• Nenhum resultado encontrado

DICIONÁRIO DE TEORIA DA NARRATIVA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "DICIONÁRIO DE TEORIA DA NARRATIVA"

Copied!
328
0
0

Texto

(1)

m zm

Carlos Reis

/V A n a Cristina

^

M. Lopes

P ro te s s o re s d a Un lve rstfJa d e w . C o in iO fa

DICIONÁRIO

DE TEO RIA .

L i N A R R A T M

(2)

O l n f l * 3er.|«m tn Aixsaia Janio/ S a m ira V o u to e f C « m p e c e 'ii P r » p a r» ç J o d e ten to lld e te O liv eira P in to C oo rd en açA o d a c o m p o s iç ã o fl*rt#rQfoT»#r«||t %m n«t i| N#J<3e H. Toyota C a p a Ary Nufn- a n n a Arttonlo U. D o m lè ^ io I S B N 8 6 0 8 C 29C 6 5 1MI T o d o s o » d ire ito » r a e e r v a d o t E d i l o o A tlca S-A. — H o a Bar Ao a o i-3 ja |« t MO

Teí.. (PABX) 278-9322 - Oa # à P o s ta l 8S66 Eftd. T e leg rá fic o " B o m im o " — S t o Pau»o

(3)

Sumário

I n t r o d u ç ã o _____________________________________ 5 Instruções de c o n s u l t a ________________________ 11 1. C o n c o ito s fu n d a m e n ta is ____________________ 13 2. C o m u n ic a ç ã o n a rra tiva ______________________ 101 3. S e m â n tica e sintaxe n arrativa_______________143 4. H istória ______________________________________ 189 5. D is c u rs o _____________________________________ 225

B ib lio g r a f ia _____________________________________

3êl

A , O b ra* lite r á ria s ________________________________________3 0 1

B. Obras dc teori* c crítica ________________________ 303 índice de term os ______________________________ 325

(4)
(5)

Introdução

J. O núm ero <1 da revista C o m m u n ka tk m í, publicado em I***'. constituiu um importante m arco no dom ínio do» estudos literários. Reu nindo ensaios de R. B a n h e s A. J. Greimas, C . Brcmond. U . Eco. 1 . Todorov c O . (ienette. entre outros, o volume cm questão o i o *e limi­ tava. no entanto, ao cam po d a teoria e critica literária; d o romance po­ licial à narrativa mítica, do cinema à narrativa de imprensa. peisaiKlo, uaiur.ilmcntc, pela narrativa literária, d o q u r ■* tiatav a fundamental mcnie c ia de, perfilhando um modeio operatório fundado na lingüísti­ ca. descrever as dom inantes ftmck»>,its do relato. adotando um procr- dimento inevitavelmente dedutivo: to m o escreveu B anhei, a análise da narrativa " é obrigada a conceber inicialmente um m odelo lu p u tétk o de

descrição deserndo em seguida, a p artir desse mixlclo. até ãs « p e ­

d es que a o mesmo tem po nete participam e dele se afastam : i somente ao n isd destas c o n fo rn u d ad o e dileTeoç** que n análite d a narrativa rcencootiorá, murnda de um instrum ento único de descnçfto, a plurali­ dade das nariativas, a sua diversidade htstonca. geográfica, cultural'*7. Dc entAo p a ra cá, nos último* vinte anos, a s sem entes lançadas germinaram e frutificarum : sobretudo com B anhes. G ram as, Gcnette.

1 t utSuvSu b ra u k s ra : AruHtar ru rm iw itl d a tm r m n m P u trtp o J u , V o m , 1*71. : Ba» :>•**. K iM io d u r â n a fa c u K w « n w u riê e d » réd L Comwu.>U.iittu«w. * 2, 1 S « .

(6)

lo d o ro v c B rcm o n d , a n a rra tiv a cnco n tro u -se invariavelm ente i>o c e n ­ t r o d c e stu d o s d e ín d o le te ó ric a q u e p r o c u ia ra m , d c u m a fo rm a nem sc m p ic c o n c o rd a n tc , a tin g ir c descrev ei as c ateg o ria s “ un iv ersais” q u e regem a cn u r.ciaçáo d o d isc u rso . E isto p o rq u e , d c fa to . o legado teó rico -m c io d o ló g ico d o e s tru tu ra lis m o c o n te m p la v a d e fo rm a m u i­ to m ais g e n ero sa o d o m ín io d o discu rso c d a s su as c o n d iç õ es d c p r o ­ d u ç ã o , re le g an d o c ateg o ria s c o m o a p erso n ag em o u o e sp a ç o p a ra u m a p e n u m b ra q u e h o je já se e sb ateu .

2. N ã o d ev e, n o e n ta n to , h ip e rtro fia r-s e a im p o rtâ n cia c u ltu ra l c cp istem o ló g ica d a q u ela iniciativa e d o s q u e a p ro ta g o n iz a ra m c d e ­ sen v o lv eram . Dc fa to . o s e stu d io so s fran ceses n S o faziam m ais d o q u e , so b a in sp ira ç ã o d o s rc d csc o b e rto s fo rm alistas ru sso s e d a lin ­ güística sau ssu rian a, recu p erar um a tra s o que em o u tra s p arag en s nào se v erificava. B asta lem b rar a p ro d u ç ã o teó rica (decerto in cip ien te cm a lg u n s c as o s, m as ineg av elm en te estim u la n te ) su rg id a desd e o s an o s 30, c o m a u to re s c o m o E . M . F o rs te r, E . M u ir, A . A . M e n d ilo w , C . B ro o k s. R . P . W arre n , W . B ooth e m u ito s o u tro s , n o c a m p o anglo- am erican o ; com W . K ayscr c I . S tanzel, em língua aiem 5; m esm o com M . B a q u ero G o y a n es, n a E sp a n h a . Is to p a ra nflo fa la r n o s já m e n ­ cio n a d o s fo rm a lista s ru ss o s (cm especial P r o p p c T o m ach ev sk i) ou em B ak h tin e. c u ja d iv u lg aç ão n o O c id en te sc p ro c esso u , p o r razôcs v a ria d as , d c fo rm a ta rd ia ; d o m esm o m o d o . seria in ju s to esquecer c o n trib u to s tâ o relevantes c o m o a q u eles q u e , n o m eio c u ltu ra l fra n ­ cês, se fico u d ev en d o a a u to re s c o m o J . P o u illo n o u G . B lin, c o n tr i­ b u to s a in d a h o je cap azes dc p ro p ic ia r fe cu n d a leitu ra.

3 . Nflo sc tra ta aq u i. c o m o é ó b v io , d c historiar o nascim ento e desenvolvim ento d a narraioíogla, definida p o r M . Bal com o “ a ciência q u e p ro cu ra fo rm u lar a teoria do s textos narrativos n a sua narrati» ida­ de” 3. T rata-se, em vez disso, d e evidenciar pelo m enos do is fenôm enos

1 Ba l. M . CMMi jut Ia ã fo if c a tiD r . n a r r a ln e dan* q u a i r f ro m a n s m o d rr n o . P a :is . KlmckMcck. 19T7. p . 4. S o lv e o» o b K U v ai e « Isíu h d e C£*i«ituiçio d a ra rr» - tolovi<i> vejam -ví. er.trt uxKri» C S íp re. C riiica baio conrro/ (K arcco n a . K sjrc ta , I97l>), p , 65-10). c L e s t r u l í w v e H te m p o (T o n a o . E in u u d i. 1974), p . 3 77; S. J. Scfemldt, ''[T iro - rlc t l p ratiq u e d ‘uCC «»fixifk|u<: iic Ia IWir/Mlvílí lu iè r jin r " (in: C H M im x . C.. cá.

S ó n io t k ju e n a r r a tt net t a ln c B r . P<ní>, L a r o n u c . 197}). p . 137-54; I '. H om em , "N a rr* - liv c tem lollc* in f ra n ce” (Sí>'V, VI I I l l i. 1974), p . 3-145. M A . Scíxo. "R u o iftn cf, nar­ r a i» o c lexiD. N o tas p a ia a d el!n«;to d c uni p tm ir s o ” ( p rc fà d o a CoMxorfc» <U iw r ú ttv a , l.ttb o a , A r a i l i a , 1977). p. 9-19; D . VV. FokV cm a e E . Ib w h . T eO riU <Jt ü ü ttra tu ra d d s if/o X X (M a d iid , C f c e d n , 19BI>. p. 80-91; G . P r ir x r , •‘N ariariv e analyiis. a n d nar- W tCíO ty" (,V.'w L -Jen vy H títO tf, X I I I (2 ). 1982). p . 1'9-RR.

(7)

l y r t o o i i ç Ã o t

d c desiguais conseqüências n o plano científico: que a m ultiplicidade dos estudos d c teo ria d a n a rrativ a , sugerida p d u simples m enção do s a uio res citados, constitui a base d c ap o io cm q u e , sob a égide d a teoria se­ m iótica. se sustenta a narratohgia-, que dessa m ultiplicidade decoirem dificuldades d c sistem atização nocional e d e p rática crítica, dificuldades p o r sua vez suscitadas pela diversidade dc posicionam entos Ieólicos, ep iv tetnológicos c a te ideológicos que vêm desem bocar n a n arratologia.

