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LÍDERES POPULISTAS EM TEMPOS DE PANDEMIA: estariam Brasil e EUA combatendo dois vírus? 1

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LÍDERES POPULISTAS EM TEMPOS DE PANDEMIA:

estariam Brasil e EUA combatendo dois vírus?

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Andressa Liegi Vieira Costa (ULisboa)

Ana Julia Bonzanini Bernardi (UFRGS)

Jennifer Azambuja de Morais (UFRGS)

Resumo:

A pandemia do novo coronavírus vem impondo desafios aos governos sobre como lidar com as diversas crises geradas. Atualmente, os Estados Unidos são o epicentro da pandemia, com o maior número de mortes no mundo, enquanto o Brasil segue o mesmo rumo ao apresentar agravamento exponencial. Tanto Donald Trump quanto Jair Bolsonaro subestimaram a seriedade do vírus, contrariando recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da comunidade científica. Dadas suas características populistas, eles politizaram a crise da Covid-19, aprofundando a polarização política preexistente nos dois países. Nesse sentido, a questão que colocamos neste artigo é: Quais são os efeitos de discursos destes líderes populistas no comportamento da população durante a pandemia nos EUA e no Brasil? Nosso principal objetivo é analisar os discursos oficiais dos presidentes sobre a COVID-19, para verificar o impacto no comportamento da opinião pública durante a pandemia

Palavras-chave: Coronavírus, Covid-19, Brasil, Estados Unidos, Populismo, Democracia Abstract

Keywords: Coronavirus, Covid-19, Brazil, United States, Populism, Democracy 1. INTRODUÇÃO

O coronavírus SARS-COV-2, causador da doença Covid-19, foi decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia em 11 de março de 2020. O vírus, além de ter se espalhado rapidamente por várias regiões do mundo, também está gerando diferentes impactos e respostas por parte dos diferentes governos. Desde então, o epicentro da pandemia tem migrado conforme os números de contaminados, e mortes, vão aumentando nos países. Quando iniciamos este paper, o epicentro da doença estava nos Estados Unidos, e o Brasil era o 5º país com maior número de infectados. Posteriormente, o Brasil alcançou a segunda posição, apenas atrás dos Estados Unidos, em número de contaminados r mortos.

Além do alto número de contagio pelo coronavírus, os dois países também guardam em comum algumas características, em se tratando sobre os seus líderes: Tanto Donald Trump quanto Jair Bolsonaro subestimaram a seriedade do vírus, contrariando recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da comunidade científica. Dadas suas características populistas, eles politizaram a crise do Covid-19, aprofundando a polarização política preexistente nos dois países. Ambos são conhecidos por espalhar desinformação e notícias falas, inclusive recomendando o uso de medicamentos para tratamento da Covid-19 sem nenhuma comprovação cientifica.

1 Trabalho apresentado no GT09 Comportamento político, opinião pública e cultura política do 44º Encontro Anual da ANPOCS.

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Sem dúvida, a crise que a humanidade está enfrentando é global. Para este enfrentamento, a ciência está tentando trazer respostas rápidas e eficazes no combate a este vírus. Porém, as decisões tomadas durante a pandemia, tanto governamentais quanto pessoais, é que irão desenhar o futuro dos sistemas de saúde, saneamento e segurança, da política, da economia e da cultura. Nesse sentido, argumentamos que o Brasil e os Estados Unidos estão lutando contra duas pandemias: a do coronavírus e a do populismo, e que estas juntas podem ter um efeito nocivo para suas sociedades, especialmente para as parcelas mais vulneráveis.

Neste ensaio, buscamos elaborar uma linha de tempo do avanço da pandemia no mundo, especificamente no Brasil e nos Estados Unidos, discutindo as opções políticas tomadas por estes líderes populistas e os impactos destas na sociedade de forma crítica.

2. DESAFIOS PARA GOVERNANTES GLOBAIS

Desde o final de dezembro de 2019, quando na cidade de Wuhan (província de Hubei), na China, registrou-se casos de pneumonia com origem desconhecida, o mundo vem enfrentando uma pandemia. O vírus se espalhou rapidamente e com taxas altas de mortalidade. Estudos em Nova Iorque apontaram que as taxas de mortalidade são mais altas entre afro-americanos e latinos do que entre brancos e asiáticos. Possíveis razões incluem a maior proporção de minorias étnicas vivendo em casas e áreas mais populosas, tendo que utilizar mais o transporte público, e trabalhando em empregos com menor salário e menos garantias (como subsídio por doenças), o que os torna mais propícios a ir trabalhar apesar das circunstâncias, aumento o risco de exposição à doença (Kirby, 2020). O Brasil apresenta a mesma tendência, uma vez que há um crescente percentual de pretos e pardos internados e mortos pela Covid-19, o que pode ocorrer pela disparidade do acesso ao atendimento, uma vez que 67% dos brasileiros que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) são negros (G1, 2020a).

