• Nenhum resultado encontrado

Português Em Exercicios ESAF - Claudia Kozlowski

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Português Em Exercicios ESAF - Claudia Kozlowski"

Copied!
49
0
0

Texto

(1)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI AULA 5: SINTAXE DE REGÊNCIA

Hoje, trataremos do assunto em epígrafe – SINTAXE DE REGÊNCIA. Há sempre nas orações elementos regentes e elementos regidos. Chamamos de regentes aos termos que pedem complemento e de regidos aos que complementam o sentido dos primeiros.

A sintaxe de regência estudará, portanto, as relações de subordinação ou dependência entre os elementos da oração.

Em palavras mais simples: regência significa “uso ou não de preposição”. Veremos casos em que determinada palavra (substantivo, adjetivo, advérbio ou verbo) exige uma certa preposição ou tem o seu sentido/alcance modificado em virtude do emprego de alguma delas. REGÊNCIA NOMINAL – estuda a relação entre um substantivo, um adjetivo ou um advérbio com o termo que complementa o seu significado.

REGÊNCIA VERBAL – analisa o emprego e o significado dos verbos de acordo com a preposição do seu complemento indireto (ou a ausência da preposição no complemento direto).

Nosso estudo terá por base as lições de Celso Pedro Luft presentes nas seguintes obras:

- Dicionário Prático de Regência Nominal - Editora Ática – 4ª edição - 2003;

- Dicionário Prático de Regência Verbal – Editora Ática – 8ª edição – 2002.

Relembro que, a partir da aula anterior, passamos a analisar da seguinte forma as questões de prova da ESAF:

questões na íntegra - vale o que pede o enunciado. Você deverá marcar a opção correspondente (a, b, c, d, e);

questões com somente um ou alguns itens. Você irá julgar a correção gramatical da proposição indicada, isto é, se o item está CERTO (CORRETO) ou ERRADO (INCORRETO), como se faz nas provas da UnB (“Julgue a asserção abaixo”).

Bons estudos.

QUESTÕES DE PROVA DA ESAF

1 - (Analista IRB/2004) Identifique a letra em que uma das frases apresenta erro de regência verbal.

(2)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI a) Atender uma explicação.

Atender a um conselho.

b) O diretor atendeu aos interessados. O diretor atendeu-os no que foi possível. c) Atender às condições do mercado.

Os requerentes foram atendidos pelo juiz. d) Atender o telefone.

Atender ao telefone.

e) Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença. Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio. Gabarito: E

Comentário.

Essa questão é praticamente uma aula de regência verbal do verbo atender.

Todos os exemplos apresentados nas opções da questão foram retirados do livro de Celso Pedro Luft (obra citada no início da aula).

Sobre a regência do verbo atender:

1. o verbo será facultativamente transitivo direto ou transitivo indireto (neste caso, regendo a preposição a) nas seguintes acepções:

- no sentido de dar ou prestar atenção – “Atender a um conselho” (opção a),”Atender uma explicação” (opção a), “O diretor atendeu aos interessados” (opção b); Luft ressalta que, se o complemento for um pronome pessoal referente a PESSOA, só se empregam as formas objetivas diretas – “O diretor atendeu os interessados” ou “aos interessados”, mas somente “O diretor atendeu-os.”.

- na acepção de tomar em consideração, considerar, levar em conta, ter em vista – “Atender às condições do mercado.” (opção c);

- com sentido de responder – “Atender ao / o telefone (opção d);

2. na acepção de conceder uma audiência , é transitivo direto e, por isso, possibilita a construção na voz passiva – “Os requerentes

(3)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

3. no sentido de acolher, deferir, tomar em consideração, é transitivo direto – “O diretor atendeu-os no que foi possível” (opção b) ;

4. no sentido de atentar, reparar, é transitivo indireto, podendo reger as preposições a, para, em – “Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença” (opção e).

A única forma incorreta é “Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio.”. O sentido é o da letra e (atentar, reparar), que, por ser transitivo indireto, não admite construção de voz passiva (“Ninguém se atendeu...”).

2 - (TC PR 2002/2003) Julgue a correção gramatical da asserção abaixo. e) Os recursos somente são liberados após o TCU constatar de que a adoção de providências corretivas pelo gestor da obra e após a edição de um decreto legislativo específico. O TCU tem encontrado anualmente irregularidades graves em cerca de um terço das obras fiscalizadas. Item INCORRETO.

Comentário.

O verbo constatar é transitivo direto (alguém constata alguma coisa). Assim, a forma, sem a preposição, seria: “Os recursos somente são liberados após o TCU constatar que a adoção...”.

Verificamos, porém, que o complemento verbal não está representado por uma oração, mas por substantivos. Há, portanto, necessidade de retirar não só a preposição, como também a conjunção “que” – “... após o TCU constatar a adoção de providências corretivas pelo gestor da obra e após a edição de um decreto legislativo específico.”.

E como saber que é uma conjunção que, e não um pronome relativo que?

Supondo que o período fosse “Os recursos somente são liberados após o TCU constatar que houve a adoção de providências corretivas pelo gestor da obra.”, tudo o que se segue após o verbo constatar poderia ser substituído pelo pronome substantivo ISSO:

(4)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

Neste caso, como o pronome substantivo indefinido (ISSO) estaria exercendo a função sintática de objeto direto de constatar (“... constatar ISSO”), a oração é classificada como oração subordinada substantiva objetiva direta. Traduzindo o “gramatiquês”:

- oração subordinada – porque exerce uma função sintática na oração principal;

- substantiva – porque, como vimos, ela pode ocupar o lugar de um substantivo (“constatar o cumprimento”) ou de um pronome substantivo (“constatar ISSO”);

- objetiva direta – porque ela exerce a função sintática de objeto direto em relação à oração principal.

A conjunção SEMPRE dá início a uma oração subordinada SUBSTANTIVA.

O pronome relativo SEMPRE dá início a uma oração subordinada ADJETIVA.

O PRONOME RELATIVO se refere a algum termo que já foi mencionado, substituindo-o na oração subordinada adjetiva.

Se este pronome, na oração adjetiva, exercer a função sintática de sujeito, deve o verbo concordar com o termo antecedente (vimos vários exemplos na aula de concordância).

Se o termo regente (verbo, adjetivo, substantivo, advérbio) exigir uma preposição em relação a esse termo antecedente, esta preposição deverá ser colocada antes do pronome relativo, substituto do antecedente.

Para facilitar, vamos ao exemplo.

“Eu fui apaixonada por um rapaz. O rapaz se mudou.”

Ao unir as duas orações, podemos construir os seguintes períodos compostos:

(1) - “Eu fui apaixonada por um rapaz | que se mudou.” (2) - “O rapaz | por quem eu fui apaixonada| se mudou.”

No período (1), a oração principal é “Eu fui apaixonada por um rapaz” e a oração subordinada adjetiva é “que se mudou”.

Já no período (2), a oração principal é “O rapaz se mudou” e a oração subordinada adjetiva é “por quem eu fui apaixonada”.

Perceba que nas duas construções, os pronomes relativos têm o mesmo antecedente – referem-se a “rapaz”.

(5)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

Contudo, na construção (2), como a oração adjetiva apresenta um termo regente (apaixonada) que exige a preposição por antes do termo regido rapaz (antecedente do pronome relativo que), essa preposição por deve anteceder o pronome relativo que o representa na oração adjetiva (“fui apaixonada pelo rapaz” / “por quem [rapaz] fui apaixonada”).

