IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DISPOSTOS EM ÁREA IRREGULAR DE SÃO LUÍS/MA

IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DISPOSTOS EM ÁREA IRREGULAR DE SÃO LUÍS/MA

IDENTIFICATION AND CLASSIFICATION OF SOLID WASTE DISPOSED IN IRREGULAR AREA OF SÃO LUÍS/MA

Apresentação: Pôster

Lorena Ferreira da Cunha e Sousa1; Jeferson Botelho Rodrigues2; Jacqueline de Oliveira3; Eduardo Mendonça Pinheiro4

DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.IIICOINTERPDVAGRO.2018.00517

Introdução

A geração de resíduos é atualmente um dos maiores problemas enfrentados pela civilização moderna. A falta de locais para a sua disposição e técnicas que apresentam valores gradativamente mais elevados para seu tratamento são cada vez mais difíceis de serem implementadas (BARREIRA, 2005). Os resíduos lançados em lixões a céu aberto acarretam geração de gases que causam odores desagradáveis, intensificação do efeito estufa e, principalmente, poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas pelo chorume produzido pela decomposição da matéria orgânica (LANZA et al., 2010).

O presente trabalho foi desenvolvido em um lixão no bairro Cidade Operária, localizado na Zona Urbana de São Luís do Maranhão. A pesquisa tem como hipótese de que como há disposição de resíduos de forma inadequada ao longo do tempo na área em estudo, podem ter sido gerados impactos ambientais negativos ao meio ambiente através da degradação dos resíduos, e possível liberação de substâncias tóxicas. O objetivo do trabalho é identificar quais são os impactos que esses resíduos dispostos no local de estudo causam ao meio ambiente e a saúde da coletividade.

Fundamentação Teórica

1_{Engenharia Florestal, Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão, lorenas20sousa@gmail.com} 2_{Engenharia Ambiental, Faculdade Pitágoras de São Luís, botelhojef@outlook.com}

3_{Engenharia Florestal, Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão, jacqueolvs@gmail.com} 4_{Mestre em Agroecologia, Universidade Estadual do Maranhão, eduardomp1979@gmail.com}

Os resíduos, ou descartes indústrias, de modo geral, por constituírem materiais sobre os quais se tem cada vez mais interesse de análise devido sua relação com questões de proteção do meio ambiente, seja pelo espaço que ocupam, sejam por suas composições físico-químicas, vem sofrendo ao longo dos anos um disciplinamento legal cada vez mais rigoroso (BROLLO, 2001).

O aumento da geração de resíduos traz em sua composição complexa presença de substâncias perigosa e as condições de tratamento e disposição final inadequada a que são submetidos, impõem a urgente gestão desses resíduos (GODOY, 1995), uma vez que os resíduos sólidos urbanos causam preocupação pela quantidade e contínua geração, enquanto que os resíduos industriais, por sua periculosidade (GÜNHTER, 2008).

Estudos que abordem a gestão dos resíduos e a sua reciclagem considerando seus aspectos macro ambientais são cada vez mais relevantes (MARQUES, 2012), e o caráter consumista da sociedade moderna e a utilização de produtos descartáveis têm levado a uma enorme produção de resíduos. Em vista do exposto, modelos de gestão adotados pela maioria das comunidades para a administração de resíduos são resultantes de uma visão de inexorabilidade dos recursos naturais (BROLLO, 2001).

Metodologia

Este trabalho foi realizado numa área utilizada de forma irregular para disposição de resíduos sólidos urbanos. A área fica no bairro Cidade Operária, localizado na capital do Maranhão. Próximo a ela, existe um grande número de residências com moradores e um campo de futebol que a sociedade do bairro estudado e de bairros vizinhos utiliza para momentos de lazer. De acordo com os moradores mais antigos, o lixão recebe resíduos sólidos de outros bairros próximos, o que gera mais ainda o aumento da quantidade.

De acordo com o objetivo proposto, este trabalho foi realizado através de uma pesquisa exploratório-descritiva com intuito de ampliar o conhecimento a respeito dos resíduos sólidos, analisar quais os possíveis impactos causados à área onde eles são destinados de forma incorreta. A abordagem utilizada foi à qualitativa, pois segundo esta perspectiva, um fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte, devendo ser analisado numa perspectiva integrada (GODOY, 1995).

A metodologia da pesquisa foi baseada nos métodos dedutivo e indutivo. O método dedutivo conforme Marconi e Lakatos (2008) parte das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente), já o método indutivo parte de dados particulares que formarão as inferências para uma verdade geral.

Optou-se por realizar inicialmente uma pesquisa bibliográfica, visando obter informações e conhecimento, juntamente com atividades realizadas em campo, na área de estudo, para análise das características do local e também identificar os aspectos dos resíduos e averiguar quais resíduos são dispostos no local. Foram realizadas 05 (cinco) visitas ao local para obtenção das informações necessárias para o desenvolvimento deste trabalho.

Resultados e Discussões

No decorrer das visitações na área de estudo os principais conjuntos de resíduos identificados foram resíduos orgânicos, papéis, papelão, plásticos, vidros, panos/borracha (pedaços de tecido, sapatos, pneus), contaminante químico (seringas, latas com resto de tinta, TV’s, fogões, pilhas, baterias), contaminante biológico (papel higiênico, cotonetes, fraldas descartáveis, algodão), resíduos não contaminantes, madeira, metal ferroso e não ferroso (cadeados, embalagens de produtos alimentícios, latas de refrigerante e cerveja, copos de alumínio).