E sclaroça-sc desd e já q u e n ã o c a b e n o h o rizo n te d e ste tra b a lh o — fu n d a m e n ta lm e n te p o r to rç a d a su a p ro p e n s ã o d e scritiv a a in tcnçâo d e a d o ta r a titu d es seletivas, d e o p ta r p o r u m paradigm a teórico- m eto d o ló g ic o em d e trim e n to d c o u tro (s). N ã o q u e se re je ite aq u i a fo rm u la ç ã o d c ju ízo s so b re a v a lid ad e d c te rm o s, c o n ce ito s o u p ro c e ­ d im e n to s o p e ra tó rio s ; sem p re q u e necessários, tais ju íz o s su rg iià o co ­ m o c o m p o n e n te in su b stitu ív el d c u m a re fle x ão m e ta te ó ric a q u e «3o d isp e n sa , c o m o é ó b v io , u m c o m p o n e n te e p istem o ló g ico . P o r o u tro lad o . n à o p a rec e leg itim o tam b é m te n ta r a c o n cilia çã o d o in co n ciliá­ vel, isto é , a h a rm o n iz a ç ã o fo rç a d a d c c o n ceito s o u estratég ia s m e to ­ d o lógicas p ro v en ien tes d c á rea s teó ricas diversas: fazè-lo se n a ig n o rar a co crcn cia in te rn a c a ra c io n alid ad e c ie n tific a q u e ta is á re a s teó ricas perseguem .

4. D o e x p o sto infcrc-sc n a tu ra lm e n te q u e a narra lo lo g ia

c o n fig u ra-sc c o m o d o m ín io teó rico d o ta d o d c incidências o p e rató ria s in d isfarçáv eis, c u ja leg itim id ad e c c o crcn cia in te rn a são in d isso ciá­ veis d o c o n trib u to d c d o is o u tro s â m b ito s te ó rico -m cto d o ló g ico s; o e s tru tu ia lis m o c a se m ió tica . D ai q u e n ã o seja aceitável e n te n d er a n a ira to lo g ia c o m o sim ples p re te x to p a r a a a trib u iç ã o d c n o m es n o ­ vos a c o n ccito s a n tig o s. Sc cm alguns caso s se ju stific a tal p ro c e d i­ m ento (o ic tm a jla s h lx ic k cedeu lu g ar a o te rm o anatepse). d c um m odo g eral deve dizer-se q u e á narra to lo g ia in c u m b e m u ito m ais d o q u e is­ so : tra ta -s e d c em p re en d e r u m a ta re fa d c sistem atização c o n ce p tu a l c d c re n o v aç ão d c estratég ia s d c a b o rd ag e m d o tex to n a rra tiv o , ten ­ d o p resen te q u e e le re su lta d c u m a d in âm ica d c p ro d u ç ã o regida pela in teração có d ig o (s)/m en sag cm . P re p a ra d a p ela progressiva aq u isição d e ra cio n alid ad e c ien tifica q u e tem c ara c te riz ad o os e stu d o s lite rá ­ rios nas ú ltim as d é c a d a s , tal ta re fa d ific ilm en te sc c o m p re en d e se for d e slo ca d a dc u m a d e q u a d o e n q u a d ra m e n to h istó ric o : é e ste q u e , cm ú ltim a in stân c ia, p erm ite p ersp ec tiv ar o s e n tid o d c p ro g resso (c . p o r ­ ta n to , a g ta d u a l, p o r vezes á rd u a , s u p e ra ç ã o d o p re cá rio p e lo e stá ­ vel) q u e in sp ira t o d o o tra b a lh o cien tífico .

(8)

» n t T n o o o ç A o

M as sc é assim , n áo é m enos certo que a narratologia deve evi­ ta r as tentações de um tecnicism o tcrm inológico-nocional que. dc fa ­ to , levanta m ais dificuldades do que as que resolve; d o que se trata, afinal, c d c pro cu rar um a situação d e equilíbrio que W . C . Boolh in­ diretam ente propóc com estas palavras: " N u n ca se pode e star certo de que o fa to d e enriquecerm os a nossa term inologia m elhora o nos­ so trab a lh o critico: co n tu d o , podem os estar absolutam ente seguros dc que os term os com q ue fom os obrigados a trab alh ar d u ran te m ui­ to tem po n ào podem aju d ar nos a estabelecer um a distinção relativa­ mente a efeitos sutis (como o são todos os efeitos literários), demasiado sutis p a ra serem apreendidos cm redes com m alhas demasiado largas” 4.

5. O nivel d c especificação q ue a narratologia atinge depende d e fatores tã o diversos com o o ra io dc alcance dos conceitos com que opera ou o estad o dc desenvolvim ento d a teoria em si m esma. Fun­ dam entalm ente im porta distinguir os conccitos que consentem já uma definição precisa (por exem plo, paraíepse ou sum ário), daqueles que sc encontram ain d a cm progresso (por exemplo, o conceito de signo e a p ostulaçào dos signos narrativos); p o r o u tro lad o , sc conccitos com o encaixe ou catá/ise permitem, pela sua particularidade, um a des­ crição praticam ente exaustiva, o u tro s (com o tem p o , personagem ou espaço) recom endam , pela sua am plidão, uma a b ertu ra de pistas p a­ ra aprofu n d am en to subseqüente. N ada disto significa, com o é óbvio, que a narratologia sc configure com o um a área lechada sobre si mes­ m a: conccitos que transcendem o espaço d a teoria sem iótica da n a r­ rativa (com o autor, código, representação etc.) n ão podem ser esquecidos, sob pena de sc consum ar esse cnclausuram cnto a todos os títulos pernicioso

6. Interessando-se pela narrativa d c um m odo geral, indepen­ dentem ente do seu suporte expressivo ou do seu prestígio sociocultu- ral, a narratologia n ão tem que lim itar a sua atenção ao s textos n a n ativ o s literários. M as c verdade que aqui são sobretudo esses os privilegiados: sabendo-se q ue 6 n a n arrativ a verbal q ue se tem a p o ia ­ do o desenvolvim ento d a narratologia e q ue a n arrativa literária des­ fru ta de um a projeção que n ào se pode ignorar, nâo sc estranhará

(9)

I N T R O I j Q t v t o 1

que os conceitos cora d a relacionados apareçam lat&ameute contem ­ plados. O que n ão significa que n à o sc pudesse, ou a t i que n áo se devesse, ter ido mais longe, tan to no q ue respeita à narrativa tuto- literária com o a te no que to ca à p rópria n arrativa literária, susceptí­ vel de um alargam ento conccptual dccerto superioi a o que aqui se observa (por exem plo, visando um a área d o tad a d e certa autonom ia, que é a d a teoria dos gêneros); n o u tra oportunidade esperam e dese­ jam os autores proceder a esses desenvolvimentos.

(10)
(11)

Instruções de consulta

L O s term o s e conceitos q ue in teg ram e sta o b ra c ncontram -sc d iitrih u id o i por cinco dom ínios fu n d am en ta* e foram adotado* n par lir d o q ue o s a u to re s en ten d em scr a* designações corrente-» e, ta n to q u a n to possível, estab ilizad as. P ro cu ra-se assim p ro p iciar d u a s m o ­ d a lid ad es d e co n su lta um a Horizontal, q u e t a q ue lê o tex to seguin­ d o o d esen volvitncnto in te rn o d e c a d a uin desses d o m ín io s, depois d e um a breve in tro d u ç ã o dc e n q u a d ra m e n to ; o u tra v e r tk v l, q u e é a q u e p ro c u ra esclarecer cctto s conceitos d c fo rm a isolada, co n su lta esta q ue p a rtirá , cm caso d e dúvida q u a n to á lo ca li/aç ã o d o s (erm os, d o índice co lo cad o no fin ai d a o b ra . L m c aso d e dúvida o u oscilação term in o ló g ica, recorre-se a rem issões.

2. N o c o rp o d c c a d a artig o e n co n tram -se tam hem a b u n d a n te s remissões; tlextinadas a fazer circu lar a refle x ão teórica além d o s lim i­

tes c a d a conceito.

3. A bibliografia teórica ap a re ce in d icad a d e fo rm a vucinta. d e­ v en d o o leitor re co rre r A lista b ibliográfica q ue se e n co n tra n o final d o volu m e, p a ra com p letar c a d a referên cia, a p a rtir d o nom e d o a u ­ to» c d a d a ta . A ssim , S hoke. 1974: 3-7*7 refere-se a C esare Segre, L e u r u ttu r e e il te m p o , T o rin o . L in a u d i. 1974.

4. N as citaçõ es d e tex to s literário» o p ta-se pela indicaçAo d o tí tuio d a o b ra . por p a tcccr conveniente um a id en tific ação im ediata da o b ra em cau sa. N a b ib lio g rafia final en co n tra-se a referência c o m ­ p leta d c cad a títu lo utilizado.

(12)
(13)

1

Conceitos fundamentais

A c o n itíiu iç io da narratologia com o suhdisdplina assente na tcoti.i icm iódca c nos seu í vectores metodológico» c eptücmológico'» parte da postulaçdo d cccriõ s conccitos fondam entaiv entendidos co­ mo campo* dc diversificação terminológica c conceptual. Com unica­ ção narrativa t narratividade sâo. neste contexro, noçrtes baülares: a primeira por im p lu ar, no p ro c cu o que desencadeia. entidades que

dectMvamente im etferem na representação 1L1 hiilória p d o discurso,

.1 partir de uma concreta im râneia de narração; tais entidades (narra­

d o r e narratáno) solicitam uma ír.equivoca d ari rkuçào dislintiva. re­ lativamente a outras entidades [autor, autor implicado, leitor, tenor im/flicado) c comportam ento* (leitura) c u ja mtervcnçáo no processo de com unicuçio narrativa c. quando m uito, distanciada e m ediata.