Enquanto governantes mundiais têm se debruçado exaustivamente em medidas para conter a expansão do coronavírus e aliviar os efeitos da crise para a população, ainda há os que minimizem a situação e vão na contramão das recomendações de organizações internacionais, como da própria Organização Mundial da Saúde (OMS) (Cohen, 2020a). Ainda que não seja possível se falar em uma única "resposta populista” à crise do coronavírus, uma vez que governos populistas no mundo apresentaram respostas diferentes (Mudde, 2020), os casos do Brasil e dos Estados Unidos mostram similaridades nas atitudes de seus líderes, assim como resultados semelhantes fruto de seus comportamentos. De acordo com relatório do V-Dem (Varieties of Democracy), de 2020, frente à pandemia do coronavírus foram identificados 48 países com alto risco de retrocesso democrático e 34 com risco médio (Lührmann, Edgell e Maerz, 2020). Conforme ressaltado pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas (OHCHR, 2020), é necessário que as respostas sejam “proporcionais, necessárias e não discriminatórias”. Os efeitos da pandemia do coronavírus na democracia não tendem a ser uniformes. Enquanto para alguns casos, a má gestão da crise pode facilitar a ascensão ao poder de líderes autoritários, também é possível que enfraqueça líderes populistas que já

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se encontram no poder, por tornar sua incapacidade e irresponsabilidade mais aparentes (Bitar e Zovatto, 2020).

3. BRASIL E ESTADOS UNIDOS NA CRISE DO CORONAVÍRUS 3.1 Brasil

O primeiro caso confirmado de Coronavírus no Brasil foi um homem de 61 anos, em São Paulo no dia 26 de fevereiro. Em seu primeiro pronunciamento na televisão, em 6 de março, Jair Bolsonaro afirmou que não havia motivo para pânico, ainda que o coronavírus se agravasse (Matoso e Rodrigues, 2020) – nessa data já haviam cerca de 800 casos suspeitos e 14 já confirmados no país. Após a OMS decretar oficialmente pandemia, no dia 11 de março, o Ministério da Saúde estabeleceu uma série de critérios de isolamento e quarentena para ser aplicado em pacientes com suspeitas. No dia 23 de março foram impostas restrições do governo brasileiro à entrada de estrangeiros, ao passo que o número de pacientes confirmados com Covid-19 se aproximava a 2.000. Enquanto o Ministério da Saúde publicizava compras de testes e reforçava o pedido de isolamento social da população, Bolsonaro já defendia o fim do isolamento e a volta à normalidade. No dia 26 de março a Câmara dos Deputados aprovou um auxílio emergencial de 600 reais para trabalhadores sem carteira assinada durante a pandemia, prevendo inicialmente três meses de auxílio. No entanto, os atrasos para o pagamento dos beneficiários e dificuldades em atualizar o cadastro aumentaram a vulnerabilidade social de milhões de brasileiros que já se viam anteriormente desamparados pelo governo (Cucolo, 2020).

Desde o início da crise do coronavírus no Brasil, já houve três trocas no Ministério da Saúde, pelo simples fato de que os Ministros estavam seguindo as recomendações da OMS de isolamento social e se mostrando contrários à implementação do protocolo de uso da cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19 – sem comprovação científica, mas indicada pelo presidente. Henrique Mandetta – indicado de Bolsonaro para o cargo, liderou o Ministério desde o início do governo em 2018, durante os dois primeiros meses da pandemia no país. No mês de abril, Bolsonaro ao ver a popularidade do ministro crescer nas redes sociais, iniciou um confronto direto dentro do seu próprio governo, buscando forçar a demissão de Mandeta. Em 16 de abril, Mandetta foi demitido e substituído por Nelson Teich, em um momento que a pandemia já somava mais de 30 mil infectados e cerca de 2 mil mortos (Mazuí, 2020). Nelson Teich, não completou um mês como ministro, pois mostrou-se contrário ao uso da cloroquina– na contramão do discurso do presidente, que vem advogando desde o início da pandemia pera liberalização da cloroquina como “cura para o coronavírus”. Sob alegações de que os ministros precisam estar alinhados ao seu discurso, Bolsonaro elegeu o General Eduardo Pazuello como ministro interino da Saúde.

Em 19 de maio, o Brasil bateu seu recorde, até então, no número de mortes: foram 1.179 vidas perdidas em 24h, sem levar em conta a subnotificação. No mesmo dia, em uma live nas suas redes sociais, Bolsonaro mencionou que Trump estava tomando cloroquina preventivamente e anunciou que novo protocolo para uso da cloroquina no Brasil seria assinado no dia seguinte. Sem menção ao recorde

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de mortes, o presidente ainda fez uma piada: quem for de direita, “toma cloroquina”, e quem for de esquerda, “tubaína”2. No dia seguinte, o General Pazuello, sem formação na área médica, realizou os desejos do presidente, implementando um protocolo para uso da cloroquina em pacientes com sintomas inicias de Covid-19 no dia 20 de maio, indo em direção contrária a diversos estudos científicos que além de demonstrarem não haver resultados positivos do medicamento no tratamento da Covid-19, também indicam que a cloroquina aumenta os riscos de morte (Uribe; Carvalho, 2020)

Já em março, uma série de carreatas e manifestações contra o isolamento social ocorreram em todo o país. Ao final de março, Jair Bolsonaro participou de uma destas paralisações contra o isolamento social em Manaus (Carvalho; Costa, 2020). Um mês depois a cidade virou um dos epicentros da doença no Brasil e o estado do Amazonas hoje enfrentou um colapso do sistema de saúde pública e funerário (Acrítica.com, 2020). Em meio às trocas no Ministério da Saúde, novas ondas de manifestações contra o isolamento social foram registradas, principalmente no Sul e Sudeste do país. Em 19 de abril, atos foram realizados em diversas cidades do país por apoiadores de Jair Bolsonaro, contrariando orientação de isolamento social da Organização Mundial da Saúde. Os atos defendiam uma intervenção militar, e pediam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, contando com muitas faixas em alusão ao AI-53. O ato em Brasília contou a presença de Bolsonaro, que, sem máscara, discursou para a multidão, ressaltando seu caráter populista com frases como “agora é o povo no poder" e "o que tinha de velho ficou para trás", referindo-se ao que chama de "velha política" (G1, 2020b).

