Introdução a sistemática e a origem
dos eucariotos
Profa. Silvia Mattos Nascimento Laboratório de Ciências Ambientais
CH3
Algas: classificação
• Grupo “ALGAS” é artificial, não é monofilético
• 11 divisões (segundo Van den Hoek et al., 2002)
Cyanophyta Prochlorophyta Glaucophyta Euglenophyta Cryptophyta Haptophyta Dinophyta
Heterokontophyta (Bacillariophyceae, Phaeophyceae, Chrysophyceae) Rhodophyta
Chlorophyta
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CH3 Dentre as divisões de algas, existem 2 de organismos procariotos. Glaucophyta é muitas vezes interpretada como um org. intermediário entre as cianobactérias e os cloroplastos de outras algas. As demais divisões são de org. eucariontes.
Como classificar os organismos?
• Diversidade biológica - diferenças entre os grupos de organismos é o resultado do processo de evolução.
• Os seres vivos não são entidades estáticas, mas se transformam ao longo de gerações sob influência do meio.
• A Sistemática tem como objeto a descrição dessa diversidade. A partir de comparações entre características observadas em organismos atuais e fósseis, os pesquisadores procuram estabelecer relações de parentesco e ancestralidade.
O que é taxonomia?
• O estudo científico da diversidade biológica e sua história evolutiva é chamado de sistemática
• Um aspecto importante da sistemática é a
taxonomia, ou a identificação, nomenclatura e classificação das espécies
Perspectiva histórica
• Linnaeus (1753) → “Species Plantarum”, descrição de várias espécies, introduziu o sistema binomial
• 3 reinos: Plantas, Animais e Minerais
• Introduziu sistema hierárquico (espécie, gênero, família, ordem, classe, reino)
• Sistema artificial (classificação baseada em
características morfológicas e com objetivo de auxiliar a identificação)
Perspectiva histórica
• Darwin (1859) → “A origem das espécies”
Diferenças e similaridades entre organismos
passaram a ser vistas como produto da sua história evolutiva ou Filogenia
Novo pensamento:
A classificação das espécies deve refletir
acuradamente as relações evolutivas entre as mesmas → Sistema natural
Perspectiva histórica, conceito de espécie
Tradicionalmente Classificação com base morfológica Espécie = morfoespécie Problema:Perspectiva histórica, conceito de espécie
Mayr (1957)
• Ênfase nas populações
• Organismos que se cruzam,”pool” de genes
• Genética de populações • Entrecruzamento Espécie Biológica • Isolamento reprodutivo espécie morfológica x biológica politípica
Perspectiva histórica, conceito de espécie
Uma espécie é o menor número de organismos que possuem pelo menos uma característica estrutural,
bioquímica ou molecular distintiva e unificadora
ME Biologia molecular
Inovação 1960-1970
Espécie filogenética ancestral comum Morfologia de ultra-estruturas
• A classificação
filogenética tenta dar nomes taxonômicos formais somente a grupos que são
monofiléticos
(compostos por um ancestral e todos os seus descendentes)
Monofilético
Parafilético (tem ancestral comum, mas não todos os seus descendentes)
(c) Polifilético (inclui membros que descendem de mais de uma linhagem ancestral
Fonte: Graham & Wilcox (2000) Espécie filogenética
Sistemática Molecular
Avaliação das relações filogenéticas:
• Sequências de aminoácidos de ≠s espécies
• Sequências de ácidos nucléicos de ≠s espécies • Sequências do RNA da sub-unidade menor do
ribossomo: evidências para os 3 domínios de seres vivos
• Sequências nucleotídicas do gene rbcL (DNA do cloroplasto): codifica a subunidade maior da
Evidência molecular: três grandes domínios
(1987-1990)
Eucariontes sem mitocôndria
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CH1 Comparação das sequências de RNAr
Os resultados de DNA dão mais apoio a essa divisão em 3 domínios de organismos e indicam que Archeae e Eukarya tem em comum um caminho evolutivo independente da linhagem de bacteria
Os animais, os fungos e as plantas constituem, cada um deles, um reino separado no domínio Eukarya. Os grupos restantes nos Eukarya pertencem ao reino Protista
Anabaena (Bacteria)
Methanothermus
(Archaea)
Eucariotos – Maior complexidade
• Compartimentação metabólica (organelas) • Citoesqueleto
• Sistema de mobilidade robusto (flagelo)
• Sistema de endomembranas (EN, RE, CG) • Reprodução sexuada
Teoria da endossimbiose
envolveu a captura e subsequente
(eubactérias) e
Evolução dos eucariotos
endossimbiose de células procariotas
Idéia antiga, Schimper (1883), e em 1905 por Mereschkowsky para a origem dos cloroplastos
Recentemente esta hipótese ganhou suporte em estudos realizados com RNAr
mitocôndrias e cloroplastos de eucariotos16S de procariotos
Origem dos eucariontes, mitocôndrias e cloroplastos
Possível cenário para a origem e evolução
Fonte: Matioli et al. (2001)
(bactéria púrpura) Protozoário fagotrófico aeróbico Eucariotos: quimeras produzidas pela combinação de diversos genomas dos eucariotos
• Qual a origem das algas?
