma solução mais económica do que as cantinas e os bares mas que pode garantir uma alimentação adequada aos funcionários. (2)

As empresas podem apoiar os vendedores locais para que estes melhorem a qualidade das refeições. Nos locais onde não existem infra-estruturas e

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equipamentos capazes de garantir a segurança alimentar, estas poderão ser disponibilizadas pelas empresas. Deve ser garantido o acesso a água potável e a instalações sanitárias adequadas e devidamente higienizadas. (2)

Estes locais apresentam muitas vezes refeições ricas em açúcares e gordura. No entanto, existem alternativas saudáveis que devem ser apoiadas pelas empresas. Estabelecer parcerias com os mercados é uma medida que requer pouco investimento e pode beneficiar os trabalhadores através da disponibilização de fruta e legumes/hortícolas frescos. (2)

Formar parcerias com os empresários/vendedores locais pode melhorar a relação da empresa com a comunidade e apresenta-se como um benefício para o negócio.(2)

5.1.3.3.4.MÁQUINAS DE VENDA AUTOMÁTICA

As máquinas de venda automática são opções económicas. (2) São locais onde os trabalhadores podem aceder a alimentos e bebidas independentemente do horário de laboração, necessitam de pouco espaço e não requerem mão-de-obra para a distribuição de refeições (apenas para a reposição, higienização e manutenção). As empresas podem apoiar a disponibilização de alimentos mais saudáveis e refeições quentes através de negociações com os fornecedores.

5.2.PROMOÇÃO DA PRÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA

O balanço energético equilibrado é o resultado de entre a energia ingerida e a dispendida. Ao abordar o tema da alimentação no local de trabalho é essencial a

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inclusão da prática de actividade física, sobretudo devido ao aumento crescente do trabalho sedentário.

Assim, os programas de promoção da prática de actividade física são também vitais para a promoção da saúde e para o aumento da eficácia dos mesmos. O presente trabalho aborda o tema da alimentação no trabalho, mas é necessário o nutricionista ter em conta que, para o sucesso das acções de promoção de saúde, é preciso adoptar estratégias que apoiem o aumento da prática de actividade física, adequadas à população e local de trabalho. (3, 8, 11, 47, 61-66)

6.ANÁLISE CRÍTICA

A promoção da alimentação saudável é uma questão muitas vezes esquecida no planeamento e implementação de programas que visam a melhoria das condições de trabalho, quanto à segurança e saúde ocupacional. Estudos indicam que estas intervenções específicas podem levar à adopção de hábitos alimentares saudáveis dos trabalhadores no local de trabalho, transpondo estas aprendizagens para o ambiente familiar e social.

As cartas e declarações desenvolvidas neste âmbito apresentam falhas relativas à descrição de estratégias específicas para as acções de promoção de estilos de vida saudáveis. Torna-se assim importante a definição de recomendações alimentares específicas para os vários tipos de actividade profissional, discussão do papel dos empregadores e de acções que resultem na obtenção e manutenção de estilos de vida saudáveis.

Foram desenvolvidas declarações que visam sensibilizar para a importância das acções na saúde no local de trabalho, mas que não focam a importância da alimentação e da actividade física para obtenção deste objectivo, designadamente

(32)

a Declaração de Lisboa. (15) No entanto, a promoção de hábitos alimentares saudáveis e da prática de actividade física são tão importantes para a saúde e segurança no local de trabalho, como as acções que protegem contra os riscos e perigos existentes neste local (químicos, poeiras, barulho, etc.). Desta forma, será possível prevenir os problemas de saúde, aumentar o bem-estar e a moral dos trabalhadores, bem como a produtividade e competitividade das empresas.

A legislação portuguesa ainda é escassa no sentido de regular e promover estas acções, com a agravante de a sua consulta ser ainda de difícil acesso.

O papel do ferro no aumento da actividade laboral, permite compreender a importância dos micronutrientes na alimentação dos trabalhadores. Assim sendo, o apoio à alimentação saudável deve passar não só pela limitação de alimentos com alto teor de gordura, açúcar e sal, mas também pela promoção de alimentos com maior valor nutricional.

Embora o abuso de bebidas alcoólicas tenha efeitos significativos na saúde e produtividade, muitos empregadores contam apenas com normas escritas, em vez de programas de educação que sensibilizem e combatam o problema, de modo a solucioná-lo. A legislação portuguesa sobre o álcool permite o consumo de 1 bebida alcoólica no momento da refeição principal (25 cl de vinho ou 33 cl de cerveja), (40) no entanto, está provado que, o consumo moderado de bebidas alcoólicas, tem uma relação com a incidência de acidentes laborais, (41) devendo por isso ser equacionada a sua proibição, principalmente nas actividades de trabalho de maior risco.

