TOMATES TIPO CEREJA, ITALIANO E SALADA
CULTIVADOS ORGANICAMENTE: PRODUTIVIDADE E
QUALIDADE
Evandro Lima da Silveira Batista1; Marcelo Luiz da Silva Batista2; Mariella Camargo Rocha3; Margarida Gorete Ferreira do Carmo4; Antonio Carlos de Souza Abboud5
(1)
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Agronomia-Dpto. de Fitotecnia, BR 465, Km 47, CEP 23890-000 Seropédica, RJ. E-mail: abboud@ufrrj.br
RESUMO
A produção de frutos de tomate continua a crescer em importância, como um dos principais produtos hortícolas para consumo in natura. Assim, o presente trabalho teve como objetivo estudar a produtividade e as características físico-químicas de diferentes acessos de tomate do tipo cereja, italiano e salada promissores para o consumo in natura, e produzidos sob manejo orgânico . Foram utilizados 15 acessos da coleção de tomates do Departamento de Fitotecnia, sendo cinco de cada tipo, cereja, italiano e salada. O plantio foi realizado em covas, utilizando o espaçamento de 1,00 m entre linhas e 0,50 m entre plantas, cada parcela foi composta por oito plantas de cada acesso, em delineamento em blocos ao acaso com três repetições. Foram analisadas a produtividade comercial e não-comercial e as características físico-químicas dos diferentes acessos. Observou-se que para o grupo italiano o acesso Chico Grande teve maior produtividade, para os do grupo cereja o acesso Prince borghese e para o salada o acesso EUA. Quanto a textura observou-se que esta variou de acordo com o tamanho dos frutos, sendo o acesso San Marzano o que apresentou a maior firmeza, já para os teores de sólidos solúveis totais o acesso EUA 4 pertencente ao grupo
cereja apresentou 4,5 oBrix. O pH dos frutos variou de 4,3 a 5,1.
PALAVRAS-CHAVE: Solanum lycopersicon, características fiísico-químicas, sistema orgânico de produção.
ABSTRACT
Organically grown Cherry, Paste and Salad tomatoes: yields and quality
Tomato production keeps growing , mostly for in natura comsumption. This research compared the yileds and the physico-chemical characteristics of organically grown cherry, italian (paste) and salad type tomatoes. Five accesses of each type were grown under field conditions at Departamento de Fitotecnia, using row spacing of 1.00 X 0.5 m and eight plants per plot on a randomized complete block design with three replicates. For the italian (paste) type, acssess Chico Grande showed highest yiled; for the cherry type, accssess Prince borghese was the most productive. The highest firmness was found on San Marzano (italian type) and the highest BRIX on the EUA 4 (cherry type)
KEYWORDS : Lycopersicum esculentum, germplasm, organic toamotes.
INTRODUÇÃO
A cultura do tomateiro é difundida pelos cinco continentes, sendo consumido pelas mais diferentes classes sociais, no preparo de diversos pratos e in natura. Desde 1999 uma coleção de genótipos de tomateiro provenientes de diferentes partes do mundo tem sido montada no Laboratório de Agroecologia, Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Esses genótipos pertencem a um grupo de variedades referidas na língua inglesa como variedades “heirloom”. Essas são variedades antigas, muitas delas remontam ao século 19, que não passaram por intervenções formais de melhoramento genético e que vem sendo mantidas, aperfeiçoadas e difundidas de geração a geração por agricultores orgânicos e por um número cada vez maior de consumidores, no hemisfério Norte (Vavrina et
al., 1997).
No entanto, apesar de seu elevado consumo a cultura do tomateiro é altamente susceptível ao ataque de pragas e doenças, sendo a segunda maior em utilização de defensivos químicos, perdendo somente para a cultura da batata.
A utilização intensiva desses produtos acarreta vários problemas para a saúde do homem e do meio ambiente. Uma alternativa para a redução do uso dos defensivos é a prática da agricultura orgânica, a qual presa a não utilização de agrotóxicos oferecendo aos consumidores uma maior segurança no consumo destes produtos.
Embasado nesta técnica o presente estudo teve como objetivo selecionar cultivares de tomate fruto tipo italiano, salada e cereja, como diferentes características físico-químicas e porte rasteiro para as condições da baixada fluminense.
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido na Fazendinha Agroecológica localizada na cidade de Seropédica, no período de maio a setembro de 2007. Foram utilizados 15 acessos da coleção de tomates do Departamento de Fitotecnia, sendo cinco de cada tipo, cereja, italiano e salada. Após o preparo convencional do solo, realizou-se o plantio em covas, que foram adubadas com dois litros de esterco bovino e 30 gramas de farinha de osso.
O espaçamento utilizado foi de 1,00 m entre linhas e 0,50 m entre plantas, sendo cada parcela composta por oito plantas de cada acesso, em delineamento em blocos ao acaso com três repetições.
