Cláudio Rebelo
Centro de Congressos de Lisboa 6 Fevereiro 2016
Quando dar e
não dar Terapêutica
Hormonal?
Porquê?
A suspensão do braço de E+P
do estudo WHI em Julho de 2002
originou
uma
descida
de
70%
na
Prescrições Estrogénio e Est. + Progestativo
1999 - 22% das mulheres EUA
2003 -
29% Estrog.
59% E + P
2006 -
69% Estrog.
79% E + P
Glass AG, et al. “Breast cancer incidence, 1980-2006 (…)” J Natl Cancer Inst 2007;99:1152-1161
abrupta de 7% da incidência entre 2003 e
2004 nas mulheres >50A com manutenção
dos valores desde então
JAMA Outubro de 2013
From: Menopausal Hormone Therapy and Health Outcomes During the Intervention and Extended Poststopping Phases of the Women’s Health Initiative Randomized Trials
• North American Menopause Society
• American Society for Reproductive Medicine
• American Endocrine Society
• Academy of Women’s Health
• American Academy of Physician Assistants
• American Academy of Family Physicians
• American Association of Clinical Endocrinologists
• American Medical Women’s Association
• Asociación Mexicana para el Estudio del Climaterio
• Association of Reproductive Health Professionals
• National Association of Nurse Practitioners in Women’s Health
• National Osteoporosis Foundation
• Society for the Study of Reproduction
• Society of Obstetricians & Gynaecologists of Canada
5 pontos em que todos os “peritos“ concordam
1. Risco de Cancro da Mama
2. Riscos de Doença Cardiovascular e Trombótica
3. Mulheres mais jovens (inicio da menopausa)
4. Mulheres com sintomas moderados a intensos
5. Sindrome Genitourinario da Menopausa
1. Risco de Cancro da Mama
Nas utilizadoras de Estradiol + Progestativo
SEM AUMENTO DE RISCO nas utilizadoras de Estradiol
Risco desaparece com a interrupção da terapêutica
por 10 000 mulheres / ano
40 000 cancros invasores diagnosticados
entre 2001 e 2004 em 3 000 000 mulheres
caucasianas com idades entre os 45 e 74 A
29,5 casos (- 8.8%) – baixa redução TH E+P
51,4 casos (- 13.9%) – média redução TH E+P
89,2 casos (- 22.6%) – alta redução TH E+PTeoria da Evolução Clonal
Peter Nowell em 1976
Teoria da Célula Estaminal Maligna
Células Estaminais Mamárias são RE
-céls. progenitoras RE
+(20% das células epiteliais mamárias)
Efeito mitótico parácrino
que provoca
divisão celular
Lob
1e Lob
2Lob
3e Lob
4Puberdade, vida adulta, Nuliparas
Menopausa regressão para Lob1
apoptose maciça e remodelação ductal até
aos 40A com C. Est. gravidez
Uma 1ª gravidez < 30A diminui o nº de C. Est. e
torna-as + resistentes à transformação maligna
C. Est. quiescentes -
sensores hormonais com
cels. Progenitoras que activam as aromatases e
influenciam as céls. ductais
C. Est. Malignas
(CEM)Dividem-se
assimetricamente
produzem
um
clone estaminal e um progenitor que irá dar
todas as células do tumor
tecido anormal heterogéneo originado por C. Est.
doentes quase sempre RE - com progenitores RE + e
Progestativos reactivam as CEM’s
• CEM são ER- e PR- e originam progenitores ER+ e PR+
• Progestativos são fracos mitogénicos mas regulam a expressão da citoqueratina 5 (CK5)
CEM são CK5+ (0.1% do tumor) e portanto os seus progenitores PR+
em presença de progestativo expandem a sua população em 50 a 100x, regridem para CEM e assim “pool” CEM
Tumores mais jovens e pequenos são sensiveis a esta
reactivação estaminal mediada APENAS por
Obesidade e Angiogénese
1. Adipócitos promovem inflamação local de baixo grau com secreção pelos macrófagos de citoquinas angiogénicas
2. Céls. Est. adiposas se adicionadas a cél. Tumorais promovem o crescimento da massa tumoral mamária
3. Se adicionadas a vasos tumorais diferenciam-se em céls. Endoteliais e incorporam a trama vascular tumoral
Resultados
Mulheres com Bi-Rads 1 e 2 (de densidade) sem aumento do risco com utilização de TH com E+P e com ligeira do risco com uso de Estrogénio
Para a mesma densidade a utilização de TH eleva o risco (HR)
Bi-Rads 3: 1,22 (CI 1.16-1.27) e Bi-Rads 4: 1,38 (CI 1.25-1.50)
Resultados
(risco a 5 anos - cont.)Bi-Rads 4 - 55 a 59 anos
sem TH: 2,4% (CI 2.0 a 2.8%)
com E: 3,0% (CI 2.6 a 3.5%); com E+P: 4,2% (CI 3.7 a 4.6%)
Bi-Rads 4 têm um risco 1,7 vezes que as Bi-Rads 2 de terem um cancro em estadio avançado
2. Riscos Cardiovasculares e Dça. Trombótica
• Os Estrog + Progest. aumentam o risco de eventos coronários • Quer os Estrogénios quer os Estrog. + Prog. aumentam o risco