Estudos efectuados em diferentes zonas do mundo demonstraram que as refeições realizadas fora de casa contribuem para uma alimentação menos saudável. (26, 57, 67) Geralmente, nestas circunstâncias, os consumidores têm

(33)

pouca influência na porção servida e na composição nutricional dos pratos. Adicionalmente, o tamanho das porções tem vindo a aumentar significativamente, ao longo dos anos. Este facto pode encorajar uma maior ingestão através de vários mecanismos psicológicos. (57) A relação quantidade/preço é muitas vezes menor, induzindo os consumidores a realizarem as suas escolhas baseados no preço e não em necessidades nutricionais. (57)

As refeições servidas fora de casa apresentam, na maioria das vezes, uma composição nutricional com altos teores de gordura, sal e açúcar, tornando-as organolepticamente mais apetecíveis. (57)

Actualmente, a maioria dos trabalhadores realiza as suas refeições fora de casa. Assim, é necessário adoptar medidas que combatam esta tendência, passando pela diminuição das porções servidas, aumento dos preços das refeições menos saudáveis e diminuição dos mesmos nas opções alimentares mais saudáveis.

O estabelecimento de guidelines claras nos locais onde os trabalhadores realizam as suas refeições é essencial para a promoção de hábitos alimentares saudáveis.

Segundo Mcabe-Sellers et al menos de 50% da população norte-americana pratica realmente o nível recomendado de actividade física. Menos de 25% consome 5 ou mais peças de fruta e hortícolas por dia e 58,9% ingerem mais do que o teor recomendado de gordura saturada, apesar da vasta disseminação de informação, através dos órgãos de comunicação social. (68) Torna-se assim essencial desenvolver os programas de promoção de saúde que promovam a adopção de hábitos alimentares saudáveis. Segundo o Nutrition Resource, 70% dos empregados apoiam o envolvimento dos seus empregadores em programas

(34)

de promoção da saúde no local de trabalho e 85% acreditam que estes programas podem aumentar a saúde e diminuir os gastos relativos a esta. (2)

Tentar perceber e influenciar positivamente as escolhas alimentares é um processo extremamente complexo. A alimentação é essencial para a vida e constitui um papel integrante das diferentes culturas. É um dos comportamentos relacionados com a saúde, mais pessoal e potencialmente privado do ser humano. Ser capaz de perceber, com precisão, como o ambiente envolvente afecta as decisões relacionadas com os alimentos e com a alimentação, constitui uma tarefa muito complicada e provavelmente impossível. (56, 69, 70)

As escolhas individuais são influenciadas por uma grande variedade de factores ambientais e individuais. (56) Existem três dimensões relacionadas com as escolhas alimentares: as características organolépticas, o valor (que inclui a relação entre o preço e o tamanho da porção) e a composição nutricional/calórica da refeição. Os alimentos variam muito ao longo destas dimensões, bem como a importância delegada por cada indivíduo a cada uma delas. Por exemplo, indivíduos com baixo poder económico podem dar uma maior importância ao valor, enquanto que aqueles que dão mais importância à saúde terão em conta a qualidade nutricional dos alimentos. (57)

Existe assim a necessidade de alertar os consumidores para a escolha de alimentos/refeições com boa qualidade nutricional.

A educação nutricional permite aos consumidores realizarem escolhas informadas. (26, 46) Existem evidências científicas que comprovam o aumento do consumo de determinados alimentos saudáveis, após a sua promoção através de intervenções de educação alimentar. (57, 71) Verificou-se também que os utentes consideram a informação nutricional útil e muitos deles a utilizam no seu

(35)

quotidiano, na realização de escolhas alimentares. (72) Sugere-se que, tal como existe informação nutricional no rótulo dos alimentos pré-embalados, também exista nos menus de restaurantes, ementas, produtos presentes em máquinas de venda automática, bares, etc. Só assim o trabalhador/consumidor poderá fazer uma selecção informada dos alimentos que ingere.

