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COMPETITIVIDADE E DESEMPENHO DA CADEIA PRODUTIVA DE MADEIRA DA REGIÃO NORTE

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Academic year: 2021

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COMPETITIVIDADE E DESEMPENHO DA CADEIA

PRODUTIVA DE MADEIRA DA REGIÃO NORTE

Antônio Cordeiro de Santana

D.Sc. em Economia Rural, Professor da FCAP e UFPA/CT/PPGEC/CMEC Caixa Postal 917. 66077-530 – Belém-PA. E-mail: santana@nautilus.com.br.

José Alberto Silva de Sá

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – UFPA/CT/PPGEC/CMEC Av. Almirante Wandenkolk, Vila Moraes, 94, Umarizal CEP 66055-030 Belém-PA. E-mail: jose@ufpa.br

ABSTRACT

The work utilize the structure-conduct-performance model to analyze the market structure and competitiveness of woodfarm in Amazon. The rate of market concentration indicated high degree of concentration of industry in States of Acre, Amapá and Tocantins. The index of revealed competitive advantage showed that woodindustry is competitive in world market. This index indicated a positive and incremental tendency of competitiveness. Key word: Amazon, woodfarm, competitiveness.

1 Introdução

A indústria de madeira da Região Norte é formada por segmentos diferenciados de empresas, de acordo com o destino dos produtos finais. O primeiro é constituído pelas empresas de madeira serrada e beneficiada (tábua, barrotes, pranchas, caibro, ripa e barrotes de madeira), o segundo produz madeirite, laminado e compensado de madeira, o terceiro produz artefatos (esquadrias, lambril, assoalho, portas, janelas, pernamanca, molduras para quadros, deck de piscina, brinquedos e utilidades de cozinha) e o quarto produz móveis, casas pré-fabricados, modulados, etc. (Santana, 2002) Atualmente, as empresas do primeiro segmento também estão fabricando os produtos do terceiro segmento, na mesma fábrica ou em unidades separadas da mesma empresa. A agregação de valor está se transformando no vetor de alterações na estrutura das empresas e nas estratégias para criar vantagens competitivas e assegurar o desempenho.

Muitas destas empresas produzem apenas para o mercado local e regional dos pólos produtores dos estados da Região Norte, em que o produto apresenta baixa qualidade. Por outro lado, é considerável o número de empresas de madeira beneficiada que exportam para as Regiões Nordeste, Sudeste e Sul e para o mercado internacional. Todas estas empresas são formais e muitas delas empregam tecnologia moderna, normas técnicas de produto e de processo e qualificação de mão-de-obra, e o produto além de diferenciado apresenta alto padrão de qualidade.

É possível evidenciar três padrões diferentes de qualidade do produto: produto de elevado padrão de qualidade, cujo destino é o mercado internacional; produto de qualidade intermediária, destinado aos mercados das Regiões Sul e Sudeste; e produtos de qualidade inferior, orientados para os mercados da Região Nordeste. Há ainda os produtos sem padrão de qualidade definida que circulam nos mercados locais. (Santana, 2002, 2002a)

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A questão de fundo é o processo em curso de reestruturação competitiva da indústria madeireira da Região Norte, diante da legislação ambiental que afetou drasticamente as formas de manejo da floresta para acesso à matéria-prima e as exigências internacionais por produtos de qualidade. Observa-se uma evolução na diversificação da pauta de exportação de produtos madeireiros, ao mesmo tempo em que incorpora maior densidade tecnológica. No âmbito interno da indústria, nota-se uma reestruturação que vai desde a adequação de escala, passando pela implementação de processo novo, fabricação de produtos de maior valor agregado e implementação de manejo florestal.

Neste artigo, determina-se a concentração e poder de mercado da indústria de madeira, formada pelas cadeias produtivas de madeira serrada e beneficiada, laminados e compensados e artefatos de madeira, empregando os métodos da taxa de concentração de mercado e pelo índice de Herfindahl-Hirschman. Adicionalmente, analisa-se o desempenho dessas cadeias, por meio da aplicação do índice de competitividade revelada.

