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Escola Secundária Francisco Manyanga. História Curso Nocturno. Texto de Apoio da 10ª Classe II Trimestre 2021

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Escola Secundária Francisco Manyanga

História – Curso Nocturno

Texto de Apoio da – 10ª Classe – II Trimestre – 2021

Aula nº 1: O Mundo Capitalista dos finais do Século XIX até finais da 1ª Guerra Mundial Os países capitalistas da Europa dos finais do Século XIX até finais da 1ª Guerra Mundial apresentavam um desenvolvimento económico desigual, formando dois grupos de países: os países mais industrializados e os países capitalistas menos industrializados. Os dois grupos de países estavam distribuídos da seguinte forma: a) Os países da Europa Ocidental e do Norte – possuíam um elevado desenvolvimento económico, já tinham realizado as suas revoluções industriais e participado com sucesso na corrida colonial. Ex. a Inglaterra, a França, a Bélgica e o Reino dos Países Baixos. A Inglaterra e a França possuíam um vasto Império colonial. b) Os países da Europa Meridional – Aprestavam um fraco desenvolvimento económico. Eram países agrários com velhas formas de produção feudal e de transição para o capitalismo. Ex. Impérios Centrais como Austro-Húngaro e Otomano, Alemanha, Itália e Rússia. Estes países não possuíam muitas colónias. Havia também outros países capitalistas fora da Europa, tal como os Estados Unidos da América e o Japão, que dominavam alguns territórios no mundo. Entre essas grandes potências capitalistas, exercia-se uma concorrência pela obtenção de matérias-primas, mercados para a venda de produtos manufacturados, assim como para o estabelecimento de esferas de influência (colónias), o que originou vários conflitos e rivalidades. Por exemplo: Na África do Sul, deu-se a Guerra Anglo - Boer (1899-1902); na América Latina, a Guerra Hispano-Americana (1898), entre os EUA e a Espanha; na Ásia, a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) e a Guerra dos Boxeres (1900) na China.

A supremacia das potências europeias e outras em relação ao resto do mundo justifica-se porque elas possuíam um desenvolvimento económico e tecnológico elevado e tinham realizado a revolução industrial. A sua população era muito elevada e nem toda ela estava empregada na indústria, pelo que teve que emigrar para outros continentes. Os avanços tecnológicos verificados na Europa, no Japão e nos EUA permitiram acumular riquezas disponibilizando recursos financeiros que permitiram investimentos fora da Europa. Este domínio político e económico do mundo por parte das grandes potências industrializadas europeias, dos Estados Unidos da América e do Japão sobre as regiões menos industrializadas, recebeu a designação de Imperialismo. Neste processo, cada potência fazia de tudo para proteger a sua economia da concorrência estrangeira, tomando diversas medidas, desde a limitação das exportações até ao incentivo da produção e consumo dos produtos internos ou nacionais. Alguns conceitos básicos São:

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a) Colonialismo – ocupação e domínio de um território do ponto de vista político, económico, militar e cultural, exercido por um Estado.

b) Imperialismo – política de expansão de um Estado, para dominar política e economicamente nações subdesenvolvidas e mais fracas.

c) Proteccionismo – doutrina económica que defende a intervenção do Estado na economia, através de um conjunto de medidas que procuram proteger a produção e o comércio nacionais, face á concorrência da produção estrangeira. Essas medidas podem ser a proibição ou a negação de determinadas importações, a concessão de privilégios às empresas industriais e comerciais internas, assim como uma forte política aduaneira que favorecesse as exportações e restringe as importações.

d) Zollverein – acordo de unificação aduaneira que uniu os Estados da Confederação Alemã desde 1834, até á proclamação do primeiro Reich, em 1871, cujo chanceler foi Vonn Otto Bismark.

e) Capitalismo Industrial – é a segunda fase do sistema económico capitalista, surgiu na Inglaterra no Século XVIII e foi instalado de forma hegemónica, no Século XIX, modificando o sistema de trabalho e da produção com o surgimento da maquinofactura e da máquina a vapor.

f) Capitalismo Financeiro – é a terceira fase do sistema económico, que começou a emergir a partir do século XIX. Caracterizou-se pelo desenvolvimento da banca e de grandes grupos empresariais.

Questionário 1.

1. Caracteriza os países capitalistas da Europa nos finais do Século XIX. 2. Quais são os dois grupos de países capitalistas europeus de acordo com o nível de desenvolvimento? 3. Que outras potências extra europeias dominavam alguns territórios no mundo? 4. Qual foi o resultado da concorrência imperialista entre essas potências? Dá alguns exemplos. 5. Justifica a supremacia (superioridade) dos países europeus e outros, em relação ao resto do mundo. 6. Defina alguns conceitos básicos do capitalismo colonialismo, imperialismo, proteccionismo, Zollverein, Capitalismo Industrial e Capitalismo Financeiro.

Aula Nº 2: Caracterização de alguns países capitalistas da Europa e do Mundo, Séculos XIX e XX. 1. Inglaterra - Era o berço da Revolução Industrial. Até 1900 era a 1ª potência industrial que abastecia o mundo em produtos têxteis. Possuía um grande império colonial; uma esquadra marítima que dominava os mares e controlava as restantes potências marítimas; possuía a maior produção industrial de carvão do mundo, com desenvolvimento do comércio e da banca. A sua produção baseava-se na indústria em

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prejuízo da agricultura. Por isso, importava todos os produtos agrícolas que necessitava a partir das colónias. A moeda Inglesa, a Libra era a mais forte que substituía o ouro no comércio.

Razões da supremacia inglesa: Foi pioneira na revolução industrial; Pioneira no desenvolvimento científico - técnico e inovação tecnológica; Uso da máquina a vapor e mecanização da produção fabril; Modernização dos transportes ferroviários e marítimos e a revolução agrícola; O consequente fortalecimento do sistema bancário inglês e sua moeda, a libra esterlina, sendo, no século XIX, a moeda de referência para as cotações financeiras internacionais; O tamanho da sua economia, visto que a Inglaterra tinha maior produto interno bruto (PIB) da Europa e do Mundo; Domínio de um vasto império mundial que proporciona grandes negócios aos agentes económicos britânicos; Preferência por parte dos agentes económicos de todo o mundo, dos principais bancos da praça de Londres; Racionalização e organização dos impostos sobre o trabalho industrial, o que lhe proporcionava altos níveis de produtividade.

Causas do declínio da supremacia económica da Inglaterra - a perda da sua hegemonia em relação à concorrência dos outros países, sobretudo da Alemanha que passou a produzir e a comercializar por todo o mundo vários produtos, invadindo o mercado inglês; Contradições internas entre a burguesia e a nobreza; Agravamento das condições de vida, desgraça e penúria da classe operária inglesa; a questão da guerra entre a Inglaterra e a Irlanda; A guerra Anglo-Boer e, a emergência do poder económico dos Estados Unidos da América.

2. Alemanha - A industrialização da Alemanha só se verificou por volta de 1840 e intensificando -se depois a partir de 1871, com a estabilização interna após a unificação territorial em 1871 e a vitória sobre a França na Guerra Franco-Prussiana. Os factores do desenvolvimento da Alemanha: imensas riquezas de carvão e ferro que lhe permitiram desenvolverem uma indústria pesada e uma indústria de guerra que ameaçava todo o mundo; crescimento demográfico; qualidade dos seus trabalhadores, método, disciplina e audácia; facilidades de créditos industriais política de cartéis que permitia a estabilização dos preços; facilidade dos transportes e comunicações; estabilidade política, pois, o parlamento ou Reichstag não tinha influência directa sobre o poder executivo; proteccionismo aduaneiro assente no Tratado de Zollverein, no fortalecimento do sistema financeiro, na aliança da indústria á ciência e no alargamento dos mercados externos pela expansão comercial e colonial. Tipos de indústrias da Alemanha - Desenvolveu-se uma indústria pesada do ferro e aço (siderurgia e metalurgia), extracção da hulha e de lenhite e produção do carvão. Indústria de construção naval e promoção da construção dos caminhos-de-ferro; indústria química e de electricidade. Com estas indústrias, a Alemanha constitui-se num forte rival industrial e comercial da Inglaterra, desenvolvendo uma forte concorrência. Por sua vez, em defesa, a

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Inglaterra desenvolveu medidas proteccionistas através do aumento das tarifas alfandegárias para todos os produtos Alemães que entrassem no território Britânico. Esta rivalidade económica entre a Alemanha e a Inglaterra constituiu a causa fundamental da 1ª Guerra Mundial.