Configurada a narrativa e tradu/idas a* suas dom inantes mo- dais em particulares gêneros e íubgéneros. constnui se um a modeli zaçúo secundária, re p re se n tad o aiiivtica d a diegese. È no q uadro do estatuto ontológico da fiecionaluiade e no desenvolvimento de uma \uperestrutura r.arrntiva. que deve cntendcr-sc o labor dc entidades com o o narrador e o ed tlo n ov procedimentos que desse labor decot icm (p. cx.: reduruSáncia. sintaxe narrativa, opçõc> de descrição ou narração, delim itarão de episódios, eic.) n ão sc wgotam na repreveu tação dos sentidos nucleares da narrativa: partiopundo nu

(14)

configu-l i cOn c k t o s n i m w M t M A i s

raçáo d i suo estrutura, c io com portam também um a vertente prag máttca, na medida em que contribuem para uma ptática narrativa en­ tendida com o ação exercida vobre o receptor (m o m o que pela mediação d o narraurio), asMtn «• apontando para uma inscrição do d iicurso da narrativa no discurso du História.

A utor

/. O term o autor deugnn um a entidade dc projeção m uito um- pla, envolvendo aspectos e problem as exteriores á teoria da narrativa e atinentes, òc um m odo geral, à problemática da criação literária, das funções só cias da litcraiura, etc. Entendido numa acepçào con­ sideravelmente lata, o a utor litn á n o corresponde à entidade a que R. Banhes cham ou é cn v jin , distinguindo assim o escritor d o escre­ vente: “ O esentor i aquele que trabalha u sua palavrn (desde que e s­ teja tm plrado) c absorvc-sc funcionalmente nesse trabalho A uüv:d,-Jc do escritor com porta dois npos de norm as: norm as técnicas (de com ­ posição, de gênero, dc escrita) e norm as artcsanaii (dc labor, dc pa­ ciência. de correção, dc perfeição)*’; por Mia vê?. os escreventes "são homens •transitivos’; postulam um fim (testem unhar, explicar, ensi­ nar) p ara o qual a palavia não é mais do que um meio; para eles, a palavra suporta um meto, mas n ão o constitui" (Barthcs. 1964: 148 c 151).

2. O estatuto sociocultural do autor literário retlete-se n o do

mimo da teoria e história da narrativa: neste contexto, o autor é a entidade m aterialm ente responsável pelo texto narrativo, sujeito de uma atividade literária a partir d a qual *e configura um universo die- gético (v. d ietese) com as suas personagens, açôes, coordenadas tem­ porais etc. A condição d o autor hga-se estreitam ente à» várias incidências que atingem a autoria: nos plan *s cstetico-cultural. ctico, m orai, juridico e ecooómico-social, a autoria compreende direitos e deseres, ao mesmo tem po que atribui uma autoridade projetada so­ bre o receptor; assim, pode d tr c r ie que a produção da narrativa “ Im­ plica não só um emissor, receptor t mensagem, mas também um cetto potencial p ara uma atividade discursiva bem sucedida, a qual depen­ de, para a .sua reali/açâo, da autoridade do cm :sior c da validação, pelo receptor, de»*a autoridade" (Lanser, 19*1: 82).

A atividade d o autor decorre num certo contexto c dc determi­ nadas prciiogalivas. No que a este último aspecto conccrne. dir-sc-á.

(15)

M / l O t 0

com ô . Tacca. que cm literatura " a noçáo de autor pressupõe {...]

um homem dc o ficio (poético) estim ulado pelo uí J de criar e. sobre­

tudo. de ter criado. (...J A categoria dc 'a u to r' é a do escritor que põe todo o seu oficio, todo o seu passado dc inform uçio literária c 1 aitistica, lodo o seu caudul de conhecim ento e idéias |...J uo serviço do sentido unitário da o b ra que e lab o ra" (Tacca. I97V 17). Inw rido num específico contexto ewético-pcriodolójcico c hiMórico-cultural. o autor dificilmente pode eximir se às sua* solicitações e mjunções; a cnaçSo literária que elabora responde, dc form a mais ou menos cx- pljcita. ks dom inantes desse contexto, transparecendo nela. de form a m cdiaia. u suas coordenadas históricas, sociais c ideológicas. F. em obediência a U t | solicitações, mas operando cm princípio pela via de transposições e de procedimentos dc codificação especificamente técnico-literários que o autor adota estratégiai narrativa» (v.) consc- quentes: opções de gênero, i n s t i t u t o de n a rr a d o m (v.) e situações narrativas adequadas. configuração compositiva. economia actancial. etc. Atentar na cspcaficsdadc destes procedimentos é. desde logo, uma condição fundam ental para se evitar que a relação do autor com a narrativa seja dimensionada em termos dc rudimentar projccâo bio- grafista.

3. O que fica exposto não impede que e n u e a utor e narrativa se admita uma linha de conexão regida pela posição pessoal daquele. Mesmo pela negativa pode observar-se essa conexão: quando roman cistas como A Abc!a;ra ou V. Ferreira afirm am a distância que os separa de obras superadas ("1 publicado o livro, o au lo r enjoa-o, está cansado, é incapaz (tem medo até) dc o a b rir" — A . A bdairu, Os desertores, p 9). quando E. de Q ueirós. C. dc Oliveira e tantas outroA tcfur.dem cm novas versões romances anteriorm ente publica dos, o que cm primeira instância sc manifesta é a hlstorioidade da narrativa, a sua vinculação a um tem po previto, a um momento estético-ideológico, que a evolução hterária do autor (também ele uma entidade necessariamente histórica) veio pôr cm causa. P or outro Ia do, a hgaçèo d o autor com a sua obra desen votve-se num o u tro senti­ do: no apelo (explícito ou tácito) â receptividade d o leitor (v.), a p d o

por vc/es expresso num prólogo c feito dc alusões circunstâncias

da criaçlo , nos intuitos a que obedeceu, até mesmo, cm ccitos casos, aos sentido* em que a leitura deve ser orientada.

4. No contexto teórico c metodológico da narrarolojiia. a figu ra do autor reveste-se de c en a im ponência, sobretudo por força das

(16)

W g i M U l i n H U M U N T A b

rc la çó ts que sustenta COnl o narrador (v.), e ntendido c o m o a u to r tex­ tual concebido e n tiv u Jo pelo escritor Dc um m odo jccral, podedizer- q ue entre auto r e narrador estabelece-se um a tero ã o resolvida ou ju ia v a d a na m edida em q ue a> diMâncius (so b retu d o ideológicas) cn n c um c o u tro se definem ; cm tentlo» nurratológicos. a ã o faz sentido an alisar a condição c perfil do auto r » b um prism a exclusivamente h istórico-literáno (biografia, influências e tc .). «ócio-ideológico (coa- dicionaraciM ot d c classe, injunções g cracionau etc.), p siean alítk o (traum as. otMcssóev etc ) ou puram ente estilístico(dom inantesexpres­ sivas e t c ) O q ue im poria c observar a relação dialóitica entre auto r c narrador, in stau rad a cm função dc dois parâm etros: p o r um lado. 0 p ro d u ção literária do a u to r e dem ais testem unhos ideológico* cu ltu rais (textos prognunatK xn, coriespondência etc.); p o r o u tro In­ d o . a imagem do narrador, deduzida u p artir sobretudo d a sua impli cação subjetiva n o e n u n o a d o n a rra tiv o . m uitas vezes reagindo

judicativam cnlc personagens d a diegese. sua» açôes c diretrizes axio-

lógicas que as Inspiram . D o m esm o m odo. o a u to r pode tam bém es­ tabelecer um m c tlu to nexo dialógico com as personagens, p a ra além d o consabido em penho nos seus c om portam entos c emoções. em pe­ nho lapidanr.entc trad u zid o no "M m e. Bovary c'cst m o i" confessa­ d o p o r J lau b ert; d o que neste nexo dialógico se tra ta é dc saber até que p o n to a u to r c personagens condisidem concepções c juízos dc v a­ lor o u . cm o u tro s term os, era q ue m edida sc aproxim am o u distan- ciam dois p o n to s de vista: o d o auto r (entendido n a acepção corrcntc de opim&o ou visão d o m u n d o ) c o d a personagem , eventualm ente plasm ado com o rigor técnico p ró p rio dn /o c o /n a ç ã o interna (v.) c rem etendo tam bém p a ra um a certa a titu d e dc recorte ideológico.

5. C om isto n ão m: póc cm causa um prin cíp io indcrrojtdvcl que

n ão pode deixar dc estar presente q u a n d o sc analisa a a titu d e do flu to r p a ra com o universo dicgético representado: o principio d c que entre o a u t o r a s entidades representadas n a n a rra tiv a (do narrador ilspersonajtrns) existe um a diferença ontológica irreversível. Essa d i­ ferença é a q ue perm ite distinguir a vinculaçfto d o auto r a o m undo real e a d as entidades ficcionais a o m u n d o p o t a M co n stru íd o pela n arrativ a literüria; sc entre am b o s é perm itido (c uté necessário) que sc estabeleçam as cooexòe» m ediatas q ue só um a concepção rigida­ m ente form alista d a litemi ura im pediria, tam bém é c a t o q ue isso nâo pode levar a desvanecer p o r inteiro as m argens d a /iccio n a h d a d e (v.). 1 m certa m edida, é o p ró p rio a u to r quem a s in stitui, a p artir dc ali

(17)

* l ; t ~ ; '« * • . H -M 5 »____ T

rudes co ntratuais assentes ta n to nu vigência sociocultural d e certo» gêneros (lo m an cc. c o n to clc.) corno, m.i:s am plam ente. em mecanis

mo* institucionais dc validação e prtsetv jcJo d o fenôm eno literário

com o prática evtêtica.

