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EFEITO DO ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE SEMEADURA SOBRE A PRODUÇÃO DE ARROZ DE TERRAS ALTAS IRRIGADO POR ASPERSÃO

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SOBRE A PRODUÇÃO DE ARROZ DE TERRAS ALTAS

IRRIGADO POR ASPERSÃO

PATRÍCIA GUIMARÃES SANTOS

1

ADRIANO PEREIRA DE CASTRO

2

ANTÔNIO ALVES SOARES

3

VANDA MARIA DE OLIVEIRA CORNÉLIO

4

RESUMO – Realizou-se este tra balho objetivando-se

avaliar a resposta das cultivares de arroz (Oryza sativa L.) Canastra e Confiança a diferentes espaçamentos en-tre linhas (20, 30 e 40 cm) e três densidades de semeadu-ra (50,70 e 90 sementes/m) no sistema de cultivo de ter-ras altas irrigado por aspersão. Os experimentos foram conduzidos em Lavras por dois anos agrícolas, 1996/97 e 1997/98. Utilizou-se o delineamento experimental de blo-cos casualizados, no esquema fatorial 2x3x3, com três re-petições. Os caracteres avaliados foram altura de plan-tas, incidência de doenças, rendimento de grãos, nº de perfilhos/m2, nº de panículas/m2, nº de grãos

chei-os/panícula, nº total de grãos/panícula e massa de 100 grãos e dimensões dos grãos: comprimento, largura e espessura. O fator mais importante foi o espaçamento, e os mais recomendados são os de 30 e 40 cm entre linhas, por terem proporcionado maiores rendimentos de grãos. Os componentes de rendimento de grãos mais afetados pelo espaçamento e densidade foram nº de perfilhos/m2, nº de panículas/m2 e nº de grãos cheios/panícula. Em geral, espaçamentos mais estreitos favoreceram a inci-dência de doenças, sobretudo escald adura das folhas. Os diferentes espaçamentos e densid ades não interferi-ram nas dimensões de grãos e massa de 100 grãos.

TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Oryza sativa, cultivares, componentes de produção.

EFFECT OF SPACING AND SEED DENSITY ON YIELD OF

SPRINKLER–IRRIGATED UPLAND RICE

ABSTRACT – The work aimed to evaluate the response

of rice (Oryza sativa L.) cultivars Canastra and Confiança on different spacings (20, 30 and 40 cm) and three seed densities (50, 70 and 90 seeds/m) under sprinkler irrigation. The experiments were carried in Lavras-MG for two agricultural years 1996/97 and 1997/98. The randomized block design were utilized at fatorial scheme with three replications. The characters evaluated were: plant height, disease incidence, grains yield, tiller number/m2, panicle number/m2, filled grain number/panicle, grain total number/panicle, 100 grain

weight, grain dimension: length, width, thickness. In general, the factor more important was the spacing, 30 and 40 cm being recommended, because they provided increase in the grain yield. The grain yield components that were most affected by spancig and density were tiller number/m2, panicle number/ m2, and filled grain number/panicle. In general, narrow spacing increased the disease incidence, mainly leaf scald. Different spacings and densities didn’t interfere in grain dimension and weight of 100 grains.

INDEX TERMS: Oryza sativa, cultivars, yield components.

1. Engenheiro Agrônomo, Dr., Universidade Federal Uberlândia (UFU), Instituto de Ciências Agrárias, Caixa postal 593, 38400-902 – Uberlândia, MG. E-mail: pgsantos@umuarama.ufu.br

2. Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Genética e Melhoramento de plantas – ESALQ/USP – Piracicaba, SP. E-mail: pcadriano@yahoo.com

3. Engenheiro Agrônomo, Dr., UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS/UFLA, Departamento de Agricultura, Caixa Postal 37, 37200-000 – Lavras, MG. E-mail: aasoares@ufla.br

4. Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Empresa Agropecuária de Minas Gerais/EPAMIG, Caixa Postal 176, 37200-000 – Lavras, MG. Email: epamig@ufla.br