Mais um exemplo, para concluir. Foi anunciado antes da exibição do filme “Carandiru”:

“O filme | que você vai assistir | é baseado em fatos reais”. O período é composto pelas seguintes orações:

1ª oração – “O filme é baseado em fatos reais” – oração principal

2ª oração – “que você vai assistir” – oração subordinada – oração que define/restringe o substantivo filme

O pronome que está, na oração subordinada, no lugar do vocábulo filme (“filme que você vai assistir”). Feita a devida substituição, a oração subordinada, então, seria “você vai assistir o filme”.

Contudo, o verbo assistir na acepção de presenciar, segundo a norma culta, é transitivo indireto, regendo a preposição “a”. Assim, a preposição deverá ser colocada antes do pronome relativo que está no lugar de filme – “O filme | a que você vai assistir | é baseado em fatos reais.”.

O verbo assistir:

(1) no sentido de auxiliar, ajudar, é transitivo direto ou indireto (com a preposição a ou o pronome lhe), indiferentemente – “Eu assisti (a) teu pai na enfermidade.”; “Eu sempre lhe assisto quando mais precisa de ajuda.”;

(2) no sentido de estar presente, presenciar, é transitivo indireto (a ele – não admite o pronome “lhe”) – “Você vai assistir ao filme”.;

Diz Luft a esse respeito: “por pressão semântica de ver, presenciar, observar, é natural a inovação regencial “assistir algo” – “assisti-lo”. ... Isso não impede que, para a linguagem culta formal, se aconselhe a regência originária (assistir a algo) até porque mesmo ‘os modernistas continuam preferindo o complemento preposicionado’ (Lessa: 157).”

(3) na acepção de residir, é transitivo indireto, com a preposição em (Assisto em Curitiba.) .

(6)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

3 - (AFRF 2002.1)

O homem é moderno na medida das senhas de que ele é escravo para ter acesso à vida. Não é mais o senhor de seu direito constitucional de ir-e-vir. A senha é a senhora absoluta. Sem senha, você fica sem seu próprio dinheiro ou até sem a vida. No cofre do hotel, são quatro algarismos; no seu home bank, seis; mas para trabalhar no computador da empresa, você tem que digitar oito vezes, letras e algarismos. A porta do meu carro tem senha; o alarme do seu, também. Cada um de nossos cartões tem senha. Se for sensato, você percebe que sua memória não pode ser ocupada com tanta baboseira inútil. Seus neurônios precisam ter finalidade nobre. Têm que guardar, sim, os bons momentos da vida. Então, desesperado, você descarrega tudo na sua agenda eletrônica, num lugar secreto que só senha abre. Agora só falta descobrir em que lugar secreto você vai guardar a senha do lugar secreto que guarda as senhas.

(Alexandre Garcia, Abre-te sésamo, com adaptações) Julgue a asserção abaixo, com relação ao emprego das palavras e expressões do texto.

a) Para que as regras da norma culta sejam respeitadas, é obrigatório o emprego da preposição de regendo a oração “que ele é escravo”(l.1). Item CORRETO.

Comentário.

O vocábulo escravo rege a preposição de (“Alguém é escravo de outra pessoa ou de alguma coisa.”).

No segmento “O homem é moderno na medida das senhas | de que ele é escravo”, há as seguintes orações:

1ª oração – “O homem é moderno na medida das senhas” – oração principal

2ª oração – “de que ele é escravo” – oração subordinada adjetiva que restringe o conceito de “senhas”

O que presente na 2ª oração está substituindo o vocábulo “senhas”, da 1ª oração. Por isso, é classificado como um pronome relativo. Um pronome relativo SEMPRE dá início a uma oração subordinada adjetiva. Uma oração adjetiva pode ser restritiva (limita o conceito do vocábulo a que se refere) ou explicativa (oferece apenas informações adicionais, acessórias). Nesse caso, é restritiva.

(7)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

Devemos observar se o elemento representado pelo pronome relativo deveria ser regido por alguma preposição exigida por outro elemento da oração adjetiva. Para isso, devemos colocar a oração adjetiva na ordem direta, fazendo as substituições necessárias:

“que ele é escravo” – “ele é escravo de senhas”

Essa preposição obrigatória, exigida pelo substantivo escravo (termo regente), deve preceder o pronome relativo (termo regido) – “de que ele é escravo”. Portanto, a assertiva está correta.

4 - (AFRF/2003)

Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das sociedades. Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha a resultar como direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes políticos, sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana. Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos na América Latina. Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais. As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos, tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e ideológica.

(Núcleo de Estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB, in: Introdução Crítica ao Direito, com adaptações) Julgue o seguinte item a respeito do emprego das estruturas lingüísticas do texto.

III. As regras de regência nominal permitem que “dependência”(l.13) também seja empregada com a preposição com; por isso está igualmente correto: a extrema dependência com que estão submetidos...

Item INCORRETO Comentário.

(8)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

É necessário analisar todo o segmento para verificar qual é o termo regente nessa relação sintática:

“... a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos.”

Dispondo os termos na ordem direta e fazendo as substituições e ajustes necessários à análise, temos que:

“Os países estão submetidos à extrema dependência.”

Comprova-se que a preposição é exigência do adjetivo submetidos, e não do substantivo “dependência”, conforme foi sugerido no item III. Por esse motivo, está incorreta tal proposição.

5 - (AFRF/2003) Marque o item em que a regência empregada atende ao que prescreve a norma culta da língua escrita.

a) A causa por que lutou ao longo de uma década poderia tornar-se prioridade de programas sociais de seu estado.

b) Seria implementado o plano no qual muitos funcionários falaram a respeito durante a assembléia anual.

c) A equipe que a instituição mantinha parceria a longo tempo manifestou total discordância da linha de pesquisa escolhida.

d) Todos concordavam que as empresas que a licença de funcionamento não estivesse atualizada deveriam ser afastadas do projeto.

e) Alheio aos assuntos sociais, o diretor não se afinava com a nova política que devia adequar-se para desenvolver os projetos.

Gabarito: A Comentário.

No item considerado correto temos um pronome relativo que (em referência a “causa”) antecedido por uma preposição exigida pelo verbo lutar (“Alguém luta por alguma causa.”) – “A causa por que lutou...”. As incorreções dos demais itens são:

b) A expressão “falar a respeito” rege a preposição de (“Alguém fala a respeito de alguma coisa.”). O pronome relativo o qual (no qual = em + o qual) faz menção ao substantivo plano. A oração adjetiva, na ordem direta e com os termos substituídos, seria “Muitos funcionários falaram a respeito do plano.”. Assim, a construção correta deveria ser:

(9)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

“Seria implementado o plano do qual muitos funcionários falaram a respeito ...”.

c) Há erro na construção “A equipe que a instituição mantinha parceria...”. A forma correta seria, feitas as devidas substituições e ajustes: “A instituição mantinha parceria com a equipe.”. Assim, o pronome relativo que (que substitui equipe) deve ser precedido da preposição com – “A equipe com que a instituição mantinha parceria ...”. Na seqüência, outro erro: na indicação de tempo decorrido, deve-se usar o verbo haver: “há longo tempo”.

d) O verbo concordar, no sentido de assentir, consentir, pode reger as preposições com e em (“Todos concordam com/em tudo.”). Em construções com o objeto indireto oracional, prefere-se, em geral, omitir a preposição, como apresentado no item “Todos concordavam que as empresas...”. Esta construção está correta.

