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Accepted manuscript. LusoChron - Base Nacional de Geocronologia. LusoChron National Geochronology Database

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Versão online: http://www.lneg.pt/iedt/unidades/16/paginas/26/30/90 Comunicações Geológicas (2018) 105, 1, XX-XX ISSN: 0873-948X; e-ISSN: 1647-581X

LusoChron - Base Nacional de Geocronologia

LusoChron – National Geochronology Database

D. R. Carvalho1*, T. Bento dos Santos1,2, A. R. Solá3

Recebido em 18/05/2018 / Aceite em 20/11/2018 Publicado online em dezembro de 2018

© 2018 LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia IP

Resumo: As bases de dados (BD) revelam tremenda importância nas Geociências, pois permitem a organização de grandes volumes de dados, progressivamente em expansão. Deste modo, propõe-se a elaboração de uma BD com foco na geocronologia realizada em Portugal, a LusoChron. A criação desta BD permite aos utilizadores ter uma visão integrada das características geocronológicas nacionais através da análise de grandes volumes de dados pertinentes, quer para a realização de trabalhos de cartografia geológica, quer para a própria evolução do conhecimento geológico. Este trabalho apresenta as várias fases de desenvolvimento da LusoChron, bem como as dificuldades encontradas e possíveis aplicações diretas e indiretas desta ferramenta.

Palavras-chave: Base de Dados; Geocronologia; Cartografia Geológica; Portugal.

Abstract: Databases are extremely relevant in Geosciences, because they allow the organization of large volumes of data, that are progressively expanding. Therefore, the development of a database focused on the geochronology performed in Portugal is proposed, LusoChron. The creation of this database allows an integrated view of the national geochronological features by analyzing large volumes of relevant data, whether to improve geological mapping or to contribute to the improvement of geological knowledge. This work presents the various stages of the development of LusoChron, as well as its major difficulties and possible applications of this tool.

Keywords: Database; Geochronology; Geological Mapping; Portugal.

1 DG-FCUL – Departamento de Geologia, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Portugal.

2 IDL – Instituto Dom Luiz, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa , Portugal.

* Corresponding author / Autor correspondente: d.carvalho93@gmail.com

1. Introdução

A geocronologia absoluta é uma ciência que visa a determinação da idade de formação das rochas (idade de cristalização) e/ou de um evento geológico (e.g.: idade do metamorfismo, recristalização, etc.) através da análise de isótopos radiogénicos e radioativos. No entanto, embora este seja o seu principal objetivo, a sua utilidade enquanto ferramenta vai muito para além da obtenção de uma idade, pois permite, à posteriori, efetuar comparações de idades entre vários materiais litológicos, realizar estudos de proveniência, avaliar a distribuição das datações ao longo de determinado domínio geológico, etc. Tal utilização de largo espetro possibilita a realização de diferentes interpretações

geológicas de acordo com o objetivo e consoante o âmbito do estudo. A crescente capacidade de investigação e publicação científica da comunidade geológica nacional levou a um incremento assinalável da informação geocronológica disponível, em particular na transição para o século XXI (Fig. 1). É possível constatar que ocorreu um crescimento significativo na produção de publicações com dados geocronológicos. Tal evolução deve-se à proliferação de novas técnicas e métodos, cada vez mais diversificados e com maior resolução (e.g.: Davis et al., 2003; Faure e Mensing, 2005 e bibliografia inclusa; Corfu, 2013; Schmitz e Kuiper, 2013), tornando a geocronologia indispensável para a compreensão da evolução geodinâmica da Terra em diversas escalas geológicas. No entanto, associado a esse rápido incremento na obtenção de dados geocronológicos, ocorre também uma maior dificuldade na organização e sistematização inerente a tal volume de dados.

