• Nenhum resultado encontrado

Morfologia, Topografia e Irrigação do Coração do Tamandua tetradactyla.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Morfologia, Topografia e Irrigação do Coração do Tamandua tetradactyla."

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Morfologia, Topografia e Irrigação do Coração do Tamandua tetradactyla.

Gabriela Serrão PINHEIRO1; Luiza Corrêa PEREIRA 2; Érika BRANCO3; Ana Rita de LIMA4. Resumo

Este trabalho teve como objetivo descrever a morfologia, topografia e irrigação sanguínea do coração do Tamandua tetradactyla, produzindo estudos aprofundados da espécie do sistema cardiovascular necessários para a realização de pesquisas, cirurgias e diagnósticos. Para o desenvolvimento desta pesquisa foram utilizados quatro espécimes jovens. Os espécimes foram fixados por meio de infusão intramuscular de solução aquosa de formaldeído a 10%, com posterior submersão dos animais nesta mesma solução, por um período mínimo de sete dias. A dissecação ocorreu a partir de incisão na linha média com a abertura da cavidade torácica. Em seguida foi avaliada a topografia do coração, com posterior mensuração e descrição da morfologia e irrigação sanguínea deste órgão por meio da dissecação das artérias coronárias. A base do coração foi observada na altura da terceira costela e o ápice na altura da sexta costela. Apresenta duas artérias coronárias, direita e esquerda, que se originam na aorta descendente. Seu tipo de irrigação varia entre a do tipo equilibrada e a direita. Na face auricular apresenta o ramo interventricular paraconal e o circunflexo e, na face atrial o ramo interventricular subsinuoso. Segundo a morfologia cardíaca observam-se os átrios e ventrículos, as valvas tricúspide e bicúspide, cordas tendíneas e trabéculas.

Palavras-chave: Dissecação. Vascularização. Xenarthra. Introdução

A família Myrmecophagidae abrange todas as espécies de tamanduás. O Tamandua tetradactyla é uma espécie da ordem Xenarthra, mamífero, encontrado geograficamente ao leste dos Andes por toda a Venezuela até o norte da Argentina e Uruguai, vive em florestas tropicais, savanas e regiões espinheiras (REIS, 2006). Apresentam hábito noturno, são animais solitários e de índole pacífica. Sua alimentação é constituída basicamente de térmitas, abelhas e formigas, sendo consumidas aproximadamente 9000 ao todo por dia. Mede de 47 a 77 cm, a cauda apresenta de 40 a 67 cm, onde se sustentam na posição de ataque juntamente com os membros posteriores em uma posição de tripé, pesa entre 5 e 8,5kg e como todos os demais membros da ordem têm uma baixa taxa metabólica (CUBAS, 2007).Sua coloração é amarelada na cabeça, membros e parte anterior do dorso apresentando o restante do corpo negro, formando uma espécie de colete, por isso também é chamado de “tamanduá-de-colete”; possui garras nas patas anteriores, focinho longo com uma língua extensa, olhos pequenos e negros e orelhas diminutas (Disponível em: EPTV.GLOBO.COM/TERRADAGENTE).

O coração possui duas artérias para a sua nutrição, as artérias coronárias que se iniciam na base da aorta e se distribuem pelo coração. Depois de bombeado todo o sangue do ventrículo esquerdo para a aorta, ocorre à ejeção do maior volume de sangue, fechamento das válvulas aórticas e, o refluxo de sangue presente, migra para as artérias coronárias (HURST et al., 1981). De acordo com a literatura consultada, observamos que não existem muitas pesquisas realizadas em tamanduá-mirim, o que justifica a grande dificuldade de acesso a esses animais e falta de especialização dos profissionais. Desta forma, este trabalho visa fornecer material de apoio e complemento ao estudo e pesquisa da espécie para diversos estudantes, em diversos setores de atividade, que buscam trabalhos a respeito da família Myrmecophagidae.

