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INDUÇÃO DE UM NÚCLEO PRODUTIVO DE CERÂMICA ARTESANAL EM SÃO JOÃO DEL REI

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INDUÇÃO DE UM NÚCLEO PRODUTIVO DE CERÂMICA ARTESANAL EM SÃO JOÃO DEL REI

R. C. de Godoy, Programa Mineral da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, SECTES–MG, e Departamento de Mecânica da UFSJ;

rgodoy@mgconecta.com.br , CP12, Tiradentes, MG, CEP36325-000 K. Strecker e A. L. R.Sabariz, Departamento de Mecânica da UFSJ; M. B. de Lima, SENAI – Mário Amatto;

M.M. Maia, SEBRAE-MG;

F. T. Ferreira e L.B. Figueiredo, Curso de Engenharia Mecânica -UFSJ.

RESUMO

Nos últimos dois anos, através de convênios entre a UFSJ, a RDM-Rio Doce Manganês, a Superintendência de Artesanato da Secretaria de Desenvolvimento Econômico – SEDE/MG, o SEBRAE e as Obras Sociais São Francisco, foi realizado um programa de capacitação tecnológica para produção de peças cerâmicas na Comunidade do Rio Acima, município de São João del Rei. O trabalho incluiu o estabelecimento de um modelo de gestão do projeto e a realização de diversos cursos, como: modelagem em cerâmica, massa para cerâmica branca, conformação por colagem de barbotina, formulação de esmaltes de baixa temperatura, design de coleções para comercialização, organização de plano de negócio e cooperativa. Além disto, uma paleta de esmaltes de alta temperatura, usando minerais regionais, foi desenvolvida,na UFSJ. O grupo de artesãos iniciou a comercialização de peças no final de 2006.

Palavras-chave: cerâmica, artesanato, cerâmica artística, esmaltes cerâmicos artesanais, ensino de cerâmica, indução de núcleos artesanais.

INTRODUÇÃO

Histórico – contextualização do projeto.

A comunidade do Rio Acima é uma comunidade carente localizada na periferia da cidade de São João del Rei, às margens da rodovia que liga esta cidade a

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Lavras. As atividades da UFSJ junto à comunidade foram iniciadas em maio e junho de 2002, quando foi dado um curso de iniciação à cerâmica, através da UNITRABALHO, com recursos do FAT. Esse curso foi muito bem aceito e nele construímos um forno a lenha usando tijolos comuns, como pode ser visto nas figuras 1 e 2. Posteriormente, foi feita uma assessoria para as Obras Sociais São Francisco na elaboração de um projeto aprovado pelo Estado de Minas Gerais, através do SERVAS-BID, e os recursos foram utilizados em várias atividades e cursos, inclusive na aquisição de diversos equipamentos para cerâmica. Ao mesmo tempo, a Paróquia de Santa Clara construiu amplas instalações para abrigar os equipamentos e criar uma oficina de cerâmica na Igreja de Santa Clara (ver fig.3).

Fig.1 – primeiro forno 2002

Fig.2 – retirando peças

do forno em 2002. Fig.3 - interior da nova oficina, junto à igreja.

Depois disto, perdeu-se o contacto com a comunidade do Rio Acima até que, em novembro de 2004, a Superintendência de Artesanato da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, do Estado de Minas Gerais, SA/SEDE-MG, solicitou ao reitor da UFSJ uma ação no sentido de retomar e apoiar as atividades de cerâmica na comunidade do Rio Acima.

Ficou decidido que o LCCM – Laboratório de Materiais Cerâmicos do Departamento de Mecânica da UFSJ -- faria a parte técnica e a sensibilização e organização da comunidade como unidade produtiva ficaria por conta do SEBRAE e da ITCP/UFSJ (Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da UFSJ). A ação do SEBRAE permitiu a articulação entre a UFSJ e a Rio Doce Manganês – RDM, que se dispôs a financiar parte do projeto, uma vez que suas instalações ficam muito próximas da comunidade do Rio Acima.