Tais atitudes de Jair Bolsonaro deixam claro seu caráter populista, uma vez que estes alegam ser a voz do povo, prometendo devolver o poder a ele. Além disso, é possível observar o elemento de abdicação coletiva por parte dos apoiadores, processo pelo qual há transferência da autoridade para um líder que ameaça a democracia (Levitsky e Ziblatt, 2018). Entretanto, as manifestações de Bolsonaro foram rechaçadas tanto pelos líderes do Legislativo quanto do Judiciário. Rodrigo Maia, presidente da Câmara de Deputados, se manifestou publicamente contra o ato de defesa à ditadura e atentado contra a Constituição, dizendo que “No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos” (Maia, 2020). Líderes do Judiciário, igualmente, salientaram seu papel de defesa da Constituição e das instituições democráticas (Barroso, 2020). Nos dias seguintes, Bolsonaro fala publicamente à imprensa dizendo que é a favor da liberdade e que “defende um STF e Congresso abertos e transparentes” (G1, 2020). No entanto, ao criticar as prisões realizadas por pessoas que estavam violando a quarentena, o presidente volta a mostrar seu caráter autoritário e personalista, ao afirmar que “Eu [Bolsonaro] sou realmente a Constituição” (Mazui, 2020). Nas últimas semanas de abril, a crise política do governo Bolsonaro passa a ser mais veiculada, comentada e compartilhada nas redes sociais do que a própria pandemia (FGV-Dapp, 2020).

2 Tubaína é uma marca de refrigerante popular no Brasil.

3 Ato Institucional número 5, emitido pelo regime militar, em 1968. Foi o mais duro de uma série de Atos Institucionais, uma vez que fechou o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas dos estados. Além disso, resultou na censura prévia de diversas obras de músicas, televisão, teatro e cinema. Ademais, por suspender garantias constitucionais, sucedeu na institucionalização da tortura por parte do Estado.

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Em 3 de maio, apoiadores de Bolsonaro voltaram a se reunir em Brasília em frente ao Palácio do Planalto. A manifestação, novamente, tinha como foco central o pedido de fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional. Nela foram vistas faixas com dizeres como “Nova Constituição Anti-Comunismo! Criminalizar o Comunismo!" e "Intervenção Militar com Bolsonaro". Assim, tiveram caráter ilegal e inconstitucional, uma vez que ameaçam a democracia. Bolsonaro não apenas apareceu para cumprimentar os apoiadores, como também transmitiu a manifestação em suas redes sociais, aparecendo ao lado de bandeiras dos Estados Unidos e Israel. Assim, voltou a questionar o isolamento social, e ressaltou que não iria mais tolerar interferências, sem explicar ao que se referia. Além disso, disse que as Forças Armadas estavam com ele. Jornalistas foram hostilizados e agredidos pelos manifestantes, dentre eles profissionais do veículo “O Estado de S. Paulo” (G1, 2020c). No dia 3 de maio, a Covid-19 se alastrava pelo país, somando mais de 100 mil casos e cerca de 8 mil mortes (G1, 2020c).

No índice mencionado na seção anterior, através de dados do V-Dem, o Brasil encontra-se como um país com alto risco de retrocesso democrático durante a pandemia (Lührmann, Edgell e Maerz, 2020). A insistência de Bolsonaro em contrariar laudos científicos, e orientações de órgão especializados, como a OMS, fez com que o presidente ganhasse notoriedade internacional como “possivelmente a maior ameaça à resposta à covid-19 no Brasil” na The Lancet, revista acadêmica renomada na área médica (The Lancet, 2020, p. 1461). A revista também destaca os constantes ataques do presidente à governadores e prefeitos que vem garantindo as medidas de isolamento social, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

3.2 Estados Unidos

O primeiro caso de Covid-19 confirmado nos Estados Unidos ocorreu em 21 de janeiro de 2020. Após criar uma equipe de trabalho para o coronavírus em 29 de janeiro, Trump baniu todos os voos da China, ou de pessoas que houvessem estado no país nos últimos 14 dias. Desde o começo, Trump alegava que a situação estava sob controle no país. Em 4 de março, o governo aprovou um projeto de lei emergencial inicial de 8.3 bilhões de dólares, posteriormente garantindo mais $50 bi para financiar os estados, e outro projeto – o maior da história americana – de 2.2 trilhões, garantindo 1.200 dólares de auxílio por indivíduo, e 500 dólares extra por criança da família, além de outros auxílios4. Após receber críticas sobre sua administração da crise, Trump criticou Obama dizendo que ele “não fez nada” quando ocorreu a gripe suína (H1N1 – Influenza), informação comprovadamente falsa. Em 11 de março, foi decretada a proibição de voos provenientes da Europa, que já havia se tornado o novo epicentro da epidemia (Al Jazeera, 2020b).

4 O governo também aprovou, em 27 de março, 377 bilhões de dólares em empréstimos para pequenos negócios, que possivelmente poderiam ser perdoados. Os estados, governos locais e corporações também tiveram acesso a um fundo de $454 bilhões, e instituições de saúde receberam acesso a $180 bilhões.

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Ainda no início de março, conservadores atribuíam a culpa da crise do coronavírus à mídia tradicional, que alegavam estar trabalhando para denegrir a imagem política de Trump ao tentar mostrar que o presidente não estaria fazendo o suficiente para combater a propagação do vírus. Assim, acusam a mídia de criar histeria com o intuito de influenciar nas eleições presidenciais (Zurcher, 2020a).

