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Boletim Academia Paulista de Psicologia ISSN: X Academia Paulista de Psicologia Brasil

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academia@appsico.org.br Academia Paulista de Psicologia Brasil

Formiga, Nilton S.

A Mensuração da Empatia: Propriedade Psicométrica da Consistência de sua Estrutura Fatorial Boletim Academia Paulista de Psicologia, vol. 33, núm. 84, enero-junio, 2013, pp. 41-52

Academia Paulista de Psicologia São Paulo, Brasil

Disponible en: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=94632386005

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Sistema de Información Científica Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal

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A Mensuração da Empatia: Propriedade Psicométrica da Consistência de sua Estrutura Fatorial

The Measuring of Empathy: Psychometric Property of Its Structural Consistency in Youth

La Mensurabilidad de la Empatía: Propiedad Psicométrica de la Consistencia de su Estructural Factorial

Nilton S. Formiga1,2 Faculdade Mauricio de Nassau

Resumo: A empatia refere-se a uma resposta afetiva, de origem evolutiva, mais apropriada à situação do outro do que à do próprio observador. Das muitas escalas encontradas no Brasil capaz de mensurar a empatia, é destaque a Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI) de Davis, a qual vem sendo adaptada no país e avaliada, repetidamente, quanto à consistência da estrutura fatorial. O presente estudo tem como objetivo verificar, a partir de uma análise de modelagem estrutural, a consistência da estrutura multifatorial de 643 sujeitos, do sexo masculino e do sexo feminino, de 12 a 70 anos que responderam a EMRI. Observaram-se indicadores psicométricos que comprovam a consistência da estrutura fatorial esperada, garantindo, mais uma vez, que a escala é capaz de mensurar a empatia nos adolescentes e adultos.

Palavras-chaves: empatia; análise estrutural; validade.

Abstract: Empathy refers to an affective response of evolutionary origin more appropriate to another’s situation than to the observer himself. Of the many scales found in Brazil capable of measuring empathy, the Multidimensional Scale of interpersonal Reactivity (EMRI) of Davis is highlighted, and is being adapted in this country and repeatedly evaluated as to the consistency of this factor structure. The present study aims to determine, from a structural modeling analysis, the consistency of the construct of empathy multifactorial structure in Brazil of 643 subjects, male and female, 12-70 years old who responded to the EMRI. Psychometric indicators were observed, that prove the consistency of the factor structure expected, ensuring once again that the EMRI is able to measure empathy in adolescents and adults.

Keywords: empathy; structural analysis; validity.

Resumen: La empatía se refiere a una respuesta afectiva de origen evolutiva más apropiada a la situación del otro de lo que la del propio observador. De las muchas escalas encontradas en el Brasil capaz de mensurar la empatía es destacada la Escala Multidimensional de la Reactividad Interpersonal de Davis; esta viene siendo adaptada

1 Doutor em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba; atualmente é professor no

curso de Psicologia na Faculdade Mauricio de Nassau. Endereço para contato: Avenida Guarabira, 133. Manaíra, João Pessoa, Paraíba, Brasil. CEP 58140-030 E-mail: nsformiga@yahoo.com

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en el país y evaluada de forma insistente cuanto a la consistencia de la estructura factorial de esta escala. El presente estudio tiene como objetivo verificar, a partir de una análisis de modelación estructural, la consistencia de la estructura multifactorial del constructo de la empatía en brasileños. 643 sujetos, del sexo masculino y del sexo femenino, de 12 a 70 años han respondido la Escala Multidimensional de Reactividad Interpersonal (EMRI). Se observa indicadores psicométricos que han comprobado la consistencia de la estructura factorial esperada, garantizando una vez más, que la EMRI es capaz de mensurar la empatía en los adolescentes y adultos.

Palabras claves: empatía; análisis estructural; validación.