£ a"id a portjue o q ue im p o rta prim oidinlm cntc sáo « v in c u la çòcs o n to lo g ia s d a i diversas ci'.i:dades aqui m e a clo n .iJ.s que -c há dc estar a ten to a conlusòes eventualm ente desencadeada* po» certas dcsr.n açõ cs: o auto r a quem n o enunciado narrativ o «Ir \ter»6rirn ,'*>itur»as dc Brás C ubai ic iu -a d a m e n te se alude c o n ^ m u to r . com a» íjn c ô c i que a este, com o entidade fictícia, c o m p etiu ;. e n ào o </«• to r real cham ado M achado d e \ssis; poi tua sc*. Jcan-.lacques Rous- sesu , autor real d c L a nouveUe f/é lo n e , permite-se apresentar o rom ancc com o rccoUu cjâstolar, transm uiando ve circunstancialmente em m ero editor ( \ » . entidade t i o fictícia com o o silo as cartas edita­ da» e a s personagem que us assinam co n o «cus autores textuais.

HiNiogr.: T \< xa, 0 . , I97J- 34-63; B o u rm u f R. & Í X n ti t . R.. 1976c 281-94; F o n ir n . R .. I9 V ?8 ct >cqs., 123-33; C tilA ftt. R . I W : 15? 64; I vvSfcR. S. S.. I«WI 14? cl seqs.. 108-4$; S u s a . A e. 19*3: 220-31; A vai.a. F .. I9 w - 49-61

A u t o r im p lic a d o

/. C onceito problem ático c com plexo, o b jeto d c dlkCUfcsAo en ­

tre os estudiosos da teoria d n n arrativa ( c f . B ooth. 1983: 421 O i. a

começai pela expressão q ue cm português o designa: vertida d o in­ glês im pliedaiithor, cia aparcu* n o rn u lirv a ie traduzida p o r autor >m p l/cito, denom inação am bígua a que C»cr cite (cf. 1983: 95) prctc-e autor ItR/t/icatfo, p o r m elhor c o rresp o n d a ao pensam ento de W . C

B ooth. q ue p to p o s c descreveu e « e conceito, sem que com esta nova trad u ção »c a ttalço c u expressão original cm lingua inglesa (p a rtid - pio p assado d o verbo to intpiy ••im p licar", •‘in sin u ar").

2. R eferindo-se a d n ervas o b ra s de Fielding. W I Booth ob-

s e n a q ue em cada um a delas • revela um "s eg u n d o c u " . uma "ver- ■-io criad a, literária, ideal dum hom em real” iB o o th , 1980: 92); e çm o u tm p u w o : “ Ale o rom ance <nic n ü o tin i urr. n a rra d o r d ram al i/a J-* ciia a imagem im plícita d c um au to r n.-s bastidores, veja clc direto r dc cena, operador dc m arionetes ou D eus m difercnte q u e lim a. 'i!c r ciosamente, .is m h as" (Booth, I9S0: 16') Daqui passou-se quave < en

(18)

i » i - Q n y f i : i « n w U A X t t v r ^ r .

tran s iç ão a um a concepção d o autitr im plicado com o eatid ad e petso- n alizad'i, d c e statu to m u ito sem elhante a o narrador (v.), P ar» que sc desfaçam o» equivoco» que ta l concepção a rra sta , im p o rta aten tar nos fu ndam entos c m otivações tcórico-nK todoIò^ cas d o conceito r r apreço

D c um m odo geral, p o d e considerar sc q ue a concepção dc um a en tid ad e com o o a u to r 'implicado decorre d a necessidade de es­ c ap a r a dots extremismo»: p o r um lad o , o b io fr a /is m o q ue remete d iic ia e im ediatam ente p a ra o autor, responsabilizando-o idcolóyu.i c m o talm cn te pela n arrativ a ; p o i o u tro lad o . o fo rm a lism o im unen M ia q ue ten d e a desvalorizar a dim ensão h istó rico ticológica d o lex- to n a rra tiv o , ig n o ran d o i|ue ,n.lo s»> o 'c o n te ú d o ’ d a o b ra . mas tam bém a s sua» e»tr m u ras foitnut» (podem »er| entcndH lat com o re­ flexo d a opinião d o a u to r” (1 j u s e r . 1981:49). O a u to r u n p h c a d o cor- rrs p o a d e assim a um a e sp é d e d e soluçáo d c com prom isso. tentativa n tija ila d c recuperar p a ra a cena d a analise d a n a rra tiv a am a res- ponsabibdade q ue n ã o sc confundu com a d o a u to r propriam ente dito.

4. A dificuldade d c sc aceita: o co n ceito d c a u to r im plicado no

q u ad ro teórico d a m nratologia ik v o rrc ante» d c mais n ad a d o srn teor um ta n to difu so . Desde a* referências elab o rad as por B ooth, até às

esboçadas p o i 0111 ro* autores. e*se teor difuso í evidente: p a ra S. Ovat-

m-in. o a u to r im p in a d o " n ã o i o n a rra d o r, ma» an tes o principio que inventou o n a rra d o r, b e m com o to d o o resto d a n a r T a ç â o " (C hat- ir.an, 1981: 155); p a ra S. R im m on-K cnan. trata »e d e " u m a en tid a d e' estável, idealm ente co n sisten te " (R im tnon-K cnan, 1983; S ? ) c intui l i vãm ente apreendida p elo leito r; p o r sua v e i J . L intvelt, a d o tan d o « sintom ática designação d c a u to r abstrato declara q ue ele " ic p ic - scni? 0 sen tid o p ro lu n d o , a sig n ific a d o d e c o n ju n to d a o b ra IhcrA n a " (L inrvch. 1981: 18). C o n stitu in d o um a espécie d e com ciência tácita C D ifcT cntancntc do n a rra d o t. o au to r implícito n ã o p ode dner- n o i n a d a . Ele, o u m elhor, t a o , n â o tem so7. n âo tem m eios d n i o s

d c co m u n ic aç ão " C h atm a n , 1981:155-6). o a u to r im plicado rests-

te a p ro jetar no e n u n ^ a d o a s m arcas d a sua presença, itiaicas que perm anecem com o resu ltad o d a m anifcvtaçüo »ub)ctiva d o narrador. Assim, o a u to r lm /Jica d o p ode ser responsabilizado, q u a n d o m u n o . poi um a a titu d e d c h arm onização global d a n a rra tiv a , exercendo s o ­ bre o leitor ura efeito q ue é o d e p erm itir " a p ercepção intu itiv a dc um to d o a n i» ttco c o m p le to " (B o o th . I9 Í0 ; 91).

(19)

o i v n s K x t A < > ' v . » » » o : v » i »

5. Sc, ci» n arrativ a s d c narrador h etero d tfg A lco (v.) com o L e

rouge e t le n o u e , dc Stcjtdh.il, ou Q ueda d e u m a n jo . d c C am ilo , c com preensível a tendência p a ra co n fu n d ii a u to r im plicado c narra­ d o r , já cin relato s c o r ,o M a n h ã subm ersa, de V I c treira. o u D o m l itsm urro, di' M ach ad o dc -Vssiv, c « a co n fu são é dc tu d o inadmivM vcl. No» do is prtm eltos casos, aflo ra por vcr t s um " e u " q u ase sem ­ pre o p i nativo q u e, em term os narratológico», deve >er im p u ta d o n ão a um hipotético atiior im p lk o d o , m as ,u* nurrador heterodtegético. c a p a / d e inscrever r»o enu n ciad o ta n to ju i/o s subjetivos discretos co m o um d t \Cursop e sso a l ir.susccptlscl de pôr cm causa o seu m a t u t o «em ionarrativo; n o caso do* rom aiKc* de \ - Ferrctra c M a ch ad o dc Asssv a p o n tad o s, ;i existência d c um narrador auto d iezetico (v .) pei tcitam ciite identificado (c, por o u tro lad o , o conhecim ento d o autor q ue o ciio u ) to rn a irrelevante, n o contexto da lnv.Jtndu n arrativa coa*- titu íd a. essa entidade interm ediária dc lo cali/ação problem ática q ue seria o autor im plicado. P o r isso estam os dc acordo com G cncttc que. excluindo term inatilem cnlc do cam|K> d a n arrato lo g ia essa “ in stân ­ cia fa n ta s m a " q ue e o a u to r im plicado, co n sid era q ue " u m a n arralt va de ficção ví flcticiam cntc p ro d u /id a pe!o seu n a rra d o r, e efetivam ente p d o sen a u to r (reoi); entre cies nin^uem lab o ra e qual q u er espécie dc p erform ance textual vó p«xJc ser a trib u íd a a um ou .1 o u tro , ie ç u n d o o p lan o u d o iad o ” (G cncflc, 198? 96)

B ibtíogr.: B o o m , W C .. 1977; id ., 1980: 88-94 e 16? el seq».; id.. 1983: 420-31. BaKé*. J K.. 1977: 1 4 2 * * q s . ; ftW lQ t, R .. 1977: 78 et »cq.».; B *u.»v/*a«. W .. 1978; id ., 1981; B a :. M .. 1981: 208-10: C iiaim an . S , 1981: 155-9; L v ssi* , S. S., 1981: 48 c! seqs.; L in iv fj t , J., 1981: 17 ct veqs.; G tM i r , G ., 1983: l>4-102: R isim on-K inan. S., I<JS* JÍ6-9; Sn v s. A. c.1983: 220-31; R tvi .. G ., 1984: 92 114

( ontuiiicacáo n arrativ a

l ^ com um eação narrativa d c c ser e n te n d id a c o m o espec:fi

co processo d e tr a n s m ix á o dc texto* nnrratrvos, iclc sau d o , |*>r um Indo, as circunstâncias c condicionam entos que presidem à cvm uni-

cuíd o de um m o d o seral c rc* U m undo. poi o u tro lado, a Ao d c fa to res c J * v n t« que d eterm inam i q u alidade n a rrativ a deste tip o di c o m u n ic a d o .

