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Relatório Final de Estágio Profissional

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Academic year: 2021

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PLANEAMENTO, REALIZAÇÃO E ALTERAÇÃO: UMA

ANÁLISE AUTO-ETNOGRÁFICA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

Orientadora:

Mestre Mariana de Sena Amaral da Cunha

Ricardo Filipe Bessa Coelho

Porto, Setembro de 2012

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro)

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II

Ficha de Catalogação:

Coelho, B. F. R. (2012). Planeamento, Realização e Alteração - uma análise

auto-etnográfica. Porto: R. Coelho. Relatório de Estágio profissionalizante para

a obtenção de grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: PROFESSOR-ESTAGIÁRIO; ESTÁGIO

PROFISSIONAL; DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL; RELATÓRIO DE ESTÁGIO; INVESTIGAÇÃO-AÇÃO.

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III

Agradecimentos

À minha Orientadora de Estágio Mestre Mariana de Sena Amaral da Cunha, pelo apoio constante nesta jornada, pelas imprescindíveis, trabalhosas e constantes indicações que ajudaram a levar um pesado navio ao seu porto.

Aos meus pais, porque estão presentes em tudo o que faço e em tudo o que sou. A eles, também, devo o investimento que fizeram em mim e o trabalho constante para atingir as expectativas que em mim depositam.

Aos meus amigos, que são fundamentais e que me ajudam a definir como pessoa. Àqueles que estão presentes nos melhores momentos e nas adversidades.

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V

Índice Geral

Índice de Quadros ... VIII Índice de Anexos ... IX Resumo ... XI Abstract ... XIII Abreviaturas ... XV

1. Introdução ... 1

1.1. O Relatório Final de Estágio ... 1

1.2. Instituição – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto ... 2

1.3. Entendimento do Estágio Profissional ... 2

1.4. Estrutura do Relatório de Estágio ... 4

2. Dimensão Pessoal ... 7

2.1. Enquadramento Biográfico ... 7

2.2. Expectativas em Relação ao Estágio Profissional ... 10

3. Enquadramento da Prática Profissional ... 17

3.1. Enquadramento do Estágio Profissional ... 17

3.2. Enquadramento Legal e Institucional ... 19

3.3. Enquadramento Funcional ... 21

3.3.1. A escola como Instituição ... 21

3.3.2. A Escola - Agrupamento Vertical Clara de Resende ... 23

3.3.2.1. Recursos Humanos ... 24

3.3.2.2. Recursos Espaciais ... 24

3.3.2.3. Recursos Materiais ... 25

3.4. Núcleo de Estágio ... 25

3.5. Grupo de Educação Física ... 26

3.6. Professora Cooperante ... 27

3.7. Orientadora de Estágio ... 29

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VI

4. Realização da Prática Profissional ... 33

4.1. Área 1 - Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ... 34

4.1.1. Projeto de Investigação-Ação ... 34

4.1.2. O planeamento ... 54

4.1.2.1. Análise do Programa Nacional de Educação Física ... 54

4.1.2.2. Plano de Conteúdos ... 58

4.1.2.3. Plano Anual ... 62

4.1.2.4. Unidades Temáticas ... 69

4.1.2.5. Planos de Aula ... 71

4.1.3. O início da Realização da Prática Profissional ... 72

4.1.4. As Dimensões de Ensino ... 78 4.1.4.1. Disciplina ... 78 4.1.4.2. Clima ... 82 4.1.4.3. Gestão ... 83 4.1.4.4. Instrução ... 86 4.1.5. Avaliação ... 94 4.1.5.1. Avaliação Inicial ... 96

4.1.5.2. Importância da Avaliação Formativa ... 97

4.1.5.3. Avaliação Final ... 99

4.2. Área 2 e 3 – Área Participação na Escola e Relações com a Comunidade ... 101

