AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS VISUAL, RADIOGRÁFICO INTERPROXIMAL, RESISTÊNCIA ELÉTRICA E LASER NO DIAGNÓSTICO DE LEVIES DE CÁRIE
OCLUSAL
Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Especialização em Odontopediatria, da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do titulo de Especialista em odontopediatria.
00 Orientadora: Prof. Dra. Izabel Cristina
Santos Almeida
FLORIANÓPOLIS 2002
AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS VISUAL, RADIOGRAFICO INTERPROXIMAL, RESISTÊNCIA ELÉTRICA E LASER NO DIAGNOSTICO DE LESÕES DE CARIE
OCLUSAL
Este trabalho de conclusão foi julgado adequado para obtenção do titulo de Especialista em Odontopediatria e aprovado em sua forma final pelo curso de Especialização em Odontopediatria.
Florianópolis, 4 de dezembro de 2002.
Banca Examinadora Prof Dra. Izabel Cristina Santos Almeida
Presidente
Prof. Dr. Ricardo de Sousa Vieira Membro
Prof. Dra. Maria José de Carvalho Rocha Membro
Prof Dra. Vera Lúcio Bosco
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
RESUMO
Devido a diminuição da prevalência da carie oclusa!, atribuída principalmente ao uso de fluoretos, o diagnóstico das lesões tem ficado cada vez mais dificultado, principalmente no caso daquelas que se desenvolvem em dentina sob o esmalte integro, conhecidas como "caries ocultas". Em virtude desta dificuldade, têm surgido no mercado novos métodos de
diagnóstico, como os exames através da resistência elétrica (ECM) e do laser diodo. Entendendo-se este problema, foi realizada uma revisão da literatura, a partir de 1995,
abordando estes novos métodos, bem como os tradicionais exames visual e radiográfico, a fim
de investigar qual deles é o mais adequado para o diagnóstico das lesões de carie oclusal.
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
ABSTRACT
Due to the decrease of the dental caries, because of the presence of fluoride , the diagnosis of the lesions is now more difficult, specially those ones that affects dentin, under intact enamel, called "hidden caries". In consequence of this difficult, new methods of diagnostic have been developed, like electrical resistance measurements and laser device. It was made a review of the publications since 1995 to evaluate the new methods and the traditional methods, like visual inspection and bite-wing radiography, to determinate which one is more appropriate on the detection of occlusal caries.
RESUMO
ABSTRACT
1 IN-
mop
u c:Ão2 PROPOSIÇÃO 3
3 REVISÃO DE LITERATURA 4
4 DISCUSSÃO 31
4.1 Monitor elétrico de cárie 31
4.2 Laser diodo (Diagnodent-Kavo) 34
4.3 Exame visual 37
4.4 Exame radiográfico 40
5 CONCLUSÕES 44
Apesar do declínio na prevalência da doença carie, que vem ocorrendo na maioria dos países industrializados, a distribuição das lesões vem sendo alterada, sendo as superficies oclusais mais afetadas do que as superficies proximais (LUSSI et al., 1995). A grande predisposição ao desenvolvimento da doença cárie nas fissuras é atribuida principalmente sua complexa morfologia, à presença de restos orgânicos do epitélio reduzido do órgão do esmalte e à película adquirida (ZANDONA et al., 1998). Nos últimos anos, devido ao incremento no uso de fluoretos, estas lesões vêm se desenvolvendo na dentina sem haver a destruição do esmalte, o que os autores denominam "cárie oculta". Para o diagnóstico deste tipo de lesão, o exame visual, realizado isoladamente, é ineficaz (MACHIULSKIENE; NYVAD; BAELUM, 1999). Nestes casos, o exame radiográfico interproximal tem sido indicado como um importante aliado do exame visual na detecção destas lesões, porém num estudo de Louvain et al. (2001) apenas 31,1% dos cirurgiões-dentistas avaliados na amostra utilizavam este tipo de radiografia, o que demonstra uma falta de conhecimento a respeito do assunto.
0 correto diagnóstico tem extrema importância, pois dele depende o tratamento indicado. Segundo Oliveira; Assunção; SA (1999) quando há dúvidas a respeito do diagnóstico, há um predomínio de tratamentos invasivos nas superfícies oclusais, o que é inadmissível nos dias de hoje.
Com a finalidade de aprimorar o diagnóstico das lesões de carie, principalmente em seus estágios inicias, tern sido desenvolvidos novos métodos, como a leitura da resistência
A
proposiçãodeste trabalho foi descrever os novos métodos, assim como os exames
visual e
radiográfico,procurando deft/1k qual a melhor maneira de se fazer um
diagnóstico2 PROPOSIÇÃO
Este estudo, mediante uma revisão de literatura à partir de 1995, teve como objetivos:
a) Descrever os mais novos métodos de diagnóstico de lesão de cárie oclusal, sendo eles
o
medidor de resistência elétrica (Electrical Caries Monitor- ECM)e o
laser diodo(Diagnodent- Kayo);
b) Analisar comparativamente os novos métodos
e
os exames tradicionais- exame visual,com
e
semo
auxilio da sonda exploradorae
a radiografia interproximal;c) determinar qual
o
método mais eficaz na detecção das lesões de cárie em superficie3 REVISÃO DE LITERATURA
Lussi et al. (1995) testaram, in vivo, um medidor de resistência elétrica, Electrical
Caries Monitor- ECM com a fmalidade de avaliar sua eficiência na detecção de lesões de
cárie
oclusais de dentes sem cavitaçãovisível
macroscopicamente. Foram examinados 22terceiros molares por seis dentistas,
e
depois os dentes foram extraídose
analisadoshistologicamente.
Após
a extração, os dentes foram também radiografados pela técnicabite-wing. Os resultados mostraram que
o
ECM teve uma alta sensibilidade (0,93) mas uma baixaespecificidade (0,77). A radiografia teve sensibilidade mais baixa (0,66)
e
especificidadeidêntica (0,77). A
concordância
intra-examinador foi excelente como
ECM (0,85),e
ainterexaminador também foi harmônica, sendo que dos 126
sítios
examinados, houvediscordância em apenas dois. Os autores
concluíram
que a ECMé viável
para a detecção delesões de
cárie oclusa!,
porém, devido à baixa especificidade,o
número de diagnósticosfalso-positivo
é
elevado,o
que poderia resultar em tratamento desnecessário. A altaconcordância
intra-examinador torna este método ideal para
o
monitoramento de lesões, verificando se estáhavendo progressão ou remineralização.
Ricketts et al. (1996) estudaram
o
protótipo de um equipamento para detecção delesões de
cárie
através da_ resistência elétrica, a fim de validar, através da radiografiamicrofocal, medições feitas em molares higidos
e
cariados. Os autores avaliaram também arelação entre as medições de resistência elétrica, profundidade da lesão
e
conteúdo mineral doesmalte
e
dentina. Foram utilizados 10 terceiros molaresextraídos,
que haviam estadopresentes na cavidade bucal por pelo menos 2 anos. Após as medições, os dentes foram
seccionados no sentido
vestíbulo
-lingual, incluindoo
sitio que foi investigado,e
feitas asmacroradiografias. Elas foram digitalizadas
e
os diversos graus de cinza foram analisadose
correlacionados ao grau de desmineralização. A sensibilidade
e
a especificidade das mediçõesde resistência elétrica foram calculadas para lesões de cárie de esmalte e dentina e apenas de
dentina através dos resultados da análise das macroradiografias. Os resultados das
macroradiografias mostraram que seis sítios estavam higidos e 24 tinham lesões oclusais,
sendo que 14 envolviam a dentina. Os autores indicaram a leitura de 2,2 MO como sendo a
melhor para definir o limite higido/cariado, dando uma sensibilidade de 92% e especificidade
de 100% para lesões em esmalte e dentina (0 a 2,2 cariado, >2,2 higido). Os indices de
concordância foram de 0,82+3,0% no sitio menos desmineralizado do esmalte e de 0,48
+1,96% no sitio mais desmineralizado do esmalte. Pela análise dos resultados os autores
concluíram que lesões que apresentavam indices abaixo de 2,2 MCI tinham uma melhor
correlação com o grau de desmineralização do que com a profundidade da lesão, o que é
importante clinicamente, uma vez que obtendo-se o grau de desmineralização, pode-se prever
uma possível remineralização, e desta forma o monitoramento da lesão pode ser possível.
