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EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, INCLUSÃO E MOBILIDADE SOCIAL

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Academic year: 2020

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EDUCAÇÃO à DISTÂNCIA , INCLUSÃO E MOBILIDADE SOCIAL.

Prof. Dr.José Antonio Vianna. Universidade Estácio de Sá Resumo.

No presente ensaio, procuramos fazer uma análise e reflexão da rápida evolução nas Tecnologias da Informação (TI) e o seu impacto no processo de ensino aprendizagem presencial e online, bem como discutir as possibilidades da EaD como mais um meio de inserção e mobilidade social. Para dar luz ao tema, procuramos discutir aspectos relacionados à educação, tais como mobilidade social, legislação da EaD no Brasil, a relação professor aluno e as metodologias de ensino com foco na autoformação. Propomos entender que a EaD apresenta-se como um instrumento poderoso para a otimização do processo de ensino aprendizagem e para a diminuição das desigualdades das oportunidades escolares.

Palavras-chave: Educação a Distância; Inclusão Social; Ensino-aprendizagem.

Abstract.

In the present essay, we look for making an analysis and reflection of the fast evolution in the Information Technologies (IT) and its impact in the education process of actual learning and online, as well as discuss the possibilities of the EaD as one way more of social insertion and mobility. To give light to the subject, we look for discussing aspects related to the education, such as social mobility, legislation of the EaD in Brazil, the relation teacher pupil and the methodologies of education with focus in the selth-taught graduation. We understand that the EaD is presented as a powerful instrument for the optimization of the teach-learning process and for the reduction of the inaqualities pertaining to school opportunities.

Key-Word: Education in the distance; Social inclusion; Teach-learning.

Novas tecnologias educacionais e a prática docente.

A impressionante velocidade de produção, recriação e transformação oportunizada pelo mundo digital, já se encontra inserida no universo de novas gerações que têm acesso a este novo

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mundo. No entanto, os avanços do mundo digital parecem tão próximos de poucos e, ao mesmo tempo, tão distantes da maioria dos alunos dos cursos regulares no Brasil.

Embora a desigualdade no acesso a mais este bem cultural seja uma característica da sociedade brasileira, cabe destacar que o universo virtual de possibilidades infinitas já existe. Mesmo ainda restrito aos indivíduos com maior acesso aos bens culturais, este universo tende a alcançar a todos. Lançar mão das possibilidades do mundo virtual pode significar a melhoria da qualidade da educação a distancia (EaD) ou mesmo da educação presencial, o que pode contribuir para a diminuição das desigualdades das oportunidades educacionais.

Ao que tudo indica, necessitamos no meio educacional de uma transformação da prática docente e a sensibilização da maioria dos nossos alunos para a irreversibilidade deste processo. Mais do que isso, dar competências a ambos para que os mesmos sejam mais seletivos neste processo de auto construção.

Ao envolver-se no mundo virtual, o docente poderá exercer com maior eficiência a mediação entre objetivos, conteúdos e metodologias necessária para estimular no aluno o processo de auto formação continuada.

Os professores Marco Silva e Edméia Santos1 destacam aspectos necessários à melhoria da EaD no Brasil. Em oposição ao paradigma tradicional unidirecional característico da educação presencial2, coloca-se a interatividade e a aprendizagem colaborativa e dialógica, que procuram estimular a co-criação e a autoria crítica e colaborativa. Nesta nova perspectiva o professor Marco Silva (SILVA, 2005) sugere como alternativa metodológica a oferta de proposições que admitam a imersão e participação do aluno, que cria, modifica e constrói o conhecimento. A disponibilização de experimentações variadas, conexões em rede e a formulação de problemas em chat, fórum, vídeo e áudio conferência, conexões com outros sites e intertextualidades possibilitam a comparação de vários pontos de vista e a construção de uma perspectiva pessoal.

Na configuração deste novo processo encontramos o professor mediador entre os conteúdos disponibilizados pelas novas tecnologias, cujo papel seria o de orientar e estimular a

1 Entrevista concedida a revista virtual Paideia.

2 Mizukami (1986) discute as teorias educacionais, apresentando a escola Tradicional cujo foco encontra-se na

autoridade do professor e na transmissão de conhecimentos, que devem ser assimilados de forma passiva pelos alunos.