A irrigação foi feita com o auxílio de uma mangueira de acordo com a necessidade hídrica da cultura e o manejo utilizado foi o orgânico. Foram realizados seis colheitas onde avaliou-se a produtividade dos frutos comerciais e não-comerciais. Aos 115 dias após o transplante por ocasião da última colheita, realizou-se a avaliação das características físico-químicas como pH (IAL, 1976), sólidos solúveis totais (IAL, 1976) e textura.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Entre os acessos estudados observou-se um pico de produção por volta da quarta colheita, com exceção do tomate do tipo italiano San Marzano que, por ser uma variedade tardia, apresentou o pico de produção na sexta colheita (Figura 1).
A partir da avaliação da produção acumulada pode se observar que dentre os genótipos estudados, nenhum poderia ser considerado como uma variedade precoce, no entanto, pode-se dentro despode-ses acessos destacar aqueles de produção mais tardia, como é o caso do San Marzano no grupo de tomates do tipo italiano, Yellow para os do tipo salada, já para os tomates do tipo cereja este comportamento não foi observado, sendo que todos os acessos mantiveram o mesmo comportamento (Figura 1).
Através das perdas pode se observar que os tomates responderam de forma diferente ao cultivo rasteiro, destacando-se os tomates do tipo cereja os quais responderam bem ao cultivo.
A variedade EUA 4 foi a que apresentou melhor produtividade com pequenas perdas. Nos tomates do tipo italiano as perdas foram relativamente pequenas, estes responderam de forma positiva ao cultivo rasteiro destacando-se a variedade Chico Grande. Já para os do tipo salada observou-se perdas significativas da produção e uma produtividade pouco expressiva, destacando-se a variedade Pink brandwine com maiores perdas (Figura 2).
Observou-se uma textura mais firme para os frutos dos tomates do tipo italiano com cerca de 4,7 lbcm-2, os do tipo cereja com 3,4 lbcm-2e os do tipo salada com 3,6 lbcm-2, esta variação possivelmente esta relacionada ao tamanho dos frutos (Figura 3).
Quanto aos teores de sólidos solúveis totais, os tomates do tipo cereja mostraram melhores resultados com destaque para a variedade EUA 4 chegando a 5,9 oBrix (Figura 3). Estes resultados foram superiores aos observadpos por Borguini (2002), trabalhando com tomates de mesa Carmem e Débora, cultivados em sistema orgânico e convencional, encontrou valores de 4,9 oBrix, para o tomate Débora conduzido sobre os dois sistemas e 4,7 oBrix para o tomate Carmem produzido em sistema convencional e 4,2 oBrix em sistema orgânico.
Os valores médios do pH dos frutos situaram-se na faixa de 4,3 a 5,1 (Figura 3). Estes valores estão de acordo com os encontrados por Damasceno et al., (2003). Esta diferença, porém, talvez não seja expressiva, pois segundo Gould (1974), frutos de tomate que apresentam teores de pH acima de 4,50 são classificados como não ácidos e próximos da faixa de 4,00 e 4,50 citada como normal para tomate (Jones, 1998), sendo indicado para o consumo in natura.
AGRADECIMENTOS
À FAPERJ pela concessão de bolsa de Iniciação Científica do primeiro autor. LITERATURA CITADA
BORGUINI, R.G.; Tomate (Lycopersicon esculentum Mill) orgânico: o conteúdo nutricional e a opinião do consumidor. Piracicaba, 2002.110p. Dissertação (Mestrado)-Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.
DAMASCENO, S.; OLIVEIRA, P.V.S. de; MORO, E.; MACE3DO UNIOR, E.K.; LOPES, FAO/ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. www.fao.org
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Método químicos e físicos para análises de alimentos. 2.ed. São Paulo, Instituto Adolfo lutz, 1976. 371p.
JONES, J.B.Jr. Tomato plant culture: in the field, greenhouse and home garden, by CRC press LLC, 1999
VAVRINA, C.S.; ARMBRESTER, K.; PENA, M. Heirloom tomato cultivar testing at the Southwest Research and Education Center, pp. 12-15. 1997. In: VARINA, C.S.; GILREATH, P.R.; NOLING, J.W. (eds), Florida Tomato Institute proceedings. Citrus and vegetable Magazine, University of Florida, Gainesville, F.L. 1997.
Figura 1. Produtividade média e acumulada de acessos de tomateiro do tipo cereja, italiano e salada ao
longo de seis colheitas. Seropédica, Fazendinha Agroecológica, 2008. (Figure 1. Average and cumulative yield of cherry, Italian and salad tomato acssesses during six harvest periods. Seropédica, Agroecological Farm, 2008).
Figura 2. Produtividade líquida e descartada de acessos de tomateiro do tipo cereja,salada e italiano.
Seropédica, Fazendinha Agroecológica, 2008. (Net and discarded yield of cherry, Italian and salad tomato acssesses Seropédica, Agroecological Farm, 2008).
Figura 3. Textura (lbcm-2), Sólidos solúveis totais (oBrix) e pH em diferentes acessos de tomateiro do tipo cereja, italiano e salada. Seropédica, Fazendinha Agroecológica, 2008. (Texture (lbcm-2), soluble solids (oBrix) and pH in different acssesses of cherry, Italian and salad tomatoes. Agroecological Farm, 2008).
