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Germinação de Sementes de Milho-Doce sob Diferentes Temperaturas.

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GOMES, E.M.L.; PEREIRA, R.S.; NASCIMENTO, W.M. Germinação de sementes de milho-doce sob diferentes temperaturas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 22, Suplemento CD-ROM, julho 2004.

Germinação de Sementes de Milho-Doce sob Diferentes Temperaturas.

Eliana M.L. Gomes; Roseane S. Pereira; Warley M. Nascimento

Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970, Brasília – DF. e-mail:wmn@cnph.embrapa.br

RESUMO

A temperatura influencia tanto a velocidade como a porcentagem da germinação de sementes de várias espécies. Este estudo teve por finalidade avaliar os efeitos de diferentes temperaturas na germinação das sementes de duas cultivares de milho-doce. Sementes das cultivares Doce-Cristal e Superdoce foram submetidas a temperaturas de 10, 15, 20, 25 e 30°C. Verificou-se um efeito significativo da temperatura, das cultivares e uma interação entre as cultivares e temperatura na germinação das sementes. Temperaturas entre 25 e 30°C proporcionaram uma mais rápida e maior porcentagem de germinação, enquanto que as temperaturas mais baixas reduziram a velocidade de germinação das sementes. Embora ocorreu germinação a 10°C, as plântulas não desenvolveram nesta temperatura.

Palavras-Chave: Zea mays L., vigor, cultivares

ABSTRACT

Sweet Corn Seed Germination under Different Temperatures.

The temperature affects both the germination rate and the germination percentage of several species. The objective of this study was to evaluate the seed germination of two sweet corn cultivars under different temperatures. Seeds of ‘Doce-Cristal’ and ‘Superdoce’ cultivars were incubated at temperatures of 10, 15, 20, 25 and 30°C. A significant effect of temperature, cultivars and an interaction between cultivars and temperatures were observed. Temperatures between 25 and 30°C increased seed germination rate and total germination, and low temperatures decreased the germination rate. Although germination was observed at 10°C, seedling growth did not occur in this temperature.

Key-words: Zea mays L., vigor, cultivars

O milho-doce (Zea mays L.) é consumido em diversos países na forma de espiga ( “in natura” ou congelado) ou como grãos enlatados. No Brasil, várias agroindústrias fomentam a produção e comercializam o milho-doce enlatado (conserva). Nos últimos anos com o aumento do interesse das indústrias de processamento na expansão da cultura de

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milho-doce, tornou-se necessário o desenvolvimento de genótipos mais adaptados as condições de baixas temperaturas, como no Rio Grande do Sul. Além disso, por razões mercadológicas, torna-se necessário, em algumas regiões, o plantio em épocas mais frias, necessitando portanto de sementes com alta germinação e vigor (Cardoso et al., 1999). Sementes de milho-doce, por conterem elevados teores de açúcares solúveis e pouca reserva de amido no endosperma (30%), associados à presença de pericarpo tenro e delgado (Kaukis & Davis, 1986), apresentam problemas de vigor e rápida perda da viabilidade, acarretando a menor germinação e uniformidade do estande no campo (Nascimento et al., 1994; Aragão et al., 2001).

A faixa de temperatura de germinação é um dos mais importantes fatores para o melhor desempenho das sementes e, por conseguinte, a uniformidade das plantas. Cada espécie apresenta uma temperatura mínima, máxima, e ótima para a germinação, e dentro de cada espécie, podem existir diferenças marcantes entre as cultivares quanto à germinação nas diferentes temperaturas (Nascimento, 2000). Temperaturas muito baixas ou muito altas poderão alterar tanto a velocidade quanto a porcentagem final de germinação. Baixas temperaturas afetam a germinação de sementes de outras espécies, como berinjela (Lima & Nascimento, 2002) , melão (Nascimento, 200 ), melancia (Nascimento et al., 2001) e tomate (Nascimento, 1999). O objetivo desse estudo foi verificar o efeito de diferentes temperaturas na germinação de sementes de duas cultivares comerciais de milho-doce.

MATERIAL E MÉTODOS

Sementes das cultivares de milho-doce Superdoce e Doce-Cristal, foram utilizadas neste estudo. Quatro repetições de 50 sementes foram semeadas em rolo de papel toalha, umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes o peso do papel seco, e colocadas para germinar em temperaturas de 10, 15, 20, 25 e 30°C. Foram realizadas duas contagens das sementes germinadas (protrusão da radícula), sendo a primeira contagem aos cinco dias e a contagem final de germinação aos 8 dias. Nesta contagem final, considerou-se ainda a germinação total (plântulas normais). Utilizou-se o delineamento experimental em fatorial 2 x 5 (cultivares x temperatura), sendo as médias comparadas pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Realizou-se ainda o teste de frio, para comparar o vigor das sementes das duas cultivares utilizadas. Para isto, quatro repetições de 50 sementes foram semeadas em papel toalha, acondicionados em sacos plástico e vedados, e posteriormente colocados em uma câmara regulada a 10ºC, onde permaneceram por sete dias. Após este período os sacos foram abertos e colocados em germinadores regulados a