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Ciênc. agrotec., Lavras, v.26, n.3, p.480-487, mai./jun., 2002

INTRODUÇÃO

O cultivo do arroz (Oryza sativa L.) em Minas Ge-rais é realizado em três sistemas principais, que são o sequeiro ou terras altas, o irrigado por inundação controlada (áreas sistematizadas) e a várzea úmida, comumente denominada de brejo. O arroz de terras altas representa 40% da área plantada no estado e 30% da produção total, que corresponde a quase 100 mil to-neladas (IBGE, 1999). Recentemente, o cultivo de arroz de terras altas vem sendo conduzido em áreas submeti-das à irrigação por aspersão, seja através de pivô central ou de sistema de irrigação convencional. O arroz, nesse sistema, entra como uma ótima opção para o agricultor, seja como cultivo principal ou como rotação de culturas.

O maior entrave ao cultivo do arroz sob pivô cen-tral era a inexistência de cultivares adaptadas à irrigação por aspersão, pois as cultivares até então u tilizadas eram aquelas do sistema de sequeiro tradicional, ou seja, de porte alto, susceptibilidade ao acamamento, grãos da classe longo, qualidade culinária regular e baixa resposta à alta tecnologia, notadamente à fertilização. Visando a contornar esse problema, grandes avanços foram alcan-çados no sentido de desenvolver n ovas cultivares apro-priadas a esse sistema de cultivo. Entretanto, são escas-sas as info rmações sobre os efeitos dos diferentes fato-res de produção e as suas interações sobre esse sistema de cultivo.

Em 1996, foram lançadas as primeiras cultivares de arroz próprias para o cultivo no sistema de terras altas irrigadas por aspersão em Minas Gerais, que são a ‘Ca-nastra’ e a ‘Confiança’ (EPAMIG, 1996). Essas cultivares apresentam características distintas das cultiv ares tradi-cionais, como, por exemplo, porte baixo/intermediário, resistência a acamamento, perfilhadoras, folhas eretas, além do grão tipo agulhinha. Em virtude disso, o espa-çamento e a densidade de plantio certamente são difrentes daqueles recomendados para as cultivares de s e-queiro tradicional. Acresce-se, ainda, que no sistema de terras altas irrigado por aspersão, o fator água deixa de ser limitante, pois a irrigação suplementar é feita sempre que há déficit hídrico no solo. Logo, haverá uma respos-ta diferencial ao espaçamento e densidade das novas cultivares a esse ambiente de cultivo.

Em trabalhos conduzidos sob condições de cam-po, verifica-se que o espaçamento e densidade de seme-adura são diretamente influenciadas pela disponibilidade hídrica, principalmente durante as fases de emborracha-mento e floração do arroz, visto que a competição ocorre primeiro por água (Hudson, 1941). Assim, em climas se-cos e em solos pobres, a competição será intensa e,

des-se modo, a densidade de des-semeadura deverá apredes-sentar um baixo número de sementes por unidade de área.

Segundo Fornasieri Filho e Fornasieri (1993), a produção de grãos de arroz é determinada pelo número de panículas/m2, número de espiguetas/panícula, por-centagem de espiguetas férteis e massa de 100 grãos. Alguns autores mostraram o efeito do espaçamento e densidade de plantas sobre esses e outros componentes de produção, podendo, com isso, escolher a melhor combinação desses fatores para obtenção de alta produ-tividade. Para Yoshida (1981) e Fageria (1984), o número de panículas por unidade de área e o número de grãos por panícula ou o número de grãos por unidade de área dependem da variação da densidade de plantio, além de outros fatores.

Campos (1991) avaliou o efeito do espaçamento e densidade de plantio sobre os componentes de produ-ção da cultivar de arroz de sequeiro ‘Guarani’, concluin-do que os espaçamentos de 50 e 60 cm e densid ades de 40 e 60 sementes por metro linear foram os mais adequa-dos para a produção de grãos. Neste trabalho, os com-ponentes mais influenciados pelo espaçamento e densi-dade de plantio foram altura de plantas, comprimento de panícula, massa de 1000 grãos, rendimento de engenho e número de grãos por panícula.

