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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE MESTRADO EM ODONTOLOGIA PRISCILLA DO MONTE RIBEIRO BUSATO

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Academic year: 2021

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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

MESTRADO EM ODONTOLOGIA

PRISCILLA DO MONTE RIBEIRO BUSATO

SELAMENTO MARGINAL DA UNIÃO ADESIVO/DENTINA EM

FUNÇÃO DA TÉCNICA DE EVAPORAÇÃO DE SOLVENTES

Londrina 2009

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PRISCILLA DO MONTE RIBEIRO BUSATO

SELAMENTO MARGINAL DA UNIÃO ADESIVO/DENTINA EM

FUNÇÃO DA TÉCNICA DE EVAPORAÇÃO DE SOLVENTES

Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia – Área de concentração Dentística Preventiva e Restauradora.

Orientadora: Profa. Dra. Sandra Kiss Moura

Londrina 2009

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação

Universidade Norte do Paraná Biblioteca Central

Setor de Tratamento da Informação

Busato, Priscilla do Monte Ribeiro.

B982s Selamento marginal da união adesivo /dentina em função da técnica de evaporação de solventes / Priscilla do Monte Ribeiro Busato .

Londrina : [s.n], 2009. xiii; 54p.

Dissertação (Mestrado). Odontologia. Dentística Preventiva e Restauradora. Universidade Norte do Paraná.

Orientador: Profª Drª. Sandra Kiss Moura

1- Odontologia - dissertação de mestrado - UNOPAR 2- Dentina 3- Adesivos dentinários 4- Infiltração marginal I- Moura, Sandra Kiss, orient. II- Universidade Norte do Paraná.

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PRISCILLA DO MONTE RIBEIRO BUSATO

SELAMENTO MARGINAL DA UNIÃO

ADESIVO/DENTINA EM FUNÇÃO DA TÉCNICA DE

EVAPORAÇÃO DE SOLVENTES

Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia – Área de concentração Dentística Preventiva e Restauradora.

COMISSÃO EXAMINADORA

Profª. Drª. Sandra Kiss Moura Universidade Norte do Paraná

Profº. Dr Alessandro Dourado Loguercio Universidade Estadual de Ponta Grossa

Profº. Dr Alcides Gonini Júnior Universidade Norte do Paraná

Londrina 2009

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho

Ao meu marido, Mauro, que tantas vezes com seu amor e palavras de consolo me incentivou e acompanhou durante todo o curso;

À minha filha, Maria Fernanda, que desde pequena teve que saber lidar com a ausência da mãe;

À minha avó Dirce, que sempre confiou e apoiou as minhas decisões, me dando suporte e incentivo.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

A Deus, por seu amor incondicional e pela sua presença constante e evidente em minha vida.

Ao meu marido Mauro, por seu constante amor, companheirismo e principalmente compreensão em todos os momentos que não pude estar presente. Obrigada por estar sempre ao meu lado.

A minha linda e preciosa filha, que trouxe muita alegria e força para a nossa família. Sou muito mais feliz por ter você em minha vida.

A minha avó Dirce, que me criou e educou da melhor forma que pôde. Parabéns por toda sua garra e perseverança.

A minha sogra Maria José, meu sogro Mauro e minha cunhada Marcia, pela acolhida e incentivo constantes.

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AGRADECIMENTOS AOS PROFESSORES E AMIGOS

A minha querida orientadora Profª Drª Sandra Kiss Moura, agradeço pela oportunidade da convivência, pelos conhecimentos transmitidos, por sua paciência comigo, pelas correções e pelo seu bom humor. A sua competência e a forma de ensinar são exemplos para mim e fazem com que minha admiração por você sejam constantes.

A todos os professores do mestrado, em especial Prof. Dr. Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter, Prof. Dr. Alcides Gonini Junior, Prof. Dr. Murilo Baena Lopes, Profª Drª Terezinha de Jesus Esteves Barata e Profª Drª Sandra Mara Maciel, pelos ensinamentos transmitidos no decorrer deste curso, contribuindo para o meu enriquecimento profissional.

A Karina Fancio Sella, responsável por tornar minhas estadias em Londrina mais fáceis. Obrigada por tudo e principalmente por sua amizade.

A Carolina Barbosa Schwab, amiga, sincera e sempre disposta a ajudar. Sinto falta dos nossos momentos de conversas.

A Denise Maimone, que com sua graça fez com que momentos difíceis se tornassem mais amenos.

A Klíssia Romero Felizardo, sua inteligência, dedicação e força de vontade são exemplos.

Ao Carlos Tambelini, amigo, companheiro de almoço, sempre sincero e apaziguador.

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AGRADECIMENTOS

A Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, representada pelo Chanceler, Sr. Marco Antônio Laffranchi e pela Reitora, Profª. Elisabeth Bueno Laffranchi;

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, representada pelo Prof. Dr. Hélio Hiroshi Suguimoto;

Ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, representada pelo Prof. Ruy Moreira da Costa Filho;

A Coordenadoria do Curso de Odontologia, representada pelo Prof. Dr. Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter;

A todos que direta ou indiretamente colaboraram para a realização deste trabalho.

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Eu sei, que é difícil esperar... Mas Deus tem um tempo para agir e pra curar! Só é preciso confiar... Se a cruz lhe pesa não é para se entregar, mas pra se aprender a amar como alguém que não desiste. A dor faz parte do cultivo desta fé, e só sabe o que se quer quem luta para conseguir... ser feliz... Não desista do amor, não desista de amar! Não se entregue à dor porque ela um dia vai passar. Se a cruz lhe pesou e quer se entregar... Tal como o Cirineu, Cristo vai lhe ajudar. (Pe. Fábio de Melo)

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BUSATO, Priscilla do Monte Ribeiro. Selamento marginal da união adesivo/dentina em função da técnica de evaporação de solventes. 2009. 54p. Dissertação (Mestrado em Odontologia), Universidade Norte do Paraná, Londrina.

RESUMO

Objetivou-se avaliar o selamento marginal da união adesivo/dentina, em função da técnica de evaporação de solventes. Oitenta cavidades Classe II foram preparadas nas faces mesial e distal de quarenta terceiros molares (4mm de largura, 1,5mm de profundidade e 5mm altura, com término 1mm abaixo da junção amelocementária) e divididas em 8 grupos (n=10), formados por adesivo auto-condicionante (um à base de água e o outro à base de água/acetona/etanol), temperatura do jato de ar (quente ou fria) e ciclagem térmica (sim ou não). Os adesivos auto condicionantes Adper SE Plus e Optibond All-in-one foram aplicados e os solventes evaporados com jato de ar quente (60± 2°C) ou frio (20±2°C), antes da fotoativação (550mW/cm²). As cavidades foram restauradas com compósito Filtek Z350 e armazenadas em água destilada (37ºC/24h). Quarenta restaurações foram termocicladas (500 ciclos, 5/55ºC, 30s). Os ápices radiculares foram impermeabilizados com resina acrílica autopolimerizável e os dentes com 3 camadas de esmalte cosmético. Seguiram-se imersão em solução aquosa de nitrato de prata a 50% (2h em ambiente escuro), lavagem em água corrente, imersão em revelador Kodak (8h sob luz fluorescente), lavagem em água corrente e secção longitudinal no sentido mésio-distal. A microinfiltração foi avaliada em software UTHSCSA Image Tool for Windows 3.0 por dois métodos: qualitativo (escala visual) e quantitativo (porcentagem de infiltração de nitrato de prata). Os dados qualitativos foram tratados por Mann-Whitney e os quantitativos por ANOVA e Tukey (alfa=5%). Não houve diferença para os fatores do estudo, nem para as interações, no método qualitativo. No quantitativo, houve diferença para o fator adesivo (p<0,05). Concluiu-se que a técnica de evaporação dos solventes não influenciou o selamento marginal.

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BUSATO, Priscilla do Monte Ribeiro. Marginal sealing of the tooth/adhesive interface in function of the solvent evaporation technique. 2009. 54p. Dissertação (Mestrado em Odontologia), Universidade Norte do Paraná, Londrina.