Ainda em março, o presidente Donald Trump passou a se referir ao coronavírus, em conferências de imprensa e em seu Twitter, como "o vírus chinês". Seguido por acusações de que seria uma conotação racista, Trump justificou o uso do termo dizendo que não era racista, pois essa era a origem do vírus e ele queria ser preciso. A utilização foi condenada por autoridades chinesas, uma vez que seria uma estigmatização da China e de Wuhan, e um despeito à ciência e à OMS. Em contraponto, oficiais americanos acusaram a China de difundir desinformação sobre uma possível origem nos EUA, sem evidências (Forgey, 2020). Cerca de um mês depois Trump também decidiu que iria suspender a imigração e emissão de novos green cards por 60 dias, visando proteger os empregos dos americanos, em mais uma tentativa de utilizar imigrantes como bodes expiatórios, ainda que estes representem 25% dos profissionais da saúde, 22% dos que trabalham com alimentação, e 34% dos trabalhadores no transporte público (Kumar, 2020).

No início de abril, Trump passou a atacar a OMS, escolhendo um novo inimigo político, alegando que a organização não teria sido suficientemente agressiva em suas medidas para combater a epidemia e fazendo críticas em relação à resposta inicial chinesa, e como uma resposta às críticas da organização sobre a administração da crise pelo presidente. Assim, ameaçou cortar os fundos do país destinados à organização, efetivando a ameaça uma semana depois (New York Times, 2020; Gawthorpe, 2020). Além disso, Trump culpa a China pela pandemia global e alega que o país faria "qualquer coisa que pudesse” para evitar sua reeleição em novembro. O presidente defende que a China deveria ter informado e agido antes em relação ao surgimento do vírus (Holland, 2020). Oficiais do governo americano têm pressionado agências de espionagem para buscar evidências que suportem a teoria incomprovada de que o vírus haveria sido criado em laboratório, em Wuhan, um esforço que faz parte da tentativa de Trump de realizar uma campanha pública para culpar a China pela pandemia (Mazzetti et al., 2020). Os ataques não param por aí, uma vez que Trump também acusa governadores democratas de atrasarem a reabertura econômica do país como forma de prejudicá-lo politicamente nas próximas eleições (Mars, 2020).

Após autoridades americanas de saúde decretarem estado de emergência, em 15 de março, no dia seguinte seguiram-se recomendações para que as pessoas realizassem teletrabalho, fechamento de escolas e evitar aglomerações, em um período inicial de 15 dias. Uma semana depois, Trump já alegava que em breve o país estaria novamente “aberto para negócios”, além de twittar “NÃO PODEMOS DEIXAR QUE A CURA SEJA PIOR QUE O PRÓPRIO PROBLEMA", em letras maiúsculas, como já é seu costume em posts de assuntos de aparente urgência. Trump continuou defendendo que os americanos deveriam ser permitidos de voltar a trabalhar após esses 15 dias, discurso reforçado pela imprensa conservadora (como a Fox News) e outras figuras de seu governo. Além disso, o fato de

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governadores terem autonomia para desenvolver suas próprias medidas, devido ao sistema federalista americano, gerou conflito entre o desejo de menos restrições por parte de Trump e as medidas de maior restrição ao movimento por parte dos estados. Assim, além de seus já habituais ataques à mídia (a que refere como disseminadores de “fake news”), passou a dirigir seus ataques também a governadores (Zurcher, 2020b).

Em 23 de abril, Trump sugeriu que o uso interno de desinfetantes poderia ajudar no combate ao coronavírus. Como resultado, a linha de saúde recebeu diversas ligações com dúvidas em relação a isso, fazendo com que a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) tivesse que divulgar avisos de que em circunstância alguma tais produtos deveriam ser ingeridos. Além disso, a Food and Drugs Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, teve que advertir que o uso de hidroxicloroquina e cloroquina, recomendado diversas vezes pelo presidente, pode resultar em perigosos efeitos colaterais como um aumento da frequência cardíaca, já havendo resultado em diversas mortes (Rogers et al., 2020). Um mês após Trump indicar estes dois remédios - que servem para a malária - como tratamentos para a Covid-19, houve um aumento de mais de 46 vezes na quantidade de prescrições (apresentadas pela primeira vez), chegando a 31.000 em 19 de março após a fala de Trump (Gabler e Keller, 2020). Ainda assim, Trump segue com suas recomendações, dizendo que toma hidroxicloroquina como prevenção para o coronavírus, mesmo sem nenhuma comprovação científica (Folha de S. Paulo, 2020). Tais fatos evidenciam a influência que governantes populistas têm na opinião pública, assim como as consequências que discursos demagogos em detrimento da ciência podem alcançar, quando saem do domínio da política e entram em questões como a saúde.

A liderança de Donald Trump durante a crise tem grande efeito sobre a polarização política do país, sendo esta reforçada pela mídia conservadora, contribuindo para uma divisão partidária nas visões sobre diversos elementos da crise. Trump ataca a mídia, alegando um exagero sobre a crise para prejudicar sua reeleição; estrangeiros, com especial foco na China; especialistas científicos, incluindo profissionais de seu próprio governo; e instituições multilaterais como a Organização Mundial de Saúde; além de conflitos com governadores, especialmente os Democratas (Carothers, 2020). A politização do coronavírus também chegou às propagandas políticas. Em abril, mais de 54% destes anúncios na TV (relacionados às eleições para presidente, Senado e Congresso) já eram relacionados ao vírus, uma rápida evolução, visto que cinco semanas antes, quando os estados começavam a fechar as escolas, esse percentual era de menos de 2% (Corasaniti, 2020).