3. Rússia - este país apresentava um sistema económico feudal e capitalista ao mesmo tempo. O poder concentrava-se nas mãos de um ditador, Czar Nicolau II. A Igreja Ortodoxa, a Polícia e o Exército constituíam os três pilares do seu regime, que protegiam, pacificavam as massas para melhor explorar. Cerca de 80% da população era rural, com uma agricultura atrasada e arcaica. A industrialização só veio a começar por volta de 1905 em algumas cidades.

4. Japão - Foi o primeiro país Asiático a modernizar a sua economia. Com estruturas arcaicas e feudais até meados do século XIX, conseguiu ultrapassar essas limitações sob acção do Imperador Mutsu-Hito da Dinastia Meiji (era Meiji ou era das luzes). Factores do desenvolvimento da indústria do Japão - o rei subordinou a aristocracia e unificou o país exaltando o orgulho nacional. O país saiu do isolamento e iniciou uma grande cooperação com o Ocidente, estimulou os investimentos estrangeiros e convidou técnicos ocidentais para formar os empresários japoneses, ao mesmo tempo que enviava bolseiros japoneses para se formarem nas Universidades francesas e inglesas. As principais indústrias do Japão foram: têxtil, construção naval, siderúrgica, de armamentos e química.

5. Estados Unidos da América - a partir de 1840, os Estados Unidos da América não eram uma grande potência industrial. A partir de 1900, os EUA passaram a ocupar um lugar na produção industrial mundial. Os factores da industrialização dos EUA foram: extensão territorial que proporciona uma abundância de recursos naturais; acelerado crescimento demográfico resultante da imigração europeia, com conhecimentos profundos sobre a industrialização; uma agricultura moderna e mecanizada e um mercado interno em constante expansão. Principais indústrias: têxtil, siderúrgica, metalúrgica, acompanhando a expansão dos caminhos-de-ferro, exploração mineira e química.

Questionário 2.

1. Caracteriza o desenvolvimento económico e industrial dos seguintes países: Inglaterra, Alemanha, Rússia, Japão e dos Estados Unidos da América. 2. Justifica o declínio do potencial industrial e a ascensão de outros países capitalistas.

Aula Nº 3: A formação das Alianças e Blocos Militares e os Primeiros Conflitos

Foram as diferenças nos níveis de desenvolvimento económico e industrial que produziram dois grupos de países. O grupo dos que tinham recursos económicos e financeiros e capitais, incluindo um vasto

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império colonial, e o grupo dos que não possuíam recursos económicos e capitais e tinham poucas colónias, pelo que desejava ter, mesmo que fosse por via da força armada. As relações entre os dois grupos de potências tornaram-se cada vez mais difíceis devido as seguintes razões: As rivalidades políticas e internacionais desde a partilha de África (Conferência de Berlim - 1884-1885); Colonialismo imperialista motivado pelas necessidades de industrialização; Nacionalismo exacerbado de algumas potências como a Alemanha (Pangermanismo), nos Balcãs, na França que pretendia recuperar a Alsácia e Lorena perdidas na Guerra Franco-Prussiana de 1870-1871; Concorrência económica entre as grandes potências industrializadas, sobretudo, a Inglaterra e a Alemanha.

Perante esta situação, e para se fortalecerem, as grandes potências formaram Alianças de acordo com os seus interesses: A Tríplice Aliança e a Tríplice Entente. Estes dois Blocos Antagónicos estavam assim constituídos: Tríplice Aliança: Reunia a Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. Tríplice Entente: Era composta pela França, Rússia e Inglaterra. A situação internacional veio a agravar-se com as crises que se seguiram: a crise Marroquina e a crise Balcânica.

A crise marroquina - nasceu de um choque de interesses económicos entre franceses e alemães. O seu território era relativamente rico em minerais e possuía jazidas de ferro e manganês e produtos agrícolas. Além disso, era visto como uma reserva de tropas e como um baluarte na defesa da Argélia. Assim, em 1904, a França entrou em acordo com a Inglaterra para estabelecer uma nova ordem no território.

A crise dos Balcãs - a questão balcânica colocou em campos opostos os países da tríplice Entente e os da Tríplice Aliança. A disputa pelos Balcãs – região entre os mares Negro e Adriático – iniciou-se no final do século XIX com o desmembramento do Império Otomano, que se encontrava em rápida desagregação. A intervenção imperialista internacional na região e as lutas nacionalistas dos diversos povos que faziam parte do império originário dos conflitos locais e internacionais. A primeira crise dos Balcãs foi a da Bósnia, em 1908, devido a resoluções do congresso de Berlim. Em 1878, as duas províncias balcânicas da Bósnia e da Herzegovina tinham sido colocadas sob condição administrativa da Áustria. A Sérvia também cobiçou esses territórios, pois duplicariam a extensão do seu reino e colocariam as fronteiras nas imediações do Adriático. Subitamente, em 5 de Outubro de 1908, a Áustria anexa as duas províncias, numa franca violação ao acordo do congresso de Berlim. Os Sérvios reagiram e apelaram à Rússia, dando assim a um confronto entre a Rússia e a Áustria-Hungria. A Áustria-Hungria entrou em conflito com Sérvia, pois pretendia anexar a área dos estreitos do mar negro e ter acesso ao mar egeu a partir do ponto de Salamina. Este plano impedia a Sérvia de estender a sua jurisdição sobre todos os povos da mesma etnia e cultura, os quais habitavam na Bósnia e na Herzegovina, de modo a garantir uma certa unidade nacional. A Áustria-Hungria entrava também em conflito com a Rússia, pois esta pretendia apoderar-se de

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Constantinopla, assim como dos estreitos do Bósforo e Dardanelos, a fim de garantir uma saída para o mar Egeu.

Como resultado de todos estes conflitos, a Europa viveu então um período de grande tensão, denominado “paz armada”. A Paz Armada significa um período de grande tensão, mas sem confrontação, mas ao mesmo tempo as potencias se preparam militarmente para uma confrontação armada. Nesse ambiente, qualquer incidente poderia levar a um confronto entre nações e activar o sistema de alianças. Foi o que aconteceu em Sarajevo (na Bósnia), 28 de Junho de 1914, quando o Arquiduque Francisco Ferrnando, herdeiro do trono do império Austro-Húngaro, e sua esposa Sofia foram assassinados por um estudante Sérvio. A Áustria-Hungria declarou guerra à Servia, e a Rússia apoiou a Sérvia. Desta feita, foi activado o sistema de alianças, levando a sucessivas declarações de guerra entre os países da Tríplice Aliança e Tríplice Entente. Era o início da 1ª Guerra Mundial. Em África, as rivalidades entre as potências pela partilha do continente deram origem á realização da Conferência de Berlim entre Novembro de 1884 e Fevereiro de 1885 em Berlim, capital da Alemanha.

As causas da Conferência de Berlim foram: Rivalidades entre as grandes potências pela partilha de África; As grandes potências desejavam, uma nova partilha de esferas de influência; As grandes potências rivalizavam-se pelo comércio no Congo, Níger e Zambeze; Rivalidades na definição de fronteiras coloniais; A Alemanha e a Itália que chegaram tardiamente na corrida colonial desejavam uma nova partilha colonial

Os países que participaram na Conferência de Berlim: Alemanha, Inglaterra, Franca, EUA, Rússia, Espanha, Portugal, Dinamarca, Noruega, Suécia, Turquia, Holanda, Áustria, Bélgica e Hungria. As decisões tomadas nesta conferência foram as seguintes: Liberdade do comércio na bacia do Rio Congo; Definição das fronteiras dos Estados Africanos; Reconhecimento do Estado do Congo Belga; Ocupação efectiva dos territórios coloniais.

Questionário 3.

1.Explica como surgiram as alianças e blocos militares entre os países capitalistas europeus. 2. Descreve os factores que contribuíram para a deterioração das relações políticas entre os países capitalistas europeus. 3. Identifica os blocos militares e os seus países constituintes. 4. Qual é o significado de “ Paz Armada”? 5. Descreva as duas grandes crises que agravaram a situação política entre os blocos: a crise marroquina e a crise balcânica. 6. Situa no tempo e no espaço a Conferência de Berlim. 7. Identifica as causas dessa conferência, os participantes e as decisões tomadas.

