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A DINÂMICA DAS LAVOURAS TEMPORÁRIAS E O ESTÍMULO AO CRESCIMENTO DA ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ

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A DINÂMICA DAS LAVOURAS TEMPORÁRIAS E O ESTÍMULO AO CRESCIMENTO DA ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ

RUBENS CARDOSO DA SILVA (1) ; PAULO CERQUEIRA DOS SANTOS (2) ; ANTÔNIO CORDEIRO DE SANTANA (3) .

1.UFRA/EMATER-PA, BELÉM, PA, BRASIL; 2,3.UFRA, BELÉM, PA, BRASIL. rubens@cardoso.eng.br

POSTER

AGRICULTURA, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A DINÂMICA DAS LAVOURAS TEMPORÁRIAS E O ESTÍMULO AO CRESCIMENTO DA ECONOMIA DO ESTADO DO PARÁ

Grupo de pesquisa – 6 – Agricultura, meio ambiente e desenvolvimento sustentável

RESUMO: Este trabalho verifica a dinâmica de crescimento das lavouras temporárias, no

período de 1990 a 1999 e quantifica sua importância econômica quanto a capacidade de gerar emprego, renda e produto, tendo por base a matriz de insumo-produto do Estado do Pará, no ano de 1999. Os resultados indicam que nesses 10 anos o incremento da produção desses cultivos decorreu em maior grau da expansão da área, embora a cultura do abacaxi, milho e arroz tenham apresentado melhorias em seus rendimentos. Os efeitos globais encontrados revelaram-se positivos evidenciando que no ano de 1999 as lavouras temporárias era um setor-chave para dinamizar a economia estadual.

Palavras-chave: lavouras temporárias, setor-chave, agonegócio.

THE DYNAMIC OF TEMPORARY FARMING AND INCENTIVE FOR ECONOMIC GROWTH IN THE STATE OF PARÁ

ABSTRACT: This study examines the dynamic of temporary farming growth between 1990

and 1999 and quantifies its economic importance for the creation of jobs, income and products based on the product-input matrix of the state of Pará for 1999. The results indicate that for the past 10 years raising in production for these crops occurred mainly as a result of cultivated area growth, even though crops such as pineapple, corn and rice showed improvements in productivity. The total effects found were positive demonstrated as an evidence that in 1999 temporary farming was a key sector to increase the state economy.

Keywords: temporary farming, key sector, agribusiness.

(2)

De certo modo as lavouras temporárias em área de fronteira, como o Estado do Pará, são tidas como responsáveis pelo desmatamento por apresentar baixa produtividade dos fatores terra e trabalho, se desenvolverem sob sistema de produção migratório, ter pouco impacto no PIB e estar vinculadas à sobrevivência da população migrante. Assim, são classificadas como culturas de subsistência ou de auto-consumo que, via de regra, dificultam a aceleração no ritmo do desenvolvimento econômico e a equalização do desenvolvimento harmônico do espaço rural vis-à-vis não apresentar linkages fortes para o conjunto da economia.

Outros aspectos importantes que corroboram para essa forma de percepção são: a freqüente desvinculação entre a produção de culturas temporárias e os processos agroindustriais; a insuficiência de assistência técnica para atender a todos os produtores e a oferta insuficiente de serviços de apoio à produção (sementes, crédito, calcáreo e mecanização) e à comercialização (armazéns e a efetividade da política de garantia de preços mínimos). Não obstante, como produtos de auto-consumo, as culturas temporárias são fundamentais no provimento da segurança alimentar para a grande maioria das unidades de produção familiar, funcionando ainda como um mecanismo de alternatividade entre o consumo e a venda, o que facilita o ajustamento dessas unidades ao processo de mercantilização pelo qual vêm passando. Além disso, considerar essa forma de percepção como realidade absoluta é imaginar que esses cultivos não têm evoluído face ao processo de transformação estrutural que afeta todo o setor agropecuário nacional.

Vários estudos, como os de Homma (1981), Kitamura (1982), Santana (1988), Costa (1993) e Filgueiras (2002), dentre outros, têm gerado informações e/ou indicadores sobre o comportamento da agricultura no Estado do Pará e na Amazônia, resultantes da análise das alterações na composição da produção agrícola, dos sistemas de produção e das políticas públicas afins. Esses estudos, além das conclusões sobre a dinâmica das transformações que ocorrem, permitem concluir sobre a importância dessa atividade para o Estado do Pará face as suas peculiaridades e vocação natural.

O Estado do Pará possui vantagens comparativas naturais para o desenvolvimento da atividade agrícola. Conforme Bastos apud Santana (1988) as características edafoclimáticas locais, possibilitam o bom desenvolvimento de inúmeros cultivos, dentre os quais são destacadas as lavouras temporárias do arroz, feijão caupi, mandioca, milho, abacaxi e malva. Adicionalmente, pelo fato do preço do fator terra ser considerado baixo em relação aos preços praticados nos demais estados das outras regiões do país, bem como pelo fato do Estado estar em posição geográfica privilegiada, isso lhe confere vantagens locacionais relacionadas aos mercados nacional e internacional.

Desse modo, embora algumas culturas temporárias possam isoladamente apresentar

linkages nulos, é justo reconhecer que a agricultura em face das suas interdependências

intersetoriais, pode e deve exercer um papel de impulsionador dos demais setores da economia. Em alguns casos as lavouras temporárias, mesmo apresentando baixos rendimentos, têm destacado papel na produção de alimentos e no fornecimento de matérias-primas para a indústria de transformação, constituindo-se, dessa forma, em uma atividade estratégica para o processo de desenvolvimento econômico. Ademais, como atividade de subsistência, favorece a permanência de um grande contingente populacional no meio rural, reduzindo a imigração para o meio urbano e os consectários problemas sociais decorrentes da inadequação funcional dessa força de trabalho.

Mesmo sem o uso de um rigoroso procedimento de desagregação entre as atividades industriais e seus estabelecimentos formais, registrados junto à Secretaria Executiva de Indústria e Comércio do Estado do Pará (SEICOM1

), é possível indicar a existência de 1.173

1 Os dados sobre a organização industrial do Estado do Pará (2005), encontram-se disponíveis em: http://www.seicom.pa.gov.br

(3)

estabelecimentos, referentes às atividades Têxtil (32), Produtos Alimentares (1.111), Bebidas (28) e Fumo (2), relacionadas direta ou indiretamente com as lavouras temporárias, e que participam com cerca de 6,7% do total do ICMS arrecadado no Estado do Pará. Essa participação permite inferir que as lavouras temporárias geram valor adicionado, empregos e ocupações produtivas no campo e na cidade.