4.2.1. Direção de Turma ... 101

4.2.3. Participação em atividades escolares ... 104

4.2.4. Dinamização de atividades pelo Núcleo de Estágio ... 104

4.2.5. Balanço ... 106

4.3. Área 4 – Desenvolvimento Profissional ... 107

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VII

4.3.2. Construção profissional ... 110

4.3.3. A Identidade Profissional ... 111

4.3.4. Conhecimento Profissional ... 113

4.4.5. O Papel do Estágio e da Orientação Pedagógica ... 114

Conclusão Geral ... 117

Bibliografia Geral ... 119 Anexos ... XVII

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VIII

Índice de Quadros

Quadro 1 - Extensão da Educação Física ... 57

Quadro 2 - Plano de Conteúdos – 1º Período ... 59

Quadro 3 - Plano de Conteúdos – 2º Período ... 60

Quadro 4 - Plano de Conteúdos – 3º Período ... 61

Quadro 5 - Distribuição das Aulas ... 63

Quadro 6 - Nº Aulas/Matéria Desenvolvimento Profissional ... 66

Quadro 7 - Nº Aulas Prevista/Lecionadas ... 71

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IX

Índice de Anexos

Anexo I – Inventário do Material 2011/2012 ... XV Anexo II – Plano de Aula ... IX

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XI

Resumo

O Relatório de Estágio constitui um de dois critérios para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, assim como a Prática Pedagógica. Não obstante, estes dois critérios não podem ser dissociados, já que o Relatório de Estágio versa sobre o Estágio Profissional. Este documento é o reflexo de um percurso com a duração de um ano letivo, desenvolvido no Agrupamento Vertical Clara de Resende com um núcleo de Estágio de quatro elementos, supervisionado pela Professora Cooperante da escola e pela Orientadora de Estágio da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Além da prática pedagógica, acresce a este documento, um projeto de Investigação-Ação desenvolvido em consonância com o Estágio Profissional. Este estudo é um ponto nevrálgico para a consecução do desenvolvimento profissional. Procurei, ao longo deste documento, fazer a ligação entre a literatura e as perceções provindas da reflexão da prática. Assim, fundamento o meu desenvolvimento profissional na lógica de investigação-ação, assente na reflexão da prática.

O documento encontra-se estruturado em quatro capítulos centrais: Dimensão Pessoal; Enquadramento da Prática Profissional; Realização da Prática Profissional; Desenvolvimento Profissional. A orgânica adotada sequencia historicamente a minha biografia pessoal e as razões que fundamentaram o ingresso no Estágio Profissional até ao desenvolvimento da prática, rematando com os pontos cruciais para o meu desenvolvimento dentro da profissão e do legado deste percurso como Professor-Estagiário.

Palavras-Chave: PROFESSOR-ESTAGIÁRIO; ESTÁGIO

PROFISSIONAL; DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL; RELATÓRIO DE ESTÁGIO; INVESTIGAÇÃO-AÇÃO.

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XIII

Abstract

The Practicum Report is one of two criteria required for the degree Masters in Teaching Physical Education in Primary and Secondary Education, as well as the Practicum Training. Nonetheless, the two criteria are inseparable, since the Practicum Report expounds on the Practicum Training. This document is a reflection of a year-long course, carried out at Agrupamento Vertical Clara

de Resende with a group consisting of four members, duly supervised by the

school’s Cooperating Teacher and a Supervisor of the Sports Faculty of the Porto University.

Besides teaching practice, this document also includes a action research study developed during the Practicum. This study is a key factor for attaining professional development. Throughout this piece of research, I sought to make the connection between literary references and personal perceptions from my practical experience. Thus, the premise underlying my professional development is based on the logic of a “reflective action”.

The document is divided into four main chapters: Personal Dimension; Framework for Professional Practice; Professional Practice; Professional Development. The adopted structure follows a defined historic sequence, beginning with my personal biography and the reasons that led me to sign up for the Practicum, the practical fulfillment of my training and, on a final note, the points that were crucial to my development within the profession and the legacy of this journey as Student-Teacher.

Keywords: STUDENT-TEACHER; PRACTICUM TRAINING;

PROFESSIONAL DEVELOPMENT; PRACTICUM REPORT; ACTION RESEARCH

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XV

Abreviaturas

CIAFEL - Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer CIFI2D - Centro de Investigação, Formação, Intervenção e Inovação em Desporto cit. = citado CT – Conselho de Turma DT – Diretor de Turma EE – Encarregados de Educação EP – Estágio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto I&D - Investigação e Desenvolvimento

MED – Modelo de Educação Desportiva MID – Modelo de Instrução Direta

MD – Modelo Desenvolvimental n.º = Número

n.ºs = Números org. = Organizador p. = Página

PAA – Plano Anual de Atividades PE – Projeto Escolar

PFI – Projeto de Formação Individual pp. = Páginas

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1

1. Introdução

1.1.

O Relatório Final de Estágio

O presente relatório surge no âmbito do Estágio Profissional no Agrupamento Vertical Clara de Resende, como uma componente imprescindível para demonstração de competências desenvolvidas. Está inserida no plano de estudos do 2º ano, no decurso do ano letivo de 2011/2012, do 2º ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário.

