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Cefaléia: prevalência e relação com o desempenho escolar de estudantes de medicina

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Cefaléia: prevalência e relação com o

desempenho escolar de estudantes de medicina

Headache: prevalence and relationship with the academic

performance of medical students

Antônio Marcos da Silva Catharino1-5, Fernanda Martins Coelho Catharino2,3 , Regina Maria Papais Alvarenga1,4, Regina Lugarinho da Fonseca4 1Ambulatório de Cefaléias – Centro de Tratamento de Dor – Serviço de Neurologia Hospital Universitário Gaffrée-Guinle (UniRio); 2Serviço de Neurologia – Hospital Geral de Nova Iguaçu – RJ; 3Disciplina de Neurologia – Universidade Iguaçu (UNIG) – RJ; 4Curso de Mestrado em Neurologia – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio); 5Disciplina de Neurologia – Unibennett – RJ

RESUMO RESUMO RESUMO RESUMO RESUMO Introdução: Introdução: Introdução: Introdução:

Introdução: A cefaléia é uma condição freqüente na popu-lação geral, com prevalência ao longo da vida superior a 90% em diversos estudos. O estudo desta doença em popu-lações específicas contribui para a melhor compreensão de suas repercussões sobre a qualidade de vida. Objetivo:Objetivo:Objetivo:Objetivo:Objetivo: O objetivo deste trabalho é verificar a prevalência de cefaléia e sua correlação com o desempenho escolar de estudantes de medicina em uma universidade particular no Rio de Janeiro, Brasil. PPPPPopulação e Métodos:opulação e Métodos:opulação e Métodos:opulação e Métodos: Participaram desta pesqui-opulação e Métodos: sa 400 estudantes matriculados no curso de medicina da Universidade Iguaçu, durante o segundo semestre de 2001, que responderam um questionário de avaliação. Resulta-Resulta-Resulta-Resulta- Resulta-dos:

dos: dos: dos:

dos: A prevalência de cefaléia ao longo da vida foi de 98,5% e de 59,2% para queixas de cefaléia no último ano. As mu-lheres foram mais acometidas que os homens. Discussão:Discussão:Discussão:Discussão:Discussão: A alta associação de cefaléia com queixas de dificuldade de aprendizagem, necessidade de realização de provas de re-cuperação e reprovações mostrou que esta condição possui íntima relação com o desempenho escolar da população pesquisada.

PPPPPalavrasalavrasalavrasalavrasalavras---chave:chave:chave:chave:chave: Cefaléia; prevalência; impacto; estudan-tes de medicina; desempenho escolar; qualidade de vida.

ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT Introduction: Introduction: Introduction: Introduction:

Introduction: Headache is frequent condition among ge-neral population, with lifetime prevalence higher than 90% in

several researches. The study of this disease in specific populations contributes to better comprehension of it’s repercussion on the quality of life. Objective:Objective:Objective:Objective:Objective: The aim of this study was to verify headache prevalence and it’s relationship with scholar performance of medical students in private university in Rio de Janeiro, Brazil. Methods:Methods:Methods:Methods:Methods: Four hundred students, matriculated in medical course of Iguaçu University during the second semester of 2001, have participated of this research, answering an evaluation questionnaire. Results:Results:Results:Results:Results: Prevalence of headache during the lifetime was 98.5% and 59.2% of last year complaints of headache. Women were more affected than men. Discussion:Discussion:Discussion:Discussion:Discussion: The high association of headache with learning difficulties complaints, necessity of doing the final exams and reprobation showed that this condition has a close relation with the scholar performance of the studied population.

Key words: Key words: Key words: Key words:

Key words: Headache; prevalence; medical students; scholar performance; quality of life.