Ainda sobre a área estudada, foi identificada ao seu redor, à presença de resíduos eletrônicos, tais como: TV’s (Figura 02). Uma vez que os tubos de TV’s podem liberar substâncias nocivas à saúde da coletividade e ao meio ambiente em geral. Há, em grande quantidade, resíduos orgânicos em decomposição que causam mau cheiro e atraem a presença de animais e vetores para área.

O maior passivo ambiental associado à atividade dos lixões é a geração de chorume (Figura 03). O chorume é um líquido originário da decomposição do resíduo orgânico, contendo contaminantes orgânicos e inorgânicos dissolvidos e em suspensão (BROLLO, 2001). As substâncias dissolvidas são altamente solúveis, as quais causam a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, por exemplo. O potencial de impacto do chorume está relacionado principalmente com os seguintes fatores, alta concentração de matéria orgânica em decomposição, reduzida biodegradabilidade, presença de metais pesados e de substâncias recalcitrantes (BROLLO et al., 2001).

Figura 03: Possível formação de chorume. Fonte: Própria, 2018.

Pôde-se notar a presença de resíduos de construção civil. Quando se fala dos resíduos decorrentes das atividades da construção civil a realidade é alarmante, pois 75% dos resíduos gerados pela construção nos municípios provêm de obras informais (obras de construção, reformas e demolições, geralmente realizadas pelos próprios usuários dos imóveis), o que acarreta disposições irregulares por toda a cidade (GUERRA, 2009).

Foi identificado, também, disposição de pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, latas de tintas, solventes, uma vez que esses resíduos prejudicam diretamente o solo e o meio

ambiente devido sua composição química. Esses resíduos podem conter quantidades significativas de substâncias químicas nocivas ao meio ambiente e aos seres vivos, acumulando-se nos tecidos vivos, atingindo níveis perigosos para a saúde. Alguns exemplos são o mercúrio, encontrados em produtos farmacêuticos e lâmpadas fluorescentes, o cádmio em pilhas e baterias e o chumbo em inseticidas e tintas (BARREIRA, 2005).

Ao longo do estudo foi factível preparar uma quadro (Quadro 01) composto pelos resíduos dispostos no local de estudo conforme a classe estabelecida pela NBR 10004:2004, que classifica os resíduos como: Classe I – resíduos perigosos, Classe II – resíduos não perigosos, Classe II A – Não Inertes e Classe II B – Inertes.

Quadro 01: Classificação de resíduos sólidos encontrados na área de estudo. Fonte: Própria, 2018

RESÍDUOS CLASSE

Lâmpadas fluorescentes e mistas Classe I

Resto de alimentos Classe II A

Sucatas – metal ferroso Classe II B

Resíduos de papel e papelão Classe II A

Resíduos plásticos Classe II B

Resíduo de madeira não tratada Classe II A

Resíduo de vidro Classe II B

Resíduos de tinta e pigmentos Classe I

Embalagens metálicas Classe II B

Acumuladores de energia (pilhas, baterias, assemelhados)

Classe I

Pneus Classe II

Conclusões

Através deste estudo foi possível perceber que o gerenciamento do resíduo urbano apresenta muitos desafios e merece atenção especial dos gestores públicos do município. Conforme a classificação dos resíduos presentes no local de estudo, percebe-se que a área em estudo pode estar sofrendo uma degradação causada pela toxicidade dos resíduos.

A necessidade de um gerenciamento para os resíduos é grande, isso cabe ao gestor público tomar a iniciativa de proporcionar a população maneiras ambientalmente corretas de

como gerenciar os resíduos em suas próprias residências, a fim de aproveitar os resíduos orgânicos. É necessário, por conseguinte, que haja intervenção pública para finalizar essa disposição incorreta de resíduos no lixão, pois a considerável quantidade de resíduos que têm sido depositada na área estudada tem causado impactos que diminuem a qualidade de vida.

Referências

BARREIRA, L.P. Avaliação das usinas de compostagem do estado de São Paulo em função

da qualidade dos compostos e processos de produção. São Paulo, 2005. Disponível em:

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BROLLO, M.J. Metodologia automatizada para seleção de áreas para disposição de

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2001.Disponível em:

<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/tde-15042004.../tde.pdf>. Acesso em: 25/04/2018.

GODOY, A. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 3, p. 20-29, 1995.

GUERRA, S. Resíduos sólidos: comentários à Lei 12.305/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2012.p 75.

GÜNTHER, W. M.R. Resíduos sólidos no contexto da saúde ambiental. São Paulo, 2008.

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http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/.../6/tde.../Textolivredocwandarisso.pdf>. Acesso em: 25/04/2018.

LANZA, V.C. V; MACHADO, R. M. G; TORQUETTI, Z.S. C; FERNANDES, P. R. M; REIS, A. G; TEIXEIRA, C. Z. Fundação Estadual do Meio Ambiente. Reabilitação de áreas

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Israel Pinheiro – Belo Horizonte: FEAM, 2010. Disponível em:

<http://www.feam.br/images/stories/arquivos/minassemlixoes/caderno%20tcnico%20areas%2 0degradadas.pdf>. Acesso em: 27/04/2018.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Marina. (orgs). Métodos científicos. In: ____________ Fundamentos de Metodologia Científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 83-112.

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