Santos (1990), trabalhando com as cultivares tra-dicionais de sequeiro ‘Guarani’ e ‘Araguaia’, obteve maior produção sob aspersão para a primeira no espa-çamento de 30 cm entre linhas, e para a cultivar Araguai-a, o espaçamento de 40 cm entre linha propiciou a maior produtividade. Stone e Pereira (1994) estudaram o efeito da adubação em área irrigada por pivô central usando cultivares tradicionais e linhagens criadas para condi-ções de sequeiro favorecido. Essas últimas produziram melhor em espaçamentos mais estreitos, 20 cm entre li-nhas, com uma maior absorção de nutrientes.

Foram testados por Souza e Azevedo (1994) o e-feito dos espaçamentos de 20, 35, 50 e 65 cm entre linhas e densidades de 50, 75, 100 e 125 sementes por metro, com a cultivar tradicional ‘Rio Paranaíba’ em sistema de irrigação por pivô central. Pelos resultados, constatou-se maior produção de grãos quando utilizou-constatou-se espaça-mento menor, ou seja, 20 cm entre linhas, independente das densidades de semeadura utilizadas. Foram obser-vadas diferenças significativas quanto à altura de plan-tas entre maior e menor população, sendo a maior altura para a menor população (65 cm x 50 sem./m) e menor al-tura para maior população (20cm x 125 sem./m).

Este trabalho foi realizado objetivando-se avaliar a resposta das novas cultivares de arroz ‘Canastra’ e

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Ciênc. agrotec., Lavras, v.26, n.3, p.480-487, mai./jun., 2002 ‘Confiança’ a diferentes espaçamentos e densidades de semeadura no sistema de cultivo de terras altas, irriga-dos por aspersão.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram instalados na primeira quinzena de novembro dos anos agrícolas de 1996/97 e 1997/98 em Lavras-MG, na Fazenda Experimental da EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), localizada no Campus da Universidade Federal de Lavras. Lavras situa-se a 918 m de altitude, 21o 14’S de latitude e 45o00’W de longitude. O tipo de solo é classificado como argissolo vermelho-amarelo distrófico. O delineamento experimental foi em blocos ca-sualizados, usando um esquema fatorial 2x3x3, com três repetições. Foram testadas as cultivares Confiança e a Canastra em três espaçamentos (20, 30 e 40 cm) entre li-nhas e três densidades (50, 70 e 90 sementes/m). Cada parcela apresentou uma área total de 12 m2, sendo a área útil igual a 5,4 m2. As parcelas apresentaram uma varia-ção no número de linhas de acordo com o espaçamento entre elas considerado em cada tratamento, de modo que a área de cada parcela não se alterasse.

A adubação de plantio constou de 400 kg/ha da fórmula 4-30-16 + Zn, e em torno de 45 dias após a semeadura, procedeu-se à adubação de cobertura com uma aplicação de 150 kg/ha de sulfato de amônio. Foi utilizada irrigação por aspersão, que foi promovida sis-tematicamente a cada dois dias sem chuva, mantendo o solo sempre com umidade. Os demais tratos culturais re-alizados foram aqueles recomendados para a cultura do arroz de terras altas. A colheita foi feita quando 2/3 das panículas apresentaram recurvadas e com a cor caracte-rística da cultivar.