• Característica unificadora:
Maioria é fotossintetizante
Diversidade das
algas e seus cloroplastos
nucleomorfo Fonte: Palmer (2003) Origem: Monofilética? Polifilética? Quantos eventos de endosimbiose?
Cloroplastos
CH5
• Possuem proteínas semelhantes aquelas de procariotos • Existem procariotos de vida livre com forte semelhança
estrutural, bioquímica e genética aos cloroplastos de algas da divisão Glaucophyta
• Possuem genoma próprio, semelhante ao de procariotos • Possuem RNA (ribossômico, transportador e mensageiro)
mais semelhante ao de procariotos
• Organela semi-independente, com capacidade de replicação
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CH5 Os cloroplastos, assim como as mitocôndrias, possuem características que dão evidências sobre a sua origem endossimbiótica
Evidências da origem simbiótica das organelas
• Organelas e suas funções estão presentes ou ausentes das células eucarióticas, não sendo encontrados intermediários • Presença de duas ou mais membranas ao redor destas
organelas cianobactéria eucarioto fagotrófico cloroplasto eucarioto fotossintetizante
onte para o núcleo do
Exemplo: Rubisco (em Chlorophyta e plantas superiores)
Evidências da origem simbiótica das
organelas
CO2+H2O+RUBP = 2 PGA
Rubisco
Genoma do cloroplasto sofreu redução (~10x), com transferência de genes do endossimbi
Endossimbiose secundária
Quando um eucarioto que adquiriu seu cloroplasto
por endossimbiose primária é englobado por um segun-do eucarioto
Voltando as algas ...
3 tipos básicos de pigmentação em eucariontes:
• “vermelho” (clorofila-a & ficobilinas)
• “marrom” (clorofila-a, clorofila-c e fucoxantina)
Endossimbiose primária: origem monofilética Eventos de endossimbiose secundária criaram as linhagens verde e vermelha Surge a clorofila-b
Origem monofilética dos cloroplastos
• Relações filogenéticas (RNAr 16S) entre cloroplastos e endossimbiose primária tem
•
envoltos por 2 membranas • Plastídeos de Glaucophyta
similar a de bactérias
• Eventos de endossimbiose secundária e terciária geraram cloroplastos complexos com
alguns casos com núcleo vestigial (nucleomorfo)
cianobactérias sugerem que os cloroplastos originados por
origem monofilética, tendo evoluído de um ancestral comum, uma cianobactéria
de Chlorophyta, Rhodophyta e Glaucophyta
apresentam uma parede celular
Plastídeos são
Principais eventos na evolução dos cloroplastos
endossimbiose terciária
cianobactéria
rhodophyta
cryptophyta dinoflagelado com endossimbionte cryptophyta
dinoflagelado com plastídeo derivado de cryptophyta
Aquisição de cloroplastos originados de uma cryptophyta por um dinoflagelado
Exemplo dos três tipos de cloroplastos encontrados em dinoflagelados:
(a)“típico”: peridinina, com 3 membranas, tilacóides em lamelas
(b) cloroplasto está contido em um endossimbiote Hete-rokontophyta reduzido, 4 membranas, fucoxantina, lamela periférica presente (c) cloroplasto está contido em um endosimbiote
Chlorophyta reduzido,
clorofilas-a & b mas não c, 4 membranas
Chlorarachniophyta – um caso particular
Chlorarachniophyta sãoprotistas unicelulares relacionados as amebas que adquiriram cloro-plastos por endossimbiose
(secundária) de uma alga verde. Cloroplastos contêm clorofila-a e –b, possuem 4 membranas e nucleomorfo nucleomorfo Chlorophyta ameba Chlorarachniophyta
de cloroplastos em Apicomplexa
inclui parasitas intracelulares como Toxoplasma e Plasmodium que possuem um plasto não fotossintético, possivelmente da linhagem
vermelha
Aquisição/perda
“Linhagem vermelha”
origem monofilética ou polifilética?
“Linhagem vermelha”, representada por
dinoflagelados, diatomáceas e cocolitoforídeos
(Haptophyta) se tornaram dominantes na flora dos oceanos nos últimos 250 milhões de anos
Que fatores contribuíram para o sucesso desta linhagem?
“Linhagem vermelha”
origem monofilética ou polifilética?
