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cili et Maria Carolina de Sousa Feio documentos com história Última Condessa em Santiago do Cacém ARQUIVO MUNICIPAL DEZEMBRO 2018

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cili

c

et

documentos com história

ARQUIVO MUNICIPAL | DEZEMBRO 2018

1844 - 1926

Última Condessa em Santiago do Cacém

Maria Carolina

de Sousa Feio

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presente número do Scilicet debruça-se sobre a vida de D. Maria Carolina de Sousa Feio, a última fidalga titular que teve residência oficial em Santiago do Cacém. Para a realização deste pequeno estudo foram consultados vários documentos dos quais se destacam pela sua importância o Requerimento da condessa de Avillez ao bispo

de Beja, pedindo a sagração da capela de S. Jorge, datado de 11

de março de 1902 e respetiva cópia da Bula de Oratório

Privado, datada de 30 de junho de 1902, concedendo licença

para a sua sagração e celebração de cerimónias religiosas, assim como o Testamento da Senhora Condessa de Avillez, datado de 21 de junho de 1926, registado no Livro de Registos

de Testamentos da Administração do Concelho, documentos à

guarda do Arquivo Municipal de Santiago do Cacém.

Maria Carolina de Sousa Feio - Última Condessa em Santiago do Cacém

Nota Prévia

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Maria Carolina de Sousa Feio nasceu no dia 12 de agosto de 1844 em Beja, na casa de seus pais situada no Terreiro do Salvador, junto à Igreja da mesma invocação. Foi batizada nesse mesmo templo cerca de um mês depois, a 18 de setembro, tendo por padrinhos o proprietário bejense José Penedo de Melo Henriques Dória e a prima-irmã, D. Maria Luísa Ribeiro Penedo, representada por seu pai, Francisco António Penedo.

Maria Carolina de Sousa Feio era filha de Mariano Joaquim de Sousa Feio (15.09.1815 - 29.08.1899), capitão da 1.ª companhia do Batalhão Móvel de Beja, e de sua mulher, D. Mariana Teresa Ribeiro de Sousa (18.05.1816 - 18.08.1865), e tinha por avós paternos

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Joaquim José de Sousa, capitão de ordenanças de Beja, e D. Josefa Balbina Feio de Sousa e por avós

maternos Hipólito José

Ribeiro de Sousa e D. Maria da Cruz.

Seu pai, Mariano Joaquim de Sousa Feio organizou, no verão de

1833, um contingente

militar liberal, a suas próprias expensas, destinado

O Berço

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Brasão da Família Sousa Feio (Boa Vista). In

BAENA, Visconde de Sanches de – Resenha das Famílias Titulares e Grandes de Portugal [Em

linha]. Lisboa: Empreza Editora de Francisco Arthur da Silva, 1883. Tomo I; p. 272.

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a combater as forças absolutistas dominantes na zona do concelho de Beja, tinha então 18 anos. Nesse mesmo verão, o referido contingente efetuou várias manobras de diversão com o objetivo de distrair o general absolutista, visconde de Molelos, e simultaneamente facilitar a marcha do exército do duque da Terceira, que havia desembarcado no Algarve (24 de junho), e se dirigia a Lisboa, cidade que acabaria por tomar a 24 de julho.

Finda a Guerra Civil, Mariano de Sousa Feio viu a sua milícia ser incorporada no exército regular, que seguiu comandada por ele mais algum tempo no combate às guerrilhas absolutistas, que teimavam em continuar a guerra para além da assinatura da convenção de Évora-Monte.

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Promovido a tenente-coronel em 1846, agraciado com a comenda de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa em 1848, e galardoado com o título de fidalgo cavaleiro da Casa Real por decreto de 29.03.1856, não tardou a dar início à sua bem-sucedida carreira política, tendo sido

Mariano Joaquim de Sousa Feio, Conde da Boa Vista.

Diario Illustrado [Em linha]. Nº 5283 (25 dez. 1887) p.[1].

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Placa de Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Conselheiro Correia e Lança: De Santiago do Cacém a São Tomé e Príncipe, Um Percurso Exemplar. CMSC, 2015. p. 31.

eleito Deputado para várias legislaturas entre 1857 e 1868, antes de ocupar o cargo de Governador Civil de Beja (1868 e 1869). Sousa Feio foi agraciado com a 1.ª vida do título de visconde da Boavista por Decreto de 22 e Carta de 27.04.1869, elevado à grandeza como conde do mesmo título por Decreto de 22.10.1883, e nomeado Par do Reino em 02.12.1885.