2 Referencial Teórico

O estudo da competitividade trata da avaliação dos ambientes de ameaças e de oportunidades das empresas, tendo em vista à formação de estratégias competitivas sustentáveis. Estes ambientes envolvem os fatores determinantes da estrutura industrial, da conduta e do desempenho sustentável das empresas. A importância fundamental da análise dos ambientes de ameaça e de oportunidade das empresas de uma indústria é para avaliar o grau de sua atratividade econômica global. Essa atratividade é determinada pelo desempenho médio das empresas na economia, ou seja, empresas que apresentam baixas ameaças e alta oportunidade em relação ao conjunto de empresas concorrentes e/ou rivais.

Apresenta-se um instrumental teórico sobre a organização e evolução industrial, desenvolvido a partir de meados do século passado. Inicia-se com o modelo

Estrutura-Conduta-Desempenho – ECD de Mason (1939) e Bain (1968).

2.1 O Modelo Estrutura-Conduta-Desempenho - ECD

A análise das relações entre as empresas e de seu ambiente competitivo (estrutura, formação de estratégias e desempenho), iniciou nos anos 30 com Mason (1939) e depois aprofundado por Bain (1968). (Possas, 1987; Ferguson & Ferguson, 1994; Barney, 1996; Shy, 1997; Cabral, 2000) A idéia fundamental do modelo ECD é descrever as condições em que a dinâmica da estrutura de mercado, as regulamentações do governo e os demais fatores que influenciam o desempenho das empresas podem se transformar em ameaças, e como a partir disso criar oportunidades competitivas.

A estrutura teórica desenvolvida que tornou amplamente conhecido o modelo ECD, contempla um conjunto de fatores, organizados em três dimensões e articuladas por uma ordem causal em que a estrutura industrial determina a conduta das empresas e esta, por sua vez, influencia o desempenho das empresas, como apresentado na Figura 1.

A Estrutura – E diz respeito à indústria, dimensionada por meio de fatores como o número de fornecedores e de clientes (oferta e demanda) e suas relações, a diferenciação dos produtos, as barreiras à entrada e à saída, a estrutura de custos (economias de escala, de escopo e de aglomeração) e a integração vertical. A indústria madeireira contempla as empresas de madeira serrada e beneficiada, laminado, compensado, artefatos, móveis e produtos finais (casas pré-fabricadas, barcos). Da estrutura industrial depende diretamente a conduta das empresas para formar alianças, determinar preços e criar estratégias contra as ameaças das forças internas e externas.

A Conduta – C se refere às ações das empresas dentro da indústria, incluindo a formação e comportamento dos preços, a estratégia de produtos (engenharia de design, orientação do produto para nichos de mercado, padrão de qualidade, etc.), adversidade de produto, pesquisa e desenvolvimento (desenvolvimento de inovações tecnológicas em

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produtos, processos e serviços), estabelecimento de uma governança (formar alianças verticais, coordenar cadeias produtivas, orientar a organização da produção) e política de gastos em marketing, aquisição de equipamentos e redimensionamento da planta. Aqui, a conduta é avaliada no âmbito das empresas de madeira.

Figura 1 – Modelo Estrutura-Conduta-Desempenho revisitado (Santana, 2002). O Desempenho – D é avaliado em três sentidos: o desempenho das empresas na indústria e em relação à economia como um todo, considerando os mercados locais, nacional e internacional.

Os fatores arrolados na dimensão E determinam as estratégias competitivas na dimensão C. A conduta dessas empresas é determinada de maneira diferente e seu alcance também se diferencia, em função do mercado a ser atingido. As empresas de madeira beneficiada desenham suas estratégias para se manterem no mercado local e nacional. As empresas médias e grandes direcionam seus produtos para os mercados nacional e internacional, de modo que as estratégias envolvem cunho mais complexo em termos de restrições, uma vez que o ambiente operacional se estende para âmbito internacional.