1 - Introdução

O tema da empatia tem sido contemplado em muitas áreas da ciência, em geral, na Psicologia Social e da saúde. É devido à importância humana desse construto, especificamente, na área da ciência psicológica, que têm sido desenvolvidos estudos para melhor esclarecer sua conceitualização e aplicabilidade. Apesar de se encontrar uma quantidade significativa de escalas para mensuração da empatia, destaca-se o índice de reatividade interpessoal (Interpersonal Reactivity Index - IRI), proposto por Davis (1983), o qual se refere a uma medida multidimensional da empatia e que ainda é uma das escalas mais utilizadas para medir esse construto em sujeitos de outros países (Cliffordson, 2001; Perez-Albeniz e outros, 2003; Escrivá, 2004; DeCorte e outros, 2007; Kazmierczak, Plopa & Retowski, 2007; Formiga, 2012; Formiga e outros, 2012).

Hoffman (1991 e 2003) define e mantem o conceito de empatia como a capacidade que cada pessoa tem de colocar-se no lugar do outro, podendo inferir seus sentimentos e entendê-lo. Com isso, um sujeito empático é percebido como sendo capaz de experimentar vicariamente emoções sentidas por outra pessoa, adotar o ponto de vista do outro, compreender suas motivações e necessidades e atribuir-lhe atitudes e comportamentos, com o objetivo de prover - lhe ajuda, agregação, cuidado, justiça e solidariedade (Davis, 1983; Batson e outros 1995; Hakansson, 2003; Hoffman, 2003; Batson e outros, 2007; Sampaio, Camino & Roazzi, 2009; Sampaio e outros, 2011).

A escala desenvolvida por Davis (1983), atribui, quatro dimensões, as quais se organizam a partir de outras duas mais gerais, a saber:

- duas afetivas: 1) A angústia pessoal, que se refere a um sentimento de tensão e desconforto, frente às necessidade do outro, podendo gerar comportamentos de afastamento ao invés de comportamentos de ajuda; e a 2) consideração empática que diz respeito à capacidade de avaliar e sentir como o outro, de reconhecer os afetos e as necessidades dele, podendo inspirar-lhe simpatia e ajuda para com o outro.

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- duas cognitivas: 1) A tomada de perspectiva do outro, que se refere à capacidade mental voltada para a compreensão e coordenação de percepções do outro, visando a solução de conflitos interpessoais e sociais, e a 2) fantasia, que diz respeito à habilidade de identificar-se com personagens ficcionais em novelas, filmes e romances e sentir, junto com eles, uma adesão involuntária às condições afetivas de alegria, tristeza, raiva etc. (Sampaio e outros, 2011; Formiga, 2012).

No Brasil, essa escala tem sido utilizada com freqüência e, com ela, desenvolvido estudos tanto para avaliar a consistência da estrutura fatorial, quanto da influência dessa medida sobre outras variáveis (por exemplo, direito humano, desenvolvimento na concepção da justiça, o tipo de orientação cultural, etc.) (Sampaio, Camino & Roazzi, 2009; Formiga & Souza, 2012; Formiga e outros 2012).

Desde o pioneiro estudo realizado por Ribeiro, Koller e Camino (2002) com adolescentes brasileiros, para adaptação e validação dessa escala, revelando indicadores estatísticos confiáveis para a medida da empatia, outros estudos têm sido desenvolvidos tanto para avaliar a fidedignidade da IRI quanto para comparar a organização da estrutura fatorial. Esta, no estudo de Ribeiro e outros (2002) foi avaliada apenas com três fatores (tomada de perspectiva, consideração empática e angústia pessoal), corroborada por Formiga, e outros (2011) aplicou-a em amostra de jovens e adultos brasileiros, apontando em direção diferente da organização fatorial defendida por Davis (1983).

Considerando esse limite da mensuração, de três ou quatro fatores para avaliar a empatia, Formiga (2012) desenvolveu um estudo, através da análise fatorial confirmatória e de modelagem estrutura, procurando avaliar, justamente, a proposta trifatorial de Ribeiro e outros. (2002) e a tetrafatorial adotada por Davis (1983). Os resultados das análises revelaram que a escala com quatro fatores (consideração empática, tomada de perspectiva, angústia pessoal e fantasia) apresentou indicadores psicométricos bem melhores do que a de três fatores (consideração empática, tomada de perspectiva e angústia pessoal) proposta por Ribeiro e outros. (2002). Para Formiga (2012), esse fato não somente corrobora com a perspectiva teórica de Davis (1983), mas, também, revela a necessidade de se trabalhar com a empatia dentro da área imaginativa das pessoas, quando em situação de intervenção psicológica.

