• Nenhum resultado encontrado

Relato da reunião com o Dr Ludovino Lopes

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relato da reunião com o Dr Ludovino Lopes"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Relato da reunião com o Dr Ludovino Lopes

Cuiabá – Mato Grosso, 18 de Outubro de 2011

Elaboração do relatório: Laurent Micol (ICV)

O Dr Ludovino Lopes, advogado especialista no tema de REDD que vem auxiliando vários estados brasileiros na elaboração de seus instrumentos legais de REDD+, foi contratado pelo ICV, em nome do GT REDD MT, para emitir um parecer sobre a minuta do PL do Sistema Estadual de REDD+. Ele veio a Cuiabá no dia 18/10/2011 para apresentar suas considerações.

Participaram da reunião: Elaine Corsini, Ebenzer Borges, Maurício Philipp, Alcilene Faria, Elisa França e Luis Francisco (SEMA-MT); Josevane Fonseca (ALMT); Laurent Micol (ICV); Fabrina Ely (OAB); Alessandra Panizi (OAB e INAE).

O Dr Ludovino fez uma apresentação (anexo a este relatório) que serviu de base para uma discussão cujos principais pontos são resumidos a seguir:

1 Aspectos gerais

 Será importante ter uma estimativa econômica dos benefícios potenciais da implementação do REDD e também dos prováveis custos (orçamentários) para administrar o sistema, para servir de base à discussão com outros setores do Governo e com a ALMT.

 Em alguns aspectos, o texto da lei não precisa entrar em tantos detalhamentos, sendo mais interessante deixar os mesmos para a regulamentação. Quanto mais detalhes, mais riscos de provocar discussões e alterações na sequencia do processo, e de gerar incongruencias com a lei federal quando esta for definida. Ex.: não é necessário a lei dar um nome (CREDD+) às reduções de emissões. Basta chama-las de reduções de emissões.

 Colocar um artigo no final mencionando que os casos omissos e o detalhamento operacional serão definidos em regulamento.

2 Marco legal

(2)

2  Mencionar de forma explícita as referências da legislação federal e do direito internacional no texto da lei para reforçar a justificativa da legitimidade e competência do estado para legislar na matéria (ref. Lei do Acre).

 Nível de referência: essa definição tem efeito direto no dimensionamento de um ativo do estado, portanto não seria adequado ser competência de um Conselho. Deveria ser definida por decreto, da mesma forma que a meta. A parte do texto sobre a meta e o nível de referência precisa ser reorganizada para refletir isso, fazer referência explícita ao nível de referência e à meta nacional, e reconhecer que já existe um nível de referência e uma meta de redução para o desmatamento em áreas florestais do estado. No entanto, manter no texto que o Conselho Gestor será responsável por definir a distribuição desse nível de referência (espacialização e/ou repartição entre diferentes regiões e grupos de atores/ tipos de ocupação).

3 Sobre o conselho gestor e demais órgãos do sistema

 O Conselho Gestor como instância de decisão e gestão é uma inovação interessante. Porém para funcionar, tem que ter número limitado de participantes (tipicamente 8 a 12), ter seu princípio de composição previamente definido1 (somente dizer que será “paritário” não é suficiente) e ter boas condições operacionais de funcionamento (necessariamente ter previsão orçamentária para viabilizar as viagens e estadias dos membros que não residem na capital, e de preferência diárias de compensação para os membros que não são funcionários de governo). Considerando a forte demanda de trabalho e o caráter mais de gestão desse Conselho, a possibilidade do CONSEMA ser o Conselho Gestor do Sistema Estadual de REDD+ não seria adequada.

 O Conselho Gestor tem que ter um mecanismo de resolução de conflitos e recebimento de sugestões e críticas: prever uma ouvidoria.

 Normas e regulamentos: está claro que o Conselho Gestor delibera sobre novas normas e regulamentos, porém precisa definir melhor de quem é a competência de formular os mesmos. Seria mais adequado colocar essa responsabilidade para o orgão executivo (a SEMA) do que para o Conselho, por este ser um coletivo,

1 Sugestão inicial de número de membros e princípio de composição:

 Opção 1: 12 membros, a serem eleitos pelos seus pares entre as instituições participantes do Fórum de Mudanças Climáticas, sendo: 1/3 do governo (4 secretarias de estado); 1/3 dos grupos de atores potencialmente participantes do programas de REDD+ (setor de base florestal, agricultura patronal, agricultura familiar, indígenas); e 1/3 de outras organizações da sociedade civil (1 organização de classe, 2 ONGs socioambientais, 1 universidade).