A partir da institucionalização dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO2

) que é a primeira fonte estável de recursos para ação creditícia de fomento na Região Amazônica, com atendimento prioritário dirigido aos mini e pequenos produtores rurais e aos empresários, as lavouras temporárias passaram a receber um apoio inovador vis-à-vis o conjunto de objetivos do FNO, dentre os quais se destacam: (i) diminuir o êxodo rural pelo estímulo à permanência do mini e pequeno produtor no campo; (ii) priorizar a produção de alimentos básicos destinados ao consumo da população; (iii) viabilizar a adoção de tecnologia moderna, compatibilizando exploração agrícola racional com a conservação e preservação do meio ambiente, dentre outros. Os dados da Tabela 1 demonstram que cerca de 97% das operações contratadas no período de 1990 a 1999 foram destinadas aos segmentos dos mini e pequenos produtores rurais, totalizando 76% do volume das aplicações.

Tabela 1 – Operações contratadas por categoria de beneficiário - Estado do Pará – 1990/99

Categorias Nº de operações (%) Valor contratado (R$) (%)

Mini 48.249 92,69 564.004.273 56,80 Pequeno 2.421 4,65 185.922.300 18,73 Médio 894 1,72 143.941.599 14,50 Grande 454 0,87 89.046.823 8,97 Cooperativas 37 0,07 9.974.288 1,00 Total 52.055 100 992.889.283 100

Fonte: BASA/DERUR –DICOP (Sistema de Informação Gerencial – SIG) Obs:Valores atualizados pela variação cambial de dez/89 (U$$1,00 = R$-1,789)

Ainda no decorrer desse período (90/99) foi desenvolvido um amplo programa de qualificação dos produtores rurais3

, com apoio financeiro do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT) e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). O público prioritário estava categorizado como mini e pequenos produtores, os quais, certamente, apresentam grande dependência às lavouras temporárias, sobretudo as alimentícias.

Nesse contexto, o objetivo desse trabalho é o de verificar a dinâmica de crescimento das lavouras temporárias, no período de 1990 a 1999 e quantificar sua importância econômica quanto à capacidade de gerar emprego, renda e produto, tendo por base a matriz de insumo-produto (MIP) do Estado do Pará, no ano de 1999.

2 – METODOLOGIA 2.1 – Área de estudo e dados

2 Criado com a Constituição Federal de 1988 (art. 159, § I, alínea “c”), regulamentado pela Lei nº 7.827, de 27/09/1989 e alterado pela Lei nº 9.126, de 10/11/1995, os Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO) asseguram a essas regiões fontes estáveis de recursos (3% da arrecadação do Imposto sobre a Renda e Imposto sobre Produtos Industrializados), a médio e longo prazo, para serem aplicados em programas de financiamento aos setores produtivos (agropecuário, agroindustrial e industrial), cabendo ao FNO 0,6% da arrecadação dos referidos impostos.

3 Sob a coordenação do governo estadual foram desenvolvidos o Programa de Educação Profissional (PEP); o Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (PLANFOR) e as ações voltadas para a profissionalização de agricultores contidas no bojo do PRONAF. Essas atividades, provavelmente, produziram melhorias na produtividade do trabalho.

(4)

O Estado do Pará é o 2º maior em área territorial, com 1.253.164,5 km² que corresponde a 14,66% do território brasileiro. É constituído por 143 municípios distribuídos em 6 mesorregiões e 22 microrregiões homogêneas e possui pouco mais de seis milhões de habitantes. Reconhecidamente é no Estado do Pará que existe o maior número de assentamentos rurais do país e essa população não pode deixar de lado o cultivo das lavouras temporárias para sua subsistência.

Os dados básicos utilizados nesse estudo são oriundos de duas fontes secundárias: os correspondentes às lavouras temporárias, série histórica 1990/99, foram obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE/Produção Agrícola Municipal (Sistema SIDRA), no mês de julho de 2006; a Matriz Insumo Produto (MIP) resulta da agregação de uma Matriz original, construída com 99 setores pelo Banco da Amazônia (GUILHOTO, 2005).

2.2 – Referencial teórico e procedimentos analíticos

As inquietações que forjam a análise do papel da agricultura no processo de desenvolvimento econômico estão assentadas, na sua maioria, na necessidade de se propiciar uma equalização no processo dinâmico de mudança estrutural da economia, de maneira a não deixar de fora do desenvolvimento um grande contingente populacional que se reproduz à base desse setor.

Furtado apud Araújo (1975) observa que o desenvolvimento econômico consiste na introdução de novas combinações de fatores da produção visando aumentar a produtividade do trabalho. Argumenta ainda que quando cresce a produtividade do trabalho aumenta o produto social, isto é, a quantidade de bens e serviços à disposição da sociedade. Por outro lado, o crescimento da renda provoca nos consumidores reações que aumentam a procura e modificam sua estrutura. Desse modo, argumenta o autor, o aumento e a diversificação da procura fazem com que também se modifique a estrutura da produção.

Assim, vários estudos buscam identificar como se processa o crescimento das atividades agrícolas e quais são as suas fontes de crescimento, a fim de determinar se efetivamente está ocorrendo ganhos na produtividade do trabalho que indicaria o resultado dos investimentos realizados não somente nas propriedades rurais (sementes e mudas melhoradas, fertilizantes, etc.), como também no ensino, pesquisa, assistência técnica e extensão rural aos produtores com vistas ao desenvolvimento de técnicas mais racionais de cultivo e circulação da produção obtida, ou se o crescimento decorre apenas da incorporação de novas áreas sem a ampliação de outros investimentos.

Homma (1981) ao analisar o comportamento da agricultura paraense, no período de 1970 a 1980, mostrou que a expansão da fronteira agrícola teve um peso significativo no crescimento das culturas alimentares, excetuando-se o caso do arroz em que 54,05% do crescimento decorreu do aumento de produtividade. Para Costa (1993) as lavouras temporárias, em seu conjunto, apresentaram um crescimento nulo – decrescente entre os camponeses e crescente nas fazendas e grandes empresas, as quais participavam em 1985 com proporções iguais de 7% (em conjunto 14%) da produção total de produtos da lavoura temporária; ademais, demonstra uma substituição drástica de culturas temporárias por culturas permanentes, principalmente nas estruturas camponesas.