Desta maneira, a Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI), não somente pelo fato de que ela é capaz de contribuir para a compreensão do fenômeno da empatia (Sampaio e outros 2011; Formiga, 2012), mas que, também, tem condição psicométrica em sua mensuração. Vê-se então, a

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necessidade de se desenvolver estudo que avalie a consistência e acurácia da estrutura fatorial da escala em questão. É neste sentido que o presente estudo se propõe: verificar a consistência estrutural dessa escala com sujeitos brasileiros, de diferentes contextos amostrais obtidos na cidade de João Pessoa-PB. Para tanto, espera-se que não somente encontre semelhante estrutura na organização item-fator, mas também, que os indicadores estatísticos estejam próximos aos recomendados pela literatura estatística e aos estudos desenvolvidos no Brasil com essa escala, a fim de que sejam reveladas a consistência fatorial e a manutenção do construto da empatia em sujeitos brasileiros.

2 - Método 2.1 - Amostra

Um total de 643 sujeitos, do sexo masculino (42%) e do sexo feminino (68%), de 12 a 70 anos (M = 21,74; d.p. = 8,63) compuseram este estudo. Eles foram distribuídos entre o nível de ensino médio (209 sujeitos) e superior (260 sujeitos) de instituição privada ou publica e da população geral (174 sujeitos) procedentes da capital de um Estado nordestino. A amostra não foi probabilística, pois considerou-se o aluno que, consultado, se dispôs a colaborar, respondendo o questionário que lhe foi apresentado.

2.2 - Instrumentos

Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal de Davis – EMRI. Trata-se de um instrumento elaborado por Davis (1983) e adaptado, em sua versão

original, por Sampaio e outros (2011) para o contexto brasileiro e corroborado

por Formiga (2012) em sua versão completa, incluindo indicadores psicométricos aceitáveis que garantem a validação e fidedignidade da escala. O instrumento é

composto por 26 sentenças que descrevem comportamentos, sentimentos e características relacionadas à empatia, que são utilizadas para avaliar as seguintes dimensões desse constructo:

- Angústia pessoal (AP) - as sensações afetivas de desconforto, incômodo e desprazer dirigidas para o self, quando o indivíduo imagina o sofrimento de outrem (por exemplo: Perco o controle quando vejo alguém que esteja precisando

de muita ajuda. Fico apreensivo em situações emergenciais, etc.);

- Consideração empática (CE) - relaciona-se aos sentimentos dirigidos ao outro e à motivação para ajudar pessoas em necessidade, perigo ou desvantagens (Ex: Sinto compaixão quando alguém é tratado injustamente. Quando vejo que

se aproveitam de alguém, sinto necessidade de protegê-lo, etc.);

- Tomada de perspectiva (TP) - capacidade cognitiva do indivíduo de se colocar no lugar de outras pessoas, reconhecendo e inferindo o que elas pensam

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e sentem (Ex: Imagino como as pessoas se sentem quando eu as critico; Tento

compreender meus amigos imaginando como eles vêem as coisas, etc.);

- Fantasia (FS) – são duas subescalas: 1) a habilidade de se colocar no lugar de outras pessoas, tomando suas perspectivas e imaginando o que elas pensam ou sentem; 2) avalia a tendência de transpor a si mesmo imaginativamente, colocando-se no lugar de personagens de filmes e/ ou livros (Ex: Tenho facilidade

de assumir a posição de um personagem do filme. Depois de ver uma peça de teatro ou um filme sinto-me envolvido com seus personagens, etc.).

Cada uma dessas dimensões é composta, por uma quantidade específica de itens. Todos eles são avaliados pela escalas likert, que varia de 1 (não me descreve bem) a 5 (descreve-me muito bem). Escores mais altos indicam níveis mais elevados em cada uma das dimensões e a soma dos escores de todas elas é utilizada para calcular o nível global de empatia.