ABSTRACT

To evaluate the marginal sealing of the tooth/adhesive interface varying the solvent evaporation technique. Eighty Class II cavities were prepared at the mesial and distal surfaces of forty third molars (4mm width, 1.5mm depth and 5mm high). They were divided into eight groups (n=10) formed by the factors self-etch adhesives (one water based and the other water/etanol/acetone based), temperature of the air stream (warm or cold) and thermocycling (yes or no). Adper SE Plus and Optibond All-in-one self etch adhesives were applied and the solvent evaporation performed using warm (60± 2°C) or cold (20±2°C) air stream before the light curing (550mW/cm²). The cavities were restored with Filtek Z350 composite following storage in distilled water (37ºC/24h). Forty restorations were thermocycled (500 cicles, 5/55ºC, 30s). The teeth apexes were covered with acrylic resin and the teeth with nail varnish. The restored teeth were immersed in a 50% silver nitrate solution (2h under dark room), immersed into a developed solution Kodak (8h under fluorescent light) and longitudinally sectioned. Microleakage was evaluated using UTHSCSA Image Tool for Windows 3.0 software and two methods: qualitative (visual scale) and quantitative (percentage of silver nitrate leakage). The qualitative data were treated by Mann-Whitney test and the quantitative data using ANOVA and Tukey tests (alfa=5%). There was no differences for the factors studied and neither to their interactions on the qualitative analysis. The quantitative method revealed statistically difference only for the adhesive factor (p<0,05). It was concluded that the solvent evaporation technique did not influence the marginal sealing.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO... 14 2. REVISÃO DE LITERATURA... 16 3. 4. PROPOSIÇÃO... MATERIAL E MÉTODOS... 30 31 5. 6. 7. RESULTADOS... DISCUSSÃO... CONCLUSÕES... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... APÊNDICE... ANEXO... 38 40 46 47 53 54

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Introdução 14

1. INTRODUÇÃO

Os sistemas adesivos atuais geralmente apresentam em sua formulação monômeros resinosos, tanto hidrofílicos quanto hidrofóbicos, dissolvidos em acetona, etanol e água, ou em uma combinação destes solventes. (VAN LANDUYT et al., 2007). O solvente age como meio de transporte, o que permite uma maior penetração do adesivo nas microporosidades da superfície dentária preparada. Além disso, leva a um aumento da capacidade de molhamento superficial, bem como uma umidade favorável, de forma a não ocorrer colapso das fibras colágenas.

O mecanismo de adesão à dentina acontece por meio de camada intermediária entre a dentina desmineralizada e o material resinoso, denominada camada híbrida (NAKABAYASHI et al., 1982). Uma constante dificuldade clínica encontrada nos procedimentos de adesão é como eliminar o excesso de umidade adequadamente o substrato de maneira a respeitar a necessária técnica úmida, quando a adesão for realizada em dentina (KANCA, 1996).

O desenvolvimento dos sistemas adesivos aconteceu de modo que as características da dentina passaram a orientar sua técnica de aplicação (CARVALHO et al., 2004). Porém, nos últimos anos têm-se observado uma marcante tendência ao lançamento de sistemas adesivos simplificados. Esses produtos satisfazem a demanda por simplificação no que diz respeito à técnica de aplicação, pois reduziram o número de passos operatórios, porém estudos sugerem que eles se comportariam como membranas permeáveis e não promoveriam o selamento da dentina (CARVALHO et al., 2004).

Os sistemas adesivos podem ser classificados de acordo com a forma de tratamento dada à smear layer (lama dentinária). Quando ela é removida por meio de condicionamento ácido, os sistemas adesivos são chamados de convencionais, enquanto que os que não a removem, são adesivos auto-condicionantes. Os sistemas convencionais, que utilizam o condicionamento prévio com ácido fosfórico, podem ser de dois ou três passos, dependendo se o primer e o adesivo são separados ou combinados em frasco único. Nos

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Introdução 15

sistemas adesivos auto-condicionantes, onde a smear layer está incorporada à camada híbrida, podem ser de dois passos ou passo único, (VAN MEERBEEK et al., 2003). Diferente dos primeiros, os auto-condicionantes não requerem condicionamento ácido separado.

A adição dos solventes às resinas é indispensável para a composição dos adesivos que requerem adesão à dentina. A natureza úmida deste substrato somente permite um bom molhamento quando um adesivo hidrofílico é aplicado (WATANABE et al., 1994). A capacidade de molhamento do adesivo é melhorada devido à adição de monômeros hidrofílicos e solventes (TAY e PASHLEY, 2003).

Por outro lado, já foi relatado que água, solventes ou primer misturados ao adesivo podem levar à redução das propriedades mecânicas e também baixa performance adesiva (TAY et al., 2004), pois já foi demonstrado que uma alta concentração de adesivo dentro do polímero antes da polimerização evita a formação de uma adequada camada híbrida, prejudicando assim, a adesão. (PAUL et al., 1999). Devido a isto, a remoção destes componentes por evaporação é vista como importante de ser realizada (TAY et al., 2004) e um passo crítico no protocolo de utilização do material.

Para favorecer a evaporação de solventes e conseqüente impregnação dos substratos dentários pelo sistema adesivo, modificações na técnica de aplicação foram propostas, como a utilização de jato de ar quente (KLEIN-JÚNIOR et al., 2008), que segundo os autores, levou ao aumento dos valores de resistência de união imediata à dentina e menor infiltração de nitrato de prata nas interfaces de união para sistemas adesivos convencionais de dois passos.

Considerando que a simplificação dos sistemas adesivos resultou em produtos mais hidrofílicos, parece oportuno estudar se esta técnica poderia melhorar o desempenho de adesivos auto-condicionantes, visto que a literatura tem reportado o pior desempenho deste material em decorrência da sua elevada hidrofilia (PAUL et al., 1999; VAN MEERBEEK et al., 2005).

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Revisão de Literatura 16

2. REVISÃO DE LITERATURA

A busca para a união aos tecidos dentais começou em 1955 com o estudo de Buonocore, o qual demonstrou que a união ao esmalte poderia ser obtida micromecanicamente através da infiltração da resina na superfície microporosa, após condicionamento ácido (BUONOCORE, 1955). Hoje a técnica de adesão ao esmalte dental é baseada nos conceitos do condicionamento ácido, o qual promove uma adesão estável ao longo do tempo. No entanto, em relação à dentina, pelo fato desta ser um substrato heterogêneo, com alto conteúdo orgânico e permeabilidade, a união de uma resina hidrofóbica à sua superfície hidrofílica é muito mais crítica (CHUANG et al., 2006; VAN MEERBEEK et al., 1998).

Em Odontologia, adesão pode ser definida como um processo através do qual ocorre a união entre materiais restauradores e substratos dentários. Esta ligação é obtida pela aplicação de um agente intermediário denominado de adesivo dentinário, que é constituído por monômeros resinosos de diferentes pesos moleculares e viscosidades. Os adesivos são compostos por uma mistura aquosa de monômeros hidrofóbicos, tais como BIS-GMA, TEG-DMA, UDMA e monômeros hidrofílicos, sendo o HEMA o mais comum (CARVALHO et al., 2004; EICK et al., 1997). Para que houvesse compatibilidade do adesivo com a umidade natural do substrato dentinário é que monômeros hidrofílicos foram inseridos na composição do material, fato importante quando a técnica úmida de adesão é empregada. Porém, confere ao material maior sorção de água, o que pode ser prejudicial ao longo do tempo. Para que o produto tivesse maior estabilidade e resistência mecânica, os monômeros hidrofóbicos foram incorporados à fórmula, pois possuem maior peso molecular e maior viscosidade (CARVALHO et al., 2004).

O sucesso obtido por Buonocore (1955) com o condicionamento ácido do esmalte a 85%, fez com que pesquisadores tentassem o mesmo em dentina, mas este tecido tratado tornava-se pouco mineralizado e rico em substrato protéico que variava em grande proporção de acordo com o grau de hidratação e mineralização da dentina. O condicionamento dentinário naquela

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Revisão de Literatura 17

concentração não obteve sucesso, pois os monômeros disponíveis naquela época eram hidrofóbicos e não produziam molhamento adequado do substrato (PASHLEY, 1992).