O Convênio RDM, UFSJ, SEBRAE e Obras Sociais S.Francisco.

Foi, então, construído um convênio entre a UFSJ, RDM-Rio Doce Manganês, Obras Sociais São Francisco com interveniência do SEBRAE. O convênio foi assinado em agosto de 2005, com duração de 1 (hum) ano. Ele previa, entre outras

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obrigações, a constituição de um Comitê Gestor com representantes de todos os conveniados e também com representante da comunidade. O Secretário do Comitê Gestor foi o Gerente Executivo do Projeto. Este Comitê Gestor foi muito importante, reunindo-se com regularidade, avaliando todas as ações do projeto e articulando novos recursos e atividades que completaram o projeto.

OBJETIVOS DO PROJETO

Objetivos do convênio RDM, UFSJ,SEBRAE, Obras Sociais S.Francisco. O objetivo geral foi, inicialmente, a instalação de capacitação tecnológica para produção de peças de grés cerâmico, a partir da realidade e das instalações existentes nas oficinas da Igreja de Santa Clara, e a partir de proposta mercadológica a ser concebida pela comunidade em articulação e com a assessoria do SEBRAE e da ITCP. As metas propostas para o trabalho do LCCM-UFSJ, foram: 1. Apoiar os processos de sensibilização, planejamento e organização da

comunidade enquanto unidade produtiva de cerâmica, processos a serem coordenados pelo SEBRAE, dando continuidade e manutenção nesse assessoramento pelo tempo que for necessário.

2. Desenvolver uma paleta de esmaltes cerâmicos para temperaturas em torno de 1230oC, utilizando, de preferência, minerais e materiais encontrados na região. 3. Apoiar a comunidade no estabelecimento de domínio dos processos de produção

de peças cerâmicas a partir de barbotina comercial e formas de gesso.

4. Estabelecer domínio dos processos de produção de peças cerâmicas a partir de modelagem a mão e/ou em torno.

5. Estabelecer domínio dos processos de secagem e primeira queima das peças (queima de biscoito) em forno elétrico e a gás.

6. Estabelecer domínio dos processos de produção de esmaltes cerâmicos a partir de materiais encontrados no comércio ou na região, a partir de fórmulas de esmaltes desenvolvidas para este fim específico pelo LCCM – UFSJ.

7. Estabelecer domínio de técnicas de decoração e esmaltação de peças de grés submetidas a uma primeira queima em baixa temperatura (biscoito).

8. Estabelecer domínio de técnicas de queima de peças esmaltadas em alta temperatura, tanto em atmosferas oxidantes quanto redutoras, em forno a gás.

Os objetivos previstos no convênio, em função principalmente da participação do SEBRAE e das decisões da própria comunidade, aprovadas pelo Comitê Gestor, mudaram. A comunidade preferiu focar no atendimento ao mercado de peças

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natalinas. Assim, a maior parte do trabalho acabou sendo desenvolvida com cerâmica e esmaltes de baixa temperatura, mais apropriados para confecção de adereços, enfeites natalinos e presépios. No entanto, a cerâmica de alta temperatura teve o desenvolvimento de esmaltes, conforme previsto e aguarda a oportunidade de iniciar o processo de treinamento.

Convênio com Superintendência de Artesanato da SEDE-MG

Através do Comitê Gestor foi possível estabelecer um novo convênio, assinado em dezembro de 2005, entre a UFSJ e Superintendência de Artesanato da SEDE-MG, que permitiu a complementação de equipamentos da oficina e a contratação do SENAI-Mário Amatto para cursos de formulação de massas e colagem de barbotina.

METODOLOGIA E CARACTERÍSTICAS DO PROJETO

Caracterização do Primeiro e Segundo Ciclos do Projeto.