Os caracteres avaliados foram: altura de plantas - na fase de maturação, mediu-se a altura da planta do s o-lo até a extremidade da panícula do perfilho mais alto (colmo principal); incidência de doenças – foram avalia-das utilizando escala de notas de acordo com normas da EMBRAPA (1977), e rendimento de grãos - os grãos o b-tidos após colheita de cada parcela útil foram pesados e a produção de cada parcela foi expressa em kg/ha, após a correção da umidade para 13%. Os componentes de rendimento de grãos obtidos foram: a) número de perfi-lhos – obtido pela contagem do número de perfiperfi-lhos em

um metro quadrado de cada parcela; b) número de paní-culas/m2 - por ocasião da colheita, foi feita a contagem de panículas em um metro quadrado de cada parcela; c) número total de grãos por panícula - média obtida na contagem do número de grãos (espiguetas) em cada 10 panículas; d) número de grãos cheios por panícula - grãos cheios obtidos na contagem de grãos de 10 paní-culas; e) massa de 100 grãos - grãos obtidos na produ-ção de cada parcela, tomando-se uma amostra de 100 grãos e sua respectiva massa. Foram também obtidas medidas de dimensões de grãos descascados: compri-mento, largura e espessura em uma amo stra de 20 grãos de cada parcela.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância conforme exigências do esquema fatorial utilizado, em que estudaram-se as interações entre os fa-tores testados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises conjuntas dos cara c-teres avaliados nos dois anos agrícolas (1996/97 e 1997/98) encontram-se na Tabela 1. O efeito de ano foi significativo para rendimento de grãos, altura de planta, número de perfilhos/m2, número de panículas/m2, núme-ro total de grãos/panícula e comprimento de grão, mo s-trando que esses caracteres apresentaram comportamen-to diferenciado de um ano para outro. As cultivares mo s-traram diferenças estatisticamente significativas para to-dos caracteres, exceto rendimento de grãos, altura de planta e número de panículas/m2. Os caracteres afetados pelos diferentes espaçamentos foram rendimento de grãos, número de perfilhos/ m2, número de panículas/m2, número de grãos cheios/panícula e número total de grãos/panícula. A densid ade de sementes afetou apenas o número de perfilhos/m2 e número de panículas/m2. A interação da densidade e espaçamento não afetou ne-nhum caráter.

De uma maneira geral, observa-se que a maioria das interações não foram significativas, destacando, to-davia, apenas a interação ano x cultivar, significativa pa-ra alguns capa-racteres, principalmente rendimento de grãos. Isso indica que as cultivares apresentaram com-portamento diferenciado de um ano para outro para esse caráter. ra d e ã o m) E s p e ss u ra d e g rã o (m m ) 0 6 0 ,0 0 2 0 7 0 ,0 0 0 3 4 * * 0 ,1 6 3 * * 0 4 0 ,0 0 7 0 3 0 ,0 0 4 0 5 0 ,0 0 1 0 3 0 ,0 1 3 * 0 5 0 ,0 0 7 0 1 0 ,0 0 1 0 2 0 ,0 0 0 0 7 0 ,0 1 0 * 0 1 0 ,0 0 1 0 3 0 ,0 0 2 0 2 0 ,0 0 4 0 2 0 ,0 0 4 0 4 0 ,0 0 1 0 4 0 ,0 0 3

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As médias dos caracteres avaliados nos dois a-nos agrícolas (1996/97 e 1997/98) encontram-se nas Ta-belas 2 e 3. Observa-se que, para o caráter rendimento de grãos, entre os espaçamentos estudados houve d iferen-ças estatísticas apenas entre 20 e 40 cm, o espaçamento de 30 cm apresentou resultado intermediário. Santos (1990), no sistema irrigado por aspersão, obteve maior produtividade no espaçamento de 30 cm entre linhas p a-ra a cultivar Guaa-rani e 40 cm paa-ra a ‘Aa-raguaia’, ambas de sequeiro tradicional. No espaçamento de 20 cm ocorreu um menor rendimento de grãos. Nesse espaçamento houve um maior perfilhamento, ou seja, maior número de perfilhos e também maior número de panículas/m2, esta-tisticamente superiores aos espaçamentos de 30 e 40 cm. O menor número de grãos cheios e total/panícula e a maior incidência de escaldadura nas folhas ocorridos nos espaçamento de 20 cm entre linhas podem explicar o menor rendimento de grãos. O menor número de grãos cheios/panícula pode ser devido a maior competição das plantas por água, luz e nutrientes, agravado provavel-mente pelo maior número de plantas por área, aumentan-do a competição. Resultaaumentan-dos semelhantes foram encon-trados por Stone e Pereira (1994).