Fusayama et al. (1979) propuseram a simplificação da técnica adesiva através do condicionamento ácido simultâneo do esmalte e da dentina, com ácido fosfórico a 40% por 60 segundos. Os autores concluíram que nos espécimes submetidos ao teste de tração, o condicionamento produziu aumento da adesão tanto em esmalte quanto em dentina.

O primeiro trabalho a comprovar a ocorrência de adesão dentinária foi publicado em 1982, no qual Nakabayashi et al. mostrou in situ a formação de uma camada constituída por monômeros resinosos hidrofílicos e a porção orgânica da dentina, denominada de camada híbrida, sendo esta a característica básica para o sucesso da adesão ao tecido dentinário. (TYAS e BURROW, 2004).

Outro aspecto a ser considerado na adesão dentinária é a formação da smear layer. A smear layer ou lama dentinária é todo conteúdo depositado sobre a dentina durante o preparo cavitário. É composta por fragmentos de decomposição semelhantes à dentina subjacente e possui uma espessura de 1 a 5 µm, ocluindo parcialmente os túbulos dentinários, atuando como uma barreira para o movimento do fluido para a superfície através dos túbulos e limitando o acesso do adesivo. A presença da smear layer gera uma baixa adesividade à dentina (PRATI et al., 1990; PASHLEY, 1991), e a sua remoção através de um agente ácido desmineralizante, antes da aplicação do sistema adesivo, tem sido relatada como um fator que aumenta a resistência de adesão. Entretanto, alguns pesquisadores relataram que o tratamento ácido da dentina pode causar colapso das fibras colágenas expostas devido à remoção de hidroxiapatita de suporte e/ou desnaturação do colágeno. (NAKABAYASHI, 1996; PERINKA et al., 1992; PASHLEY et al., 1991).

A capacidade dos ácidos de desmineralizar a dentina é contraposta pelo poder tampão do substrato, em especial o da hidroxiapatita (CAMPS, PASHLEY, 2000). Já a característica hipertônica dos ácidos estimula o fluxo do fluido da dentina em direção à junção amelodentinária (JAD), o que dificulta a

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Revisão de Literatura 18

penetração do ácido em direção à polpa através dos túbulos dentinários e promove sua diluição, especialmente em espessura superior a 0,3mm (ERICKSON, 1992)

O condicionamento ácido realizado na dentina elimina o conteúdo mineral da zona mais superficial (3 a 8 µm) e reduz de modo drástico o teor de hidroxiapatita nas camadas subjacentes. Em conseqüência disso, o diâmetro dos túbulos é ampliado e a permeabilidade da dentina e a pressão intrapulpar são aumentadas, expondo um tecido conjuntivo frouxo rico em fibrilas de colágeno. Essas modificações resultam em uma estrutura menos mineralizada, mais úmida e rugosa (ROSALES-LEAL et al., 2001). O substrato passa a apresentar baixa energia livre de superfície, ou seja, menos capacidade de interagir com monômeros resinosos hidrofóbicos.

A evolução dos sistemas adesivos resultou na incorporação do primer em seu conteúdo. Este componente, também denominado condicionador de dentina, é um preparador de adesividade, o que melhora o comportamento das restaurações adesivas neste substrato. Contudo, o condicionamento e, posteriormente, a adesão na dentina ainda geram muita discussão devido à variabilidade das situações clínicas, tais como: restaurações amplas em dentes tratados endodonticamente, cimentação de pinos, dentes fragilizados por fraturas de cúspides (onde a carga funcional é maior), cavidades com diferentes profundidades (nas quais existem variações no número e tamanho dos túbulos dentinários), pacientes de várias idades e mudanças patofisiológicas na composição e estrutura da dentina, assim como formação de dentina terciária e hipermineralização de superfície presentes em lesões de erosão e abrasão (PASHLEY, 1992).

Na grande maioria dos procedimentos clínicos, a dentina é o substrato que ocupa a maior área exposta a ser restaurada, e em função disso, os adesivos têm adotado formulações cada vez mais hidrofílicas para se adequar à umidade natural do substrato, que requer uma técnica úmida de adesão. (CARVALHO et al., 2004). Uma constante dificuldade clínica encontrada é como eliminar a umidade excessiva adequadamente do substrato de maneira a respeitar a necessária técnica úmida, pois a dentina requer umidade de

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Revisão de Literatura 19

superfície e, portanto, são as características deste substrato que orientam a técnica de aplicação do adesivo (CARVALHO et al., 2004). Após a desmineralização da dentina, recomenda-se a técnica úmida de adesão, para se evitar o colabamento das fibrilas colágenas, o que poderia dificultar a infiltração dos monômeros resinosos. No entanto, esta técnica tem sido questionada, pois uma infiltração deficiente pode ocorrer se a dentina for desidratada demasiadamente, ou se a aplicação do adesivo for realizada com excesso de umidade (CARVALHO et al., 2004; REIS et al., 2008).

Os primeiros sistemas adesivos dentinários desenvolvidos por Buonocore, Wielman e Brudevold em 1956 apresentavam falhas, devido às limitações dos materiais e do conhecimento das estruturas e natureza da dentina. Estes sistemas apresentavam natureza hidrofóbica, demonstrando resultados satisfatórios quando aplicados em substrato dental seco (esmalte). Em dentina, os adesivos eram aplicados sobre o esfregaço dentinário (smear layer), mas não penetravam através dele e a adesão se mostrava inadequada (TAY e PASHLEY 2003). Para corrigir este problema, foram desenvolvidos produtos com solventes orgânicos e monômeros de natureza hidrofílica e de baixo peso molecular, capazes de penetrar nos espaços interfibrilares criados pelo condicionamento ácido na dentina, formando a camada híbrida (NAKABAYASHI et al., 1982).

É possível classificar os sistemas adesivos disponíveis no mercado pelo número de passos operatórios. Assim, existem os que utilizam o condicionamento prévio com ácido fosfórico de dois ou três passos, dependendo se o primer e o adesivo são separados ou combinados em um único frasco. Independente do número de passos, estes adesivos preconizam a remoção completa da smear layer. Existem também os sistemas adesivos auto-condicionantes, que podem ser de dois passos (também chamados de primer auto-condicionante) ou passo único (também chamados de adesivos auto-condicionantes), dependendo se o agente condicionante é separado do adesivo ou combinado, permitindo apenas uma aplicação (VAN MEERBEEK et al., 2003).

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Revisão de Literatura 20

Com o intuito de reduzir as dificuldades da técnica úmida de adesão e simplificar os procedimentos clínicos de aplicação é que surgiram os adesivos auto-condicionantes (REIS et al., 2008). Diferente dos sistemas anteriores, os auto-condicionantes não requerem condicionamento ácido separado. Nesta técnica, primers auto-condicionantes compostos de monômeros ácidos são aplicados sobre a dentina coberta por smear layer, sem a necessidade de posterior remoção do material com água (REIS et al., 2008). Por isso, diz-se que oferecem uma técnica menos crítica no que se refere ao controle de umidade, especialmente em dentina, pois o condicionamento ácido e a penetração do primer ocorrem simultaneamente. Após esta etapa, uma camada de resina adesiva hidrófoba é aplicada sobre a dentina tratada. Teoricamente por isso, acredita-se que não existiria discrepância entre a profundidade de desmineralização do substrato pelo ácido e a penetração do primer (TAY et al., 2002). Contudo, estudos mostraram que esta diferença poderia ocorrer, deixando espaços suscetíveis à degradação dos componentes da interface de união. (TAY et al., 2002). Sabe-se que a incorporação da água, solventes ou primer ao adesivo resultam em propriedades mecânicas reduzidas e baixa performance adesiva, devido a isto, a evaporação destes componentes deve ser realizada (TAY et al., 2004).

Quando um solvente dissolve um sólido ou líquido, as moléculas ou íons se separados uns dos outros e os espaços intermediários tornam-se ocupados por moléculas de solvente. A energia necessária para quebrar a adesão entre moléculas solúveis é suprida pela formação de adesão entre partículas solúveis e moléculas de solvente e então as forças intermoleculares antigas são substituídas por novas (VAN LANDUYT et al., 2007).