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Aula nº 4: O estabelecimento do sistema colonial em África (de 1885 até ao início da 1ª guerra Mundial)

Após a conferência de Berlim, e, 1884-85, implantou-se em África o sistema colonial. Portanto, este processo não foi pacífico; a resistência ao estabelecimento do sistema do sistema colonial em África foi um fenómeno generalizado em todo o continente, tendo sido para o efeito, usados todos os meios desde pacíficos até às guerras militares. Até 1935, o colonialismo estava implantado em quase toda a África. Ingleses, franceses, espanhóis, belgas, alemães e portugueses entre 1885 e 1935, conseguiram dominar territórios já anteriormente adquiridos e conquistar outros novos, recorrendo tanto à diplomacia como à acção militar e a processos económicos. A dominação colonial europeia provocou a fúria dos povos africanos, que nos começos do século XIX iniciaram acesas lutas de resistência em quase todo o continente. Na África Austral, por exemplo, para além das revoltas no sudoeste africano (Namíbia), eclodiu também a mais prolongada revolta de Moçambique, a de Báruè, de 1917. Existiam também outras resistências como as dos povos Xhosas, Zulu, Pedi, Venda e dos estados islamizados da costa. Depressa surgiram outras resistências, como as do Nandi, no Quénia, dos Bungadas, no Uganda, e do reino Daomé.

As revoltas no sudoeste africano (1904-1907)

O sudoeste africano (Namíbia) estava sob ocupação colonial alemã desde 1880. Alguns grupos étnicos resistiram ao domínio colonial: os Koisan, os Nama, os San, os Hereros e os Ovambos. Os Hereros e os Namas, chefiados, respectivamente, por Samuel Maherero e Hendrick Witbooi, impuseram forte resistência aos colonos e tropas alemãs que ocupavam a Namíbia. Um comerciante alemão, Frantz Luderitz, recebeu do seu governo a permissão para fazer acordos com os chefes africanos da área e comprar os seus territórios, o que provocou a resistência dos africanos. No entanto, as epidemias que assolaram esta zona de África contribuíram para enfraquecer as populações que deste modo, pouco resistiram à sucessiva ocupação de terras por parte de colonos europeus. Assim, com o avanço tecnológico do seu armamento, os alemães conseguiram subjugar os Hereros ao fim de algum tempo. Contudo, de qualquer modo, os Hereros deixaram um legado de luta contra a dominação colonial, de consciência cultural, histórica, racial e nacionalista, cuja tradição seria transmitida às futuras gerações de combatentes pela liberdade de toda a África Meridional.

A Resistência em Moçambique

Região Sul – as campanhas de ocupação portuguesa desta região iniciaram em 1895. Os portugueses enfrentaram o Estado de Gaza de Ngungunhane, os chefes locais da região de Maputo, como Mahazule e Nuamantibjana de Magaia e Zixaxa, tendo travado em 2 de Fevereiro de 1895 a batalha de Marracuene,

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conhecida por Gwaza Ntini. Outro chefe da resistência no sul foi Maguiguane, após a captura de Ngungunhane pelos portugueses. Região Centro – Nesta região destacou-se a revolta de Barué em Manica. Região Norte – Em Nampula, Cabo Delgado e Niassa, os moçambicanos ofereceram uma forte resistência contra a dominação colonial, tendo formado alianças militares. Destacaram-se os líderes como Molide Volay, Farelay, Kupula, Mataka e os Macondes de Cabo Delgado. Apesar da sua heroicidade, os africanos foram vencidos porque: os europeus tinham uma superioridade bélica (armas modernas, com armas tradicionais); não havia unidade e coordenação entre os africanos; reinavam as contradições que davam origem a traições e alianças ao inimigo.

Questionário 4.

1. De que formas se implantou o colonialismo europeu em África. 2. Que potencias europeias colonizaram a África. 3. Que interesses tinham essas potências em África. 4. Qual foi a reacção dos africanos perante a ocupação colonial. 5. Que formas de luta usaram os africanos. 6. Porque foram vencidos. 7. Identifica os líderes de resistência na Namíbia e em Moçambique.

Aula nº5: As formas de administração colonial em África

Para o estabelecimento da ocupação efectiva foram usadas pelas potências imperialistas, duas formas de administração: administração directa e administração indirecta.

Administração directa - A administração directa foi uma forma de governo em que os colonizadores estabeleciam uma máquina administrativa completamente trazida da metrópole, sem dar espaço à continuidade da estrutura tradicional preexistente, relegada a um plano secundário. Este tipo de colonização foi característico no nosso país, onde Portugal instituiu administradores coloniais europeus, desde o provincial até aos postos mais recônditos do país. A França foi também uma das potências que seguiu este tipo de administração nas suas colónias, tal como aconteceu na África Ocidental Francesa, composta por sete (7) países, designadamente: Senegal, Alto-volta (Burquina-Fasso), Mauritânia, Costa do Marfim, Niger, Guiné (Conacry) e Daomé. Na África Equatorial Francesa, que compreendia quatro países: Congo, Gabão, Ubangui-Chari e Chade; foi também apenas aplicada a pequenos territórios costeiros pelos franceses, nas “quatro comunas do Senegal” – Dakar, São Luís, Rufisque, Gorée (Goreia). Administração indirecta - Este tipo de administração aconteceu nos territórios onde as potências europeias conseguiram ter o poder através de tratados com estados africanos. Era caracterizada pela manutenção no poder das estruturas tradicionais e pela continuidade e respeito pelas normas da sociedade. A administração em posição subordinada. Porém, a antiga estrutura tradicional deixou de ser autónoma e passou a depender da potência colonizadora. Esta administração foi praticada pela Inglaterra. As colónias

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Inglesas em África que tiveram o mesmo tipo de administração foram: na África Ocidental (Serra Leoa, Gâmbia, Costa do Ouro e Nigéria); na África do Norte (Egipto e Sudão); na África Subsahariana (África do Sul, Zimbabwe, Zâmbia, Malawi, Botswana); na África Oriental britânica (Uganda).

Tipos de colónias: Colónias de povoamento ou de enraizamento - Neste tipo de colónias, o objectivo central era utilizar os espaços para alojar a população europeia excedente ma metrópole que, em muitos casos, incluía gente desprovida de terra ou de recursos financeiros. A esta população, uma vez fixada na colónia eram criadas na metrópole condições para colocá-la numa situação autóctone africana. Uma das vias utilizadas para a integração da população europeia foi a construção de colonatos. Em 1950 foram criados os colonatos de Inhambane, de Limpopo, e outros nos rios Rivué e Maputo, em Angónia e na Nova Mambone, entre outros.

Colónias de exploração ou de rendimento - Esta espécie de colónias existiu nos locais onde havia condições de exploração rentável dos solos e dos subsolos. Em muitos casos, a existência de diamantes, do ouro, da prata e do cobre, era sinal suficiente para definir se tais locais eram ou não próprios para a fixação de habitações dos colonos europeus. As colónias de exploração actuaram também nas Índias britâncas, Holandesas, na Indochina, África Negra em especial e em Madagáscar, onde se foram fixando plantadores, militares e funcionários administrativos.

Protectorados - Forma de governo colonial muito utilizada pelos britânicos, que tinha o objectivo teórico de “proteger” os estados e povos africanos dos colonos brancos. São territórios com uma administração colonial directa. Nestes territórios a autoridade é mantida de forma intacta, sem haver qualquer interferência da metrópole. Os regimes tradicionais, geralmente monarquias, continuam a exercer a sua actividade controladora, mas são agora protegidos pelas suas metrópoles e os chefes tradicionais são tidos como súbditos das coroas metropolitanas. Os países africanos que passaram por este tipo de regime foram: Egipto, Malawi, Swazilândia, Lesotho, entre outros.

Questionário 5.

1.Identifica as formas de administração e caracteriza cada uma delas, dando exemplos. 2. Identifica os tipos de colónias, caracteriza-os e da exemplos.