Além disso, a sensibilidade e a especificidade encontradas foram elevadas para o protótipo.
Cayley e Holt (1997) realizaram um estudo com a finalidade de observar o efeito de
um exercício de treinamento na capacidade de reprodução e na validação do diagnóstico de
lesões de cárie oclusal. Participaram do estudo 11 Odontopediatras, que analisaram 60 dentes,
principalmente primeiros molares, através do exame visual (sem sonda) e de radiografias
bite-wing. A classificação dos dentes foi dada como: 1- definitivamente cariado; 2-provavelmente
cariado; 3- incerteza; 4- provavelmente higido; 5- defmitivamente higido. Foram
reexaminados 30 dentes para testar a capacidade de reprodução intra-examinador. O exercício
de treinamento foi feito 2 semanas após o primeiro exame. Foi pedido para que os sete
dentistas que participaram do treinamento fizessem uma lista contendo os critérios que eles
utilizavam para o diagnóstico da lesão de cárie oclusa!, sendo eles:
a) visual: cavitação, descoloração, manchamento, lesão branca, descalcificação, sombra,
b) radiográfico: sombra na dentina, profundidade da radiolucidez, intensidade da
radiolucidez, posição da radiolucidez, superposição, tamanho da câmara pulpar.
0 segundo exame foi feito 2 semanas após
o
treinamento,e
em seguida os dentesforam seccionados para que se obtivesse
o
"padrão ouro", que foi estabelecido através dainspeção visual dos dentes seccionados por um dos autores. Nos dois exames, houve
consenso entre eles apenas nos casos de dentes definitivamente hígidos ou definitivamente
cariados. No primeiro exame não houve um diagnóstico predominante para 18 dentes,
e
nosegundo para 16. Os valores da capacidade de reprodução intra-examinador tiveram uma
média de 0,49 no primeiro exame
e
0,62 no segundo, sendo que a variação foiestatisticamente significante. Os 15 denies que tiveram
concordância
de diagnóstico entretodos os examinadores no primeiro exame, coincidiram com
o
diagnóstico do padrão ouro. Nosegundo exame este mesmo fato ocorreu com nove dentes. A sensibilidade no primeiro exame
teve valor médio de 0,65
e
a especificidade de 0,74. No segundo exame as médias foram 0,65e
0,72 respectivamente. A capacidade de reprodução interexaminador foi baixa, com valoresde 0,30 no primeiro exame
e
0,27 no segundo, mostrando uma baixa concordância entre osparticipantes do estudo. Através destes resultados os autores concluíram que a influência do
treinamento não foi clara,
e
que poucas evidências de melhora na eficácia do diagnósticopodem ser atribuidas ao exercício.
Neste mesmo ano, Ekstrand; Ricketts;Kidd (1997) realizaram um estudo, in vitro, em
100 dentes (molares
e
pré-molares) como
objetivo de investigar a capacidade de reproduçãode novos métodos de classificação propostos para o exame visual, radiográfico
e
porresistência elétrica (ECM). Além disso, pretendiam também verificar a capacidade de cada
método no diagnóstico da profundidade da lesão
e
avaliar a capacidade de cada método nadetecção de dentina desmineralizada
e
amolecida. Cada dente teve um sitio selecionadoe
foialteração na translucidez do esmalte após secagem prolongada; 1- opacidade ou descoloração
dificilmente visível na superficie molhada, mas facilmente visível na superficie seca; 2 -
opacidade ou descoloração facilmente visível sem secagem; 3 - quebra localizada do esmalte
opaco ou descolorido ou descoloração cinza na dentina adjacente; 4 - cavitação no esmalte
opaco ou descolorido expondo a dentina. Os sítios foram examinados com o ECM e a
eletrocondução variou numa escala de —0,45 a 13,25, sendo a classificação proposta: 0 = de -
0,45 a 1,0; 1 = de 1,1 a 3,0; 2 = de 3,1 a 9,0; 3= de 9,1 a 12; 4 =>12. 0 critério para avaliação
radiográfica foi: 0 - sem radiolucidez visível; 1 - radiolucidez visível no esmalte; 2 -
radio lucidez restrita ao terço externo da dentina; 3 - radiolucidez extendendo-se ao terço
médio da dentina; 4 - radiolucidez no terço pulpar da dentina. Os dentes foram seccionados na
metade e examinados num estereomicroscópio (X5) e a dureza da dentina foi analisada com o
uso de uma sonda perto da junção amelodentindria. A capacidade de reprodução foi analisada
por exames repetidos. Os resultados encontrados para a capacidade de reprodução intra e
interexaminador mostraram um bom nível de concordância para os exames visual e
radiográfico, enquanto para a ECM os resultados foram clinicamente aceitáveis. 0 exame
visual e a ECM foram capazes de definir a profundidade da lesão, tanto no esmalte quanto na
dentina. Quando os níveis 2 e 3 foram utilizados os valores encontrados para sensibilidade e
especificidade foram excelentes. A radiografia apresentou baixos valores de sensibilidade,
não detectando lesões em esmalte e algumas em dentina, enquanto a especificidade
encontrada foi alta quando a radiolucidez se extendia ao terço médio da dentina. A
radiolucidez da radiografia foi um excelente método para predizer a presença de dentina
amolecida, porém, dos dentes classificados com escore 3 pelos métodos visual e ECM, apenas
50% apresentaram dentina amolecida. Os autores concluíram que tanto o exame visual quanto
a ECM podem melhorar a eficiência do diagnóstico se utilizados da maneira correta,
Zandoná et al. (1998) realizaram um estudo, in vitro, com a finalidade de comparar a
sensibilidade e a especificidade do exame visual com o laser fluorescente (LF) e com o laser
fluorescente adicionado de corante (DELF) na detecção de desmineralização nas paredes de
fissuras. Foram estudados três sítios da superficie oclusa! de 150 pré-molares extraídos. Dois
examinadores classificaram os sítios através do exame visual de acordo com a coloração: 0- a
mesma que nas outras regiões; 1 - branco; 2 - marrom claro; 3- marrom/marrom escuro. 0
exame foi feito em duas sessões, separadamente, para a análise da capacidade de reprodução.
0 exame com laser fluorescente (LF) foi feito com laser de argõnio em 0,24W, cuja luz foi
direcionada para o fundo das fissuras. O corante utilizado para o exame DELF foi o sódio
fluorescente 0,075% durante 60 s. As imagens dos exames com LF e DELF foram capturadas
por uma camera e analisadas duas vezes, a fim de se analisar a concordância
intra-examinador. Os dentes foram então seccionados e analisados histologicamente com luz
incandescente transmitida e magnificação 100X. Os dentes foram também analisados com um
microscópio a laser com magnificação 4X e 10X. As fissuras foram divididas em três
categorias: tipo I- fissuras extremamente estreitas; tipo V- largas no topo e gradualmente vão
se estreitando; tipo U- quase o mesmo formato do topo ao fundo. Segundo os achados, o
diagnóstico não sofreu interferência devido à anatomia das fissuras em nenhum dos métodos
testados. De acordo com os resultados obtidos, o exame visual foi inadequado na detecção de
lesões oclusais incipientes restritas ao esmalte, e os maiores valores de concordância
intra-examinador foram encontrados nos exames com DELF. A sensibilidade do LF e do exame
visual com classificação de cor foi semelhante. 0 DELF apresentou valores muito baixos para
a especificidade, o que indica um grande número de diagnósticos falso-positivos. Os autores
concluíram que os métodos testados são melhores do que o exame visual isoladamente na
métodos de diagnóstico, sua maior aplicabilidade
é
na quantificação longitudinal da perdamineral.