Metodologia

Foram utilizados quatro espécimes de Tamandua tetradactyla sendo dois machos adultos e duas fêmeas jovens, provenientes da área de Mina Bauxita Paragominas – PA, doados ao Laboratório de Pesquisa Morfológica Animal (LaPMA) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), após morte por causas naturais. Os espécimes foram fixados por meio de infusão intramuscular de solução aquosa de formaldeído a 10%, bem como em todas as cavidades com posterior submersão dos animais em mesma solução, por um período mínimo de sete dias. Foi feita infusão de látex nas artérias e vasos do coração. A dissecação ocorreu com auxílio de instrumental cirúrgico a partir de incisão na linha média com a abertura da cavidade torácica. Em seguida foi avaliada a topografia do coração, com posterior mensuração e descrição da morfologia e

1Estudante do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural da Amazônia; E-mail: gaby _serrao@hotmail.com. Bolsista do PIBIC_CNPQ

2

Médica Veterinária da mina bauxita Paragominas – Pará. E-mail: lsouza@gmail.com. 3Professora da Universidade Federal Rural da Amazônia; E-mail: ebranco.ufra@gmail.com. 4Professora da Universidade Federal Rural da Amazônia; E-mail: arlimavet@gmail.com

(2)

irrigação sanguínea devidamente analisada pela dissecação das artérias coronárias. Toda nomenclatura adotada foi baseada na Nomenclatura Atômica Veterinária (INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE, 2005).

Resultados e Discussão Topografia Cardíaca

O coração com o pericárdio situa-se no mediastino médio, posicionado com a sua maior parte à esquerda do plano mediano. Os corações estudados encontravam-se envolvidos pelo pericárdio, perfeitamente adaptado ao seu redor. O coração desta espécie apresentou-se com formato cônico, porém com o ápice arredondado, sendo dirigido no eixo látero-lateral, com sua base em contato com as faces mediais dos pulmões e o ápice em contato com o esterno. A base do coração foi observada na altura da terceira costela e o ápice na altura da sexta costela (Figura 1).

Figura 1- Fotomacrografias evidenciando a localização do coração entre a terceira e sexta costelas em um exemplar de Tamandua tetradactyla. A- podemos observar o coração envolto pelo pericárdio (1), pulmão direito (2), diafragma (3), fígado (4) e estômago (5). B- coração sem pericárdio (1), pulmão direito (2), terceira costela (3), sexta costela (4) e o diafragma (5).

Fonte: os autores.

Morfologia Cardíaca

O coração do Tamandua tetradactyla é constituído por dois ventrículos (esquerdo e direito) e dois átrios (esquerdo e direito) com suas respectivas aurículas. Seu tamanho é de aproximadamente 6 cm de comprimento e 3cm de largura. Apresentou pericárdio espesso com coloração esbranquiçada e bastante aderido e de difícil remoção. A parede do coração apresenta três camadas: endocárdio, miocárdio e epicárdio. No corte longitudinal do coração do tamanduá (Figura 2) observamos os átrios com as suas respectivas aurículas, em sua extensão interna os músculos pectiniformes e sustentando as valvas cardíacas encontramos as cordas tendíneas fixas a seus respectivos músculos papilares. A valva tricúspide localizada no ventrículo direito e a valva bicúspide no esquerdo desempenham papel importante no fluxo sanguíneo através das câmaras, a valva da aorta localizada na abertura desta dentro do ventrículo esquerdo.

No ventrículo direito observamos a presença da trabécula septo marginal tendo sua origem na parede septal inter-ventricular em direção a superfície interna do ventrículo direito. Em ambos os ventrículos observamos a presença das trabéculas cárneas localizadas próximo ao ápice do coração.

(3)

Figura 2- Fotomacrografias de corações de Tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla) onde é possível observar em A e B: Átrio direito (1), Ventrículo direito (2), Átrio esquerdo (3), Ventrículo esquerdo (4), Septo interventricular (5), Ápice cardíaco (6), Valva tricúspide (7), Valva bicúspide (8), Cordas tendíneas (9), Músculo papilar (10), Trabécula septomarginal (11), Músculo pectiniforme (12) e Trabéculas cárneas (13). Barra de escala: 1cm.

Fonte: os autores.