Trabalhos anteriores como Mendes (1967/1968), Serrano Pinto (1983), Serrano Pinto et al. (1988) e Dias et al. (2010) são um exemplo das primeiras sínteses geocronológicas nacionais. Mendes (1967/1968) consistiu na produção, compilação e publicação de cerca de 200 resultados geocronológicos de todo o país, enquanto os restantes autores incidiram sobretudo em granitóides da Zona Centro-Ibérica. Na transição para o século XXI, o aumento do número de datações geocronológicas realizadas tem sido notável (Fig. 1), devido ao surgimento de outros métodos analíticos, cada vez mais diversificados e com maior resolução e precisão.

Segundo Eglinton (2004), a recolha, avaliação e processamento de dados isotópicos e geocronológicos tem melhor resultado quando estruturada por uma Base de Dados que permita uma consulta imediata de dados relevantes para as ciências geológicas. São vários os países e respetivos Serviços Geológicos, nas últimas décadas, que criaram as suas bases de dados internas: BNDG (Base Nacional de Dados Geocronológicos) do Brasil; NGDB (National Geochronological Database) dos EUA; OZCHRON da Austrália e o DateView, um desktop online livre para consulta e introdução de dados geológicos. Todas estas ferramentas adequam-se à necessidade recente da construção de uma Base de Dados Internacional, que posteriormente disponibilize informação à comunidade científica global.

A organização e gestão deste tipo de dados constitui por si só um grande desafio, não só pela recolha da informação de base,

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mas também pela estruturação da própria BD que deverá ser

ampliada à medida que novos dados sejam publicados e/ou disponibilizados. Este trabalho pretende apresentar as várias etapas de construção e organização de uma solução para esta informação que possibilite dar uma resposta rápida e eficaz na pesquisa de datações geocronológicas, através da produção de uma BD suportada pelo software Excel, a LusoChron.

Figura 1. Número de publicações utilizadas na Base de Dados no período entre 1960 e 2017.

Figure 1. Number of publications used in the Database between 1960 and 2017.

O objetivo final da LusoChron passa por ser empregue como uma ferramenta de rotina quer em pesquisa científica, quer no tratamento de dados para gerar nova informação geológica (Silva

et al., 2003; Sloan et al., 2003; Eglinton, 2004; Sircombe, 2006;

Lopes et al., 2013), possibilitando um contínuo melhoramento ao nível do conhecimento geológico com aplicações várias no campo da cartografia geológica e das geociências em geral.

2. Síntese dos principais sistemas isotópicos e métodos geocronológicos

Para o desenvolvimento desta ferramenta informática é indispensável perceber e interpretar os mecanismos e princípios associados aos processos do decaimento radioativo. A Lei da Radioactividade, publicada em 1902, determina que a taxa de desintegração de certos átomos é proporcional ao número de átomos remanescentes ao longo do tempo. Após o reconhecimento da desintegração espontânea de determinados átomos de um elemento, em átomos de um outro elemento, estabeleceram-se pares de isótopos que permitem estudos de Geocronologia e Petrologia. Esta combinação de elementos pai e filho (sistema isotópico) fornece um método de medição de idades de rochas ou até mesmo uma assinatura isotópica de reservatórios terrestres (Faure e Mensing, 2005 e bibliografia inclusa).

Existem inúmeros sistemas isotópicos, porém os mais frequentemente utilizados e que constam maioritariamente na BD agora apresentada, de uma forma resumida, são os seguintes:

Sistema isotópico K-Ar: Este foi o primeiro sistema isotópico

desenvolvido, tendo sido sugerido primeiramente como método de datação em 1937 (Houtermans, 1966). O sistema foi criado com base no decaimento de 40K para 40Ar. Uma vez que o árgon é um gás praticamente inerte, assume-se que a presença deste numa amostra resulta apenas do decaimento do 40K. A medição dos rácios entre os dois isótopos e o conhecimento da constante de decaimento possibilita a datação. O método pode ser aplicado em rochas que contenham minerais ricos em potássio (e.g.:

biotite, moscovite, anfíbola e feldspato potássico, etc.). Existe ainda uma variação deste sistema - o método Ar-Ar, que utiliza o mesmo sistema isotópico, mas através de uma abordagem distinta (aquecimento e análise da amostra por etapas) se verifica mais robusto nos casos em que houve perda ou ganho de árgon (Faure e Mensing, 2005 e bibliografia inclusa).

