PAMELA HELLEN QUINZANI MATRÍCULA N.o 11010409 TURMA B-8
RODRIGO BRAGA PEREIRA DA SILVA MATRÍCULA N.o 11056609
VITOR JUSTINO MORAES MATRÍCULA N.o 11055009
WANDER NOVAKOWSKI MATRÍCULA N.o 11044409
BASES COMPUTACIONAIS DAS CIÊNCIAS NATURAIS
“O
IMPACTO NEGATIVO DA OCUPAÇÃO PROFISSIONAL E DE
OUTROS FATORES EXTRA-ACADÊMICOS NO DESEMPENHO DO
ALUNO DE ENSINO SUPERIOR
”
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–
INTRODUÇÃO:
No Brasil, o principal objetivo do estudante que cursa uma instituição de ensino
superior é obter uma melhor preparação para o ingresso no mercado de trabalho, ou
ainda, para aqueles que já possuem uma ocupação profissional, uma melhor colocação
empregatícia. Apesar disso, segundo dados da UNESCO, apenas 18,7% dos jovens com
idade entre 17 e 24 anos têm acesso a esse tipo de ensino no Brasil1.
A oferta de ensino superior do país é quase que exclusivamente realizada por
instituições privadas, que abrigam atualmente 73% dos estudantes desse tipo de curso.
Entre as principais razões que levam o estudante brasileiro a optar pelo ensino privado
encontram-se sua maior flexibilidade de horário e um sistema menos rígido de seleção e
admissão em relação ao adotado pelas universidades públicas, o temido vestibular.
Mesmo assim, uma grande parcela dos estudantes ainda se dispõe a passar por
extenuantes etapas preparatórias, incluindo cursinhos pré-vestibulares e pesadas rotinas
de estudo, com o objetivo de conseguir uma vaga nas universidades públicas de ensino
superior. Uma das razões para esse fato é que essas instituições ainda são referência na
excelência do ensino, formando alguns dos melhores profissionais, que em sua maioria
obtêm ocupações de prestígio e importante projeção no mercado de trabalho.
Devido à posição econômica de destaque que o Brasil vem apresentando ao longo
dos últimos anos no cenário mundial, houve a necessidade da implantação de um plano
de formação de profissionais capacitados, de modo a garantir a estruturação e o
crescimento tecnológico do país, acompanhando o ritmo das grandes potências em
desenvolvimento. Isso inclui a criação de novas vagas no ensino superior, colaborando
assim para a formação de não apenas um número maior de cidadãos capacitados, mas
de também de qualidade e competência necessárias para enfrentar os desafios das
inter-relações das diversas áreas do conhecimento nesse início do século XXI.
Em virtude desse quadro, a Universidade Federal do ABC foi inserida em uma das
áreas com maior concentração populacional do país, a região metropolitana de São
Paulo, focada na formação de engenheiros, bacharéis das áreas de ciências exatas e
biológicas, além de licenciados, com o objetivo de estruturar as bases tecnológicas que
são atribuídas ao crescimento da maioria dos países em desenvolvimento2.
Além de um novo pólo de ensino e conhecimento, a Universidade Federal do ABC
é pioneira, apresentando um sistema de ensino único no mundo, onde a
interdisciplinaridade é a base da formação acadêmica, formando assim pessoas capazes
Todos os ingressantes aprovados no vestibular são matriculados no curso de
Bacharelado em Ciência e Tecnologia, tendo em sua formação noções básicas de todas
as áreas do conhecimento mais presentes no panorama tecnológico atual. Ao longo do
curso, o aluno tem total autonomia para escolher o melhor momento de cursar as
disciplinas obrigatórias do curso, além de escolher as disciplinas que são pré-requisitos
na sua formação pós BC&T.
O curso é programado em regime trimestral, compreendendo a realização de três
trimestres ao ano, diferente de qualquer outra instituição de ensino do gênero. Dessa
forma, visa-se um curso mais dinâmico, sem comprometer a carga horária necessária à
formação do estudante, que é em muitos casos mais extensa do que a de diversos cursos
similares oferecidos em algumas universidades públicas e privadas do país. As disciplinas
estão agrupadas em três grandes centros: o Centro de Ciências Naturais e Humanas
(CCNH); o Centro de Matemática, Computação e Cognição (CMCC); e o Centro de
Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas (CECS).
Como todo projeto ambicioso, a UFABC também apresenta certas dificuldades na
implantação de seu sistema, com especial atenção à distribuição das disciplinas e sua
compatibilidade com o ritmo de aprendizado dos alunos. As disciplinas são ofertadas em
dois períodos de aula – diurno e noturno – que promovem, em teoria, a formação do
estudante em um mesmo intervalo de tempo, independente do seu período de aula, pois
considera-se que ambos os cursos são de período integral, exigindo assim a mesma
dedicação e comprometimento do aluno, sem levar em consideração os diferentes perfis
que freqüentam cada período.