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Mariano Sousa Feio casou, em primeiras núpcias, com D. Mariana Teresa Ribeiro de Sousa, herdeira da importante Quinta de Santa Clara de Louredo, no dia 08 de agosto de 1840, na Capela do Paço Episcopal de Beja. Deste matrimónio nasceram cinco filhos, Francisco (n. 08-08-1841), Mariana (n. 14.06.1843), Maria Carolina, Mariano (n. 05.12.1846) e Francisca (n. 07.06.1848). D. Mariana Teresa faleceu em agosto de 1865 e foi sepultada na nave da Igreja Paroquial da freguesia de Santa Clara de Louredo.

Mariano viria a contrair segundo matrimónio em 15 de janeiro de 1879, com D. Maria Jacinta de Vilhena Colaço, viúva de João Teotónio Marques da Lança e abastada proprietária de Ferreira do Alentejo, sem geração deste último matrimónio.

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Francisco de Sousa Feio (08.08.1841 - 12.08.1905), o primogénito e principal herdeiro da fortuna da família, foi agraciado com a 2.ª vida do título de visconde da Boavista por Decreto de 07 de março e Carta de 04 de abril de 1872. Casou a 1 de agosto de 1877, em Beja, com D. Maria Júlia Aparício de Vilhena, natural de Ferreira do Alentejo e filha do comendador Filipe José de Vilhena e de sua mulher, D. Guiomar Maria de Mena Aparício.

Mariano (júnior), por sua vez, recebeu algumas herdades e os foros de fidalgo cavaleiro da Casa Real (como seu pai e seu irmão) antes do seu casamento, em 29 de maio de 1873, com D. Matilde da Costa Sequeira, filha do general do Exército Pedro Victor da Costa Sequeira e de sua mulher,

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O Berço

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D. Matilde Clara da Costa Sequeira. D. Mariana permaneceu solteira e D. Francisca, contraiu matrimónio na Sé de Beja, no dia 28 de novembro de 1872, com o seu primo Manuel

Gerardo de Castro Ribeiro, filho dos 1os viscondes da Córte.

Francisco de Sousa Feio, Visconde da Boa Vista. A Folha de Beja. Nº 659 (17 ago. 1905), [p.1].

PT/AMSC/FAM/CA/C-B/002/194 .

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O Casamento

Maria Carolina de Sousa Feio foi a primeira da fratria a casar, aos 23 anos de idade. A cerimónia ocorreu no dia 15 de dezembro de 1867 na Capela do Paço Episcopal de Beja. O noivo, Jorge Salema de Avilez Juzarte de Sousa Tavares, era filho do 2º Conde de Avillez e de D. Maria Francisca Mafalda Rita Salema de Andrade Vila Lobos Guerreiro de Aboim.

Os nubentes instalaram-se em Santiago do Cacém, localidade onde o conde herdara vários bens de seu tio-avô José Joaquim Salema de Andrade Guerreiro de Aboim, pertencentes à sucessão do morgadio da Carreira. Desses bens destaca-se o antigo solar dos morgados, atualmente denominado Palácio condes de Avillez, que após sofrer

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O Casamento

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profundas obras que lhe alteram a fachada, as coberturas e até a planta, passou a residência oficial do casal. Foi neste edifício que, no dia 10-07-1869, nasceu o filho único do casal – Jorge de Avillez de Sousa Feio, futuro 4.º conde de Avillez.

Jorge de Avillez de Sousa Feio, 4º Conde de Avillez [Fotografia].

PT/AMSC/FAM/AGMESG.

Doação de Sérgio Gomes e Maria de Lurdes Gomes

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O Casamento

Maria Carolina de Sousa Feio e Jorge Salema de Avillez Juzarte de Sousa Tavares.

Museu Municipal de Santiago do Cacém.

Pouco antes do nascimento do filho, em junho de 1869, Jorge Salema de Avilez Juzarte de Sousa Tavares recebeu a renovação do título de conde de Avillez, passando D. Maria Carolina a poder utilizar o título de condessa.