Aula nº6: As formas de exploração económica: o papel das companhias monopolistas

Instalada a administração colonial, passou-se á fase seguinte, o aproveitamento dos espaços, a exploração da riqueza e a utilização da mão-de-obra africana nos projectos coloniais. Uma das formas de exploração económica imposta pelo colonialismo em África e, em Moçambique em particular, foi a implantação das Companhias Monopolistas, que eram Sociedades que detinham o monopólio de certos produtos, com o

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qual obtinham muito dinheiro, o qual pretendiam investir para aumentar os seus lucros. A estas companhias foram atribuídos poderes totais de exploração das colónias. Eram concedidos vários territórios africanos para explorar pelos seus próprios recursos, em nome das potências colonizadoras. Os Britânicos usaram o sistema das Companhias Monopolistas na Rodésia e na Nigéria, através da (BSAC), fundada pelo agente imperialista Britânico Cecil Rhodes em 1887. Por sua vez, a Imperial British East Company (IEAC), operou em regioes como Quenia e Uganda. Operaram igualmente companhias como a Royal Níger Company, a Deutsche Ostafrikanische Gesellschaft, a Companhie de Congo pour le Commmmerce et L’Industrie, entre outras.

As Companhias Monopolistas em Moçambique

Portugal foi um país colonizador de fraco poder económico, não conseguiu ocupar e administrar Moçambique sozinho por falta de capitais. Por isso, concedeu poder a algumas Companhias Majestáticas/Monopolistas para proceder a exploração colonial. Essas companhias eram associações de capitais de diversas nações, como Ingleses, Alemães, etc. Assim, forma criadas duas grandes Companhias Majestáticas e uma grande Companhia Concessionária.

Companhia Majestática de Niassa - foi fundada em 1891 e encerrada em 1929. Ocupava os territórios das províncias de Cabo Delgado e de Niassa. Companhia Majestática de Moçambique - Foi fundada em 1892 por Joaquim Carlos Paiva de Andrade e encerrou em 1942 quando o seu contrato não foi renovado. Ocupava os territórios de Mania e Sofala. Companhia Concessionária da Zambézia - Fundada em 1892, ocupava territórios das actuais províncias de Zambézia e Tete.

Outras Companhias sem direitos Majestáticos, fundadas também em Moçambique, foram, Companhia de Borror (1898); Companhia do Açúcar de Moçambique (1890); Sena Sugar Factory (1910); Sena Sugar States (1920); Societé Du Madal (1904) e Empresa Agrícola do Lugela (1906).

Formas de exploração nas companhias - As populações deviam pagar diversas formas de impostos, como: o mussoco ou imposto de palhota; cultivo de culturas obrigatórias, trabalho forçado – xibalo, venda da força de trabalho para os países vizinhos como África do Sul, Rodésia do Sul, Rodésia do Norte, ou seja, trabalho migratório. Direitos das Companhias - Monopólio do comércio; exclusividade de concessões mineiras e de pesca ao longo da zona costeira; direito de colectar impostos e taxas; direito de construir portos e vias de comunicação; privilégio bancários e postais, incluindo a emissão de selos e moedas e direito de transferência de terras em favor de pessoas individuais e colectivas. Deveres das Companhias - Pagar 10% dos dividendos e 7,5% dos lucros líquidos totais ao governo português; devolver o território á administração portuguesa, uma vez expirado o contrato; a sede da Companhia

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Majestática devia ser fixada em Lisboa; o corpo administrativo da Companhia devia ser maioritariamente português, etc. Questionário 6.

1. Identifica as formas de exploração económica usadas nas companhias. 2. Justifica porque razão as companhias monopolistas usaram as companhias para a exploração do nosso país. 3. Menciona as companhias que exploraram o território de Moçambique e as respectivas províncias. 4. Quais eram os direitos e os deveres das companhias.

Aula nº 7: As consequências da ocupação efectiva

Consequências para a Europa: Conflitos como a guerra Franco-Prussiana e a guerra Russo-Japonesa, que espelham bem os sentimentos imperialistas; o avanço tecnológico dos europeus permitiu-lhes ocuparem e dominarem os territórios que pretendiam; o sector industrial dos países europeus obteve novos mercados entre os países ocupados, novas fontes de produção; houve um enriquecimento por parte dos países dominantes, à custa do trabalho das populações nativas; a ocupação incentivou as tensões pelo domínio do território africano e asiático, como por exemplo, a Guerra Anglo-Boer, as rivalidades entre Portugal e a Inglaterra devido a intenção portuguesa de conquistar o território entre Moçambique e Angola (Mapa-Cor-de-Rosa), contra a pretensão britânica de construir um caminho-de-ferro ligando o Cabo ao Cairo no Egipto.

Consequências para África – No Plano Político: Durante o período da ocupação efectiva, não se desenvolveram guerras éticas; constituíram-se novas fronteiras, artificiais, que dividiram povos, tribos, culturas, surgiram novas fronteiras, com o objectivo de dividir povos para reinar; surgimento de um novo sistema judiciário e uso das línguas europeias na justiça; surgimento de uma nova classe de funcionários administrativos africanos; perda de autonomia e independência dos Estados africanos, assim como a autoridade africana perdeu seu valor;

Consequências para África – No Plano Económico: Construção de infra-estruturas físicas, como aeroportos, portos, caminhos-de-ferro, estradas. Pontes, hospitais, escolas, instalação de telégrafos e do telefone, no entanto, essas infra-estruturas só respondiam as necessidades do colonizador e não da população africana; descoberta e inicio da exploração de recursos naturais em Moçambique; introdução de culturas de exportação para satisfazer as necessidades das indústrias europeias, como o café, algodão, tabaco, sisal, etc. Foram combatidas as actividades artesanais; introdução da monocultura e alteração de hábitos alimentares das populações; trabalho forçado, xibalo, que tiveram como efeito o abandono da população das suas zonas de origem; exportação da mão-de-obra para as zonas de plantações e minas, para a construção dos portos, caminhos-de-ferro, pontes, cidades, etc. Descriminação racial e social na distribuição de riquezas e bens; etc.

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Consequência da ocupação efectiva para Moçambique

A nível económico: Intensificação das trocas comerciais; produção agrícola para o mercado; recrutamento de mão-de-obra para a África do Sul e para a Rodésia; organização de uma economia dirigida, exclusivamente para a satisfação das necessidades das metrópoles; integração de toda a população na economia capitalista; integrou vastas áreas e sectores populacionais no mercado de trabalho capitalista; violência do xibalo e do trabalho forçado.

A nível político: Modificação das estruturas e dos espaços políticos da comunidade camponesa; nova divisão política administrativa do país com a perda da autoridade tradicional, surgimento de circunscrições, postos administrativos, etc.

A nível Cultural e Ideológico: Abalo dos valores culturais, adaptação de valores culturais europeus, como a língua, música, tradições, usos e costumes; racismo, descriminação social; assimilação; proliferação de várias religiões e de igrejas; imposição da Igreja Católica como parceira do Estado Colonial; atraso na escolarização dos Moçambicanos; etc.

Questionário 7.

1. Descreve as consequências da ocupação efectiva para a Europa e para a África. Aula nº 8 e 9: A primeira Guerra Mundial, 1914-1918.

A primeira Guerra Mundial teve início no dia 28 de Junho de 1914 e durou até 11 de Novembro de 1918, com a rendição alemã. A Tríplice Aliança - Alemanha, Áustria e Itália e a Tríplice Entente - França, Inglaterra e Rússia. Mais tarde, integraram-se vários outros países, como os Estados Unidos da América que se aliaram á Tríplice Entente. Causa imediata para o início desta guerra - A causa imediata deste conflito foi o assassinato de Francisco Fernando e sua esposa Sofia, príncipe do império austro - húngaro, durante sua visita á Sarajevo (Bósnia - Herzegovina), no dia 28 de Junho de 1914. Na sequência deste incidente, o império austro-húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Servia com relação ao crime e, no dia 28 de Julho de 1914, declarou guerra à Servia.