Ekstrand et al. (1998) realizaram um estudo in vivo em 35 pacientes, os quais tinham
um terceiro molar irrompido
e
com extração indicada, com os seguintes objetivos: validarhistologicamente a capacidade de detecção de lesões de
cárie
oclusal com os exames visual,radiográfico
e
elétrico; validar histologicamente a capacidade de vários parâmetrosclínicos
para diagnosticar a atividade de lesões oclusais em uma
única
visita; definir um tratamentoadequado
e
validar esta decisão apóso
exame histológico da atividadee
severidade da lesão;validar histologicamente as mudanças no critério visual
e
nas leituras de condução elétricapara monitoramento da atividade das lesões entre dois exames
após
4 meses. No exame iniciala experiência de
cárie,
a higiene orale
a condição gengival foram avaliadas. Foi selecionadauma região da superficie oclusal onde as lesões teriam maiores chances de se desenvolver,
para que ela pudesse ser identificada novamente
após
4 meses. A leitura do teste de conduçãoelétrica foi feita por um terceiro examinador
e
variava numa escala de —0,45 a 13,25. Foramfeitas as radiografias de cada dente,
e
uma proposta de tratamento foi elaborada, variandodesde acompanhamento, instruções de higiene oral, aplicação de flúor
e
selante atérestauração. Após 4 meses os exames foram refeitos, sem
o
conhecimento das classificaçõesprévias. Os dentes foram
extraídos
logo apóso
segundo examee
preparados parao
examehistológico, que mostrou haver dois dentes higidos, seis dentes com desmineralização
limitados à metade externa do esmalte, 15 dentes com desmineralização envolvendo
o
terçoexterno da dentina, oito dentes com desmineralização envolvendo
o
terço médio da dentinae
quatro dentes com desmineralização do terço interno da dentina. Houve uma forte correlação
entre
o
exame histológicoe
a classificação feita através do segundo exame visual, aclassificação por eletrocondução no segundo exame
e
a classificação radiográfica. Baseado noregrediu e três progrediram durante os 4 meses. Baseado nas leituras de eletrocondução, das
13 lesões inativas histologicamente nove ficaram estáveis, três regrediram e uma progrediu.
Das 21 lesões ativas histologicamente 16 ficaram estáveis, uma regrediu e quatro
progrediram. Portanto, a associação entre as mudanças no critério visual e nas leituras de
condução elétrica com rein -do à atividade da lesão foi pobre e insignificante. 0 método de
condução elétrica não foi capaz de monitorar a progressão que ocorreu com algumas lesões ao
longo dos 4 meses. Os autores mostraram que usando o exame visual, ECM e exame
radiográfico das superficies oclusais, três clínicos foram capazes de detectar lesões oclusais,
diagnosticar sua atividade e definir um tratamento lógico.
Huysmans; Longbottom; Pitts (1998) compararam o desempenho de três técnicas de diagnóstico de lesões de cárie através da resistência elétrica com o método visual e a
radiografia bite-wing. Cento e doze dentes extraídos foram analisados por dois examinadores
através de cinco métodos:
a) ECM sitio (método com o suplemento de ar)- foi feito com um protótipo que usava uma
corrente alternada numa freqüência de aproximadamente 21Hz. Os dentes foram
suspensos com suas raizes num gel condutor. A sonda tocava a fissura enquanto o
suplemento de ar foi ativado ao redor da sonda. As leituras variaram entre -0,70 e
13,20;
b) ECM superficie- com o mesmo aparelho utilizado para a ECM sítio, porém as medições
foram feitas sem o auxilio do suplemento de ar, apenas através do toque da sonda na
superficie oclusa!, coberta com o gel condutor;
c) Caries Meter - os dentes foram secos e uma pequena gota de solução salina foi
dispensada sobre o sitio a ser analisado. Luzes indicavam a extensão da carie:
verde-higido; amarelo- carie em esmalte; laranja-cárie em dentina; vermelho- carie atingindo
d) inspeção visual- feita com os dentes secos
e
com auxilio de luze
espelho, semsondagem;
e) radiografias bite-wing- feitas com filme convencional, dois blocos contendo quatro
dentes cada um simulando a posição na boca.
A validação histológica dos resultados foi feita após 8 a 10 meses por dois
observadores. A capacidade de reprodução encontrada foi ruim para a inspeção visual
e
boapara a radiografia
e
as medições como
Caries Meter. Os dois observadores tiveram umasensibilidade mais elevada com os métodos elétricos
e
baixa especificidade. Quando secompararam os métodos elétricos com a radiografia, as diferenças foram menores. ECM
superficie teve uma capacidade de reprodução excelente, enquanto a do Caries Meter foi
reduzida, provavelmente devido à impossibilidade de controlar a quantidade de solução
salina. Comparativamente, os autores
concluíram
que a inspeção visual aindaé
valiosa,especialmente em situações de baixa prevalência de
cárie,
porém, sofre muitas variaçõese
tem baixa sensibilidade. Os métodos elétricos com
o
ECM tiveramo
melhor desempenho,enquanto
o
Caries Meter não foi tão eficaz.Tovo et al. (1998) realizaram um estudo em 50 molares deciduos
extraídos
com afinalidade de medir a capacidade de diagnóstico dos métodos visual, visual-táctil
e
radiográfico. Os exames clinico
e
radiográfico foram realizados por três pós- graduandose o
laudo final foi dado através do exame microscópico. Os 50 dentes foram examinados
inicialmente a olho nu
e
posteriormente como
auxilio de uma sonda número 5. As imagensradiográficas foram feitas com filme adulto pela técnica do paralelismo. Para
o
examemicroscópico os dentes foram seccionados
e
os resultados dos exames clinicoe
radiográficoforam comparados aos resultados do exame
microscópico.
As variáveis de diagnósticoencontradas foram: PV (positivo-verdadeiras), NV (negativo-verdadeiras), FP
(falso-positivos)
e
FN (falso-negativos). 0 grau deconcordância
intrae
interexaminador foi avaliadaatravés do reexame de 50% da amostra. Os resultados da análise no estereomicroscópio
mostraram 14 sítios higidos e 36 com lesão, sendo 25 em esmalte e 11 em dentina. 0 exame
radiográfico apresentou maior especificidade (0,96) e menor sensibilidade (0,57), enquanto os
exames visual e táctil apresentaram resultados semelhantes (especificidade 0,91 e 0,90,
respectivamente e sensibilidade 0,66 e 0,72, respectivamente). Os exames visual X
radiográfico e táctil X radiográfico apresentaram diferenças estatisticamente significantes
quanto A especificidade para os três examinadores. Não houve diferença significante entre os
exames táctil e visual. A concordância interexaminadores foi de 0,55 (visual), 0,77 (táctil) e
0,73 (radiográfico), e a concordância intra-examinador teve média de 0,90 para o examinador
A; 0,96 para o B e 0,61 para o C. Através destes resultados os autores chegaram as seguintes
conclusões: não há diferença entre os exames visual e visual táctil; não há diferença
estatisticamente significante entre o método radiográfico e os outros dois; a concordância
inter-examinadores foi substancial para todos os métodos e intra-examinadores foi de
substancial a quase perfeita; a sensibilidade do exame radiográfico para detectar lesões de
dentina foi baixa; a combinação do exame radiográfico ao
exame
visual aumentou asensibilidade.
Verdonschot et al. (1999) fizeram uma investigação entre 23 membros da European
Organisation for Caries Research (ORCA) em oito países, com a finalidade de avaliar as
variações na decisão quanto ao tipo de tratamento em relação A cárie. Os participantes
receberam 34 fotos de superficies dentárias exibindo lesões de cárie de diversas severidades.
Cada examinador deveria classificar a severidade da lesão como: higido, lesão de cárie em
esmalte, lesão de cárie em dentina ou lesão de cárie pulpar. Deveria também sugerir o tipo de
tratamento indicado (NCA - nenhum cuidado; PCA - cuidado preventivo; OCA - cuidado
operatório e preventivo). Vinte e um indivíduos completaram a tarefa e houve variações
duas fotos, sendo que os maiores indices de incerteza foram nas superfícies oclusais. Em geral
houve consenso sobre os tratamentos a serem feitos de acordo com o estagio da lesão: NCA
para superfícies higidas, PCA para lesões em esmalte e OCA para lesões em dentina e
pulpares. Concluíram que existem variações no diagnóstico e plano de tratamento quando
baseados no simples exame de superficies, sem a oportunidade dos examinadores obterem
informações adicionais. Os autores revisaram toda a literatura publicada desde 1992 mediante
uma meta análise, que consiste na análise estatística de dados numéricos de publicações. No
exame de lesões de carie oclusal, a inspeção visual apresentou pior desempenho, enquanto o
teste de resistência elétrica apresentou os valores mais altos. Na correlação dos métodos de
diagnóstico com a validação histológica da perda mineral, a inspeção visual das superfícies
oclusais, utilizando uma classificação de acordo com a translucidez e integridade do esmalte
após secagem teve os melhores indices (0,90), seguida pelo teste de resistência elétrica (0,82)
Os métodos quantitativos (transiluminação por fibra óptica, resistência elétrica e fluorescência
induzida por laser/luz) também mostraram alta correlação com os indices histológicos, e
apresentaram maior capacidade de detectar pequenas mudanças nas lesões através do tempo.