O objetivo deste documento prende-se portanto com a necessidade de relatar as experiências e vivências decorrentes da prática que contribuíram para a transformação de um conhecimento académico em conhecimento profissional. Compõe, portanto, uma ferramenta plural de estruturação de um percurso bem definido, associado ao Estágio Profissional. Tudo o que relato neste documento está associado à minha experiência como estudante estagiário e pretende apor aquilo que aprendi ao longo da minha formação com a realidade premente e momentânea que é o ensino da Educação Física.

Para além disto, este documento apresenta-se como uma exposição que me habilitou a estruturar os conteúdos do meu aprendizado de uma forma sequencial e percetível, predispondo-me a arguir e criticar fenómenos de uma forma metódica e particular, de acordo com um dinamismo interativo característico dos âmbitos em que ocorrem.

O relatório final de estágio comporta um registo detalhado das minhas vivências no universo escolar, que deverão ter uma contribuição nevrálgica para o meu desenvolvimento como docente. Procuro espelhar, neste espaço, todas estas conjunturas que me são afetas maximizando a função elucidatória do meu percurso.

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1.2.

Instituição – Faculdade de Desporto da Universidade

do Porto

A Faculdade de Desporto (FADEUP) é uma unidade orgânica da Universidade do Porto. Os principais objetivos da FADEUP centram-se nos domínios da graduação e pós-graduação (mestrado e doutoramento) conduzindo a um elevado nível de formação em áreas como a Educação Física, o Treino, o Fitness e Populações Especiais. Para além da sua forte vocação na área da educação, a FADEUP procura promover investigação básica e aplicada na área do desporto. É neste contexto que encontramos duas Unidades I&D (CIAFEL e CIFI2D) e diversos laboratórios, nomeadamente de fisiologia, biomecânica, cineantropometria, psicologia, desenvolvimento motor e análise da performance desportiva. A FADEUP é também responsável pela publicação da Revista Portuguesa de Ciências do Desporto.

Esta organização marcou dois anos de preparação específica para o papel de professor, de um percurso total de dezassete anos de formação. Neste sentido, ajudou a definir e a demarcar conceções e conhecimentos pedagógicos que a contribuíram para transformar e aperfeiçoar a visão que tenho sobre o ensino da Educação Física. Reconheço, portanto, nesta instituição, a excelência na formação de profissionais na área do desporto, pautada pela qualidade do ensino e dos agentes que a representam.

1.3.

Entendimento do Estágio Profissional

Segundo Rink (2006, p. 18) “o Estágio tem sido motivo de muitas controvérsias no meio académica. Normalmente, caracteriza-se como uma atividade realizada no último ano do Curso com o objetivo de instrumentalizar o profissional para atuar na sala de aula.”

O Estágio Profissional é um exercício de transformação do estudante e das suas conjeturas num professor capaz de mobilizar aquilo que teoriza para

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um universo prático, procurando chegar aos seus alunos. A aula deixa de ser um pano de fundo branco, onde se traça um plano e passa a ser um momento concreto, cheio de acontecimentos e decisões que nos solicitam. Este é um exercício complexo e interessante, porque é impossível prever aquilo que se desenvolve no concreto da ação pedagógica, tendo em conta que existe um número tão diverso e extenuante de condicionantes num contínuo espácio-temporal. Já por isso afirmava Freud que ser professor é uma profissão impossível. Eu interpreto as suas palavras num sentido metafórico e faço um

transfer para a realidade do professor, tão complexa como renovável. É

portanto uma descoberta progressiva do que não se conhece e do que, de facto, é impossível conhecer na totalidade, a humanidade. Ainda assim, não deixa de ser um exercício valioso caminhar na direção do inatingível, é um aprimoramento, uma construção constante e inacabada.

Segundo a perspetiva de Rosado e Mesquita (2009), ser-se reflexivo é ter a capacidade de utilizar o pensamento como atribuidor de sentido. A função reflexiva atribui à prática uma dimensão renovável, em que simultaneamente se assume como meio e como finalidade em si mesmo. Isto é, através da prática podemos retirar conclusões para nos moldarmos como professores, adequando estratégias e redefinindo objetivos. Esta capacidade adaptativa é fundamental para lidar com a variabilidade contextual que o universo escolar nos oferece.