Santana (1988), ao analisar o desempenho agrícola da região amazônica, no período de 1975/85, indica a preponderância do efeito área como elemento explicativo do crescimento observado, caracterizando-o como crescimento horizontal, embora tenha ocorrido, em situações específicas de espaço geográfico e de cultivo, aumentos de produtividade.

Seguindo esta mesma tendência, os estudos de Filgueiras (2002) sobre o crescimento agrícola do Estado do Pará, indicam que as culturas alimentares (arroz, feijão, mandioca e milho) cresceram graças ao efeito-área e observa que embora tenha ocorrido um efeito

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substituição negativo considerável (em menor grau para o feijão), a expansão de novas áreas mais que compensou a perda de áreas para a exploração de outras lavouras.

Montoya e Guilhoto (2001), considerando as profundas relações tecnológicas, produtivas, financeiras e de negócios que a agricultura tem com a indústria e demais atividades econômicas, utilizaram a MIP para mensurar o agronegócio de forma sistêmica, integrando os fluxos e transferências de insumos e produtos intra-agricultura e entre os demais setores.

Santana (1997) chama a atenção para a interdependência de matérias-primas e bens acabados e semi-acabados, existentes entre um setor e outros e que deve ser levada em consideração ao se planejar ações de desenvolvimento a fim de possibilitar o surgimento dos efeitos de encadeamento, tanto retrospectivos (backward linkage) quanto prospectivos (forward linkage). Para a agricultura, face às tendências das estruturas de mercado das indústrias a montante e a jusante, a identificação e mensuração do grau de encadeamento favorece o estabelecimento de uma comunidade de interesses entre os diferentes elos de encadeamento, mitigando as assimetrias e o poder das diferentes estruturas, podendo viabilizar a criação de relações ganha-ganha, melhorando a competitividade de todos os envolvidos.

A dinâmica do crescimento das lavouras temporárias, para o período de 1990 a 1999, a preços de 1999, foi inferida a partir de análises tabular e do cálculo das Taxas Anuais de Crescimento (TAC) das varáveis área colhida, produção, valor da produção, rendimento e preço, mediante o modelo de regressão linear, de acordo com Hoffmann et al.(1978), obedecendo a seguinte formulação:

Vt = A(1 + r)t Sendo que:

log Vt = log A + t log (1 + r)

que corresponde a uma equação linear

Y = a + bXt + εt onde:

Y = é o logarítimo natural de Vt

a = logarítimo natural de A

b = logarítimo natural da taxa geométrica de crescimento (1 + r). A taxa de crescimento foi calculada a partir de: r = [antilog b] – 1

X = t é uma variável tendência que assume 1990 = 1,..., 1999 = 10 εt = é o erro aleatório, com média zero e variância constante.

A Matriz de Insumo-Produto (MIP) foi utilizada para verificar se as lavouras temporária do Estado do Pará encontram-se entre os setores mais importantes para impulsionar o crescimento da economia. Essa metodologia vem sendo largamente utilizada por diversos autores como Santana (1997; 2006), Guilhoto e Sesso (2005), dentre outros, para estudar os setores econômicos da Amazônia e dos seus estados em particular.

Segundo Montoya e Guilhoto (2001), Santana (2005), Montoya (2005) e Guilhoto (2005), a MIP pode ser entendida como um banco de dados que fornece o retrato da economia, quais os seus setores mais importantes, a relação entre os mesmos, os impactos que seriam gerados a partir de investimentos, quais as suas demandas, seus pontos de estrangulamento, a geração de emprego, importações, exportações, o volume de recursos movimentado e até mesmo a infra-estrutura social e urbana necessárias ao seu funcionamento. A estrutura da MIP, para três setores, adaptada de Filgueiras (2006) é mostrada na Quadro 1.

(6)

Quadro 1 - Modelo de três setores de uma Matriz de Insumo-Produto (MIP) Setores

DEMANDA INTERMEDIÁRIA Setor 1 Setor 2 Setor 3

DEMANDA FINAL (C, G, I, E) VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO Setor 1 X11 X12 X13 Y1 X1 Setor 2 X21 X22 X23 Y2 X2 Setor 3 X31 X32 X33 Y3 X3 Valor adicionado (S, L, A, e J) V1 V2 V3 - V Valor Bruto da produção X1 X2 X3 Y X

Fonte: Com base no modelo proposto pioneiramente por Leontief (1988) apud Filgueiras (2006)

Como se observa, a MIP é estruturada de tal forma que em suas linhas registram-se as vendas do setor i para os demais setores e para o consumo das famílias (C), os investimentos privados (I), os gastos do governo (G) e as exportações (E). Dessa forma, a demanda intermediária mais a final, compõem o produto total ou as vendas totais do setor i. Uma expansão para n setores é dada por:

) ( 1 i i i n ij i ij i x C I G E X =

+ + + + = n i=1,..., j=1,...,n (1) onde: i

X é o produto bruto total;

ij

x é a produção do setor i, utilizado como insumo intermediário pelo setor j;

i

C é a produção do setor i comprada pelas famílias;

i

I é a produção do setor i destinada ao investimento;

i

G é a produção do setor i comprada pelo governo;

i

E é a produção do setor i destinada à exportação.

A demanda Final (Y) é obtida através do somatório da produção do setor i comprada pelas famílias (C ), da produção do setor i destinada ao investimento (i I ), da produção doi setor i comprada pelo governo (G ) e da a produção do setor i destinada à exportação (i E ). i

Nas colunas da MIP, por sua vez, são registradas as compras de insumos intermediários produzidos pela indústria j e por todas as outras.

