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6.3 Edifício Icaraí

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6.3

Edifício Icaraí 1953-55

t e r r e n o u n i d a d e s p u b l i c a ç õ e s c o e f . d e a p r o v e i t a m e n t o t a x a d e o c u p a ç ã o c o n s e r v a ç ã o d e s c a r a c t e r i z a ç ã o c o n s t r u ç ã o e n d e r e ç o e l o c a l i z a ç ã o

Incorporação: Otto Meinberg S.A. Construção: George Doppler Ltda. Praça Roosevelt 128 - Centro

retangular - 382,5 m² 1º ao 24º pav.: 4 kitchenettes de 43,00m² Total - 96 unidades Acrópole 210, 1956, p. 234 - 235 13.8 - Área total = 5354,61m² 58% Boa Baixa pça. roosevelt

r. nestor pes tana

publicação na revista acrópole nº 210 - 1956

Fot

o: E

dson Lucchini Jr

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O terreno onde hoje situa-se a praça Roosevelt foi ocupado, no final do século XIX, pelo Velódromo de São Paulo, que logo deu lugar ao primeiro estádio de futebol do Brasil em 1902, desapropriado em 1915 para a construção da rua Nestor Pestana. Em 1920 foi construída a igreja Nossa Senhora da Consolação, com sua face principal voltada para a rua de mesmo nome. Nos anos 1950, praticamente toda a superfície da praça foi asfaltada, onde foi criado um grande estacionamento.

Em 1967, o então prefeito da cidade de São Paulo, José Vicente Faria Lima, anunciou o projeto para a praça, que previa a construção de duas grandes estruturas de concreto capazes de abrigar um supermercado, estacionamentos, um mercado de frutas, bares e quatro lojas; o projeto fora assinado por Roberto Coelho Cardozo, professor de paisagismo da FAU-USP.

O projeto da praça Roosevelt sempre foi muito criticado devido ao fato de possuir muito concreto e poucas áreas verdes, além de um excesso de escadas, rampas e becos. A superfície da praça está elevada em aproximadamente 5,00m em relação às ruas que a circundam, e os acessos não são marcantes, claros, não propiciando uma situação convidativa para a superfície, onde há espaços para eventos que quase nunca acontecem, tornando o local praticamente inóspito.

Apesar destes problemas citados, a antiga rua Martinho Prado, que ladeia a praça, possui um enorme potencial cultural, com a presença de inúmeros teatros, que atraem cada vez mais bares e restaurantes ao entorno. Há um projeto de revitalização para a praça que vem sendo discutido há alguns anos; alguns defendem a demolição total das estruturas, liberando visualmente a praça, porém, outros defendem a manutenção do pentágono principal, por ser um teatro grego a céu aberto, que pode ser melhor aproveitado, à medida que houver uma agenda de eventos mais constante.

Estacionamento que ocupava o espaço da atual praça Roosevelt em 1967

Fonte: acervo pessoal de Dario Bueno

Construção da praça Roosevelt em 1968

Fonte: acervo pessoal de Dario Bueno

Inauguração da Praça Roosevelt - 25 de janeiro de 1970

Fonte: acervo pessoal de Dario Bueno

(33) - As informações sobre a praça Roosevelt são provenientes do site http://pt.wikipedia.org acessado em abril de 2010

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Praça Roosevelt em 1986

Fonte: acervo pessoal de Dario Bueno

Inauguração da Praça Roosevelt - 25 de janeiro de 1970

Fonte: acervo pessoal de Dario Bueno

Inauguração da Praça Roosevelt - 25 de janeiro de 1970

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O edifício Icaraí, produzido pela parceria entre Franz Heep e Otto Meinberg, está situado na praça Roosevelt, próximo a vários outros empreendimentos realizados pela dupla no início dos anos 1950. É um edifício onde as unidades são todas do tipo kitchenette, cujas plantas possuem pequenas variações em relação às já desenhadas por Heep para o edifício Normandie. No Icaraí, Heep inaugura uma tipologia de fachada que será utilizada em vários outros projetos posteriores, como no edifício Araraúnas (p.183) e Jequitibá34 (1957), onde grelhas quadriculam a fachada e

definem terraços.