F m termo» #cncrico». definir-sc-á com unicação, com L’ E co. c o m o processo responsável p«.!a "p assag em dc um Sinal (o q ue n ão

(20)

n t i i s o r t n s

significa necessariam ente *um sig n o ') d c um a F o n te , através d e um I raru m isso r, a<> longo d e u n C a n al, até a uni D estinatário (ou p o m o d e d e s tin o )" . \ p artir d aq u i c o p e ra n d o um m o v im en to d e im plica­ ç ão , considerar-se-tà q ue a c o m u n u vç ã o abrange a sifn i/ic o ç J o c in te g ra * n.i »ua dinâm ica: " Q u a n d o o tlc s n n a tã r io é um »cr hum ano | . . . | , estam os (., | em presença d c um proccvsodc sigoificacAo. já que o sinal n â o se lim ita a funcionai com o sim ples estim ulo m as so lu tia um a resposta in te rp reta th ü a o d e stin atário ” (F c o , 1975a: 19) As­ sim sc ten d e a resolver u n problem a, o das rclaçõc* cnli c com unica­ ção c sig m fk vç à o . q ue preocupou diversos tcot i/adores d a linguagem, d c F. d e S a u s u r r c a J. L. P ricto . [«assando por K. llühlcr. R. l a k o b so n . F Uuyssens e A M artin ct. e n tre o u tro s.

2. Pyviulada com o proccvso e com o prática interativa vuscepti- vcl de convocar pelo m enos dois su ro to s, a com unicação prolonga-se no tem p o , decorre sob a egide d e condicionam entos p skoculturaiv c socioculiurais q ue v a ru d am en te a afetam e a p o n ta p o :a um a aqu-.si- ção dc « m h ceim cm o que se a firm a c o rro m u lta d o necessário e ine- viutvd de to d a a tciniose. M ais: " £ m a m o impensável que a atividade cognovcniva possa desenrolar-se de n o d o au tô n o m o e c s p c a íic o Win ser tam bém um a atividade sem iótica, tal com o c de ics to impensável q ue n í o h a ja um a relaçãti inversa entre atividade sem iótica c ativida­ de cognoscittva. N âo se pode conhecer se n â o se p ode c o m u n icar o que »c conhece nem ve pode co m u n icar se n â o se conhece o que >.c c o m u n ic a " ( G a n o n i, IVSO: 249). M.i» o conhecim ento que pela <x>- m u n tc a ç à o te p ro c u ra veicular n á o a n u la a possibilidade d c se conce­

ber 0 a to com unicativo com o a lg o m ais d o que um a to in ím innlivo:

chi p ode ser m odulada tam bém cm term os persuasivos o u cm termo» argum entativos, requerendo par.i isso estratégia* q u e expressam ente sirvam a tais m odulações.

3. N o q u a d ro dos p aiãm etro s esboçados. ,i < om unicaçáo nar­ rativa q u e aqui nos cab e te i em c o n ta c a q ue se articula peta intera­

ção de duas entidades: o narrador (y .) e o narratário <v 1 U to significa

q u e. no presente contexto, U o m enos r c lo antes (m as n â o inteiram en­ te devpiciendos) os problem as levantados por um a análise d a m niu- (■uaváo literária e n arrativa equacionada em 'erm o s sócio-semiótl cós; assim , o e statu to d o a u to r (v .) c do leito r (v.). questões com o

.1 evancscència ou a sobrevivência h i s t ó r ia d e códigos literários ou

(21)

■ iVh m c a cAo s » « H , \ t i r A ) |

d tsc rto s c o m o a tilu u tf o c c o n õ m u a d o cscritor ou .1 in fW n c in da publicidade. constituam m otivo dc interesse dc correntes m ctodolo- Eicas tom .» a scmiótic.. literária. a socioloyi.» d a íitc ra ttr j ou a cstcii ca d a recepção.

N um a perspectiva narraiològlca d e s k x a m o nos. pois, do cam p o d o a u to r em pírico c d o leitor rcai p a ra nov situarm os n a esfcia dc açâo d o narrador c d o narratãrio. '•cm esquecerm os. n o e n tan to , q ue a atividade destes uhimov é eventualm ente trib u tária. dc um ponto de v itta fu ncional, d a expertôiKta h istó rico v u ltu ru l colhida pelo ou- lor em pírico c d o conhecim ento que clc detém d o i m ecanism os dc .iti v a c io da c o m u n ic a d o literária. Dcxtc m odo, dia{ iam a n cam cn tc (e r.ão perdendo d e visia a sim plificacão que assim se op era) pode estabelecer-se do Htyuinte m odo o processo d e vom unteaçõo narrativa

Narrador--- «MtriMgam • Dl*c j r s o --- «Narrativo

»«rrân(lco-(w»ç«nfttii»» --- - —

O q ue assim s« csq u cn u iti/a é a atividade dc representação nar-• ativa U \a d a a c ab o pelo n a r m io r , en q u an to fo n te e origem d a ca- m unicaçào narrativa, entidade fk tlc ia e p o r isso d istinta d o autor e m p in co ( o a st ru in d o um a m ensagem articu la d a em rim urso (v .) (e fu im aln ien te cot resp o n d en d o a o sintagm a narrativo - v.). o n a rra ­ d a m o d c U u um universo djeyrtico (a história — v.) c tran sm ite um oerto conhecim ento j o nanatdriw . este. sendo um destinatário tn tn h textuaf (explicitam ente m encionado 0 1. n io ) c entidad.- dc qu3!qu.-r m odo d istinta do leitor real. v r n d eten to t d c um a certa com petência

narrativa (v.) qiw pude n ão inteiram ente coincidentc com a d o n a r­

rad o r (este p ode v et-ic n a necessidade d e faculta: indicações nietall- tc ia iia s ou m eu d in g im tk a s. e .g .. explicando o significado d e c.x pressóc%quc o n a rra iá tio su p m tam en te d rsconhixe). P a ra que a co ­ m unicação narrativa integiairocntc se co n creti/c. i n ecrssátio q u e o r k n . o dc códigoi que estru tu ra m .1 n .rra tiv u seja com um a o : arra

»Uk ca o n arrar a n o . ou q u e passem a «M o pela 1 1 % idnde “ pedagógi*

* H íti c r ia

Côd^QC ^.Tçúlstlco

C ó a ^ o » nairaiivos C -S d tço s

(22)

n i u m . h u - a i s

ca** d o prim eiro: pode ocorrer que, d an d o com o ad q u irid o pelo nar r a iir io o conhecim ento d o código lingüístico c dos códigos narrar. vo» (p . ex.. procedim entos dc oifM m /acào do tem po ou d c repre icn:&yio d c po m o s d c vtsta). o n a n .u lo i »c cstorce por im p o r um có­ digo dc incidência sem ântico pragm ática com o o ideológico, usando para isso estratégias ad eq u ad as. d c índole persu&siva e argum entati- va. T u d o isto, com o i ébv»o, >ob a <<idc ilc u a que é a a p tid ã o b ist-

lar d c que to d o o n a rra d o r carccc p a ia que a comm k.i s í o nariativ a

M estabeleça c »c prolongue: a capacidade de sedu<;Ao d o dcsiinatá* rio. baseada no suscitar d o seu interesse e curiosidade, capacidade dc um m odo geral rciacioruda com a se rte n te pra% m atua (v.) d a CO municaçSo narrativa.