Tosta (2004; 2005) apud Filgueiras (2006), assegura que as demais partes componentes da coluna representam o valor adicionado, como os pagamentos pelos fatores trabalho e capital, pagamentos de vendas, lucros, serviços do governo e importações de insumos. Somando-se todos esses componentes tem-se:

) ( 1 j j n ij ij j x V M X =

+ + = n i=1,..., j =1,...,n (2) onde: j

X é custo bruto total igual ao produto bruto total;

ij

x é a produção do setor i;

j

V são valores adicionados pagos pelo setor j;

j

M é a importação de insumos do setor j. Como Xi = Xj, chega-se à identidade, em que se tem igualdade entre a Renda Nacional (RN) e o Produto Nacional Bruto (PNB):

) ( i j i i i j C I G E M V = + + + − (3)

(7)

A matriz de coeficientes técnicos de Leontief pode ser obtida facilmente dividindo os valores das compras intermediárias x pelos valores brutos da produção ij X . Sendo assim,j define-se a matriz de coeficientes técnicos como:

j ij

X x

A= (4)

em que cada elemento da matriz A , a , representa os insumos do setor i demandados peloij setor j, para cada unidade do valor da produção total.

A partir da estimação da matriz de coeficientes técnicos, chega-se à estimação da matriz de efeitos globais, dos efeitos diretos e indiretos da renda e dos índices de ligação para frente e para trás, como a seguir:

a) Matriz de efeitos globais

É obtida pela diferença entre a matriz identidade (I) e a matriz de coeficientes técnicos (A), isto é, [I-A]-1

. Da equação (1) obtem-se as demandas pela produção de cada setor, como seguinte.

Y AX

X = + (5)

em que X representa o vetor de variáveis endógenas.

Resolvendo a equação para X, obtem-se X =[bij]Y e bij =[IA]−1. Cada elemento b representa os requisitos diretos e indiretos de insumos do setor i, para cadaij unidade monetária empregada na demanda final do setor j.

b) Multiplicador do produto (MPj).

Representa o efeito bruto de cada atividade produtiva a estímulos exógenos. Ou seja, mede a mudança no produto total de todos os setores produtivos mediante mudanças de uma unidade monetária da demanda final dos produtos daquele setor. Matematicamente tem-se:

= = n i ij j A MP 1 . (6) c) Multiplicador de renda (MRj).

Representa a renda gerada direta e indiretamente para cada unidade monetária injetada diretamente em um dado setor, ou seja, o multiplicador de renda (salário) é a capacidade que tem um dado setor de multiplicar o salário em resposta a mudanças exógenas unitárias. A fórmula matemática é dada por:

j j j r R MR =

(7) onde:

Rj representa os efeitos diretos e indiretos;

rj representa os valores de renda da matriz de coeficientes tecnológicos.

d) Multiplicador de emprego (MEj).

É definido como a mudança no emprego total, como resultado de uma mudança unitária na força de trabalho empregada em dado setor produtivo. Isto é, este multiplicador indica a capacidade de gerar emprego de cada atividade, em resposta às mudanças exógenas da demanda final de seus produtos e/ou ajustes nas demandas intermediárias.

e) Índice de ligação (para frente e para trás).

(8)

demandados pela economia, em relação aos demais setores; é uma medida de interligação de um setor com os seus compradores (Rasmussem apud Guilhoto ,2005), sendo representado por: 2 1 , 1 / / n b n b U n j i ij n j i i

= = =

(8)

O índice de ligação para trás, (Uj), é uma medida do grau de dependência de cada setor produtivo com os setores fornecedores de insumos. Sabendo-se que b representa osij coeficientes da matriz inversa de Leontief

[

IA

]

−1 esse índice pode ser denotado por:

2 1 , 1 / / n b n b U n j i ij n j j j

= = =

(9)

Os setores que apresentarem valores superiores à unidade para esses índices são considerados acima da média, portanto, setores-chave para o crescimento da economia. Os índices de ligação para trás, com valores maiores que a unidade indica que o setor é altamente dependente do restante da economia, enquanto que valores maiores que a unidade para os índices de ligação para frente indicam que a produção de determinado setor é amplamente utilizada pelos demais.

3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ajustando-se às análises precedentes, sobretudo as de Filgueiras (2002), verificou-se a expansão do sistema produtivo das lavouras temporárias mais em função do aumento da área plantada do que em função de incrementos de produtividade, excetuando-se a cultura da melancia cujo rendimento cresceu com uma TAC de 25,71, no período analisado. Esse fato pode ser um indicativo de que o processo de ocupação estimula o avanço da fronteira agrícola, cujos desbravadores nem sempre dominam as técnicas racionais de cultivo e/ou se adaptam rapidamente ao convívio do clima quente e úmido. Ou, de outro modo, esconde situações de desequilíbrio entre extremos de produtividade visto as variadas categorias de produtores (mini, pequeno, grande, empresário, etc.) que praticam a exploração de lavouras temporárias.

Na Figura 1, para o conjunto das 13 culturas temporárias analisadas, nota-se que mesmo com a ocorrência de inflexões descendentes há um contínuo e significativo crescimento da área colhida. A tendência observada no comportamento do rendimento desse conjunto de culturas deve-se ao abacaxi e à melancia, cujos rendimentos cresceram mais que 12 vezes, no período. Nota-se ainda que a partir de 1998 ocorre um acentuado crescimento da produtividade física da terra decorrente não só da cultura do abacaxi e da melancia, mas da melhoria da produtividade do arroz, do milho e da mandioca. Revela notar que a dissociação da tendência ocorrida no período de 1994/1997 foi causada pela entrada do cultivo da soja cujos os registro de produção só ocorreram a partir de 1997. Ademais, os cultivos de melancia e juta tiveram decréscimo de produção, apesar do crescimento da área plantada neste período.

(9)

Figura 1 – Lavouras temporárias – rendimento x área colhida Estado do Pará – 1990/99 y = 1,5849x + 99,547 y = 56224x + 517443 90 95 100 105 110 115 120 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Anos R en d im en to : N ú m er o s Ín d ic es : 1 9 9 0 = 1 0 0 0 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 Á re a (h a) Rendimento Área Linear (Rendimento) Linear (Área)

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal - SIDRA - jul/06

Os dados da Tabela 2 e da Tabela 1A (anexo) põem em evidência a rapidez da evolução da área colhida, das culturas abacaxi, arroz e milho, com TAC de 41,7, 9,94 e 10,59 e índices de crescimento de 1308, 236 e 244 respectivamente. O abacaxi partiu de uma área colhida de 819 ha em 1990 para 10.710 ha em 1999. Ao mesmo tempo, excetuando-se as culturas do abacaxi, mandioca, melancia e milho, as produtividades não cresceram e/ou apresentaram crescimento nulo.