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construção de conhecimentos através das novas redes de relacionamentos virtuais de alunos imersos em um novo mundo digital.

Ao que tudo indica, a demanda deste alunado é ao mesmo tempo real e virtual, na medida em que alguns alunos já se encontram inseridos neste novo mundo. No entanto, transforma-se em virtual, visto que deve ser uma preocupação docente estar preparado para uma demanda crescente de um grande universo de alunos analfabetos digitais, que chegam ao nível superior sem conhecimentos básicos de informática, necessários á sua vida acadêmica, social e profissional.

Assim, parece ser necessário ao professor estimular o corpo discente aprender a aprender e resolver os problemas de aprendizagem neste novo contexto.

EaD e mobilidade social.

O otimismo do professor Vianney (2008), visionário da Educação a Distância (EaD), apresenta-se concretizado pelos dados do ENADE 2005-2006, que indicam o melhor desempenho dos alunos de EaD quando comparados com o desempenho de alunos de cursos presenciais, jogando por terra algumas desconfianças quanto a qualidade, impacto e abrangência da educação a distância. Vemos que a EaD pode atender a demanda reprimida de acesso ao ensino superior no Brasil.

O boom de acesso ao nível superior, seguido de grande evasão observados nos últimos anos, é um retrato da desigualdade das oportunidades educacionais no país. Estudos do professor José Pastore têm apontado para a tendência de circularidade na mobilidade social em que o peso da qualificação, educação e competência são maiores e a competição por ascensão social deve ser amparada por uma educação de melhor qualidade (PASTORE e SILVA, 2000).

A busca por mobilidade social exerce pressão para que ocorra maior procura por educação que, por sua vez, pode resultar em mais desigualdade devido à disparidade no acesso a educação de qualidade ou aos impedimentos sociais e econômicos no acesso à educação.

Ao que tudo indica, a EaD pode contribuir para solucionar a questão da desigualdade no acesso a educação de qualidade e na flexibilidade no acesso. No que diz respeito à qualidade, temos de considerar que independente do sistema de ensino, se privado ou público, quando utilizados os indicadores de qualidade da educação mundial, a educação brasileira não se encontra nos níveis mais elevados (PASTORE, 2004).

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O fato de a EaD estar sendo utilizada com sucesso em outros países pode servir como referência para a adoção dos instrumentos que contribuam para a melhoria da qualidade da educação brasileira. Ao equiparar a qualidade da educação nacional com a educação de países de primeiro mundo, estaremos contribuindo para o desenvolvimento dos indivíduos e para o desenvolvimento sócio econômico e tecnológico nacional.

No entanto, nos deparamos com mais uma limitação no que diz respeito ao acesso da maioria da população brasileira a Tecnologia da Informação. O crescente número de lares e escolas com computadores conectados a internet ainda é tímido se comparados à necessidade de democratização no acesso para formação educacional.

Legislação e ampliação das oportunidades educacionais.

O texto do professor Giovanni Farias (2006) faz uma análise da EaD no Brasil sob a perspectiva da legislação. Segundo o autor, encontra-se na LDB 9394/96 a primeira referência ao ensino à distância no Brasil. No art. 32 da LDB existe a informação de que a EaD não substitui o ensino presencial, enquanto o art. 47 a fixa em 200 dias úteis. De forma geral, a LDB de 1996 dá margem a regulamentação posterior através de leis complementares e decretos, sendo a Portaria 4059/04 e o Decreto 5622/05 essenciais no processo de regulamentação.

Encontramos na portaria 4059/04 a autorização para que 20% da carga horária das disciplinas curriculares ocorra em regime semi-presencial, determinando que aconteçam encontros presenciais, com destaque para a importância da avaliação presencial e para a necessidade de tutores capacitados.

O decreto 5622/05 situa a avaliação presencial como a avaliação mais importante do processo de EaD. Estabelece também que os cursos de EaD devem ter a mesma carga horária dos cursos presenciais - com equivalência entre os cursos de EaD e os cursos presenciais no que diz respeito a carga horária (art. 3) e ao diploma (art. 5). Pode-se perceber a preocupação em adotar critérios de valorização da EaD, sem que haja prejuízos para os alunos se comparados este tipo de formação com a educação presencial.