de AVC e de TVP/TEP
• Risco > aumentado com a utilização da via oral • Risco baixo nas mais jovens (50-59 anos)
2. Riscos Cardiovasculares e Dça. Trombótica
Risco não cumulativo que desaparece 1 ano após a suspensão da terapêutica
por 10 000 mulheres / ano
7 eventos dça. coronária 8 casos AVC
Kronos Early Estrogen Prevention Study (KEEPS)
Setembro 2005 – Julho 2012
Maio 2011
Riscos e Via de Administração
Riscos e Via de Administração
1. Mulheres jovens, sem antecedentes – Baixo Risco
2. Risco aumenta com:
• Idade, Obesidade, Tabaco • Fracturas e imobilização • Doença renal
• Trombofilias
Estes factores de risco NÃO SÃO RAROS História Clinica
3. Mulheres jovens (inicio da menopausa)
• Terapêutica hormonal é 1ª opção para tratar sintomas moderados a severos em mulheres saudáveis até aos 59 anos (10 anos após menopausa)
4. Sintomas moderados a intensos
• Sintomas vasomotores com interferência no quotidiano/actividade profissional
• Perturbações nos ritmos circadianos e sono • Quadros psicológicos/psiquiátricos
5. Sindrome Genitourinario da Menopausa
• Elevada prevalência (60 a 70%) • Dispareunia e Disfunção sexual
• ITU´s de repetição e Patologia pavimento pélvico • Baixas doses de estrogénio/estriol tópico
5. Sindrome Genitourinario da Menopausa
• Elevada prevalência (60 a 70%) • Dispareunia e Disfunção sexual
• ITU´s de repetição e Patologia pavimento pélvico • Baixas doses de estrogénio/estriol tópico
British Menopause Society (BMS)
Royal College of Obstetricians and Gynaecologists
1. Decisão individualizada com dose, regime, via de admnistração e duração com avaliação anual de prós e contras
2. Limites arbitrários na duração não devem ser instituidos. Se os sintomas persistem para lá dos 5 anos pode-se manter terapêutica com a correcta avaliação dos riscos anuais
3. Doentes com menopausa precoce (cirúrgica ou não) devem ser encorajadas a manter terapêutica hormonal até à idade média da menopausa
4. Terapêutica iniciada < 60 anos - bom perfil risco/beneficio
5. Se formos iniciar TH > 60 anos doses minimas e por via transdérmica
Quando
não dar T. Hormonal?
Contraindicações
1.Hemorragia vaginal de causa não diagnosticada 2.Doença hepática activa
3.Doença coronária 4.Trombose Venosa
Quando
não dar T. Hormonal?
Ponderação
1.Enxaquecas
2.História oncológica (mama, endométrio e ovário) 3.Hiperplasia ductal atipica da mama
Que Terapêuticas…
1. Apenas Estradiol/Estriol tópico nas mulheres que só apresentam sintomas de Sindrome Genitourinário da Menopausa
Que Terapêuticas…
2. Estradiol Oral / Transdérmico em baixa dose nas mulheres histerectomizadas
Que Terapêuticas…
3. Estradiol + Progestativo nas mulheres com útero
• Estradiol de baixa dose (2 / 1 ou 0,5 mg oral – 25 a 50ug trans.) • Preferir progesterona micronizada ou didrogesterona
Futuras Terapêuticas…
Futuras Terapêuticas…
1. Novos SERM´s (ospemifeno para a dispareunia)
Futuras Terapêuticas…
1. Novos SERM´s (ospemifeno para a dispareunia)
2. Androgéneos na diminuição da libido
Futuras Terapêuticas…
1. Novos SERM´s (ospemifeno para a dispareunia)
2. Androgéneos na diminuição da libido
3. Melatonina nas perturbações do sono e do humor 4. Controvérsia das Hormonas Bioidênticas
Individualizar
• Reavaliação clinica anual
• Ponderar manutenção da terapêutica após 3 a 5 anos
• Terapêutica até aos 50 anos nas menopausas precoces
N. Meltem Daysal
University of Southern Denmark and IZA, Bona
Chiara Orsini
London School of Economics
Conclusões
1. A Menopausa é uma fase multifactorial da vida da mulher com diversas implicações biopsicosociais
2. A pós-menopausa é assim uma oportunidade extraordinária para os profissionais de saúde e para as utentes para a promoção de saúde
3. Patologia Cardiovascular, Osteoarticular, Endocrinológica, Doença Oncológica (mama, colorectal, endométrio, colo do útero, vulva, ovário), SNC (depressão e demência)
Conclusões
4. Hábitos alimentares, actividade fisica, bem estar psicosocial e a sexualidade como mais valias na promoção da saúde na pós-menopausa 5. Terapêutica Hormonal como “mais uma arma” para tratar as doentes mais
sintomáticas e em idades precoces
6. Importância da idade de inicio, doses, tipo de progestativo e via de administração utilizada
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