Embora não se tenha analisado a decomponibilidade da TAC4, revela notar que de

acordo com Filgueiras (2002) as culturas do arroz e da mandioca apresentaram um efeito-substituição negativo considerável e em menor grau o feijão. Não obstante, ocorreu a expansão dessas culturas em novas áreas e este fato, observa a autora, de certa forma neutralizou a perda de áreas para a exploração de outras lavouras.

Essa tendência de crescimento da produção nas lavouras temporárias representa um elemento importante na economia local vis-à-vis ser a base da alimentação da população paraense e representar o fio condutor da sobrevivência e da reprodução de grande parte da agricultura de base familiar. De outro modo, como já observado, como produtos de auto-consumo propiciam um maior domínio e autonomia às famílias rurais para o enfrentamento da irreversível tendência de mercantilização tanto do processo produtivo como do próprio consumo de alimentos dessa categoria de produtores rurais.

Tabela 2 – Taxa anual de crescimento (TAC) da área colhida, quantidade produzida, valor da produção, rendimento e preço, das lavouras temporárias – Estado do Pará – 1990/99

Discriminação Área Colhida (ha) Quantidade (t) Valor (R$1.000) Rendimento (t/ha) Preço (R$/t) Abacaxi 41,70* 44,60* 28,62* 2,05* -11,06* Arroz 9,94* 11,52* 7,02n.s. 1,43 n.s. -4,03 n.s. Batata doce 3,59 n.s. 8,49 n.s. 8,78 n.s. 4,73 n.s. 0,25 n.s. Cana de açúcar -3,45 n.s. -1,74 n.s. -0,06 n.s. 1,76* 1,71 n.s.

4 A decomposição da TAC em efeito-área, efeito-rendimento e efeito-localização geográfica, para as culturas arroz,feijão, mandioca e milho, no período 1990/2000, encontra-se em Filgueiras (2002).

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Feijão 6,11* 7,14* 3,40 n.s. 0,97 n.s. -3,45 n.s. Fumo -8,58* -9,51* -12,30* 0,97 n.s. -3,11 n.s. Juta -20,35 n.s. -21,31 n.s. -23,38* -1,20 n.s. -2,63 n.s. Malva -21,27* -20,14* -22,14* 1,44* -2,50 n.s. Mandioca 2,84* 4,06* -8,41* 1,18* -11,98* Melancia 9,99* 38,27* 2,24 n.s. 25,71* -26,05* Melão 17,40 n.s. 5,75 n.s. 17,16 n.s. -9,91 n.s. 10,78 n.s. Milho 10,59* 14,00* 7,45* 3,08* -5,73* Tomate 9,99* 9,96* 9,66 n.s. 1,98 n.s. -0,27 n.s.

Observação: * Indica significância a 1% de probabilidade de erro e “n.s.” significa não significante.

Outro aspecto importante diz respeito à participação do crédito rural na expansão da área das lavouras temporárias, no período analisado.

Os dados da Tabela 3 mostram que grande parte da incorporação das novas áreas não decorreu do fomento creditício oficial. As lavouras temporárias detiveram somente 23,89% do total do crédito do FNO, contratado para o conjunto de lavouras permanentes e temporárias, abrangendo apenas 29,03% da área. O maior volume de financiamento foi para a cultura do milho que apresentou, no período, efeito positivo de produtividade da terra.

Em conseqüência, pode-se inferir que as lavouras temporárias apresentaram uma dinâmica própria e de certa forma autônoma, melhorando a posição do estado no rank dos principais produtores nacionais. De outro modo, a cultura do milho que também apresentou rendimento positivo, passou a integrar-se mais fortemente à cadeia da avicultura empresarial e familiar. Ademais, a exportação da farinha de mandioca continua sendo um fator indutor da expansão do plantio dessa cultura.

Tabela 3: Valor financiado, segundo a área total e o tipo de lavoura Estado do Pará - 1990/1999

Discriminação

Área total Valor financiado

(ha) (%) (R$) (%) lavouras temporárias 44.049,74 29,03 83.875.839,40 23,89 arroz 11.710,14 7,72 1.647.693,22 0,47 mandioca 10.418,81 6,87 8.617.812,03 2,45 milho 7.110,09 4,69 21.146.254,16 6,02 feijão 5.340,05 3,52 1.019.801,75 0,29 abacaxi 1.508,30 0,99 3.654.310,35 1,04 outras culturas 7.962,35 5,25 47.789.967,89 13,61 lavouras permanentes 63.647,15 41,94 267.189.251,70 76,11 total 151.746,63 100,00 351.065.091,10 100,00 Fonte: BASA/DERUR –DICOP (Sistema de Informação Gerencial – SIG)

Obs:Valores atualizados pela variação cambial de dez/89 (U$$1,00 = R$-1,789)

A análise da quantificação da importância econômica das lavouras temporárias, realizada com a aplicação da MIP, mostrou que no ano de 1999 o valor bruto da sua produção somou R$139.036.300,00 dos quais R$32.866.100,00 (23,645%) corresponde ao montante aplicado na aquisição de insumos do Pará, R$54.388.600,00 (39,12%) de valor adicionado destinado ao pagamento dos fatores da produção e de impostos e o restante, R$51.781.600,00

(11)

(37,24%), foi destinado à aquisição de insumos importados do Brasil e do exterior (Figura 2 e Tabela 2A). Assim, pode-se inferir que as lavouras temporárias, ao depender mais de insumos adquiridos no mercado nacional do que no exterior, favorecem a dinamização da economia interna.

54388,6(39,12%) 32866,1(23,64%) 51781,6(37,24%)

Atividades Valor agregado Fatores de produção

Figura 2: Valor bruto da produção – Lavoura Temporária - Pará Fonte: Dados da pesquisa

Nesse sentido é preciso compreender que tal dinamização por vezes não segue o ordenamento formal da legalidade visto que algumas culturas, como por exemplo, a mandioca, o milho, melancia e o arroz, têm um intrincado caminho de intermediação na sua circulação e consumo gerando valor adicionado não contabilizado e ocupações produtivas não formais. O Quadro 2 dá um indicativo dessa consideração.