Sistema isotópico Rb-Sr: Resulta do decaimento do 87Rb para

o isótopo radiogénico 87Sr. Este sistema pode ser aplicado nas análises de rocha total. Contudo, também pode ser utilizado nos mesmos minerais indicados no método anterior porque o Rb substitui o K na estrutura dos minerais. A grande vantagem deste sistema isotópico assenta no cálculo da razão inicial entre isótopos (ao contrário do método K-Ar que assenta no pressuposto de que o Ar inicial é 0). Como o Rb é incompatível com os minerais presentes no manto terrestre, tem tendência para se acumular na crosta, o que permite utilizar a razão 87Sr/86Sr

i como traçador isotópico para a proveniência dos materiais fonte das rochas analisadas (Faure e Mensing, 2005 e bibliografia inclusa).

Sistema isotópico Sm-Nd: Um dos isótopos de Sm, o 147Sm

decai para 144Nd com um período de semi-vida muito longo, sendo, portanto, muito utilizado em datações de meteoritos, intrusões básicas, cristalização de rochas vulcânicas básicas e rochas de elevado grau metamórfico. Os minerais mais indicados para datação a partir deste método são minerais como a granada e a monazite (Faure e Mensing, 2005 e bibliografia inclusa).

Sistema isotópico U-Pb: Este sistema é constituído por um

par de isótopos distintos, mas quimicamente idênticos, com dois processos de decaimento paralelos: 238U para 206Pb e 235U para 207Pb. Os minerais mais utilizados são o zircão, monazite, titanite, apatite e rútilo. Este é o sistema isotópico mais utilizado atualmente, pois este par de isótopos possui idades de decaimento diferentes e permite uma validação e verificação quase imediata da qualidade dos resultados, visto que terá de existir concordância entre os valores obtidos pelos dois sistemas. A vasta utilização deste sistema está também relacionada com a sua associação ao zircão, mineral refratário que preserva de forma quase eterna a sua composição isotópica e química, sendo, portanto, muito resistente à re-homogeneização isotópica, pois tem uma elevada temperatura de fecho (Davis et al., 2003; Finch e Hanchar, 2003; Condon, 2005; Faure e Mensing, 2005 e bibliografia inclusa; Corfu, 2013).

Os métodos analíticos mais comuns para a análise isotópica são o TIMS (Thermal Ionization Mass Spectometry), o SHRIMP (Sensitive High-Resolution Ion Microprobe) e o LA-ICP-MS (Laser Ablation Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry). Avanços tecnológicos e científicos permitiram o progresso desde os anos 50, inicialmente com métodos tecnicamente mais simples – ID-TIMS, até aos mais desenvolvidos como o SHRIMP (anos 80) e o LA-ICP-MS (anos 90). Estes métodos têm como princípio de aplicação a espectrometria de massa, a técnica que possibilita a leitura das razões entre diferentes isótopos através da separação dos constituintes atómicos da amostra pela sua massa (Davis et al., 2003; Corfu, 2013; Schmitz e Kuiper, 2013).

O TIMS apresenta duas variantes: ID-TIMS (Diluição Isotópica) ou CA-ID-TIMS (Abrasão Química). Apesar de muito utilizado no sistema U-Pb, também pode ser aplicado nos sistemas isotópicos Rb-Sr e Sm-Nd. As razões isotópicas são determinadas, após o efeito térmico de ionização num coletor de iões. Os resultados obtidos com esta técnica podem ter por base a análise de um único grão ou de agregados mineralógicos (zircão, monazite, etc.) no caso de se pretender determinar a idade de minerais. No caso de ser aplicada em rocha total, a amostra será analisada após reduzida a um pó, fornecendo as razões isotópicas

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das mesmas. A combinação dos dados isotópicos em várias

amostras formadas pelo mesmo processo petrogenético, define uma isócrona ou linha de igual idade (e.g.: Zhong, 2017).

