Vida e Obra do Naturalista
Alexandre Antonio Vandelli
(1784-1862)
Adílio Jorge Marques
Tese de Doutoramento em
História da Ciência Luso-Brasileira
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química,
Programa de Pós-Graduação em História da Ciência, das Técnicas e Epistemologia (HCTE)
QUESTÃO
Como a trajetória de Alexandre Antonio Vandelli foi uma expressão da cultura intelectual portuguesa, sendo esta
articuladora do iluminismo e da ciência no mundo luso-brasileiro?
HIPÓTESE
A trajetória intelectual desse naturalista evidencia que o desenvolvimento da pesquisa científica em Portugal não estava totalmente à margem da produção européia de seus
• Analisar as principais influências sobre o
personagem Alexandre Antonio Vandelli.
• Trazer à luz seus trabalhos científicos
produzidos em Portugal e no Brasil,
mostrando sua relação com as várias áreas
do saber.
• Refletir como o pensamento científico fluía de
Portugal para o Brasil nos oitocentos,
mostrando a inserção portuguesa no plano
iluminista europeu.
JUSTIFICATIVAS
• Alexandre Vandelli atuou e legou à posteridade obras nas mais diversas áreas do saber: Química, Física, Zoologia, Botânica, Administração pública, Agricultura, Mineralogia, Geologia,
Meteorologia, Astronomia, fabricação de louças e educação. • Trabalhou para a divulgação e desenvolvimento da indústria
portuguesa através da Academia Real das Ciências de Lisboa. • Iniciou o estudo sistemático da Paleontologia dos vertebrados em
Portugal.
• A tese pretende corrigir alguns erros biográficos.
• Aprofundar o entendimento das ciências naturais da primeira metade do século XIX em Portugal e, posteriormente, no Brasil.
INTRODUÇÃO
- Quem foi Alexandre Antonio Vandelli? - Análise de sua relação com o pai,
Domingos Agostinho Vandelli, e o sogro, José Bonifácio.
- As relações familiares e a vida em Portugal, mostrando os principais
acontecimentos.
- A chegada ao Brasil e posterior naturalização.
Capítulo 1
Ambiente científico: a ascendência educacional e científica de
Alexandre Antonio Vandelli em Portugal.
1.1 – O ambiente antes de Domingos Vandelli.
1.2 - Surge Domingos Vandelli
(1735-1816) no cenário ilustrado português.
1.3 - Sogro, Protetor e Mestre de Alexandre: o naturalista José Bonifácio de Andrada e Silva.
Documento da Torre do Tombo, Lisboa, 1819. Casamento de Alexandre Vandelli com Carlota Emília de Andrada.
Alexandre Antonio Vandelli: Assistente de
José Bonifácio desde 1813
• Assistente no Laboratório Químico da Casa
da Moeda de Lisboa.
• Ajudante na Intendência Geral de Minas e
Metais do Reino em Portugal.
• 1819 a 1824: Interino na mesma
Intendência.
Capítulo 2 – A “fase portuguesa” de Alexandre Vandelli
As relações da família Vandelli com alguns dos principais acontecimentos sociais e científicos de
sua época: 2.1 – A Universidade de Coimbra.
2.2 – A Intendência Real das Minas e a Ferraria da Foz do Alge.
2.3 – A Fábrica de Louças em Lisboa (Rato).
2.4 – A Academia das Ciências de Lisboa e Alexandre Vandelli.
2.5 - Iniciou o estudo sistemático da Paleontologia dos vertebrados em Portugal (Barão de Eschwege). 2.6 – A viagem para o Brasil.
2.7 – Obras em Portugal
• Resumo da Arte de Distillação (1813). • Zoologia Portuguesa (Vol. I) &
Extracto de 88 autores para a
nomenclatura zoológica portugueza. (Vol. II). Ambas de 1817. • Ensaio sobre a Nomenclatura Vulgar e Trivial, e Sinonímia
Zoologica Portugueza (1817).
• Apontamentos para a História das Minas de Portugal, colligidos pelo ajudante, servindo de Intendente geral das Minas e metais do Reino (1824).