O Icaraí está localizado na praça Roosevelt, num terreno de 15,00m de frente por 25,50m de profundidade. Conta com subsolo, térreo e 24 pavimentos, resultando num volume com proporção de 15,00m de largura por 85,00m de altura e 18,25m de profundidade no corpo elevado. O aproveitamento vertical do edifício foi possível graças à legislação da época, onde a altura máxima era definida por uma relação com a largura da rua, ou seja, quanto mais larga ela fosse, mais alto poderia ser o edifício. Sendo assim, pelo fato do Icaraí estar em frente a uma praça, foi possível que ele pudesse ter, assim como os edifícios que o ladeiam, um gabarito elevado, em comparação a edifícios que não são lindeiros à praça Roosevelt. O térreo é o único pavimento que ocupa a totalidade do lote, com exceção de dois vazios para iluminação natural. O corpo principal da torre faceia o alinhamento, não possui recuos laterais e desloca-se 7,25m da divisa de fundo do lote.

ed. Icaraí praça roosevelt volume principal circ. vertical

Construção da praça Roosevelt em 1968

Fonte: acervo pessoal de Dario Bueno

(34) - O edifício Jequitibá é um projeto de Adolf Franz Heep datado de 1957, situado na cidade litorânea de São Vicente, SP. (p. XX)

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O Térreo é composto por duas lojas, separadas entre si pela entrada social do edifício situada na porção central da planta, conformando um corredor em leve aclive que leva ao hall dos elevadores, cuja cota de nível é de 0,40m acima da cota da rua; a planta térra, assim como as dos demais níveis, possui uma conformação simétrica. Há um subsolo que ocupa menos de um terço do terreno e está situado em sua parte posterior, sendo destinado apenas a estoque das lojas; o subsolo ainda conta com duas caixas d’água.

Situada em um volume destacado do principal localizado na parte posterior do terreno, a circulação vertical é composta por dois elevadores e uma escada em três quartos de volta sem patamar intermediário.

O pavimento tipo é dividido em quatro kitchenettes, totalizando 96 ao longo dos 24 andares do edifício, todas voltadas para a praça Roosevelt, com face noroeste. As unidades são praticamente idênticas, porém rebatidas, sendo as duas da esquerda, para quem da praça vê o edifício de frente, com o acesso pelo lado direito e vice-versa; a ventilação e iluminação dos banheiros e cozinhas dos dois apartamentos do meio, são voltadas para o corredor; já nos apartamentos das extremidades, a ventilação e iluminação são voltadas para o exterior.

As duas unidades do meio possuem robustos pilares que diminuem um pouco a cozinha, em relação às unidades das extremidades. Os apartamentos possuem uma planta retangular de 11,50m de profundidade por 3,50m de largura, fato que foi possível devido à divisão do lote de 15,00m de frente por quatro unidades, e não por cinco, o que resultaria num apartamento de 2,75m de largura, medida mais comum entre as kitchenettes produzidas neste período. O pé-direito de 3,00m, comum na época mas muito generoso para os dias de hoje, resulta num espaço confortável visual e sensorialmente.

Esquema de distribuição do pavimento térreo

Esquema de distribuição do pavimento tipo, do 1º ao 24º andar

circulação horizontal circulação vertical lojas circulação horizontal circulação vertical unidades praça roosevelt 43 m² 43 m² 43 m² 43 m² loja 140 m² loja 140 m²

Corredor de acesso às unidades Foto: Edson Lucchini Jr.

Térreo e subsolo

Circulação Vertical

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As plantas são compostas por uma cozinha, um banheiro, uma sala-living e um terraço. Os croquis ao lado comparam a planta do Normandie, pioneiro desta tipologia na obra de Heep em São Paulo, com a do Icaraí; neste, o banheiro de 5,00m² possui uma geometria em “L”, resultado da subtração do espaço retangular da cozinha, de 1,35m². No normandie, o banheiro é um retângulo íntegro; a cozinha é menor, e seu espaço é resultado da subtração de um closet.

A sala-living do Icaraí é um espaço retangular de 3,50m de largura por 6,60m de profundidade, que possui um armário embutido junto à parede que a separa do banheiro, e um caixilho piso-teto que a divide com o terraço. É um ambiente cujas dimensões permitem uma distribuição de um mobiliário que contemple um ambiente de dormir, um de comer e um de estar. Na revista acrópole nº 210 foi publicado um croqui com uma possibilidade de ocupação do espaço de um apartamento do Icaraí. O

lay-out foi desenhado pela “Mobília Contemporânea”, uma

famosa loja de móveis dos anos 1950, que era localizada no térreo do próprio Icaraí; um item interessante deste lay-out, é a mesa bipartida, com uma parte no interior do apartamento e outra no terraço.