Causas gerais que desencadearam a Iª Guerra Mundial - A partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade do século XIX, gerou muitos desentendimentos entre as nações europeias; A concorrência económica entre os países europeus acelerou a disputa por mercados consumidores e matérias-primas. Muitas vezes, acções economicamente desleais eram tomadas por determinados países ou empresas (com apoio do governo); A questão dos nacionalismos também esteve presente na Europa pré-guerra. Além das rivalidades (exemplo: Alemanha e Inglaterra), havia o pangermanismo e o

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eslavismo. No primeiro caso era o ideal alemão de formar um grande império, unindo os países de origem germânica. Já o pan-eslavismo era um sentimento forte existente na Rússia e que envolvia também outros países de origem eslava; A luta pela posse do novo mercado e, as rivalidades territoriais e coloniais (zonas de influencia); Procura de matérias-primas; antagonismo político - militar

Etapas ou fases da 1ª guerra Mundial 1914-1918

1ª Etapa: guerra de movimento (Agosto a Novembro de 1914); 2ª Etapa: guerra de trincheiras (Novembro de 1914 a 1918); 3ª Etapa: retorno à guerra de movimento, ofensivas finais (Março a Novembro de 1918). A guerra de 1914 – 1918 foi mundial porque afectou directa ou indirectamente quase todas as regiões do mundo. Nesta guerra, quase toda população europeia se mobilizou. Além disso, o seu de duração e as técnicas usadas, nomeadamente, os submarinos, os aviões, os gases asfixiantes e as armas pesadas.

Descrição das etapas da primeira guerra mundial

A 1ª etapa chama-se guerra de movimento, caracterizou-se por uma guerra rápida: guerra relâmpago” onde as tropas alemãs queriam vencer primeiro a França na Frente Ocidental para depois combater a Rússia. O contra-ataque dos aliados na batalha de Marne travou a ofensiva alemã. Por isso, os soldados começaram a cavar trincheiras e colocar redes de arame farpado para defender as posições ocupadas. A 2ª etapa - Guerra de trincheiras foi a mais longa entre Novembro de 1914 e Março de 1918. Durante este período, os soldados viveram nas trincheiras passando o frio, a chuva, o vento, lama e os ratos, para além do perigo constante do fogo e dos ataques do inimigo. As batalhas desenvolveram-se principalmente em trincheiras. Nos combates também houve a utilização de novas tecnologias bélicas como, por exemplo, tanques de guerra e aviões. Enquanto os homens lutavam nas trincheiras, as mulheres trabalhava

nas indústrias bélicas como empregadas. Esta fase é caracterizada por inovações nos armamentos,

como canhões, aviões, submarinos e gases asfixiantes; pelo alargamento dos combates para quase todo o continente e ainda o desencadeamento de grandes batalhas mortíferas, como Jutlândia, Verdum e Somme. Nesta fase, os EUA entraram no conflito em Abril de 1917 pela simpatia com os ingleses, uma vez que a

maior parte da população americana são ingleses. Também queriam salvar o comércio entre eles e a

Europa, uma vez que os submarinos alemães destruíam navios de carga no atlântico provocando perdas enormes na marinha mercante americana. Através do Tratado de Brest Litovsk, a Rússia abandonou a guerra entregando vastas regiões ricas em petróleo e minérios.

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3ª Etapa – o retorno de guerra de movimentos – as grandes ofensivas finais (Março – Novembro 1918): Em 1918, trava-se a fase decisiva da guerra. Os exércitos em luta retomam a guerra de movimento, lançando grandes e quase ininterruptos ataques durante longos meses. Esta fase conhece períodos distintos na frente ocidental: Entre Março e Julho, os alemães concentraram as suas forças na frente ocidental, na expectativa de decidir a guerra antes da chegada maciça das tropas americanas. Então, desencadearam desesperadas ofensivas no nordeste da França. Mas, apesar de importantes sucessos, não obtiveram resultados decisivos. A partir de Julho, os exércitos aliados, agora reforçados com soldados e carros blindados americanos, lançaram contra-ofensivas e destroçaram as linhas inimigas no Marne (2ª Batalha do Marne), obrigando-as a recuar até a derrota final. A Bulgária foi vencida pelas tropas aliadas e assinou um acordo a 29 de Setembro de 1918; A Turquia, face aos ataques ingleses, capitulou a 30 de Outubro; a Áustria foi derrotada pelos Italianos e rendeu-se a 3 de Novembro. A Alemanha vencida pelos aliados assinou o tratado de rendição de Rethondes na França a 11 de Novembro de 1918.

Porque é que os africanos participaram na Primeira Guerra Mundial A e como participaram - A África participou na 1ª Guerra Mundial porque no momento do seu início, 1914, todo o continente estava sob domínio das grandes potências. Os africanos de várias nações serviam nas tropas aliadas, tanto nas frentes de combate, como na qualidade de auxiliares. Mais de 1 milhão de soldados africanos participou nas campanhas militares na Europa. Homens, mulheres e crianças foram recrutados e serviram como carregadores. As tropas africanas combateram não apenas no continente, como também na Frente Ocidental e no Médio Oriente.

Como é que os africanos eram recrutados para a guerra - Forma voluntária – os africanos ofereciam os seus préstimos livremente em troca de salário, sem menor pressão externa; cidadãos africanos aceitavam participar na guerra para ganhar a cidadania francesa; O serviço militar obrigatório foi instituído na África Oriental Inglesa para o recrutamento de soldados e carregadores, por decreto de 1915. Como terminou a 1ª Guerra mundial? R: Em 1917 ocorreu um fato histórico de extrema importância: a entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA entraram ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos comerciais a defender, principalmente com a Inglaterra e França. Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados tiveram ainda que assinar o Tratado de Versalhes que impunha a estes países fortes restrições e punições.

Consequências gerais da guerra mundial

Um confronto armado de tamanha dimensão territorial e destrutiva no mínimo deixa graves consequências ao chegar ao fim. Com a corrida armamentista já instalada a guerra só proporcionou o forte

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desenvolvimento de armamento militar, como tanques, aviões e bombas. Nos danos causados a população pode-se citar que nove milhões de pessoas, entre civis e militares com idade entre 20 e 40 anos, foram dizimadas e o número de feridos atingiu a marca dos inacreditáveis 30 milhões. A guerra não só arrasou a Europa como criou uma taxa assombrosa de desemprego por conta da completa falta de estrutura no continente devido aos longos combates, o que gerou uma crise financeira também alavancada pelos gastos exorbitantes de cunho militar.

Consequência para África - A nível demográfico: Mais de 150 mil soldados e carregadores perderam a vida na 1ª guerra mundial, muitos outros ficaram feridos e mutilados. Mas por outro lado, com a propagação da gripe por todo o continente entre 1918-1919, devida ao repatriamento dos soldados e carregadores, a guerra causou a morte de inúmeros civis africanos.

A nível Social - Onde a guerra se desenrolou, deixou um conjunto de destruições materiais, contudo, dada a participação dos africanos na guerra, os seus horizontais se abriram a ponto de nascer a ideia de recuperar a sua soberania. Além disso intensificaram-se as reivindicações como consequência da participação dos africanos na administração das novas entidades política impostas pelos europeus.

A nível político - Em muitas regiões africanas, a guerra favoreceu o despertar dos movimentos nacionalistas e uma atitude crítica da elite culta, em relação ao poder colonial. O desenvolvimento dos nacionalismos em África obrigou os regimes coloniais a estabelecerem varia reformas.

A nível económico - Com o impacto da guerra, verificou-se a queda dos preços dos produtos agrícolas africanos, uma vez que o seu maior mercado (Europa) estava em crise, em contra partida, aumentáramos preços dos produtos manufacturados vindo da Europa.

Consequência da guerra para a Europa - A Alemanha teve seu exército reduzido, sua indústria bélica controlado, perdeu a região do corredor polonês, teve que devolver à França a região da Alsácia Lorena, além de ter que pagar os prejuízos da guerra dos países vencedores. O tratado de Versalhes teve repercussões na Alemanha, influenciado o início da Segunda Guerra Mundial. A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortes, o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias, além de gerar grandes prejuízos económicos.

A nível económico: As despesas da guerra juntam-se ás destruições provocadas pelo conflito (casas, quintas, fábricas, vias de comunicação); Decréscimo da produção; encarecimento do custo de vida (inflação; Desvalorização da moeda; Redução de mercados.

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A nível Social: A inflação atingiu particularmente as classes trabalhadoras. As dificuldades económicas provocam o desemprego e a miséria. Eclodiram conflitos sociais e greves apoiadas pelos sindicatos em luta por melhores salários e regalias sociais.