O problema, porém, está no emprego do pronome relativo que, da estrutura “...as empresas que a licença de funcionamento não estivesse atualizada...”. O pronome relativo que liga dois substantivos com idéia de posse (normalmente unidos pela preposição de, como em “licença das empresas”) é o cujo (e suas derivações de gênero e número). O correto seria, então, “...as empresas cuja licença de funcionamento não estivesse atualizada...”.

e) “Alguém deve se adequar a alguma situação.”. Na construção “o diretor não se afinava com a nova política que devia adequar-se”, o relativo que refere-se a nova política.

A oração na ordem direta, com as devidas substituições, seria: “O diretor devia adequar-se à nova política”, onde o “à” representa a contração da preposição a, exigida pelo verbo adequar, com o artigo definido a, que antecede “nova política”. Como, em vez de “nova política”, há um pronome relativo, a preposição deverá anteceder esse pronome – “o diretor não se afinava com a nova política a que devia adequar-se.”

6 – (Auditor TCE ES/2001)

No exercício da sua competência, se o Tribunal de Contas julgar o ato nulo, de pleno direito, por vício insanável, caracterizado por preterição de formalidade essencial que o deva anteceder, ou violação da lei, a que se deva obrigatoriamente subordinar, as autoridades competentes, ao conhecerem do julgado, deverão promover e adotar as medidas dele decorrentes, sujeitando-se os responsáveis às penalidades aplicadas pelo Tribunal e ao ressarcimento de eventuais danos causados ao erário.

(10)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI Julgue a assertiva abaixo.

c) Em “a que se deva obrigatoriamente subordinar” (l.4) o uso da preposição “a” está de acordo com as normas da variedade padrão da língua portuguesa.

Item CORRETO. Comentário.

Na locução verbal “deva subordinar”, devemos analisar a transitividade e regência do verbo principal – subordinar. Esse verbo é transitivo direto e indireto, regendo a preposição a.

O pronome relativo que substitui a palavra lei. A construção, então, seria, na ordem direta: “[O Tribunal de Contas ] se deva subordinar à lei.”. Como no lugar de lei existe o pronome relativo que, a preposição a ele deve anteceder – “a que se deva obrigatoriamente subordinar”. 7 - (TFC SFC/2000) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical

Outro mito muito em voga(A) é de que(B) a globalização torna(C) a vida das pessoas muito mais instável. Isso é só parcialmente verdade. As economias estão muito mais competitivas hoje em boa parte do mundo, o que(D) pode passar uma sensação maior de instabilidade. Um recente estudo do Banco Mundial, no entanto, mostra que(E) não há nenhuma evidência de aumento da instabilidade em termos de crescimento de PIB e de consumo privado na América Latina.

(Adaptado de Exame, 1/11/2000, p.141) a) A b) B c) C d) D e) E Gabarito: B Comentário.

No período “Outro mito muito em voga é | de que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável”, há duas orações, quais sejam:

(11)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

“que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” – oração subordinada à principal

A preposição “de” que antecede a conjunção “que” é exigida pelo substantivo “mito”. Contudo, a ausência da repetição desta palavra, ou da colocação de um pronome que a ela faça referência, acarretou a falha de coesão textual, acabando por deixar a preposição sozinha, sem termo ao qual pudesse se ligar.

Há duas possibilidades de correção e, conseqüentemente, de classificação da oração subordinada:

1ª possibilidade:

- “Outro mito muito em voga é o de que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.”

1ª oração - “Outro mito muito em voga é o de” - oração principal (o pronome demonstrativo “o” representa o substantivo “mito” e passa a ser o termo regente da preposição de)

2ª oração - “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” - oração subordinada completiva nominal (complemento nominal do substantivo mito)

2ª possibilidade:

- “Outro mito muito em voga é que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.”

1ª oração - “Outro mito muito em voga é” - oração principal (em relação ao exemplo anterior, foram retirados o pronome demonstrativo o e a preposição de)

2ª oração – “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” - oração subordinada predicativa do sujeito (com a retirada da preposição, essa oração passa a exercer a função de predicativo do sujeito, em um predicado nominal)

A expressão “é de que”, apresentada na questão, constitui um erro. 8 - (AFC STN 2000) Assinale a opção que corresponde a erro

gramatical.

Um dos obstáculos que(A) o Brasil enfrenta para obter(B) saldos comerciais expressivos é a composição de sua pauta de exportações, demasiadamente calcada(C) em produtos de baixo valor agregado. Nesse sentido, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) anunciou que será criado um imposto sobre as exportações do couro cru e semi-elaborado. O objetivo é favorecer o beneficiamento do couro

(12)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

no país, especialmente pelo setor calçadista(D). A expectativa é a que(E) em dois anos esse setor agregue US$ 400 milhões às exportações brasileiras.

(Folha de S. Paulo, 18/08/2000, página A2, com adaptações) a) A b) B c) C d) D e) E Gabarito: E Comentário.

“A expectativa é a | que em dois anos esse setor agregue US$ 400 mi-lhões às exportações brasileiras.”

Nesta questão, houve a omissão da preposição que liga o termo regente (expectativa, representado na oração pelo pronome demonstrativo a) e o termo regido (no caso, uma oração que tem início com a conjunção que).

A forma correta, portanto, seria “A expectativa é a de que em dois anos esse setor agregue US$ 400 milhões às exportações brasileiras.”.

Nesse último trecho, “esse setor agregue US$ 400 milhões às exportações brasileiras”, esse “às” (corretamente empregado) nada mais é do que a preposição a, exigida pelo regente verbal agregar (“Alguém agrega alguma coisa a outra”) com o artigo definido as, que antecede o substantivo exportações.

9 - (TRF/2003) Assinale a opção em que o trecho do texto foi transcrito com erro de sintaxe.

a) As empresas do setor imobiliário que deixaram de prestar contas das transações realizadas em 2002 vão ser alvo de investigação da Receita Federal. Imobiliárias, construtoras e incorporadoras tinham prazo limitado para entregar a Declaração de Informação sobre Atividades Imobiliárias- Dimob.

b) A estimativa é de que metade das empresas não declarou, mas o coordenador-geral de Fiscalização da Receita acredita que muitas delas ainda vão cumprir a exigência. Até o prazo foram entregues 21.395

(13)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

declarações, mas nos registros da Receita constam em cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar.

c) O coordenador diz que os dados da Dimob serão confrontados com as informações da declaração das empresas e das pessoas físicas. O coordenador afirma ainda que as informações serão cruzadas com os dados da CPMF, que têm sido instrumento indispensável ao trabalho de fiscalização do órgão.

d) Na declaração, as imobiliárias só devem informar as operações realizadas no ano passado. As empresas que não tiveram atividades em 2002 estão desobrigadas de prestar contas. Quem deixou de entregar a declaração no prazo pagará multa mínima de R$ 5 mil por mês-calendário. Em caso de omissão ou informação de dados incorretos ou incompletos, a multa será de 5% sobre o valor da transação.

e) Essa declaração foi criada em fevereiro de 2003 para identificar as operações de venda e aluguel de imóveis. A Receita quer saber, por exemplo, a data, o valor da transação e a comissão paga ao corretor. No ano passado, foram fiscalizadas 495 empresas do setor, cujas autuações somaram R$ 1,2 bilhão.

(Adaptado de www. receita. fazenda.gov.br, 5/06/2003) Gabarito: B

Comentário.