Catharino AMS, Catharino FMC, Alvarenga RMP, Fonseca RL. Cefaléia: prevalência e relação com o desempenho escolar de estudantes de medicina. Migrâneas cefaléias. 2007;10(2):46-50

INTRODUÇÃO

A cefaléia é uma condição extremamente comum na população mundial; em diversos estudos, a prevalência de cefaléia ao longo da vida é superior a 90%. Além de sua alta prevalência, esta condição exerce grande impacto

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na vida social e profissional das pessoas e, certamente, é uma das causas mais comuns de ausência no trabalho e na escola (muitos dos que sofrem desse sintoma, durante suas crises, obrigam-se a trabalhar e viver um dia de bai-xo rendimento). Segundo Warshaw, um prejuízo que varia de seis a dezessete bilhões de dólares pode ser observa-do, anualmente, na força de trabalho dos Estados Unidos da América, por causa da cefaléia, e o gasto anual dos pacientes pode chegar a seis mil dólares.1

Para alguns pacientes, a cefaléia torna-se uma con-dição limitante, que prejudica a qualidade de vida, seja no campo pessoal, afetivo ou profissional. Decisões de ordem profissional são afetadas e a vida social dos mesmos é prejudicada pela incapacidade de planejar e cumprir seus compromissos.2

A cefaléia não afeta apenas os pacientes, mas toda a família. Companheiros e filhos de pacientes comparti-lham o sofrimento gerado durante as crises e devem estar preparados para todas as mudanças que ocorrem em seu dia a dia (sair mais cedo do trabalho; alterar planos com relação ao cuidado com os filhos; interromper as atividades domésticas; cancelar compromissos, etc.). Os pacientes sentem o impacto desse problema, tanto no momento das crises como no período intercrítico, devido às alterações de ordem psicológica que neles podem ser geradas, como: ansiedade, medo ou incerteza.

Entre os profissionais de saúde, a exposição a situa-ções de estresse apresenta repercussões sobre a preva-lência de cefaléia.2 A necessidade de um estudo sobre a

cefaléia entre os estudantes do curso de medicina, cons-tantemente submetidos a tensões emocionais, e a reper-cussão deste sintoma sobre seu aprendizado é, portan-to, muito evidente.

Certamente, sabemos que são inúmeros os fatores capazes de interferir no processo de aprendizagem; a cefaléia seria apenas um elemento entre uma série de outros que interferem, de forma variada, neste processo. Porém, por menor que seja sua influência sobre a apren-dizagem, este estudo trará um grande benefício para os estudantes, permitindo-lhes uma melhor preparação pro-fissional e, por conseguinte, uma melhor eficiência no trato com seus futuros pacientes.

OBJETIVO

Nossa pesquisa foi realizada com o objetivo de deter-minar a prevalência da cefaléia e verificar sua relação com o desempenho escolar de estudantes de um curso de medicina.

POPULAÇÃO E MÉTODOS

Aplicamos um Questionário de Avaliação entre alu-nos matriculados em diferentes períodos do curso de medicina da Universidade Iguaçu (UNIG), no segundo semestre de 2001, identificados apenas pelo número da matrícula, sem distinção de gênero, etnia ou idade. Nes-te questionário foram abordados aspectos biopsi-cossociais e aspectos ligados ao rendimento escolar dos estudantes, além de alguns aspectos epidemiológicos da cefaléia. Foi feita uma introdução explicativa no questi-onário para facilitar a compreensão e o preenchimento do mesmo pelos alunos.

A Universidade Iguaçu é uma instituição particular de ensino superior, localizada na cidade de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro, Brasil. O curso de medici-na da UNIG tem duração de seis anos, divididos em doze períodos ou semestres. Os três primeiros períodos do curso destinam-se, principalmente, ao ensino de dis-ciplinas ligadas às áreas básicas da saúde. No quarto e quinto períodos, os estudantes são apresentados à disci-plina de Semiologia Médica e Propedêutica Clínica, marcando a transição entre as disciplinas do ciclo bási-co e as disciplinas do ciclo clínibási-co. Do sexto ao nono períodos são ministradas as disciplinas voltadas à clínica médica, clínica cirúrgica, medicina preventiva, ginecolo-gia e obstetrícia. Finalmente, nos três últimos períodos, os alunos são inseridos no internato.