Planta da unidade de 40 m² ED. ICARAÍ

Planta da unidade de 30 m² ED. NORMANDIE

Lay-Out feito pela loja “Mobília Contemporânea” Fonte: revista acrópole nº 210 - 1956 - p. 234

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Detalhe do Caixilho do Ed. Icaraí.

Fonte: revista acrópole nº 210 - 1956 - p. 235

Interior das unidades e vista do terraço Fotos: Edson Lucchini Jr.

O caixilho piso-teto que separa a sala-living do terraço é composto por uma porta de madeira com veneziana superior de ventilação permanente, além de duas folhas de vidro de correr com bandeira e peitoril também em vidro. É do mesmo tipo utilizado por Heep em outros edifícios, como o Marajó e o Araraúnas. Este caixilho confere uma boa ventilação e iluminação à sala-living, além de integrá-la visualmente ao terraço, que é um espaço de 3,50m de largura por 1,20m de profundidade, o qual, além de funcionar como uma espécie de brise, impedindo que o caixilho da sala-living fique diretamente exposto ao sol poente, também é um espaço para se contemplar a praça e a cidade.

Na comparação com outros edifícios de kitchenettes projetados por Heep, e até com outras unidades do centro da cidade, pode-se dizer que sem dúvida o Icaraí se destaca no que diz respeito aos seus atributos plásticos e espaciais, além da localização privilegiada, fazendo dele um dos mais procurados apartamentos de seu porte até hoje.

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As exigências de uso de um pavimento térreo podem frequentemente condicioná-lo a um arranjo espacial diferente daquele dos pavimentos tipo. Essas diferentes demandas de espaços sugeriram a adoção de dois diferentes ritmos de distribuição estrutural no edifício Icaraí.

No pavimento tipo, os pilares estão distribuídos de maneira uniforme, sempre com o mesmo ritmo, afinal, há uma divisão igual do espaço em quatro apartamentos, determinando quatro vãos. Já no térreo, a divisão do espaço em duas lojas iguais e uma entrada social central, obrigaram uma mudança no ritmo de distribuição estrutural, inevitavelmente, acarretando em duas transições. A primeira, e mais importante, acontece na fachada; a grelha, que define os terraços nos pavimentos, é composta por cinco pilares delgados que descarregam suas cargas numa viga de transição no térreo, apoiada agora por quatro pilares mais robustos, permitindo um vão estrutural maior para a entrada das lojas e definindo a entrada social entre dois apoios.

A segunda linha de pilares, no sentido do alinhamento para o centro do terreno, é composta por quatro vãos, ou cinco pilares, sendo que no do centro, ocorre uma segunda transição, adotada para dividir a carga dele em dois pilares menores, liberando o eixo de simetria da planta térrea para a circulação. Nesta linha, os pilares das extremidades são da espessura da parede, sendo portanto mais finos que os do meio, porém mais compridos. A terceira linha possui três vãos, intercalando a posição de seus pilares com os da segunda linha, contribuindo assim para o travamento da estrutura.

pilares no pavimento tipo

pilares no pavimento térreo

transições

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O edifício Icaraí não conta com recuos laterais, possuindo apenas duas faces com aberturas, porém, a face posterior do volume, que volta-se para o interior da quadra, não recebeu um tratamento arquitetônico relevante; já a face que se volta para a praça Roosevelt assume o papel de fachada principal e divide-se em base, corpo principal e coroamento. A base, correspondente ao térreo, tem como elemento marcante a viga transição situada sobre as portas das lojas e do acesso social, bem destacado por dois robustos pilares que o ladeiam. O corpo principal, que corresponde aos 24 andares de apartamentos, tem como elemento principal uma grelha de pilares e lajes que vão se tormando mais delgados no sentido do fundo do lote à fachada principal, conferindo leveza à composição; as lajes dos terraços também se afinam no mesmo sentido. Esta grelha estrutural, que abriga os terraços, possui 3,50m de largura por 3,00m de altura e 1,20m de profundidade, sendo portanto composta por elementos retangulares, mas que ao observador, são percebidos como quadrados. Por mais que, em termos construtivos, se saiba que a grelha é um elemento adicionado ao corpo principal da edificação, em termos perceptivos, ela pode ser vista como quadrados subtraídos de um volume maior.