Três anos após o concurso de TFC 2000 e do AFC STN 2000, a ESAF volta a construir uma questão com o mesmo erro. Por isso, é tão importante fazer provas anteriores, mesmo as antigas.

A exemplo do que vimos na questão anterior, a passagem “A estimativa é de que metade das empresas não declarou” apresenta duas possibilidades de correção:

1 – A estimativa é a de que metade das empresas não declarou. 2 – A estimativa é que metade das empresas não declarou.

Outro erro foi na construção “nos registros da Receita constam em cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar”. Não há justificativa para o emprego da preposição em. Na ordem direta, verificamos que “Cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar” é o sujeito oracional de “constam nos registros da Receita”. Há necessidade, portanto, de retirar a preposição em.

(14)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

10 - (TRF/2000) Julgue a assertiva abaixo, em relação à sintaxe de regência.

c) A notícia ganha mais visibilidade quando se sabe que o salto não se deve apenas no aumento de impostos.

Item INCORRETO. Comentário.

O erro está na passagem “o salto não se deve apenas no aumento de impostos.”. A regência do verbo dever, nessa construção, exige a preposição a (“Isso se deve a alguma coisa”). Então, o correto seria “o salto não se deve apenas ao aumento de impostos.”.

11 - (TCE ES/2001) Assinale o trecho que respeita as regras gramaticais da norma culta.

a) Pesquisas nos Estados Unidos mostra que a tolerância ao erro no comércio eletrônico é zero. Quem compra um CD e não recebe, simplesmente "deleta" o endereço da loja virtual pisou na bola.

b) Para piorar as coisas para os comerciantes que se dedicam o comércio eletrônico, o internauta entende como erro grave todo e qualquer deslise cometido pela loja.

c) Tanto faz se a empresa demora a entregar a encomenda, se ela danifica a embalagem ou se entrega uma mercadoria diferente à que foi encomendada.

d) A reação contrária do consumidor é desmezurada. Na rede esperam-se esperam-serviço nota 1000 - ou nada aquém disso.

e) As empresas brasileiras que comercializam produtos pela internet têm conseguido entregar o que vendem com um mínimo de críticas.

(VEJA VIDA DIGITAL, abril de 2000, com adaptações) Gabarito: E

Comentário.

Os itens a e d estão incorretos e já foram objeto de comentário na questão 13 da Aula 3 – Concordância.

Hoje, como o assunto é sintaxe de regência, vamos comentar os itens, também incorretos, b e c.

(15)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

Opção b – O pronome relativo que substitui a palavra comerciantes (“comerciantes que se dedicam”). A oração adjetiva, então, seria: “os comerciantes se dedicam o comércio.”.

A regência do verbo dedicar-se (verbo transitivo indireto pronominal que significa devotar-se, entregar-se, aplicar-se) exige a preposição a – “Alguém se dedica a alguma coisa ou a alguém”. Por isso, deveria ser “que se dedicam ao comércio eletrônico”.

Outro erro do item é a grafia da palavra deslize, que se escreve com z e não com s.

Opção c – Agora o assunto é regência nominal. O vocábulo diferente, nesta acepção, rege preposição de (“Alguma coisa é diferente de outra.”). Assim, a forma correta seria “se entrega uma mercadoria diferente da que foi encomendada”, havendo a contração da preposição de com o pronome demonstrativo a (relativo a “mercadoria”). Para melhor visualização do pronome demonstrativo, substitua a por aquela – “se entrega uma mercadoria diferente daquela que foi recomendada”. 12 - (AFC STN/2002)

No passado, para garantir o sucesso de um filho ou de uma filha, bastava conseguir que eles tirassem um diploma de curso superior. Uma vez formados, seriam automaticamente chamados de “doutor” e teriam um salário de classe média para o resto da vida. De uns anos para cá, essa fórmula não funciona mais. Quem quiser garantir o futuro dos filhos, além do curso superior, terá de lhes arrumar um capital inicial. Esse capital deverá ser suficiente para o investimento que gerará um emprego para seu filho.

Em relação aos aspectos textuais, julgue a asserção abaixo.

d) A regência do verbo chamar empregada no texto(l.3) é considerada coloquial. A gramática ortodoxa recomenda, como mais formal, o emprego desse verbo como transitivo direto.

Item INCORRETO (gabarito da questão). Comentário.

O verbo CHAMAR, na acepção apresentada, é um verbo transobjetivo, ou seja, além do objeto, exige um predicativo do objeto (na dúvida, reveja a explicação da questão 25 da Aula 3 – Concordância).

Ao contrário de todos os demais verbos transobjetivos, o verbo chamar, segundo a norma culta, pode ser tanto transitivo direto quanto indireto, sem que o seu significado seja alterado.

(16)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

Em suma, com o sentido de apelidar, qualificar, tachar, o complemento verbal do verbo chamar tanto pode ser um objeto direto (Chamou fulano de mesquinho / Chamou-o de mesquinho) quanto um objeto indireto, com a preposição a ou o pronome lhe (Chamou a fulano de mesquinho / Chamou-lhe de mesquinho.).

Por sua vez, o termo “mesquinho”, que, no exemplo acima, se refere a “fulano” (objeto direto/indireto), exerce a função de predicativo do objeto (direto/indireto) e pode vir ou não precedido de preposição – Chamou fulano (de) mesquinho / Chamou a fulano (de) mesquinho. Na construção de linha 3, o verbo chamar é transitivo direto e está construído em voz passiva (“seriam automaticamente chamados de ‘doutor’...”). Por isso, são dois os equívocos:

1. afirmar que o verbo chamar, na construção, não seria transitivo direto - ele é transitivo direto, sim, e por isso possibilita a voz passiva;

2. considerar que a norma culta recomenda apenas a forma direta (admitem-se as duas transitividades – direta ou indireta).

13 - (ACE/2002) Julgue a assertiva abaixo.

c) Estará disponível um catálogo com detalhes de todas as peças, os preços no atacado e no varejo e os prazos de entrega. A exposição faz parte do Programa Sebrae de Artesanato, que quer profissionalizar a atividade, dando-lhe tratamento empresarial e tornando-lhe um negócio rentável pela capacitação dos artesãos e seu aperfeiçoamento técnico. Item INCORRETO

Comentário.

O verbo tornar, nesse contexto, significa transformar e é um verbo transobjetivo, que requer, como complementos verbais, o objeto direto e o predicativo do objeto.

Como vimos na questão anterior, o único verbo transobjetivo que pode apresentar transitividade indireta é o verbo chamar. Todos os demais são transitivos diretos. Por isso, está incorreta a construção “tornando-lhe um negócio rentável”, devendo o pronome oblíquo lhe, que representa um objeto indireto, ser substituído pelo pronome oblíquo a (em referência à palavra “atividade”), objeto direto: “tornando-a um negócio rentável”.

(17)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

14 - (AFC STN/2002) Marque o item sublinhado que representa impropriedade vocabular, erro gramatical ou ortográfico.

Em vista da crescente conscientização sobre a necessidade de preservar o patrimônio cultural, tem havido muitas discussões sobre a proteção da área do entorno(A) ou do envoltório(B)do bem imóvel tombado. Há, principalmente, divergências quanto à sua(C) dimensão adequada ou ideal e ao momento que(D) passa a ser protegida.(E)

(Baseado em Antônio Silveira R. dos Santos) a) A b) B c) C d) D e) E Gabarito: D Comentário.