Os Estados Unidos, conforme índices do V-Dem, é caracterizado como um país com médio risco de retrocesso democrático durante a pandemia do coronavírus. Cabe ressaltar que o país já se encontrava em processo de autocratização antes da pandemia. Visto que já havia um enfraquecimento das instituições democráticas, torna-se mais suscetível a abusos do Executivo durante a crise (Lührmann, Edgell e Maerz, 2020). Um estudo do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) aponta que os ataques de Trump à mídia, que a acusa de distribuir “fake news”, é um dos fatores que põe em risco a democracia,

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uma vez que “perigosamente enfraquece a verdade e o consenso em um país extremamente dividido" em um período de desafios sem precedentes trazidos pelo coronavírus (Farhi, 2020).

4. OPINIÃO PÚBLICA

A seguir, analisamos a percepção da população sobre a liderança de cada presidente durante a pandemia.

4.1 Estados Unidos

Donald Trump nos quatro anos que esteve a frente da Casa Branca reuniu uma série de desafetos com Democratas, Presidentes de outros países e grupos minoritários. No entanto, talvez o seu maior foco de tensão ainda seja com a mídia estadunidense, e por vezes até com a internacional. Essa cruzada para desqualificar a mídia tradicional foi constante durante o seu governo e ficou ainda mais acirrada durante a pandemia, deixando a polarização política entre republicanos e democratas. Uma pesquisa realizada pela Axios (Cohen, 2020b), entre 5 e 9 de março, mostrou que 62% dos Republicanos acreditavam que as notícias sobre a seriedade do coronavírus eram exageradas, contra 31% dos Democratas, e 44% da população geral. Enquanto 39% dos americanos adultos via o vírus como de fácil disseminação, essa porcentagem sofre grande diferença entre os dois grupos (47% para Democratas e 34% para Republicanos). O mesmo se observa em relação a diferentes tipos de aglomeração, como eventos e locais públicos, e reunião entre familiares, nas quais Democratas se mostravam entre 13% e 18% mais favoráveis a evitar. Ainda nesse período, 43% aprovava a resposta de Trump ao coronavírus, contra 49% de desaprovação, também apresentando divergências entre espectros políticos — 87% de aprovação entre Republicanos, 83% de desaprovação entre Democratas, e 50% de desaprovação entre independentes (Quinnipiac University, 2020).

Em pesquisa do Pew Research, ilustrada no gráfico X abaixo, podemos visualizar que 47% dos respondentes indicaram que acreditava que a Imprensa havia exagerado os riscos de contaminação pela Covid-19 no país. Destes, 55% acreditam que Donald Trump não levou os riscos da Covid-19 à sério.

Gráfico 1: Percepção da reação dos agentes à pandemia de Covid-19 (%)

Fonte: Pew Research Pathways April. N = N=10,139, pesquisa realizada entre 20-26 de abril 47 9 29 24 39 36 43 62 13 55 26 14 0 10 20 30 40 50 60 70 Imprensa Donald Trump Líderes Democrtas no Congresso Funcionários públicos (como a CDC)

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A percepção de que os funcionários públicos, como àqueles ligados ao Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) é apontada como quem melhor lidou com a pandemia de corona vírus, sendo essa a opinião de 62% dos respondentes. O Pew Research Institute também perguntou quais as principais fontes de informação que os estadunidenses estavam utilizando para se informar sobre a Covid-19 e quais eles confiavam mais, conforme exposto no Gráfico 2 abaixo.

Gráfico 2: Fontes de informação sobre Covid-19

Fonte: Pew Research Pathways April. N = N=10,139, pesquisa realizada entre 20-26 de abril

Conforme demonstrado no gráfico, podemos observar que a maior parte dos respondentes procura se informar através de veículos de notícias nacionais (56%) e por meio de Organizações e funcionários da área de saúde pública (51%), sendo estes também indicados como os de maior confiabilidade, respectivamente 26% e 18%. Embora 31% tenha apontado a força tarefa de Corona vírus do presidente Donald Trump como fonte de informação, a confiança neste meio é de apenas 16%.

Quando perguntados sobre a avaliação dos governantes, sendo estes o Governador do Estado e o Presidente, podemos ver que os governadores gozam de uma maior aprovação da população com 75,8% dos respondentes indicando um desempenho ótimo ou bom. Quando perguntados sobre a avaliação do presidente, apenas 44,5% posicionam a atuação como boa ou ótima, e 33,6% apontam para um desempenho ruim/negativo. Em pronunciamento nacional no dia 24 de março, Bolsonaro passou a criticar governadores e prefeitos pelo fechamento do comércio e medidas de confinamento. Com o seu argumento de que o vírus afetaria apenas as pessoas acima de 60 anos, defendeu também a reabertura de escolas, alegando que a maior parte da população não seria afetada. Ao subestimar os efeitos do vírus, se referiu a ele como apenas uma “gripezinha”, alegando de forma caricata que se o contraísse nada aconteceria devido a seu “histórico de atleta” (Jornal Nacional, 2020).