O SHRIMP ou o seu predecessor SIMS (Secondary Ion Mass Spectrometry) foram desenvolvidos para tentar contrariar as incertezas associadas às datações por TIMS, sobretudo a obtenção de datações incorretas devido a possíveis discordâncias e/ou existência de componentes herdadas e misturas de idades. O SIMS surgiu com o objetivo de analisar zircões de um modo direto e pontual ao nível do cristal. Este método utiliza um feixe de iões para pulverizar uma pequena área (~20 μm de diâmetro) de um cristal seccionado, produzindo iões secundários a partir do cristal que são recolhidos e analisados num espectrómetro de massa. O processo é essencialmente não destrutivo. No entanto, a dimensão do feixe de iões limita a sua precisão analítica. Contudo, a necessidade de obter uma maior resolução sem perder a precisão ou exatidão dos resultados analíticos levou ao melhoramento desta metodologia. No SHRIMP, o uso de um analisador de maior dimensão fornece uma maior resolução. É utilizado essencialmente para o sistema isotópico U-Pb, sendo possível estudar estruturas complexas a partir de datações in situ num único mineral (e.g.: núcleo e bordo), mesmo quando os grãos são escassos e de pequenas dimensões. Deste modo, a precisão do SHRIMP é normalmente 5 a 10 vezes inferior por

spot analisado do que a análise de um grão inteiro por ID-TIMS.

Esta metodologia requer ainda uma seleção apropriada de padrões, caso contrário pode resultar na obtenção de dados com elevado erro instrumental devido à presença de pequenas quantidades de Pb radiogénico analisado (Gill, 1997 e bibliografia inclusa; Bowring e Schmitz, 2003; Davis et al., 2003; Condon e Bowring, 2011; Corfu, 2013; Schaltegger et al., 2015).

O método LA-ICP-MS permite, tal como o SHRIMP, analisar grãos de minerais in situ sem o processo prévio de dissolução dos materiais. Este método utiliza a acoplação de um raio laser para realizar a vaporização de parte do material analisado para uma câmara que possui um gás inerte. Posteriormente, este fluxo de voláteis/partículas é recolhido por um quádruplo espectrómetro de massa. Trata-se de um método versátil, pois permite a análise da maior parte dos elementos da tabela periódica e é ao mesmo tempo extremamente rápido, possibilitando a aquisição de uma grande quantidade de dados. É abundantemente utilizado no sistema isotópico U-Pb. No entanto, durante a transferência da amostra (em pressão atmosférica) para os espectrómetros de massas (vácuo), muitos iões são perdidos, aumentando a incerteza das análises. A imprecisão deste método é também devida ao uso de feixes com um diâmetro superior ao do SHRIMP, implicando que poderá ocorrer leituras isotópicas de zonas do cristal com idades distintas (Condon e Bowring, 2011; Corfu, 2013; Schaltegger et al., 2015; Sylvester e Jackson, 2016; Hoeve et al., 2018).

3. Desenvolvimento da Base de Dados

A construção da Base de Dados iniciou-se com uma profunda e exaustiva pesquisa bibliográfica de trabalhos, teses, livros, atas de congressos e artigos científicos que contivessem datações recolhidas em Portugal Continental, tendo sido mais recentemente acrescentadas as obtidas para os arquipélagos dos Açores e da Madeira. É importante referir que apesar de exaustiva, não é possível garantir a contabilização de todas as datações alguma vez realizadas.