As cinco linhas verticais presentes na fachada praticamente se unem no ponto de fuga quando se olha o edifício de baixo para cima, o que exacerba o senso de verticalidade da torre; para se reduzir essa percepção demasiadamente vertical, surgem os guarda-corpos, compostos por um elemento horizontal mais espesso e marcante, e mais quatro tubos metálicos, também horizontais, na parte inferior.

Originalmente, todas as paredes internas dos terraços eram pintadas em cores vivas e variadas, gerando um interessante movimento cromático. Além disso, essa pintura intensificava a sensação do vazio criado pela subtração do terraço, trazendo tridimensionalidade à fachada e enriquecendo, portanto, a volumetria. Diante dessas considerações, parecia ser uma preocupação de Heep, a visão que o observador, situado no térreo, em frente ao edifício, teria ao olhá-lo de baixo para cima. Apesar de não existirem textos do autor que comprovem essa hipótese, a análise do todo de sua obra é um indício dessa preocupação.

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Unidade de Habitação de Marselha - Le Corbusier - 1945

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/8Rightee_2%252529.jpg acesso em outubro de 2009

Capa da revista Acrópole nº 210 - 1956

Além das referências à Le Corbusier já citadas na análise do edifício Normandie no que diz respeito a conceitos sobre arquitetura e cidade, pode-se dizer que a fachada do Icaraí também é impregnada de elementos oriundos da obra deste arquiteto. Neste caso, é muito clara a referência à Unidade de Habitação de Marselha35

no emprego de terraços coloridos e subtraídos do volume principal; em ambos os casos, o resultado alcançado foi uma volumetria mais rica através dos sombreamentos, que é reforçada mais ainda pelas cores vivas e variadas.

(35) - As Unidades de Habitação (Unité d’Habitation) são grandes edifícios modulares projetados por Le Corbusier após a 2ª guerra mundial. Elas foram construídas em Nantes-Rezé, Briey-en-Foret, Meaux, Belim e Firminy, porém, a mais célebre é a de Marselha; nela, Le Corbusier teve, pela primeira vez, liberdade total para expressar suas concepções sobre a habitação moderna destinada à classe média. (BOESIGER, Willy. Le Corbusier. São Paulo: Martins Fontes, 1998.)

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planta do pav. térreo

esc. 1:250

planta do pav. tipo 1º ao 24º pav. esc. 1:250 1 - acesso social 2 - hall elevadores 3 - lojas 4 - banheiros 1 - cozinha 2 - banheiro 3 - sala-living 4 - terraço kitchenette - 43 m² planta do subsolo esc. 1:250 1 - estoques/lojas 2 - caixas d’água

1

1

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fachada praça roosevelt

Edifício Icaraí atualmente

Foto: Edson Lucchini Jr.

Edifício Icaraí atualmente

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detalhe da modulação da fachada

detalhe do coroamento

Fachada modulada pelos terraços, cuja medida corresponte exatamente ao vão da estrutura. Utilização de caixilho piso-teto

O coroamento segue as linhas verticais e horizontais da fachada, criando um guarda-corpo para a cobertura igual aos demais, porém opaco, sem os gradis.

detalhe do térreo

No térreo há uma robusta viga de tran-sição que possui uma leve inflexão. As portas da entrada social e das lojas são recuadas afim de serem protegidas da chuva.

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1º ao 6º pav.: 2 kitch. de 30,75m², 5 ap. de 62m², 1 ap. de 90,20m² 7º pav: 6 ap. de 54m2, 1 ap. de 73m² 8º pav.: 5 ap. de 42,25m², 1 ap. de 80,30m² Total: 61 unidades

Otto Meinberg S.A. Rua Antonio Carlos 396 - Bela Vista

Retangular - 668 m² 7.2 - Área total = 4815m² Habitat 29, 1956, p.62-63 83 % Boa Baixa

6.4

Edifício Ibaté 1953-55

Fot o: E dson Lucchini Jr . r. hadock lobo r. augus ta r. luis c oelho r. an tonio c arlos

Foto do ed. Ibaté em 1956 Fonte: Revista Habitat 29, 1956, p.62.

t e r r e n o u n i d a d e s p u b l i c a ç õ e s c o e f . d e a p r o v e i t a m e n t o t a x a d e o c u p a ç ã o c o n s e r v a ç ã o d e s c a r a c t e r i z a ç ã o c o n s t r u ç ã o e n d e r e ç o e l o c a l i z a ç ã o

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A rua Augusta, onde situa-se o edifício Ibaté, além de siginificar uma importante conexão viária entre o centro da cidade, a avenida Paulista e a zona sul, destaca-se pela intensa vocação comercial, cultural e de lazer na cidade de São Paulo, além do seu valor simbólico. As primeiras referências históricas relacionadas à via são do final do século XIX, quando ela se chamava rua Maria Augusta, passando a se chamar rua Augusta em 1897.