25 56 46 31 5 36 51 16 8 10 4 26 18 16 0 9 18 4 1 4 0 10 20 30 40 50 60 Veículos de notícias internacionais Veículos de notícias nacionais Veículos de notícias locais Donald Trump e sua força-tarefa de coronavírus Joe Biden e sua campanha Funcionários eleitos estaduais e locais e seus cargos Organizações e funcionários de saúde pública Amigos, família e vizinhos Boletim informativo da comunidade Fóruns ou grupos de discussão online

Fontes de informação sobre Covid-19

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Tabela 1 - Avaliação do desempenho de governantes (%) Presidente Governador Ótimo 17,6 27,4 Bom 26,9 48,4 Regular 21,2 13,3 Ruim 33,6 10,0 Total 100 100

Fonte: Washington Post, Universityu of Mariland N = 1008.

Da mesma forma, em uma outra pesquisa da CNN realizada em março, abril e maio deste ano, que pode ser visualizada na tabela abaixo, podemos ver que boa parte da população não aprova a condução da pandemia pelo presidente Donald Trump, chegando a uma desaprovação de 55,49% em maio.

Tabela 2 - Você aprova ou desaprova o jeito que Donald Trump está lidando com a pandemia de Corona Vírus? (%)

Março Abril Maio

Aprova 42,9 44,5 42,0

Desaprova 47,4 52,9 55,49

Não sabe 9,7 2,6 2,6

Fonte: CNN Poll: March, April and May. N = 1013, 1002, 1112

Outro ponto de atrito frequente na pandemia foi a discussão do eixo priorizar a saúde das pessoas X salvar a economia. Protestos contra as medidas de confinamento ganharam apoio entre políticos da direita e setores da mídia, sendo realizados em diversos estados. Personalidades públicas têm grande papel em disseminar esse tipo de apoio ao público, como Laura Ingraham, apresentadora da Fox News, que postou um tweet com o vídeo de um protesto dizendo “é hora de tomar sua liberdade de volta” para seus 3 milhões de seguidores (Gabbatt, 2020). Em 17 de abril, Trump encorajou abertamente protestos contra as restrições de isolamento social nos estados com ordens de quarentena, um dia após anunciar as medidas de abertura de seu governo. Assim, Trump postou tweets no estilo de “LIBERATE MICHIGAN!”, “LIBERATE MINNESOTA!”, estados onde governadores Democratas aplicaram medidas estritas de confinamento, também tendo como alvo Virgínia, onde o governador (Dem) e o legislativo desenvolveram maiores controles de posse de armas.

Trump também teve grandes embates com Andrew Cuomo, governador de NY, o estado mais afetado do país em números de contaminados e mortos. Além disso, muitos de seus anúncios são feitos em um tom bipartidário, ajudando a reforçar divisões e despertando raiva entre seus apoiadores. Uma vez que Trump visa sua reeleição neste ano, espera deslocar todas as culpas em relação à crise para os governadores Democratas (Shear e Mervosh, 2020).

Em 19 de abril, novamente, cerca de 2500 pessoas se reuniram em frente ao Capitólio, em Washington, para protestar contra as políticas de isolamento social. Em Denver (Colorado) a situação foi similar, com mais centenas reunidas. Frases como “acabe com o vírus, não com a economia" e "o medo é o vírus real" foram muito presentes entre os manifestantes (Al Jazeera, 2020c). Pesquisas apontam que essa reação ocorre mais por questão de ideologia do que por medo do impacto econômico. Os protestos no país têm emergido centralmente em estados onde há uma intensa divisão partidária. Além disso, muitos líderes conservadores utilizam-se do discurso de defesa de liberdades individuais e

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não de prejuízos econômicos, uma vez que a maioria da população (incluindo Republicanos) têm mais medo de a economia reabrir rápido demais do que devagar demais (Russonello, 2020). O movimento surge também como uma forma de unificar vozes de grupos distintos da direita: os conservadores sociais (que veem as restrições como ameaça a grupos religiosos), os conservadores fiscais (que se preocupam com a devastação econômica devido às restrições a negócios), e os libertários civis (que sustentam que as restrições infringem direitos constitucionais) (Vogel, Rutenberg e Lerer, 2020).

Embora esses protestos tenham ganhado força em alguns Estados, pesquisas apontam que são uma minoria barulhenta que apoia a diminuição das medidas de distanciamento social. Pesquisa realizada ao final de Abril, pelo Washington Post e a Universidade de Maryland, demonstradas na tabela 3 abaixo, aponta que 65,8% dos respondentes acreditam que as restrições à comércios locais impostas em seus Estado foram adequadas.

Tabela 3 – Opiniões sobre medidas de restrição (%) Você acha que as restrições atuais sobre como

restaurantes, lojas e outros negócios operam em seu estado são adequadas, são muito restritivas ou não são restritivas o suficiente?

Você acha que as restrições atuais sobre o tamanho das reuniões públicas em seu estado são apropriadas, são muito restritivas ou não são restritivas o suficiente?

Apropriadas 65,8 64,9

Muito restritivas 17,9 14,0

Pouco restritivas 15,2 20,3

Fonte: Washington Post, Universityu of Mariland N = 1008.

O meio digital é utilizado por setores conservadores que têm incitado as revoltas contra medidas de restrição. Organizações da direita, como a FreedomWorks, têm auxiliado em conectar manifestantes e desenvolver websites para eles, além de monitorar semanalmente inquéritos sobre o apoio à abertura em swing districts suburbanos, passando informações para conselheiros da força-tarefa econômica do presidente e aliados conservadores. Ademais, as redes sociais têm sido o principal meio para organizar os protestos. (Vogel, Rutenberg e Lerer, 2020). O Facebook teve que remover uma série de eventos que convocavam para os protestos. Entretanto, a empresa declarou que só iria retirar os eventos se eles fossem contra as diretrizes definidas pelos governos (se o governo proíbe este tipo de atividade) (Culliford, 2020).