O pronome relativo que (cujo referente é o substantivo momento) cria, na oração adjetiva que inicia, uma estrutura equivalente a “a área passa a ser protegida nesse momento”. Percebe-se, assim, o valor adverbial da expressão sublinhada, exigindo o emprego da preposição em (em + esse = nesse).

Por isso, essa preposição “em” deve anteceder o pronome relativo “que”, que representa a palavra momento – “... momento em que passa a ser protegida.”.

Com relação ao item c (correto), a locução “quanto a” uniu-se ao artigo que antecede “sua dimensão”, formando “quanto à sua dimensão”. Como veremos na aula de crase, seria facultativo o emprego do artigo definido antes do possessivo - “(a) sua dimensão” - e, por conseguinte, a acentuação – “quanto a (à) sua dimensão”.

15 - (AFC 2002) Assinale a opção que preenche as lacunas de forma coesa e coerente.

As cotações do dólar em relação ao real se apresentam estáveis desde os últimos três meses de 2001. O câmbio em equilíbrio desperta reações positivas dos mercados internacionais, favorece as exportações e ____1_____ confiança no país. O Brasil revelou-se resistente ___2____várias situações adversas. Absorveu o choque causado pelo racionamento de energia, com demonstração clara de que a população

(18)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

brasileira possui alto índice de disciplina social. E, até agora, se mantém ao largo da catástrofe econômica argentina. Não _____3________ a expectativa internacional de que a economia brasileira sofreria os efeitos do furacão portenho. Completa o quadro estimulante a convicção ______4________Estados Unidos voltarão a crescer entre 2,5% e 3,5% este ano.

(Otimismo e Cautela, Editorial, Correio Braziliense, 1/3/2002)

1 2 3 4

a) infiltra as consumou-se de que o b) insinua-se às consumou que os c) instila a se consumou de que os d) introduz as consumando-se que o e) insinua à consumando em que os Gabarito: C

Na primeira lacuna, um dos significados do verbo insinuar é introduzir, assim como o de infiltrar (introduzir lentamente) e o de instilar (introduzir aos poucos). Conclui-se, pois, que a única forma inválida seria a de letra b, por causa do emprego do pronome “se” em “insinua-se” (o sujeito é câmbio e o pronome prejudicaria a coerência textual). O preenchimento desta lacuna não é suficiente para resolver a questão.

Na segunda lacuna, o adjetivo resistente exige a preposição a – (Ela é resistente a mudanças). A expressão seguinte – “várias situações adversas” – poderia ser precedida ou não de artigo. Sem o artigo, estaria sendo usada em sentido vago, genérico (como no exemplo: “Várias situações adversas foram apresentadas.”), o que não impediria de essas situações adversas serem apresentadas pelo autor posteriormente. Com o artigo, para que haja coerência, o texto deverá apresentar a definição dessas situações (como em “As várias situações adversas impediram o trabalho.”– que situações foram essas?) e é isso o que acontece. Essas situações adversas são apresentadas na seqüência: “o choque causado pelo racionamento de energia” e “a catástrofe econômica argentina". Assim, ambas as construções estariam corretas. As formas que poderiam preencher a lacuna são: a (somente a preposição) ou às (preposição a + artigo definido plural as).

(19)

Eliminam-PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

definido, sem a preposição = as) e a opção e (preposição + artigo no singular = à).

Restaram, portanto, as opções b e c (50% de chances de acertar a questão!).

A terceira lacuna envolve conjugação verbal e colocação pronominal (este ponto será assunto de estudo posterior). A diferença entre as sugestões dos itens b e c está no pronome (consumou / se consumou). O verbo, na opção c, está acompanhado do pronome. Como é transitivo direto (Alguém consumou a ameaça) e uma idéia passiva é atribuída à expressão “a expectativa internacional” (foi consumada), estamos diante de uma construção de voz passiva – não se consumou a expectativa. Por isso, não é possível o emprego do verbo CONSUMAR sem o pronome: “expectativa” é um elemento paciente, que sofre a ação verbal, e, caso viesse desacompanhado de pronome, estaria indevidamente praticando a ação (A expectativa consumou). Define-se, então, o gabarito como letra c.

Se o candidato resolvesse começar pela última lacuna, não iria perder tanto tempo assim nessa questão. Só há uma forma válida de preenchimento. A quarta lacuna aborda regência nominal do substantivo convicção. Esse vocábulo exige a preposição de (Alguém tem convicção de alguma coisa). Como o complemento está sob a forma oracional (“Estados Unidos voltarão a crescer”), há necessidade do emprego, também, da conjunção que (dá início a uma oração subordinada substantiva). Finalmente, em nossa aula de concordância, vimos que o topônimo “Estados Unidos” sempre está precedido de um artigo definido plural – os Estados Unidos. Assim, a forma que preenche a lacuna é de que os.

16 - (Analista IRB/2004) Assinale a alteração que provoca erro de regência no texto.

O desenvolvimento desigual de tecnologia e das técnicas de produção implica no desenvolvimento desigual da própria concepção de classe social e na desigual conduta de classe em relação ao capital e à empresa. [...] Além disso, a falta de uniformidade tecnológica no processo de produção enfraquece o poder e o domínio da gerência científica e abre espaço para a interferência de outros saberes, historicamente atrasados em relação ao desenvolvimento dos setores de ponta de uma organização.

(José de Souza Martins, A aparição do demônio na fábrica, no meio da produção, com adaptações)

(20)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI a) Retirar “das” (l.1) de diante de “técnicas”.

b) Substituir “no” (l.2) e “na” (l.3) por o e a, respectivamente. c) Substituir “à”(l.3) diante de “empresa” por para.

d) Substituir “no”(l.4) diante de “processo” por do.

e) Retirar “para”(l.6) e acrescentar sinal indicativo de crase no “a” que o segue.

Gabarito: C Comentário.

Atenção para o enunciado da questão – o examinador pede que se marque a ALTERAÇÃO QUE PROVOCA ERRO.

Estão corretas as seguintes sugestões:

Opção a: Em “O desenvolvimento desigual de tecnologia e das técnicas de produção”, o substantivo desenvolvimento exige a preposição de. São dois os complementos nominais – tecnologia e técnicas de produção. Como a preposição exigida pelo termo regente já acompanha o primeiro complemento, ela é facultativa junto aos demais, no caso, junto ao segundo – está correta a forma: “o desenvolvimento desigual de tecnologia e técnicas de produção”. É só uma questão de estilo. Ao colocar a preposição antes do primeiro elemento, somente, valoriza-se o conjunto, enquanto que a preposição (com artigo definido) antes de cada um deles individualiza a ênfase. Voltaremos a falar sobre isso adiante.

Opção b: Segundo a norma culta, o verbo implicar, no sentido de acarretar, é transitivo direto. Por isso, está correta a proposta de retirar a preposição em presente nas contrações na / no. Vamos falar sobre a regência desse verbo na próxima questão.

Opção d: De acordo com a substituição proposta, o segmento “a falta de uniformidade tecnológica no processo de produção” teria seu sentido alterado. Contudo, como o enunciado aborda somente os aspectos gramaticais, não há erro de regência na construção “a falta de uniformidade tecnológica do processo de produção”.