Como sistema de organização foi escolhido o software Excel, por ser fácil de preencher, estruturar e de atualizar por outros utilizadores. A numeração das idades recolhidas foi totalmente

aleatória, mas está agrupada por fonte bibliográfica. As várias colunas abrangem a informação considerada como mais importante para uma rápida consulta dos possíveis utilizadores (Fig. 2). A estrutura apresentada foi adaptada a partir do design da base de dados DateView por Eglinton (2004), indicando nas caixas laterais, alguns exemplos do que se pode encontrar descrito nas entradas de dados. Na BD, existe ainda a possibilidade de aceder a um conjunto de colunas, com as referências aos trabalhos consultados para obtenção dos dados presentes na tabela.

Figura 2. Esquema ilustrativo do design da LusoChron. A negrito estão os vários parâmetros da BD e subdividem-se nos campos de informação específica. Esquema adaptado a partir de Eglington (2004).

Figure 2. Illustrating scheme of the LusoCrron design. In bold we can see the vaious parameters of the DB, subdivided into tnto the specific information fields. Scheme adapted from Eglington (2004).

As colunas da Base de Dados podem ser articuladas por:

Identificação – que inclui as colunas ID Interno, ID Externo

e Referência do Autor;

Localização – que inclui as colunas Latitude, Latitude Final

(M), Longitude, Longitude Final (P), Referencial de Coordenadas e Área;

Geologia – que inclui as colunas Litologia e Região

Geográfica, Zona Tectono-estratigráfica, Grupo Litológico e Orogenia;

Geocronologia – que inclui as colunas Datação/Idade, Erro

associado à determinação analítica, MSWD, Idade Estratigráfica, Sistema Isotópico, Método de Datação, Material Datado, Tipo de Idade e Interpretação;

Bibliografia – Autores Originais, Data Original, Ano da

Publicação, Autores, Nº de Referência e Observações.

Dentro do grupo de colunas de identificação surge o ID

Interno que é utilizado para manter as entradas da BD ordenadas,

não permitindo a duplicação de resultados. O ID Externo numera as entradas que podem ser exportadas a partir do software Excel. A última coluna corresponde à referência que o autor utilizou para a amostra datada.

O segundo grupo está diretamente relacionado com a localização da amostra recolhida para datação, em que os campos

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coluna Referencial de Coordenadas indica o sistema de

coordenadas utilizado. Decidiu-se acrescentar duas colunas suplementares (Latitude Final (M) e Longitude Final (P)) que permite aos utilizadores exportar as coordenadas das amostras para um referencial comum, neste caso, o sistema ETRS89. O campo Área foi criado para poder incluir as Ilhas dos Arquipélagos da Madeira e dos Açores. O bloco correspondente à Geologia é mais abrangente e descritivo. A coluna Litologia designa o tipo de rocha que foi datada e a coluna Região

Geográfica discrimina a localidade/povoação, podendo ainda

corresponder à formação ou unidade onde foi recolhida a amostra. No caso de ser possível diferenciar esta informação, foi acrescentado um campo informal denominado Grupo Litológico. O campo Orogenia é utilizado para contextualizar a amostra datada relativamente ao Ciclo Varisco, particularmente relevante quando se pretende estabelecer o contexto geodinâmico no Maciço Ibérico. Este campo foi subdivido em Pré-Varisco (>370 Ma), Varisco (370-290 Ma) e Pós-Varisco (<290 Ma). Um dos campos importantes, no qual se podem basear as pesquisas dos utilizadores é a partir da coluna Zona Tectono-Estratigráfica. Esta enquadra a amostra em estudo nas zonas tectono-estratigráficas que ocorrem no território nacional, tendo sido divididas da seguinte forma (Fig. 3):

Zona Galiza-Trás-os-Montes (ZGTM); Zona Centro-Ibérica (ZCI);

Zona de Ossa-Morena (ZOM); Zona Sul-Portuguesa (ZSP); Finisterra/ZOM;

Bacias Meso-Cenozóicas (CENO/MESO).