Os químicos têm classificado os solventes em três categorias de acordo com sua polaridade em: polar prótico, bipolar aprótico e solventes apolares. Os solventes polares próticos são formados por um grupo hidroxila que podem formar fortes ligações de hidrogênio; água e etanol são exemplos desta categoria. Os solventes polares apróticos não requerem grupos hidroxila para formar adesão com o hidrogênio, mas necessitam de um grande momento dipolar. Eles usualmente contêm um grupo quetona; um exemplo típico é a

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Revisão de Literatura 21

acetona. Por sua vez, os solventes apolares têm uma baixa constante dielétrica e momento bipolar (VAN LANDUYT et al., 2007). Nos adesivos, água, etanol e acetona são os solventes mais comumente usados devido ao seu baixo custo, ampla disponibilidade e biocompatibilidade (WATANABE et al., 1994). Outra característica importante dos solventes é a pressão de vapor, pois assegura boa evaporação após a aplicação de um adesivo sobre o tecido dentário (ABATE et al., 2000; IKEDA et al., 2005). A secagem a ar após aplicação, também facilita a remoção dos solventes remanescentes dos adesivos (SPREAFICO et al., 2006), além de diminuir a espessura da camada adesiva, o que tem sido demonstrado que promove uma remoção maior de solvente (ZHENG et al., 2001). Porém, uma completa evaporação é difícil de ser alcançada em função do tempo curto de evaporação. O solvente remanescente no adesivo pode prejudicar a polimerização devido à diluição dos monômeros, podendo resultar em espaços, aumentando a permeabilidade da camada adesiva (JACOBSEN 1995; HOTTA et al., 1998).

Os sistemas adesivos à base de acetona são sensíveis à falta de umidade e necessitam de uma superfície aquosa maior do que os a base de água e etanol. Além disso, alguns resíduos de água podem ser deixados na superfície após a evaporação deste solvente, comprometendo a polimerização das resinas e criando condições favoráveis para a degradação do polímero. A acetona evapora mais rápido do que a água e o etanol e os adesivos à sua base são consideravelmente hidrofóbicos, tendo dificuldade em substituir a água residual no interior dos espaços interfibrilares (LEWIS et al.,1999).

A água é um forte solvente polar capaz de dissolver ligações iônicas e componentes polares. Sua capacidade de dissolução é altamente determinada por sua capacidade de formar fortes ligações de hidrogênio. Entretanto, a água é um solvente pobre em componentes orgânicos, como por exemplo, os monômeros, que são normalmente hidrofóbicos. Essa dificuldade pode ser superada pela adição de um solvente secundário tal como etanol ou acetona (VAN LANDUYT et al., 2007).

O etanol, quando comparado à água, devido à sua alta pressão de vapor permite maior evaporação durante a secagem a ar. Frequentemente, ele é

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Revisão de Literatura 22

usado em conjunto com a água como um co-solvente, tornando-se conhecidos como azeotrópicos (MOSZNER, SALZ, ZIMMERMMAN, 2005), resultando em uma maior remoção de água do adesivo e em uma maior superfície desidratada.

Nos adesivos que combinam componentes hidrofóbicos e hidrofílicos, a acetona é um ótimo solvente, pois sua pressão de vapor, quatro vezes maior que a do etanol, é uma grande vantagem. Entretanto, sua alta volatilidade pode também levar à redução da vida útil dos adesivos pela rápida evaporação do solvente (LIMA et al., 2005). A acetona é usada como solvente único, mas nos sistemas auto-condicionantes ela vem como um co-solvente associado à água. Embora a formação de ligações de hidrogênio seja muito menor com as quetonas do que com os alcoóis, a acetona tem uma boa capacidade de remoção de água, em função do seu momento dipolar alto e excelente capacidade de evaporação, característica conhecida como capacidade hidrofílica da acetona (JACOBSEN, SODERHOLM, 1995). Sistemas convencionais de adesão úmida contêm acetona para facilitar a remoção da água (PASHLEY et al., 2000). A acetona dos adesivos que seguem esta estratégia deve assegurar um aumento da evaporação da água que é deixada na dentina, pois ela não é capaz de re-expandir o colágeno desmineralizado e desorganizado (PASHLEY et al., 2002).

Nos sistemas adesivos convencionais de 2 ou 3 passos, a principal função dos solventes é promover boa penetração de monômeros na rede de colágeno da dentina desmineralizada (NAKAJIMA et al.,2002). Nos casos de adesão à dentina desidratada pela secagem excessiva com ar, o solvente é capaz de reexpandir a rede de colágeno colapsada (FRANKENBERGER, KRAMER, PETSCHELT., 2000). Nos adesivos auto-condicionantes, o uso de água como solventes é indispensável para assegurar a ionização dos monômeros ácidos (HIRAISHI et al.,2005).

Resíduos de solvente na superfície dentinária podem criar um efeito não desejado na performance adesiva, como por exemplo, a presença de alta concentração de solvente no adesivo antes da fotopolimerização, o que não permite a obtenção de ligação polimérica dentro da camada híbrida, levando à

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porosidade e criação de camadas interfaciais, afetando a performance geral da adesão (PAUL et al.,1999; KLEIN-JÚNIOR et al., 2008).

Os solventes e a água presentes na dentina desmineralizada deveriam ser completamente removidos da superfície dentinária antes da polimerização, por isso recomenda-se que um jato de ar seja aplicado, porém, a remoção dos solventes apenas com este procedimento é difícil de ser alcançada (KLEIN-JÚNIOR et al., 2008).

Com o objetivo de melhorar a evaporação dos solventes e também a impregnação da dentina pelo sistema adesivo, e formar a camada híbrida, várias alternativas têm sido investigadas.

El-Din et al. (2002) avaliaram o efeito do aumento do tempo de ação do primer e do adesivo na resistência de união por cisalhamento dos sistemas adesivos Scotchbond Multi-Purpose Plus, OptiBond FL e Single Bond. Os autores concluíram que o aumento do tempo de primer para 40 segundos causou um grande aumento nos valores de resistência ao cisalhamento. Além disso, o aumento do tempo de ação do adesivo antes de ser polimerizado poderia ser efetivo para resistência ao cisalhamento somente se o tempo de ação do primer também fosse prolongado.

O aumento do tempo de aplicação de sistemas adesivos também foi estudado por Cardoso et al. (2005), que analisaram a perda de massa de sistemas adesivos à base de água e etanol (Single Bond) e à base de acetona (One Step), por ensaio de resistência à tração em dentina, e tentaram correlacionar os valores de resistência de união com a taxa de evaporação dos solventes. Os resultados apontaram maior perda de massa para o adesivo à base de acetona nos primeiros cinco minutos, porém, ambos os sistemas perderam 50% de peso após 20 minutos. O aumento no tempo de aplicação levou a um aumento na resistência à tração para os dois adesivos, contudo, a diferença só foi significante para o adesivo à base de acetona após 150 segundos. Os autores concluíram que tempos de aplicação prolongada poderiam aumentar a resistência à tração na interface adesivo/dentina dos sistemas adesivos estudados, mas o tempo de aplicação dependeria do tipo de solvente presente no adesivo.

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Revisão de Literatura 24

O tempo de aplicação do jato de ar para a evaporação de solventes foi objeto de estudo de Sadr et al. (2007), na resistência de união por

microcisalhamento para os adesivos Clearfil Tri-S bond e Clearfil SE Bond, após 2, 5 e 10 segundos. Os autores observaram melhor resistência de união

para o Clearfil Tri-S Bond (à base de água/etanol) após 10s, que foi superior ao Clearfil SE Bond (à base de água) neste tempo, e menor adesão para ambos aos 2 segundos. Os autores concluíram que a secagem a ar é um passo essencial na evaporação dos solventes que compõem os sistemas adesivos, pois a presença de água e solventes residuais pode diminuir as propriedades mecânicas do material.

A relação entre a duração da secagem a ar e a evaporação de solventes na resistência à tração de adesivos autocondicionantes (Clearfil SE Bond, iBond e G-Bond) foi estudada por Ikeda et al. em 2008, após 5 ou 10 segundos de aplicação. Os autores observaram maior evaporação de solvente com o aumento do tempo de aplicação do ar para o iBond (à base de acetona/água), G-Bond (acetona/água) e Clearfil SE Bond (água). Este estudo também mostrou que a evaporação de solventes foi influenciada pelo tipo de solvente e pela presença ou não de HEMA na composição do material, visto que o Clearfil SE Bond (com HEMA) apresentou maior evaporação de solventes aos 10 segundos, comparativamente aos outros adesivos (livres de HEMA).