Nos anos 1950, a Augusta tornou-se um importante vetor das transformações sociais, econômicas e culturais que elevaram a cidade de São Paulo ao patamar de metrópole moderna pujante; o edifício que simboliza esta transformação é o Conjunto Nacional, projetado por David Libeskind em 1954. Situado em um terreno que corresponde à quadra delimitada pelas ruas Augusta, Padre João Manoel, alameda Santos e avenida Paulista, o Conjunto Nacional é possivelmente o mais bem-sucedido projeto de edifício multifuncional já concebido na cidade de São Paulo.

O edifício Ibaté situa-se a duas quadras do Conjunto Nacional, na esquina da rua Augusta com a Antonio Carlos, que é a segunda paralela à avenida Paulista na direção do centro da cidade. É mais um edifício projetado por Franz Heep e executado por Otto Meinberg, sendo o mais distante do centro da cidade já produzido por esta parceria.

O terreno, de geometria retangular, onde situa-se o edifício Ibaté, possui 46,65m de comprimento, que acompanha o alinhamento com a rua Antonio Carlos, por 14,32m de largura, que se alinham com a rua Augusta. A maior face do terreno, voltada para a rua Antonio Carlos, sofre um desnível de 3,00m, no sentido da esquerda para a direita, para quem desta rua vê o edifício de frente, portanto, o ponto mais baixo do terreno, situa-se na esquina com a rua Augusta.

O partido de implantação acompanha a geometria do lote, definindo um volume cuja relação proporcional do corpo elevado é de 46,65m de comprimento por 14,32m de largura e 34,00m de altura. O térreo ocupa quase

Mier van der Rohe olhando a maquete do Conjunto Nacional de David Libeskind – São Paulo

Fonte: TOMBI BRASIL, Luciana; David Libeskind; Coleção olhar arquitetônico; São Pau-lo; Romano Guerra Editora, 2007

Rua Augusta nos anos 1960

Fonte: http://centrosp.prefeitura.sp.gov.br/projetos/augusta.php acesso em março de 2009

bloco principal

rua antonio carlos

rua augusta

Pavimento térreo

(36) - As informações sobre a rua Augusta foram compiladas a partir de informações provenientes do site http://pt.wikipedia.org acessado em fevereiro de 2010

A Rua Augusta36

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a totalidade do lote, com exceção de três vazios para iluminação das lojas, além de um chanfro no cruzamento com a rua Augusta, que subtrai área interna, liberando mais espaço para a esquina e encurtando o percurso do pedestre que vem pela rua Augusta em direção à Antonio Carlos e vice-versa.

A partir do primeiro pavimento, o corpo elevado segue faceando os alinhamentos do terreno, porém, ele recua-se da divisa dos fundos em 3,20m; somente as caixas de escadas e elevadores, além de um pequeno trecho da planta na extremidade direita, continuam faceando a divisa dos fundos. O sétimo pavimento sofre recuos, que o desloca em 1,60m do alinhamento com a rua Antonio Carlos e 1,20m do alinhamento com a rua Augusta. No oitavo pavimento há um novo recuo em relação ao sétimo em mais 1,75m no sentido longitudinal e 1,35 no transversal. O edifício, portanto, conta com térreo mais oito pavimentos, sendo que os dois últimos são escalonados. A altura total da face do volume voltada para a rua Augusta é de 34,00m, porém, devido ao desnível que ocorre no térreo, a face oposta do volume conta com 31,00m de altura. Esta diferença de 3,00m, fez com que fosse possível a adoção de uma sobreloja apenas na porção direita, para quem vê o edifício da rua Antonio Carlos, como mostra o corte esquemático abaixo.

O entorno do Ibaté, de modo geral, é composto por edifícios de gabarito semelhante, porém há algumas variações; o edifício que o ladeia na rua Antonio Carlos possui altura condizente, porém o edifício vizinho na rua Augusta possui um gabarito muito inferior; o mesmo ocorre com outras construções próximas, ainda na rua Augusta, fazendo com que haja uma descontinuidade na composição da fachada da quadra.