Figura 3. Domínios Tectono-estratigráficos de Portugal Continental (LNEG, 2010). Figure 3. Tectono-stratigraphic domains of Mainland Portugal (LNEG, 2010).

O número de colunas referente à Geocronologia é o mais extenso visto ser o objetivo principal desta BD. Neste grupo, é apresentada a idade exacta da amostra através do par de colunas

Datação/Idade e Erro. Pode, ainda, ser consultado o valor

estatístico MSWD (Mean Square Weighted Deviation) para as datações mais recentes. O campo Idade Estratigráfica faz a correspondência ao sistema/período na tabela Cronostratigráfica. As colunas Sistema Isotópico e Método de Datação discriminam o princípio físico de decaimento radioactivo e o método analítico utilizado – ID-TIMS, SHRIMP e LA-ICP-MS, entre os mais comuns. O Material Datado refere o tipo de material, rocha ou mineral que foi sujeito aos métodos de datação. No caso de ter sido um mineral, este é devidamente identificado. A coluna Tipo

de Idade resulta da combinação da informação dos campos

anteriores e pode conter informação como:

Mineral – a idade é medida diretamente num mineral; Isócrona – a idade é obtida através de um conjunto de amostras formadas por um mesmo processo petrogenético;

Errócrona – é o resultado da medição em várias rochas com um processo petrogenético semelhante, o que apresentando uma reduzida variação do valor isotópico do isótopo pai, fornece elevada incerteza relativa à datação obtida.

No fim deste grupo encontra-se o campo Interpretação. Este é fundamental, pois apresenta os dados relevantes para a compreensão dos eventos ou fenómenos geológicos relacionados com a amostra datada. As interpretações apresentadas na BD são integralmente retiradas das conclusões do(s) autor(es) no respetivo trabalho onde está publicada a datação.

A última subdivisão, descreve de forma sucinta a bibliografia consultada dispondo os dados da datação realizada. As colunas

Ano da Publicação e Autores são alusivas ao trabalho consultado

por parte dos criadores da BD e não devem ser confundidas com as colunas Autores Originais e Data Original. Estas últimas são referentes às citações do artigo, ou seja, é um campo utilizado para estabelecer autoria da datação. Este campo é relevante nas situações em que seja impossível consultar artigos originais, optando-se por utilizar as fontes mais recentes de divulgação da geocronologia previamente realizada.

No final encontra-se o campo Número de Referência, o qual é essencial para o utilizador consultar, numa outra folha de Excel a descrição completa da fonte bibliográfica. Está disponível ainda uma coluna de Observações que agrupa informação pertinente que não se enquadra em nenhum campo da BD referido anteriormente.

Durante o processo de preenchimento da BD, verificou-se que muitas publicações não apresentavam informação suficiente para preencher todas as entradas por completo. Esta situação é bastante recorrente, nomeadamente no que se refere à localização exacta dos pontos de recolha das amostras utilizadas, principalmente em trabalhos mais antigos. Muitos trabalhos apresentam mapas pouco detalhados sem indicação de coordenadas e/ou sem menção ao sistema de georreferenciação utilizado. Contudo, constata-se que tem existido um maior cuidado por parte da comunidade científica e que, atualmente, este tipo de situação começa a ser cada vez mais escasso. Esta situação prende-se também com a maior utilização de aparelhos de GPS que facilitam o processo de localização e georreferenciação da amostragem. Contudo, quando não providos de instrumentos de localização, certos autores optam por nomear a localidade mais próxima, o que poderá gerar um problema quando os locais não têm expressão nacional/regional. Deste modo, a BD certamente terá alguns erros de georreferenciação, visto que foi necessária a identificação manual de muitas das entradas de dados. Com o apoio de softwares como o Google

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Earth e o Transcoord Pro foi possível completar os campos que

não possuíam a totalidade de informação.