Quadro 2 - Valores da produção e pessoal ocupado – Estado do Pará - 1999 VALOR DA PRODUÇÃO

Atividade % Ranking

PESSOAL OCUPADO

Atividade % Ranking

Serviço 57,30 1º Serviço 58,52 1º

Pecuária de GP 10,73 2º Lavoura Permanente 18,24 2º

Lavoura Permanente 6,82 3º Extrat.Vegetal 9,48 3º

Mineral 5,52 4º Madeira 3,63 4º

Agroind. Animal 5,46 5º Transformação 2,19 5º

Transformação 4,61 6º Pecuária de PP 2,00 6º

Extrat.Vegetal 3,04 7º Pecuária de GP 1,85 7º

Agroind.Vegetal 2,36 8º Mineral 1,41 8º

Fruticultura 1,22 9º Agroind.Vegetal 1,03 9º

Pecuária de PP 1,16 10º Fruticultura 0,78 10º

Madeira 0,68 11º Agrind. Animal 0,62 11º

Pesca 0,59 12º Pesca 0,12 12º

Lav. Temporária 0,53 13º Lav. Temorária 0,12 13º

Fonte: Dados Básicos do IBGE - Produção Agrícola Municipal (Sistema SIDRA)

Como se percebe, nem sempre as atividades com os maiores níveis de produção são àquelas com os maiores níveis de ocupação (formal). Note-se, por exemplo, que do lado da produção, os serviços, a pecuária de grande porte e a lavoura permanente constituem as três primeiras atividades com os melhores resultados no período. Enquanto isso a lavoura temporária ocupa a última posição do ranking.

A matriz de coeficientes técnicos mostrou que a lavoura temporária investiu mais nos setores de serviços e pecuária de grande porte do que em si próprio. Mostrou ainda que a agricultura temporária nada investiu na aquisição de insumos e/ou matéria prima dos setores

(12)

pesca e extrativismo vegetal, além de pouco investir em setores como a agroindústria animal, vegetal, madeira e celulose, etc.

Na Tabela 4 encontra-se sumarizado as alterações exógenas unitárias da demanda final, considerando os setores e seus impactos, mostrando que para atender ao incremento de uma unidade monetária (R$1,00) de demanda exógena por produtos de lavoura temporária, este setor deve incrementar em si próprio R$ 3,44, na lavoura permanente R$ 2,98; R$1,25 na pecuária de grande porte, R$3,04 no setor de transformação e R$15,85 no setor de serviços. O extrativismo vegetal e pesca não apresentaram nenhum incremento e, nos demais setores, o incremento é extremamente baixo.

Tabela 4 - Matriz de Leontief - coluna e linha do setor Lavoura temporária Estado do Para - 1999

Setores M. Produto LT-Coluna LT-Linha Lavoura temporária 1,0499 0,0499 0,0499

Lavoura permanente 1,0344 0,0298 0,0038

Fruticultura 1,0108 0,0036 0,0027

Pecuária grande porte 1,0496 0,0125 0,0099 Pecuária pequeno porte 1,0738 0,0005 0,0783 Extrativismo vegetal 1,0001 0,0001 0,0001

Pesca 1,0000 0,0000 0

Madeira , mobil e celulose 1,0600 0,0007 0 Agroindústria vegetal 1,1452 0,0008 0,0098 Agroindústria animal 1,0764 0,0022 0,0168 Mineral 1,1480 0,0068 0 Transformação 1,1005 0,0304 0,0001 Serviço 1,1957 0,1585 0,0001 Média 1,0727 0,022754 0,090115

Fonte: Dados da pesquisa

A Figura 3 mostra que a média do multiplicador do produto para os 13 setores econômicos do Pará foi de 1,07 e, portanto, encontram-se acima desse patamar os setores da Pecuária de Pequeno Porte, Agroindústria Vegetal, Agroindústria Animal, Mineral, Transformação e Serviço. Este multiplicador explica que a cada demanda exógena de R$ 1,00 ao setor da Lavoura Temporária, este teve que incrementar, em termos de valor para atender esta demanda, 4,99 centavos, o da Pecuária de Pequeno Porte 7,38 centavos, o da Agroindústria Vegetal 14,52 centavos, o da Agroindústria Mineral 14,80 centavos, o de Transformação 10,05 centavos e o de Serviços 19,57 centavos.

(13)

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 L a v . T e m p . L a v P e rm . F ru ti c u lt . P e c . G P P e c . P P E x tr a t. V e g P e s c a M a d e ir a A g ro .V e g e l A g r. A n im a l M in e ra l T ra n s fo rm . S e rv o

M . produto LP-Coluna LP-Linha

Figura 3 - Multiplicador de 13 setores da economia do Pará – Efeitos diretos e indiretos – Lavoura Temporárias. Fonte: Dados da pesquisa

Como observado em Filgueiras, Santana e Amin (2006), os multiplicadores de renda são importantes indicadores de poder de compra de uma economia, o que propicia avaliar a capacidade que cada setor possui em distribuir renda e pagar impostos. Neste sentido, a Tabela 5, mostra a capacidade que cada setor tem em responder às demandas exógenas de gerar rendas (salários e lucros) e pagar/arrecadar impostos. Estes multiplicadores correspondem ao valor adicionado e/ou valor agregado relativos aos pagamentos dos fatores de produção.

Portanto, na lavoura temporária para se atender uma demanda final exógena de uma unidade monetária (R$1,00), sua massa de salários e lucros (renda) deve crescer 44,10 centavos como resultado da reação interna e das repercussões dos demais setores interligados. Do mesmo modo, os impostos líquidos devem crescer R$ 1,89, ou seja, para atender uma demanda final exógena de R$1,00, a atividade lavoura temporária deve incrementar em termos de pagamentos de impostos 88,60 centavos.

Note-se que são poucos os setores têm que incrementar tanto a sua renda (massa salarial e lucro) e impostos líquidos acima da média.

Tabela 5 - Multiplicadores de renda e impostos líquidos da MIP Estado do Pará - 1999.