A intervenção do Estado Brasileiro parece ter sido fundamental para a expansão da EaD no Brasil. Quando passou de normatizador (1996/2001) a agente de implementação e de financiamento (2003/2006), houve um crescimento em torno de 100% no número de alunos

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cursando EaD, praticamente dobrando o número de cursos de educação superior oferecidos. O Cenário da EaD no Brasil surpreende pelos números que demonstram o crescimento e abrangência desta modalidade de ensino (VIANNEY, 2008).

A resistência em aceitar esta nova modalidade de ensino parece circular pelas características culturais da educação brasileira assim como pelos interesses econômicos de grupos sociais interessados na manutenção de privilégios ou poder, o que resulta em acentuação das desigualdades sociais e educacionais.

Parece haver também uma tendência nos diversos grupos sociais em resistir às inovações, o que poderia gerar desequilíbrios e inquietações entre os seus membros.

A desconfiança, resistência e pré conceitos em relação à EaD pode nos levar a outros motivos além do simples medo gerado pelo novo. Norbert Elias (2000) observou que as críticas feitas pelos grupos mais antigos que dominavam pontos sociais estratégicos, sobre o grupo de sujeitos mais novos que procuravam espaço no meio social, escondiam as relações de poder entre os já estabelecidos e os outsiders – aqueles colocados a margem da sociedade. As críticas estabelecidas pelos primeiros tinham como objetivos a manutenção de seus privilégios e poder e o seu efeito era a desorganização dos outsiders, que não conseguiam se contrapor ao discurso desestruturante.

Assim, podemos suspeitar que no debate entre o ensino presencial e o crescimento e aceitação da EaD, se encontrem outros interesses além da qualidade da formação.

Ao que tudo indica, ainda existe um longo processo para tornar a EaD realmente inclusiva, e a superação dos ’espinhos’ do caminho encontra-se na ’qualidade e luta’ que contribua na transformação de uma perspectiva cultural de sobrevalorização do paradigma de educação tradicional. A convergência da educação presencial e da educação virtual pode ser o caminho.

A perspectiva de auto formação.

O protagonismo do aluno parece ser a tônica do EaD. Os diversos recursos, mídias, linguagens devem estar em ambientes facilitadores da aprendizagem, a serviço da autoformação de alunos que devem ter nos professores parceiros-orientadores neste processo.

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Neste espaço de crescimento mútuo, professor e aluno devem estar em interação permanente em ações de troca, pesquisa e produção conjunta. Para otimização deste processo ambos necessitam de infra-estrutura, materiais e de uma equipe inter-disciplinar que favoreçam o planejamento e a criação de ambientes de aprendizagem que facilitem a criatividade e a autonomia. Conforme Moran (2005), um curso que estimule as aprendizagens significativas dos alunos, deve ser flexível, a fim de se adaptar aos seus interesses e necessidades.

O debate sobre as novas gerações chamadas de “nativos digitais” e as gerações de indivíduos que estão se inserindo no mundo vitual – “imigrantes digitais”, sugere uma dicotomia no processo ensino-aprendizagem, como se a educação pudesse estar totalmente desvinculada de valores, comportamentos e conhecimentos históricos, estabelecidos culturalmente. Algumas referências feitas aos imigrantes digitais não parecem notar que foi a partir destes que o novo mundo dos nativos digitais se tornou possível.

Ocorre um descompasso entre as preocupações na educação digital e na educação convencional, como se esta última não tenha vivenciado ela própria, um processo de reflexão permanente que tem levado ao aparecimento de diferentes teorias e metodologias educacionais com o princípio de atender aos interesses e necessidades dos alunos - a idéia de interatividade presente nos textos sobre EaD pode ser encontrada em teorias da educação e nas propostas construtivistas.

Se as expectativas dos alunos se modificam é porque a cultura é dinâmica, transformando os indivíduos e sendo transformada por eles. O conceito de que o indivíduo tem total liberdade3 não pode ser confundido com autonomia, que só pode ser alcançada quando o sujeito se relaciona com um mundo real - não o mundo ideal, e toma decisões conforme seus interesses (ARANHA, 2006).