Outro problema frequente relaciona-se com a omissão do método utilizado para realizar a datação. Como já referido, existe uma enorme diversidade de métodos utilizados, mas todos apresentam as suas vantagens e desvantagens. Por exemplo, o ID-TIMS é capaz de gerar dados com boa precisão. Contudo, estes podem representar uma mistura de idades de todos os minerais analisados na amostra, iludindo a verdadeira idade da rocha (no caso de zircões metamórficos, por exemplo). No entanto, para as duas técnicas de alta resolução espacial, o SHRIMP possibilita a realização de várias datações de microcristais in situ, quer em ambientes metamórficos, quer em ígneos recentes como encraves ou minerais herdados; e o LA-ICP-MS permite datações in situ de sistemas magmáticos, metamórficos e estudos de proveniência a partir de zircões detríticos, facilitado pela rapidez com que analisa uma elevada quantidade de amostras. Contudo, estes últimos ainda apresentam alguns problemas ao nível da precisão (Gill, 1997 e bibliografia inclusa; Corfu, 2013; Sylvester e Jackson, 2016).

4. Exemplos de aplicação da BD

Durante a criação da LusoChron existiu a preocupação de acrescentar a localização das várias entradas, mesmo quando não estavam disponíveis. Este procedimento é importante porque permite a visualização da distribuição geográfica das datações. Através da sua extrapolação para o software ArcGIS, realizou-se a projeção dos dados sobre a Carta Geológica de Portugal, à escala 1/1M (LNEG, 2010), permitindo a integração de toda a informação (Fig. 4).

Através da elevada quantidade de informação armazenada é possível realizar interpretações e estabelecer relações que anteriormente não estavam disponíveis. Por exemplo, a partir de uma pesquisa relacionada com rochas intrusivas sin-orogénicas de idade varisca da ZOM, foi possível perceber que a delimitação entre 360 – 310 Ma presente na Carta Geológica de Portugal à escala 1/1M (LNEG, 2010) coloca em quase 10 Ma mais jovem o limite superior do intervalo de formação dessas mesmas rochas. Esta evidência advém de a maioria das idades de cristalização dos maciços desta região terem sido formados em torno dos 350 Ma. A idade mais antiga que se encontra é apresentada por Pin et al. (2008) para o Granodiorito de São Pedro com uma idade de cristalização U-Pb SHRIMP em zircão de 352,6 ± 4,4 Ma.

Para além da verificação de intervalos de tempo apresentados na legenda da carta, também foi possível a comparação direta entre as idades compiladas na LusoChron com as idades atribuídas para as litologias na Carta Geológica de Portugal à escala 1/1M (LNEG, 2010). Desde logo, ressaltam algumas disparidades e, embora, este tipo de análise crítica deva ser feito com bastante cautela, constata-se a presença de zonas em que o estudo geológico deve ser mais aprofundado. Uma das unidades presentes no Mapa Geológico de Portugal é a NPL (Neoproterozóico – Câmbrico) do conjunto de terrenos alóctones e parautóctones associados da Zona de Galiza-Trás-os-Montes. Dentro deste complexo estão contidos os ortognaisses de Lagoa na região do Rio Azibo (Macedo de Cavaleiros), tendo sido datados por duas vezes com métodos robustos distintos:

U-Pb ID-TIMS em zircões revelaram uma idade de 496 ± 3 Ma (Dallmeyer et al., 1993a).