SETOR RENDA IMP. LÍQUIDO

Lav. Temporária 1,441 2,886 Lav. Permanente 1,116 1,914 Fruticultura 1,119 1,880 Pecuária de GP 1,294 2,290 Pecuária de PP 1,544 5,150 Extrativismo Vegetal 1,041 1,653 Pesca 1,057 1,908 Madeira 1,375 1,171 Agroind.Vegetal 1,662 1,277 Agroind. Animal 1,849 1,225 Mineral 1,434 1,292 Transformação 1,332 1,230 Serviço 1,234 1,259 Média 1,3460 1,9336

Fonte: Dados da pesquisa Multiplicadores de emprego

(14)

Este multiplicador indicar a capacidade do setor em gerar empregos ao ser demandado em seus produtos. Neste caso a lavoura temporária, para atender a cada demanda unitária exógena de R$1.000.000,00, em 1999, ocupou 23,18 pessoas. De outro modo, entre os 13 setores que compuseram a MIP/99, a lavoura temporária foi a terceira maior atividade na geração e/ou replicação de emprego decorrente dos ajustamentos diretos e indiretos para cada R$1,00 de valor da produção gerada. Dessa forma, para atender um aumento de um milhão na demanda final teve de ocupar direta e indiretamente 25,6 pessoas, sendo diretamente 11,5 e indiretamente 14,1 (Tabela 6).

Tabela 6 - Multiplicador de empregos, diretos e indiretos de 13 setores econômicos da MIP Estado do Pará - 1999

Setor Mult emprego Ef. Direto e Indireto Emprego direto Empr. Indireto

Lavoura Temporária 2,2318 0,0256 0,0115 0,0141 Lavoura Permanente 1,0646 0,1441 0,1353 0,0087 Fruticultura 1,2606 0,0409 0,0325 0,0085 Pecuária GP 2,8019 0,0245 0,0087 0,0158 Pecuária PP 1,2097 0,1058 0,0874 0,0183 Extrativismo Vegetal 1,0206 0,1611 0,1579 0,0032 Pesca 1,3601 0,0144 0,0106 0,0038 Madeira 1,1501 0,3125 0,2717 0,0408 Agroindústria Vegetal 2,0488 0,0453 0,0221 0,0232 Agroindústria Animal 4,8422 0,0277 0,0057 0,0220 Mineral 2,0339 0,0263 0,0129 0,0134 Transformação 1,6302 0,0393 0,0241 0,0152 Serviço 1,2284 0,0635 0,0517 0,0118

Fonte: Dados da pesquisa

Efeitos para frente e para trás

Com relação aos efeitos para frente e para trás, observa-se que o setor da Lavoura Temporária apresenta a jusante um índice muito próximo de 1 o que permite inferir um efeito positivo nesses encadeamentos. O efeito à montante revelou-se superior a unidade, denotando um bom grau de interrelacionamento.

O Quadro 3 sumarisa os efeitos dos 13 setores e propicia uma boa compreensão da capacidade de encadeamento da lavoura temporária, relativamente aos setores trabalhados.

Desse modo é plausível argumentar que esses efeitos encontrados revelaram-se positivos evidenciando que no ano de 1999 as lavouras temporárias era um setor-chave para dinamizar a economia estadual, particularmente por demandar produtos internos.

QUADRO 3: Efeitos de encadeamento para frente e para trás – Pará/99.

SETOR EFEITO PARA FRENTE EFEITO PARA TRÁS

Lavoura Temporária 0,91125 1,0078 Lavoura Permanente 1,00823 0,8820 Fruticultura 0,82913 0,8802 Pecuária GP 0,99439 0,9817 Pecuária PP 0,92302 1,2115 Extrativismo Vegetal 0,87383 0,8196 Pesca 0,77794 0,8348 Madeira 0,83992 1,0225 Agroindústria Vegetal 0,93610 1,1261 Agroindústria Animal 1,01272 1,1925 Mineral 0,95012 1,0624

(15)

Transformação 0,96627 1,0123

Serviço 1,97709 0,9665

Fonte: Dados da pesquisa

4 – CONCLUSÕES

Os indicadores obtidos na análise do crescimento da produção das lavouras temporárias mostraram a dinâmica desse processo decorreu mais acentuadamente da expansão da área do que da produtividade da terra. Dessa maneira é recomendável que se intensifiquem os programas de assistência técnica e extensão rural que propicie a melhoria da produtividade do trabalho, com vistas ao desenvolvimento de cultivos mais racionais àqueles produtores que se encontram muito afastados dos índices de produtividade recomendável. Mas, o crescimento, por si só, propicia uma compreensão da importância dessa atividade para a economia paraense e dos aspectos vinculados à sobrevivência e reprodução de parte da sua população rural.

Os efeitos globais encontrados revelaram-se positivos evidenciando que no ano de 1999 a lavoura temporária foi um setor-chave para dinamizar a economia estadual.

Não obstante, revela reconhecer que o crescimento nem sempre traz desenvolvimento. A lavoura temporária precisa evoluir e profissionalizar-se para melhor usufruir dos benefícios fiscais concedidos pelo governo, viabilizando a constituição e a dinamização de Arranjos Produtivos Locais, gerando muito mais empregos formais. Para isso é necessário avançar em pesquisa, extensão e ampliação das facilidades de infra-estrutura, pois como observa Santana (2006) apenas as lavouras de mandioca, arroz e milho geraram no ano de 2004 uma renda de R$1,01 bilhão e ocupou, juntamente com o feijão, soja, café, cacau e pimenta do reino, 573.800 pessoas no Estado do Pará.

5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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______________. Dinâmica espacial da produção rural no Estado do Pará: referências

(17)
(18)

Área colhida

Culturas 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

(ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i)

Abacaxí¹ 819 100 747 91 959 117 1.993 243 2.510 306 4.077 498 6382 779 10.955 1338 10.091 1232 10.710 1308 Arroz 127.409 100 144007 113 145.473 114 193.884 152 187.923 147 231.541 182 247359 194 256.076 201 261.147 205 300.247 236 Batata doce 78 100 56 72 45 58 54 69 72 92 71 91 71 91 69 88 78 100 83 106 Cana-de-açucar 7.084 100 7203 102 7.266 103 8.375 118 8.417 119 7.109 100 5956 84 7.016 99 7.532 106 4.184 59 Feijão 49.255 100 52977 108 55.342 112 71.214 145 89.061 181 83.230 169 83243 169 76.569 155 76.244 155 87.943 179 Fumo 654 100 669 102 496 76 314 48 335 51 504 77 556 85 268 41 284 43 273 42 Juta 666 100 1339 201 1.265 190 1.245 187 149 22 180 27 85 13 80 12 287 43 378 57 Malva 13.172 100 8105 62 7.434 56 2.527 19 2.275 17 1.575 12 1554 12 1.121 9 1.845 14 1.818 14 Mandioca 232.732 100 232637 100 206.049 89 249.013 107 277.655 119 272.931 117 288985 124 285.469 123 262.480 113 281.633 121 Melancia 828 100 821 99 751 91 859 104 1.092 132 1.114 135 1265 153 1.806 218 1.570 190 1.545 187 Melão 38 100 9 24 14 37 18 47 27 71 30 79 108 284 84 221 47 124 40 105 Milho 164.199 100 184503 112 180.745 110 228.291 139 226.636 138 280.707 171 339863 207 324.195 197 339.602 207 399.825 244 Soja 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 575 0 1.263 0 1.245 0 Tomate 125 100 132 106 142 114 147 118 177 142 175 140 207 166 201 161 240 192 230 184 Produção Culturas 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

(ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i) (ha) (n.i)

Abacaxí¹ 15.807 100 14425 91 18675 118 37658 238 53587 339 91918 582 127989 810 247248 1564 225155 1424 240791 85 Arroz 148.123 100 194219 131 183635 124 286169 193 269769 182 337758 228 369429 249 372348 251 353883 239 414928 8 Batata doce 479 100 303 63 225 47 238 50 568 119 591 123 371 77 570 119 613 128 633 132 Cana-de-açucar 390.055 100 393013 101 383736 98 451330 116 478430 123 424826 109 344123 88 443540 114 496256 127 240986 62 Feijão 29.761 100 30495 102 29442 99 41718 140 49110 165 50976 171 52197 175 48500 163 42779 144 56741 191 Fumo 355 100 357 101 266 75 163 46 166 47 242 68 263 74 136 38 143 40 138 39 Juta 830 100 1685 203 1685 203 1699 205 193 23 234 28 100 12 56 7 347 42 584 70 Malva 9.226 100 5940 64 5647 61 1930 21 1831 20 1263 14 1211 13 842 9 1528 17 1505 16 Mandioca 2.894.635 100 2968491 103 2626606 91 3342048 115 3741798 129 3592740 124 3814917 132 3870329 134 3530717 122 4067052 141 Melancia 3.284 100 3386 103 3384 103 26699 813 29943 912 28181 858 34198 1041 44762 1363 39546 1204 40806 1243 Melão 155 100 39 25 54 35 53 34 88 56 120 77 191 123 344 222 78 50 57 37 Milho 195.004 100 233522 120 214805 110 299274 153 288692 148 385655 198 467413 240 478784 246 498712 256 638531 327 Soja 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1353 0 2438 0 2630 0 Tomate 2.985 100 3230 108 3555 119 3677 123 4827 162 4749 159 3740 125 5671 190 7229 242 6997 234

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal (Sistema SIDRA) - Jul/06

(19)

Tabela 2A - Matriz de Iinsumo-produto do Estado Ppará

ORD.

Descrição MIP Lav. Temp Lav. Perm Fruticult Pec. GP Pec. PP Extrat. Veg Pesca Madeira Agro Veget Agro Anim Mineral Transfor Serviço

1 Lavoura temporária 6575,6 6001,5 741,1 23350,1 20581,1 52,3 0,0 0,0 4727,9 9953,0 0,0 0,0 0,0

2

Lavoura permanente 3639,4 57544,8 9175,2 195575,8 484,0 4773,2 136,9 0,0 41646,3 8086,2 545,4 1498,1 28955,1

3 Fruticultura 332,6 19350,8 3272,8 14669,5 0,0 0,0 0,0 0,0 5229,3 11,1 0,0 18044,6 17352,1

4

Pecuária grande porte 1503,2 12869,8 2418,2 120512,2 104,7 24,3 0,0 0,0 12068,5 184772,1 0,0 1314,5 4310,9

5

Pecuária pequeno porte 31,0 327,4 40,6 596,1 16082,2 8,5 0,0 0,0 326,9 134370,5 0,0 0,0 1616,8

6

Extrativismo vegetal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 33,1 0,0 19413,2 32,0 1,0 4278,9 1389,4 9,8

7 Pesca 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1138,7

8

Madeira , mobil e celulose 6,0 87,6 0,0 7,1 67,5 3,3 0,0 9950,0 89,9 86,3 245,8 14919,7 18153,9

9 Agroindústria vegetal 31,3 330,5 42,6 6575,2 8867,9 8,6 0,0 30,3 78421,4 3177,2 40,6 6377,8 19902,1 10 Agroindústria animal 173,7 2500,4 343,0 73526,9 47708,7 60,0 0,0 0,0 2794,4 73976,6 0,0 323,5 27727,8 11 Mineral 464,8 3948,1 542,8 3551,0 0,5 135,9 0,0 773,7 1444,1 1555,9 183431,6 16403,1 181352,7 12 Transformação 3347,8 7076,9 446,8 4754,7 1783,2 181,3 0,0 4045,2 8136,1 4006,2 10411,5 107814,3 204137,1 13 Serviço 16760,7 87674,2 17762,6 147286,1 22892,9 29578,3 8992,6 12751,7 58068,6 140489,4 209444,0 118618,8 2397432,0 14 Renda 53644,3 1307840,4 225054,9 1475393,4 139988,8 657703,8 124151,3 ##### 226805,9 461020,6 688554,1 637056,7 9416792,2 15 Imposto líquido 744,3 7468,7 1395,2 14256,6 1578,5 2592,7 544,1 11510,8 41662,6 89031,2 96547,8 81275,1 655104,1 16 Importado do Brasil 49875,7 254190,1 54945,7 697613,5 39241,2 92713,8 18823,2 15354,9 131401,4 315675,4 227263,9 184049,0 1880853,4

17 Importado do resto do mundo 1905,8 22368,5 4062,9 37755,9 4112,7 9212,0 1827,9 2762,5 7278,3 7764,8 27289,3 20399,5 183318,9

18 Valor da produção ###### 1789579,6 320244,5 2815424,3 303493,9 797081,1 ##### ##### 620133,6 1433977,5 1448053,0 ###### 15038157,5

19 Pessoal Ocupado 1592,6 242219,3 10394,1 24616,6 26535,5 125848,7 1639,8 48137,7 13700,6 8196,5 18741,6 29143,1 776977,4 Fonte: Adaptada da MIP com 99 setores do Estado do Pará

Referências

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