Fatores como o tempo limitado que pode ser reservado aos estudos e a
necessidade da realização de outras atividades extra-classe em períodos comuns ao
trabalho impedem que alunos que possuam outra ocupação não-acadêmica tenham um
mesmo índice de aproveitamento e um mesmo ritmo de acompanhamento das aulas que
os alunos que se dedicam em período integral aos estudos. Observa-se que, em
determinado ponto do curso, a preferência pelo período noturno é observada entre os
alunos que precisam trabalhar, enquanto o curso diurno contempla a maior parte dos
alunos que se dedicam à universidade em período integral, optando assim por escolher
disciplinas em horários mais atrativos e convenientes à manutenção de seus estudos e
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–
OBJETIVOS:
2.1 – OBJETIVOS GERAIS
O estudo visa relacionar o rendimento acadêmico do aluno da Universidade
Federal do ABC, expresso através do “CR” (Coeficiente de Rendimento), a fatores que
podem influenciar substancialmente no desempenho do aluno, como ocupação
profissional, origem escolar (ensino médio realizado em colégio público ou privado),
formação total ou parcial em ensino superior anterior ao ingresso na UFABC e a idade do
aluno.
2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Avaliar, por meio de gráficos e tabelas, a adaptação do aluno ao sistema de
ensino através da análise da evolução do desempenho acadêmico de diferentes perfis.
- Comparar os níveis de adaptação acadêmica, através da separação dos alunos
em diferentes grupos, evidenciando assim a influência de cada fator nessa adaptação.
- O estudo visa, principalmente, comprovar o impacto negativo de uma ocupação
profissional no desempenho médio dos aluno.
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–
JUSTIFICATIVA:
Apesar da universidade já ter analisado sucintamente a relação entre o rendimento
do aluno selecionado pelo sistema de cotas e dos demais ao longo dos trimestres, essa
divisão não reflete necessariamente a origem escolar do aluno, uma vez que nem todos
os alunos oriundos de escola pública solicitam a seleção pelo sistema de cotas no
vestibular. Além disso, não existem estudos conclusivos que relacionem outros fatores
extra-acadêmicos com o desempenho do aluno, como atividade profissional ou grau de
maturidade.
A partir do momento que o aluno e a universidade têm um maior conhecimento
acerca da influência dos fatores extra-acadêmicos no desempenho do aluno durante o
curso, um planejamento acadêmico e individual melhor estruturado pode favorecer a boa
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METODOLOGIA:
Por meio de um questionário, foram coletados os seguintes dados dos alunos com
pelo menos 3 CR’s: idade, natureza do ensino médio (público ou privado), se houve a
realização (completa ou parcial) de ensino superior anterior à UFABC e o valor do CR
acumulado ao final do 1º, 2° e 3º trimestres de 2008, relatando se o aluno trabalhava ou
não em cada um dos três trimestres.
Foram entrevistados 82 alunos de um total de 500 que ingressaram em fevereiro
de 2008, presentes na universidade no período da manhã, da tarde e da noite, a fim de
uma amostragem representativa de todo corpo discente da universidade. Os dados foram
inseridos em um sistema de banco de dados. O software utilizado foi o Base do BrOffice
3.0, realizando-se as seguintes consultas:
Tabela com dados dos alunos oriundos de colégio particular;
Tabela com dados dos alunos oriundos de colégio público;
Tabelas com dados dos alunos que trabalharam, a cada trimestre, ao longo de 2008;
Tabelas com dados dos alunos que não trabalharam, a cada trimestre, ao longo de 2008;
Tabela com dados dos alunos que já possuem ensino superior completo ou parcial;
Tabela com dados dos alunos que não possuem ensino superior;
A seguir, as tabelas com as consultas foram inseridas no BrCalc 3.0 (software de
planilhas) para a elaboração de gráficos. Foram feitas as correlações necessárias e
cálculo das funções média e desvio padrão. O desvio padrão foi calculado a fim de se
5
–
APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS:
Inicialmente, foi analisado o desempenho dos alunos de dois grupos: aqueles oriundos de escola pública e de escola particular (Gráfico 1):
1o Trimestre 2o Trimestre 2o Trimestre
1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6
Gráfico 1: Relação Origem x Desempenho
Pública Privada
M
é
d
ia
d
o
C
R
Pela análise do gráfico, percebe-se que em todos os trimestres as médias de
desempenho dos alunos oriundos de escolas privadas manteve-se maior que aquelas
observadas nos alunos oriundos de escolas públicas. Porém, como pode ser constatado na Tabela 1, a moda entre os CR’s dos alunos do segundo grupo é superior a do primeiro
grupo:
Tabela1:moda dos CR’s de cada grupo
Pública Privada
1o Trimestre 2,5 2,3
2o Trimestre 2,3 2,2
3o Trimestre 2,7 2,2
Essa aparente inconsistência nos dados ocorre devido ao alto desvio padrão
observado na amostra. A freqüência de CR’s mais altos no grupo dos alunos oriundos de
escola pública evidencia uma maior diversidade desse grupo, visto que o sistema de
cotas viabiliza a entrada de alunos com os mais variados níveis de desempenho.