Vascularização Cardíaca

Na face atrial do coração observamos os ramos marginais no ventrículo direito e o ramo interventricular subsinuoso irrigando a parede caudal do ventrículo esquerdo e uma parte do ventrículo direito, o ramo interventricular subsinuoso origina-se da terminação da artéria circunflexa. A artéria coronária direita possui sua origem a partir da aorta ascendente e percorre o sulco coronário e o ramo da margem ventricular direita logo abaixo do átrio direito. No ventrículo esquerdo observamos o sulco coronário com o ramo coronário esquerdo que se divide em ramo circunflexo da artéria coronária esquerda e ramo interventricular paraconal da artéria coronária esquerda, na base do coração podemos observar a localização da veia cava caudal e das veias pulmonares e cranialmente encontram-se a aorta, o tronco braquiocefálico e o tronco pulmonar (Figura 3).

Discussão

Recentes pesquisas têm sido realizadas em tamanduás, quanto à anatomia cardiovascular. Nos estudos com tamanduá-bandeira conseguimos observar semelhanças em relação à topografia cardíaca, morfologia e irrigação. O coração localiza-se no mediastino médio da cavidade torácica em intima relação com os pulmões e apresenta uma base constituída pelos seguintes vasos: tronco pulmonar, veia cava cranial e caudal, veias pulmonares e aorta. Possui dois átrios (direito e esquerdo) com suas respectivas aurículas e ventrículos. Na face auricular apresenta o sulco interventricular paraconal e na face atrial o sulco interventricular subsinuoso (CRUVINEL et al., 2008). Igualmente como acontece no Saguinus niger (PINTO et al., 2011), no macaco prego (RADE et al., 2006), e nos animais domésticos (DYCE et al,. 2004), a artéria coronária direita possui sua origem acima da cúspide cranial da valva aórtica e atinge o sulco coronário após passagem entre a aurícula direita e o tronco pulmonar. Constatou-se que a mesma se origina na aorta, na face atrial, e segue em direção ao ventrículo direito, percorre o sulco interventricular subsinuoso como ramo interventricular subsinuoso, semelhante ao descrito para a paca (ÁVILA et al., 2009), e diferente do que acontece com os caprinos onde o sulco interventricular subsinuoso é ocupado por ramos da artéria coronária esquerda. O ramo interventricular subsinuoso pode ser originado pela terminação da artéria circunflexa, ou pelo ramo interventricular paraconal (PINTO NETO et al., 2009). Neste animal o ramo originou-se da terminação da artéria circunflexa. Considerando o tipo de irrigação, podemos classificá-la como sendo equilibrada em três corações e predominantemente direita em um coração, segundo Banchi (1904).

(4)

Figura 3- Fotomacrografias de corações de Tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla). A- face auricular onde se observam o pericárdio (1), sulco coronário (2), aurícula (3), ramo interventricular paraconal da artéria coronária esquerda (4), ramo colateral esquerdo proximal (5) e ramo colateral esquerdo distal (6). B- na margem direita do coração observa-se os ramos marginais (1) e ramo interventricular subsinuoso (2). C- aorta (1), tronco braquiocefálico (2), tronco pulmonar (3), veias pulmonares (4), veia cava caudal (5), ramo circunflexo da artéria coronária esquerda (6), ramo marginal caudal do ramo circunflexo esquerdo (7), ramo interventricular paraconal da artéria coronária esquerda (8), ramo da margem ventricular direita (9), ventrículo esquerdo (10) e ventrículo direito (11). D- face atrial onde se observam a tronco braquiocefálico (1), aorta (2), tronco pulmonar (3), sulco coronário com ramo coronário esquerdo (4), átrio direito (5) e ramo interventricular subsinuoso (6). Barra de escala: 1cm.

Fonte: os autores.

Conclusões

Devido ao reduzido número de pesquisas feitas sobre o assunto descrito neste trabalho, a revisão bibliográfica dos principais casos relatados sobre morfologia e irrigação sanguínea cardíaca de várias espécies, contudo, o coração da espécie Tamandua tetradactyla é considerada semelhante com a maioria dos mamíferos. Possui duas artérias coronárias, direita e esquerda, que se originam na aorta descendente. Seu tipo de irrigação varia entre a do tipo equilibrada e a direita. Na face auricular apresenta o sulco interventricularparaconal e o circunflexo e na face atrial o sulco interventricular subsinuoso.

(5)

Agradecimentos

A orientadora e professora Ana Rita pela paciência e dedicação ao meu trabalho e ao apoio financeiro do CNPQ.