A eficácia da polimerização de adesivos auto-condicionantes em diferentes condições de evaporação de solventes foi estudada por Nunes et al., 2006, sendo que os autores avaliaram a temperatura e o tempo de duração da secagem a ar. Com base nos resultados, pôde-se observar que a evaporação dos solventes está relacionada com a concentração água/HEMA na composição, presença de fotoiniciadores no primer e também de etanol. Os autores concluíram que a temperatura aumentou a reação de fotopolimerização, mas que a tentativa de remover os solventes não melhorou a polimerização de sistemas adesivos de um passo.

Com o objetivo de esclarecer a relação entre a duração da secagem a ar e o grau de evaporação de solventes de sistemas adesivos auto-condicionantes de um passo, além de avaliar o efeito do grau de evaporação

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Revisão de Literatura 25

na resistência à microtração, Ikeda et al., 2008 realizaram um estudo utilizando um adesivo rico em HEMA e dois livres de HEMA. Os autores observaram que o peso dos dois adesivos livres de HEMA tornou-se constante somente após 24 a 48 horas e 72 a 96 horas para o adesivo rico em HEMA. Houve aumento no grau de evaporação e também melhora das propriedades mecânicas conforme aumentou-se o tempo de secagem a ar, portanto, os autores sugerem que seja realizada uma forte secagem a ar para remover o máximo possível de solventes.

Outra estratégia investigada por Dal Bianco et al. (2006) foi o modo de aplicação do sistema adesivo (ativo ou não) em dentina seca ou úmida, na resistência de união por microtração, em adesivos à base de água/etanol (Single Bond) e acetona (One Step). Os autores concluíram que em dentina seca, tanto o sistema adesivo à base de acetona quanto o à base de água/etanol deveriam ser aplicados de forma ativa, pois poderiam otimizar a penetração do adesivo no substrato, além de remover água e solventes residuais. Em dentina úmida, a fricção leve pareceu ser suficiente para a adesão.

O efeito da aplicação ativa na resistência à microtração e nanoinfiltração de três adesivos auto-condicionantes, imediatamente e após seis meses foi avaliada por Amaral et al., 2009. Os autores observaram valores maiores de resistência à microtração quando a aplicação ativa foi realizada, bem como menor infiltração de traçador químico, para ambos os tempos de avaliação, portanto, este trabalho mostrou que a aplicação ativa aumenta a performance adesiva de sistemas adesivos auto-condicionantes.

Outra modificação de técnica foi estudada por Klein-Júnior et al., 2008, onde avaliaram o efeito do jato de ar quente para a evaporação de solvente em resistência de união, nanoinfiltração e grau de conversão, e os autores observaram que o uso do jato de ar quente parece ser uma alternativa promissora na redução da nanoinfiltração, a evaporação dos solventes melhorou a resistência de união, mas não influenciou o grau de conversão.

Em continuidade ao estudo anterior, Reis et al. (2009) avaliaram a influência da temperatura do jato de ar na resistência de união ao longo do

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Revisão de Literatura 26

tempo e nanoinfiltração, e observaram que o jato de ar quente é capaz de manter a qualidade da camada híbrida formada por até 6 meses.

Os trabalhos que avaliaram modificação da técnica de evaporação de solventes, utilizaram sistemas adesivos convencionais, o primeiro trabalho a testar em auto-condicionantes foi o de Garcia et al. (2009), onde se avaliou a influência da temperatura do jato de ar e de diferentes tempos de aplicação em sistemas condicionantes e concluiu-se que o desempenho dos auto-condicionantes pode ser melhorado com o uso do jato de ar quente e aumento do tempo de aplicação do mesmo.

Os efeitos da estocagem em água na sorção e solubilidade de sistemas adesivos foram testados por Reis et al. (2007), por tempos de 1, 7, 30, 90 e 180 dias. Com base nos resultados, os autores observaram que a sorção e solubilidade podem estar relacionadas com a hidrofilia das soluções, o que pode comprometer a durabilidade das restaurações.

Já Deliperi et al. (2007) avaliaram a eficácia de um adesivo convencional e três auto-condicionantes na redução da microinfiltração após três meses de estocagem em água e termociclagem. Os autores observaram que o i-Bond, adesivo auto-condicionante de frasco único, foi o que demonstrou piores resultados tanto em esmalte quanto em dentina, porém, o Xeno III, adesivo com as mesmas características, teve uma performance tão boa quanto a dos outros avaliados. Todos os adesivos foram tão bons em esmalte quanto em dentina, com exceção do Clearfil SE Bond, que apresentou maior infiltração em esmalte do que em dentina.

A qualidade das interfaces adesivas de sistemas auto-condicionantes e convencionais foi avaliada por Reis et al. (2004), após uma semana e seis meses. Foi observada nanoinfiltração para todos os materiais e nos dois períodos de avaliação, portanto, os autores alertaram para a possível degradação das interfaces ao longo do tempo, especialmente em dentina.

A influência da taxa de evaporação de solventes no selamento marginal em dentina foi estudada por Lima et al. (2005), para adesivos à base de etanol/água e acetona, sendo a volatilização do solvente mais rápida para o segundo. Os autores concluíram que o adesivo à base de acetona é mais

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Revisão de Literatura 27

sensível à perda de solvente e a capacidade de selamento poderia ser afetada pelo uso repetido deste sistema, além de alertarem para a importância de se manter os frascos de adesivo bem fechados quando não estiverem sendo utilizados.

A influência da localização da margem gengival (esmalte ou dentina) na microinfiltração de restaurações proximais em dentes posteriores foi avaliada por Araujo et al. (2006). Foi observada maior infiltração nas margens de dentina, explicada pela diferença estrutural dos substratos. A variabilidade do substrato dentinário torna crítica a realização de procedimentos adesivos.

As diferentes técnicas de inserção de resina composta (incremental e passo único), utilizando-se diferentes sistemas adesivos (auto-condicionante e convencional) foram avaliadas por Owens e Johnson (2005), realizando-se restaurações com margem tanto em esmalte quanto em dentina e simulando o envelhecimento das restaurações através de termociclagem. Os autores observaram que a adesão em dentina foi mais crítica para todas as condições testadas, concluindo que o uso do sistema adesivo convencional e a técnica incremental reduziram de maneira significativa a microinfiltração tanto em esmalte quanto em dentina.

No ano seguinte, Guéders et al. avaliaram a microinfiltração de sistemas adesivos convencionais e auto-condicionantes, com e sem interposição de resina fluida, em cavidades preparadas na junção cemento-esmalte. Foi observada maior infiltração em esmalte do que em dentina, não havendo diferença entre os adesivos convencionais testados, mas eles apresentaram menor infiltração que os auto-condicionantes em esmalte. Concluiu-se que os sistemas auto-condicionantes foram menos efetivos do que os convencionais para promover o selamento marginal tanto em esmalte quanto em dentina, porém, para todos os sistemas adesivos o selamento foi melhor em dentina do que em esmalte.

A influência do tipo de solvente e da aplicação do jato de ar, antes e após a aplicação do primer, na adaptação marginal de restaurações de resina composta foi avaliada por Balkenhol et al. (2007). Os primers testados eram à base de água/acetona e água/etanol. Para o primeiro, o procedimento de

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Revisão de Literatura 28

secagem (sem secagem e 2 segundos) antes da aplicação do primer foi variado, assim como o tempo de evaporação (2-3 e 10 segundos) depois da aplicação do primer também foi variada para o segundo. A não secagem diminuiu significativamente a fenda após a termociclagem, para os adesivos à base de acetona em dentina, mas diminuiu em esmalte. Pouca evaporação (2-3 segundos) do solvente aumentou a fenda quando usado o adesivo à base de água/etanol. Concluiu-se que sistemas adesivos à base de água/etanol são menos críticos quando comparados aos de acetona/água e que a evaporação do solvente continua sendo uma etapa crítica considerando-se a qualidade marginal das restaurações.