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O Casamento

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D. Maria Carolina partilhava o título com D. Joaquina Rosa de Lencastre e Barros Barba Alardo de Meneses (falecida em 1879), avó de seu marido e viúva do 1.º conde, e D. Josefa Gonzalez y Perez de Mendoza (falecida em 1896), 2.ª mulher do 2.º conde e madrasta de seu marido que, não obstante, foi até 1881 a primeira das condessas, por ser casada com o principal titular. Em 1881, com a morte do sogro, D. Maria Carolina tornara-se a principal condessa, situação que se manteria ao longo dos 20 anos seguintes, até ter de ceder, também em 1901, a primazia do título de condessa da Avillez a D. Inácia de Almeida de Sá e Meneses

de Aguilar1, filha do 1.º visconde e 11.º morgado da Torre do

Terrenho e mulher do seu sobrinho por afinidade, José Maria Avillez da Fonseca Achaioli, agora o 5.º conde.

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O Casamento

Em 1893, em virtude do casamento do seu único filho, Jorge de Avillez de Sousa Feio, já 4.º conde, com D. Maria Amália de Cabo d’Arce, Morgada da Apariça

(04.11.1893), os 3.os condes mudaram-se para a Casa do

Jardim de inverno, nas proximidades do Palácio da Carreira2.

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D. Maria Amália de Cabo d’Arce, Morgada da Apariça.

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O Casamento

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A vida da condessa, tal como a das mulheres da sua posição social e do seu tempo, foi pautada por compromissos sociais em Lisboa (por exemplo os bailes e “garden parties” da estação primaveril) ou nas localidades de vilegiatura em moda no seu tempo (Estoril e Cascais, ou por vezes a Figueira da Foz), a que se acresciam longas estadias em Santiago do Cacém, com as respetivas deslocações de verão a Sines, onde se reunia a sociedade elegante santiaguense que não podia ou queria veranear mais longe. Competia também à condessa D. Maria Carolina o papel de anfitriã dos eventos sociais e políticos organizados pelo marido, que podiam ir de uma simples reunião de correligionários e respetivas esposas, até às grandes caçadas na Lagoa de Santo André que podiam reunir uma pequena multidão de convidados importantes.

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O Casamento

A vida

pacata da condessa seria assombrada, na última década do século XIX, pela sucessão de mortes dos seus entes mais queridos. Em 29 de agosto de 1898 morria D. Maria Amália, morgada da Apariça, seguiu-se-lhe o marido, o jovem Jorge de Avillez de Sousa Feio com apenas

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Coroa Fúnebre de homenagem a Jorge de Avillez de Sousa Feio [Fotografia]. José Benedito Hidalgo de Vilhena. [1901 ou 1902].

PT/AMSC/Col. JBHV.

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O Casamento

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32 anos e sem

descendência que desse continuidade ao tronco principal da família Avillez (5.11.1901). Um mês depois, precisamente a 04 de dezembro de 1901 sucumbia ao desgosto pela morte de seu único filho, Jorge Salema de Avillez, 3.º conde.

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Coroa Fúnebre de homenagem a Jorge Salema de Avillez Juzarte de Sousa Tavares [Fotografia]. José Benedito Hidalgo de Vilhena. [1901 ou 1902]. PT/AMSC/Col. JBHV.

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O Casamento

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Catafalco na Igreja Matriz de Santiago do Cacém por ocasião das exéquias dos Condes de Avillez [Fotografia]. José Benedito Hidalgo de Vilhena. [1901 ou 1902].

PT/AMSC/FAM/AGMESG.

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O Condinho

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Morte do 3º Conde de Avillez.

Jornal O Campo d’Ourique. Nº 176 (12

dez. 1901) p. 4.

Museu Etnográfico de Messejana.

As exéquias dos Condes de Avillez. Jornal O Campo d’Ourique.

Nº 207 (17 jul. 1902) p. 1.

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O Casamento

Subitamente, no primeiro Natal do século XX, D.

Maria Carolina encontrava-se completamente sozinha3. Na

tentativa desesperada de mitigar a sua dor, que quase a levou à loucura, deu continuidade ao projeto da Tapada nas traseiras do palácio, não tardando a terminar a construção da capela de S. Jorge, obra iniciada por seu filho em sítio central e cenográfico. Este pequeno templo, com a sua fachada monumental, entre o neogótico e o neobarroco ao gosto classicizante, a lembrar uma catedral com as suas duas torres, foi concluído em março de 19024 e acabou por ser o centro das saudosas memórias da condessa D. Maria Carolina, evidentes nos retratos dos finados que decoravam as paredes da nave do templo, e na reprodução do rosto do 4.º conde na

face de S. Jorge padroeiro da capela5, um trabalho de Rafael

Bordalo Pinheiro, encomendado pela própria condessa à

afamada oficina de cerâmica das Caldas da Rainha6.