A nível demográfico: O forte decline demográfico e o resultado mais evidente do conflito mundial. Dai o decréscimo da natalidade, o envelhecimento da população e a redução da mão-de-obra.

A nível político: Os tratados de paz elaborados pela conferência de Paris modificam a carta política da Europa; os grandes impérios alemães, austro-húngaro e otomano são desmembrados e dão origem a vários estados independentes.

Questionário 8 e 9

1. Situa no tempo e no espaço a primeira guerra mundial. 2. Identifica a causa imediata da Primeira Guerra Mundial. 3. Quais foram as causas gerais da Primeira Guerra Mundial. 4. Descreve as etapas da primeira guerra mundial. 5. Que razoes explicam a entrada dos Estados na guerra e a saída da Rússia nessa guerra. 6. Justifica a participação da África na Primeira Guerra Mundial. 7. De que forma a África participou na guerra.

Aula 10: Os tratados de paz

Em Versalhes, França, foi realizado o tratado de Versalhes (1919). Este importante encontro estabeleceu que: A Alemanha era a única culpada pela guerra; por ter causado a guerra, os alemães teriam de pagar indemnização aos vitoriosos (Inglaterra e França); o exército alemão ficaria limitado ao máximo de 100 mil soldados (numero significativamente baixo); a partir de agora os alemães estavam proibidos de produzir armas e munições; os territórios conquistados durante a guerra seriam perdidos; as colónias alemãs foram repartidas entre os vencedores; a Alemanha foi obrigada a reparar os danos materiais da guerra aos países vencedores; estava proibida de se aliar á Áustria ou a outros territórios cuja população era de origem germânica; foi desmilitarizada a região da Renânia; a região da Alsácia-lorena foi reincorporada à França.

Além do Tratado de Versalhes, outros Tratados foram assinados com os vencidos

Saint Germain com a Áustria (Setembro de 1919); Acordo de Trianon com a Hungria em Junho de 1920 para o desmembramento do Império Áustro-Húngaro; Acordo de Neuilly com a Bulgária em Novembro de 1919 e o Acordo de Sévres com a Turquia em Agosto de 1920, pondo fim ao Império Otomano.

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Questionário 8 e 9.

1. Situa no tempo e no espaço o Tratado de Versalhes. 2. Que medidas punitivas foram tomadas pelo Tratado de Versalhes contra a Alemanha. 3. Quais foram os outros Tratados de Paz assinados para alem do Tratado de Versalhes.

Aula 10: Sociedade das Nações (SDN) e os seus objectivos

Objectivos da criação da Sociedade das Nações (SDN): A SDN foi um projecto criado pelo presidente Wilson, na Conferencia de Paz de 1919 e concretizado em Abril de 1919, com a sede em Genebra na Suíça. Os seus objectivos eram: Preservar a paz e independência política entre os Estados membros; desenvolver a cooperação entre as nações; garantir a paz e a segurança; manter relações internacionais com base na justiça e honra; observar rigorosamente as prescrições do direito internacional; respeitar os tratados nas relações mútuas dos povos organizados; garantir protecção das minorias nacionais; controlar durante 15 anos o território de Sare até a realização de um plebiscito que decidisse seu destino; organizar o desarmamento geral, sendo a Alemanha o primeiro a faze-lo; criar um sistema de tutela para as várias colónias Alemãs perdidas pelo Tratado de Versalhes; promover a cooperação económica, financeira, social e cultural entre as nações.

Aula 11: A Revolução Russa – antecedentes internos (situação económica, social e política) As causas da Revolução socialista de Outubro de 1917

A revolução socialista de Outubro na Rússia, teve como causas, as difíceis condições económicas, sociais e políticas que a população russa vivia antes de 1917. Por exemplo:

A nível económico: 80% da população vivia da agricultura e a mesma não tinha terra, pois, a terra pertencia ao Estado, a Nobreza e a Igreja; a agricultura era atrasada e pobre, usando técnicas tradicionais; a indústria era pouco desenvolvida e só se situava nas grandes cidades, como Sampetersburgo, Ucrânia, Moscovo e nos Urais; os transportes eram insuficientes, o que dificultava o desenvolvimento da economia; o desenvolvimento do capitalismo era fraco.A nível social: Havia grupos sociais privilegiados, como a nobreza e o clero, e outros sem privilégios, como os camponeses. O clero e a nobreza ocupavam cargos importantes, tinham muitas terras, enquanto os camponeses e operários eram vítimas da exploração e tinham que pagar impostos e rendas. Trabalhavam longas horas, sem descanso, sem férias e baixo salário. Tinham uma vida miserável. Por isso, criou-se um clima de agitação. A nível político: O governo era ditatorial, com poderes ilimitados do imperador Czar; O poder era despótico e tinha como pilares (suportes), a Igreja Ortodoxa, a polícia e o exército; não havia liberdade de expressão. Havia dois

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partidos: Os KD – Constitucionais Democratas e os Socialistas Revolucionários. Depois apareceu o POSDR – Partido Operário Social Democrático Russo que se subdividiu em: Bolcheviques (Maioria) e Mencheviques (Minoria).

Aula 12: Revolução de 1905 – Causa, decurso e significado.

Os antecedentes da Revolução Socialista de Outubro de 1917 - Antes da Revolução de 1917, houve dois grandes acontecimentos: a guerra russo-japonesa de 1904-1905 e a manifestação de 1905, conhecida por “Domingo Sangrento”. Estes acontecimentos aceleraram a revolução de 1917. Entre 1904 e 1905, a Rússia e o Japão entraram em guerra. A Rússia, mal equipada, foi derrotada. Em consequência da guerra, as condições de vida do povo agravaram-se, o que causou manifestações de operários e camponeses. No dia 22 de Janeiro de 1905, o povo, cansado da vida miserável que vivia, dirigiu-se para o Palácio imperial de Inverno, para exigir o seguinte: pão, paz, liberdade, direitos iguais e eleições por sufrágio universal. Em resposta, o povo foi recebido a tiro. Muitos manifestantes foram mortos. A data ficou assim conhecida por “Domingo Sangrento”. Medidas tomadas pelo imperador Czar depois da revolução de 1905:estabelecimento de uma Assembleia Nacional, a Duma, a quem competia fazer as leis; prometeu direito de voto ao povo e de organização sindical. Na prática, estas medidas não funcionaram, daí que surgiu a revolução de 1917. A Revolução de Fevereiro de 1917 – As etapas da Revolução Socialista de Outubro; a passagem da revolução burguesa de Fevereiro á revolução socialista de Outubro de 1917 1ª Etapa: Revolução Burguesa de Fevereiro de 1917 - As causas desta revolução foram as seguintes: A participação da Rússia na 1ª guerra mundial, que aumentou as dificuldades sociais e económicas do povo, a fome, a miséria e a morte de muitos soldados na guerra; as reivindicações nas cidades devido a subida dos preços dos produtos alimentares; a carência de alimentos; a inflação e o desemprego. O povo exigia Pão, Paz e Terra. Depois de um conjunto de greves e manifestações populares dirigidas pelos sovietes, o imperador Czar foi derrubado e foi estabelecido um governo provisório apoiado pela Burguesia. Daí o termo revolução Burguesa.

Medidas tomadas pelo governo provisório: Instituição de uma democracia parlamentar; continuação da Rússia na 1ª Guerra Mundial; Restabeleceu a pena de morte no exército. Para além de não ter devolvido a terra aos camponeses. Face a estas medidas, as manifestações populares continuaram, o governo provisório foi contestado pelos sovietes-bolcheviques, liderados por Vladimir Ilitch Lenine, exilado em Zurique na Suíça. Em Abril de 1917, Lenine regressou do exílio e tomou importantes medidas para os bolcheviques, que ficaram conhecidas como Teses de Abril, como por exemplo: Lenine apelava aos bolcheviques a lutarem contra o governo provisório; os soldados a abandonarem a guerra e regressarem para as suas casas; lançou uma campanha a favor da nacionalização e colectivização de toda a economia

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russa e a ditadura do proletariado, a plicando-se o Marxismo; nega a participação da Rússia na guerra, considerando-a como uma guerra imperialista; etc.