Já a capacidade de selamento de adesivos convencionais e auto-condicionantes, antes e após a termociclagem, através de um teste de microinfiltração foi avaliada por Rosales-Leal (2007). Como resultado, para os adesivos convencionais houve bom selamento na parede oclusal, enquanto que os auto-condicionantes mostraram pouca infiltração na mesma região. A termociclagem não afetou o selamento. Os autores concluíram que em esmalte não houve microinfiltração para os adesivos convencionais, entretanto, os auto-condicionantes mostraram pequena infiltração. O selamento gengival foi inferior quando comparado ao oclusal. A termociclagem não afetou a adesão oclusal dos adesivos, nem selamento gengival para um dos adesivos convencionais.

Os estudos de resistência de união relatados sugerem que variações na técnica de aplicação dos sistemas adesivos foram capazes de otimizar o desempenho dos materiais. Em especial, salienta-se o uso de jato de ar quente para a evaporação de solventes, contudo, até o momento, apenas um estudo utilizou esta técnica em restaurações com adesivos auto-condicionantes. Por apresentarem formulações altamente hidrofílicas, parece oportuno investigar se variações na técnica de evaporação de solventes poderiam otimizar seu desempenho.

A importância da evaporação de solventes em poucos estudos de selamento marginal também foi relatada, assim, o estudo de técnicas

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Revisão de Literatura 29

restauradoras alternativas com adesivos auto-condicionantes em selamento marginal parece bastante oportuno.

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Proposição 30

3. PROPOSIÇÃO

Objetivo geral: avaliar o selamento marginal da união entre adesivos auto-condicionantes e dentina.

Objetivos específicos: avaliar a influência da temperatura do jato de ar utilizada para a evaporação de solventes no selamento marginal; avaliar o selamento marginal em dois momentos: imediato e simulando o envelhecimento da restauração por termociclagem.

As hipóteses nulas são:

Ho_Não existe diferença entre selamento marginal em dentina para os

adesivos autocondicionantes estudados;

Ho Não existe diferença entre as temperaturas do jato de ar testadas;

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Material e métodos 31

4. MATERIAL E MÉTODOS

Após análise e aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNOPAR (Protocolo número PP0117/09), foram realizadas 80 cavidades Classe II em 40 terceiros molares. Os dentes foram previamente desinfetados em solução de cloramina 0,5% durante 7 dias (DEWALD, 1997), limpos e armazenados em água destilada a 4ºC até o início dos experimentos. Os dentes foram divididos aleatoriamente em oito grupos (n=10) formados pelos fatores principais: adesivo auto-condicionante (um à base de água e o outro água/acetona/etanol), temperatura do jato de ar (quente ou frio) e ciclagem térmica (sim ou não). A tabela 1 apresenta as condições experimentais.

Tabela 1 – Condições experimentais

ADESIVO TERMOCICLAGEM JATO DE AR

SIM Quente (n=10)

ADPER SE PLUS Frio (n=10)

NÃO Quente (n=10) Frio (n=10) SIM Quente (n=10) OPTIBOND All In One Frio (n=10) NÃO Quente (n=10) Frio (n=10)

Cada dente recebeu dois preparos cavitários tipo Classe II, um na face mesial e outro na face distal (Figura 1), com 4 mm de largura vestíbulo-lingual; 1,5 mm de profundidade em direção à polpa e 5 mm de altura ocluso-gengival (término abaixo da junção amelocementária). Os preparos cavitários foram realizados com ponta diamantada nº3100 (KG Sorensen, Barueri, Brasil), em alta rotação e sob refrigeração, que foram substituídas a cada quatro preparos cavitários (Formolo, Sartori, Demarco, 2001).

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Material e métodos 32

Os adesivos foram aplicados conforme descrito na tabela 2 e ilustrado nas figuras 2, 3 e 4, sendo que a evaporação dos solventes foi feita com jato de ar quente (60 ± 2 °C) ou frio (20 ± 1 °C) durante 10 s, à distância de 10 cm. Em ambas as situações, o jato de ar foi proveniente de um secador de cabelos (SC831, Black & Decker, Uberaba, MG, Brasil), sendo a velocidade do ar 5.50 m/s e o fluxo de 0.0138 m3/s (KLEIN-JÚNIOR et al., 2008).

Figura 1 – Preparos cavitários. A- Prevaros cavitários tipo classe II nas faces mesial e distal; B- Vista aproximada.

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Material e métodos 33

Tabela 2– Sistemas adesivos, composição e modo de aplicação

ADESIVO Composição Aplicação

ADPER SE PLUS Primer/Líquido A (8BE)

Adesivo/Líquido B (8BB)

Primer (líquido A): água (80%), HEMA (20%), corante rose bengal e

surfactante.

Adesivo (líquido B): resinas de metacrilato (UDMA, TEGDMA, TMPTMA, HEMA fosfato e MHP (componentes acídicos), nanopartículas

de zircônia e fotoiniciadores.

1- Aplicar o Primer; 2-friccionar o Adesivo por 20s;

3-jato de ar quente/frio (10s a 10cm);

4- aplicar 2ª camada do Adesivo, jato de ar para afinar a película do adesivo;

5-fotoativar (10s a 550mW/cm²).

OPTIBOND All In One

(3075076) Ésteres de metacrilato (33-43%)# Álcool etílico (4-9%)#, àgua, acetona

(35-45%)#

monômeros, particulas inorgânicas inertes, fluoreto de itérbio, fotoiniciadores, aceleradores, estabilizadores 1- Agitar o frasco; 2- friccionar 1 camada do adesivo (20s); 3- friccionar a 2ª camada de adesivo (20s);

4- jato de ar quente ou frio (10s a 10cm);

5- fotoativação (10s a 550 mW/cm2).

Legenda: HEMA (2-hidroxietilmetacrilato); UDMA (Uretano dimetacrilato); TEGDMA (Trietilenoglicol dimetacrilato); TMPTMA (Trimetilopropano trimetacrilato); MHP (Fosfatos metacrilatizados) Perfil técnico do produto de acordo com a especificação (29 CFR 1910.1200) revisado em 11/19/2008; Kerr.

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Material e métodos 34

Figura 3 – Aplicação do Adper SE Plus. A- Primer; B- Aplicação do líquido A; C- Aspecto da cavidade após aplicação; D-Adesivo; E- Aplicação do líquido B; F- Aspecto da cavidade; G- Evaporação do solvente com secador de cabelos; H- 2ª camada do adesivo; I- Fotoativação após nova evaporação do solvente.

Figura 4 – Aplicação do Optibond All In One. A- Optibond All In One; B- Aplicação da 1ª camada; C- Aplicação da 2ª camada; D- Evaporação do solvente com secador de cabelos; E- Fotoativação.

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Material e métodos 35

Os sistemas adesivos foram fotoativados com aparelho de lâmpada halógena a 550 mW/cm2 (VIP, Bisco, Schaumburg, IL, USA); um porta matriz

metálico com fita metálica foi posicionado em cada dente e as cavidades restauradas com resina composta Filtek Z350 - 3M ESPE (Figura 5), em três incrementos horizontais e fotoativados separadamente, como pode ser observado na Figura 6. Todos os procedimentos adesivos foram realizados por um mesmo operador, em sala climatizada com controle de temperatura de 20°C.

Os dentes restaurados permaneceram armazenados por 24h em água destilada a 37°C em estufa, e a seguir, as restaurações receberam acabamento para a remoção de excessos, sob refrigeração, com pontas diamantadas da série F/FF nº 3100 (KG Sorensen). Após isso, foram lavadas em aparelho ultrassom com água destilada durante 10 minutos para a remoção dos resíduos. Em 40 cavidades foi realizada a termociclagem com 500 ciclos entre 5/55ºC, 30 segundos de imersão em cada banho, 3 segundos de intervalo (ISO TR11405) para simular o envelhecimento das restaurações. As

Figura 6- Sequência restauradora. A- Resina composta sendo levada em incrementos; B- Adaptação na cavidade; C- Fotoativação de cada incremento.

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Material e métodos 36

outras 40 cavidades não foram termocicladas, simulando a avaliação do selamento marginal após 24h de confecção da restauração adesiva.