Opção e: A regência da expressão abrir espaço (“abre espaço para a interferência de outros saberes”) aceita as preposições a e para. O que se propõe com a retirada da preposição para e a colocação de um acento grave no a é substituir uma preposição pela outra. Como haveria o encontro da preposição a com o artigo definido feminino a (que acompanha “interferência”), ocorreria crase, indicada com o acento

(21)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

Item incorreto: C - O erro da troca proposta pela opção c é uma questão de paralelismo sintático. Na opção a, houve a retirada da preposição e do artigo que antecedia o segundo complemento. Nesta opção, há dois elementos regidos pela locução prepositiva “em relação a”: o capital e a empresa. A única preposição possível nessa construção é a, e os dois elementos devem vir antecedidos dessa preposição (“em relação ao capital e à empresa”).

A língua portuguesa exige que a repetição da preposição quando o artigo antecede cada substantivo (Estatuto da Criança e do Adolescente), mas existe um fenômeno chamado galicismo ou castelhanismo, que decorre da “contaminação” das línguas francesa e espanhola. Nessas línguas, a preposição é mencionada apenas no primeiro elemento. Só que, empregando-se esse conceito ao português, haveria erro de regência a partir do segundo elemento se o artigo não fosse retirado (Estatuto da Criança e o Adolescente). A solução seria omitir, não só a preposição, mas também o artigo antes de cada um deles (Estatuto da Criança e Adolescente). Outro exemplo:

Essa ode era uma homenagem ao amor e à admiração que nutria pela nobre dama.

Essa ode era uma homenagem ao amor e admiração que nutria pela nobre dama.

Perceba que, ao repetir a preposição em cada um dos elementos, a ênfase recai individualmente sobre eles, ao passo que, mencionando-a apenas no primeiro, valoriza-se o conjunto.

17 - (AFRF/2002.1) Julgue os períodos abaixo em relação à correção gramatical.

b) A prática do racismo é definida como crime na Lei nº 7.716/89, isto é, nessa Lei estão definidas várias condutas que implicam tratamento discriminatório, motivado pelo preconceito racial. / A prática do racismo é definida como crime na Lei nº 7.716/89, isto é, nessa Lei estão definidas várias condutas que implicam em tratamento discriminatório, motivado pelo preconceito racial.

Item CORRETO (gabarito da prova). Comentário.

Essa prova foi particularmente difícil. A primeira questão era tão grande que tomava toda a primeira folha de prova (ou seja, questão boa para se pular, para ser deixada para o fim). A segunda questão foi esta, que

(22)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

exigia o conhecimento sobre uma inovação sintática no que tange à regência do verbo implicar.

Na acepção de trazer como conseqüência, acarretar, tradicionalmente o verbo implicar é transitivo direto (“Seu silêncio implicava consentimento.”). Contudo, Celso Luft (obra citada) fez menção à inovação implicar em algo. Segundo o autor, “é inovação em relação a implicar algo por influência de sinônimos como ‘redundar’, ‘reverter’, ‘resultar’, ‘importar’. Aparentemente brasileirismo. Plenamente consagrado, admitido até pela gramática normativa.”

Com isso, essa opção foi tida por correta em ambos os períodos – implicam tratamento / implicam em tratamento.

18 - (AFTb/ 2003) Assinale a opção na qual a expressão sublinhada está erradamente empregada.

a) O governo quer mudar o imposto sobre a renda da pessoa física para reduzir as deduções de gastos com educação e saúde, mas se esquece de que o poder do governante não é absoluto.

b) É o Congresso, quem cabe transformar a vontade governamental em lei, que tem a obrigação de proteger os contribuintes.

c) A nova mordida do Leão parece decorrer de documento fazendário, em que se avalia que as deduções das despesas com educação e saúde só beneficiam as "pessoas abastadas".

d) A Constituição exige a observância do critério da "universalidade", cujo significado é o de que todo tipo de rendimento será tributável. e) Economia fiscal verdadeira seria a eliminação ou a redução do bueiro em que se esvai o volume incalculável de recursos públicos chamada renúncia fiscal da União.

(Baseado em Edgard de Proença Rosa, "O Congresso é a casa do contribuinte", Correio Braziliense, 02/12/2003) Gabarito: B

Comentário.

O verbo caber apresenta, nesta acepção, um sujeito oracional e tem transitividade indireta. Neste item, na ordem direta e feitas as devidas substituições, a construção seria: “Transformar a vontade governamental em lei [sujeito oracional] cabe ao Congresso.”.

(23)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

Como vimos, este sintagma exerce a função de objeto indireto e, portanto, deve ser precedido da preposição a. Destarte, a passagem deveria ser “É ao Congresso a quem cabe transformar a vontade governamental em lei...”.

Uma outra construção possível (e melhor) seria substituir o pronome quem pelo que, formando a expressão de realce é que. Isso não nos exime da obrigação de empregar a preposição antes de “Congresso”, ficando assim: “É ao Congresso que cabe transformar a vontade governamental em lei...”.

O item a, correto, merece um comentário: é perfeita a construção final “mas se esquece de que o poder do governante não é absoluto”.

Existem duas formas verbais – ESQUECER e ESQUECER-SE. A primeira (esquecer) é transitiva direta (“Meu pai esqueceu o passado.”), enquanto que a segunda, pronominal, é transitiva indireta, regendo a preposição de (“Meu pai se esqueceu do passado.”). (OBS: tudo que falarmos sobre o verbo “esquecer” aplica-se também ao verbo “lembrar”).

Quando o complemento indireto está sob a forma oracional, como nesse item (“mas se esquece de que o poder do governante não é absoluto”), a omissão da preposição de é válida, como em “Nunca me esquecerei que no meio do caminho/ tinha uma pedra” (Carlos Drummond de Andrade), exemplo usado por Celso Luft para justificar essa regência do verbo esquecer-se.

São palavras do professor:

“Aparentemente [há] quatro modos de dizer o mesmo: (1) alguém esquece um incidente

(2) alguém se esquece de um incidente

(3) um incidente esquece a alguém ou esquece a alguém um incidente

(4) esquece a alguém de um incidente

Notar, porém, que (1) e (2) realçam a pessoa, sujeito do esquecer, ao passo que (3) e (4) impessoalizam o esquecer – efetivamente, sintaticamente, em (4) –, subjetivando o objeto do esquecer [em (3)]. A construção (1) é a mais usada, mais simples e econômica, ao passo que (3) e (4) são da linguagem literária.”

“Esquecer-se de que... permite a elipse da preposição: ‘Não se esqueceu que foram criados juntos’(Machado: Cunha). ‘Nunca me esquecerei que no meio do caminho/tinha uma pedra’(Drummond). ‘E muitas vezes se esquecia que estava brincando” (Jorge Amado: Lessa)’.”

(24)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

Após essa lição, apresentamos uma questão que abordou esse conceito. 19 - (AFRF/2003) Julgue a assertiva abaixo em relação aos aspectos gramaticais.

e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência. Item CORRETO

Comentário.

O verbo esquecer-se, como vimos, é transitivo indireto, regendo a preposição de (Não se esqueça de mim.). Contudo, quando o seu complemento indireto está sob a forma oracional (“que a construção do autoritarismo...”), é possível a elipse (omissão) da preposição.

20 - (AFTb/2003) Julgue a correção gramatical da asserção abaixo. c) Na América Latina, por exemplo, “a integração global aumentou ainda mais as desigualdades salariais”, e há uma preocupação generalizada que o processo esteja levando uma maior desigualdade no próprio interior dos países. Essa desigualdade já alcançou os Estados em suas relações assimétricas.

Item INCORRETO. Comentário.