4. Episodicam cnic a narrativa i rucre» e no seu p ió p iio discurso

m arcas q ue dc m odo explicito evidenciam a presença dos elementos que iiiiftvèm n a com unicação n a n a i ha-, os contos " O charlatão” (in Nua), dc M . Io ig a , c " J o s é M a tta s". J c l-.a . constituem a e s te p r o - psn.to escrnplos m uito sugestivos. N o prim c.ro, um narrador anòm- nt<* apresenta o n a rra d o r inserido, que é a personagem Bulscmao, e descreve o processo de com unicacão n a ira tiv a que este últim o ins- tau ia: assumindo-se com o narrad o r d c um relato u utobiogrifico. Ha!- sem ão co n ta uo púb lico -n arratário q ue o escuta (com pradores potenciais do p ro d u to que o vendedor am bulante quer venderi a h u tò ria d as suas desventura», devidam ente doseada em f u r s i o d a c u ­ riosidade q ue no a u d itó o o v.n despertando. N o c o n to de f<,«. um narrador hom odie% étko <> ) relata u um n arratàrio an ô n im o a h istó­ ria dc José M aiias; neste caso . a m uravâo o corre d u ra n te o trajeto pai a o cem itério, q u an d o José Matln» vai -cr enterrado: o discurso, config u ran d o a biografia am orosa d o p rotagonista, c semeiulo d e ex­ p r e s s e s cm qoi- ecoa a curiosidade des»e n a i u t í r i a silencioso, po­ tencialm ente at.ngido pelo poder im p ressiv o d a JUoiofia dc sid a que ressalta do» com p o n am cn to s d o e sp iriiu a lrta José Matia»: "M a», oh m a am .go, pensemos que. certam ente. nunca ela |['li»u) pediria ao Jo»é M atia» para espalhar violetas so b re o cadávei do ap o n tad o r! 1- q u e srtn p rc a M atéria, m esm o sem o com preender, sent d«U tirar a >ua fd id d a d e , ad o rará o Espirito. «• si-mprc a si p ró p ria, através dos •M O i q ue dc si icccbc, se t r a u i a com brutalidade e desdém ” (E. de Q ueiiós. C o m o í. p. 222).

Bibliogr.; E co . f . . 1975: 49-55; id., 1975a: 19-20 e 62-9; C o r

(23)

• ' I M U Ç A Q 3 )

C a s e tti, F .. 1980; 65 86 c 263-78; G .srío m . E .. 19S0: 246-37; Rint, C .. 1982 11-29; Sn vA, A . r . I98J: 181 ct seqs.. 220 ct scq».; c 279 ct scqs.; \ ' *w y, M „ 1984.

Descrição

/ S u m texto n a n a tiv o ha »«niprc fragm entos discursivos por- tadorc» dc inform ações sobre as personagens, os objeto», o t a n p o

c o o p a c o que configuram o c e n á n o diegêtico. I í k* fragm entos. as

desctuDes.s l o facilm ente d ru acav cis do co n iu n to textual: tendem

cialm cntc estático». ptuporcioi ;«n m omento» dc »uspenvio tempo- ra!, pausas na progressão linear dos eventos diegenco»

F m b o ra tradi*.tonalm ente « considere q ue a d e se rç ã o í uniu ancilia narrationu . na m edida cm que funciona com o expansão dos

núcleos n arrativ o s propriam ente dito*, i , p.o en tan to , difícil contv

ber um lexto na/rairv o desprovido de denu-ntos descritivos: dc fato , ft dinâm ica d a açfto parccc im plicar forçosam ente um a referência mi nim a a> personagem c objeto» q ue ncl.» rvA o envolvidos.

I.m certos textos, as deserções assum em um a luncflO m eram ente d e e o ra in a ou o in am en talista, aparecendo n a verdade com o u n id a ­ des subsidiaria» q ue sc podem suprim ir sem com prom eter a cocrér .:ia interna d a hlMórin. Por o u tro la d o . a digressão em to rn o dc uma personagem ou dc um a paisagem retard a a ocorrência dc determ ina dos eventos, em ergindo cnido » função dilatôna, frequentem ente a tn buida ã descrição. Mas c so b retu d o na interação c ontinua e fecunda com os eventos diegetieos que a d o e riç â o se ju stifica, g an h an d o um papel d e relevo n a coo stru cáo e nu com preensão global d a história, f:. poi exem plo. através d a descrição q ue o n arra d o r produz o " e fe i­ to dc ic ü l" . pela acum ulação de in jo n n o n ttx (» > geradores dc veros llmUhaQQÉ; è ain d a nos m om entos descritivos que. regra geral, surgem os indit io í (v .). ekincr.tos que asseguram a pre» .'tbilidiulc d as ações das personagens (o rc lra to d c um a personagem pode oontCr indício» p ro tp c v m o s d a « q U fn c ia d c açóes que cs%a personagem tiú desen­ volver; a descrição dc um espaço geográfico ou social pode c o n tri­ buir p a ra a m otivação de um percurso narrativo).

A função explicativa acima referida confere ã descrição um ini p o tta n ic papel na construcúo da legibilidade e d a cocrência d o les to narrativo: a descriçãoe " o lu.r.i- o nde .> narrativa .sc interrom pe, o n ­ d e se suspende, m as igualm ente o espaço indispensável o e d e se ‘põe em conserva', o nde sc 'a rm a ze n a ' a in fo tm u ç io , onde sc condensa

(24)

z * < mu n c n r i m m m i m u i

-e s-e r-edobra. o nd-e p-ersoii-inir. c ccnúno. por um a -espéci-e d c ‘ginást:

c a ' semântica entram m i icdimUància: o cenário confirm a, picvisa

ou revela .1 pcr>onwKcm com o (cixc de traços sqjmficativos «.imultáners.

o u cnián introduz um anuncio (ou uni engano) pura o Oevenrol.ir da a c ã o " |H a m o n , J976: 81). I:»te papel d c o f v ra d o r d c legibilidade* coe­ rência iransfoiin.i a descrKúo num a uru-dade estrutural «usccptivcl dc

usseguiar plena com putiN lidade cm rc o desenrolar das r s - õ e s . o satribu­

te s da> personagens c os wondicionamcnun do m o o . N o u perspectlsa. .i riescricáo delimita o hori/o n te dc c*pcctati>a do leito», relativamente an destino d a porvoiupcm, no plano sintagm ático. F ain d a a ilr ^ y ^ õ o que c o rtn b u i em larça m edida para a delimitação do Mibgcncio a que pertence o texto -varrativo no rttmorux h i\tó n c n c nas narraü\a% dc f k -

ç à o d e n tí/k u particular releso a dcsaK-ão do tem po. no conto

rústico, c fundamental a dcscrlfüo do espaça; no ix m a n c r p siio lo ttco , a dw vrifikt d a persotugem solicita, d o p o m o dc viva receptivo, uma cuidada atitude irao p ietaiíx a e avaliativa

2 Etim oloBicam cnte. descrever (de scribert) Mjrmíica " c h ic x c t

segundo Uni m odelo’". I 't a obwrvacAo |w rm rc-nos transitai par* uma breve rc fle x io accrca d a estru tu ra interna dos fragm er um descritixos. C orno a firm a I*. H am on (cf. I ° 8 l : 1-10 et s e q O , um a desci i , i o põe sem pre em e q u n a lín c ia sem ântica um a e x p a u U o piedicaiiva e uma cond en sação denominai<va P o r outra* palavras, há sctnptc um ter m o sincreti«.o que rege a IrRtbüidadc do íia u m cn to desetitiv o , term o exve fjuc fu n cio n a cora o centro d c um a conttclnvào fo rm ad a por um c o n ju n to d e unidade* lexicais c de predicados sem -inticam cntc cejui- valentev. Por exem plo, na \o u v e lle H ékn se, d e Rousseiui, surge a f a ­ m osa d e sc rlc io d o lago dc G e n eb ra. q ue de.-üna (" e x -p ltc a " , n o sen tid o elimolOgico do term o ) a Ir -a previsível dv>s elem entos do lo­ cal id llk o : apua, m o n tan h as, m u lh er, a m o r, p a ssa io v vol. O empaco descrito, co tie sp o n d en d o a um locus a n oenus. conviitui um term o sincrc.ico, cu ja expansão pcedicativa sc c o n e r m /a pelu ativ ação dc um paradigm a lexical relativam ente estereo tip ad o , co n sa g rad o pela m em óriu d o %isfcmu literário (cf. Il.u u o n , 1981: 104-5).

Tendo em c o n ta a m v a riã n a a e stru tu ra l d a deMTtçâo, P . Ha- nion define-a, p o r um lad o . c o m o “ um c o n ju n to d e Minhas1, d c p a­ radigm as ie.\icai« cm d e m a associatixa c en trífu g a, m ais o u m enos saturado» c ex p an d id o s" (1981: 167) e. por o u tro , com o um co n ju n to d e " n ó s ” , •.•ermos pcivilcpiados. lu g a tc sd c re ce n traçem , lugar et a -u trip eto s om lc sc reeom póc j in fo rm a ç ã o " (1981: 167)

(25)

H av erá signos e s p e d lk o i d a descrição? A rcsposui a cuia q u e s­ tã o passa inevitavelm ente pela consideração do- séneras e do» perío­ d o s literários: s ó ic podem individualizar com rigor os signo» d o descritivo em fu n ç lo do» do is parâm etro* assinalado» \ o e n ta n to ,

.1*. ap esar d c tu d o . alguns traços genéticos q ue assinalam a em ergên­

cia d c um fragm ento descritiso: p o i exem plo, o sinal auto-tcfcrencial q ue a preterição co n substancia ( " E r a um a paisagem indescritível"); o presente d e atestação q ue o c o rre em frases com o " É v o r a c um a ci d a d e q u e ...” ; a predom inância d o im perfeito do indicativo q u e, pc los vcus valores aspcviuais d u ra tiv o s ou iterativos, contribui p a ra a in s ta u r a d o dc um a atm o sfe ra despida d o carátcr dinâm ico d a narra çào (v.). A tentem os nesrc ultim o aspecto d a descríçJo: " M a s a triste

realidade d u ra m e n te a in d a rccordav a a sccu Passo a p a w o . n a bu

gcii m acia, carcaças su jas m aculavam a v e rd u ra ./' Reses fam intas, esquálida». m agoavam o focinho no c h io áspero, q u e o m ato aindu tâ o c u rto m al co b ria | . . . | " (R . dc QtK-iror, O O um ze, p 138).