A todas as atividades, previstas ou não nos convênios e desenvolvidas entre janeiro de 2005 e outubro de 2006, convencionamos chamar de Primeiro Ciclo do Projeto, por possuírem as seguintes características:

1. A supervisão do Comitê Gestor, que foi descontinuado logo após o final do primeiro convênio, em setembro de 2006, mas que, durante a sua existência, integrou e articulou todos os projetos e ações das várias entidades, a saber:

a. Ações oriundas do convênio RDM-UFSJ-SEBRAE-Obras Sociais; b. Ações do SEBRAE, com recursos próprios;

c. Ações oriundas do convênio SEDE-UFSJ.

2. O foco principal do trabalho da comunidade que foi o aprendizado da técnica cerâmica e do design, ambos voltados para o mercado;

3. O principal viés da atividade que foi de aprendizado e não de produção;

4. A responsabilidade maior das ações, que foi das instituições parceiras principalmente a UFSJ e o SEBRAE, relativamente à responsabilidade da comunidade.

O primeiro ciclo do projeto foi encerrado com uma cerimônia, ocorrida em 21/09/2006, que contou com a presença dos dirigentes das instituições parceiras, autoridades, comunidade e público em geral. Nessa cerimônia prestou-se conta das ações e atividades realizadas até aquela data.

Entendemos que um segundo ciclo de ações se inicia em 2007, integrando-se com o anterior, mas com características diversas:

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1. A ausência do Comitê Gestor, o que solicita o desenvolvimento de capacidade de auto-gestão, por parte da comunidade, que deverá se formalizar e estabelecer relações comerciais com a Paróquia de Santa Clara e com o mercado;

2. O foco principal deixa de ser o aprendizado e passa a ser a organização da produção e da unidade produtiva.

3. A ITCP-UFSJ passa a ter um papel maior junto à comunidade e o Laboratório de Cerâmica, LCCM, completa as atividades previstas (esmaltes de alta temperatura) e passa a assessorar de forma mais pontual, no caso de dificuldades técnicas.

Desenvolvimento do projeto e mudanças acordadas de objetivos.

O planejamento inicial do projeto previa cursos e pesquisas em torno dos objetivos estabelecidos no primeiro convênio: basicamente cursos de modelagem e queima de peças (terracota ou biscoitos para grés) e curso de fabricação, aplicação e queima de esmaltes de alta temperatura. As pesquisas previam análise química de materiais locais e ensaios buscando a formulação de esmaltes de grés feitos com esses materiais. No entanto, num projeto de extensão, o planejamento acaba por mudar de acordo com os movimentos e o desenvolvimento do trabalho. No caso, essas mudanças foram todas respaldadas e legitimadas pelo Comitê Gestor. O principal fator de mudanças foi o curso de design trazido pelo SEBRAE. O instrutor de design, trabalhando em articulação com os instrutores de cerâmica, foi muito importante ao induzir uma focalização no mercado, fazendo com que decisões quanto a objetos e técnicas fossem colimadas em função de previsões de venda. Assim sendo, todo o trabalho passou a focar três coleções a serem desenvolvidas: 1. Uma coleção de produtos natalinos: presépios e enfeites;

2. Uma coleção de objetos de mesa denominada Cristaleira da Vovó; e

3. Uma coleção de oratórios e objetos religiosos, ainda a ser mais bem definida. CURSOS DESENVOLVIDOS NO PROJETO

Cursos

A tabela I, abaixo, mostra os cursos desenvolvidos no projeto. Eles totalizaram 340 horas aula e foram ministrados nas oficinas Mara Ávila, que foram muito bem montadas por Frei Estanislau Bartholdy com ajuda da Sra. Maria de Lourdes Haddad e suas companheiras (ver figura 3).

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Este curso foi o primeiro. Utilizou-se argila comercial (terracota da Paschoal Massas) e foram ensinadas várias técnicas de modelagem (pinçamento, rolos, placas), uso de barbotina na colagem de partes de peças, além de trabalhar os problemas da secagem e da queima. A prática do torno de oleiro também foi ensinada, para aqueles que quiseram aprender, como mostra a figura 6. A figura 7 mostra uma bela escultura em placa de terracota, de Da.Darci uma das alunas. As figuras 4 e 5 mostram a primeira abertura do forno que, naturalmente, constituiu-se numa festa. Cada aluno recebeu um exemplar do livro “O Nosso Livro de Cerâmica”, de Caio Giardullo, Paschoal Giardullo e Urames P. dos Santos.

Tabela I - Cursos dados no Projeto CURSO Alunos

Freq.

Horas aula

Enti-

dades Início Fim Professor

1 - Cerâmica Terracota 15 61 UFSJ – RDM 02/09/05 23/10/05 Rogério C. de Godoy 2 -Formas de Gesso 13 16 UFSJ – SEDE 04/02/06 14/02/06 Roberto Zaniti 3 - Esmaltes de baixa temperatura 15 71 UFSJ - RDM 24/11/05 23/07/06 Rogério C. de Godoy Miracelli Quaglia 4 - Fabricação de massa para cerâmica branca 20 8 SENAI – SEDE 05/06/06 05/06/06 Maurício B. de Lima 5 – Conformação por colagem de barbotina. 20 16 SENAI – SEDE 03/06/06 04/06/06 Maurício B. de Lima 6 - Curso de design 15 112 SEBRA E 22/04/06 30/10/06 Marcelo Maia 7 - Grupo Produtivo e Plano de Negócios 15 56 SEBRA E 20/05/06 15/10/06 Paulo Henrique de Castro Silva 8 - Curso de esmaltes de alta temperatura 30 UFSJ Início previsto para ? Rogério C. de Godoy TOTAIS 370

Curso de formas de gesso

Talvez um dos mais difíceis para os alunos, que ainda precisam se aperfeiçoar pela prática. No entanto conseguiram fazer formas bastante complexas (3 ou 4 tacelos) ao final do curso. É um trabalho que necessita treino e dedicação.

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Fig.4 – primeira abertura de forno. Fig. 5 - primeira fornada de terracota

Fig. 6 prática no torno de oleiro Fig.7 boneca de Da. Darci.

Fig. 8 – preparando a barbotina

Fig. 9 – Conformação por colagem de barbotina.

Fig.10 – peças aguardando acabamento.

Cursos de formulação de massas e conformação por colagem de barbotina. Talvez o curso de maior sucesso, do qual se encarregou o SENAI-Mário Amatto. Foi mais centrado nos processos de colagem uma vez que o tempo foi curto. No entanto, foram dadas noções de formulação e obtenção de suspensões cerâmicas e suas propriedades. Os alunos aprenderam a medir a massa específica

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aparente e a obter um índice de viscosidade das barbotinas, usando um viscosímetro improvisado do tipo Mariotte. Aprenderam a usar as formas para a colagem de peças e a retirar as peças das formas e dar acabamento, como pode ser visto nas figuras 8,9 e 10. A produção final de peças natalinas usou esta técnica.

Curso de esmaltes de baixa temperatura.

Talvez um dos mais longos. Foram dadas noções de composição de esmaltes e de fritas, diferença entre esmaltes de baixa e alta temperaturas. Também foram ensinadas técnicas para pesagem de componentes, mistura dos componentes a mão ou usando moinho de bolas. Aprenderam-se técnicas de aplicação de esmaltes, chamando sempre a atenção para o cuidado com a segurança (higiene e uso de máscaras, por exemplo) e alertando-se para os componentes tóxicos existentes nos esmaltes.

Fig.11 - Formulação de esmaltes Fig. 12 Vitor e Augusto trabalhando

Fig.13 corpos de prova com esmaltes da série BB.BR.A5 com corantes azuis

Fig. 14 – Corpos de prova vermelhos compostos com CMFs da série RYG.

Usando um conceito aprendido de Flávia Vanderlinde(1), do SENAI – Mário Amato, foi construída uma paleta baseada numa família de esmaltes. Formulados

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quatro esmaltes de base, usou-se em cada um deles 4 modificadores, obtendo-se 16 esmaltes, e esses 16 esmaltes por sua vez foram coloridos com 4 combinações de óxidos corantes, obtendo-se assim cerca de 70 variações.

Tabela II – Esmaltes de base utilizados

Esmaltes de base (os números indicam percentual de massa)

Material Base de Baixa Transparente Alcalino craquelado BB.T.A.1 Base de Baixa Transparente com antigretante de chumbo BB.T.Pb.2 Base de Baixa Transparente Alcalino 3 BB.T.A.3 Base de Baixa Branco Alcalino 5 BB.Br.A.5 CMF 096 ou 093 95 55 73 80 CMF 1787 - 33 - - Caulim 5 6 5 5 Bentonita - 1 - - Quartzo - 5 6 - Ultrox ou zirconita - - - 9 Feldspato K (potássico) - - 10 6 Calcita ou calcáreo - - 6 -

Tabela III – Modificadores utilizados nos esmaltes de base acima

Base/variação Variação 1 Variação 2 Variação 3 Variação 4

Talco 0,5 % 0,5 % 1,0 % 2,0 % Óxido de Zinco 6,0 % 5,0 % 3,0 % 0,5 % Dióxido de Titânio ou rutilo 0,5 % 3,0 % 7,0 % 5,0 %

Tabela IV – Combinações de pigmentos-óxidos usados com as variações

Óxidos Cor 1 (todas as bases) Cor 2 (todas as bases) Cor 3 (bases alcalinas) Cor 4 (base c/ chumbo) Óxido de ferro 8% - - 3% Oxido de cobalto - 1% 0,2% Oxido de cobre - 2% Dióxido de Titânio. - 3% -

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Além desta família de esmaltes, foram realizadas quatro receitas de esmaltes vermelhos usando CMFs da série RYG, da Ferro Enamel, tendo em vista a obtenção de cores específicas para enfeites natalinos. As aulas de esmalte foram sempre articuladas com as aulas de design tendo em vista a formulação e escolha de esmaltes adequados aos produtos que se pretendia lançar no mercado.

As tabelas II, III e IV, acima, dão as fórmulas dos esmaltes, suas variações e pigmentos-óxidos usados para colorir. Alguns dos resultados podem ser vistos nas figuras 13 e 14. Os códigos podem ser interpretados a partir do exemplo: BB.BR.A5-V1–C1 indica Base de Baixa temperatura, Branca, Alcalina, numero 5, à qual foi acrescentada a combinação de modificador V1 e a combinação de óxidos C1. É importante assinalar que todas as bases e variações foram também aplicadas sobre diferentes argilas e engobes e também sobre aguadas de cobalto para observar a reatividade do esmalte.

Fig.15 – Presépio de

aproximadamente 10 cm de altura,

um dos modelos posto a venda. Fig.16 – Presépio feito com barbotina branca

Curso de design

O curso de design, além das reflexões sobre formas, cores, suas interações com o público e suas mensagens emocionais, acompanhou pari passu os outros cursos. As últimas aulas foram dedicadas a elaborar e discutir com os alunos as características estéticas e funcionais e formas de produção das coleções natalinas que seriam lançadas para venda. Por exemplo, nos presépios, os esmaltes cerâmicos foram aplicados com muita economia -- somente na fímbria dos mantos, coroas e presentes -- de modo a manter o caráter de rusticidade e bom gosto das peças, como pode ser visto nas figuras 15 e 16.

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PESQUISA DE ESMALTES DE ALTA TEMPERATURA.

Esta pesquisa será descrita mais detalhadamente em outro trabalho. Ela consistiu na escolha e análise química de minerais da região (rejeitos de mineração, calcáreo, argilas locais) e de outros minerais e materiais fáceis e baratos de serem obtidos (cinzas diversas, cinzas de ossos, bórax de uso agrário, etc.). Foram feitas combinações tri-axiais de alguns minerais combinados com fritas, cinzas e argilas e, tendo em vista os resultados, procurou-se aperfeiçoar alguns dos esmaltes mais promissores fazendo variações e colorindo, como mostram as figuras 17 e 18 .

Fig.17 – Série cristaleira da vovó, esmaltes cone 7

Fig18 – Série de esmaltes baratos, tipo tenmokú, obtidos com argila vermelha,

bórax e rejeito de mineração.

CONCLUSÕES

O projeto Treinamento e Capacitação Tecnológica Para Produção de Peças Cerâmicas de Grés, Igreja de Santa Clara, Comunidade do Rio Acima, já está colhendo seus primeiros frutos. O grupo de artesãos já consegue focalizar as técnicas cerâmicas aprendidas na produção de peças, que já estão sendo vendidas. Algumas encomendas de lojistas trazidos pelo SEBRAE já foram atendidas e as vendas natalinas foram muito boas. Todos os presépios produzidos (ver figuras 15 e 16) foram vendidos.

No entanto, o término do primeiro ciclo com o fim do Comitê Gestor está trazendo dificuldades para a organização da produção e do grupo, e para o estabelecimento de uma identidade coletiva. O grupo não conseguiu se estruturar e se formalizar e, por isto, está tendo dificuldades de várias ordens, inclusive com a paróquia -- detentora da infra-estrutura física -- desde que Frei Estanislau foi substituído.

É importante assinalar portanto que, mudanças de cultura relacional e comportamental, necessárias à criação de uma unidade produtiva empreendedora,

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são tão importantes quanto o aprendizado tecnológico e talvez mais difíceis de serem alcançadas. Isto porque elas não devem se restringir somente ao grupo de artesãos - solicitados a se tornar empreendedores, a assumir responsabilidades e posturas - mas também à instituição que incuba o coletivo, no caso a paróquia. Creio que, neste tipo de trabalho, é importante, um certo exercício de auto-crítca, além de estabilidade e coerência no relacionamento da instituição incubadora com o coletivo incubado, caso contrário uma grande quantidade de trabalho e recursos podem ser desperdiçados.

AGRADECIMENTOS

Este é um projeto multi-institucional e solicita agradecimentos a todos os parceiros: UFSJ, FAUF, SEBRAE, RDM-Rio Doce Manganês e Obras Sociais da Paróquia, SENAI Mário Amatto. Agradecimentos especiais a Frei Estanislau e suas colaboradoras, particularmente Da. Maria de Lourdes Haddad, e Da. Elma F. Dias.

O financiamento foi da RDM-Rio Doce Manganês, SEBRAE e FAPEMIG. REFERÊNCIAS

1. 1 -Flávia Vanderlinde, Curso de Esmaltes Cerâmicos, Salão Nacional de Cerâmica 2006, Museu Alfredo Andersen, Curitiba, Pr.

INDUCTION OF A POTTERY IN THE RIO ACIMA COMMUNITY, NEARBY SÃO JOÃO DEL REI

The Federal University of São João del Rei, has been involved, jointly with other institutions like SEBRAE, Saint Francis Parish and the RDM Mining Company in the project of inducing a pottery in the Rio Acima Community, located in the suburbs of the town. Therefore a series of courses on earthenware, glazing, design, slip casting and little business administration were undertaken. The first results were the good selling of Christmas gifts, showing that the community is now able to produce ceramic craft. There is still the need for internal organization of the community in order to rationalize the production and also to establish themselves as a successful undertaking both from the economic and social aspects.

Referências

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