1º ao 6º andar

circ. vertical circ. vertical

bloco principal

rua antonio carlos

rua augusta

sobreloja

r. augusta 0.00

Corte esquemático do térreo

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O pavimento térreo acompanha o desnível de 3,00m que o terreno sofre em seu sentido transversal, na direção da esquerda para a direita, para quem, da rua Antonio Carlos, vê o edifício de frente; deste modo, as seis lojas acompanham este desnível, estando cada uma numa cota diferente. Destas seis lojas, quatro estão totalmente voltadas para a rua Antonio Carlos, uma está voltada para a rua Augusta, e uma está na esquina, abrindo-se para ambas as ruas. O acesso dos moradores se dá na porção central da planta térrea, onde um corredor de 4,00m de largura por 12,00m de comprimento conduz aos elevadores. Ladeando à direita o acesso principal de moradores, encontra-se uma entrada independente que conduz à sobreloja, cujo uso se destina a escritórios. Sem dúvida, a adoção de lojas no térreo foi uma decisão acertada por se tratar de um projeto implantado em uma das ruas de comércio mais intenso da cidade.

As lojas, da esquina e a que se volta para a Augusta, sofrem um chanfro que tira a ortogonalidade das suas plantas, mas que atribui ao edifício um entendimento da esquina, aumentando a sua área para os pedestres e encurtando o caminho deles quando o trajeto é da Augusta para a Antonio Carlos e vice-versa. Um pilar de seção circular marca e organiza a esquina37, além de conferir

leveza ao volume, já que este pilar redondo afasta-se da linha dos demais, soltando a quina.

O bom entendimento da esquina, alcançado por Heep em outros edifícios com as mesmas características do Ibaté como o Araraúnas, o Iporanga e o Ouro Verde, mostra a preocupação do arquiteto com a necessidade de se entender a esquina e o contexto urbano, valorizando as visuais do edifício e o conforto do pedestre.

A circulação vertical do Ibaté, assim como na maioria dos edifícios laminares projetados por Heep, é feita em volumes secundários, destacados do principal, que faceiam a divisa de fundos do terreno, porém, neste caso em análise, as escadas e elevadores estão em caixas separadas e independentes entre si. A caixa de elevadores situa-se na porção central da planta; já a de escadas, desloca-se mais

rua antonio carlos loja

83m² loja97m² loja88m² loja95m²

loja 90m²

loja 86m²

rua augusta

circulação horizontal - hall social circulação vertical

lojas

Térreo do Ibaté - valorização da esquina.

Foto: Edson Lucchini Jr.

Térreo do Ibaté - Lojas

Foto: Edson Lucchini Jr.

(37) - Termo extraído de (BARBOSA, 2002, p. 92)

Térreo

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à esquerda. Há dois elevadores, um social e um de serviço, que servem do térreo ao oitavo andar. A escada é linear na transição do térreo para o 1º pavimento, assumindo a forma de “U” com patamar curvo intermediário, do 1º ao 8º andar.

Em todos os andares destinados às habitações (1º ao 8º), o arranjo espacial dos pavimentos se dá por um corredor linear voltado para a face posterior da lâmina principal, que, iluminado e ventilado por cobogós de concreto, distribui os fluxos para os apartamentos, voltados para a face principal de orientação sudoeste, que abre-se para a rua Antonio Carlos. Do 1º ao 6º andar, o Ibaté conta com o mesmo arranjo espacial dos pavimentos, e com a mesma distribuição e dimensões das unidades. Nestes andares, há oito unidades em cada, sendo duas kitchenettes de 30,75m² e cinco apartamentos de 62,00m², todos voltados para a rua Antonio Carlos. Há uma unidade maior que conta com 90,20m² e se abre para a rua Augusta e para a Antonio Carlos.

As unidades do tipo Kitchenette, que são minoria no Ibaté, possuem um arranjo espacial muito semelhante ao de outras já experimentadas por Heep em outros edifícios como o Icaraí e o Normandie, portanto, já descritos e analisados anteriormente.