O substantivo preocupação, a depender do significado, pode reger as preposições ou locuções prepositivas:

(1) de, em (Notei a sua preocupação de/em sair bem na fotografia.);

(2) por (O amor é uma preocupação ativa pelo pleno desenvolvimento do ser que se ama.);

(3) (para) com (Percebe-se a preocupação do autor para com sua obra.);

(4) em torno de (O ministro manifestou sua preocupação em torno do problema do analfabetismo.).

Nesse item, faltou o emprego da preposição de antes da conjunção que. A forma correta seria: “há uma preocupação generalizada de

(25)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

que o processo esteja levando...”. Em tempo: não confunda esse caso – preposição que rege um complemento nominal - com o da questão anterior – preposição que rege um objeto indireto. Em objeto indireto oracional, a preposição ‘de’ exigida pelo verbo “esquecer-se” é dispensável: “Esqueceu-se (de) que era tarde.”. Já em complemento nominal oracional, a preposição ‘de’ é obrigatória e deve anteceder a conjunção que dá início à oração: “Teve o pressentimento de que tudo sairia bem.”.

21 - (Assistente de Chancelaria/2002)

O século XX foi o mais assassino na história registrada. O número total de mortes causadas por ou associadas a suas guerras foi estimado em 187 milhões. O equivalente a mais de 10% da população mundial em 1913. Entendido como tendo-se iniciado em 1914, foi um século de guerra quase ininterrupta, com poucos e breves períodos sem conflito armado organizado em algum lugar. Foi dominado por guerras mundiais: quer dizer, por guerras entre Estados territoriais ou alianças de Estados. Apesar disso, o século não pode ser tratado como um bloco único, seja cronológica, seja geograficamente. Cronologicamente, ele se distribui em três períodos: a era de guerras mundiais centrada na Alemanha, a era de confronto entre as duas superpotências e a era desde o fim do sistema de poder internacional clássico. Chamarei a esses períodos de 1, 2 e 3. Geograficamente, o impacto das operações militares tem sido desigual. Com uma exceção (a Guerra do Chaco), não houve guerras entre Estados significantes (em oposição a guerras civis) no hemisfério Ocidental no último século. Em contrapartida, guerras entre Estados, não necessariamente desconectadas do confronto global, permaneceram endêmicas ao Oriente Médio e ao sul da Ásia, e guerras maiores diretamente resultantes do confronto global aconteceram no leste e no sudeste da Ásia. Mais impressionante é a erosão da distinção entre combatentes e não-combatentes. As duas guerras mundiais da primeira metade do século envolveram toda a população dos países beligerantes; tanto combatentes quanto não-combatentes sofreram.

(Eric Hobsbawn, A epidemia da guerra, com adaptações) Julgue a asserção abaixo em relação ao emprego das palavras e expressões do texto.

e) Como a preposição a, empregada diante de “Oriente Médio”(l.21) e “sul da Ásia”(l.21-22), é exigência da regência de “endêmicas” (l.21), a retirada deste adjetivo exige a substituição de “ao” por em.

(26)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI Item INCORRETO.

Comentário.

A substituição da preposição a pela preposição em, após a retirada do adjetivo endêmicas, não estaria errada. O problema foi proposta de colocação da preposição em sem o artigo definido que deve acompanhar esses substantivos.

Esse item está incorreto, devendo a preposição em se contrair aos artigos, formando “permaneceram no Oriente Médio e no sul da Ásia”. 22 - (Procurador BACEN/2002)

Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval. Suas conseqüências são imprevisíveis sobre a economia das famílias e das empresas. Os agentes econômicos relacionam-se em suas operações de compra, venda e troca de mercadorias e serviços, de modo que, a cada fato econômico, seja ele de simples circulação, de transformação ou de consumo, corresponde, ao menos, uma operação de natureza monetária realizada junto a um intermediário financeiro, em regra um banco comercial, que recebe um depósito, paga um cheque, desconta um título ou antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilidade do sistema que intermedeia as operações monetárias, portanto, é fundamental para a própria segurança e estabilidade das relações entre os agentes econômicos.

(www.bcb.gov.br) Julgue a assertiva abaixo, em seus aspectos gramaticais.

d) Em “a cada fato econômico”(l.5) a presença da preposição “a” justifica-se pela regência da palavra “corresponde”(l.7).

Item CORRETO Comentário.

Colocada na ordem direta e após algumas supressões de elementos desnecessários à análise, teríamos que:

“Ao menos, uma operação de natureza monetária realizada junto a um intermediário financeiro corresponde a cada fato econômico, seja ele de simples circulação, de transformação ou de consumo.” O verbo corresponder, na acepção de estar em correlação, é transitivo indireto, regendo a preposição a.

(27)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

23 - (Procurador BACEN/2002) Julgue a afirmação a respeito do emprego das estruturas lingüísticas do texto.

Do ponto de vista do “pai de família pobre” da década de 20 ou 30, o Estado aparece como aquele que deve prover os cidadãos do conforto material mínimo à sobrevivência, na forma de emprego ou de outras condições mais diretas, como moradia, saúde ou educação. Não se trata de emitir um juízo de valor sobre esta concepção, mas de constatar sua existência. Necessário, porém, confrontar isso com o reverso da medalha, ou seja, a política estatal em relação a esse tipo de reivindicação, especialmente para o período que antecede 1930 e que surge para a historiografia como domínio exclusivo das oligarquias.

(Jaime Rodrigues, Crise da primeira república: classes médias e Estado na década de 20, com adaptações) I. De acordo com as regras de regência da norma culta, a estrutura “prover os cidadãos do conforto”(l.2 e 3) admite a substituição por assegurar aos cidadãos o conforto.

Item CORRETO. Comentário.

A troca é válida, desde que se observe que essa mudança do verbo implica alteração, também, na relação entre esse novo verbo e seus complementos verbais.

O verbo prover é transitivo direto de pessoa (os cidadãos) e indireto de coisa (conforto) – prover alguém de alguma coisa.

Já o seu substituto – assegurar – tem uma relação inversa com esses complementos – é direto com coisa e indireto com pessoa – assegurar alguma coisa a alguém. Como foram respeitadas essas substituições, o item está correto.

Esse cuidado devemos ter também com os verbos permitir e autorizar. Apesar de situados no mesmo campo semântico, esses verbos têm relacionamentos opostos com seus complementos. O verbo permitir é transitivo indireto de pessoa e direto de coisa – permite alguma coisa a alguém (aceita o lhe para o objeto indireto) - “A Corte permitiu ao preso passar o Natal em família.”

Já com o verbo autorizar, em uma de suas acepções, é exatamente o contrário – apresenta objeto direto de pessoa e indireto de coisa – autoriza alguém a fazer alguma coisa - (“A Corte autorizou o preso a passar o Natal com a família.”). Em tempo: Natal – dia em que se

(28)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

comemora o nascimento de Cristo – deve ser escrita com letra capitular (letra maiúscula).

Vamos tratar, então, de algumas regências especiais, que podem ser objeto de prova (se já não o foram):

- AVISAR e INFORMAR – são transitivos diretos e indiretos, indistintamente para coisa e para pessoa (“avisar/informar algo a alguém” ou “avisar/informar alguém de alguma coisa”);

- COMUNICAR – na acepção de tornar conhecido, é direto para coisa e indireto para pessoa (“comunicar algo a alguém”);

- CIENTIFICAR – no sentido de tornar ciente, apresenta a construção originária de direto para pessoa e indireto para coisa (“cientificar alguém de alguma coisa”), por analogia ao sentido de “tornar alguém ciente de alguma coisa”; nas palavras de Celso Luft, “às vezes ocorre cientificar-lhe algo, inovação sintática devida ao traço semântico com ‘comunicar’ – inovação que também atingiu os verbos avisar, certificar e informar. Em linguagem escrita culta formal, preferível a sintaxe originária cientificá-lo de algo”.