As estratégias delineadas no ambiente C causam o desempenho das empresas. As empresas que operam em estruturas imperfeitas de mercado, formam estratégias competitivas diferenciadas e podem apresentar desempenho acima do normal e crescente ao longo do tempo.

Assim, o desempenho (lucro, market share) resulta sempre da estrutura industrial e da conduta das empresas. Uma empresa pode determinar uma política de inovações tecnológicas que determina a diferenciação de produtos e cria novas barreiras à entrada, assim como pode alterar a estrutura de custos. Neste caso, a conduta determina a estrutura, gerando uma causalidade bidirecional.

3. Aplicação do Modelo e Análise dos Resultados 3.1. Estrutura de Mercado e Padrão de Concorrência

A abordagem tradicional tentou várias formas de estimar quantitativamente o poder de mercado, concentrado nas mãos de poucas empresas de determinada indústria. A estrutura de mercado pode ser descrita, considerando-se o número de empresas, a diferenciação do produto, as restrições à entrada e à saída e o grau de integração vertical dessas empresas. Neste aspecto, o indicador mais empregado é o grau de “concentração de

Estrutura da Indústria

Número de fornecedores e clientes; Diferenciação de produtos; Barreiras à entrada; Estrutura de custos; Integração vertical.

Conduta das Empresas

Comportamento dos preços; Estratégia de produtos; Alianças e parcerias; Pesquisa e desenvolvimento; Investimento em planta e equipamentos.

Desempenho das Empresas

Desempenho da empresa: lucro e market share - baixo, médio, alto; Socioeconômico: produtividade, eficiência alocativa, nível de emprego, crescimento; Sustentabilidade: rentabilidade, market share, vantagem competitiva a longo prazo – tendência positiva.

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mercado”, que mostra a extensão em que a fabricação de um dado produto ou serviço se concentra em poucas empresas.

Dos vários critérios recomendados, foram empregados os dois mais freqüentemente utilizados nos Estados Unidos e Europa: a Taxa de Concentração de Mercado - TCM e o Índice de Herfindahl-Hirschman - IHH. (Ferguson & Ferguson, 1994; Shy, 1997; Santana, 2000 e 2002)

A TCM é dada pela porcentagem, em relação ao total da indústria, de vendas, ativos, empregados, valor adicionado ou produção, que cabe às maiores quatro ou oito empresas da indústria, embora o número de empresas considerado seja arbitrário. Neste caso, utilizaram-se as cinco maiores empresas exportadoras. A fórmula matemática da taxa de concentração de mercado (TCM) é dada por:

= = n i

MS

i

TCM

1

em que MSi é a participação nas exportações da i-ésima empresa; n = 5; MS1 >

MS2,...,>MS5. O índice de Herfindahl-Hirschman (IHH) é dado pela fórmula:

= = n i

MS

i IHH 1 2

em que MSi é a participação nas exportações da i-ésima empresa do mercado.

O IHH coloca maior peso nas empresas maiores, elevando ao quadrado sua participação no mercado. Neste caso, a única empresa em uma indústria monopolizada teria uma participação no mercado de MS1 = 100% e IHH=10.000. Se, por outro lado, 10

empresas controlassem cada uma 10% das vendas (exportações), o IHH seria igual a 100. Os resultados da Tabela 1 mostram o grau de concentração do mercado de madeira e de artefatos da Região Norte. Em primeiro lugar, observa-se tanto por meio da taxa de concentração de mercado quanto do IHH que o mercado não é concentrado, embora tenha havido uma ligeira ampliação dos índices de concentração no período do Plano Real, mesmo tendo aumentado o número de empresas em cerca de 68,84%. Isto significa que a expansão se deu entre as empresas menores.

Quando os índices são desagregados para cada Estado da Região Norte, a configuração do mercado torna-se mais clara. Em 1994, os mercados de madeira dos Estados do Acre, Amapá, Roraima, Tocantins e Amazonas eram altamente concentrados. Ao passo que os Estados do Pará e Rondônia que apresentam um IHH inferior a 1000, portanto, a estrutura do mercado não é concentrada. Em 1997, os Estados do Acre, Amapá e Tocantins continuam altamente concentrados, com IHH superior a 1800. No Amapá a situação é singular, onde permanece apenas uma grande empresa produtora de cavaco de madeira para celulose no mercado.

Unidade da Federação TCM 5 maiores IHH Número Empresas TCM 5 maiores IHH Número Empresas Ano de 1994 Ano de 1997 Acre 100,00 8.084 2 100,00 2.614 4 Amapá 100,00 10.000 1 100,00 10.000 1 Amazonas 89,18 2.807 17 77,07 1.571 37 Pará 27,32 266 199 30,02 440 305 Rondônia 50,36 866 51 34,70 411 91 Roraima 100,00 5.402 5 45,64 867 25 Tocantins 100,00 10.000 1 100,00 10.000 1 Região Norte 23,73 221 276 29,34 261 465

Região Norte – ano de 1992 26,79 239 285

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Na Região Norte, mais de 80% do mercado de madeira beneficiada e de artefatos de madeira se concentra nos Estados do Pará e de Rondônia. Os resultados da análise por meio dos indicadores TCM e IHH mostram que estes mercados não são concentrados, portanto a estrutura de mercado em que operam está próxima da concorrência pura, uma vez que não há diferença perceptível entre os produtos que cada empresa oferta no mercado, nos ramos de laminados, compensado, madeira beneficiada e na produção de artefatos.

O segmento de madeira beneficiada e artefatos de madeira não está concentrado no Pará e na Região Norte, dado que o número de empresas exportadoras paraenses predomina na Região e o valor exportado por cada empresa, apresenta distribuição relativamente eqüitativa. Nos demais Estados, o segmento é concentrado em poucas empresas exportadoras (Tabela 2).

O segmento de madeira compensada e laminada, pelo índice IHH, apresenta nível de concentração moderado no Estado do Pará, forte concentração no Amazônia e Roraima e baixa concentração em Rondônia, onde as empresas apresentam distribuição eqüitativa em relação à participação das exportações.

Produto - 1997 Estado TCM IHH Número

Madeira beneficiada e artefatos de madeira

Amazonas 98,33% 3.945,8 6 Pará 50,34% 785,7 81 Rondônia 80,56% 1427,7 11 Roraima 100,00% 4023,2 5 Tocantins 100,00% 5004,5 2 Região Norte 46,70% 680,4 105

Madeira laminada e compensada TCM IHH Número

Amazonas 86,80% 1967,8 14

Pará 51,27% 1094,5 73

Rondônia 62,30% 952,9 38

Roraima 100,00% 4786,9 4

Região Norte 39,30% 601,6 129 Madeira serrada e fendida TCC IHH Número

Acre 100,00% 2614,0 4 Amazonas 86,98% 1727,0 17 Pará 39,69% 421,8 151 Rondônia 51,64% 746,4 42 Roraima 74,66% 1293,4 16 Região Norte 36,41% 358,1 230

Tabela 2 - Indicadores de concentração de mercado por produto e Estados. Fonte: Santana (2002, p.127). Na Região Norte, precisa-se formar conglomerados nas empresas de artefatos, para criar as possibilidades reais de inserção competitiva no mercado internacional, sobretudo as microempresas. Igualmente, precisa-se criar e por em operação as organizações para definir e implementar os padrões de governança que minimizem os custos de transação e atendam aos requisitos internacionais de escala, qualidade e constância regular no fluxo de produtos exportados.

3.2 Vantagem Competitiva Revelada

A competitividade revelada é vista como um desempenho da ação empresarial. É um conceito ex post dado que representa o resultado final do conjunto de efeitos e interações que a empresa fez para se manter no mercado com a mesma ou com maior participação no mercado. Sendo assim, a competitividade é aferida como participação da empresa no mercado em dado período do tempo, conhecido como market share.

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A participação das exportações de uma empresa ou segmento de empresas nas exportações totais do produto aparece como indicador instantâneo de sua competitividade. Este aspecto é importante para a concepção de competitividade, pois são a capacidade das ações estratégias e os investimentos em tecnologia de produto e de processo, marketing e recursos humanos que determinam a competitividade futura, juntamente com as expectativas que se formam sobre a influência das políticas macroeconômicas, da atuação político-institucional, dos fatores de regulação e de outros fatores socioeconômicos circunstanciais.

Este indicador pode ser determinado pela participação relativa da produção de madeira (PM) no consumo aparente (PM + IM - EX) do segmento de madeira como um todo e do ramo de madeira beneficiada e artefatos de madeira da Região Norte. Este indicador pode ser decomposto nos coeficientes de importação (im) e de exportação (ex) ambos relativisados à demanda interna ou consumo aparente.

CR = 100 + (EX - IM)/(PM + IM - EX) = 100 + ex - im

em que CR = indicador de vantagem competitiva revelada; EX = exportações de madeira beneficiada e de artefatos de madeira; IM = importações de madeira e de artefatos de madeira.

A concepção interpretativa para este indicador de vantagem competitiva revelada (CR) é de que um valor superior a 100 (CR > 100) indica que o país apresenta vantagem competitiva no mercado mundial do produto em pauta. Seguindo esta concepção, o Brasil revela vantagem competitiva, ao longo do período de 1980 a 1998, para madeira compensada e serrada. Este último manteve sua competitividade neutralizada apenas no ano de 1986 e, no restante do período, este indicador manteve-se em mesmo patamar (Figura 1). 99,60 99,80 100,00 100,20 100,40 100,60 100,80 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 CR - MSerrada CR - MCompensada

Figura 1 - Vantagem competitiva revelada de madeira serrada e compensada, Brasil, 1980/1998. Fonte: Santana (2002, p.132)

A competitividade revelada do compensado apresenta uma tendência firme de crescimento até 1993, em função da implantação de grandes empresas nesta atividade, sobretudo na região amazônica, por força dos incentivos fiscais da ex-Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia – ex-Sudam. Com isto, as empresas passaram a investir na produção de compensado de florestas nativas nobres, no início, e depois passou a investir em pesquisa para testar madeiras exóticas, visando ampliar o leque de produtos destinados ao comércio internacional.

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A partir de 1994, em função da forte valorização do câmbio, por ocasião do Plano Real, a competitividade revelada declina até 1996 e a partir daí a queda foi debelada em função da Lei Kandir, mesmo assim, a queda não chegou a afetar a tendência histórica.

A confirmação deste argumento pode ser aferida por meio da estimação de uma regressão em que o indicador de CR é a variável dependente e a variável de tendência (T) é a variável explicativa. Também será incluída uma variável dummy (D) para captar a influência do Plano Real na competitividade do segmento. A regressão proposta é a seguinte:

e

D

b

T

b

b

CR

i= 0+ 1 + 2 + i

No caso da Região Norte, que não importa tais produtos, esta análise se torna trivial dado que o CR será maior do que 100.

Os resultados da Tabela 3 mostram que há uma firme tendência de crescimento da competitividade do compensado que é apresentada até 1993, aferida pelo sinal e magnitude do coeficiente da variável tendência (T), sofre uma descontinuidade forte visualizada a partir de 1994, a ponto de alterar o intercepto da regressão (C) e mudar a inclinação da tendência, conforme indica o sinal negativo da variável (D*T). A taxa de crescimento do índice de competitividade revelada evoluiu, no período de 1980 a 1998, a uma taxa média anual de 3,06%.

Variável Dependente: Vantagem competitiva revelada – Madeira Compensada (VCRMC)

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística - t Probabilidade

Constante ( C ) 100.0716 0.050943 1964.393 0.0000

Tendência ( T ) 0.030595 0.005983 5.113653 0.0001

Dummy ( D ) 1.212757 0.489459 2.477751 0.0256

D*T -0.077409 0.029157 -2.654889 0.0180

R – quadrado 0.748902 Média da var. dependente 100.3504

R – quadrado ajustado 0.698682 Estatística - F 14.91252

Durbin-Watson ( d ) 1.582352 Probabilidade 0.000090

Tabela 3 – Regressão de tendência da vantagem competitiva revelada de madeira compensada, Brasil, 1980/1998. Fonte: Santana (2002, p.133)

No caso da madeira serrada, a competitividade do mercado internacional é muito pequena e ao contrário do que ocorreu com o compensado, a competitividade não declinou com o Plano Real. Isto ocorreu por causa da redução da produção (-10,53%) e das exportações (-43,37%) de madeira serrada e beneficiada da Malásia, no período de 1992 a 1998. (Tabela 4)

Ao longo do período estudado, não houve evidência de incremento da vantagem competitiva de madeira serrada e beneficiada, conforme indica a não significância estatística do coeficiente de tendência. Ao mesmo tempo, o plano real produziu um deslocamento da linha de tendência de quase 3% como mostra o coeficiente associado à variável dummy.

Variável Dependente: Vantagem competitiva revelada – Madeira Serrada (VCRMS)

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística - t Probabilidade

Constante ( C ) 100.0125 0.005762 17357.62 0.0000

Tendência ( T ) 0.000808 0.000673 1.199511 0.2478

Variável dummy ( D ) 0.029495 0.008376 3.521455 0.0028

R – quadrado 0.752706 Média da var. dependente 100.0284

R – quadrado ajustado 0.721794 Estatística - F 24.35013

Durbin-Watson ( d ) 1.513705 Probabilidade 0.000014

Tabela 4 – Regressão de tendência da vantagem competitiva revelada de madeira serrada, Brasil, 1980/1998. Fonte: Santana (2002, p.134)

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4. CONCLUSÕES

Os Estados do Acre, Amapá e Tocantins apresentaram elevada concentração da indústria madeireira, com IHH superior a 1800.

O Estado do Pará, que sozinho represente 79,69% do mercado exportador do agregado de produtos da Região Norte, teve uma ampliação da concentração do mercado pelos dois indicadores, embora mais de 100 empresas tenham entrado no negócio entre 1994/1997. O fato é que, em 1994, apenas duas empresas tinha market share acima de 5% nas exportações e, em 1997, este número foi ampliado para quatro, sendo que houve aumento no poder de mercado de algumas empresas líderes e alterações de posição no

ranking das cinco maiores.

Na Região Norte, mais de 80% do mercado de madeira beneficiada e de artefatos de madeira se concentra nos Estados do Pará e de Rondônia. Os resultados da análise por meio dos indicadores TCM e IHH mostram que estes mercados não são concentrados, portanto a estrutura de mercado em que operam está próxima da concorrência pura, uma vez que não há diferença perceptível entre os produtos que cada empresa oferta no mercado, nos ramos de laminados, compensado, madeira beneficiada e na produção de artefatos.

O segmento de madeira compensada e laminada, pelo índice IHH, apresenta nível de concentração moderado no Estado do Pará, forte concentração no Amazônia e Roraima e baixa concentração em Rondônia, onde as empresas apresentam distribuição eqüitativa em relação à participação das exportações.

Com relação ao indicador de vantagem competitiva revelada, as empresas de madeira serrada e beneficiada e de laminado e compensado são competitiva no mercado internacional, apresentando índice superior a 100.

No caso das empresas de compensado, o índice de competitividade revelada além de superior a 100, apresentou uma taxa de crescimento, no período de 1980 a 1998, de 3,06% ao ano. As empresas de madeira serrada e beneficiada mantiveram seus níveis de competitividade ao longo do tempo.

Recentemente, em função da legislação ambiental e da pressão internacional, exigindo o “selo verde”, as empresas de madeira serrada e beneficiada, sofreram o maior impacto da indústria madeireira, experimentando uma perda de competitividade internacional muito forte entre 1994 e 2001, tendo o market share reduzido de 64,52%, em 1995, para 51,93%, em 2001. No mesmo período, as empresas de artefatos de madeira do Estado do Pará apresentaram incremento de no market share de 3,23% para 25,65%, em função da agregação de valor e da diferenciação de produtos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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