Os autores concluíram que os novos métodos de diagnóstico devem ser empregados como
auxiliares, salientando contudo, que é importante levar em conta que em crianças e
adolescentes, o risco de cat* pode ser relacionado com fatores que contribuem para o
desenvolvimento da doença como: nível de higiene bucal, contagem de microorganismos
cariogênicos, utilização de flúor e consumo de sacarose. Parâmetros sócio-econômicos e
qualidade da saliva também têm sido empregados. Somente após esta análise completa do
paciente é que se deve tomar a decisão do tipo de tratamento a ser realizado.
Os autores Nyvad; Machiulskiene; Baelum (1999) realizaram um estudo em 889
crianças de 9 a 14 anos com alta incidência de cárie com os seguintes objetivos: descrever um
verificar a capacidade de reprodução deste critério intra e interexaminador num período de 3
anos; comparar o grau de concordância obtido com o novo critério com os sistemas
comumente utilizados. Para tanto, realizaram exames consecutivos durante 3 anos. A cada
ano, 50 crianças foram selecionadas para a verificação da capacidade de reprodução do exame
inter e intra- examinador. Os exames foram feitos independentemente por dois dos autores,
em cadeira odontológica com espelho plano, sonda e secagem de 3 a 5 s, usando os seguintes
critérios: 0 - higido;1 - cárie ativa com superficie intacta; 2 - cárie ativa com superficie
descontinuada; 3 - cárie ativa com cavidade; 4 - cárie inativa com superficie intacta; 5 - cárie
inativa com superfície discontinuada; 6 - cárie inativa com cavidade; 7 - restauração com
superficie higida; 8 - restauração com cárie ativa; 9 - restauração com cárie inativa. A
viabilidade do critério de diagnóstico de cárie intra e interexaminador foi verificada em nível
da superficie dental usando cinco critérios de diagnóstico: sadio X doente (doente incluindo
todos os sinais visíveis da cárie); ativa X inativa (lesões cavitadas e não cavitadas); nível da
cavitação (lesão não cavitada e lesão com discontinuidade consideradas higidas); nível da
discontinuidade (cáries não cavitadas classificadas como higidas) e nível de cavitação (lesões
não cavitadas e cavidades classificadas como higidas). Os grupos onde houve discordância foram analisados separadamente e as porcentagens de lesões classificadas erroneamente como
não cavitadas ativas e lesões de cárie inativas foram calculadas. A porcentagem de
concordância e os valores para os exames intra e interexaminador foram altos. Ao aplicar-se o
novo critério de diagnóstico a porcentagem de concordância no diagnóstico variou entre
94,2% e 96,2%. Os valores kappa variaram entre 0,74 e 0,85 para os exames intra-examinador
e entre 0,78 e 0,80 para os exames interexaminador. 0 alto nível de viabilidade foi mantido
durante o período de 3 anos. Houve um total de 821 classificações erradas. Destas, 670
(81,6%) envolviam dois diagnósticos de não-cavitação; 257 (31,3%) foram discordâncias
superficies higidas e lesões inativas não cavitadas; 87 (10,6%) foram discordâncias entre
lesões não cavitadas ativas e inativas. Outras 221 classificações erradas envolveram outras
combinações. Os resultados deste estudo demonstraram que a aplicação deste novo critério no
diagnóstico de lesões, numa triagem clinica, pode ser reproduzida pelo mesmo ou por outro
examinador com índice de concordância quase perfeito. Demonstraram também que o novo
critério é efetivo em separar lesões ativas de lesões inativas. Concluiram que o diagnóstico
das lesões de cárie baseado na atividade da lesão pode ser realizado com uma grande
viabilidade, mesmo quando lesões não cavitadas estão consideradas no sistema.
Lussi et al. (1999) realizaram um estudo na Suíça em 105 molares extraídos.
objetivo principal do estudo foi validar histologicamente o uso do sistema de laser
fluorescente (Diagnodent- KaVo) para a detecção e quantificação de lesões de cárie em
superficies oclusais macroscopicamente intactas. Os valores de especificidade, sensibilidade e
indices de concordância foram comparados com um sistema elétrico de freqüência fixa.
Outros objetivos do estudo foram: determinar as melhores áreas para diferenciar a extensão da
lesão; obter dados da capacidade de reprodução do sistema. Primeiramente os autores fizeram
a leitura da fluorescência de uma região higida da superficie lisa, para se determinar um
padrão para cada dente. Este valor foi então subtraído eletronicamente da fluorescência da
região a ser estudada. A regido da superficie oclusal foi selecionada através dos seguintes
critérios: suspeita de lesão através do exame visual, ou no caso de inexistência de indicações
visuais de cárie foi selecionado o local com maior suscetibilidade. A ponta do aparelho foi
localizada na regido determinada e sofreu rotação em torno de um eixo vertical até que se conseguisse a leitura de fluorescência mais alta. Os dentes foram medidos após serem
molhados com uma gota de saliva artificial e secos com o uso da seringa tríplice. Os
resultados encontrados com o sistema a laser foram comparados com as medidas de condução
artificial.
Após
os exames os dentes foram preparados histologicamentee
por meio de métodos gráficose estatísticos,
os limites das lesões foram determinadose
classificados como D2 (lesão decárie
extendendo-se até mais da metade do esmalte)e
D3e
D4 ( lesão de cárie em dentina).A fim de testar a capacidade de reprodução do sistema, 11 dentistas deveriam classificar duas vezes a regiãooclusa!
de 83 molares como
sistema de laser. A classificação de acordo com a leitura do laser foi a seguinte:0 a 4 - ausência de lesão de
cárie
ou lesão limitada à metade externa do esmalte (Di);4,01 a 10 - lesões confinadas ao esmalte com extensão além da metade externa (D2); 10,01 a 18 - lesões limitadas à metade externa da dentina (D3); >18,01 — lesãos extendendo-se à metade interna da dentina (D4). Neste estudoo
laser apresentou melhores resultados na detecção de lesões iniciaise
apresentou maior especificidade do que a ECM, enquanto esta obteve maior sensibilidade em dentes molhados aonível
D3. Devido ao bom desempenho na detecção de lesões de cárie e da excelente capacidade de reprodução, os autores concluíram queo
laser pode ser umótimo
meio para se monitorar longitudinalmente as lesõese
para se estabelecer intervenções preventivas.Machiulskiene; Nyvad; Baelum (1999) realizaram na
Lituânia
um estudo como
objetivo de comparar os diagnósticos clinico e radiográfico para a detecção de lesões de
cárie
radiográfico de 0,94 para as superficies oclusais. Uma comparação entre os diagnósticos
clinico e radiográfico mostra que foi encontrada uma discrepância em 1,945 superficies
oclusais, sendo que 1,853 foram julgadas radiograficamente higidas e clinicamente cariadas
ou restauradas, e 0,92 clinicamente higidas e radiograficamente cariadas ou restauradas. 0
exame radiográfico detectou 1,9% das lesões de esmalte em superficies oclusais e 11,2% das
lesões em dentina, enquanto o exame clinico detectou 38,1 das lesões em esmalte nas
superficies oclusais. Nas lesões em dentina o exame clinico atingiu um percentual máximo de
12,6%. Os autores concluiram que a radiografia bite-wing não foi eficiente para a detecção de
lesões de cárie em dentina nas superficies oclusais, mas obteve melhores resultados no
diagnóstico de lesões em dentina de superficies interproximais (30% a mais que o exame
clinico). 0 exame radiográfico detectou um número significativamente menor de lesões em
esmalte do que o exame clinico. Em contraste com outros estudos, não foi comprovado que a
radiografia bite-wing ajude no diagnóstico de lesões de cárie ocultas.