Os apartamentos de 62m² são os que predominam no edifício Ibaté; o acesso se dá por um corredor que distribui os fluxos para os setores de serviço, social e íntimo de maneira independente. Logo que se adentra o apartamento, à direita situa-se o banheiro de 2,50m de comprimento por 2,10m de largura; estas medidas permitem a colocação de um bidê, um vaso sanitário, uma pia e uma banheira, com espaços generosos entre eles. Seguindo pelo corredor, mais adiante, à esquerda, conforma-se um pequeno hall que distribui o fluxo para uma lavanderia, para a cozinha, para a sala de estar e para o dormitório. A lavanderia é um espaço retangular de 1,00m de largura por 2,50m de comprimento, suficiente para a colocação de um tanque, porém, o uso de uma máquina de lavar roupas não seria possível. A cozinha é um ambiente também de geometria retangular, que conta com 2,00m de largura por 3,65m de comprimento, suficientes para as funções normalmente atribuídas a este

30m²

62m² 30m² 62m² 62m² 62m² 62m² 90m²

Esquema de distribuição do pavimento tipo do 1º ao 6º andar

Planta das unidades de 62m²

rua antonio carlos

rua augusta

circulação horizontal circulação vertical unidades

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espaço. As salas de jantar e estar compartilham de um único espaço retangular de 3,15m de largura por 5,20m de comprimento, que permite a distribuição de um lay-out suficiente para atender as funções de estar e comer. O dormitório conta um espaço idêntico ao da sala de estar, porém, ainda possui um closet.

No edifício Ibaté, é possível identificar uma postura racional em relação à hidráulica dos apartamentos; isto poderá ser notado em quase todos os edifícios analisados, entre eles o Lausanne (p.113) e o Ouro Preto (p.142). Nota-se que há uma separação clara das áreas molhadas das de estar e repouso nos apartamentos, com a intenção de racionalizar os elementos hidráulicos, concentrando-os numa mesma região da planta, o que siginifica economia com tubulações e facilidade de manunteção.

As maiores unidades do Ibaté possuem cerca de 90,00m² e situam-se na extremidade direita do edifício, para quem o vê de frente pela rua Antonio Carlos. Assim como nas unidades de 62,00m² já descritas, neste caso, um corredor também distribui os fluxos para os diferentes setores da planta, porém, há uma fragmentação da área íntima, já que os dois dormitórios não se ladeiam e não estão muito próximos, causando um conflito entre os setores da planta.

Este conflito é, mais uma vez, um forte indício de que na obra de Heep, o ímpeto racional prevalece sobre as questões espaciais, já que esta fragmentação da área íntima se deu pela manutenção das áreas molhadas na mesma porção da planta em que elas aparecem nas demais unidades, fato que neste caso, prejudicou o arranjo da planta, mas não agrediu a racionalização das prumadas hidráulicas.

As dimensões dos ambientes não se diferem muito das descritas no apartamento de 62,00m², com exceção das salas de estar e jantar, que são 5,00m² maiores. Há um terraço de 6,00m² que, acessado pelo dormitório de solteiro e pela sala de jantar, projeta-se sobre o passeio da rua Augusta. Estas unidades são as únicas em todo o edifício que possuem dois dormitórios, sendo que o de casal volta-se para a rua Antonio Carlos, e o de solteiro, para a rua Augusta.

bloco principal

Esquema de distribuição de áreas molhadas, estar e repouso

áreas molhadas áreas de estar e repouso

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O 7º pavimento é o primeiro a sofrer o recuo obrigatório de 1,60m no alinhamento dele em relação aos inferiores. O arranjo do pavimento e a distribuição das unidades não muda significativamente; este andar não conta mais com as kitchenettes, pois com o recuo longitudinal de 1,60m elas ficariam muito pequenas. Deste modo, o 7º pavimento conta com seis unidades de 54,00m² e uma de 73,00m². O recuo não interferiu muito no arranjo das plantas das seis unidades de 54,00m² em relação às de 62,00m² dos andares inferiores, sendo que a única diferença entre elas, além da perda de 8,00m², é o fato da sala de estar e do dormitório terem se transformado em terraços abertos, que não contam na área total do apartamento.

A unidade de 73,00m² também possui um arranjo espacial muito semelhante às de 90,00m² dos pavimentos infeiores, porém, o fato dela também se voltar para a rua Augusta, fez com que ela sofresse um recuo de 1,20m no sentido transversal, além do recuo de 1,60m no sentido longitudinal, como nas demais do 7º pavimento; isto gerou a perda de um dormitório na unidade de 73,00m² em relação à de 90,00m².