Todos os dentes foram impermeabilizados com três camadas de esmalte cosmético (Colorama, São Paulo, SP, Brasil) até 1 mm aquém das margens da restauração, e os ápices radiculares foram vedados com resina acrílica autopolimerizável (Dencrilon – Dencril Resinas Acrílicas, Caieiras, São Paulo, Brasil). Após a impermeabilização, os dentes foram reidratados em água destilada durante 10 minutos e em seguida, imersos em solução aquosa de nitrato de prata a 50% (SADEK et al., 2003) durante 2 horas em ambiente escuro, o excesso de traçador químico foi removido em água corrente e os dentes foram imersos em solução reveladora KODAK durante 8 horas, sob luz

fluorescente e o excesso do revelador também foi removido em água corrente. Para avaliar a microinfiltração, as restaurações foram seccionadas

longitudinalmente no sentido mésio-distal, pelo centro das restaurações (OWENS E JOHNSON, 2005 e BRACKETT et al., 2006), com disco diamantado posicionado em máquina de corte (Extec 12205; Isomet 1000, Buhler), como pode ser observado nas figuras 7 e 8, para a obtenção de duas fatias. As fatias foram fotografadas (Canon EOS Rebel XTi, Canon Inc., Japan, SN. 2371204627), sendo que a fatia com melhor qualidade fotográfica (brilho, contraste, iluminação) foi utilizada para avaliar a infiltração de nitrato de prata em um software, UTHSCSA Image Tool for Windows 3.0 (LOPES et al., 2009), por um examinador previamente treinado, que não tinha conhecimento das condições experimentais. Foram utilizados dois métodos: escores (avaliação qualitativa) e porcentagem de infiltração de nitrato de prata (avaliação quantitativa).

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Material e métodos 37

Para a avaliação qualitativa, foi utilizada a escala 0-4: (SADEK et al., 2003; OWENS E JOHNSON 2005; BRACKETT et al., 2006; DELIPERI et al. 2007; ROSALES-LEAL, 2007) 0 – sem penetração de nitrato; 1- penetração de nitrato até 1/3 da parede gengival; 2 - penetração de nitrato até 2/3 da parede gengival; 3 - penetração de nitrato na totalidade da extensão das parede gengival; 4 - penetração de nitrato na totalidade da extensão das paredes gengival e axial e em direção à polpa. Os dados da análise qualitativa foram analisados pelo teste de Mann-Whitney (α=0,05).

Na avaliação da porcentagem de infiltração, o comprimento total da cavidade e o comprimento da infiltração de nitrato de prata foram mensurados em milímetros, sendo que primeiramente media-se a infiltração e o dado obtido era registrado. Então, todo o comprimento da cavidade era também medido e através de regra de três simples, calculava-se a porcentagem de infiltração de nitrato de prata em relação ao comprimento total da mesma. Esta análise foi realizada com o auxílio do software UTHSCSA Image Tool for Windows 3.0 (LOPES et al.,2009).

Os dados foram submetidos à Análise de Variância de 3 fatores (termociclagem X adesivo X temperatura do jato) e teste de Tukey (5%). Para as duas análises estatísticas, foi adotado nível global de significância de 5% e as cavidades advindas do mesmo dente foram consideradas de forma independente para a análise dos dados.

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Resultados 38

5. RESULTADOS

A tabela 3 apresenta os resultados de infiltração do nitrato de prata para as condições experimentais, nos dois métodos de avaliação.

Tabela 3 - Porcentagem de infiltração (%) e médias dos escores de nitrato de prata para as condições experimentais.

ADESIVO TERMOCICLAGEM JATO DE

AR % MÉDIA (DP) ESCORES MÉDIAS

SIM Quente 4,7 (4,9) 0,9 ADPER SE PLUS Frio 6,3 (4,9) 1,1 NÃO Quente 8,8 (9,1) 1,2 Frio 7,3 (10,5) 1,0 SIM Quente 3,8 (5,4) 0,9 OPTIBOND AIO Frio 2,4 (2,3) 0,7 NÃO Quente 3,8 (6,8) 0,8 Frio 2,7 (6,7) 0,5

Legenda: AIO = All In One, DP = desvio padrão

Para a avaliação em escores, não foi observada diferença significante para nenhum dos fatores, tanto para a análise dos grupos termociclados (p=0,2047) como para os não termociclados (p=0,1350).

Figura 9 A- Pode-se observar grau 1 de infiltração na distal e grau 4 na mesial. B- Grau 0 de infiltração nas duas faces.

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Resultados 39

Para a análise da porcentagem de infiltração de nitrato de prata (%), foi observada diferença significante para o fator adesivo (p=0,0234). Não houve diferença para os fatores termociclagem (p=0,4456), temperatura do jato de ar (p=0,8488), nem para as interações, adesivo X termociclagem (p=0,5597), termociclagem X temperatura (0,7777), adesivo X temperatura (0,6021), adesivo X temperatura X termociclagem (p=0,7173).

Desta forma, a temperatura do jato de ar e a termociclagem deixaram de ser considerados nos cálculos seguintes e os dados individuais de cada adesivo passaram a ser tratados em conjunto. De maneira geral, o adesivo OptiBond All In One apresentou menor porcentagem de infiltração de nitrato de prata que o adesivo Adper SE Plus. A tabela 4 apresenta as médias (desvios-padrões) da porcentagem de infiltração de nitrato de prata, considerando apenas o fator adesivo.

Tabela 4 – Médias (desvios-padrões) dos valores médios ajustados da porcentagem de infiltração de nitrato de prata (letras diferentes indicam diferença estatística ao nível de 5%)

ADESIVO MÉDIAS (DESVIOS-PADRÕES)

Adper SE Plus 6,4 (8,1) A

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Discussão 40

6. DISCUSSÃO

Preferencialmente, solvente e água deveriam ser completamente eliminados da superfície dentinária antes da polimerização. Assim, o processo de secagem a ar é recomendado como parte do protocolo clínico quando se usam adesivos que contenham solventes em sua composição. Entretanto, a remoção dos solventes com um simples jato de ar não é uma tarefa fácil de ser conseguida durante o procedimento clínico, levando-se em consideração a dificuldade de padronização da distância e intensidade do ar. Um outro fator é o tempo recomendado pelos fabricantes para a evaporação do solvente. Em geral, este parece ser curto, como observado por Cardoso et al. em 2005, no qual demonstraram que somente períodos de tempo maiores do que 12 a 20 minutos poderiam assegurar uma completa remoção do solvente, mas este período seria inviável para o atendimento clínico.

Em função disto, alguns métodos alternativos têm sido estudados para otimizar a evaporação dos solventes, como a utilização do jato de ar quente, o que foi investigado neste trabalho, além do tipo de adesivo auto-condicionante e da influência ou não da termociclagem no selamento marginal.

Foi observada diferença significativa para o fator adesivo, rejeitando a primeira hipótese do estudo. No presente estudo utilizou-se um adesivo à base de água (Adper SE Plus) e outro de água/acetona/etanol (Optibond All In One), sendo que o primeiro apresentou uma maior infiltração marginal. Esse resultado pode ser explicado através do trabalho de Kanca (1998), no qual observou que sistemas que contêm álcool e acetona como solventes têm ação rápida, enquanto que sistemas à base de água requerem tempos de aplicação maiores. O mesmo autor no ano 1992 observou que a água como solvente apresentou menores valores de resistência do que quando a acetona foi utilizada. Ainda foi relatado que o etanol é menos volátil do que a acetona, aspecto importante, pois se houver uma evaporação muito rápida do solvente, os monômeros não penetram de forma adequada na dentina desmineralizada, prejudicando grandemente a resistência adesiva. Como o tempo de aplicação do adesivo e do jato de ar foram os mesmos utilizados para os dois sistemas

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Discussão 41

adesivos, o fator composição provavelmente tenha sido o maior responsável pelas diferenças encontradas entre os dois sistemas aqui avaliados. Ou seja, a maior porcentagem de água encontrada no Adper SE Plus (80%) faz com que seja necessário um tempo de secagem maior, devido a sua pressão de vapor mais baixa quando comparado aos solventes presentes no Optibond All In One. Neste segundo adesivo a quantidade de água é menor, totalizando juntamente com a acetona, 35 a 45%, apresentando ainda 4 a 9% de etanol, que por sua vez tem a pressão de vapor maior, o que pode explicar o melhor desempenho nos testes de microinfiltração quando comparado com o primeiro, utilizando-se tempo de secagem e temperatura iguais.