Para além dessa informação relativa à composição dos produtos alimentares, as instalações destinadas ao consumo alimentar podem constituir um bom local para comunicação de outras informações úteis para as escolhas alimentares. (72)

Um estudo realizado por Buscher provou que as escolhas dos utentes são influenciadas quando estes conhecem a informação nutricional relativa às suas escolhas alimentares. (73) Os consumidores podem tolerar melhor as alterações relacionadas com o sabor dos alimentos quando estes são rotulados como “saudáveis” e a informação nutricional é disponibilizada. (74)

Campbell et al demonstraram que a adaptação e individualização das informações melhora a eficácia das mensagens. (49) Bowen e Beresford comprovaram que, de modo geral, o aconselhamento individual realizado por profissionais resulta em maiores níveis de mudança, do que estratégias destinadas a grupos populacionais. (56) No entanto, este método não é viável no combate e prevenção das doenças relacionadas com a alimentação, nomeadamente as DCNT, devido ao número limitado de indivíduos abrangidos e às suas restrições económicas. As intervenções de educação, baseadas no uso de recursos tecnológicos, demonstraram ser mais eficazes uma vez que, através do uso de software, é possível adaptar a informação transmitida aos indivíduos, assegurando que as mensagens são do seu interesse e estão adaptadas às suas necessidades. Porém, esta estratégia pode funcionar em pessoal administrativo

(36)

que trabalha diariamente com computadores mas, em trabalhadores de uma unidade de produção, como por exemplo, uma fábrica é necessário equacionar outros veículos de comunicação colectivos.

Estudos relatam que a informação nutricional pode ter um efeito benéfico em escolhas alimentares mais saudáveis, quando estes realizam refeições fora de casa, embora este efeito seja limitado em magnitude. (75) Este resultado reflecte a natureza multifactorial das escolhas alimentares. A educação nutricional por si só não é suficiente para que ocorram alterações nos hábitos comportamentais dos indivíduos, é necessário realizar mudanças ambientais que permitam facilitar a escolha de alimentos saudáveis. A utilização de listas de verificação para avaliar as condições ambientais é uma ferramenta útil, que poderá ser equacionada, desde que adaptada à realidade de cada empresa.

Está provado que a distribuição gratuita de fruta, pode incentivar o seu consumo. (26, 48, 57, 76) Em Portugal, esta prática já se verifica em várias empresas, devendo ser uma acção apoiada pelas empresas, em conjunto com a distribuição de outros produtos alimentares como por exemplo, lacticínios ou snacks de vegetais. (77-79)

Reduzir os preços das opções alimentares saudáveis é comprovadamente um bom método de apoiar o seu consumo. (57, 75) Contudo, é necessário encontrar, em conjunto com as empresas de restauração colectiva, uma solução viável para a redução dos preços que satisfaça ambas as entidades envolvidas. (57) Torna-se assim necessário adoptar medidas que promovam a manutenção ou aumento dos lucros, através da adopção de novas estratégias.

Na avaliação da eficácia dos programas, onde se implementam a redução dos preços ou a disponibilização de alimentos mais saudáveis, é necessário verificar

(37)

se o aumento das vendas se deve a uma alteração dos comportamentos dos utentes habituais ou a uma adesão de novos consumidores (por exemplo, quando se introduz um prato vegetariano numa ementa, podem aderir ao mesmo pessoas que anteriormente trariam a sua alimentação de casa).

Estabelecer intervalos de trabalho adequados é fulcral para garantir uma boa nutrição dos trabalhadores. Definir intervalos de tempo simultâneos para toda a comunidade de trabalhadores poderá resultar numa grande afluência às instalações destinadas à aquisição ou consumo de refeições, levando a que o tempo determinado para a pausa do trabalho, seja dispendido no período de espera e não na alimentação, ao contrário do que seria desejado. Uma das soluções apresentadas passaria pela divisão dos horários dos trabalhadores, para que as refeições fossem realizadas em horários desfasados.

Os intervalos curtos levam a que estes os funcionários não tenham tempo para despender na linha de aquisição ou distribuição de alimentos, assim como na procura de um local adequado para a realização da refeição. Estas limitações de tempo conduzem muitas vezes a aquisição de alimentos prontos a comer, designadamente sandes, que geralmente não cumprem as necessidades nutricionais dos trabalhadores. Em alternativa, os indivíduos podem trazer os alimentos de casa, o que poderá ser prejudicial no que concerne à segurança alimentar, no transporte e armazenagem dos mesmos.

A escassez de tempo pode incentivar o consumo de refeições, prontas a comer, no próprio local de trabalho. Este factor pode constituir um risco em termos de segurança alimentar devido à contaminação das superfícies.(80) Deve ser apoiado a criação e venda, no local de trabalho, de produtos prontos a comer com melhor qualidade nutricional e salubres.