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Jorge Salema de Avillez Juzarte de Sousa Tavares, 3º Conde de Avillez e seu filho Jorge. Discurso nas Solemnissimas Exequias dos Condes de Avillez. Porto: Papelaria e Typographia Academica,1904.

PT/AMSC/FAM/AGMESG.

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O Casamento

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Altar-mor da Capela de São Jorge no Palácio Avillez [Fotografia].

José Benedito Hidalgo de Vilhena. [1901 ou 1902]. PT/AMSC/FAM/AGMESG.

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Sentença de Execução da Bula de Oratório Privado no Palácio da Condessa de Avillez [Traslado]. 30 jun. 1902 PT/AMSC/FAM/CA/C-B/002/194.

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O Condinho

o ano de 1903, no preciso dia em que se passavam dois anos sobre o falecimento do 4.º conde, nasceu uma criança na Quinta do Rio da Figueira – propriedade histórica, à época pertencente à família Avillez, localizada nos arredores de Santiago do Cacém7 Este menino era filho de Maria José, solteira e criada da dita quinta, e de Jacinto Maria do Ó, trabalhador, morador no Paraíso, arrabaldes da vila, casado e pai de outros filhos legítimos. Razões mais do que suficientes para augurarem ao recém-nascido, um começo de vida pouco invejável e nenhumas perspetivas de futuro. Porém, a coincidência da data de nascimento contribuiu para alterar esse paradigma, D. Maria Carolina afeiçoou-se ao menino, passando a educá-lo a partir de fevereiro de 1905,

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O Condinho

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data em que o levou para o palácio8. Esta criança tornou a vida da condessa menos solitária, acabando por lhe oferecer um novo sentido aos seus últimos anos de vida.

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Aspetos do Palácio de Avillez. Album Alentejano: apêndice à província do Baixo Alentejo. Dir. Pedro Muralha.p. 1121.

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O Condinho

Na primavera de 1906, o menino foi finalmente a batizar, tendo recebido o nome de Jacinto, a que se juntaria mais tarde o nome Jorge (em atenção à condessa, que desejava poder invocar no protegido o nome do falecido filho) e o apelido paterno – do Ó. Curiosamente, e apesar de ter sido batizado como filho de pai incógnito, foram seus padrinhos o pai e a sua legítima mulher.

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Mudança de nome do protegido da Condessa de Avillez, D. Maria Carolina de Sousa. Diário do Govêrno III Série. Nº 228 ( 1914-09-29) p. 2248.

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Em 1913 Jacinto do Ó reconheceu a paternidade e no ano seguinte, por insistência de D. Maria Carolina, que queria que o seu protegido e herdeiro usasse o nome tradicional dos condes dos Avillez “ Jorge” e os apelidos da família de sua mãe “Ribeiro de Sousa”, requereu a mudança de nome do petiz. Esta mudança de nome foi oficializada por publicação em Diário do Governo de 29 de setembro de 1914, a tempo de efetuar a matricula no novo colégio do Porto,

como Jorge Ribeiro de Sousa9.

Ao atingir a maioridade, em novembro de 1924, Jorge Ribeiro de Sousa recebeu por doação de D. Maria Carolina de Sousa Feio algumas propriedades em Ferreira do Alentejo. A antecipação de herança continuou a ser-lhe feita nos anos seguintes. Presume-se que foi por esta altura que Jorge Ribeiro de Sousa ganhou a alcunha de “Condinho”, a qual perdurou até aos nossos dias.

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O Condinho

A condessa de Avillez, D. Maria Carolina de Sousa Feio, faleceu no seu palácio de Santiago do Cacém, na manhã do dia 2 de novembro de 1926, com 82 anos de idade. Por disposição testamentária, o seu corpo foi transportado para a

capela do cemitério de Santiago do Cacém logo nessa tarde10,

dando entrada no jazigo de família, onde já repousavam os corpos do marido, do filho e da nora, pelas 11 horas da manhã do dia seguinte. Ainda por respeito às suas últimas vontades, teve a encomendação da sua alma à porta do jazigo, por dispensar todas as outras honras e pompas fúnebres, que poderiam ofuscar a memória das grandiosas exéquias do filho e do marido 24 anos antes e, simultaneamente demonstrar o seu desprendimento pelas coisas mundanas.