• Collecção de Instruções sobre a agricultura, artes e Industria (1831-1832).
CAPÍTULO 3 - A “fase brasileira”
de Alexandre Vandelli
Busco refletir sobre a vida, as obras e ofícios de
Alexandre Antonio Vandelli no Brasil entre 1834
e 1862 (verdadeiro ano de sua morte):
Faleceu em 13/08/1862 no Rio de Janeiro: - Jornal do Commercio, de 14/08/1862;
- Diario do Rio de Janeiro, edição de 16 e 17/08/1862;
• Prof. de Botânica e Princípios de Ciências Naturais da família Imperial no Brasil entre 1839 a 1862. Educação
• Fazenda Normal em 1837/1838. • Colégio Pedro II em 1838.
• Fiscal do Imperial Núcleo Hortículo Brasiliense no RJ (1856-1859).
“Questões propostas para serem discutidas por escripto” (1851)
• 1º - O denso nevoeiro, ou o enfumaçado da atmosfera do Rio de
Janeiro, e de quase toda, senão toda a costa do Brazil nos meses de julho á outubro será devido á uma evaporação terrestre, ou volcanica, como pensou Sanches Dorta? Ou será devido á queimadas como se acredita vulgarmente?
• 2º - Se este phenomeno é devido ás queimadas, datará elle de tempo anterior á conquista?
• 3º - Se é anterior ás conquistas; seriam estas queimadas puramente accidentaes, como pensam alguns, ou eram de proposito feitas pelos selvagens, como sustentam outros? E então porque motivo o farião? • 4º - Provada e existência dos incêndios nos tempos dos selvagens,
casuaes, ou não, foram elles (os incêndios) que produziram os
maçagaes, ou campos, pela destruição das matas, como é opinião de Volney e outras pessoas; ou pelo contrario os incêndios presuppõe a existência de campos naturaes?
Mata reduzida a carvão. Tela de Félix-Émile Taunay finalizada em 1828. Filho de Nicolas Antoine Taunay, pintor francês que fez parte da Missão Artística Francesa ao Brasil em 1816. Exemplo de
Reflexão sobre a
questão dos nevoeiros seccos da atmosfera do Rio de Janeiro.
Em carta a D. Pedro II. Em 3 partes: 16 de abril, 24 de novembro, 10 de dezembro de 1853.
Para Alexandre Vandelli:
“(...) se as auroras boreais, estrelas errantes, aerólitos, ou melhor uranólitos, por estarem sujeitos à lei da periodicidade, são tidos e
considerados como resultando de uma mesma causa, impelidos pelos mesmos movimentos, e serem diferentes estados de condensação da
matéria nebulosa: e estando os nevoeiros secos no mesmo caso de afinidade que entre si têm
aqueles fenômenos, parece necessária
conclusão considerá-los e classificá-los como
fazendo parte de um desses estados transitórios de condensação por que passa a matéria
Conclusões
Apesar das inúmeras dificuldades econômicas e políticas, seus textos:
• mostram a crença no constante
aperfeiçoamento dos homens, da indústria e das artes.
• denotam a tentativa de manter a herança
iluminista da família e de sua geração: a
razão deveria perpassar por todos os ramos do viver e do saber.
• A mineração portuguesa deve-lhe as inúmeras tentativas de continuar o projeto de José
Bonifácio de Andrada e Silva de um Portugal independente nesse setor econômico.
• Nobilitou o estudo paleontológico dos vertebrados em Portugal.
• Contribuiu para que a Academia das Ciências de Lisboa se consolidasse definitivamente no círculo intelectual português.
• Buscou a divulgação e a institucionalização do saber tanto no Brasil quanto em seu país de origem.
• Tinha consciência da força da agricultura em um país vasto como o Brasil, buscando participar de Instituições de formação agrícola e escrevendo a respeito.
• Ajudou a despertar em D. Pedro II o interesse pelas ciências naturais.
• Esforçou-se para estabelecer uma instituição científica de estudos brasileiros: a Sociedade
Vellosiana de Ciências Naturais, originando um