Considerando que o sujeito da voz passiva se forma a partir do objeto direto da voz ativa, com relação aos verbos mencionados acima, somente são aceitas as seguintes formas:

- “Algo foi comunicado a alguém.” – a pessoa, segundo norma culta, não poderia ser ‘comunicada’ porque é o objeto INDIRETO da voz ativa; - “Alguém foi cientificado de alguma coisa.” – nesse caso, somente a pessoa pode ser sujeito da voz passiva; a “coisa” exerce função de complemento indireto.

- com os verbos avisar e informar, as duas construções estão corretas – “Algo foi avisado a alguém” e “Alguém foi avisado de alguma coisa”, porque esses verbos admitem as duas regências.

- PERDOAR, PAGAR – Segundo a norma culta, esses verbos são construídos com objeto direto para coisa e objeto indireto para pessoa. Com relação ao verbo PERDOAR, Luft afirma: “mas também ocorre objeto direto de pessoa. Essa alteração de regência tem explicação semântica (influência do verbo escusar ou desculpar). Na ausência do objeto direto de coisa, pode o indireto tomar-lhe o lugar – perdoar ( ) a alguém -> perdoar alguém. Não há, pois, motivo para gramáticas e

(29)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

dicionários continuarem reprovando essa sintaxe. O mais que se pode é aconselhar a sintaxe primária, lógica, para a linguagem culta formal.” O verbo PAGAR sofre, na linguagem coloquial, a mesma alteração de regência ocorrida com o perdoar (quem nunca falou “eu paguei o médico” ou “eu paguei a empregada” que atire a primeira pedra!). Luft repete, no comentário sobre o verbo pagar, as observações que fez sobre o verbo perdoar, com o seguinte acréscimo: “Quando muito, pode-se dizer que, na língua escrita forma, a sintaxe pagar a alguém, pagar-lhe é preferível a pagar alguém, pagá-lo.”.

- AGRADECER – Constrói-se com objeto direto para coisa e indireto para pessoa (Agradeço a Deus a sua salvação.). Também ocorre a sintaxe agradecer-lhe por algo, por causa da significação “motivo ou causa” (verbo + objeto indireto + adjunto adverbial de causa).

- OBEDECER – Na linguagem culta, fixou-se como transitivo indireto, com a preposição a ou o pronome lhe. Contudo, mesmo contrariando os preceitos gramaticais, admite construção de voz passiva. Vimos inúmeras vezes que, para a voz passiva ser formada, o verbo deve ser transitivo direto ou direto e indireto. O verbo obedecer é o único verbo transitivo indireto que encontra respaldo, em gramáticas normativas consagradas (Celso Cunha, Lindley Cintra e Celso Luft), para a construção passiva (Alguém é obedecido). Isso talvez se deva à reminiscência do antigo regime transitivo direto.

- CUSTAR – No sentido de ser custoso, ser difícil, emprega-se na 3ª pessoa do singular, tendo como sujeito uma oração reduzida de infinitivo, que pode vir precedida da preposição a (embora seja mais lógico sem a preposição). Custou-me muito chegar aqui (sujeito oracional leva o verbo para a 3ª pessoa do singular). O pronome oblíquo (me) exerce a função sintática de objeto indireto (Chegar aqui custou a mim.). No Brasil, por influência do verbo demorar, constrói-se uma sintaxe mal vista pela linguagem formal – “alguém custa + a + verbo no infinitivo” (Eu custei muito a chegar aqui.). Forma ainda não sancionada pelos gramáticos, segundo Luft.

24 - (AFRF/2002.1)

Sob o direito, o administrador público não age contra a lei. Sob a moral, deve satisfazer o preceito da impessoalidade, não distinguindo amigos ou inimigos, partidários ou contrários, no tratamento que lhes dispense

(30)

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

ou na atenção às suas reivindicações, com transparência plena de suas condutas em face do povo. Descumprir a lei gera o risco da punição prevista no Código Penal ou de sofrer sanções civis. Quando desatendidos os princípios da certeza moral, aquela que o ser humano em seu justo juízo adota convicto, o descumpridor fere regras de convivência, mas não conflita necessariamente com normas de Direito que lhe sejam aplicáveis.

(Walter Ceneviva, Moralidade como Fato Jurídico, com adaptações) Julgue a assertiva em relação ao emprego das palavras e expressões do texto.

d) De acordo com as regras de regência da norma culta, a expressão “atenção às suas reivindicações” (l.6) admite a substituição por atenção para as suas reivindicações.

Item CORRETO. Comentário.

O substantivo atenção articula-se, sintaticamente, nesta acepção, tanto com a preposição a, como com a preposição para. Mesmo com a retirada da preposição a, mantém-se o artigo definido feminino plural que antecede o pronome “suas”, presente originalmente em “às” (prep.a + artigo as) – “atenção para as suas reivindicações”.

25 - (AFPS/2002) A entrada dos anos 2000 têm trazido a reversão das expectativas de que haveria a inauguração de tempos de fraternidade, harmonia e entendimento da humanidade. Os resultados das cúpulas mundiais alimentaram esperanças que novos tempos trariam novas perspectivas referentes a qualidade de vida e relacionamento humano em todos os níveis. Contudo, o movimento que se observa em nível mundial sinaliza perdas que ainda não podemos avaliar. O recrudescimento do conservadorismo e de práticas autoritárias, efetivadas à sombra do medo, tem representado fonte de frustração dos ideais historicamente buscados.

(Roseli Fischmann, Correio Braziliense. 26/08/2002, com adaptações) Julgue as proposições abaixo, a respeito dos elementos do texto.

II. Para que o texto fique gramaticalmente correto, é obrigatória a retirada da preposição antes de “que haveria”(l.2).

III. Para que o texto fique gramaticalmente correto, é obrigatória a inserção da preposição de diante de “que novos tempos”(l.4).

Referências

Documentos relacionados

O questionário 30-item European Organization for Research and Treatment of Cancer Core Quality of Life Questionnaire (EORTC QLQ-C30) — em conjunto com seu

Uma ameaça pode continuar sendo uma ameaça por tempo suficiente para uma agressão letal mesmo após ter sido atingida.

- “Desenvolvimento de habilidades pessoais”: por fim, neste agrupamento foram reunidas as respostas dos alunos que tinham como enfoque a ideia de que o estágio se configura como

● O Júri de especialistas também selecionará outros seis projetos que serão postados nas redes sociais para serem votados pelo júri popular, que elegerá um projeto de cada

(2) monos e gnomai: nessa forma o termo deveria ser entendido único nascido (Liddel-Scot, Strong`s); Contudo, não há qualquer uso no NT ou LXX que pareça justificar essa posição.

Para sistemas menores de irrigação, onde eventualmente seja interessante esconder a tubulação atrás do PlastDeck®, pode ser utilizado micro tubo 4/7 mm, onde os gote- jadores

João Vieira da Silva, natural de Portugal, f.o de João Gonçalves da Silva e de s/m.. Maria Gonçalves, moradores na fregue- sia

Porém não se trata de um animal, como o lobo-guará, a onça-pintada ou o tamanduá-bandeira (espécies da fauna que também estão sob risco de extinção), mas sim de duas espécies