 Opção 2 (se for incluir órgãos do governo federal): 12 membros, sendo 3 secretarias de estado, 3 órgãos do governo federal; 4 grupos de atores potencialmente participantes nos programas; 2 outras organizações da sociedade civil (1 ONG e 1 organização de classe ou 1 universidade).

(3)

3

onde a responsabilidade ficaria diluida. No entanto, deve ser garantida aos membros do Conselho e ao Forum a possibilidade de propor novas normas e regulamentos.

 Comitê Científico: é importante e deve ser mantido na proposta, porém não deve ser vinculado ao Conselho Gestor mas diretamente ao Sistema, pois poderá ser consultado pelos outros orgãos do sistema. Além disso, a consulta ao Comitê científico não deve ser obrigatória, mas opcional. Também é importante prever dotação orçamentária para viabilizar as viagens (possivelmente internacionais) dos membros e compensá-los financeiramente pelo trabalho (participação nas reuniões).

 Atribuições do órgão executivo (SEMA-MT): reorganizar a lista de forma que reflita melhor o fluxo operacional do sistema.

4 Sobre o Fundo ou os mecanismos financeiros

 Fundo de Mudanças Climáticas: tal como está estruturado, não é uma opção atraente para os investidores, e possivelmente nem para os potenciais doadores, pela falta de segurança na destinação dos recursos. Aliás, a lei do REDD não pode definir regras para a gestão de um Fundo previsto em outra lei. Dado as incretezas da tramitação desses processos, recomenda-se a criação neste PL de um Fundo específico para a governança do sistema estadual de REDD+ (definindo melhor o que isso significa: administração do sistema de contabilidade, cadastro e registro), para receber recursos públicos, doações etc. Em paralelo, deve-se tentar adequar o texto sobre o Fundo de Mudanças Climáticas no outro PL para que, caso aprovado antes da lei do REDD, permita gerir com segurança os recursos para a governança do REDD.

 Adicionalmente, prever a possibilidade de se criar no futuro um ou mais outro(s) mecanismo(s) financeiro(s) com mais flexibilidade de gestão que um fundo público, para poder realizar a venda de créditos de carbono (de projetos públicos ou coletivos de grupos que não disponham de estrutura própria adequada) para investidores ou compradores privados. Poderia ser um fundo a exemplo dos administrados pelo Funbio, ou uma sociedade de economia mista (exemplo do Acre), entre outras possibilidades, sendo que essa definição pode vir depois. O texto pode ser algo como “O Estado poderá celebrar convênios com terceiros para a execução de projetos de REDD+ e para a administração de recursos destinados a projetos de REDD+”.

5 Sobre Programas e Projetos de REDD+

 Na versão atual, definimos programas de REDD+ como ações propostas pelo governo e projetos como ações propostas por entes privados. No entanto, na prática não se espera que o governo seja de imediato proponente e gestor de

(4)

4

grandes ações setoriais de REDD+, mas vemos mais seu papel como sendo de fomentar, organizar e viabilizar as ações (projetos) de REDD+ que poderão surgir de todos os tipos de atores (inclusive públicos) e em diferentes escalas. Nesse sentido, é mais interessante definir os Programas (setoriais, temáticos ou regionais) como conjuntos de regras/ definições técnicas/ metodologias que vão se aplicar a cada tipo de situação. Ao desenvolver esses “Programas”, o estado, junto com os atores interessados, vai permitir que projetos de REDD+ surjam com reduzidos custos de transação. No futuro, o limiar entre projetos e programas poderá evoluir em função do funcionamento do mecanisms “aninhado” que for acontecer.

6 Sobre Inventário, Contabilidade, Cadastro e Registro

 Na versão atual, chamamos de registro o que na verdade é a contabilidade das reduções de emissões. Registro é algo bem específico: é a emissão de um título para um determinado beneficiário. Então a sequencia lógica é: primeiro o inventário, que permite contabilizar quanto tem de redução total; depois o cadastro de projetos, com as respectivas previsões de reduções de emissões; e quando ocorre o monitoramento dos projetos, pode-se registrar determinado número de títulos (do total de reduções de emissões contabilizadas) para cada projeto e para o estado, que pode os alocar à reserva de segurança ou os destinar à venda ou à entrega aos seus financiadores. No caso de um projeto que ocorre no mercado voluntário, as reduções de emissões vão entrar na contabilidade, mas não no registro estadual, pois já serão registradas no sistema em que o projeto for certificado.