Por conveniência, subdividimos o curso em quatro grupos: Grupo I: alunos matriculados do primeiro ao ter-ceiro períodos (ciclo básico); Grupo II: alunos matricula-dos do quarto ao sexto períomatricula-dos (transição ciclo básico-ciclo clínico); Grupo III: alunos matriculados do sétimo ao nono períodos (ciclo clínico); e Grupo IV: alunos ma-triculados do décimo ao décimo segundo períodos (in-ternato). Selecionamos, entre a população do referido curso, cem alunos pertencentes a cada um dos grupos, totalizando quatrocentos estudantes que preencheram os questionários, e que serviram de amostragem para a realização desta pesquisa.

As respostas sobre cefaléia foram analisadas e des-critas de uma maneira geral, tomando-se por base in-formações contidas nas perguntas do questionário. Não nos preocupamos em descrever as características clínicas ou classificar os diferentes tipos de cefaléia, segundo os critérios da Sociedade Internacional de Cefaléias, uma vez que estas ações não estavam vinculadas ao objetivo inicial desta pesquisa.

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armazena-gem das respostas do questionário, no programa Epiinfo (versão 6.0), que facilitou a análise dos resultados.

Os resultados relativos à prevalência de cefaléia en-tre os estudantes de medicina da Universidade Iguaçu fo-ram comparados com os dados encontrados na literatura consultada. Comparamos, também, o desempenho es-colar dos alunos classificados como portadores de cefaléia com os alunos que não apresentam esta queixa.

O desempenho escolar foi avaliado, inicialmente, com base nos dados recolhidos na primeira parte do Questionário de Avaliação, respondido pelos estudan-tes. Foram analisados vários parâmetros relativos às in-formações sobre as dificuldades encontradas no apren-dizado, a necessidade de realização de provas de recu-peração e a reprovação em disciplinas teóricas e práti-cas do curso de medicina da UNIG.

Este trabalho obedece às normas nacionais para pquisa em seres humanos, que inclui os preceitos éticos es-tabelecidos na declaração de Helsinque e na resolução 196/96, da CNS, e complementações posteriores, e foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da UNIG.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A análise dos Questionários de Avaliação permitiu-nos conhecer alguns aspectos importantes da temática estudada. Dos 400 questionários selecionados, 198 fo-ram respondidos por alunos do sexo masculino e 202 por alunos do sexo feminino. A média de idade dos participantes foi de 23,9 anos, sendo a idade mínima de 16,5 e a máxima de 46,8 anos. Observamos que 49,5% dos alunos desta Instituição têm suas famílias com residência estabelecida no estado do Rio de Janeiro.

Notamos que 17% dos estudantes que participaram da mesma têm o hábito de fumar e 30% destes inicia-ram tal hábito após o ingresso na universidade. Aproxi-madamente quarenta e dois por cento (41,8%) dos alu-nos assumiram consumir de bebidas alcoólicas, sendo que 28,1% adquiriram o hábito quando se tornaram estu-dantes universitários.

Um dos dados mais importantes foi o fato de 191 alunos se considerarem pessoas estressadas, ao passo que 304 pessoas entrevistadas assinalaram que o curso de medicina funciona como um fator gerador de seu estresse. Este fato fortalece a hipótese de que o currículo do curso de medicina gera muita tensão entre seus alu-nos e, conseqüentemente, pode levá-los a desenvolver um quadro de cefaléia.

Dentre os alunos que responderam o Questionário de Avaliação, 394 apresentaram, em algum momento da vida, pelo menos um episódio de cefaléia, o que corresponde a 98,5% de prevalência. Destes, 237 alu-nos (59,25%) sofrem de cefaléia de forma freqüente. Observamos que, em 27% dos estudantes, as queixas de cefaléia tiveram início após seu ingresso na universi-dade, o que pode sugerir a influência do curso de medi-cina sobre a prevalência de cefaléia.