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Jazigo dos Condes de Avillez [Fotografia]. José Benedito Hidalgo de Vilhena [1901 ou 1902].

PT/AMSC/Col. JBHV

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O Condinho

O seu testamento instituía, sem surpresas, o protegido Jorge Ribeiro de Sousa como principal herdeiro. Contemplando também sobrinhos, tanto do ramo Avillez como do ramo Sousa Feio, outros parentes e pessoas das suas relações com o uso fruto ou plena posse de propriedades de média e grande dimensão. Por exemplo, a Herdade da Espargoza, no concelho de Mértola, foi deixada, em conjunto com outras propriedades situadas no referido concelho e nos de Castro Verde e Beja, aos filhos de sua sobrinha D. Maria da Assunção de Avillez da Fonseca Achaiolli de Oliveira (m. 1926), com usufruto vitalício do viúvo.

O artigo mais interessante das suas disposições testamentárias é, sem dúvida, aquele em que a nobre senhora determinava deixar um legado de vinte e quatro contos de

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Registo de testamento cerrado da Condessa de Avillez, Maria Carolina de Sousa Feio. 02-11-1926. p. 15

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réis (uma pequena fortuna para a época), repartido por várias instituições de utilidade pública; nomeadamente três parcelas de 5.000$00 a cada um dos seguintes hospitais: o de Santiago do Cacém, o de Beja e o de Ferreira do Alentejo, e outras três, de 3.000$00 cada, destinadas ao Hospital de Castro Verde, ao Montepio de Santiago do Cacém e à Associação de Bombeiros Voluntários da mesma vila.

Acção Generosa da Condessa de Avillez, D. Maria Carolina Sousa Feio. Jornal O Campo d’Ourique. Nº 213 (28

agos. 1902) p. 2.

Museu Etnográfico de Messejana.

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Notícia sobre esmola dada por D. Maria Carolina de Sousa Feio ao Hospital de Santiago do Cacém a pedido do 4.º Conde de Avillez. Jornal O Campo d’ Ourique. Nº 172 (14 nov. 1901) p. 2.

Museu Etnográfico de Messejana

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Hospital Conde do Bracial [Fotografia]. Elmino Pereira Bento. PT/AMSC/IH/MINPB/005

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Note-se que a condessa, principalmente após a tragédia de 1901, se tornara conhecida por auxiliar este género de instituições, chegando alguns dos jornais da época a publicitar os seus atos caritativos, como o donativo de cem mil réis deixado durante uma visita ao Sanatório do Outão, ou o emotivo legado de dois contos de réis ao Hospital de Santiago do Cacém, desejo manifestado pelo 4.º conde no seu leito de morte e prontamente cumprido por sua mãe.

Notícia sobre uma visita da Condessa de Avillez ao Sanatório d’ Outão. Jornal O Campo d’ Ourique. N.º 193 (10 abr. 1902) p. 2.

Museu Etnográfico de Messejana.

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Maria Carolina de Sousa Feio, Condessa de Avillez nos jardins do Palácio [Fotografia]. José Benedito Hidalgo de Vilhena. [192-]. PT/AMSC/Col. JBHV.

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Notas

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1 - Note-se que, em 1899, foi a condessa D. Maria Carolina e o

marido, como tios do jovem José Maria, que pediram oficialmente a mão de D. Inácia em casamento.

2 - Rol dos confessados. PT/UPSC/PSC/C-A/005.

3 - “ (…) abalaram ambos para a eternidade [os condes], ficando no magnificentissimo e vastissimo solar, vasio de ventura e alegria, a solitaria Condessa – Jazigo vivo de dois entes mortos! ficando alli com a sua alma de esposa encerrada n’um tumulo e com o seu coração de mãe preso a outro tumulo e para sempre despedaçado!” – Excerto do discurso do Arcediago

Alves Mendes nas exéquias dos condes de Avillez, celebradas na Igreja Matriz de Santiago do Cacém em junho de 1902. MENDES, Alves – Discurso Nas Solemnissimas Exequias dos Condes de Avillez. Porto: Papelaria e Typographia Academica, 1904, p. 31.