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25ºC, durante quatro dias. Os resultados foram expressos em percentagem de plântulas normais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se um efeito significativo da temperatura, das cultivares e uma interação entre as cultivares e temperatura na germinação das sementes. O vigor das sementes, determinado pelo teste de frio, mostrou uma superioridade da cultivar Superdoce (76%) à Doce Cristal (50%) (dados não apresentados). Os resultados obtidos na primeira leitura já apontam a melhor qualidade fisiológica das sementes de ‘Superdoce’ (Tabelas 1 e 2). Esta cultivar apresentou também uma melhor performance nas condições de baixas temperaturas, possivelmente devido ao seu maior vigor. Alto vigor das sementes é necessário para tolerar estresses ambientais (Heydecker, 1972), incluindo baixas temperaturas. Temperaturas mais altas foram mais adequadas para a germinação destas duas cultivares de milho-doce, onde uma rápida e maior porcentagem foram observadas a 25 e 30C (Figura 1 e Tabelas 1 e 2).

Condições de baixas temperaturas (10 a 20C) reduziram a velocidade de germinação das sementes das duas cultivares (Figura 1 e Tabelas 1 e 2). Embora houvesse germinação (protrusão da radícula) a 10C, não se observou crescimento das plântulas, isto é, as plântulas obtidas aos oito dias não foram consideradas normais, de acordo com as regras para análise de sementes (Brasil, 1992). A 15C, a contagem de plântulas normais foi reduzida em 50% quando comparada com temperaturas superiores. Em condições de baixas temperaturas, a incidência de alguns microrganismos do solo causadores de tombamento (“damping off”) é favorecida, havendo assim uma redução do estande com conseqüências negativas na produtividade. Soma-se a isto um maior teor de açúcares nestas sementes que contribuem para a maior incidência desses microrganismos durante a germinação. Em outros casos, quando ocorrem temperaturas muito baixas (próximas de 5C) por ocasião da embebição das sementes, pode haver injúria de frio (“chilling injury”) (Herner, 1986). Isto pode ocorrer em várias espécies, incluindo o milho-doce, em virtude da rápida embebição dessas sementes, geralmente muito secas, sob baixas temperaturas; nestas condições, as sementes sofrem uma maior exsudação dos componentes celulares. Em outros países, tratamentos visando a melhoria da emergência de milho-doce, principalmente em condições de baixas temperaturas, tem sido previamente reportados (Bennett & Waters Jr., 1987; Murray, 1990; Parera & Cantliffe, 1994).

A porcentagem de germinação indicada no rótulo da embalagem de um determinado lote de sementes, nem sempre irá corresponder a emergência em campo obtida pelo produtor; isto deve-se ao fato de que as sementes foram analisadas em laboratório sob

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espécie em questão. Assim, caso a temperatura do solo por ocasião da semeadura, não for a ideal para aquela espécie, a germinação poderá ser diferente (geralmente menor) daquela indicada no rótulo. O plantio na época adequada, onde a temperatura seja aquela próxima do ideal para a germinação da espécie e cultivar, também deve ser considerado, embora, em certos casos, o produtor gostaria de “fugir” da melhor época de plantio visando assim preços mais compensadores. Finalmente, baixas temperaturas representam uma limitação no estabelecimento dessa espécie.

LITERATURA CITADA

ARAGÃO, C.A.; LIMA, M.W. de P.; MORAIS, O.M.; ONO, E.O.; BOARO, C.S.F.; RODRIGUES, J.D.; NAKAGAWA, J., CAVARIANI, C. Fitorreguladores na germinação de sementes e no vigor de plântulas de milho super doce. Revista Brasileira de Sementes, v.23, n.1, p.62-67, 2001.

BENNETT, M.A.; WATERS JR., L. Seed hydration treatments for improved sweet corn germination and stand establishment. Journal of the American Society for Horticultural Science, v.112, n.1, p.45-49, 1987.

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Figura 1. Germinação (protrusão da radícula) de sementes de duas

cultivares de milho-doce em diferentes temperaturas. Brasília, 2004.

Tabela 1. Porcentagem de plântulas normais aos cinco e oito dias e

germinação (protrusão da radícula) de sementes de milho-doce cv. Superdoce sob diferentes temperaturas. Brasília, 2004.

Temperatura (°C) Plântulas normais (5 dias) Plântulas normais (8 dias) Germinação (protrusão da radícula) 10 0c* 0c 94b 15 0c 42b 96ab 20 0c 94b 99ab 25 60b 96a 99a

30 88a 96a 97ab

C.V. (%) 20,5 3,1 2,3

*As médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, 5%.

Tabela 2. Porcentagem de plântulas normais aos cinco e oito dias e

germinação (protrusão da radícula) de sementes de milho-doce cv. Doce Cristal sob diferentes temperaturas. Brasília, 2004.

0 20 40 60 80 100 10 15 20 25 30 Temperatura (ºC)

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Temperatura (°C) Plântulas normais (5 dias) Plântulas normais (8 dias) Germinação (protrusão da radícula) 10 0c* 0c 71b 15 0c 45b 95a 20 0c 86a 97a 25 16b 82a 96a

30 69a 86a 96a

C.V. (%) 21,3 9,6 3,7

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