Um fator relevante também na composição dos adesivos é a presença ou não de HEMA, um monômero hidrofílico, que uma vez presente no sistema adesivo, permite um melhor molhamento da superfície e penetração dos monômeros, melhorando a resistência adesiva. Um estudo observou que, mesmo após o sistema adesivo que contém HEMA ter sido polimerizado, ele ainda apresentava hidrofilicidade e poderia levar a uma absorção de água, com conseqüente infiltração e descoloração marginal (VAN LANDUYT et al., 2007). Ainda, a presença do HEMA diminuiria a pressão de vapor da água e provavelmente também do etanol, dificultando a boa evaporação dos solventes das soluções adesivas. O sistema adesivo Adper SE Plus contém HEMA em sua composição (20%), enquanto que o Optibond All In One não possui este monômero, o que pode ter explicado o melhor desempenho nos valores de infiltração marginal deste último. Segundo Van Landuyt et al. em 2008, em sistemas adesivos auto-condicionantes, não seria necessária a presença de HEMA, pois o fato de apresentarem monômeros ácidos permitiria a penetração dos monômeros adesivos. Contudo, pequenas quantidades de HEMA (até 10%) seriam benéficas e aumentariam a resistência adesiva em esmalte e dentina, mas concentrações superiores diminuiriam a resistência adesiva em dentina. Segundo Ikeda et al. (2008), quando o adesivo auto-condicionante possui HEMA na sua composição, a evaporação dos solventes se torna mais demorada (até 96 horas), fato este que poderia explicar a maior infiltração observada para o Adper SE Plus.

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Discussão 42

No presente estudo, foram utilizados os adesivos Adper SE Plus e Optibond All in One. Foi possível observar que a camada adesiva do Adper SE Plus era mais fina, enquanto que a do OptiBond All In One era mais viscosa, fato este que pode ser explicado pela presença e conteúdo de carga (fluoreto de itérbio) na composição deste material. Após a secagem com o jato de ar, a camada do Adper SE Plus, que já era fina, provavelmente tenha ficado ainda mais fina e a do Optibond All In One, que era mais espessa, tenha ficado com a espessura ideal, otimizando o vedamento marginal, justificando os melhores resultados do Optibond All in One. Segundo Biernat et al. (2005) e Nunes et al. (2005), camadas muito finas de adesivo podem ter sua polimerização mais facilmente inibidas pelo oxigênio e isso pode comprometer a resistência de união, o que pode ter resultado no pior desempenho do Adper SE Plus no presente trabalho.

Outro objetivo do estudo foi avaliar a influência da temperatura do jato de ar, contudo, este fator não influenciou o selamento marginal dos adesivos auto-condicionantes testados nos dois métodos de avaliação. Desse modo, a segunda hipótese do estudo foi aceita. Estudos prévios (KLEIN-JÚNIOR et al., 2008; REIS et al., 2009), utilizando jato de ar quente (60°C) para a evaporação de solventes, observaram significante melhora na resistência adesiva e menor nanoinfiltração de adesivos convencionais simplificados, utilizando-se um período de somente 10 segundos. Pode-se explicar a falta de concordância entre os trabalhos devido ao fator de configuração cavitária (fator C), pois o presente estudo foi realizado em classe II, enquanto que nos trabalhos de Klein-Júnior et al.(2008) e Reis et al. (2009) foram realizadas em superfícies planas. É sabido que o fator C varia conforme o tipo de cavidade em que é realizado o procedimento adesivo (Feilzer et al., 1987) sendo maior em restaurações como as do tipo Classe II, comparativamente às de superfícies planas. No caso da restauração Classe II, além do fator C ser elevado, é freqüente o acúmulo dos adesivos nos ângulos da cavidade, o que pode ter dificultado a evaporação de solventes no presente estudo. Nos estudos realizados em superfícies planas, além do fator C ser menor, a aplicação dos

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adesivos acontece de maneira mais uniforme e então a evaporação dos solventes pode ser favorecida.

Garcia et al. (2009), também sugeriram que não somente a temperatura, mas também o tempo de secagem é um fator importante para melhorar a performance adesiva, pois alguns sistemas utilizados neste trabalho apenas melhoraram seus valores de resistência adesiva após o tempo de aplicação dos adesivos terem sido aumentados. No presente trabalho, não foi testada a variável tempo de aplicação, já que este foi o mesmo para os dois sistemas avaliados. Para o trabalho de Garcia et al (2009), a secagem a ar por tempos maiores melhorou a evaporação de solventes, enquanto que no trabalho de Klein Jr et al. (2008), com o aumento da temperatura o tempo de aplicação pôde continuar o mesmo, fator importante para o tempo clínico.

A termociclagem é um método amplamente aceito e usado em estudos de microinfiltração in vitro, embora alguns pesquisadores o considerem como um método questionável. O questionamento é sobre a validade e significância clínica do método, pois as temperaturas usadas para gerar stress nas restaurações podem não ser temperaturas reais toleradas pelos pacientes (5° e 55°c) (PAZINATTO et al., 2003). Neste estudo, também foi avaliado o fator termociclagem, mas não foi observada diferença, aceitando a terceira hipótese do estudo. Com relação à utilização de termociclagem para avaliação da microinfiltração, alguns estudos apontaram que a sua aplicação aumenta de maneira significativa os padrões de microinfiltração (HAKIMEH et al., 2000; ERDILEK et al., 2009), enquanto outros, assim como este, relataram que a termociclagem não teve efeito sobre a microinfiltração de restaurações (ROSALES-LEAL et al., 2007; DELIPERI et al., 2007). Esses resultados conflitantes na avaliação do efeito da termociclagem podem estar relacionados à variedade dos materiais testados, diferentes tipos de preparo cavitário, métodos de avaliação e propriedades dos tecidos duros. Não existe padronização da metodologia entre os estudos de microinfiltração, o que dificulta a comparação de resultados entre os diferentes estudos.

Um fator limitante no presente estudo pode ter sido o número da amostra (10 para cada grupo). Segundo uma revisão sistemática feita por

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Raskin et al. (2001), 60% dos trabalhos tiveram uma amostra igual ou inferior a 10 e mais de 90% inferior a 20. Como houve grande variabilidade nos resultados deste estudo, talvez um aumento no número da amostra fosse capaz de detectar diferenças estatisticamente significantes quanto à influência da temperatura do jato de ar e da termociclagem.

Outro fator limitante deste estudo pode estar relacionado ao número de secções realizadas para avaliar a microinfiltração. Raskin et al.(2001) sugerem que mais cortes sejam feitos, pois uma secção seria insuficiente para detectar a extensão de penetração do traçador químico, sendo necessárias duas ou três secções. No presente estudo não foi possível a realização de mais cortes, sendo realizada secção única no centro das restaurações. Isso ocorreu porque nem todos os preparos cavitários estavam centralizados, de modo que se fossem feitos mais cortes algumas fatias seriam perdidas. Segundo trabalho de Raskin et al., 2009, poder-se-ia obter três fatias e selecionar a de maior grau para avaliação, mas não existe consenso entre os diferentes estudos de microinfiltração em relação a este aspecto.

Neste estudo observou-se grande variabilidade nos resultados da avaliação da microinfiltração através do método visual, o que pode ter sido um fator limitante que mascarou a influência da temperatura do jato de ar. Por sua vez, nos estudos de Klein-Júnior et al. (2008) e Loguercio et al. (2008), para se quantificar a infiltração, realizou-se microscopia eletrônica de varredura, enquanto que neste trabalho o método de avaliação foi apenas visual, o que sugere que talvez seja importante o uso de uma avaliação mais minuciosa e específica, para que diferenças estatisticamente significantes entre o uso ou não do jato de ar quente sejam percebidas.

Foram encontrados poucos estudos que avaliaram infiltração marginal variando a técnica de evaporação dos solventes, principalmente em classe II, que é uma restauração mais crítica de ser realizada clinicamente do que a classe V.

Sugere-se a realização de outros trabalhos variando a metodologia, como o tempo de aplicação do jato de ar, a quantidade de solvente evaporado,

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a qualidade das interfaces adesivas em microscopia eletrônica de varredura e também a durabilidade das restaurações.

Referências

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