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Notas

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4 - Requerimento da condessa de Avillez ao bispo de Beja, pedindo a

sagração da capela de S. Jorge. 11 mar. 1902. PT/AMSC/FAM/CA/C-B/002/194.

5 - Cf. Legenda da foto publicada na página entre a 22 e a 23:

MENDES, Alves – cit. nota 3.

6 - Existem mais duas representações de S. Jorge produzidas por

Rafael Bordalo Pinheiro, ambas anteriores, remontando aos últimos anos do século XIX; mas esta peça de faiança da condessa de Avillez é a mais pequena e a mais aperfeiçoada das três, já dentro do estilo das últimas produções do autor.

7 – Cf. CESÁRIO, Gentil – Testamento de José Joaquim Salema de

Andrade Guerreiro de Aboim; em

https://www.cm- santiagocacem.pt/wp-content/uploads/2-Documento-Testamento-de-José-Joaquim-Salema-de-Andrade-1.pdf

8 – “ (…) o meu protegido Jorge Ribeiro de Sousa, o qual tem sido por mim criado e educado desde a idade de quinze meses (…)” – Excerto do

testamento da condessa D. Maria Carolina de Avillez. 1926 – Livro de

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Notas

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9 - “Na idade própria o afilhado da Senhora Condessa partiu para Inglaterra a-fim-de receber uma educação sólida. Mas… vindo de visita a sua madrinha, nas férias de 1914, estalou a Grande Guerra europeia, evitando que o moço estudante concluísse ali os seus estudos o que fez num colégio do Porto, e por fim no colégio Vasco da Gama em Lisboa.”:

Muralha, Pedro (s/d [anos 30 do século XX]) – Álbum Alentejano.

Apêndice à Província do Baixo Alentejo. Tomo IV. pp. 1121-1125.

10 - “(…) em seguida á verificação do/ meu obito pelo respetivo facul-/

tativo, seja imediatamente/ transportado o meu corpo para a Ca-/ pela do cemiterio desta vila, (…)” Cf. Testamento da condessa de Avillez.

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ibliografia

MONOGRAFIAS

DURO, Alfredo – História do Primeiro Automóvel Entrado em

Portugal. Lisboa: Ed. de autor, 1955.

MACHADO, F. S. de Lacerda – O Tenente-general Conde de

Avilez (1785-1845). [2 v.]. Gaia: Edições Pátria, 1931.

MADEIRA, João – Pasmo na Vila e nas Aldeias – Um, Conde de “Locomóvel”. Arquivo de Beja. Dir. José Manuel Carreira Marques. Beja: Câmara Municipal. Série III. Vol. V (Agosto 1997), pp. 91-106. RODRIGUES, José de Barros – O Trem do Conde. Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2004.

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Bibliografia

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Bibliografia

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MUNICIPAL ARQUIVO

MENDES, Alves - Discurso nas Solemnissimas Exequias dos Condes de

Avillez. Porto: Papelaria e Typographia Academica, 1904.

SOBRAL, Carlos, e outro – Património Edificado de Santiago do

Cacém (Breve Inventário). Santiago do Cacém: Colibri e Câmara

Municipal, 2001.

DOCUMENTOS ELETRÓNICOS

BAENA, Visconde de Sanches de – Resenha das Familias Titulares

e Grandes de Portugal [Em linha]. Lisboa: Empreza Editora de

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Maria Carolina de Sousa Feio - Última Condessa em Santiago do Cacém

Bibliografia

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MUNICIPAL ARQUIVO

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DOCUMENTAÇÃO MANUSCRITA

Fundo Condes de Avillez. 1653-1959. Acessível no Arquivo Municipal de Santiago do Cacém, Portugal. PT/AMSC/FAM/CA.

Livro de registo de testamentos [Manuscrito]. 1926. Acessível no Arquivo Municipal de Santiago do Cacém, Portugal. PT/AMSC/ACD/ACSC/L/002/357.

Rol dos Condessados [Manuscrito]. [1886?]-[1893]. Acessível no Arquivo da Unidade Pastoral de Santiago do Cacém, Portugal. PT/UPSC/PSC/C-A/005.

(53)
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1844 - 1926

Última Condessa em Santiago do Cacém

Maria Carolina

de Sousa Feio

Ficha Técnica

Propriedade:

Câmara Municipal de Santiago do Cacém Coordenação:

Divisão de Cultura e Desporto | Arquivo Municipal

cili

c

et

documentos com história

Referências

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