2ª Etapa: A Revolução de Outubro de 1917 - Esta etapa da revolução surgiu porque o governo burguês que tomou o poder em Abril de 1917 não conseguiu satisfazer as exigências da população russa, como: a terra, o fim da guerra e o melhoramento das condições de vida. Assim, após uma onda de protestos e manifestações contra o governo provisório, este foi derrubado em 24 de Outubro de 1917 e os bolcheviques tomaram o poder lideradas por Lenine. Surgiu assim um novo regime político e social, o Socialismo. Para dirigir o governo revolucionário, o Congresso dos Sovietes designou o Conselho dos Comissários do povo, presídio por Lenine, com Trotsky no comissariado da guerra e Estaline no comissário das nacionalidades. Assinou com a Alemanha o Tratado de Brest Litovsk para o fim da guerra, embora com pesadas indemnizações (perdeu os domínio que reivindicava na Polónia, na Ucrânia, as províncias bálticas e a Finlândia; perdeu ¼ da sua população e das suas terras cultiváveis, ¾ das minas de ferroe de carvão).

Aula 13: A formação da URSS, as etapas da construção do socialismo na Rússia e importância da Revolução Russa.

A Formação da união das Repúblicas Socialista Soviéticas (URSS)

Tendo em conta que a Rússia era um imenso território habitado por diferentes povos de línguas, culturas e tradições diferentes, era urgente que o novo regime criasse uma constituição que integrasse todos os povos. Assim em 1918, foi instituída a 1ª constituição Federal da Rússia ou seja, a Rússia como uma federação dos Estados Soviéticos. Em 1922, foi criada a 2ª constituição, a formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS, constituída inicialmente pelas seguintes nações: República da Rússia, Transcaucásia (Arménia, Geórgia, Azerbaijão), Ucrânia e Bielorrússia, Uzbequistão, Turquemenistão, Cazaquistão, Khorsen, Bukara, Turquenémia, Kazákia, Kirguize, Letónia, Estónia e Lituânia.

A construção do socialismo na Rússia - O objectivo final da revolução Russa era a construção do socialismo, que, segundo os dirigentes russos, traria o bem-estar para toda a população. Assim, a partir de 1918, seguiram-se três etapas da edificação do socialismo na Rússia, nomeadamente:

1ª Etapa: Comunismo de guerra, 1918 – 1921 - Medidas tomadas pelo governo: aterra passa para os camponeses; os bancos e as fábricas foram nacionalizados; foi criado o exército vermelho para defender as conquistas e combater a guerra civil; os vários partidos foram abolidos e criou-se um Estado de partido único; fim do antigo regime; perseguição aos opositores do novo regime estabelecido e, requisição de

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alimentos aos camponeses para alimentar as cidades. Porém, as medidas tomadas pelo governo no Comunismo de Guerra não deram os resultados esperados. A fome, a miséria, o decréscimo da produção industrial e agrícola deram origem a greves e manifestações populares. Por isso, o governo abandonou o comunismo de guerra e adoptou uma nova política.

2ª Etapa: A Nova Política Económica (NEP), 1921-1928 - Medidas tomadas: Agricultura (comércio livre de produtos; introdução de um imposto pago em géneros); Indústria (a industria pesada continua nas mãos do estado, enquanto a ligeira é privatizada; os artesãos podem vender o que produzem); Comércio (regresso á economia monetária; os bancos permanecem nas mãos do estado; aceita-se o investimento estrangeiro).Ao contrário do que aconteceu com o Comunismo de Guerra, a NEP trouxe resultados satisfatórios. Porém, devido a propriedade privada, cresceram os Khulaks (burguesia rural) e os Nepmen (homens de negócios, comerciantes e industriais), contrários ao modelo socialista. Por isso, para corrigir a situação, passou-se para uma nova etapa:

3ª Etapa: O Socialismo num só país, 1928 – 1934 - Medidas tomadas: Colectivização e planificação da economia. Estabelecimento de Planos Quinquenais. Criação de cooperativas de produção, os Kolkhozes e quintas do Estado, os Sovkhozes. Foram criadas estações de máquinas agrícolas e tractores, MTS que podiam ser alugadas pelas cooperativas. Com estas medidas, foi possível a industrialização da Rússia.

Importância e significado da Revolução Socialista de Outubro de 1917

O Mundo dividiu-se em dois blocos ou sistemas: o Socialismo e o Capitalismo; A Revolução Russa influenciou o Movimento operário Mundial pelas ideias de liberdade e autodeterminação dos povos e independências; Serviu de exemplo para todos os povos oprimidos do mundo; Mostrou o caminho a seguir para acabar com o capitalismo e a exploração nos países dominados

Aula 14: O desenvolvimento sociopolítico de alguns países depois da 1ª Guerra Mundial, o caso dos EUA.

Situação geral da Europa depois da 1ª guerra mundial

Quando a guerra terminou, a maior parte dos países da Europa que estavam envolvidos no conflito estavam totalmente fragilizados. As suas economias estavam totalmente destruídas, a indústria, a agricultura, o comércio, as estradas, pontes, caminhos-de-ferro, comunicações, etc., estava quase tudo paralisado. Reinava uma crise causada pelas destruições. A inflação monetária era aguda e quase todas as moedas tinham perdido o seu peso real. De um continente próspero antes de 1914, no final de 1918 era no entanto um grande devedor e dependente dos Estados Unidos. Durante a guerra, os EUA ofereceram á

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Europa ajuda material, maquinarias, alimentos e muito mais. Desta forma, sua economia conheceu um grande crescimento durante a guerra.

Os Estados Unidos da América, de 1914 até 1929

Durante a guerra, os EUA passaram de devedores da Europa para credores, tornando-se na 1ª potência económica mundial. A indústria de guerra proporcionou aos EUA um grande desenvolvimento de extracção mineira, da produção do aço e da construção naval. A produção do ouro aumentou enormemente, tendo os EUA em 1919, metade do stock mundial deste material. Também as indústrias químicas, metalúrgicas e automóvel se desenvolveram imenso. O território americano não foi atingido pelos combates. Os americanos beneficiaram de um crescimento económico durante o período do conflito. Eles forneciam aos países beligerantes da Europa, matérias-primas, maquinarias, armamentos, géneros alimentares e produtos fabricados, fazendo destes seus devedores. Deste modo, entre 1922 e 1929, o crescimento económico nos EUA acelerou.

A “era da prosperidade nos EUA”1923-1929

O desenvolvimento dos EUA entre 1923 e 1929 traduziu-se fundamentalmente, num Boom industrial, comercial e financeiro. Os historiadores deram o nome de “Era da Prosperidade”. Esta prosperidade económica ficou a dever-se, em grande parte, aos novos métodos de produção em massa e de organização do trabalho – Taylorismo e Fordismo. Para além dos novos métodos de produção, o crescimento económico dos EUA esteve também relacionado com o sistema de concentrações empresariais ou monopólios. A concentração industrial levou a formação de Trusts e de Holdings, como a United StatsSteelCorporation – Grupo Morgan. Várias sociedades financeiras (as holdings) constituíram-se nesta época, com o objectivo de controlarem importantes empresas e os respectivos mercados; Alargaram-se os mercados internos e externos e estimulou-se o consumo através do aumento dos salários e da expansão do crédito e de mais-valias dos investimentos da bolsa. A indústria automóvel foi a que revelou mais crescimento devido ao aparecimento de grandes Trusts, como a Ford, a Cheysler e a General Motors, em Detroit. Este crescimento acelerado da economia proporcionou a melhoria das condições de vida da população. Com o aumento dos salários, as compras foram facilitadas através das vendas a crédito e estimuladas pela publicidade. Grande parte da população americana passou a dispor de carro, electrodomésticos, de rádio e de telefone e a sentir-se atraída pelos divertimentos: cinema, jazz, dança, vida nocturna, jogo de casino e desporto. Foi criada uma sociedade de consumo em massa. Este aumento de rendimento dos norte-americanos permitiu que ao longo dos anos 20 se estabelecesse o chamado “american way of life”, que se caracterizava por um grande aumento da aquisição de automóveis, electrodomésticos, produtos industrializados e bens imóveis. Houve uma vaga especulativa muito intensa,

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estimulada por capitais flutuantes europeus, principalmente da Grã-Bretanha. Os EUA passaram a ser responsáveis por quase 50% da produção industrial mundial e criaram uma situação de emprego, encontrando-se 98% da população activa empregada e uma taxa de desemprego de 2%.