Portanto, não podemos cair na armadilha de que vivemos em um mundo utópico, que se modifica independente das vontades individuais. Ao que me parece, o princípio de uma educação dialógica encontra-se na relação necessária do indivíduo com o meio físico e social. Desta relação bastante discutida nas teorias sócio-interacionistas pode se dar a conscientização de que deve-se superar a dicotomia sujeito/objeto (FREIRE, 1996), em que a autonomia reside na possibilidade

3 Fazemos referencia ao conceito de livre arbítrio em perspectiva filosófica encontrado no texto de Aranha e Martins

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de tomar decisões conforme os interesses pessoais e as contingências de um mundo social, mesmo aquelas que queremos transformar.

A crítica pela crítica parece refletir uma visão etnocêntrica em que ocorre uma sobrevalorização étnica e cultural nativa e a desvalorização da raça ou cultura alheia.

No mesmo sentido, tento entender o brilhantismo e a criatividade de um artista sem as bases que lhe tenham dado suporte. Será que sem dominar os acordes básicos do piano Mozart seria tão brilhante?

Será possível escrever poesias sem os conhecimentos da gramática e da ortografia? Pode-se criar, reinventar, a partir do nada? Ou Pode-será necessário algum suporte prévio para dar sustentação às admiráveis realizações dos gênios? Será que Santos Dumont teria inventado um

’caixote que voa’ sem ter conhecimentos básicos da física, da aerodinâmica e de outros

conhecimentos necessários?

Novos recursos a serviço da educação de qualidade.

Ao que tudo indica, promover a inclusão digital é admitir as limitações sócio-estruturais da educação brasileira, que reflete uma estrutura social hierarquizada, que privilegia os indivíduos com maior renda. Estes sujeitos são os que têm maior acesso aos bens culturais, entre eles a educação, enquanto os que têm menor renda são os que possuem menor acesso aos bens culturais (Kruppa, 1994).

Da mesma forma que a discussão no meio escolar está se deslocando para o que acontece “dentro da escola”, como a qualidade dos profissionais e a melhoria das aulas, parece pertinente a discussão em EaD destacar a qualificação dos agentes do processo de inclusão social a um status de protagonismo, participação e co-criação dos alunos, ultrapassando a mera utilização ou acesso aos meios tecnológicos disponíveis (SILVA, 2005) - em que se pese a desigualdade de oportunidades no acesso a TI.

Podemos observar que alguns projetos de inclusão digital, oferecem basicamente o acesso ao meio digital, bem como alguns cursos de EaD fundam-se em atividades dirigidas. Segundo Silva (2005) a construção da autonomia em EaD se dá na experimentação e interatividade, na elaboração conjunta professor / aluno, que leva a inclusão do aluno como autor e co-autor no ambiente. Como um dos aspectos para a melhoria da formação escolar dos alunos, torna-se

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necessário superar a passividade característica dos modelos de transmissão, presentes nos cursos presenciais e em EaD.

O mundo contemporâneo e a formação para a autonomia.

Embora as idéias em defesa de uma pós-modernidade ainda seja alvo de críticas, as transformações sociais recentes são inegáveis. Questiona-se se estas poderiam ser generalizadas a todos os grupos humanos ou a todas as classes sociais. Outros afirmam que os argumentos em prol de uma pós-modernidade se configuram em um discurso ideológico no sentido de recompor a hegemonia do sistema capitalista.

As críticas aos paradigmas anteriores, às verdades estabelecidas revelam a complexidade do mundo contemporâneo, em que podem ocorrer fenômenos opostos, mas complementares (MORIN, 2002).

No entanto o questionamento das verdades absolutas e de instituições da modernidade pode levar ao efeito perverso da negação do seu papel e de sua importância. A educação escolar pode ser tomada como exemplo.

Por outro lado, entender a complexidade do mundo é aceitar a multiplicidade de culturas, de valores e de representações. Seria então um paradoxo afirmar que em um mundo polifônico exista consenso sobre as representações sobre a escola e o seu valor.

Considerando que uma das principais características da sociedade brasileira, construída historicamente, seja a desigualdade de oportunidades sociais e educacionais, pode haver outros fatores além das transformações recentes do mundo capitalista, que tenham conduzido a uma desvalorização da escola e dos seus agentes.

Investigações realizadas com sujeitos das classes populares revelam que a educação escolar ainda é um valor importante. Os indivíduos continuam a ver na escola um meio de mobilidade social (VIANNA, 2007).