Os dados obtidos sobre a prevalência de cefaléia se aproximam dos dados encontrados na literatura mé-dica. Barea e cols. encontraram uma prevalência de 93,3% de cefaléia ao longo da vida e de 82,9% de cefaléia nos últimos 12 meses, numa população de 538 estudantes de 5a a 8a séries, no Sul do Brasil.3 Deleu e

cols., ao estudarem 403 questionários respondidos por estudantes de medicina, encontraram 98,3% de pre-valência de cefaléia ao longo da vida e 96,8% no últi-mo ano.4 Da Costa e cols. encontraram uma freqüência

de cefaléia de 33% entre 408 estudantes de medicina da Universidade Federal de Santa Catarina.5 A

pre-valência de cefaléia recorrente encontrada por Bugdavici e cols., numa população de 5.562 crianças em idade escolar, foi de 49.2%.6 Sanvito e cols. observaram uma

prevalência de cefaléia de 47,1%, entre 595 estudantes de medicina de São Paulo.7

Na distribuição da cefaléia por gênero, verificamos que esta condição ocorreu em 146 (72,2%) estudantes do sexo feminino e 91 (45,9%) do sexo masculino, o que mostra que o sexo feminino é significativamente mais acometido que o sexo masculino (Odds Ratio: 3,07; p= 0.0000001); tal resultado também foi encontrado na literatura pesquisada. A prevalência de cefaléia crô-nica diária em adolescentes, encontrada por Wang e cols, foi três vezes maior no sexo feminino.8 O mesmo

resultado foi descrito por Split e cols. em estudantes se-cundários.9 A maior freqüência de cefaléia no sexo

fe-minino também foi referida por Silva e cols.,10 Bugdavici

e cols.6 e Bessisso e cols.11

A freqüência de cefaléia ao longo do curso variou pouco, tendo sido observada maior percentagem entre os alunos do Grupo II, matriculados do 4o ao 6o

perío-dos. Da Costa e cols. observaram maior freqüência de cefaléia em estudantes dos cinco últimos semestres do curso de medicina.5 Para Sanvito e cols. não houve

dife-rença estatisticamente significativa na freqüência de cefaléia entre os diferentes períodos do curso médico.7

Apesar de 60% dos fumantes apresentarem cefaléia, não encontramos significância estatística nesta relação,

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bem como na relação entre a cefaléia e a prática de esportes ou atividades culturais e nem mesmo com o tra-balho. Mitsikotas e cols. também não encontraram rela-ção entre a prevalência de cefaléia e o hábito de fu-mar.12 Kinart e cols. encontraram menor prevalência de

migrânea entre jogadores de basqueste, quando com-parados com a população geral.13

Por outro lado, notamos que a ocorrência de cefaléia foi menor entre aqueles que têm o hábito de consumir bebidas alcoólicas (Odds Ratio: 0,55; p=0,004), como a ingestão de bebidas alcoólicas é reconhecidamente um fator desencadeante de crises de migrânea, atribuímos este resultado ao possível fato de os estudantes que sofrem de cefaléia evitarem o consu-mo destas bebidas.14

Encontramos grande relação entre o estresse e a presença de cefaléia na população estudada. Entre os estudantes que referem esta condição, 142 (59,9%) con-sideram-se pessoas estressadas (Odds Ratio: 3,48; p = 0,000). Ierusalimschy e col. destacaram o estresse como o principal fator desencadeante de crises de migrânea em pacientes com migrânea sem aura.14

Observamos que o período de provas contribui sig-nificativamente tanto para desencadear quanto para agravar uma crise de cefaléia; provavelmente, isso acon-tece em decorrência do aumento da tensão emocional que envolve os alunos neste período. Este dado está de acordo com Amayo e cols., que colocam o estudo entre os principais fatores desencadeantes de crises de cefaléia entre estudantes de medicina.15 Bigal e cols. também

observaram aumento na intensidade ou freqüência das crises de migrânea durante o período de provas.16

Quando avaliamos o desempenho nos estudos, observamos que 54,75% dos alunos assumiram encon-trar dificuldades no aprendizado de algumas disciplinas; o mesmo resultado foi encontrado com relação às pro-vas de recuperação e o índice de reprovação ficou em torno de 17%.

Quando analisada de forma comparativa, a cefaléia exerce maior influência no rendimento escolar dos alu-nos do que outras variáveis como o gênero, o estado de origem, o hábito de fumar, o consumo de bebidas alco-ólicas, a prática de atividades extracurriculares, o traba-lho e o estresse.

As queixas de dificuldade de aprendizagem foram quase duas vezes mais freqüentes entre os estudantes com cefaléia (p=0,001), enquanto naqueles que informaram consumir bebidas alcoólicas estas queixas ocorreram em menor freqüência (p=0,01). Não observamos dados

com valor estatísticos entre os demais fatores analisados (Tabela 1).

Observou-se que a necessidade de realização de provas de recuperação (Tabela 2), assim como ocorreu com as queixas de dificuldade de aprendizagem, foi maior entre os que apresentam cefaléia (p=0,003), en-tre aqueles que trabalham (p=0,004) e enen-tre os alunos que se consideram estressados (p=0,001). Estes dados reforçam a idéia de que condições que interferem no bem-estar emocional dos estudantes apresentam impacto negativo sobre o rendimento escolar.

Tabela 1. Fatores associados à dificuldade de aprendizagem N = 219

Fator N Odds ratio Valor de p Cefaléia Sim Não 145 74 1,9 0,001 Sexo Feminino Masculino 117 102 1,3 0,1

Origem Rio de Janeiro Outros 116 103 1,3 0,1 Hábito de fumar Sim Não 36 183 0,8 0,4 Consumo de bebida alcoólica Sim Não 79 140 0,6 0,01 Prática de atividade física Sim Não 90 129 0,9 0,7 Trabalho Sim Não 34 185 0,6 0,07 Estresse Sim Não 106 113 1,06 0,7

Tabela 2. Fatores associados à realização de provas de recuperação

N = 219

Fator N Odds ratio Valor de p Cefaléia Sim Não 144 75 1,82 0,003 Sexo Feminino Masculino 115 104 1,19 0,3

Origem Rio de Janeiro Outros 101 118 0,73 0,1 Hábito de fumar Sim Não 41 173 1,16 0,5 Consumo de bebida alcoólica Sim Não 96 123 1,21 0,3 Prática de atividade física Sim Não 87 132 0,83 0,3 Trabalho Sim Não 52 166 2,15 0,004 Estresse Sim Não 120 99 1,88 0,001

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Quanto às informações sobre reprovação, nota-mos que 63,3% dos alunos apresentam queixas de cefaléia, porém este dado não possui significância es-tatística (p=0,4). A freqüência de reprovação foi me-nor entre os estudantes cujas famílias vivem no estado do Rio de Janeiro (p=0,03), este fato pode ser justifica-do pela estabilidade emocional encontrada no convívio familiar. Um aumento estatisticamente significativo na fre-qüência de reprovação foi observado entre os alunos que têm o hábito de fumar (p=0,02) e entre os que con-somem bebidas alcoólicas (p=0,02).

CONCLUSÃO

Constatamos que a cefaléia é um sintoma bastante freqüente na população estudada, atingindo 98,5% de prevalência ao longo da vida e 59,2% de prevalência para queixas de cefaléia no último ano. Os estudantes do sexo feminino e aqueles com queixas relacionadas ao estresse emocional foram os mais acometidos. Estes resultados se aproximam dos dados encontrados na lite-ratura consultada.

A correlação das queixas de cefaléia com os indi-cadores de desempenho escolar estabelecidos para esta pesquisa revelaram que:

I) No que diz respeito aos relatos de dificuldade de aprendizagem e a necessidade de realização de pro-vas de recuperação, influência negativa da cefaléia so-bre o desempenho escolar foi estatisticamente significante (p=0,001 e 0,003, respectivamente).

II) Na relação entre a cefaléia e a freqüência de reprovação, os resultados não apresentaram significância estatística (p=0,4). Porém, a presença cefaléia foi infor-mada por 63,3% destes estudantes, o que nós conside-ramos um dado importante para nossa investigação.

A partir desta análise concluímos que a prevalência de cefaléia entre os estudantes de medicina da Universi-dade Iguaçu não é superior aos dados encontrados na literatura e que esta está associada ao baixo desempe-nho escolar dos mesmos. No entanto, a presença de cefaléia não impede que a aprendizagem aconteça.

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Endereço para correspondência Antonio Marcos da Silva Catharino Travessa Capitão Zeferino, nº 56 - Apto. 803 24220-230 – Icaraí – Niterói/RJ E-mail: tonycatharino@globo.com Recebido: 12/02/2007

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