(38)

O número limitado de empregados a laborar em determinado turnos, nomeadamente no nocturno, não permite que seja viável o funcionamento constante das cantinas, refeitórios e bares. Estes são obrigados a recorrer às máquinas de venda automática, levando a que a predisposição para o consumo de alimentos com maior densidade energética aumente. (59) Existe assim a necessidade de criar opções mais saudáveis, que incluam refeições quentes (como por exemplo sopa), hortícolas e frutas. (2, 48, 56) A necessidade da criação destas mudanças ambientais está aumentada, uma vez que para este regime de trabalho o recrutamento e a permanência dos indivíduos se tem verificado difícil.

(59)

Harrington identificou as melhorias nos serviços de catering e nas instalações recreativas como sendo factores de melhoramento, a curto prazo, nos problemas nutricionais causados pelos trabalhos por turnos. (59)

As escolhas alimentares dos trabalhadores em regime de trabalho por turnos são obviamente influenciadas por factores externos, assim como os horários e a disponibilidade da comida.

As características das empresas poderão influenciar o tipo e a eficácia do programa. Estas podem diferir quanto ao tamanho, número de trabalhadores, localização, poder económico e interesse que eventualmente poderão ter na melhoria das condições de trabalho e da saúde dos seus trabalhadores.

A sensibilização das empresas para a importância de intervenções para a promoção da saúde é essencial, pois sem a sua aprovação e colaboração, não é possível garantir a sua implementação e sucesso. A intervenção deverá ser sempre realizada por um especialista em nutrição, podendo integrar uma equipa mulltidisciplinar constituída pelo médico do trabalho, enfermeiro, responsável dos

(39)

recursos humanos, psicólogo, representante dos trabalhadores, ou outros. Quando as empresas têm serviços organizados de higiene, saúde e segurança no trabalho, este tipo de intervenção poderá ser também integrada no programa de saúde ocupacional.

Os locais de trabalho com um número reduzido de trabalhadores têm menor probabilidade de oferecer programas de promoção da saúde, sendo essencial desenvolver estratégias adequadas e atractivas para os empregadores e funcionários deste tipo de empresas. As limitações económicas e a ausência de instalações destinadas à alimentação podem ser alguns dos entraves encontrados para a implementação destes programas.

Os horários das refeições são por norma mais organizados nos grandes locais de trabalho, uma vez que os trabalhadores podem substituir-se mutuamente sempre que necessário.

São necessários mais estudos que avaliem quais os incentivos e acções que promovem a implementação deste tipo de programas em pequenas empresas.

Nas empresas sem limitações económicas ou geográficas, as cantinas poderão constituir a melhor opção. Estas representam um espaço onde a qualidade das refeições e as condições de ambiente podem ser controladas.

Eva Roos et al demonstraram que a realização de refeições nas cantinas dos trabalhadores está associada com uma melhor qualidade da sua alimentação. As cantinas dos locais de trabalho servem refeições quentes e incluem hortícolas na sua composição, servindo regularmente pratos de peixe, podendo apoiar o consumo destes alimentos. (67)

De forma a aumentar a eficácia dos programas implementados é necessário trabalhar com as empresas que distribuem as refeições, para que estas cumpram

(40)

as recomendações estabelecidas pelos programas, em matéria de composição nutricional das refeições, (81) variedade de alimentos saudáveis disponibilizados e regulação de preços das refeições. Quando se trata de empresas de restauração colectiva subcontratadas, este tipo de obrigações devem ser incluídas nos requisitos dos cadernos de encargo, assim como capitações adequadas à população alvo.

Contudo, é necessário fazer algumas considerações sobre o tipo de serviço apresentado nas cantinas. Segundo um estudo que comparou as cantinas com serviço de buffet e à la carte, verificou-se que as primeiras encorajam as pessoas a combinar diferentes opções, incluindo saladas, frutas e snacks de hortícolas, podendo assim aumentar a variedade da refeição. (48) Este estudo apresenta limitações, pois não se encontra descrita a forma como os hortícolas foram consumidos pelos participantes, os métodos de confecção, se lhe foi adicionada gordura e qual o tipo e quantidade adicionada, que molhos estavam disponíveis, etc. As cantinas com um serviço a la carte podem promover a ingestão de frutas e hortícolas, utilizando como estratégias a venda de uma refeição, em conjunto com uma salada ou fruta, a preço fixo, podendo este ser menor, do que nos outros pratos. No entanto, existem evidências científicas que relacionam a variedade (das cantinas com serviço do tipo buffet) com uma maior ingestão de alimentos. Este aumento deverá ser desprezado caso corresponda a uma maior ingestão de fruta e hortícolas, devido à composição nutricional destes alimentos (grande volume, alto teor de água e baixa densidade energética). (48)