De acordo com Dewey (1933) a experiência de várias décadas de formação de professores em Portugal e a investigação educacional (tanto no nosso país como no estrangeiro) mostram que a formação inicial não se pode reduzir à sua dimensão académica (aprendizagem de conteúdos organizados por disciplinas), mas tem de integrar uma componente prática e reflexiva. Sou apologista, desta complementaridade, sobretudo, quando falamos de uma área profissional onde é recorrente a interação entre a teoria e a prática.

Shulman (1987) refere o primeiro ano de prática profissional como um encontro com a realidade docente em que a imagem idílica de ser professor declina notoriamente face aos ditames realistas de uma prática vivida, por vezes amarga, a que é preciso sobreviver. Roldão (2007) fala deste período,

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como um processo em que a escola desenvolve um programa sistemático de apoio a professores, com vista a socializá-los na profissão e a ajudá-los a tratar os problemas de forma a reforçar a sua autonomia profissional e o seu desenvolvimento profissional.

Neste ano dispus de um status particular, fui simultaneamente professor e estudante. Por um lado, ensinei e encarnei um papel para o qual ainda me estava a moldar. Por outro lado, fui sujeito a orientações superiores que definiram e ajudaram a regular este processo conflituante.

1.4.

Estrutura do Relatório de Estágio

O Relatório Final de Estágio tem como ponto primário a introdução, onde retrato enquadramento que envolve o Estágio Profissional e fundamento a necessidade de desenvolver este documento.

Para realçar a dinâmica pessoal subjacente ao desenvolvimento deste trabalho, bem como a experiência que lhe está associada, desenvolvo num segundo ponto, o meu Enquadramento Pessoal e as minhas expectativas em relação ao Estágio Profissional, onde destaco as experiências relevantes que me levaram até aqui e as crenças associadas ao meu entendimento da profissão. Enfatizo aquilo que espero, para posteriormente comparar com aquilo que realmente representou este processo.

O Enquadramento da Prática Profissional, destaco as normas e os protocolos vigentes na operacionalização do Estágio Profissional, bem como os diferentes elementos e grupos de elementos que contribuem para a sua consecução.

A Realização da Prática Profissional constitui o tópico mais extenso deste documento, já que relata, com base em excertos de reflexões das aulas, o desenvolvimento da prática. Comparo assim, aquilo que é exposto na literatura com a experiência vivenciada em contexto de aula. Este tópico

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encontra-se, também, dividido em quatro áreas de desempenho previstas no regulamento de estágio profissional:

 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem (Área 1) – Nesta área decidi integrar o Projeto de Investigação-Ação que foi desenvolvido para dar uma perceção mais contextualizada e mais minuciosa da forma como desenvolvi o planeamento das aulas e as estratégias adotadas para potenciar estes momentos. Assim, o planeamento é uma temática bastante escrutinada nesta área 1. Além disso, as Dimensões do Ensino (Disciplina, Clima, Gestão e Instrução) são desenvolvidas com recurso a relatos da prática. Finalmente, está aqui também integrada a Avaliação.

 Área Participação na Escola e Relações com a Comunidade (Área 2 e 3) – aqui descrevo as experiências de Direção de Turma, a participação em Atividades da escola e aquelas que foram desenvolvidas pelo Núcleo de Estágio. Explicito a relação que estabeleci com a comunidade e os momentos que promoveram esse contacto.

 Desenvolvimento Profissional (Área 4) – Nesta área parto do desenvolvimento do Projeto de Formação Inicial, como um instrumento estruturante do processo de formação. Posteriormente, realço a importância de conceitos como a Construção Profissional, a Identidade Profissional e o Conhecimento Profissional, para a consecução do “ser professor”.

No final deste documento enquadrei uma conclusão final, onde pretendo realçar a diferença entre o ponto final do Estágio Profissional e o ponto inicial.

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2. Dimensão Pessoal

2.1.

Enquadramento Biográfico

É difícil sumarizar quem somos. Não somos sumários. Num espaço tão curto só poderei expor fragmentos de mim, aqueles que contribuíram para as minhas decisões de formação e para a construção da minha identidade profissional, portanto, vou ser cuidadoso nessa seleção.

“Ser professor” é, de acordo com Rink (2006) uma atividade complexa. A autora fundamenta esta premissa na incumbência de encontrar a forma eficiente de alcançar o aluno, para envolvê-lo no processo de ensino-estudo-aprendizagem. Ao considerarmos esta vincada envolvência humana e a possibilidade plural de respostas e de soluções, sabemos que o ensino não pode ser uma ciência exata e, a sua dificuldade, reside no caráter imprevisível que lhe está associado.