Percebe-se uma menor diversidade nas modas dos CR’s dos alunos de escola privada,
demonstrando uma maior homogeneidade nesse grupo.
Quando outro dado foi considerado – a formação completa ou parcial em ensino
1º Trimestre/2008 2º Trimestre/2008 3° Trimestre/2008 1,8
1,85 1,9 1,95 2 2,05 2,1 2,15 2,2 2,25 2,3
Gráfico 2: Relação do desempenho acadêmico com a formação anterior do aluno
Com Ensino Superior Sem Ensino Superior
M
é
d
ia
d
o
s
C
R
s
Percebe-se que, no primeiro trimestre, a média do desempenho dos alunos que já
freqüentaram o ensino superior é muito maior do que a daqueles que estão ingressando
em uma universidade pela primeira vez. Isso pode ser relacionado a três principais
fatores:
- Conhecimento prévio do conteúdo das matérias do primeiro trimestre;
- Maior vivência da rotina acadêmica; e
- Menor carga horária, devido à solicitação de equivalência de disciplinas já
cursadas em outra instituição.
No entanto, a partir do segundo trimestre esse cenário muda. A média de
rendimento dos alunos que não freqüentaram o ensino superior apresentou uma evolução
significativa, enquanto houve um declínio da média de rendimento dos alunos que já
tinham experiência com essa modalidade de ensino. Isso pode estar relacionado a um
menor comprometimento médio dos alunos desta classe em comparação à outra. Já no
terceiro trimestre, percebe-se um equilíbrio entre a média de desempenho das duas
classes, com uma sensível retomada da média dos alunos com ensino superior e a
estabilidade da outra classe.
O terceiro critério de comparação utilizado foi a evolução acadêmica dos alunos
1° trimestre de 2008 2o trimestre de 2008 3o trimestre de 2008 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5
Gráfico 3: Evolução do CR em função do trabalho
Trabalhavam Não Trabalhavam M é d ia d o C R
Na análise do gráfico, observou-se que no primeiro trimestre a média dos CR’s dos
alunos com ocupação profissional situava-se abaixo da dos demais, e que entre o
primeiro e o segundo trimestre, a evolução daqueles alunos foi maior do que a do
restante. Isso pode ter ocorrido pelo fato de os alunos com ocupação profissional
possuírem, em sua maioria, maior disciplina, característica essencial à gestão eficiente do
tempo. Do segundo para o terceiro trimestre a variação foi pouco substancial, o que
mostra a tendência à estabilização desses dois grupos.
Por último, foi observado o desempenho dos alunos em relação à idade, conforme expresso no Gráfico 4.
1o trimestre 2o trimestre 3o trimestre
1,9 1,95 2 2,05 2,1 2,15 2,2 2,25 2,3 2,35 2,4
Gráfico 4: Relação Desempenho x Idade
Idade igual ou superior a 21 Idade inferior a 21
M é d ia d o C R
Pela observação da curva relativa ao desempenho dos alunos com idade inferior a
21 anos, percebe-se um aumento na média do CR entre o primeiro e o segundo trimestre,
idade igual ou superior a 21 anos, percebe-se uma constante queda de desempenho
médio. A aparente ausência de um padrão nesse quesito deve-se à diversidade do
comportamento do aluno de cada faixa etária, visto que a idade não reflete
necessariamente a maturidade do aluno.
7
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CONCLUSÃO:
Tendo em vista os resultados obtidos através dos dados coletados, pode-se
concluir que o fator mais prejudicial ao bom desempenho do aluno de ensino superior é
seu comprometimento com uma atividade extra-acadêmica, limitando seu tempo livre para
estudo. Os fatores como a natureza do ensino médio realizado pelo aluno e seu contato
prévio com o ensino superior são mais decisivos no momento do ingresso à universidade,
ou seja, no primeiro trimestre. Foi observada ainda a baixa correlação entre a idade do
aluno e seu rendimento, concluindo-se assim que as experiências vividas por cada
categoria de aluno têm uma influência maior no seu desempenho.
Uma das possíveis soluções para um melhor aproveitamento acadêmico do aluno
que trabalha seria a adaptação gradativa do sistema educacional voltado para esse tipo
de aluno, com uma cobrança de menor coeficiente de progresso, ou seja, uma menor
carga horária mínima obrigatória.
Paralelamente a esse estudo, foi realizada uma pesquisa com pessoas que,
enquanto cursavam ensino superior, trabalhavam. Entre as atitudes sugeridas por esses
que podem ajudar em uma melhor conciliação trabalho-estudo estão: um planejamento
minucioso do tempo disponível, não o desperdiçando com atividades que não tragam
benefícios à sua formação intelectual, como por exemplo assistir programas de televisão
sem conteúdo construtivo. Porém, é de fundamental importância a reserva de tempo para
lazer, como a prática de esportes e o convívio com amigos e familiares, uma vez que a
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0706200818.htm>
“Na AL, Brasil tem menos alunos em faculdade pública”; Folha de São Paulo, sábado, 7 de junho de 2008 – acessado em 5 de maio de 2009..
2 <http://www.ufabc.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17&Itemid=71>