Ademais, de acordo com uma pesquisa conduzida pela Gallup’s com trabalhadores essenciais, neste segmento também há diferentes atitudes em relação aos riscos da Covid-19 entre Republicanos e Democratas. Foi observado que filiados ao Partido Democrata têm muito mais confiança na efetividade do distanciamento social (73%) do que os Republicanos (27%). Para membros de ambos os partidos, o fato de viver em um distrito cuja vitória foi do presidente reduz substancialmente a confiança no distanciamento. Assim, Democratas que vivem em um distrito em que Trump ganhou tendem a confiar 15% menos do que os que vivem em distritos com vitória de Hillary Clinton. O mesmo ocorre entre Republicanos em relação a mudanças para evitar a transmissão (74% para distritos de Trump contra 82% para distritos de Hillary) e democratas (85% e 89%, respectivamente) (Rothwell, 2020).

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4.2 Brasil

Assim como nos Estados Unidos, no caso brasileiro o presidente Jair Bolsonaro também tem um histórico de ataques à mídia e seus adversários, que durante a pandemia alcançou novos alvos. Nessa seção observaremos, através de dados de opinião pública obtidos através de pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, em abril de 2020, como o público reagiu a tópicos relacionados à pandemia da Covid-19. Primeiramente, iremos analisar como os brasileiros se informam sobre a Covid-19 e o quanto confiam nesses canais. De acordo com dados do Datafolha (2020) de abril, 98% dos brasileiros tinha conhecimento sobre o coronavírus, com 77% considerando-se bem informados e cerca de 21% mais ou menos informados.

Gráfico 3: Fontes de informação sobre Covid-19 (%)

Fonte: Datafolha, 2020. * O nível de confiança para redes sociais responde à confiança nas informações do Facebook apenas. De acordo com o Gráfico 3, acima, que apresenta as principais fontes (primária e secundária) de informação dos brasileiros em relação à Covid-19, percebemos que a televisão ainda apresenta um papel central em trazer informações para os cidadãos, uma vez que cerca de 80% utiliza-se primeiramente deste meio. Jair Bolsonaro constantemente profere ataques à mídia tradicional (especialmente à Rede Globo), o que pode estar relacionado com o fato de que nem todos que se utilizam deste meio têm confiança nas informações divulgados em programas jornalísticos na TV, uma vez que esta compreende cerca de 55%. Além disso, em seu pronunciamento em 24 de março, o presidente acusou a mídia de estar gerando pavor e histeria em relação à pandemia (Jornal Nacional, 2020). Enquanto 5,2% e 3,9%, respectivamente, utilizam-se de meios online (sites de notícias e redes sociais) como fonte primária para se informar, percebe-se que é onde buscam sua informação após a televisão, com 18,3% e 16,2%, respectivamente, ainda que a confiança seja maior no rádio e nos jornais impressos. Cabe ressaltar que a máquina da desinformação e das fake news não entrou em quarentena na pandemia, muitas delas endossadas pelo próprio presidente e líderes do governo. A defesa de Bolsonaro pelo uso da cloroquina5 como forma de se precaver contra/“curar” a Covid-19 chegou a deixar as farmácias sem 5 “A cloroquina, ou hidroxocloroquina – já usada para tratar malária, lúpus e artrite – tem sido testada em vários países no combate à Covid-19, mas ainda não tem eficácia comprovada e seu uso não é recomendado por autoridades médicas devido a possíveis danos ao coração. Segundo artigo publicado no News England Journal of Medicine, recentemente, o uso da cloroquina não foi associado à diminuição significativa da mortalidade”. (VivaBem, 2020). 80,3 0,9 8,9 1,4 3,1 5,218,3 3,9 1,0 16,2 4,6 55,5 46,8 50,9 35,8 8,2 8,2 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 TV Rádio Jornais

Impressos Sites de notícias Redes Sociais* WhatsApp

Fontes de Informação sobre a Covid-19

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estoques para àqueles pacientes que faziam seu uso contínuo (Libório; Favero, 2020). O presidente já teve publicações suspensas (ou ocultadas) no Twitter, Facebook e Instagram, por espalhar notícias falsas sobre a pandemia (Folha de São Paulo, 2020). A seguir iremos observar opiniões dos brasileiros sobre medidas de restrição que foram implementadas em função da pandemia:

Tabela 4 – Opiniões sobre medidas de restrição Pessoas que não estão

no grupo de risco deveriam sair para

trabalhar Escolas deveriam voltar às aulas Comércio de produtos não essenciais deveria ser reaberto

Governo proíba por algum tempo que pessoas que não trabalham em serviços

essenciais de saírem à rua

Concorda 36,6 11,0 33,2 70,5

Discorda 60,6 87,3 64,7 25,8

Não sabe/Indiferente 2,8 1,7 2,1 3,7

Total 100 100 100 100

Fonte: Datafolha, 2020

Em maio de 2020, o país registrava como perfil 45% de internados na faixa etária de 20 a 59 anos, ainda que o número de mortes seja maior entre o grupo acima de 60 anos. Isso ocorre não só de acordo com a pirâmide demográfica brasileira, mas também pela pouca adesão da população às medidas de isolamento social e pela desigualdade social do país (Jansen, 2020). Em pronunciamento nacional no dia 24 de março, Bolsonaro utilizou-se do argumento de que o vírus afetaria apenas as pessoas acima de 60 anos, defendeu também a reabertura de escolas, alegando que a maior parte da população não seria afetada (Jornal Nacional, 2020). A partir da tabela acima, destaca-se primeiro a contradição comumente vista e fortemente debatida durante toda a pandemia: ao mesmo tempo em que mais de 70% concordava com as medidas de isolamento social impostas pelo governo, que proibiam determinadas pessoas de saíram às ruas, mais de 60% também defendia a necessidade de reabrir o comércio e de pessoas fora do grupo de risco voltarem a trabalhar. Em relação a volta às aulas, a grande maioria concordava que as aulas deveriam continuar suspensas. É importante ressaltar que nesse momento 54,1% das pessoas estavam saindo de casa só quando inevitável e apenas 3,9% apontava estar vivendo normalmente, sem mudança na rotina.