Referências

ÁVILA, Bruna Helena Pinheiro ; MACHADO, Márcia Rita Fernandes; GERBASI, Silvia Helena Brendolan ; OLIVEIRA, Fabrício Singaretti de. As artérias coronárias da paca (Agouti paca Linnaeus 1766). In: Biotemas, v. 22, n. 4, 2009, Santa Catarina- SC.

BANCHI, A. Morfologia della arteriae coronariae cordis. Archivio italiano di Anatomia e embriologia, v.3, p. 87-164, 1904.

CRUVINEL, Ciro Alexandre Texeira; FRANCO, Fábio; MELO, Alan Peres Ferraz de; Aspectos

anatômicos do coração e artérias coronárias do tamanduá – bandeira (Myrmecophaga

tridactyla, Linaeus, 1758), na área do conhecimento

Ciências Biológicas e Saúde, no 8º Congresso Nacional de Iniciação Cientifica e 6º Congresso Internacional de Iniciação Cientifica, realizados nos dias 16 e 17 de novembro de 2008, na UNIFAC – Faculdades Integradas de Botucatu, em Botucatu – SP.

DYCE, Keith. M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 813 p, 2004.

HURST, J. W. ; LOGUE, R. B.; SCHLANT, R. C.; WENGER, N. K. O coração – artérias e veias, volumes 1/2, 3ª ed., Ed. Guanabara Koogan, 920 p, 1981

INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL

NOMENCLATURE. Nomina Anatomica Veterinaria, 5ª ed. Columbia, USA: Editorial Committee Hannover, 166 p, 2005.

PINTO, Marina Pratagy Estrela; LIMA, Ana Rita de; BRANCO, Érika. Morfologia, topografia e irrigação do coração do Saguinus niger. In: Anais do 9º Anual de Iniciação Científica, 19 a 21 de outubro de 2011.

PINTO NETO, João Leão; SILVA LEÃO, Carlos Eduardo; MARÇAL VIEIRA, Tiago Henrique; SILVA LOPES, Adalgizza Kelly Melo; CONCEIÇÃO VIEIRA, Saulo Rodrigues; CAVALCANTE DA SILVA, Nailton; WAFAE, Gabriela Cavallini; RUIZ, Cristiane Regina; WAFAE, Nader. Indicadores anatômicos de dominância entre as artérias coronárias em caprinos. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., São Paulo, v. 46, n. 1, fev. 2009.

RADE, Walter; PEREIRA, Wilson Felipe; CARNEIRO E SILVA, Frederico Ozanan. Origem, trajeto, distribuição e ramificações ventriculares da artéria coronária direita do macaco prego Cebus apella. In: Bioscience Journal, v. 22, n. 2, 2006, Uberlândia-MG.

Tamanduá-mirim – Terra da gente, edição 64, em agosto de 2009. Disponível em:

<http://www.eptv.globo.com/terradagente>. Acesso em: 05 jun. 2011.

Referências

Documentos relacionados

Fotografia da face atrial de coração de javali, mostrando ponte de miocárdio de posição dorsal, sobre o ramo marginal caudal do ramo circunflexo esquerdo..

Além do processo de exclusão aludido por Paulo Freire, que procuraremos compreender mais adiante, no que diz respeito ao ensino de inglês para a Educação de Jovens e Adultos,

Não se pode olvidar, outrossim, que o apelo eleitoral do pré-candidato, a partir da prova encartada nos autos, vem ainda mais pujante ao voltarmos os olhos para as imagens

Pelo que já deu para perceber até aqui, o funcionamento da aldeia é baseado numa hierarquia administrativa bastante rigorosa, e este sistema lógico está tão

Deixe as bebidas mais fortes para nossa festa no Empório Mercante, sábado, na Vila Colonial, às 22h. Paraty é um dos pontos turísticos mais procurados

(2004) corroboram a hipótese de que os municípios se endividam tendo por base o princípio da equidade inter-geracional. Assim, quanto maior for a despesa com a aquisição de bens

Observação: Os estudantes que não se encontram na lista acima, não atenderam a alguns dos critérios solicitados em edital.. NOME

A artéria coronária esquerda surgiu do óstio coronário esquerdo da aorta ascendente em (84%), distribuindo-se às faces auriculares dos ventrículos direito e esquerdo,