Além do EMRI foi utilizado um pequeno questionário para levantar alguns dados sociodemográficos como idade, sexo e renda econômica dos participantes.

2.3 - Procedimentos

Todos os procedimentos adotados nesta pesquisa seguiram as orientações previstas na Resolução 196/96 do CNS e na Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia (CNS, 1996; ANPEPP, 2000).

2.4 - Administração

Quatro colaboradores, com experiência prévia na administração do EMRI, foram responsabilizados pela coleta dos dados, e apresentaram-se nas salas de aula como interessados em conhecer as opiniões e os comportamentos dos alunos sobre as situações descritas nos instrumentos.

Solicitou-se a colaboração voluntária dos jovens no sentido de responderem um breve questionário. Após ficarem cientes das condições de participação na pesquisa, assinaram um termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi-lhes dito que não havia resposta certa ou errada. A todos foi assegurado o anonimato das suas respostas, informando que estas seriam tratadas em seu conjunto. A Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal de Davis – EMRI foi respondida individualmente.

Apesar de o instrumento ser auto-aplicável, contando com as instruções necessárias para que possa ser respondido, os colaboradores na aplicação estiveram presentes durante toda a sessão para explicar as eventuais dúvidas ou prestar esclarecimentos que se fizessem indispensáveis. Um tempo médio de 30 minutos foi suficiente para concluir essa atividade.

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2.5 - Análise dos dados

Quanto à análise dos dados, tomando como base o estudo de Sampaio e

outros (2011) e Formiga (2012) realizou-se a fatorial confirmatória, com o objetivo

de verificar se o modelo multidimensional, previamente elaborado por esses autores, ainda apresentaria indicadores aceitáveis quanto a sua estrutura fatorial. Considerou-se como entrada a matriz de covariâncias, tendo sido adotado o estimador ML (Maximum Likelihood). Sendo um tipo de análise estatística mais criteriosa e rigorosa, testou-se a estrutura teórica que se propõe neste estudo: isto é, a estrutura com quatro fatores. Esta análise apresenta alguns índices que permitem avaliar a qualidade de ajuste do modelo proposto (Byrne, 1989; Tabachnick & Fidell, 1996; Van De Vijver & Leung, 1997; Kelloway, 1998; Hair e outros 2005; Bilich, Silva & Ramos, 2006;). A seguir serão apresentados esses indicadores:

- O χ² (qui-quadrado) testa a probabilidade do modelo teórico se ajustar

aos dados: quanto maior o valor do χ² pior o ajustamento. Entretanto, ele tem

sido pouco empregado na literatura, sendo mais comum considerar sua razão em

relação aos graus de liberdade (χ²/g.l.). Neste caso, valores até 3 indicam um

ajustamento adequado.

- Raiz Quadrada Média Residual (RMR), que indica o ajustamento do modelo teórico aos dados, na medida em que a diferença entre os dois se aproxima de zero (Joreskög & Sörbom, 1989).

- O Goodness-of-Fit Index (GFI) e o Adjusted Goodness-of-Fit Index (AGFI) são análogos ao R² na regressão múltipla e, portanto, indicam a proporção de variância–covariância nos dados explicada pelo modelo. Os valores desses indicadores variam de 0 a 1, sendo que aqueles na casa dos 0,80 e 0,90, ou superiores, indicam um ajustamento satisfatório (Hair e outros 2005; Bilich; Silva & Ramos, 2006).

- A Root-Mean-Square Error of Approximation (RMSEA), com seu intervalo de confiança de 90% (IC 90%), é considerado um indicador de “maldade” de ajuste, isto é, valores altos indicam um modelo não ajustado. Assume-se como ideal que o RMSEA se situe entre 0,05 e 0,08, aceitando-se valores até 0,10 (Hair e outros 2005; Bilich; Silva & Ramos, 2006).

- O Comparative Fit Index (CFI) - compara, de forma geral, o modelo estimado ao nulo, considerando valores mais próximos de um, como indicadores de ajustamento satisfatório (Hair;Tatham; Anderson & Black, 2005; Bilich; Silva & Ramos, 2006).