Oliveira; Assunção; SA (1999) realizaram uma pesquisa na clinica integrada da UFRN,
com o objetivo de verificar a existência ou não de divergência de opinião entre professores e
concluintes do curso de odontologia, no que diz respeito ao diagnóstico de cárie e ao
tratamento das superficies oclusais. 0 estudo foi feito em duas pacientes que possuíam
superficies oclusais com características de higidas ou até com lesão de cárie incipiente. Elas
foram examinadas por 26 alunos do nono período e 19 professores, com o auxilio de espelho e
sonda. 0 diagnóstico foi dividido em higido ou cariado, e o tratamento proposto em invasivo
e não invasivo. Os resultados encontrados com relação aos professores mostraram que o
diagnóstico foi bastante divergente, e que a conduta terapêutica também foi diferente, para as
duas pacientes. Os resultados demonstraram uma tendência predominantemente invasiva.
Com relação aos alunos, os resultados foram preocupantes, havendo um predomínio do
foi 5% maior para os alunos. Os autores concluíram que existe divergência de opinião entre os
professores da UFRN, e entre os professores e alunos, quanto ao diagnóstico e tratamento das
superficies oclusais, havendo predomínio do diagnóstico cariado e da conduta terapêutica
invasiva pelos alunos.
Fernandes et al. (2000) realizaram uma pesquisa, in vivo, em primeiros molares
permanentes (não cavitados) de crianças de 7 a 12. 0 objetivo do estudo foi comparar quatro
métodos de diagnóstico de lesões de cárie oclusa!: inspeção visual, inspeção táctil, radiografia
bite-wing e transiluminação com fibra óptica (FOTI) a fim de determinar qual possui maior
capacidade de detectar lesões incipientes na superfície oclusal. Os dentes foram limpos e em
seguida foram examinados por todos os métodos. A classificação dada pelo exame visual foi:
0= higido; 1= cárie inativa; 2= cárie ativa; 3= cárie ativa e inativa. A classificação do exame
radiográfico foi: 0= higido; 1= cariado com radioluscidez em esmalte ou dentina. 0 critério
usado para validação foi a coincidência de dois ou mais métodos no diagnóstico de carie
ativa. Neste caso, o dente foi aberto e restaurado. A transiluminação foi utilizada como
referência para se verificar a concordância dos métodos, e os resultados mostraram que os
exames radiográfico e táctil tiveram os piores resultados em relação à sensibilidade. A
inspeção visual, por outro lado, se aproximou muito da transiluminação, havendo maior
divergência entre lesão inativa e ativa isoladamente. Concluíram que o FOTI se mostrou o
método mais eficaz para a detecção de lesões de cárie incipientes em superficies oclusais,
porém a inspeção visual ainda pode ser considerada um bom método. 0 exame radiográfico,
em contrapartida, só detecta lesões de dries em dentina, sendo, portanto, mais útil na
detecção de lesões de cárie ocultas do que em lesões incipientes. A inspeção táctil não se
mostrou eficiente, e pode ser ainda um meio de transferencia de infecção de uma regido para
Campos
e
Cordeiro (2000) realizaram um estudo em 90 dentes permanentes como
objetivo de avaliar, in vitro, a efetividade, sensibilidade
e
especificidade dos métodos deinspeção visual, radiográfico
e
videoscópio para o diagnóstico de lesões de carie emsuperficies oclusais. Foram analisados 150
sítios, e o
exame visual foi feito a olho nu como
auxilio de um refletor. Determinavam-se a "ausência de lesão" se
o
esmalte estivesse higidoou com microcavidades,
e
"presença de lesão" se houvesse manchas brancas, mancha brancacom microcavidade, mancha acastanhada ou opaca com cavitação. 0 exame com videoscópio
foi feito com uma microcâmera intra-oral do sistema Acucam, cujas imagens foram passadas
para
o
computadore
analisadas com zoom de 100%. 0 exame radiográfico foi realizado demaneira que se reproduzisse a técnica interproximal. A "ausência de lesão" foi considerada
quando não havia evidência de radiolucidez,
e
a "presença delesão"
quando haviaradiolucidez em esmalte ou dentina. A validação histológica dos três métodos foi feita através
do exame em estereomicroscópio. Os exames foram realizados por um
único
observador. Osresultados encontrados mostraram que
o
exame visual teve um maiornúmero
decoincidências quando comparado ao padrão ouro, seguido pelo exame radiográfico, ficando
o
videoscópio com os piores resultados, pois detectou um menor
número
de lesões. 0 examevisual apresentou sensibilidade de 78,6%
e
especificidade de 42,1%. 0 exame radiográfico apresentou sensibilidade . 80,4%e
especificidade 44,7%, enquanto os valores parao
videoscópio foram 72,3%
e
65,8%, respectivamente. Por estes resultados os autoresconcluíram
que os exames visuale
radiográfico podem ser considerados suficientes para adetecção precoce da lesão de cárie.
Ashley et al. (2000) realizaram um estudo, in vivo, em 316 dentes de adolescentes,
com a finalidade de investigar a habilidade da ECM em predizer
o
desenvolvimento de lesõesde
cárie
nas superficies oclusais de segundos molares permanentes, numperíodo
de 18 meses.a presença ou não de lesão de caie oclusal foi a integridade do esmalte das paredes das
fissuras e a presença de sombra ou opacidade abaixo da fissura. 0 exame com ECM foi feito
com isolamento relativo, e as leituras feitas com a sonda e um eletrocondutor. A leitura de
0,17 foi estabelecida como limite para definir o diagnóstico: leituras acima deste valor
indicavam lesões em dentina, enquanto leituras abaixo de 0,17 indicavam que o dente estava
higido. Após 18 meses os dentes foram reexaminados visualmente e as leituras com ECM
foram repetidas. Tanto no primeiro quanto no segundo exame, foram refeitas as leituras de 28
dentes escolhidos aleatoriamente, com o objetivo de verificar a capacidade de reprodução do
método. Os indices encontrados no primeiro e no segundo exame pela ECM foram
comparados para a verificação da sensibilidade e especificidade. No primeiro exame, 854
superficies foram classificadas como higidas pela ECM. Após 18 meses, 717 permaneceram
higidas visualmente e pela ECM; 115 foram consideradas cariadas apenas pela ECM; três
cariadas pelos dois métodos; 14 foram restauradas e cinco foram diagnosticadas como
cariadas pelo critério visual apenas. Das 306 superficies classificadas como cariadas pela
ECM, no exame visual 70 foram classificadas como higidas pelos dois métodos após 18
meses; 169 permaneceram cariadas quando examinadas apenas pela ECM; 26 foram
consideradas cariadas pelos dois métodos; 40 foram restauradas e uma foi considerada cariada
apenas pelo exame visual. A repetição do exame com ECM foi feita em 112 superficies
oclusais e a capacidade de reprodução encontrada foi de 0,71. 0 exame visual foi refeito em
111 superficies, e a capacidade de reprodução foi de 0,92. Das 306 superficies classificadas
como cariadas pela ECM no exame inicial, apenas 67 desenvolveram sinais de lesão de cárie
ou foram restauradas, o que demonstrou que os diagnósticos foram incorretos. Este fato
sugere que dentes recém-irrompidos são mais facilmente diagnosticados como caiados,
devido à incompleta mineralização do esmalte. Apesar disso, os autores concluiram que a
Ashley (2000) realizou um estudo, in vitro, em 60 primeiros e segundos molares
deciduos extraídos com a finalidade de investigar o uso da ECM no diagnóstico de lesões de
cárie oclusal na dentição decidua e compará-lo ao exame visual. Todos os dentes foram
examinados pelos dois métodos separadamente, pelo mesmo examinador, e 11 dentes foram
reexaminados para se verificar a capacidade de reprodução. 0 critério de classificação para o
exame visual foi o mesmo adotado por Ekstrand et al. (1997). Após os exames, os dentes
foram cortados e observados num estereomicroscópio. Os dentes foram classificados como
"cárie em esmalte - ou "cárie em dentina" dependendo da integridade da junção
amelo-dentindria. Os resultados da validação histológica foram utilizados para calcular o ponto de
maior índice de acerto para as leituras da ECM, que teve os valores mais altos de
sensibilidade (0,90) e os mais baixos de especificidade (0,81). 0 exame visual teve os indices
mais altos de especificidade (entre 0,95 e 1), mas teve os menores indices de sensibilidade
(entre 0,78 e 0,73). Os diagnósticos verdadeiro-positivos foram mais altos para o exame
visual em todas as classificações. O número de falso-negativos foi menor para o método
visual, o que significa que algumas superfícies com lesões em dentina não seriam tratadas. A
capacidade de reprodução dos dois métodos foi boa com valores kappa de 0,73 para o exame
visual e 0,80 para a ECM. O autor concluiu que tanto o exame visual quanto a ECM tiveram
resultados satisfatórios na detecção de lesões de cárie oclusal não cavitadas, porém estes
resultados podem não ser os mesmos in vivo, pois lid uma maior dificuldade na execução do
exame com ECM em crianças devido à necessidade dos dentes permanecerem secos. Por este
motivo, o exame visual continua sendo o método de eleição no exame de crianças.