Aula 15: O desenvolvimento sociopolítico de alguns países depois da 1ª Guerra Mundial, o caso da Alemanha e da Itália.

O desenvolvimento da Alemanha - A nível político - Depois da derrota da Alemanha, o imperador Guilherme II refugiou-se na Holanda. Foi proclamada a República e as liberdades democráticas. Decretou-se a amnistia aos presos políticos e instaurou-se o dia de trabalho de 8 horas. Durante os anos que se seguiram, o governo democrático deparou-se com vários problemas que acabaram com a dissolução do regime em 1934. Esses problemas estavam relacionados com a crise económica mundial de 1920-1933 e o aparecimento de regimes fascistas na Europa, particularmente do Nazismo na Alemanha. A nível económico - De uma forma geral, no final da 1ª guerra mundial, a economia dos principais países capitalistas da Europa, como a Inglaterra, França, Alemanha, Itália e outros, ficou totalmente fragilizada. No caso da Alemanha, devido às medidas do Tratado de Versalhes, o país perdeu 75% das suas reservas de minérios de ferro e 25% das reservas de carvão. A sua situação financeira estava bastante penalizada pelo pesado fardo das reparações. A quantidade da moeda era 5 vezes superior a de 1914, provocando a inflação.Com a entrada de capitais estrangeiros, sobretudo americanos, britânicos, holandeses e suíços, a reconstrução industrial foi muito rápida. Em 1926, tinha-se recuperado o nível produtivo anterior á guerra, apesar da perda dos territórios coloniais. Quanto a agricultura, a extensão da superfície cultivada era inferior a de 1913, pelo que a Alemanha necessitava de importar produtos agrícolas básicos. As exportações alemãs diminuíram no pós-guerra.

O desenvolvimento da Itália

A nível político - Depois da Iª guerra mundial, a situação económica e social da Itália era bastante precária. A moeda encontrava-se muito desvalorizada e a inflação fustigava a economia. O desemprego, o aumento da dívida externa, as greves e as consequentes ocupações de fábricas por parte dos sindicatos, em combinação com as revoltas dos camponeses, caracterizavam a Itália do pós-guerra.

A nível político - A precária situação económica e social que a Itália vivia depois do grande conflito mundial despertou o nacionalismo, uma vez que o poder político instituído se mostrava incapaz de resolver a crise. Foi neste contexto que o partido Fascista de Benito Mussolini conseguiu reunir apoiantes insatisfeitos, provenientes, provenientes de todas as tendências políticas e sociais, anarquistas, nacionalistas, ex-combatentes, entre outros. Em Outubro de 1922, num clima de agitação política,

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Mussolini foi convidado pelo rei Victor Emanuel para formar o governo, receoso de uma guerra civil. Nas eleições de 1924, o Partido Fascista de Mussolini ganhou a maioria dos votos e os fascistas acabaram por instituir um regime totalitário. O governo de Mussolini aproximou-se da Igreja Católica, tendo assinado o Tratado de Latrão em 1929, em que a Igreja Católica recebeu o território de Vaticano e o palácio da Basílica. A Igreja foi indemnizada pelos danos causados pelas nacionalizações. Além disso, foi decretado que o casamento católico tinha efeitos civis e o ensino da religião passava a ser obrigatório nas escolas

Aula 16: A crise económica mundial de 1929-1933: origens e principais características As causas da crise económica mundial, 1929-1933

A prosperidade económica americana dos anos 20, tinha dentro de si, os germes da fragilidade e, consequentemente, da crise que mais tarde veio a observar-se. Podemos apontar como causas da crise económica, as seguintes: A prosperidade económica não abrangia todos os sectores da economia, pelo que, enquanto uns avançavam, outros declinavam, como a construção naval, têxteis e aço; A produção agrícola era excedentária, provocando a baixa de preços, a ruína dos agricultores e o desemprego. “Crise de super-produção”; A repartição dos rendimentos era desigual. Os salários dos trabalhadores não aumentavam e os trabalhadores assalariados recorriam aos créditos para a compra de bens; O valor das acções atingiu níveis superiores aos da produção, o que quer dizer que o seu preço era superior ao seu valor; A prosperidade americana não foi acompanhada pelo crescimento da economia noutros países, como por exemplo, a Inglaterra e Alemanha. Assim, como se pode observar: Por um lado, a prosperidade económica americana dos anos vinte era aparente; a economia apresentava ao mesmo tempo, um carácter simultaneamente de prosperidade e de fragilidade. Por outro lado, a prosperidade ocultava um grande problema, o crescimento desproporcionado entre a produção e os lucros e a estagnação dos salários colocava os mercados saturados (super-produção) e as acções atingiam muito superior ao real, o que originou a crise mundial.

Características ou manifestações da crise económica mundial, 1929-1933

Decrescimento da produção de aço na construção civil e uma forte redução nas vendas da indústria automóvel; dificuldades financeiras em grandes empresas; a baixa na cotação de acções industriais atingiu 85%; As desvalorizações prosseguiram de forma irregular; verificaram-se falências de muitos bancos americanos por causa das dívidas dos accionistas; assistiu-se de imediato á decadência geral da economia por falta de poder de compra e de crédito bancário. Os stocks acumularam-se. Os preços baixaram, as empresas industriais e comerciais arruinaram-se. A produção agrícola ficou afectada e os géneros foram destruídos por falta de escoamento nos mercados. A Crise americana de 1929 foi de superprodução, quer

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dizer que a oferta ultrapassava a procura. A capacidade de compra dos americanos era inferior, o que fez acumular os produtos e baixou os lucros, impossibilitando as empresas de produzir mais. Por outro lado, a recuperação económica da Europa reduziu os lucros das companhias americanas.

O Impacto (consequências) da crise económica de 1929 para a Europa e o resto do mundo Como a economia europeia do pós-guerra dependia fundamentalmente da americana, a crise na América rapidamente atingiu este continente. No entanto, o resto do mundo também ficou afectado, porque era colonizado pelos países europeus. Assim, aconteceu o seguinte: Em consequência da crise, os homens de negócios dos Estados Unidos repatriaram os seus capitais para fazer face as dificuldades internas e deixaram de conceder créditos; a retirada dos créditos americanos provocou a falências bancárias em série na Europa; a crise atingiu inicialmente a Alemanha e a Áustria, por serem mais dependentes dos créditos americanos. Depois, a Inglaterra e alastrou-se para Portugal, países Escandinavos, Japão e Bolívia, ligados á economia americana. A crise provocou alterações nos sistemas políticos vigentes na Europa, onde alguns permaneceram com as democracias liberais, enquanto outros enveredavam por soluções autoritárias, como por exemplo, o aparecimento de regimes ditatoriais, como o Fascismo na Itália e o Nazismo na Alemanha. A crise económica mundial afectou as finanças portuguesas, reduziu o poder de compra de produtos e matérias-primas externas; criou uma onda de desemprego, fome e miséria na população; reduziram-se os investimentos internos e criou-se um sentimento de descontentamento popular. A crise económica deu origem á crise política que condicionou a subida de Salazar ao poder e a instauração de um regime fascista, o corporativismo e a emergência do Estado Novo.

O impacto da crise económica nos países do IIIº Mundo (subdesenvolvidos)

A crise nos países industrializados atingiu também os países subdesenvolvidos, porque eles exportavam produtos agrícolas e matérias-primas.Com a crise, houve restrições de compras pelas grandes potências. Muitos produtos como o trigo Canadá, o chá do Brasil e lã da Austrália não tinham mercado, tendo sido destruídos. A baixa de preços alterou os termos de troca e quebras significativas de rendimentos e poderes de compra. Surgiu o desemprego, a miséria e a fome.

O impacto da crise económica em África e Moçambique em particular

A Europa deixou de comprar matérias-primas provenientes da África, levando a falência muitos produtores. As matérias-primas da África, agora sem comprador, começaram a deteriorar-se e as mercadorias começaram a ser queimadas. As empresas acabaram por falir e em consequência disso, o desemprego alastrou-se, a fome e a miséria afectaram as famílias dos trabalhadores ora desempregados.Em Moçambique, os preços de amendoim, milho, copra, açúcar e sisal diminuíram

Referências

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