Os refeitórios e as kitchenettes apresentam uma variedade alimentar geralmente menor do que as cantinas, uma vez que o equipamento disponível é mais limitado do que numa cozinha de maiores dimensões, podendo

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comprometer a qualidade organoléptica dos alimentos (sabor, textura, aroma e cor). Se estas instalações não se adequarem às características da empresa (número de trabalhadores, locais reservados, sem ambientes poluídos, poeiras, barulho, odores, etc.) não atingirão o objectivo desejado, levando à fraca adesão por parte dos trabalhadores. (2)

O comércio local pode constituir uma alternativa nutritiva e económica. Estas opções são boas para o sector de trabalho informal, como o da construção civil ou outras actividades laborais semelhantes que não tenham infra-estruturas de trabalho. A Food and Agriculture Organization (FAO) e a OMS têm levado a cabo acções que visam melhorar a segurança alimentar do comércio de rua. (2) Nestes casos, a localização do trabalho está em constante mudança e as condições em que se efectuam as refeições variam de local para local, conforme o tipo de estabelecimentos e serviços disponíveis. É necessário ter este factor em atenção, pois se estas não apresentarem equipamento confortável e limpo, e um ambiente agradável, poderão afectar de forma negativa a qualidade da refeição.

No caso de grandes empresas de construção civil, por exemplo, justifica-se a utilização de “cantinas móveis”, adequada do ponto de vista de segurança alimentar e com condições de conforto para os seus trabalhadores realizarem as suas refeições.

Para que as acções de promoção da saúde alcancem a eficácia desejada é necessário garantir a adesão e participação dos indivíduos ao longo do programa.

(56, 82)

A escolha da população alvo e sua caracterização poderão servir para o planeamento de estratégias, assegurando que estas atinjam as necessidades, interesses e prioridades dos trabalhadores. (4, 52)

(42)

Existem algumas características dos trabalhadores que podem afectar a sua participação nos programas. Vários estudos comprovaram que os indivíduos do sexo masculino demonstravam menor preocupação com questões de saúde, quando comparados com os seus pares do sexo feminino. O nível de formação académico e o estrato social também parecem influenciar a sua participação nestas iniciativas e, consequentemente, determinar o seu sucesso.(52, 82)

Sorensen G. et al sugeriram que a abordagem de outras questões relacionadas com a saúde no local de trabalho nestes programas (como por exemplo, a exposição potencial a riscos ocupacionais) poderia constituir um bom método para aumentar a participação dos trabalhadores. (52)

7.CONCLUSÃO

A alimentação no local de trabalho representa um papel essencial não só na melhoria da saúde dos trabalhadores e da população em geral, mas também no aumento da produtividade e competitividade das empresas. Os benefícios económicos para estas, bem como para as nações é um factor muitas vezes desconhecido e desvalorizado.

Ao contrário de outros países, em Portugal, a alimentação no local de trabalho constitui uma área pouco desenvolvida e as empresas estão pouco sensibilizadas para a importância desta questão. A implementação de programas de promoção de hábitos alimentares saudáveis nos locais de trabalho portugueses, constitui uma medida urgente e necessária, no qual o nutricionista deverá ter uma voz activa.

São necessários mais dados em relação à população activa portuguesa e estudos analíticos relacionados com a saúde dos trabalhadores e respectivos

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custos. Adicionalmente, é ainda indispensável conhecer e perceber quais as condições de trabalho que vigoram em Portugal.

Os programas de promoção de hábitos alimentares saudáveis realizados noutros países necessitam de ser implementados e avaliados na população portuguesa, de modo a testar a sua eficácia.

Apesar da alimentação no trabalho ser uma área pouco desenvolvida em Portugal, constitui uma oportunidade laboral para o nutricionista alargar o seu campo de actuação.

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Figura 1 – Ciclo da má alimentação e da baixa produtividade de um país
Tabela 1 – Perda do rendimento nacional atribuídos às doenças cardíacas,  enfartes e diabetes de alguns países, 2005-2015 (milhares de milhões de  doláres – valor de 1998)
Tabela 2 - Gastos de energia com algumas actividades ocupacionais  Males Females  Activity  Average  PAR  Par  RAnge  Average PAR  PAR  Range  Bakery work     2,5  Brewery Work     2,9  Brickmaker:  Earth cutting  5,6  5,5-5,7  Making mud bricks (squatting
Tabela 2 - Gastos de energia com algumas actividades ocupacionais  (continuação)  Males Females  Activity  Average  PAR  Par  RAnge  Average PAR  PAR  Range  Forester:  Tree cutting  6,9  5,4-8,0  Sawing 5,7  Planting trees  4,1  Nursery work  3,6  Militar
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