Townsend (2000) realizou um estudo em radiografias interproximais e laterais
obliquas tiradas de crianças, no mesmo dia, entre 1987 e 1997, numa clinica em Hampshire. 0
objetivo do estudo foi avaliar o nível de concordância entre os dois tipos de radiografias no
tiradas com filme Kodak D-speed com tempo de exposição de 0,51s, e as radiografias laterais
obliquas com filme Kodak X-Omat L com tempo de exposição de 0.44s. Foram utilizadas 105
radiografias de cada tipo de 53 pacientes de 6 a 18 anos. Cada tipo de radiografia foi analisada
independentemente por dois observadores, porem as laterais obliquas foram sempre
observadas primeiro. Quinze pares de radiografias laterais obliquas foram examinadas pelos
dois observadores em duas ocasiões, com intervalo de 2 semanas, para que se testasse a
capacidade de reprodução. Foi considerado como "acordo" os sítios que foram classificados
como cariados nos dois tipos de radiografias, e como "desacordo" quando o sitio foi
considerado cariado em apenas uma delas. Os resultados da pesquisa mostraram que houve
um índice de "acordo" entre os dois tipos de radiografias de 0,72 para o observador 1 e de
0,56 para o observador 2. Das 530 superticies analisadas, o observador 1 obteve "desacordo"
em 38 e o observador 2 em 64. A capacidade de reprodução encontrada foi de 0,75 ou mais
para as radiografias bite-wing e 0,70 ou menos para as laterais obliquas. Subjetivamente os
observadores reportaram uma maior dificuldade na análise da radiografia obliqua lateral. Os
resultados permitiram ao autor concluir que a radiografia lateral obliqua pode ser utilizada
para o diagnóstico de cárie, principalmente em crianças e pacientes especiais, onde há uma
maior dificuldade na realização de radiografias intrabucais.
Shi; Welander; Mansson (2000) analisaram 76 dentes posteriores extraídos (48
molares e 28 pré-molares) com os seguintes objetivos: avaliar a capacidade de reprodução do
Diagnodent na detecção de lesões de cárie oclusal de esmalte e dentina; validar este método
através de microradiografia; comparar o exame com o Diagnodent ao exame radiográfico. Os
dentes utilizados não possuíam cavidades facilmente visíveis. 0 exame com o Diagnodent foi
realizado com a sonda cônica, de acordo com as instruções do fabricante. Foram feitos três
exames com os dentes molhados e três exames com os dentes secos. 0 valor médio das três
procedimento foi repetido pelo mesmo operador em condições idênticas após 2 semanas. As
radiografias dos dentes foram examinadas por seis dentistas e classificadas como: 1 -
definitivamente sem carie; 2 - provavelmente sem cárie; 3 — questionável; 4 - provavelmente
com cárie; 5 - definitivamente sem cárie. A região escolhida foi seccionada e radiografada, e
Os filmes foram examinados num estereomicroscópio. O índice da lesão foi classificado
como: O — higido; 1 - cárie limitada à metade externa do esmalte; 2 - cárie na metade interna
do esmalte; 3 - cárie na metade externa da dentina; 4 - cárie na metade interna da dentina. Os
resultados encontrados mostraram que a capacidade de reprodução intra-examinador para o
Diagnodent foi muito alta, tanto para os dentes molhados (0,97) quanto para os dentes secos
(0,96) o que mostra que este método é eficiente para se fazer o monitoramento de lesões de
cárie. A umidade influenciou as leituras do Diagnodent, sendo que as médias foram de 27
para os dentes molhados e 29 para os dentes secos, porém isto não é considerado prejudicial
quanto ao diagnóstico porque o tratamento proposto seria o mesmo para ambas situações.
Quando comparado ao exame radiográfico, o Diagnodent apresentou superioridade
significante para a detecção de lesões em esmalte e em dentina. Os autores concluiram que: o
Diagnodent é mais eficiente na detecção de lesões não cavitadas em dentina do que o exame
radiográfico; a capacidade de reprodução do Diagnodent foi excelente tanto em dentes
molhados quanto em dentes secos; a correlação com a microradiografia foi moderada.
Ciirtes et al. (2000) compararam o desempenho da transiluminação com fibra óptica,
inspeção visual e exame radiográfico na detecção de lesões de cárie oclusal e avaliação do
estagio da lesão. Um total de 59 dentes foi examinado com os três métodos e
histologicamente. Cada região escolhida das superficies oclusais recebia uma classificação
através do exame visual e 4h depois foram examinadas por transiluminação por fibra óptica
(FOT1) e classificadas. A ponta do aparelho (Schott Fibre Optics, UK) foi posicionada
O aparelho foi utilizado na intensidade maxima. Os dentes passaram pelos exames visual e
com FOTI por quatro examinadores, e no caso de discordância de diagnóstico eles chegaram
num consenso. A capacidade de reprodução dos métodos FOTI, visual e radiográfico foi
0,87, 0,95 e 0,84, respectivamente. A capacidade de reprodução intra-examinador dos
resultados histológicos variou entre 0,75 e 0,82 e interexaminador variou entre 0,75 e 0,79. A
decisão de consenso foi necessária em menos de 10% da amostra. A inspeção visual teve a
melhor correlação com os resultados histológicos (0,73) seguida pelo FOTI (0,71). A pior
correlação foi entre o exame histológico e o exame radiográfico (0,63). Este resultado
demonstra a baixa capacidade do exame radiográfico em detectar lesões em esmalte. Contudo,
a diferença encontrada entre os três métodos não tem significado estatístico (p> 0,05). Para a
detecção de lesões que tinham extensão na dentina, o FOTI teve índice de 0,85, o exame
visual 0,83 e o exame radiográfico 0,87, não havendo também significado estatístico entre as
diferenças. Os três métodos tiveram dificuldades em diferenciar quando as lesões estavam no
esmalte interno ou no terço externo da dentina. Todos os métodos foram capazes de detectar
lesões de acordo com suas características histológicas. A maior diferença encontrada foi a
baixa capacidade do exame radiográfico em detectar lesões restritas ao esmalte. Pelo presente
estudo ficou demonstrado que os três métodos apresentaram dificuldades em diferenciar
quando a lesão está localizada profundamente no esmalte ou já atingiu o terço externo da
dentina. Por outro lado, os três métodos foram eficazes em diferenciar quando as lesões que
haviam ultrapassado o taw externo da dentina A capacidade de reprodução foi excelente para
os três métodos. Neste estudo, nenhum dos dentes em que foram encontradas lesões de cárie
no exame histológico foi classificado como higido nos exames visual e por FOTI. Os autores
concluíram que através do treinamento e de um bom exame das superficies oclusais, o FOTI
provê uma informação válida e reproduzível do estado da superficie oclusal de dentes
Os autores Garcia; Araújo; Tovo (2000) realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar a capacidade de diagnóstico dos métodos visual, radiográfico interproximal e a laser
diodo para a detecção de lesões de cárie nas superfícies oclusais de molares deciduos
extraídos. Os dentes foram examinados por três especialistas em odontopediatria. A amostra
teve 69 dentes com 87 sítios a serem examinados. O exame visual foi auxiliado por uma
macro fotografia. 0 exame radiográfico foi realizado com a técnica interproximal. 0 exame
com o Diagnodent foi realizado com a sonda mais fina. Ela foi colocada inicialmente num
local higido do dente e os valores que apareciam no visor foram anotados. Em seguida a
sonda foi deslizada para a superfície a ser diagnosticada e o aparelho fez uma nova leitura.