A altura de plantas não foi influenciada pelos tra-tamentos testados. Resultados semelhantes foram encontrados por Oliveira (1994) e Crusciol et al. (2000). Por outro lado, Oliveira et al. (1997) obtiveram um aumento significativo na altura de plantas com o au-mento do espaçaau-mento e densidade de plantas. Em re-lação à incidência de doenças, é importante comentar que as duas cultivares são consideradas suscetíveis à escaldadura das folhas e moderadamente resistente à brusone e à mancha de grãos. O resultado encontrado neste trabalho refletiu bem essa condição, pois o espaçamento mais estreito (20 cm) propiciou o desenvolvimento de um microclima favorável à se-veridade de escaldadura nos dois materiais suscetíveis. Por outro lado, a incidência de brusone e mancha de grãos não foi maior em espaçamentos estreitos, provavelmente por causa da maior resistência desses materiais. O número de perfilhos e número de panículas/m2 foram os únicos caracteres em que ocorreram diferenças significativas entre as densidades avaliadas, e para as maiores densidades, encontraram-se os maiores valores

para esses dois caracteres. Estes resultados não afeta-ram o rendimento de grãos, pois não houve diferenças significativas entre as densidades.

A massa de grãos não foi influenciada pelos es-paçamentos e densidades utilizadas, o que está de acor-do com os resultaacor-dos encontraacor-dos por Crusciol et al. (2000) (Tabela 3). Houve diferenças significativas apenas entre as cultivares, o que já era esperado, uma vez que essa característica é peculiar a cada cultivar. Normalmen-te, a massa de 100 grãos obtida para as cultivares Confi-ança e Canastra é 2,29 g e 2,5 g, respectivamente (EPAMIG, 1996).

Para que os grãos de uma cultivar sejam classifi-cados como agulhinha (longo-fino), é preciso atender aos padrões de dimensão de grãos. O comprimento deve ser igual ou maior que 6,0 mm, a espessura igual ou me-nor que 1,90 mm e a relação comprimento/largura igual ou superior a 2,75 mm. As duas cultivares utilizadas nes-te trabalho são classificadas como agulhinha. Essa é uma característica muito importante para o produtor de arroz, pois no mercado brasileiro, cultivares com grãos longo-finos têm valor cerca de 30% superior ao de culti-vares com grãos longo (Vieira e Carvalho, 1999). Neste trabalho, nota-se que a densidade e o espaçamento não interferiram nas características de dimensão de grãos (Tabela 3). Por outro lado, as cultivares apresentaram ca-racterísticas diferentes de comprimento e espessura. Es-sas diferenças eram esperadas, pois cada cultivar apre-senta comportamento diferenciado na dimensão dos seus grãos. A ‘Canastra’ possui 7,02 mm de comprimen-to e 1,84 mm de espessura e a ‘Confiança’ possui 6,57 mm de comprimento e 1,78 mm de espessura. Esses da-dos foram obtida-dos nos ensaios do programa de melho-ramento genético de arroz de terras altas de Minas Ge-rais (EPAMIG, 1996).

De uma maneira geral, pode-se observar q ue o fa-tor que mais afetou o desempenho dos caracteres foi o espaçamento, e os mais recomendados foram os de 30 e 40 cm entre linhas, pelo maior rendimento de grãos en-contrados. Como não foram detectadas diferenças signi-ficativas entre as densidades utilizadas para a maioria dos caracteres, principalmente rendimento de grãos, se-ria mais vantajoso a recomendação de 50 sementes por metro, reduzindo o consumo de sementes.

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Ciênc. agrotec., Lavras, v.26, n.3, p.480-487, mai./jun., 2002

TABELA 2 – Média de rendimento de grãos (kg/ha), altura (cm), massa de 100 sementes (g), n° de perfilhos/panícula, n° de panículas/m2, n° de grãos cheios/panícula e número total de grãos/panícula, nos diferentes espaçamentos entre linhas, densidades de semeadura e cultivares. 1996/97 e 1997/98. Lavras-MG.