J P ara “ n a tu ia li/a r" a dcscnçAo, isto é. para de algum m odo m otivar a »ua introdução no espaço textual, o n a ira d o r recorre fre­ quentem ente a um co n ju n to dc artifícios bem c o n h eo d m ; um a m u­ dança dc lum inosidade ou a aproxim ação dc u n u j a r d a sáo artifícios usuais que justificam a valorização desentiva dc s e m , objetos e evpa ços; o ictrato p ode surgir p d a autocontctnplacào d a personagem num

espelho; a deam bulação de u n u personagem aparece m uitas vezes co- j

m o pietcxro verossímil para a dcvciição d o q u e essa personagem vê; I e tam bém , num caso por assim d i/er c.vtrcmo, é o narrad o r q ue fa / m enção dc conduzn o "le ito r” , assim propiciando um fragm ento des cr ii iv u: "A b ram o s íi p o rta d a antecãm arn onde estão, fechados por d c m io , o monge e sua irm à, c dcnvim os p o r esta estreita cvciula que fica íi nosva direita. Ucm, Estam os num a casa térrea. O lar com uni testo de b iasid o , aii o vemos daquele lado; um a b a n u i dc pinho IK) ire-.o da quadra |. . . |. O lhe o leitoi p a ra aquele recanto escuro. aonde mal chega a d a i idade quase crcpuicviiar d a c h am a/jn h a q u e dc vc/ eir q u an d o espirra no candeio d c ferro pendurado dentro d a cham iné fu ­

liginosa. N ão divisa lá o que quer q ue seja? um a jan ela aberta; umas

ad u fas alevantadas. um raio d e lu / d e estrela, q ue escapa por entre a rò iu la ? " (A . Ilercu lan o . O m o n g e d e Cister. I, p. 266-7).

Estos form as m ais o u m enos ingênuas d e m otivação encontram - sc rsireitan w n te relacionadas com a vigência de certos t;po» d c /o c o liltíÇüo (v.): n a / m a lnação o n iu irn le. e o n a n a d o r/c k e ro n c q ue

(26)

as-a i c p s c K t n x t i x ~ x o » M i 'N T A a

surnc a responsabilidade da descrição, situando-a fora d a tcmporalida- dc subjetiva da diegese; sc o foco narrativo reside num a personagem, a descrição c plasmada pela subjetividade dessa personagem. Adotem sc. como exemplos típicos das duas situações mencionadas, os seguin­ tes: a paradigmática descrição d a pensão Vauqucr. cm l.e père Goriot dc Balzac, minucioso inventário dc espaços, objetos c pormenores de­ corativos les ado a cabo por um n a n ad o i onisciente, a longa seqüência, no início dc L a Regenta d c Clarín, cm que um a personagem (Don Fcr- min dc Pas) contempla o espaço que sc observa d a torre d a Catedral, investindo-se assim na descrição uma carga psicológica considerável.

4. Em am bos os casos, a análise dos procedim entos descritivos

ad o tad o s terá cm conta as conexões q ue e possível estabelecer entre o agente q ue rege a descrição c o resultado final dc tal descrição, cm term os dc im plicação psicológica c dc p rojeção, sobre o enunciado, dc insinuações tcm ático-idcológicas. D o mesmo m odo, a descrição poderá ser relacionada com o u tro s aspectos d a construção d a n a rra ­ tiva e d a elaboração estilística do discurso: tendo em conta a sua even­ tual alternância com scqiicncias dom inadas pela dinâm ica d a narração, ohscrvando-sc as conseqüências, no plano d a velocidade (v.) tem po ra l, q ue advêm d a ocorrência d c descriçOes, evidenciando-se a prove- niência e as motivações ocultas das m arcas d c subjetividade (v. intrusão d o narrador) patenteadas pela descrição, etc.

B i M i o g r G e n e ite . G ., 1966: 152-63; B rooks, C . & W am kk. R. P ., 1972: 196-220; R obbe-G m uj-t, A .. 1975: 123-34; B ourneuf, R . & O iiEt.tcr, R .. 1976: 141 et seqs.; H am on, P ., 1976: id ., 1981: Bai,, M .. 1977: 89 et seqs.; id., 1981-1982: 100-48; B i-anchard, M . E ., 1980; Poétique, 1980; C k atm an , S., 1981a; CmvfcNKA, M ., 1982:

15-44; D íjx. T . A . van, 1983a; Im bfjit, P ., 1983: 95-122.

D ie ije s e

1. N a o b ra Figures I I l, G . G cncttc utiliza o term o r//t>£<wcomo sinônim o dc história (v.). Posteriorm ente, em N ouveau discours du récit, o au to r considera prcfcrivcl reservar o term o diegese p a ra d e­ signar o universo cspacial-tcm poral no qual sc desenrola a histórta.

2. O term o diegese fora já u tili/a d o por E. S ouriau no âm bito d c pesquisas so b re a narrativa cinem atográfica: neste contexto.

(27)

••D H > G f.S IX " 2 7

opunha-sc o universo diegético, locai d o significado, ao universo d o écran. local d o significantc fílmico. É exatam ente nesta acepção que G cnettc julga pertinente a transposição do term o diegese p a ra o d o ­ m ínio d a n arrativa verbal: diegese c e n tã o o universo do significado, o “ m undo possível” que enquadra, valida e confere inteligibilidade à história. A ssinale-se q ue a p artir d c diegese sinônim o d e história form aram -se outros term os (diegético, intradiegético, homodiegéti co etc.). hoje largam ente difundidos c consagrados pelo uso, term os que sc nos afiguram bem menos equívocos do que os eventuais a d je ­ tivos equivalentes form ados a p a rtir d e história. P o r isso, e apesar d a recente clarificaçâo defendida p o r G enette, pensam os que o s d eri­ vados dc diegese devem continuar a ser utilizados para referenciar o plano d a história.

B i b t i o g r . : G f n e t t e , G - , 1972: 71 et seqs.; id., 1983: 10-4. “ D iegesb"

V. Representação Discurso

1. O conceito de discurso 4 um conceito plural, utilizado quer no âm bito dos estudos lingüísticos, quer no âm bito dos estudos lite­ rários. N3o sendo este o espaço ap ro p riad o p a ia um a enum eração exaustiva das m últiplas acepções do term o, far-se-á apenas referên­ cia àquelas que d e algum m odo perm item esclarecer a sua introdução no cam po d a narratologia.

2. Assim, discurso pode designar um conjunto de enunciados que m anifestam certas p iopiiedades verbais cuja descrição se pode efetuar no q u a d ro de uma an álu e estilístico-funcional. íi nesta acep­ ção q ue se utiliza a expressão registros d o discurso (v.). D iscurso po­ de tam bém definir-se com o seqüência dc enunciados que globalm ente configuram um a unidade lingüística superior à frase. Ê nesta acep­ ção q ue o term o é utilizado p o r H arris. um dos prim eiros lingüistas a pro p o r o estudo das estruturas transfrásicas d a linguagem . no q ua­ dro de um a análise dlstríbucional. Investigações mais recentes reva­ lorizaram os problem as atinentes ã existência dc uma unidade lingüística superior à frase (designada por texto ou discurso), num a tentativa d e conccptualizar um nível d e análise irredutível, do ponto de vista sem ântico, a um a m era concatenação d c frases. O te x to ou

(28)

» u i w m w n j a i > i n « u »

discurso p t t u a ser defiaido como mü lodo, como m m unidade co-

niumcativa gloMracMc coerente Comidcrada c o a o proptlcsladc K- ■nAiv.tca do divc+rto, t coerência pmsupóe u m lógica dos coca- dcamcntos tramfrásicos • requer uma analise a nível macroestrutural

t%. m ocroeitm tura).

D isntru* i ainda utilizado m> senudo dc produio dc um a to dc enunciaçio: < o poruo dc vista dc llenvenistc, que crx ara o discurso como tr-acifeitnvlo da l<ngua na corT.unuaçtto efetiva entie ü \ b o b - b io i de um a com unidade, fi o a to de enunda<Ao que permite a apro- prtacAo indlvlduai da língua peio sujeito falara* c a sua corrsersfcn era discur.w. O discurso em ana de um locutor, d iriges* a orn alo ru tarío , facsska uma referência ao inundo e com porta marca» mais ou menos expbcna* da siiuaçáo cm que emerge. N ev a perspecti­ va, d i tn t n o opõe -se de algum m odo a áfagM*. sistema de sinais for mais qsac «6 se a tu a lu a quando assunbdo por um sujeito no ato de cauadaçflo.