Levantamentos recentes informam que 90% dos alunos do ensino fundamental e médio, estão matriculados em escolas públicas, o que sugere que em sua maioria, os estudantes pertencem a classes sociais que têm menos acesso aos bens culturais - entre eles ao meio digital.

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Podemos supor que o processo seletivo imposto pelas barreiras sociais e pela própria escola, selecione para o ensino superior aqueles sujeitos ’nativos digitais’. No entanto, observamos que os jovens que ingressam nos cursos de graduação estão mais marcados pelo imediatismo, pelo individualismo, pela passividade do que pelas demais características do nativo digital.

Penso que formar um indivíduo crítico e autônomo passa por formar um indivíduo no mundo e com o mundo, capaz de perceber e refletir sobre as limitações sociais e estruturais à sua volta e tomar decisões em função de seus próprios interesses e dos interesses coletivos. Assim, conhecer o mundo em que vive e os antecedentes históricos que o condiciona parece ser central para a autonomia e a transcendência. Abrir mão de conhecimentos necessários à análise e crítica dos fenômenos contemporâneos abre espaços para os seguintes questionamentos que são próprios da autonomia e do senso crítico: Julgar? Avaliar? Decidir? Criar?... A partir de que?

Individualidade e flexibilidade em EaD.

Defendido desde o movimento renovador da educação brasileira - que se colocava em oposição à pedagogia tradicional, a individualização do processo de ensino - com foco no aluno, ganhou força no pensamento pedagógico nacional. Não se trata de uma resignificação do ensino aristocrático, mas do respeito às individualidades, no reconhecimento de que cada indivíduo é único em seus interesses, necessidades, potencialidades e limitações - podemos citar como exemplo o reconhecimento recente de que os indivíduos possuem múltiplas inteligências. Assim, a aproximação entre professor e aluno viria a transformar as relações pedagógicas no sentido de maximizar a individualização do processo. No entanto, as metodologias de massificação poderiam não atender aos pressupostos colocados anteriormente, trazendo a necessidade de novas estratégias de ensino.

Nota-se que nem sempre as investigações científicas e as inovações tecnológicas seguiram simultaneamente à prática pedagógica, gerando descompasso que varia desde a formação/atualização do professor até a infra-estrutura escolar.

Por outro lado, observamos na tradição do ensino superior brasileiro a admissão de pesquisadores sem formação pedagógica para ministrar aulas em cursos de graduação - os cursos de metodologia do ensino superior procuram suprir esta lacuna. Sem formação na área

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pedagógica, estes profissionais tendem a adotar metodologias de ensino que não privilegiam a auto formação, mas um processo de heteroformação, o que tem sido alvo de críticas feitas pelos alunos (GIL, 2006).

A falta de conhecimentos pedagógicos necessários a esta função, leva os professores a centrarem o processo no ensino, sem a percepção de que existe a aprendizagem e esta é individual.

Somada as diferenças pessoais, os jovens e adultos que ingressam no nível superior são marcados pela diversidade cultural, típica da sociedade brasileira. Para atender a alteridade o educador precisa lançar mão de várias estratégias de ensino - instrumentos que podem contribuir para atender as diferenças individuais e culturais.

A EaD parece atentar para esta particularidade, oportunizando aos alunos com características pessoais, sócio-econômicas e culturais distintas, flexibilidade de tempo e de espaço para cumprirem as tarefas acadêmicas conforme seus próprios, interesses, gostos e necessidades, o que pode contribuir para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.

Comentário final.

Tanto no ensino presencial quanto no ensino online, existem exemplos da pobre formação dos alunos quando o foco do processo de ensino é centrado na figura do professor. Em ambos os ambientes de aprendizagem existem possibilidades de oportunizar ao aluno a auto formação.

Ao que tudo indica, o ensino online pode possibilitar ao estudante ultrapassar a aprendizagem linear. A riqueza de materiais torna infinitas as possibilidades tanto para o orientador do processo quanto para o aluno. Ao lançar mão das diversas linguagens e ao estimular os alunos na busca de novas informações, o professor favorece a reflexão, a transcendência e a autonomia.

Portanto, a EaD apresenta-se como um instrumento poderoso para a otimização do processo de ensino aprendizagem e para a diminuição das desigualdades das oportunidades escolares.

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Contatos:

José Antonio Vianna

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CEP 20531-690

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