- O Expected Cross-Validation Index (ECVI) e o Consistent Akaike

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a adequação de um modelo determinado em relação a outro. Valores baixos do

ECVI e CAIC expressam aquele com melhor ajuste (Hair e outros, 2005; Bilich;

Silva & Ramos, 2006).

3 - Resultados e discussão

Buscando atender ao objetivo principal deste estudo, empregou-se o pacote estatístico AMOS 16.0 para efetuar uma análise fatorial confirmatória. Testou-se assim, o modelo considerado, já observado pelos autores supracitados, isto é, o modelo muldimensional, o qual contempla quatro fatores que avaliam a Reatividade Interpessoal, esperando observar indicadores estatísticos próximos aos

encontrados por Sampaio e outros (2011) e Formiga (2012).

Para comprovar a estrutura proposta optou-se por deixar livre as covariâncias

(phi, ϕ) entre os fatores, revelando que os indicadores de qualidade de ajuste

para cada modelo se mostraram próximos às recomendações apresentadas na literatura (Byrne, 1989; Tabachnick & Fidell, 1996; Van De Vijver & Leung, 1997). De acordo com os registros obtidos nas análises na Tabela 1, o modelo multidimensional apresentou indicadores estatísticos que justificam a sua consistência da estrutura fatorial defendida pelos autores; sendo assim, o modelo multidimensional completo, aquele que contempla quatro fatores, proposto por

Sampaio e outros (2011) e confirmado por Formiga (2012), apresentou resultado

em seus indicadores que, além de estarem próximos aos previamente encontrados, comprovaram sua estrutura da escala da empatia.

Vale destacar que todas as saturações (Lambdas, λ) estiveram dentro do

intervalo esperado |0 - 1|, denotando não haver problemas de estimação proposta, com todas elas, estatisticamente diferentes de zero (t > 1,96, p < 0,05). Esses

Tabela 1 - Indicadores psicométricos da estrutura fatorial da escala EMRI em diferentes amostras

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resultados corroboram que a estrutura psicométrica composta por quatro fatores [Consideração Empática (CE), Angústia Pessoal (AP) e Tomada de Perspectiva (TP) e Fantasia (FS)] é fidedigna para se avaliar a empatia assumida pelas pessoas, independente, do seu contexto amostral. Estes fatores, por sua vez,

apresentaram lambdas (λ) associativos positivos entre si, os quais foram na

primeira amostra de 0.86 a 0.93, na segunda, observou-se uma variação de 0.56 a 84, por fim, a terceira amostra apresentou associações lambdas de 0.78 a 0.89. Vale destacar que, calculando os alfas de Cronbach, estes, variaram de 0.77 a 0.89.

A partir dos resultados da análise confirmatória, pode-se destacar que o EMRI, composto pelos quatro fatores, apresentou indicadores psicométricos que corroboraram com a estrutura fatorial de uma medida de empatia, a qual converge na direção dos resultados observados por Formiga (2012) quando avaliou a mesma escala em diferentes Estados brasileiros, revelando resultados aceitos pela literatura sobre análise de equação estrutural (Byrne, 1989; Van De Vijver & Leung, 1997; Hair e outros, 2005) garantindo a confiabilidade da estrutura fatorial proposta. Apesar da confirmação de tal estrutura psicométrica, optou-se por avaliar a relação dos fatores da empatia entre as amostras. Na tabela 2 é possível observar tanto a intrarelação quanto interrelação, tendo todas se correlacionado entre os mesmos fatores, os quais, foram avaliados em todas as amostras coletadas. Com isso, reflete-se não somente sobre a consistência relacional entre os fatores em si, de acordo com o encontrado na associação lambda da estrutura fatorial comprovada, mas, também, na direção convergente dos mesmos fatores inter-amostras, isto é, eles mensuraram as dimensões da empatia na mesma direção. O entendimento da consideração empática, angústia pessoal, tomada de

perspectiva e fantasia são semelhantes para os sujeitos do ensino médio, curso

superior e população geral.