Fatores Rendimento de grãos (kg/ha) Altura de planta (cm) Massa de 100 grãos (g) N°° per-filhos/ m2 N°° de pa-nículas/ m2 N°° de grãos cheios/ panícula N°° total de grãos/ panícula Espaçamento 20 cm 2649 b 91 a 2,60 a 427 a 360 a 77 b 99 b 30 cm 3068 ab 90 a 2,64 a 336 b 299 b 89 ab 109 ab 40 cm 3218 a 89 a 2,64 a 273 c 247 c 98 b 118 a Densidade 50 sementes/m 3118 a 91 a 2,62 a 323 b 282 b 94 a 115 a 70 sementes/m 2935 a 91 a 2,65 a 347 a 303 ab 87 a 108 a 90 sementes/m 2882 a 88 a 2,61 a 366 a 320 a 83 a 103 a Cultivares Confiança 2889 a 91 a 2,45 b 331 a 294 a 96 a 113 a Canastra 3067 a 90 a 2,80 a 359 a 309 a 80 a 104 a CV (%) 25,0 9,5 6,4 12,2 16,1 24,1 21,8

Médias seguidas da mesma letra na coluna para cada tratamento (espaçamento, densidade e cultivares) não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

TABELA 3 – Média de comprimento de grãos (mm), largura de grãos (mm), espessura de grãos (mm), ocorrência de

escaldadura da folha (EF), brusone do pescoço (BP) e mancha de grãos (MG) nos diferentes espaçamentos entre li-nhas, densidades de semeadura e cultivares. 1996/97 e 1997/98. Lavras-MG.

Fatores Comprimento de grãos (mm) Largura de grãos (mm) Espessura de grãos (mm) EF (1-9) a BP (1-9) MG (1-9) Espaçamento 20 cm 7,02 a 2,24 a 1,88 a 4,7 a 2,0 a 3,9 a 30 cm 7,05 a 2,24 a 1,89 a 3,7 b 1,8 a 3,7 a 40 cm 7,02 a 2,26 a 1,87 a 3,3 b 1,4 a 3,8 a Densidade 50 sementes/m 7,01 a 2,25 a 1,88 a 3,8 a 1,7 a 3,8 a 70 sementes/m 7,06 a 2,24 a 1,88 a 3,8 a 1,8 a 3,9 a 90 sementes/m 7,03 a 2,25 a 1,89 a 4,1 a 1,8 a 3,7 a Cultivares Confiança 6,85 b 2,23 a 1,84 b 3,7 a 1,1 a 3,8 a Canastra 7,21 a 2,27 a 1,92 a 4,1 a 2,4 a 3,8 a CV (%) 2,3 2,9 3,0 27,1 56,4 16,7 a

1 - menos de 1% das folhas ou panículas atacadas 9 - mais de 50 % das folhas ou panículas atacadas

Médias seguidas da mesma letra na coluna para cada tratamento (espaçamento, densidade e cultivares) não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

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a) Para o plantio irrigado por aspersão em condi-ções semelhantes às de Lavras, deve-se utilizar espaça-mentos de 30 ou 40 cm entre linhas para as cultivares do tipo moderno, semelhantes à ‘Canastra’ e ‘Confiança’;

b) A variação no espaçamento entre linhas afetou o número de perfilhos/m2, número de panículas/m2, o número de grãos/panícula e o número de grãos chei-os/panícula, ao passo que a variação na densidade de semeadura afetou apenas os dois primeiros componen-tes;

c) Densidades de semeadura entre 50 e 90 se-mentes/m não exerceram influência na produtividade de grãos;

d) Espaçamentos mais estreitos favoreceram a in-cidência de doenças, sobretudo escaldadura das folhas, ao passo que a variação na densidade não afetou a ocor-rência de enfermidades;

e) Os diferentes espaçamentos e densidades tes-tados não interferiram nas dimensões e na massa dos grãos.

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Referências

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