O 8º pavimento sofre um novo recuo em relação ao 7º, de 1,75m no sentido longitudinal (em relação à rua Antonio Carlos) e de 1,35m no sentido transversal (em relação à rua Augusta), gerando uma nova distribuição das unidades ao longo do pavimento, além de um novo arranjo nas plantas dos apartamentos. Agora, são cinco unidades de 42m² e uma de 80m². As unidades de 42,00m² possuem um arranjo semelhante às de 54,00m² do 7º andar e às de 62,00m² do 1º ao 6º, porém, a dimensão reduzida no sentido longitudinal, obtida graças ao recuo do pavimento, trouxe a perda da área de serviço e do closet, além de dimensões reduzidas para a sala de estar e o dormitório.

A unidade de 80,00m² do 8º andar possui uma distribuição singular em todo o edifício. O acesso a ela se dá por um corredor, onde à direita, de quem entra, situa-se o banheiro e à esquerda, a cozinha, de onde se acessa a área de serviço. Ao final do corredor, há um espaço retangular de 22,00m² que corresponde às salas de jantar e estar, que abrem-se para um terraço contínuo e descoberto. Na porção extrema direita da planta, para quem vê o edifício de frente pela rua Antonio Carlos, situam-se os dois dormitórios, sendo que o de solteiro volta-se para esta rua e o de casal, para a rua Augusta.

Esquema de distribuição do 7º pavimento

rua antonio carlos rua augusta

circulação horizontal circulação vertical unidades

54m² 54m² 54m² 54m²

Esquema de distribuição do 8º pavimento

rua antonio carlos rua augusta

42m² 42m² 42m² 42m² 42m² 80m² 54m² 54m² 73m² Planta da unidade de 80m²

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A descrição e a análise das fachadas do edifício Ibaté se concentrarão nas duas que se voltam para a cidade: a da rua Antonio Carlos, com orientação sudoeste e a que se volta para a rua Augusta, com orientação nordeste. A terceira fachada que recebeu tratamento arquitetônico é a dos fundos, onde predominam os cobogós de concreto que iluminam e ventilam os corredores.

A fachada da rua Antonio Carlos pode ser considerada a principal; apesar de estar voltada para uma rua de menos significado simbólico para a cidade, a fachada da Antonio Carlos é a maior e para onde se voltam a maioria das aberturas do edifício. No térreo predominam na fachada as portas das lojas, com bandeiras superiores de ventilação e iluminação. A entrada social ocorre na porção central da fachada da Antonio Carlos e se dá por uma grande abertura de cantos arredondados que quebra o ritmo estabelecido pelas portas das lojas, marcando significativamente a entrada do bloco residencial. Na fachada da rua Augusta, também predominam no térreo as portas das lojas. Como já mencionado anteriormente, a esquina recebeu um tratamento especial, já que o recuo das lojas em relação ao alinhamento, produziu uma área coberta, que aumenta e valoriza o importante espaço de encontro entre duas vias. Além disso, o pilar redondo deslocado da quina, solta o volume, conferindo leveza.

Fachada do Ed.Ibaté atualmente

Foto: Edson Lucchini Jr.

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No corpo principal da fachada, que corresponde a seis andares de apartamentos, uma grelha não-estrutural de concreto se sobressai no volume do edifício; ela é composta por retangulos de 6,45m de comprimento por 3,00m de altura e 60cm de profundidade, que correspondem a um apartamento, e enquadram duas aberturas. Os elementos horizontais da grelha são floreiras, que possuem 35cm de altura; elas são os elementos mais espessos da fachada, que enfatizam a horizontalidade da composição; este recurso já foi utilizado por Heep no edifício Normandie, onde a floreira saliente ajuda na diminuiçao da sensação vertical. Ao se observar a fachada do Ibaté, num primeiro momento, crê-se que as floreiras são vigas salientes que marcam as transições entre os pavimentos, mas na verdade, elas estão 55cm acima das lajes, iludindo a posição exata desta transição entre os andares. Os elementos verticais da grelha são prolongamentos das paredes internas que separam as unidades, projetando-se na fachada, de modo a individualizar os apartamentos. Pode-se dizer que a grelha é um elemento que atribui volume, cheios, vazios e sombras à fachada. Além disso, ela também exerce um importante papel de proteção solar; a orientação sudoeste faz com que o sol da tarde incida diagonalmente sobre a fachada. Desta forma, a grelha, com seus elementos salientes verticais e horizontais cria um anteparo à luz e ao calor.

Grelha da fachada do Ibaté

Referências

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