U-Pb SHRIMP em zircões com uma idade de 484 ± 10 Ma (Mateus et al., 2016);

Estas idades do Câmbrico Superior – Ordovício Inferior contrastam com a idade Neoproterozóica patente na legenda da Carta Geológica (LNEG, 2010). Contudo, as interpretações são

distintas. O trabalho mais recente apresenta, como interpretação para a idade ca. 484 Ma, um evento em que os núcleos dos zircões dos ortognaisses sofreram extensa e complexa alteração secundária, suficientemente importante para que recristalizassem e tivessem modificado as suas razões U/Pb. Em contrapartida, o trabalho mais antigo aponta para a idade ca. 496 Ma se tratar da idade de cristalização do protólito do Ortognaisse de Lagoa. Em termos de idade, pode considerar-se que ambas são concordantes, mas com interpretações distintas.

Outra evidência de disparidade entre o registado na Carta Geológica de Portugal à escala 1/1M (LNEG, 2010) e a informação patente na BD, é a geocronologia realizada na região do Complexo Metamórfico da Foz do Douro. A região foi estudada por Sousa et al. (2014) e corresponde à unidade NPε, que pertence à secção de Terrenos Autóctones, Sub-autóctones e Aloctónes da Zona Centro Ibérica (LNEG, 2010). Este complexo apresenta uma idade Câmbrica no mapa, mas os dados geocronológicos U-Pb (SHRIMP) apresentados, indicam uma idade de cristalização magmática de 452 ± 7,8 Ma (Ordovícico Superior).

Figura 4. Exemplo da extrapolação dos dados georreferenciados da BD para o software ArcGIS8 (Carta Geológica de Portugal na escala 1:1 000 000, LNEG, 2010). Figure 4. Example of the DB georraferenced data extrapolation to software ArcGIS (Geological map of Portugal, scale 1:1 000 000, LNEG, 2010).

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5. Conclusões e considerações futuras

A informação disponível na LusoChron é extensa, sendo que há margem para se continuar a procurar e corrigir as incongruências que ainda se verificam. Inúmeros problemas foram encontrados na execução desta BD, sendo o mais comum a falta de informação geográfica das amostras (inexistência de coordenadas e/ou mapas de localização detalhados). A georreferenciação, parte fundamental desta BD, permite a ligação de mapas geológicos a Sistemas de Informação Geográfica, sendo por isso crucial na elaboração e correção da atual cartografia geológica.

A disponibilização da informação geocronológica é atualmente uma área fundamental, quer à escala local, quer à escala regional do Maciço Ibérico ou global, no estudo da reconstituição paleogeográfica de terrenos antigos durante os ciclos de Wilson. Espera-se que a BD LusoChron seja uma mais-valia e possa ser utilizada e atualizada por toda a Comunidade Geológica Nacional, constituindo assim um contributo para a melhoria do conhecimento geológico do território nacional, nomeadamente na definição das idades de formação das diferentes unidades litológicas, na elaboração da cartografia geológica nacional, em estudos de proveniência e no desenvolvimento de melhores modelos de evolução geodinâmica.

Agradecimentos

Os autores agradecem o apoio institucional e logístico fornecido pelo LNEG em todas as etapas de desenvolvimento deste trabalho. Os autores agradecem também a Miguel Pessoa e Pamela Coias pelo contributo no desenvolvimento de uma versão prévia da base de dados em ambiente académico. Um agradecimento também aos dois revisores anónimos pela leitura do manuscrito original assim como pelas sugestões propostas que permitiram uma substancial melhoria na qualidade do texto. Este trabalho é um contributo para o projeto institucional do LNEG - PETROGEO que apoiou a recolha de dados. Esta publicação foi suportada pelo FCT – Project UID/GEO/50019/2013 – Instituto Dom Luiz.

Referências

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Cosmochimica Acta Supplement, 69: A319.

Condon, D. J., Bowring, S.A., 2011. A user's guide to Neoproterozoic geochronology. Geological Soci., London, Memoirs, 36(1): 135-149. Corfu, F., 2013. A century of U-Pb geochronology: The long quest

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Dallmeyer, R. D., Tucker, R. D., 1993a. U-Pb zircon age for the Lagoa augen gneiss, Morais complex, Portugal: tectonic implications.

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