Para a validação dos achados thi feito o exame microscópico. Metade da amostra foi
reexaminada após 7 dias para a obtenção da reprodutibilidade. Os resultados mostraram que
os observadores A e C obtiveram valores mais altos na inspeção visual para a sensibilidade do
que para a especificidade, o que os levou a um maior número de diagnósticos falso-positivo.
Já o observador B obteve 0,38 para a sensibilidade e 0,89 para a especificidade, o que resultou
em diagnósticos falso-negativos. A concordância intra-examinador foi moderada para o
examinador A e substancial para B e C. A concordância interexaminador foi baixa. No exame
radiográfico os três examinadores apresentaram alta especificidade e baixa sensibilidade. A
concordância intra-examiandor foi moderada para A eBe boa para C. A concordância
interexaminador foi baixa. No exame com laser diodo (Diagnodent) os valores encontrados
demonstraram que este método é mais sensível do que especifico. A concordância
intra-examinador foi moderada para A e substancial para B e C. A concordância interexaminador
foi moderada entre A eBe substancial entre A eCeBe C. Os autores concluíram que a
inspeção visual apresentou sensibilidade superior em relação aos demais métodos, porém sua
especificidade foi menor. Já o método radiográfico apresentou os menores valores de
sensibilidade em relação ao método radiográfico, apresentou maior número de diagnósticos
falso- positivos. Houve grande variação interexaminadores, sendo que o laser apresentou a
melhor concordância, retratando a subjetividade dos demais métodos. Para a maioria dos
examinadores a concordância intra-examinador foi similar para os métodos visual e laser.
Louvain et al. (2001) realizaram uma pesquisa com cirurgiões-dentistas da cidade de
Campos dos Goytacazes- RJ com o objetivo de conhecer seus critérios para a avaliação da
superficie oclusal. Foram distribuídos questionários com seis perguntas que abordavam
questões sobre o diagnóstico de lesão de cárie oclusal. A amostra constituiu-se de 80
questionários respondidos. Quanto aos procedimentos prévios ao exame visual, 73,8%
realizaram profilaxia e 93,8% fizeram a secagem dos dentes. Apesar de a literatura relatar que
não se deve fazer o uso de sondas, devido à possibilidade de se gerar uma cavitação, e até
mesmo pela transmissibilidade de microorganismos, 76,3% dos profissionais sempre a
utilizaram, sendo que 71,3% faz uso de sondas com a ponta afiada. Com relação ao exame
radiográfico, 57,5% dos dentistas As vezes utilizaram a radiografia como auxiliar no
diagnóstico da lesão de cárie oclusa!; 13,8% sempre a utilizaram e 28,7% não a utilizaram.
Parte dos dentistas (32,9%) utilizou a radiografia periapical, que não traz beneficio algum
com relação ao diagnóstico da cárie oclusa!; 31,1% utilizaram a radiografia interproximal e
23% utilizaram a radiografia periapical associada A interproximal. Os autores concluíram
através da análise dos questionários, que a maioria dos cirurgiões dentistas da amostra
estudada desconhece as mudanças decorridas na filosofia de promoção de saúde, e portanto
precisam se atualizar quanto aos critérios atuais de diagnóstico de lesão de cárie oclusal.
El-Houssiny e Jamjoum (2001) realizaram um estudo em 46 molares e pré-molares
extraídos, com fissuras aparentemente intactas, a fim de avaliar a relação entre a experiência
clinica dos dentistas e a precisão da detecção de lesões de cárie incipientes através do exame
Diagnodent. 0 estudo foi dividido em duas partes. Na primeira parte os dentistas foram
divididos em dois grupos, de acordo com o tempo de experiência clinica: grupo I- oito
dentistas com menos de 5 anos de experiência; grupo 11- sete dentistas com mais de 5 anos de
experiência. Os dois grupos examinaram os dentes com o auxilio de iluminação adequada e ar
comprimido, e posteriormente com o uso de uma sonda exploradora. 0 diagnóstico foi dado
da seguinte maneira: 0= higido; 1 - cárie em esmalte; 2 - cárie em dentina. Na segunda parte
do estudo, os sitios marcados foram examinados com o Diagnodent de acordo com as
instruções do fabricante, e a classificação dada foi a seguinte: 0 - leituras de 0 a 9
correspondente a dente higido; 1 - leituras de 10 a 17 correspondente a cárie em esmalte; 2 -
leituras acima de 18 correspondente a cárie em dentina. A fim de avaliar uma possível
correlação entre a morfologia das fissuras e a precisão do diagnóstico, elas foram classificadas
em três grupos: fissuras rasas- quando a inclinação das cúspides tinha uma angulação maior
que 900 ; fissuras médias - quando a inclinação das cúspides variava de 30 a 90 °; fissuras
profundas - quando a inclinação das cúspides foi menor que 300. 0 critério para validação dos
exames foi o estudo histológico, realizado através de um estereomicroscópio binocular. Os
resultados mostraram que houve uma concordância significante entre o diagnóstico dado
pelos dentistas e o exame histológico, para os dois grupos. A sensibilidade de exame visual
foi significantemente maior que a sensibilidade do exame com a sonda exploradora, contudo,
com relação à especificidade o resultado foi inverso. A porcentagem de dentes diagnosticados
corretamente com a sonda foi maior do que com o exame visual, nos dois grupos. 0 exame
com laser mostrou sensibilidade de 95%, especificidade de 50% e uma porcentagem de
69,57% de diagnósticos corretos. Este exame demonstrou uma sensibilidade
significativamente maior do que os exames visual e com sonda, o que demonstra sua
eficiência na detecção de lesões iniciais, porém não houve diferença significativa com relação
diagnóstico, sendo que as fissuras rasas tiveram um grande grau de concordância entre o
diagnóstico feito pelos dentistas e o exame histológico. Além disso, no exame visual e com
sonda exploradora, a sensibilidade e a especificidade encontradas tiveram maiores
porcentagens do que nas fissuras médias e profundas. As fissuras rasas tiveram índice de
acerto de 100% no diagnóstico com laser, e 100% de sensibilidade e especificidade. Em
contrapartida, as fissuras profundas tiveram 25% de especificidade e 54,55% de acerto com o
laser. Através destes resultados os autores concluíram que o Diagnodent possui excelente
habilidade na detecção de lesões de cárie iniciais na superficie oclusal, e por isso pode ser útil
em tratamentos preventivos, através do acompanhamento dos pacientes ao longo do tempo.
Ribeiro e Silva (2001) realizaram um estudo, in vivo, em primeiros molares
permanentes de crianças de 6 a 12 anos, com o objetivo de avaliar a eficácia dos exames
clinico, radiográfico e com laser fluorescente na detecção das lesões de cárie oclusal sem
cavitação. A validação dos métodos foi feita através da abertura do dente quando os três
métodos indicavam a presença da lesão. Dos 112 dentes analisados, foram abertos 34 e 16
foram considerados higidos pelos três métodos. Nos dentes que foram abertos, o exame
clinico apresentou sensibilidade de 0,66 e especificidade de 0,94; o exame radiogrifico
apresentou sensibilidade de 0,47 e especificidade de 0,93; o Diagnodent apresentou alta
sensibilidade e especificidade (0,96 e 0,88 respectivamente), demonstrando um melhor
desempenho em relação aos outros métodos. Os autores concluíram que o exame clinico não
detectou um número razoável de lesões em dentina; o exame radiográfico não detectou lesões
em esmalte; o Diagnodent mostrou-se o método ideal para a detecção de processos iniciais de
lesões de cárie, devido aos altos indices de sensibilidade e especificidade, podendo ser um
futuro substituto do exame radiográfico.