“Hipótese dos plastídeos portáteis” (Falkowski et al. 2004) - origem polifilética da linhagem vermelha
Plastídeos com maior número de genes teriam mais chance de sucesso em um transplante para um hospedeiro incipiente
Como a perda de genes do genoma do endossimbiote ocorre cedo na associação simbiótica
Plastídeos incorporados mais tarde teriam mais informações genéticas e seriam mais “transportáveis” (ex. Rubisco), o que
aumenta a probabilidade da linhagem vermelha ser transferida por endossimbiose secundária para uma variedade de hospedeiros
Endossimbiose Secundária
Linhagem vermelha polifilética?
Fonte: Falkowski et al. (2004)
Alveolados:
Dinoflagelados + ciliados + apicomplexa
“Linhagem vermelha”
origem monofilética ou polifilética?
Hipótese dos “Cromoalveolados” Keeling et al. 2004 -origem monofilética da linhagem vermelha
• Existem características morfológicas e bioquímicas que unem os cromistas e alveolados, incluindo a tipologia da membrana dos plastídeos, carboidratos de reserva, estrutura do flagelo e os pigmentos acessórios. Todos contêm clorofila-c!
• Duas proteínas que agem nos plastídeos, a glyceraldeído-3-fosfato desidrogenase (GAPDH) e a frutose-1,6-bifosfato aldolase (FBA) tem histórias evolutivas não usuais que são exclusivas dos
“Linhagem vermelha”
origem monofilética ou polifilética?
• Filogenias baseadas em genes dos plastídeos sustentam um clado contendo as cryptomonadas, heterokontes e haptófitas • Filogenias baseadas em proteínas citoplasmáticas e RNAr
indicam uma relação de grupos-irmãos entre alveolados (dinoflagelados, ciliados e apicomplexas) e heterokontes,
mas a posição de cryptomonadas e haptófitas ainda é incerta
Evidências para uma origem única e comum para esses organismos e seus plastídeos
• Associação temporária entre uma alga e um hospedeiro heterotrófico
• Ex: Myrionecta rubra e
plastídeos de Cryptomonadas
Associações simbióticas entre organismos autótrofos e heterótrofos são extremamente comuns na natureza
Vorticella Climacostomum Paramecium Acanthocystis
Carchesium
Opercularia
Hydra Chlorella é o organismo endossimbiôntico nesses exemplos
Fonte: Graham & Wilcox (2000)
Líquen Caloplaca saxicola
Formas simbiônticas de dinoflagelados em um tentáculo de coral
Outros exemplos de associações simbióticas entre um organismo
autotrófico e um heterotrófico são os líquens (fungo & alga) e as
zooxantelas (coral & alga)
Sequências do 16S DNAr dos plastídeos,
relações entre os plastídeos de algas
eucariotas e cianobac-téria.
Fonte: Graham & Wilcox (2000)
Teoria da endossimbiose: Suporte em filogenias
Sequências do SSU DNAr.
Refletem relações entre os núcleos
dos hospedeiros, e não entre
plastídeos (endossimbionte). Note-se:
1 - Glaucophytas, Chlorophytas e Rhodophytas não são grupos irmãos 2 – As cryptomonadas e Glaucophyta formam um clado
3 – Chlorarachniophyta é relacionado as amebas (que não tem plastídeos)
Fonte: Graham & Wilcox (2000)
Teoria da endossimbiose: Suporte em filogenias
Flagelos: origem endossimbiótica?
Margulis (1970) → Hipótese sobre a origem
endossimbiótica dos flagelos dos eucariotos, já que os corpúsculos basais dos mesmos
apresentam DNA próprio. Nesse caso, o
endossimbionte seria uma bactéria com flagelo (espiroquetas)
Mensagem para levar para casa
• A evolução dos eucariotos fotossitentizantes envolveu a captura e subsequente endossimbiose de uma
cianobactérias por protistas fagotróficos aeróbicos
• Ao longo do tempo, o endossimbionte foi incorporado
pela célula do hospedeiro e se transformou em organela (cloroplasto). Esse processo envolveu a redução do
genoma do cloroplasto e a transferência de genes do endossimbionte para o núcleo do hospedeiro
Mensagem para levar para casa
• Existem evidências moleculares para a origem monofilética dos cloroplastos originados por
endossimbiose primária, que evoluíram de um ancestral comum, uma cianobactéria
• Eventos de endossimbiose secundária e terciária geraram cloroplastos complexos com mais de
uma membrana e em alguns casos com núcleo vestigial (nucleomorfo)
Mensagem para levar para casa
• Cloroplastos de Glaucophyta, Rhodophyta e Chlorophyta são originários de um evento de endossimbiose primária
• Dinoflagelados: cloroplastos com pigmentos acessórios atípicos originados de eventos de endossimbiose
terciária
• Debate sobre a origem da linhagem vermelha: monofilética ou polifilética?