Assim, é previsto que o discurso do presidente, essencialmente entre seus apoiadores venha a ecoar em grande parte das visões sobre esses temas. Além disso, o presidente fez críticas a governadores e prefeitos pelo fechamento do comércio e medidas de confinamento (Jornal Nacional, 2020). A seguir, veremos a avaliação do desempenho dos governantes a nível nacional, estadual e municipal:

Tabela 5 - Avaliação do desempenho de governantes (%) Presidente Governador Prefeito

Ótimo 15,7 26,5 22,8 Bom 17,5 32,7 29,2 Regular 25,2 23,3 24,1 Ruim 7,5 4,8 6,8 Péssimo 31,8 10,6 13,4 Não sabe 2,3 2,0 3,7 Total 100 100 100 Fonte: Datafolha, 2020.

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Conforme a tabela acima, é possível perceber que, em abril de 2020, a aprovação maior encontrava-se entre os governadores e depois entre os prefeitos, com uma pior aprovação ao presidente. É importante ressaltar que, no momento da pesquisa, a popularidade de Bolsonaro encontrava-se em baixa justamente por suas declarações e atitudes em relação à pandemia. Os mesmos dados (Datafolha, 2020) mostram que 51% dos brasileiros acreditava que o presidente mais atrapalhava do que ajudava no combate ao coronavírus. Assim, percebemos que, ao primeiro mês de isolamento as atitudes de Bolsonaro eram vá vistas por grande parte da população, e que o trabalho necessário para conter a pandemia visto pela população como mais relacionado ao nível regional e local e seus governantes. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme apresentado ao longo deste trabalho, ainda que em contextos diferentes de acordo com seus países, Donald Trump e Jair Bolsonaro apresentam uma série de atitudes, durante a crise do coronavírus, semelhantes a ser ressaltadas. Primeiramente, a negação da ciência aparece na escolha de ignorar recomendações da comunidade médica e científica, assim como de organismos internacionais, como a OMS, mas chega a seu limite quando os governantes recomendam tratamentos sem qualquer comprovação científica. Adicionado a isso, ambos presidentes estão entre os poucos governantes mundiais que politizaram a crise do coronavírus, utilizando-se de discursos que acentuam a polarização política. Como já é de costume, buscam inimigos para culpar, sendo estes qualquer um que não endosse ou apoie o que os líderes têm a dizer. A mídia – acusada de gerar histeria e produzir fake news – continua como um dos principais adversários. Entretanto, desta vez Trump e Bolsonaro encontraram um novo alvo: os governadores e prefeitos localizados no espectro político oposto, que ao tentar proteger a população e o sistema de saúde com medidas de restrição, são acusados de tentar quebrar a economia e restringir liberdades individuais, claro que sempre com o objetivo maior de prejudicar a imagem dos presidentes.

Além disso, colocam-se como salvadores da pátria, ao justificarem suas ações como defesa dos trabalhadores e da liberdade, e vítimas, ao culparem outros poderes ou atores por não os permitirem que façam isso. Suas narrativas apresentam fortes e claras características populistas, que tomaram contornos específicos ao contexto da pandemia. Os efeitos mais significativos, em primeira ordem, podem ser facilmente observados pelas contrastantes divergências entre as percepções de indivíduos pertencentes a diferentes espectros políticos. Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, apoiadores de Bolsonaro e Trump tendem a subestimar mais a seriedade da epidemia, disseminar desinformação, e se colocar em risco (e consequentemente a outros) uma vez que apresentam menor adesão às medidas de contenção do vírus. Destaca-se a maior gravidade das consequências de tais comportamentos durante uma pandemia, em que a saúde pública é o centro da questão. Ao negar a ciência, nesse contexto, se colocam vidas em risco não só por negligência, ao ir na contramão de recomendações internacionais, mas também por ignorância, quando as figuras políticas de maior importância nos respectivos países distribuem

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desinformação irresponsavelmente em redes sociais e em canais oficiais de comunicação, chegando ao nível de oferecer curas milagrosas (que podem levar a mortes).

Ao utilizar-se dessas divergências, juntamente com a criação de inimigos, ambos os presidentes construíram narrativas que visam mobilizar e criar coesão entre seus apoiadores. No caso americano, as eleições encontram-se como o a principal motivação para tal, uma vez que Trump busca apoio para sua reeleição através da defesa da reabertura da economia, com foco também na volta à atividade de outros setores (como as igrejas). No caso brasileiro a crise institucional entre o Executivo e os outros poderes (Congresso, Judiciário e governos locais) é central, visto a perda de popularidade de Bolsonaro somada a uma série de pedidos de impeachment que já se encontram no Legislativo, que levam o presidente a buscar apoio de alas do Congresso (no chamado Centrão), assim como de deslegitimar o que apontam irregularidades em seu governo.

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