Pereira; Verdonschot; Huysmans (2001) estudaram 103 molares humanos extraídos
aplicação de corante) de dois métodos elétricos e de um método de laser fluorescente na
detecção de lesões de cárie oclusais. 0 objetivo secundário foi verificar se a abertura da
fissura melhorava a detecção visual de cáries em dentina com e sem a aplicação do corante.
Os três tipos de exames foram realizados duas vezes em toda a amostra, em dias diferentes. A
inspeção visual foi feita nos dentes secos, com iluminação adequada e com o auxilio de
espelho. As medições da resistência elétrica foram feitas com o Electrical Caries Monitor II
de duas maneiras distintas: com o auxilio da seringa de ar co-axial nos dentes secos; sem a
seringa co-axial com as fissuras dos dentes molhadas corn um gel. Para medir a fluorescência
a laser foi usado o Diagnodent. O instrumento foi calibrado conforme as orientações do
fabricante e então a medição foi feita nas fissuras. Para a inspeção visual com o auxilio de
corante os dentes foram divididos em dois grupos. No primeiro grupo, o corante (1% de Acido
vermelho 52 em propilenoglicol) foi aplicado nas fissuras e removido com spray de água.
Após a lavagem, a coloração do esmalte indicava a presença de cárie. No segundo grupo foi
feita a abertura da fissura com uma broca até que se pudesse ver o seu fundo, tomando-se
cuidado para não atingir a dentina. Foi então aplicado o corante, lavado e feito o exame. A
validação dos exames foi feita através do exame histológico, com o auxilio de um
estereomicroscópio. Para avaliar a capacidade de reprodução intra-examinador, 25 dentes
foram reexaminados. Os resultados encontrados mostraram uma capacidade de reprodução de
moderada a boa, usando o Diagnodent, exceto para o observador 2. Os dados encontrados
neste trabalho com o Diagnodent não estão de acordo com outros trabalhos, e os autores
atribuem este fato ao armazenamento dos dentes em cloramina por mais de 47 dias. Os
resultados mostraram que a abertura da fissura aumenta a sensibilidade do exame visual para
a detecção de lesões de cárie em dentina de 0,17 para 0,70, mas mesmo assim foi difícil
determinar se a lesão ficava restrita ao esmalte ou se extendia até a dentina. A aplicação do
não distinguiu de forma adequada as superficies higidas de lesões em esmalte. Neste aspecto o
exame visual se mostrou mais eficiente, detectando 90% ou mais das lesões em dentina e
preservando 50% ou mais das superficies higidas. A ECM se mostrou eficiente na detecção de
91% das lesões em dentina, preservando 92% das superficies higidas. Os autores concluíram
que o exame clinico e a ECM foram eficientes para a determinação do tratamento adequado
para as lesões em estágios iniciais, e que a abertura da fissura contribui consideravelmente na
4 DISCUSSÃO
4.1 Monitor elétrico de carie (ECM)
A baixa condutividade elétrica de um dente é causada primariamente pelo esmalte. Nas
regiões onde há uma pequena quantidade de esmalte, devido à hipomineralização ou
desmineralização, a condução elétrica aumenta consideravelmente (HUYSMANS;
LONGBOTTOM; PITTS, 1998). Teoricamente, a desmineralização cria porosidades nos
tecidos, que ficam cheios de água e ions provenientes da saliva, causando um aumento nos
valores da resistência elétrica (RICKETTS et al., 1996). Baseado nestas propriedades foram
desenvolvidos dois tipos de equipamentos. Um deles incorpora uma sonda com suplemento de
ar co-axial, sendo o Electronic Caries Monitor ou ECM, Lode Diagnostic um exemplar ( FIG.
1 e 2). A medição da resistência do dente é feita quando a sonda toca a região, enquanto o
esmalte vai sendo seco simultaneamente. São fornecidas leituras que variam de -1,00 a 13,00,
indicando a condição do dente: -1,00 a 3,00 - esmalte higido ou estágios iniciais de carie; 3,01
a 6,00 - caries até a junção amelodentinária; 6,01 a 8.00 - caries em dentina; 8,01 a 13,00 -
caries extendendo-se a metade da dentina ou mais (LUSSI et al., 1995). 0 segundo tipo tem
uma sonda rígida que é posicionada na superfície oclusal previamente seca com ar
comprimido. 0 Caries Meter L, Onuki Dental é um exemplar. A condição do dente é indicada
através de luzes: verde - higido; amarela — lesão de carie em esmalte; laranja — lesão de carie
em dentina; vermelho — lesão de carie atingindo a polpa. (HUYSMANS; LONGBOTTOM;
Fig. 1 e Fig. 2- Electronic Caries Monitor- ECM, Lode Diagnostic Fonte: www.lode.nl/en/diagnostics/index.html
Vários autores vêm investigando o desempenho do diagnóstico de lesões de cárie
através da resistência elétrica, tanto em estudos, in vitro, quanto em estudos, in vivo. A
maioria dos resultados encontrados mostra que a ECM tem uma alta sensibilidade na detecção
de lesões, porém sua especificidade é baixa, o que leva a muitos resultados falso-positivos.
Este fato é importante clinicamente, pois poderá gerar muitos tratamentos invasivos
desnecessários (LUSSI et al., 1995; HUYSMANS; LONGBOTTOM; PITTS, 1998; ASHLEY
et al., 2000). Em contrapartida, Ricketts et al. (1996) estudando um protótipo de equipamento
de ECM num estudo, in vivo, encontraram uma especificidade de 100% e sensibilidade de
92% para lesões de cárie em esmalte e dentina. Ashley et al. (2000) num estudo de
acompanhamento clinico de segundos molares permanentes de adolescentes. durante 18
meses, constataram que a ECM não foi eficaz no diagnóstico de dentes recém-irrompidos.
Atribuem o mau desempenho à incompleta mineralização do esmalte, que levou a um número
alto de diagnósticos falso-positivos. Contudo, os autores acreditam que este método foi útil
para predizer o desenvolvimento de lesões de cárie no período avaliado, pois conseguiram
Considerando-se a
análise
da capacidade de reprodução do método de diagnóstico deleões de
cárie
através da resistência elétrica, segundo Tovo et al. (1998) considera-se umaconcordância baixa quando os indices kappa encontrados variam entre 0
e
0,40; entre 0,41e
0,60 a concordância é moderada; entre 0,81
e
0,99 aconcordância é
considerada quase perfeita. Com relação a capacidade de reprodução da ECM, há divergências entre os diversosestudos. Huysmans; Longbottom; Pitts (1998) avaliando dois tipos de equipamentos em
dentes
extraídos,
encontraram uma capacidade de reprodução boa parao
Caries Meter L (0,53)e
excelente parao
Electrical Caries Monitor (0,89). Ashley et al. (2000) encontraram uma capacidade de reprodução moderada (0,71), no acompanhamento de segundos molaresdurante 18 meses, sendo que
o índice
parao
exame visual foi excelente neste estudo. No mesmo ano, Ashley (2000) avaliouo
desempenho da ECM em molares deciduosextraídos, e
encontrou uma capacidade de reprodução boa. Ekstrand; Ricketts; Kidd (1997) analisando100 dentes, in vitro, encontraram uma capacidade de reprodução boa, sendo similar ao
desempenho dos exames visual
e
radiográfico. Lussi et al. (1995) examinando 22 terceiros molares, in vivo, encontraram uma capacidade de reprodução intra-examinador excelente paraa ECM, enquanto a interexaminador foi boa.
A maioria dos autores concorda que a ECM
é
um ótimo método parao
monitoramentodas lesões, pois consegue identificar se está havendo progressão ou remineralização das
mesmas (LUSSI et al., 1995; RICKETTS et al., 1996; VERDONSCHOT et al., 1999). Em
contrapartida, num estudo realizado, in vivo, em 35 pacientes, os quais foram examinados
inicialmente
e
após um intervalo de 4 meses, Ekstrand et al. (1999) afi
rmaram que a ECM nãofoi capaz de monitorar a progressão que ocorreu com algumas lesões ao longo deste
período.
A maioria dos autores concorda que a ECMé
um método auxiliar no diagnóstico delesões de