 Tinhamos uma grande dúvida sobre a possibilidade do estado emitir títulos transacionáveis. Por isso nosso CREDD seria somente um tipo de certificado de validade dado pelo estado, que deveria, pra se tornar um título, ser registrado num outro sistema (voluntário ou regulado). Porém tem uma distinção entre quem emite e quem reconhece. O estado pode emitir um título, e esse título ser reconhecido ou não por outros sistemas (como por exemplo da California). Portanto não é válida a ideia de criar um CREDD+ que não seja um título.

 Pode ser melhor não dar um nome ao CREDD+ nesse momento, para evitar possivel conflito com uma definição federal posterior, mas é essencial dizermos claramente na lei que existirá um título transacionável para REDD+.

 No processo de registro (emissão) de CREDD do estado (por exemplo, para a reserva de segurança do sistema), será importante dar publicidade à intenção de fazer essa emissão, por audiência ou consulta pública, de forma a evitar riscos de reclamações posteriores sobre a titularidade desses títulos.

 Sobre a verificação, é melhor não criar a obrigação de ser anual, podendo ser simplesmente periódica.

(5)

5 7 Sobre a Reserva de Segurança

 Além de servir como garantia contra a não performance do estado, a reserva de segurança também deveria poder ser utilizada, dentro de condições a serem definidas, como garantia de permanência para projetos em casos de reversões devidas a causas naturais ou não intencionais (especialmente o fogo). Isso é um grande auxilio que o estado pode dar aos projetos a serem desenvolvidos em seu território.

 No parágrafo sobre a quantidade de CREDD a ser mantida na reserva, retirar a palavra “permanentemente”, pois pode dar a entender que essa reserva não poderia ser mais utilizada.

8 Sobre os Proponentes de ações de REDD+, a elegibilidade e condições de aplicação

 É positivo definir essas questões com precisão, porém tem que evitar riscos de incompatibilidade com futuras regras federais, portanto é melhor não entrar em tanto detalhe, especialmente sobre as condições de aplicação em áreas federais. Nesse caso, deve-se prever a elegibilidade e prever que as ações serão desenvolvidas em cooperação com os orgãos federais responsáveis. O mesmo se aplica a municípios, pois o estado não pode criar ou restringir direitos dos municípios.

 Prever a possibilidade dos proponentes (legítimos) se associarem ou consorciarem a terceiros ou entre si para propor e executar ações de REDD+.

 Consentimento Livre, Prévio e Informado: exigir isso para todos os tipos de proponentes ou de casos como princípio não é adequado, porque cria um custo de transação insuportável. Isso só deveria se aplicar a populações indígenas e tradicionais e talvez assentamentos. Em outros casos, deveria ser suficiente exigir uma consulta pública.

 Proponente e beneficiário: explicitar que o proponente de projeto de REDD+ só se tornará beneficiário se cumprir um conjunto de condições definidas.

 Salvaguardas socioambientais: mencionar de forma mais explícita e enfática. Ver a lei do Acre sobre isso.

Referências

Documentos relacionados

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Então são coisas que a gente vai fazendo, mas vai conversando também, sobre a importância, a gente sempre tem conversas com o grupo, quando a gente sempre faz

Além desta verificação, via SIAPE, o servidor assina Termo de Responsabilidade e Compromisso (anexo do formulário de requerimento) constando que não é custeado

No primeiro capítulo a pesquisa se concentrou no levantamento de dados da escola no Projeto Político Pedagógico (PPP) e análise dos indicadores do SPAECE. No

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

de lôbo-guará (Chrysocyon brachyurus), a partir do cérebro e da glândula submaxilar em face das ino- culações em camundongos, cobaios e coelho e, também, pela presença

insights into the effects of small obstacles on riverine habitat and fish community structure of two Iberian streams with different levels of impact from the

Finally,  we  can  conclude  several  findings  from  our  research.  First,  productivity  is  the  most  important  determinant  for  internationalization  that