As propostas dc Bcnvenxuc abriram novos bonzont** aos estu­ dos lingüístico*, pela m tto d u ç io do su jeito e da u tu a ç io o*s»o p arâ­ metros dacw vos na dctcrKAo da atividade sethal (v. e /tu * w* ■>»). Na eslcSrii dcaia abertura, encontra sc a coocepvio dc r/úoM D eom o enun­ ciado considerado em fuoçào das \uas condições de p ra d u ç io . Co<ti esta fonsuU cA o. P»ei.-nòe sublinhar se que o s locutores nilo são m e­ ros pólos de um ctfo-iio c o m u n ic a d o , mas u ra entidades suoadas num tem po histórico c num espaço sodoculrural bem defaudoa que coodtcionam o seu com porta/aento tingimt a> P or outras pala vias. o falante ocupa um dado “ lu « a r" num a certa conjuntura, e esse "lu gar” im p U a a emergência dc um contusco de filtros (a* form ações á n u n i v e ) que combesonam a sua atnsdadc discursiva, uscduitamcme regida por p a râ m e tro de ordem ideerfogica r sooocukural; dai qu« se afirm e que " o sentido de uma palavra, dc u n a etp ressâo . de uma propottcAo, etc.. afc>existe 'cm st mesmo’ (istoe. na sua rd a ç io trans- parente com a lu ra b d u d c do stgniflcante), asas e dcictm inado pelas poiHôes id co td fk as postas cm jogo no processo sócio h t v i i k o cm que palavras. expressóe* e peoposiçócs s*>> produzidas, (quer d i r a . icp io d u /x ias)” (PéciKv*. If? 5 : l**4L

N « b plano sensótico m ali geral, nâo co nfiaado às fronteira» da linguagem verbal, discurso t sinônim o de proertm t, englobando todas as organuacAea smtagmiticas que m aaifcszan c aluaHram qual­

quer sivtema de unais l aiar s e - a entâo de diw urso fflmsco. tcatiul.

(29)

W v m o a »

J F * narratolofM . o term o dacurso aparece geralmente «Jef» nido ca m o dom ínio autAnomo cm rd a çà o á AitM nc (v.). C om n u dm iaç*o concrpioal. pretende-*• d»», t tminar rnetodoioglcameote doit p U a u dc «utilisc d o temo m n i x i o plano do» conteúdos narrados ikiUAna) e o piano da o p m a o desse» m ev n o t c o n t a i * idm -ur v>), planos que, entretanto, d o e m ser entendido» como sendo c o tia

latos C . por m o , sustentando cnlrc a coaciO et de interdependência

No íiw i de narrativas oral» ou cacntas, o c/in w ao coincide coro o próprio m atrn.il »cthal que vocula a Im tória, o conjunto do» dc- mrMOt ImgüístKCH que a sustentam. 6 p o n m d estabelecer u a d o d e L * M o entre esta acepcAo dc d m m o n a m itv o c a concepção hen vemstianu dc d b m n o : dc fato. o discurso narrativo è o pro d u to do m o dc enunciaçào dc urc narradot (v. tu rro p io ) c dlrifc-ac. explícita

nu implicaamcnie, a um tttm iiá rlo (v ) , termo ncccMino de recep- ç lo da asensagem narrativa.

f ao nível d o á u tu rxoque sc detectam o» processos dc com po­

sição qwc individtiaiuam o m odo narrativo: d a b o ra ç io do tem po (v. ordem irrnpofuJ. frrq ü in cio t rtu tid a d e ),modalidade* dc re p ra c n t acIo dos d ife re n to vegmccio» dc inform ação dicgélica (* focatiza- çèo),caracterização da ir.viiacia rc»p»n-»>d pela n a r* * * o (v. »v>?). .ontiKiiracAo do espaco c d o retrato daa pm onagen* (v. drxcriçêo), constituem o» mais destacado» aspecto* da m an ife stad o do dixrur-

\o .m anifestarão csaa m dissnciivd do» « p e d f k e a conteúdos djegeti

co* qoc tncdlatamcnic a inspiram I amdu no n m d do iIik u tso que «c ativam os /rjrxisus (v.), no q uadro do fu ao o cam cn to r- .roessru- rural dos códigos estilmico*.

Im porta sublinhar aa «.orscqúcncia» qac daqui decorrem, no pia no o p craió n o A análise do dt»cur»o narrativo ucrl toniM tukla pr»* liu iiam e m e pela descrição doa ugaos têcnKO narrativos que estruturam os divcTsoa âmbitos compositivo* mencionados (p cx., j i » e p ro ltfn r . fo ia lliu ç á o attrrna e o n a n m te , etc. — * e u es terrsos); essa descrição cmiiplr^ar-sc-á, entretanto. m ediarte proce dunenios ope*atOrios que superem este estad*o dc referência predo m inantem ratr objetiva. T ratar »c A então nâo só de explicar a arllculacão orgAima do* v in o s eoiii[» orm et que integram o nivd dis­ cursivo. m as também dc m ten d er a «aa piojeçâo scsaistica, em fu a çAo da capedfica hàstá n t que o d ts n m o rep rese* » . a qual anl rtUI o prfciMfk) dc determ inados »ign«>* narrativos, cm detrim ento dc o u ­ tro*; assim »* em ende que uma aovcla policial r e u n iu a movimentos jnairpticos qu* UiKcm lu / sobre a« c ircu m tán o as etn q*»e ocoiieu

(30)

311 C O N C E I T O S F U N D A M E N T A S

o c rim c, ou q u e a a lte rn â n c ia d c d iv erso s p o n to s d c v ista rc ío rc c a a tm o sfe ra d c e m o ção e m istério q u e ne la sc p re te n d e criar.

4. A ssin ale-sc. p o r fim , q u e a n a rra to lo g ia p re te n d e d c aJgum

m o d o p a rtic ip a r n a ta re fa dc c o n stru ç ã o dc u m a lin g üística cio d is­ cu rso (o u te x to ), n a m ed id a cm q u e sc p ro p õ e e s tu d a r a sin tax e d os c n cad ca m cn to s tran sfrásico s d e u m tip o p eculiar d c textos. Sc as “ g ra ­ m áticas n a rra tiv a s ’' c o n stru íd a s n o â m b ito d o c stru tu ra iis m o francês sc p o d em c o n sid era r re la tiv a m e n te in fo rm a is c e m p íricas, d a s e sti­ m u la ra m , n o e n ta n to , p e squisas fe cu n d as n a á re a d a lin g ü ística do te x to , c h a m a n d o n o m e a d a m e n te a a te n ç ã o p a r a a existência d c m a- c ro estru tu ra s seq ü en cialm en te a rtic u la d a s .

B ib lio g r.: To d o r o v, T .. 1966: 126-51: G e n e i i e. G .. 1972: 71-267; Be n v e n i s t e, E ., 1974: 79-88: Pê c h e u x, M . . 1975: 127-66; Ma i n g u e n e a u, D .. 1976: 5-20; Ch a i m a n, S ., 1981; Br o u n, G . & Yu i£ . G .. 1983; S ilv a , A . e . 1983: 568-74 c 711-8; D u k . T . A . v an . 1985: 1-10. E d ito r

I . E m n a i T a r o l o g i a o co n ceito d c e d ito r n ã o sc c o n fu n d e com a e n tid ad e h o m ô n im a , responsável pela re p ro d u ç ã o c d ifu sã o d a o b ra literária, e o b je to d c estu d o , p o r exem plo, cm sociologia d a literatu ra. D c q u alq u er m o d o . o ed ito r d c q u e a q u i se tra ta n à o deixa d c te r alg u ­ m as sem elhanças funcionais com o e d ito r com erciai p ro p riam e n te di­ to . assim sc explicando a coincidência term inológica. C o m c f d to . d iam a -s e e d ito r d c um a n a rra tiv a à e n tid a d e q u e esporadicam ente a p a ­ rece n o seu p re âm b u lo , fa cu lta n d o um a q u a lq u e r explicação p a ra o ap arecim en to d o re la to q u e depois sc insere c dc c erto m o a o res- pon sab ilizan d o -se pela su a divulgação; trata-se, p ois. d c u m interm e­ d iário en tre o a u to r (v.) c o narrador (v .), in term ed iário que m antem com q u alq u er d o s dois relações m u ito estreitas. C o m o o b serva Ó . Tac- ca. o e d ito r p o d e ap arcccr n u m a g a m a m u ito v asta d c relatos: “ Dcsdc a fo rm a ep isto lar do s rom ances, a té àqueles cm q u e o a u to r sc a p re ­ senta c o m o m ero ‘e d ito r’ d c uns paiw is (en co n trad o s num d csv áo . n u ­ m a h ospedaria, n u m a fa rm á d a ); c dcsdc aqucJcs que (sem p a n id p a ç à o d o in term ed iário ) fo ram a p en a s ob}eto dc cópia fiel c cu id a d o sa , a te a o s q u e (a d m itin d o um a c crta p a iticip aç ã o ) fo ra m ‘tra d u z id o s’, ‘o r ­ d en ad o s’ o u ‘rccscritos’ pelo tia n s c r ito r " (T acca, 1973: 38).

Referências

Documentos relacionados

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos

4 Este processo foi discutido de maneira mais detalhada no subtópico 4.2.2... o desvio estequiométrico de lítio provoca mudanças na intensidade, assim como, um pequeno deslocamento

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Projeções até 2020 – Cenário do plano de ação No cenário do plano de ação, a evolução da procura de energia e das emissões de dióxido de carbono, até

Embora esteja cada vez mais bem documentada a magnitude da dispersão no meio ambiente de poluentes tóxicos produzidos pelo homem, poucas pessoas sabem que esses mesmos compostos

A Escala de Práticas Docentes para a Criatividade na Educação Superior foi originalmente construído por Alencar e Fleith (2004a), em três versões: uma a ser

AC AC TROMBONE II a VIII JLA JLA METAIS 4. AC AC

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários