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Estudo Ergonômico em Centro de Internação de Adolescentes Infratores Ergonomic study in Care Institution for Youngs Offenders

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Academic year: 2021

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Estudo Ergonômico em Centro de Internação de Adolescentes Infratores

Ergonomic study in Care Institution for Youngs Offenders

Vera Helena Moro Bins Ely Doutora Eng.

Professora da Universidade Federal de Santa Catarina - e-mail: vera.binsely@gmail.com Aline Eyng Savi

Arquiteta e Urbanista, Mestranda

PósARQ – Universidade Federal de Santa Catarina - e-mail: arq.alinesavi@hotmail.com Elena Maria Duarte de Oliveira

Arquiteta e Urbanista, Mestranda

PósARQ – Universidade Federal de Santa Catarina - e-mail: elenaduarte_jf@yahoo.com.br Juliano Darós Amboni

Arquiteto e Urbanista, Mestrando

PósARQ – Universidade Federal de Santa Catarina - e-mail: arquitetojuliano@linhalivre.net Palavras-chave: ergonomia ambiental, arquitetura institucional, estudo ergonômico.

Locais de internação devem possuir infra-estrutura adequada à re-socialização. Visando garantir ambientes humanizados, realizou-se um estudo ergonômico numa sala de convivência de um centro de internação de adolescentes infratores. Foram utilizados os métodos: Levantamento Arquitetônico, Entrevista e Levantamento Antropométrico, resultando em

recomendações projetuais para adequar o espaço ao uso.

Key words: ergonomic environmental, institutional architecture, ergonomic study.

Places of internment must supply an adequate infrastructure to social whitewashing. In intention to guarantee ambient solutions aiming at a bigger space humanização, an ergonomic study in a living room of one care institution for youngs offenders, was carried through. The study was organized through the methods of Architectural Survey, Interview and Anthropometric Survey, the evaluation resulted in a series of projectuais recommendations to enshure that the space become apt to shelter a whitewashing center.

1. Introdução

O presente artigo avalia as condições físicas existentes numa sala de convivência de uma unidade de internação de adolescentes infratores. Nessas instituições encontram-se abrigados adolescentes de 12 a 21 anos, separados por sexo ou em alguns casos, quando recebem tanto meninos como meninas, a separação é feita dentro do espaço da própria instituição. A institucionalização é para que se cumpra a medida sócio-educativa de internação, que conforme a seção VII do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990) constitui “[...] uma medida privativa da liberdade [...]” e é aplicada em casos de infrações graves, constituídas de ameaças ou violências. O artigo 94 do ECA (1990) descreve que tais

instituições devem “[...] oferecer instalações físicas em condições adequadas de

habitabilidade, higiene, salubridade e segurança [...]”. Newcombe (1999) completa afirmando que em locais de internação, a conquista da autonomia é uma das características para a promoção da cidadania e refletem no comportamento do usuário.

No entanto, por não haver normas adequadas que regulamentem o projeto de tais instituições, as tipologias arquitetônicas utilizadas (herdadas do sistema Serviço de Assistência ao Menor (SAM), de 1941) não abordam os pré-requisitos da Ergonomia Ambiental. Muitas destas instituições são instaladas em prédios adaptados ao uso e devido à escassez de recursos financeiros, não são exploradas as potencialidades do espaço. Prima-se essencialmente, pelas questões de

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segurança interna e externa, o quê muitas vezes, prejudica o programa sócio-educativo das

instituições. Afinal, como afirma Bins Ely (2004, p. 21) a responsabilidade no projeto de

ambientes deve ir além do conforto e da segurança – necessidades funcionais, “pressupõe, também, compreender suas necessidades formais e estéticas a fim de

assegurar um espaço agradável, de prazer e bem-estar”.

Assim, o objetivo geral deste estudo é identificar possíveis formas de melhorar as condições ambientais da sala de convivência de um desses centros de internação de adolescentes infratores, visando sua adequação em relação às tarefas ali executadas e considerando as exigências

específicas dos usuários em questão

(adolescentes do sexo feminino e monitoras). As reflexões articulam-se em torno de três objetivos específicos:

- Identificar as tarefas cotidianas realizadas na sala de convivência;

- Diagnosticar as necessidades e os problemas encontrados pelas usuárias do espaço no desenvolvimento de suas tarefas cotidianas; - Propor sugestões e recomendações projetuais para viabilizar essas tarefas considerando a especificidade e as características das usuárias em questão.

2. Estudo Ergonômico

Segundo Ribeiro e Mont’Alvão (2004), os estudos ergonômicos baseiam-se na aplicação conjunta de vários conhecimentos. De forma a obter dados sobre o homem e o seu trabalho, visando melhor adaptá-lo, ou seja, é o estudo do comportamento humano frente às interfaces. Conforme Villarouco (apud FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2004), os elementos relativos ao ambiente que devem ser considerados pela Ergonomia Ambiental são aqueles referentes ao conforto, à percepção ambiental, aos materiais de revestimentos e acabamentos e aos postos de trabalho - layout e mobiliário – considerando,

também, os dados antropométricos.

A obtenção de todos os dados necessários para a avaliação exigiu a combinação de três diferentes métodos de investigação: Levantamento

Arquitetônico, Entrevistas e Levantamento Antropométrico. Cabe ressaltar que houve uma seqüência para a aplicação de cada método e a opção de sua combinação visou complementar as limitações de cada um.

2.1 Levantamento Arquitetônico

O levantamento arquitetônico observou: o mobiliário existente na sala e seu estado de conservação; a qualidade dos materiais de acabamento de piso, parede e teto; o arranjo espacial e mobiliário. Relataram-se as características e o grau de danificação destes elementos, bem como as características gerais das usuárias. Para a realização deste método foram utilizadas as técnicas de registros fotográficos, desenhos de plantas e vistas, medições in loco e registro escrito com sistematização por tópicos e posteriormente transcrição para texto.

2.2 Entrevista

Foram realizadas entrevistas estruturadas (LAKATOS; MARCONI, 1996) com a

assistente social e com uma monitora. Os tópicos definidos foram: identificação do perfil e dos hábitos das usuárias da sala de convivência; a caracterização das tarefas ali realizadas e a rotina de usos. Com nove jovens que estavam

institucionalizadas, foram aplicadas entrevistas não-estruturadas (LAKATOS; MARCONI, 1996). Através destas entrevistas elas puderam relatar suas impressões e expectativas quanto ao espaço da sala de convivência. Tais relatos foram utilizados para confirmar os pontos positivos e negativos levantados pelos demais métodos.

2.3 Levantamento Antropométrico

O estudo identificou dois tipos de usuários para a confecção dos manequins: as monitoras (em

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número de duas por turno) e as adolescentes (em número máximo de 10, por ser esta a capacidade da instituição). No caso das monitoras, por fazerem parte do quadro fixo de funcionários, optou-se pela avaliação e utilização da maior e da menor em estatura. A altura de cada uma foi utilizada para o cálculo proposto pelo modelo matemático de Contini e Drills (1966), onde cada segmento do corpo é desenhado a partir de uma equação composta de uma variante e da altura. Para a confecção dos manequins das adolescentes, optou-se pela utilização dos percentis 2,5% (menor interna) e 97,5% (maior interna) conforme Pequini (2005), devido à alta rotatividade das internações e liberações. O estudo de Pequini (2005) trabalha com os extremos mais críticos da população, atendendo assim o maior número possível de usuários. Destaca-se, que os manequins foram elaborados com o objetivo de simular a realização das tarefas e as dificuldades encontradas, para uma análise posterior.

3. Resultados

3.1 Levantamento Arquitetônico

A sala de convivência possui 27,30m², 1,33% da área total construída, com dimensões de 3,50 x 7,80 metros e pé-direito de 2,70 metros. (ver figura 01) O mobiliário é composto por um banco de concreto que margeia duas paredes e possui o assento inclinado 7º em direção à parede. Há almofadas retangulares removíveis em espuma, revestidas com tecido e que são utilizadas tanto para cobrir o banco, quanto para proteger as costas. Estas almofadas, porém, são em número insuficiente para toda a extensão do banco e não resolvem o maior problema deste mobiliário que é a inclinação do assento. Junto ao banco de concreto, há uma mesa de madeira, com dimensões de 2,40 x 0,80 x 0,70 metros, disposta paralelamente ao comprimento da sala. Compondo o conjunto, há um banco em madeira com pintura na cor azul, medindo 0,18 x 2,50 x 0,46 metros. Como suporte para a

televisão, há a adaptação de uma mesa escolar. Duas poltronas com estofamento em tecido

compõem o segundo conjunto.

O layout do mobiliário, por sua vez, possui dois determinantes: o banco de concreto, que motiva a localização da mesa de madeira; e a locação dos pontos elétricos, que restringe o

posicionamento da televisão junto à tomada mais acessível.

Fig. 01, Planta-baixa com layout da sala de convivência. Definiu-se por conta disso e pelas tarefas ali desempenhadas, dois postos de trabalho a serem avaliados. Convencionou chamá-los por: posto 01, englobando as duas poltronas na frente da televisão; e posto 02 configurando o conjunto: mesa e bancos de concreto e de madeira. (ver figura 01)

No que tange os acabamentos da sala, o piso cerâmico contribui para a limpeza, porém dificulta o aquecimento da sala no inverno. A iluminação natural e a ventilação da sala são prejudicadas pelo fato das duas únicas janelas

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existentes terem sido fechadas parcialmente, deixando apenas um vão de 50 centímetros na parte superior sem nenhum tipo de mecanismo de controle lumínico ou térmico. Isso induz ao uso de iluminação artificial mesmo durante o dia. Não houve, no entanto, levantamento noturno, o quê impossibilita verificar se as lâmpadas existentes no local são ou não

suficientes para a realização de tarefas a noite. A falta de controle da temperatura, por sua vez, é prejudicial tanto no inverno quanto no verão, pois a janela não oferece instrumentos que isolem o frio e as aberturas existentes são

insuficientes para ventilar a sala no verão. Existe ainda, um problema de umidade visível na parede do fundo da sala, principalmente próximo ao piso, induzindo a não utilização da parte do banco de concreto que se apóia à parede. 3.2 Entrevista

Como resultado da entrevista, pôde-se conhecer a rotina de uso da sala de convivência, onde as atividades iniciam-se após o despertar e perduram durante todo o dia. Com exceção do período das 12h00min às 14h00min, quando as jovens estão em horário de almoço e durante as atividades didáticas (ensino fundamental) e oficinas profissionalizantes, que ocorrem alguns dias da semana. Segundo as monitoras não há uma programação rígida para a utilização do ambiente e é comum a repetição diária das atividades, em especial assistir televisão.

Voluntários de ONG’s e as monitoras propõem, esporadicamente, jogos de cartas, audição de

música e exercícios de desenho e pintura. As atividades enumeradas acima foram

consideradas pelos pesquisadores como as tarefas a serem avaliadas, juntamente com a ocupação principal das monitoras: a supervisão das internas, que é feita de pé, na maioria das vezes.

Quanto às condições físicas das adolescentes, a instituição não acolhia no momento da pesquisa, jovens com algum tipo de restrição.

3.3 Levantamento Antropométrico

De acordo com o especificado no item 2.3, as usuárias foram caracterizadas da seguinte forma para a realização do estudo antropométrico: - Sexo: quatro indivíduos do sexo feminino; - Idades: entre 12 e 21 anos as internas e acima dos 25 anos as monitoras;

- Alturas das Monitoras: mais baixa 1,60 metros e mais alta 1,70 metros;

- Alturas das Internas: percentis 2,5% e 97,5%; - Pesos: proporcionais às alturas.

3.4 Sistematização dos Dados Obtidos Para que fosse possível analisar as interações entre as usuárias, os postos de trabalhos e as diferentes tarefas executadas no local em estudo, criaram-se plantas-baixas e vistas, onde constam os equipamentos encontrados no ambiente e as usuárias representadas através dos manequins. (ver figura 02)

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Para cada vista, como resultado, criaram-se quadros elucidativos, nos quais: a primeira coluna refere-se à legenda do item analisado nos

desenhos; a segunda, às dimensões sugeridas a partir das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR13961,

NBR13962, NBR 13965 e NBR13966; a terceira coluna, às medidas disponíveis na sala (verificadas in loco) e a última, à dimensão obtida pelo

manequim na realização da tarefa. Em cada vista foi posicionado o mesmo manequim realizando todas as tarefas que lhe fossem possíveis nos dois postos avaliados. (ver quadro 01)

Quadro 01 - Comparativo Antropométrico (Vista 03 – Monitora 1,60 metros) SUGERIDO DISPONÍVEL SALA MANEQUIM A 72 – 75cm 70cm B 240cm 295cm C 60 – 80cm 70cm D 80cm 75cm E 60-80cm 75cm F 90 – 110cm 105cm G 64 – 98cm 80cm H 42 – 50cm 33 – 46cm I 38cm 79cm P 90 – 140cm 136cm Q 90cm 91cm R 143 – 174cm 148cm A - altura da mesa;

B - distância entre postos;

C - distância entre manequins realizando atividade; D – área de conforto recomendada para o

manequim realizando a tarefa;

E – área de conforto recomendada para o manequim realizando a tarefa;

F – área de conforto recomendada para o manequim realizando a tarefa;

G – altura da mesa de suporte da televisão; H – alturas dos bancos de concreto e de madeira; I – largura do assento do banco de concreto P – altura máxima de alcance do antebraço do manequim realizando a tarefa;

Q – altura de alcance confortável do antebraço do manequim realizando a tarefa;

R – atura de conforto visual do manequim realizando a tarefa.

A partir da correlação de todas as tabelas obtidas, foi possível constatar os pontos problemáticos e destacá-los em tabelas separadas. (exemplo, ver quadro 02) Tal procedimento auxiliou os pesquisadores na elaboração das sugestões de reforma do espaço.

Quadro 02 – Resultados Obtidos para altura do mobiliário (posto 02) SUGERIDO DISPONÍVEL NA SALA Mesa 72 – 75cm 70cm Banco de concreto 42 – 50cm 33cm Banco de madeira 42 – 50cm 46cm

As análises dos espaços de evolução, por sua vez, foram representadas pelas plantas-baixas, como mostra o exemplo da figura 03, e posteriormente analisados. Para a realização foram utilizados os manequins ocupando o espaço necessário para realizar as tarefas de observação das atividades nos dois postos, para o caso das monitoras, e para as internas, o espaço necessário para circulação entre um posto e outro.

Fig.03, Planta-baixa com os espaços de evolução (usuária de percentil 2,5%).

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4. Diagnóstico

A sala de convivência possui área total (27,30 m²) coerente com as determinações do Código de Obras (1995) da cidade em que se situa. O pé-direito mínimo exigido é de 2,60 metros, sendo atendido pelo ambiente (2,70 metros). As janelas apresentam inadequação, pois o Código de Obras (1995) exige que tenham área de abertura de 1/6 da área total do ambiente, o quê corresponde a

4,55m². No entanto, na conformação atual, há apenas 1,10m² de aberturas. Ressalta-se que a dimensão anterior ao fechamento parcial da janela atendia à norma.

A utilização é efetuada por até onze pessoas

simultaneamente: dez internas (capacidade máxima do local) e uma das monitoras em atividade no turno, que se revezam entre a sala de convivência e a sala que dá acesso à ala (não analisada nesta pesquisa). Verifica-se, então, que a área de 2,48m² por pessoa é inferior à recomendada pelo Código de Obras (1995) - 4m² por pessoa - para áreas de oficina e trabalho em instituições educacionais. Contudo, nas entrevistas realizadas com as

adolescentes, constou-se que elas não percebem o ambiente como insuficiente para o desempenho das atividades.

No posto 01, o aparelho de televisão apresenta ofuscamento devido o contato direto da iluminação artificial do teto. O posto possui apenas duas poltronas confortáveis para uso, sendo um número insuficiente para atender a demanda, que passa a fazer uso do banco de concreto. Porém, este é inadequado devido o dimensionamento, podendo prejudicar as posturas e proporcionar desconforto. Uma vez que para assistir a TV a pessoa posiciona-se de lado. As almofadas removíveis são utilizadas na tentativa de melhorar o conforto, porém não solucionam os principais problemas do banco: a inclinação e a pouca altura do assento. Existe ainda um problema de fluxo, já que a disposição da TV faz com que haja obstrução da visão de quem se senta no banco de concreto sempre que alguém entra na sala.

O posto 02 utiliza também o banco de concreto, que devido a baixa altura em relação à mesa e o

assento inclinado, dificulta o desempenho das atividades realizadas em postura sentada, com os braços apoiados na mesa. Pode-se constatar que apesar da mesa possuir dimensões próximas do ideal (70cm), enquanto o estipulado por norma é entre 72 e 75cm, o posto de trabalho encontra-se prejudicado pelo assento, fora dos padrões normativos.

Por fim, as zonas de evolução, identificadas em planta, foram consideradas adequadas para o uso. Ressalta-se que o espaço da sala é amplo

permitindo a fácil mudança no posicionamento do mobiliário para se adaptar às diferentes atividades. 5. Sugestões Preliminares de Melhorias

Na busca pela melhor utilização do espaço, facilitando a re-socialização das internas,

destacaram-se sugestões de melhorias, a partir das constatações feitas. Todas as proposições visam adaptar o ambiente aos princípios fundamentais de conforto, tornando o espaço funcional nos serviços, acolhedor e simples nos elementos arquitetônicos e essencialmente ligado idéia de lugar defendida por Relph (1980). Nela o lugar é o espaço com o qual o homem estabelece especial relação emocional e tem influência direta no seu humor,

comportamento, e na sua saúde física e mental. Durante o estudo na sala de convivência, observou-se que as adaptações feitas pelas internas para utilizar o ambiente durante as tarefas diárias (almofadas dobradas para alcançar a mesa, quando sentadas no banco de concreto, ou utilizadas como encosto, com o fim de evitar a parede fria), apenas minimizam o desconforto. Mostra-se então, necessária a reforma de alguns elementos e acabamentos arquitetônicos, assim como a modificação do layout da sala e a inserção de mobiliário mais confortável e que possibilite maior flexibilidade de uso.

Primeiramente, sugere-se que seja retirado o banco de concreto, por ser ergonomicamente inadequado. Deve ser feita a troca dos outros mobiliários

existentes por um conjunto que seja mais adequado à diversidade de usuárias e de atividades realizadas no ambiente.

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Para o posto 01, recomenda-se a colocação de um sistema de prateleiras que permitam o apoio da televisão e demais objetos que sejam pertinentes às atividades desenvolvidas na sala (baralho, lápis de cores, papel). Este mobiliário pode ser localizado na mesma posição onde hoje se encontra a televisão.

No posto 02 sugere-se a colocação de um conjunto de duas a três mesas com cadeiras em número suficiente para atender a todas as internas, feitas de material leve, para facilitar a adequação do layout da sala às atividades. Assim busca-se evitar o estresse e o desconforto causados pela falta de mobiliário adequado.

O elemento construtivo detectado pelos

pesquisadores como sendo o mais crítico foram as janelas. Recomenda-se, sua reformulação visando um maior controle ambiental pelas usuárias. Para isso, indica-se o retorno ao tamanho original, com 2,12 x 1,10 metros e peitoril com 1,10 metros. Além da implantação de caixilhos fixos, com vidros translúcidos do tipo laminado, coerentes com as normas de segurança. Acima das janelas, sugere-se a colocação de venezianas horizontais com acionamento manual que permitam a circulação de ar na sala.

Foi constatado durante a entrevista com as

adolescentes o desagrado aos desenhos existentes nas paredes, fruto de uma atividade de artes realizada com um dos professores da instituição. Como solução, sugere-se a pintura das paredes com a cor verde e variações do tom. Pesquisas no ramo da psicologia afirmam que essa cor funciona como estimulante da participação, cooperação e

adaptabilidade (LACY, 1996). Além disso, ressalta-se a importância em se resolver o

problema de infiltração na parede do fundo da sala. Sugere-se a substituição da cerâmica pelo piso tipo vinílico, pois possui fácil manutenção e melhor conforto térmico e não oferece risco à segurança das internas e monitoras. Indicam-se, também, luminárias do tipo calha com aletas refletivas para a difusão da luz, evitando o ofuscamento no desempenho das tarefas. Estas devem ser

localizadas de forma regular ao longo do teto, evitando a formação de manchas de sombra, e implantadas dentro da laje do teto, isoladas com grade por medida de segurança, evitando qualquer possibilidade de contato das adolescentes com as partes metálicas.

Todas essas medidas mostram-se pertinentes para a efetiva utilização da sala estudada dentro dos anseios da instituição que visa à educação e à re-socialização das internas.

6. Conclusões

A rotina em locais de internação é indispensável para a manutenção da ordem e o suprimento das necessidades de cada interno. Contudo, atividades extras, que promovam a interação social, são essenciais para o resgate dos valores de cidadania. Para tanto, o ambiente deve oferecer condições para que essas interações ocorram sem riscos para nenhum dos envolvidos, primando pela coerência com as condições físicas e psicológicas dos usuários.

A utilização de espaços (instalações e mobiliários) inadequados, seja por questões de

dimensionamento ou por estado de conservação, às exigências das tarefas realizadas e às necessidades físicas e psíquicas dos usuários em questão, é prejudicial aos objetivos de recuperação e re-socialização. A problemática deve ser estudada de forma séria e responsável visando o maior sucesso dos programas sócio-políticos e pedagógicos adotados pelas instituições, que muitas vezes não atingem seu potencial por não terem à sua

disposição, instalações físicas condizentes com os ideais propostos.

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