Infere-se que os achados destacados neste estudo permitem concluir que os sujeitos estudados são capazes de reconhecer a empatia e que este construto poderá ser organizado através de quatro dimensões (consideração empática, angústia pessoal, tomada de perspectiva e fantasia). Um fato importante é que isso independeu do tipo de amostra coletada. A partir desses resultados, destaca-se que, houve consistência tanto interna quanto da estrutura fatorial da escala avaliada. Esta condição garante não somente sua multifatorialidade, quando se pretender avaliar o construto da empatia, mas também, a confiabilidade no uso desta escala em alunos do ensino médio e superior do contexto brasileiro.

De forma geral, tomando-se como base esses resultados, em relação ao construto em pauta, acredita-se na possibilidade de que o ser humano possa desenvolver um reconhecimento de uma situação e a preocupação com o outro,

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Tabela 2 - Convergência entre os escores correlacionais dos fatores da EMRI

agindo sob a óptica de uma ressonância interpessoal (Formiga, 2012); esta,

consecutivamente, permite gerar uma abertura no espaço interpessoal e

sócio-afetivo na relação do sujeito-objeto-sujeito-sociedade, tornando-lhe capaz de estimular, simular convicções, desejos, percepções e, especificamente, colocar-se no lugar do colocar-sentimento, pensamento e ação frente à outra pessoa (Sampaio e outros, 2011).

Desenvolver-se empaticamente, não somente contribuirá para uma sociedade com habilidades sociais mais sensíveis e cooperadoras, mas, também, para um melhor desenvolvimento do próprio sujeito quanto a sua estrutura e funcionalidade psicológica. Por outro lado, caminharia em direção contrária á exigida pela sociedade atual, a qual se encontra, segundo alguns autores cada vez mais (indivíduo e sociedade) na divulgação de espaços e práticas individualistas, camufladas com “preocupações” com os contextos sociais, grupos e pessoas, mas que, na maioria das vezes, visa apenas a si mesmo, prioriza o consumo e um utilitarismo pseudo-cooperativo entre as pessoas de forma que passam a ter os outros como produtos lucrativos das relações humanas e desconsiderando o bem comum (Dumont, 1985; Lipovetsky & Charles, 2004; Oceja & Jiménez, 2007;).

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Essa situação parece gerar uma espécie de contabilidade sócio-emocional, inserida em um espetáculo social, a fim de que se promova o sustento de uma imagem simpática e “legal” na busca de uma etiqueta, reconhecida apenas para os outros, como pessoa sensível e que se pode ‘contar com ela a qualquer hora’ para resolver os problemas; mas, apenas, seus problemas pessoais, mas que na realizadade, o que se busca é a resolução dos problemas pessoais.

Porém, ao considerar os resultados observados neste estudo, aponta-se na direção de que todos nós temos possibilidade de gerar uma disposição funcional para troca exposta, incondicionalmente, para o outro; bem como de assumir não apenas uma reverberação interpessoal de habilidades sociais para que todos possam partilhar, mas, vai mais além, estaria agindo sobre uma ética relacional, onde não somente se respeita e compreende o outro, mas, se inclui no campo do seus problemas, uma vez que se apresente uma atitude de abertura. Neste sentido, é possível que o comportamento, tanto de quem precisa de ajuda quanto daquele que ajuda (ou melhor, de quem empatiza) está disposto a, desdobrar os horizontes, reabrindo espaço para interação entre as pessoas (Depraz, 2005).

4- Conclusão

De forma geral, espera-se que o objetivo deste estudo tenha sido cumprido, principalmente, no que diz respeito às propriedades psicométricas da estrutura fatorial do instrumento avaliado, o qual poderá ser trabalhado não somente na ciência psicológica, mas, também, em outros espaços do conhecimento (por exemplo, o educacional, jurídico, etc). Todavia, mesmo com a consistência dos resultados obtidos nesta pesquisa, é necessário salientar campos com maior especificação do construto aqui abordado. Assim: avaliar a condição estrutural e desenvolvimentista (fazendo referência a idade e classe social) da empatia na dinâmica interna da família, aplicando o mesmo instrumento em pais e filhos. Ainda é importante reunir evidências da validade e precisão intra, inter e pan-cultural, a fim de avaliar a validade de critério, convergente e/ou divergente, bem como, conhecer a estabilidade temporal (teste-reteste) e política da empatia.

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