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SEQUÊNCIA DIDÁTICA ARTIGO DE OPINIÃO JORNALÍSTICO PARTE I

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA

ARTIGO DE OPINIÃO JORNALÍSTICO

PARTE I

ELIANA GAGLIARDI

HELOISA AMARAL

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Introdução

A sequência didática como metodologia de ensino de leitura e escrita

Bronckart, Dolz e Schneuwly são professores da Universidade de Genebra, na Suíça, responsáveis pela criação dessa metodologia de ensino e aprendizagem que sustenta a concepção de ensino de leitura, escrita e oralidade de gêneros discursivos, instrumentos de comunicação humana.

Gêneros discursivos, na concepção desses autores, são as formas concretas que as interações pela linguagem assumem, dependendo da situação de comunicação em que acontecem. Este é um conceito que tem ideias de Bakhtin e seu círculo como fonte.

Para os estudiosos de Genebra e muitos outros adeptos dos conceitos de Vygotsky sobre ensino e aprendizagem, as interações sociais entre aluno-aluno e professores-alunos são fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem e, neste caso, da apropriação, na escola, da leitura, escrita e oralidade formal da língua. A base teórica dessa proposta genebrina de trabalho, que vem sendo adotada no Brasil há cerca de 20 anos, é uma concepção de didática de línguas chamada de Interacionismo Sóciodiscursivo (ISD). O ISD procura integrar, grosso modo, as ideias de Vygotsky sobre aprendizagem e do círculo de Bakhtin sobre língua e discurso, ao propor uma metodologia que soma os estudos de psicologia cognitiva à teoria dos gêneros do discurso.

As sequências didáticas organizadas a partir do pensamento desses autores são constituídas de uma série de oficinas de leitura, escrita e oralidade fundamentada na escrita.

Nesta publicação, propomos uma breve sequência didática sobre o gênero artigo de opinião jornalístico, inspirada nas ideias acima indicadas.

A publicação desta sequência será feita em partes. A seguir, a primeira parte de uma sequência didática resumida sobre o gênero artigo de opinião.

Saiba mais sobre gêneros discursivos e seu ensino clicando emGêneros Discursivos e Mediação do Professor.

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Capítulo I- O gênero discursivo Artigo de opinião

a) Apresentação do gênero em seus portadores usuais

Para iniciar o trabalho com o gênero, traga para a sala pelo menos um jornal impresso que tenha coluna de opinião e proponha que leiam outros artigos publicados em sites de blogs.

É interessante ter esse jornal impresso na sala para que os alunos possam identificar o gênero em seu portador tradicional e observar o caderno e a seção em que se encontram no jornal físico. Depois, ao acessar os jornais digitais, demonstre que a organização tradicional e concreta que o jornal físico possui é representada de outra forma nos jornais digitais, por meio de links, e, nos sites de articulistas, os artigos são o gênero predominante e não se articulam com outras seções do jornal impresso.

Leia com os alunos um artigo do jornal impresso que você trouxe. Essa leitura auxiliará os alunos que não têm familiaridade com jornais e nem com os artigos de opinião a ter alguma ideia de como é o gênero de texto que vão estudar. Para aqueles que conhecem o gênero, servirá como uma retomada.

Depois dessa primeira leitura em jornal impresso, não deixe de consultar, com eles, jornais digitais. Uma possibilidade interessante é consultar os arquivos de jornais para que identifiquem diferenças entre capas de jornais mais antigos e mais recentes. Você pode pesquisar arquivos de jornais de sua cidade ou estado. Sugerimos o link para o arquivo do Jornal do Brasil

Ao acessar jornais digitais, privilegie a análise das diferenças entre a forma do jornal físico dos publicados na web.

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Você pode, por exemplo, consultar a página do jornal o Estado de São Paulo, que possui uma seção Opinião fixa, ou outro de sua preferência. Abra a seção opinião, reforçando a ligação por meio de links feita no processo, discutindo as diferenças entre folhear e clicar.

Em seguida, escolha um jornal de pequeno porte para encontrar um artigo de opinião menos complexo do que os que são publicados nos grandes jornais. Peça que, em dupla, leiam um desses artigos e o comparem com o do jornal impresso que você levou. Há diferenças? Quais são?

b) A situação de comunicação dos artigos de opinião.

Explique aos alunos que chamamos de situação de comunicação o conjunto de elementos que compõe a interações entre pessoas, quaisquer que sejam elas: um simples bom dia e uma tese científica têm suas situações de comunicação particulares. Em todas elas, porém, alguém diz algo para alguém, com uma finalidade, adotando certa abordagem que corresponde à situação em que os interlocutores se encontram.

No caso do artigo de opinião, o aluno precisará reconhecer quem escreve, para que público leitor escreve, que gênero escreve, com que finalidade, em que veículos o texto poderá ser publicado.

A seguir, reflita com a turma sobre as particularidades da situação de comunicação do artigo de opinião jornalístico:

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1. Quem escreve? Os autores de textos desse gênero, os articulistas, em geral, são especialistas em algum assunto que está sendo discutido na mídia impressa, Internet ou televisão. O articulista, no caso particular do artigo de opinião, é convidado por uma empresa jornalística para escrever porque é reconhecido tanto por ela como pelos futuros leitores, como autoridade no tema tratado. É fácil identificar quem escreve o artigo porque são assinados e também porque, geralmente, há informações sobre o autor em notas de rodapé. 2. Para quem escreve? Para leitores daquele jornal, site ou blog específico (cada um deles tem um público leitor mais ou menos identificado), interessados em saber a opinião do articulista sobre o assunto em questão.

3. O que escreve?

Escreve um artigo em que discute uma questão polêmica de relevância social, a partir de um ponto de vista que assumiu.

4. Com que finalidade? Para convencer o leitor de que seu ponto de vista sobre ela é o mais correto. Para isso, usam argumentos de diferentes tipos. Esta pergunta, certamente, exigirá que você dê algumas pistas para que seus alunos possam reconhecer argumentos e o tom de convencimento do artigo.

5. Onde o texto costuma ser publicado? Como você já trabalhou, de início, os portadores do gênero mais habituais, seus alunos não terão dificuldades em identificar os portadores em que os artigos de opinião são publicados: jornais e revistas impressos ou jornais e revistas digitais, além de sites ou blogs. Todas as vezes que seus alunos forem escrever artigos de opinião sobre qualquer situação polêmica que os interesse, devem considerar os elementos acima e colocar-se no lugar do articulista para escrever. Nesse papel, seu aluno vai assumir uma posição sobre a polêmica e fundamentá-la com argumentos que buscam convencer o leitor de que sua posição é a mais acertada.

Lendo O Estado, Oscar Pereira da Silva (1865-1939),

Uma polêmica é a discussão que se faz em torno de algum acontecimento que provoque controvérsias, isto é, opiniões diversas sobre um fato, a partir de diferentes pontos de vista. As questões polêmicas geram discussões.

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Capítulo II - Questão polêmica, base do artigo de opinião

a) Identificação de questões polêmicas

Para escrever um artigo de opinião, é preciso que seus alunos partam de uma questão polêmica. É importante que eles encontrem questões que sintam como suas e que mereçam ser discutidas. Assim, aquilo que escreverem terá força, não soará como um conjunto de palavras vazias.

Inicie uma conversa, fazendo perguntas aos alunos, incentivando-os a falar sobre assuntos polêmicos que circulam na imprensa ou na cidade onde vivem.

b) Escolha de uma questão polêmica para debater oralmente

Depois dessa conversa, você e seus alunos devem definir uma questão que interesse aos alunos. Em seguida, proponha um debate oral

Veja algumas questões polêmicas possíveis:

 O consumo de álcool por adolescentes deve ou não ser controlado legalmente?  Transporte coletivo alternativo é uma boa opção para os moradores da cidade?

 O conhecimento de métodos anticoncepcionais por adolescentes é ou não suficiente para evitar

a gravidez?

 Construir um novo aeroporto na cidade é conveniente ou não?  A legalização do aborto favoreceria ou não as mulheres?  A migração favorece ou não o desenvolvimento da cidade?

 O desemprego dos jovens na cidade ocorre porque eles não estudam?  O desarmamento da população diminuiria ou não a violência?

 A coleta seletiva de lixo pode ou não resolver os problemas ambientais da cidade?  Os jovens devem ou não dar satisfação aos pais sobre suas saídas noturnas?

 A antecipação da maioridade penal evitaria que os jovens cometessem infrações legais? Sim

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aos alunos, a partir dela. Observe que, nesta oficina, a proposta não é aprofundar o gênero debate oral, mas ele entra como auxiliar no processo de compreensão do que é argumentar para convencer. Também é importante dizer aos alunos que, nesse momento, eles debaterão a partir do que sabem sobre o assunto, sem fazer uma pesquisa anterior sobre o mesmo.

Escolhida a questão, separe a turma em dois grupos. De um lado ficarão os que são a favor, de outro os que são contrários. Para que a atividade dê bons resultados, é importante colocar algumas regras para o debate, entre outras:

 Levantar a mão antes de falar;

 Evitar interromper quem está falando;

 Determinar o tempo da intervenção de cada debatedor;  Estabelecer o tempo total do debate.

Nessa atividade, seu papel será o de mediador, ou seja, você não deverá tomar partido. Deve sim ajudar seus alunos a tomarem posições, por exemplo, “sou a favor...”, “sou contra ...” e tentar justificá-las com algum argumento “sou a favor porque...”, “sou contra porque...”.

c) Produção inicial de um artigo de opinião

Escolhida e debatida oralmente a questão polêmica, proponha que seus alunos se coloquem no lugar do articulista e que escrevam um artigo de opinião a partir dela.

Avise a eles que esta é uma escrita inicial, ou seja, que eles não receberão maiores orientações e que vão escrever a partir do que sabem sobre o tema. Diga também que esse texto inicial servirá para que você faça um diagnóstico da escrita de cada um deles e que, analisando-as, você poderá saber em quais aspectos da escrita deverá intervir, ao longo das oficinas, com mais insistência. Outra finalidade dessa primeira escrita é que os alunos possam compará-la, ao término da sequência didática, com sua produção final e, assim, perceber seu progresso na escrita.

Ao final dessa atividade, leia o que os alunos escreveram observando se os textos produzidos:

 trazem ou não uma questão polêmica;

 localizam ou não o leitor em relação à questão;  deixam clara ou não a posição assumida;

 apresentam ou não o pensamento de opositores sobre o assunto;  trazem ou não argumentos convincentes;

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d) Ler um artigo de opinião e identificar nele elementos da situação de comunicação.

Nesta oficina, você trabalhará, num primeiro momento, com a leitura de um artigo sobre maioridade penal, escrito por Renato Roseno. A leitura servirá para que os alunos “mergulhem” no gênero e “peguem o tom” que distingue os artigos de opinião de outros textos argumentativos (como carta de leitor, editorial, as tradicionais dissertações escolares), reconhecendo que eles não existem sem a questão polêmica.

Em seguida, fará com os alunos a análise do artigo de Roseno.

Clique no link para acessar o PDF com o artigo"Sou contra a redução da

maioridade penal", seguido de questões para os alunos.

Imprima-o ou projete em um Datashow para que os alunos possam acompanhar sua leitura e, se for o caso, copiar as questões. Leia-o com seus alunos.

e. Analisar a situação de comunicação

Peça que seus alunos leiam novamente o artigo e, em duplas respondam as questões que estão abaixo do artigo em PDF. Depois, faça um círculo para que discutam coletivamente as respostas. Se aparecem dúvidas quando eles forem responder às perguntas, dê pistas, retome o texto, ajudando-os a procurar as informações.

É muito importante que os alunos compreendam que essas questões propõem a identificação de elementos da situação de comunicação do gênero. A seguir, as questões propostas no PDF com respostas para orientar sua discussão com os alunos.

1. Quem é o autor do texto? Se todos os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto sobre o qual escrevem, em que este autor é especialista?

Renato Roseno, advogado, coordenador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Ceará, e da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced).

2. Onde o texto foi publicado?

www.cedecaceara.org.br

3. Quem forma seu público leitor?

Leitores preocupados com a questão da antecipação da maioridade penal querem conhecer a opinião do articulista.

4. Qual a questão polêmica?

A redução da idade penal é ou não uma solução para o fim da criminalidade juvenil?

5. Qual a posição do autor a respeito do assunto?

Ele é contra a redução da maioridade penal.

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Ele afirma que medidas repressivas dão a falsa sensação de que algo está sendo feito, que, em nenhum lugar do mundo, houve experiência positiva de adolescentes e adultos confinados no mesmo sistema penal, que nosso sistema penal, como está, não melhora as pessoas. Para ele, a possibilidade de sobrevivência e transformação desses adolescentes está na correta aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

7. Qual o objetivo do autor?

Convencer seus leitores de que a redução da maioridade penal não é a solução. Ainda que ele seja contra qualquer forma de impunidade, afirma que reduzir a maioridade

penal é ineficiente para atacar o problema.

e) Pesquisar, para ter conhecimento sobre o assunto sobre o qual vão escrever

Assim como faz um articulista especializado no assunto que vai discutir, ao tomar posição diante de uma polêmica, os alunos precisam conhecer muito bem o assunto ao qual ela está ligada e quais as diferentes visões que circulam sobre o assunto que causou polêmica.

Com esse conhecimento, o articulista e, por extensão seus alunos, pode construir argumentos consistentes para convencer seus leitores que sua posição sobre a questão é a mais correta.

Para que seus alunos possam tomar o lugar de articulistas e tenham o que dizer, proponha que realizem pesquisas sobre o assunto relacionado com a questão polêmica escolhida para debate oral, anteriormente definida pela classe.

a) Oriente os alunos a buscar informações sobre o assunto ao qual a polêmica está relacionada em diferentes fontes, como:

Para finalizar esta etapa, mostre aos seus alunos, a partir do texto lido, que para Roseno escrever um texto de opinião como um articulista de jornal, ele precisou de:

• ter, como ponto de partida, uma questão polêmica que circula na imprensa e em relação à qual o articulista se coloca.

• tomar uma posição em relação ao que já foi dito sobre o assunto controverso; • apresentar argumentos ou razões que sustentam a posição assumida, a favor ou contra, trazendo vozes de autoridades, exemplos;

• antecipar e contestar os argumentos dos oponentes; • articular o texto e concluí-lo.

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 jornais, livros, Internet e vídeos informativos;

 instituições públicas e privadas como universidades, prefeituras, secretarias, delegacias, ONGs, etc.;

 entrevistas com pessoas que sejam autoridades no assunto a ser investigado.

b) Para dominar os diferentes aspectos de um assunto e construir argumentos, eles teriam que se informar a respeito de:

 dados histórico-culturais relacionados a ele;  leis e dados jurídicos que tratam da matéria;  estatísticas a respeito do assunto;

 exemplos de acontecimentos relacionados ao assunto;

 diferentes perspectivas de diferentes autoridades sobre a questão;  causas e/ou consequências relacionadas ao problema em questão. Para finalizar esta primeira parte da sequência didática sobre o gênero artigo de opinião jornalístico, pensamos que trabalhar simultaneamente a pesquisa aqui iniciada e as próximas oficinas, contribui para agilizar a sequência didática.

E, mais que isso, a pesquisa pode ganhar significação se for sentida como indispensável para a constituição dos argumentos que serão usados na discussão da questão polêmica e posterior escrita de um artigo.

AGUARDEM A PUBLICAÇÃO DA CONTINUAÇÃO DAS

ATIVIDADES, PARTE II DESTA SEQUÊNCIA DIDÁTICA,

PARA A PRÓXIMA SEMANA!

Referências

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