O Desporto surgiu na minha vida desde muito cedo, primeiramente como filho de um Futebolista Profissional. Desde uma idade muito precoce me habituei a entrar em recintos desportivos e viver a envolvência e o ambiente presentes no contexto de treino ou de jogo. Apesar desse primeiro contacto não ter sido vivenciado como uma prática pessoal, julgo que teve alguma influência na forma como o Universo do Desporto me fascinou. Durante a minha infância experimentei algumas práticas desportivas, sem me vincular a nenhuma, porventura, porque sempre fui incentivado a priorizar os estudos. Contudo, dedicava grande parte do meu tempo livre ao “Desporto de Rua”, particularmente ao Futebol. Talvez, por isso, nunca senti a necessidade de me vincular a uma prática organizada durante muito tempo. Pratiquei, contudo, Natação, Futsal, Futebol e Judo.

Durante toda a minha vida escolar vi o Desporto e a Educação Física como uma via de experimentação pessoal, do meu corpo, do meu pensamento e dos limites entre mim e o mundo. Gosto particularmente dos desportos coletivos, dos domínios estratégicos (tática) e da descoberta constante.

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8

A minha decisão em ingressar na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, após o término do Ensino Secundário, foi uma decisão controversa. Nesse momento, sentia-me dissociado entre o fascínio pelo desporto e o jornalismo. Alio ao gosto pelo Desporto, a paixão literária, expressa tanto na leitura como na escrita frequente sobre temas livres. Tenho um interesse particular pela poesia, o surrealismo e o modernismo, que não explorei como gostaria, mas as decisões acarretam privações, bem como oportunidades. A base da minha decisão fundamentou-se numa projeção do que queria ser. Mais tarde, durante a licenciatura, considerei o ingresso no 2º Ciclo em Comunicação e Desporto, na Universidade do Porto, para poder conciliar estas duas propensões. Contudo, este curso prescreveu no ano precedente à minha candidatura e optei pelo curso atual, porque entendo que poderá ser uma opção viável a médio/longo prazo e que, apesar da escassez de emprego, me fornece conhecimentos que me serão úteis em atividades diversas que poderei desenvolver futuramente. Paralelamente, a mudança de instituição de ensino, pautou-se pela necessidade de experimentar novos meios e novas perspetivas, subjacentes a uma ideia de enriquecimento curricular e pessoal.

A minha formação académica, foi mediada pela Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, onde conclui a minha licenciatura e a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, onde frequentei o Estágio Profissional. Acredito que esta diversificação formativa, me torna mais adaptável e recetível a diferentes contextos e ideias. Isto porque me foi possível visitar diferentes correntes teóricas, durante a minha licenciatura, orientada em grande parte para a área do ensino, que me proveu ensinamentos para perceber as diferentes envolvências sociais que modificaram o ensino e os seus paradigmas. Também tive orientações sobre o currículo e a estrutura das organizações educativas em ambos os ciclos de ensino, diferenciando sobretudo no foco e nos autores privilegiados para desenvolver as diferentes temáticas.

Para além do Estágio Profissional que desenvolvi em consonância com o Núcleo de Estágio do Agrupamento Vertical Clara de Resende, estive

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envolvido no Departamento Técnico de Futebol de formação do Boavista Futebol Clube, no qual exerci funções de treinador adjunto dos escalões de Iniciados (sub 14) e Juniores (sub 18). Estes cargos ocuparam grande parte dos meus dias, mas foram proveitosos para a minha experiência e para o meu regozijo pessoal. Sou apaixonado pelo meio, pelo futebol, pelo treino e por tudo aquilo que engloba este modo de vida. Sou apologista de que muito pode ser ensinado aos jovens no contexto de treino e que os valores de autossuperação que lhes impomos serão cruciais no seu desenvolvimento como indivíduos.

Se por um lado, é importante fomentar nos alunos um espírito de competição, próximo ao contexto desportivo, por outro lado deve ser tido em conta que os conteúdos e as preocupações num contexto de aula são muito distintas daquelas que se verificam no treino. Vickers (1989, p. 148) advoga “que existem mais semelhanças entre o treino e o ensino do que dissemelhanças”. Porventura, esta asserção possa ser verdadeira e um professor possa ser um bom treinador e vice-versa. Contudo, é perigosa a extrapolação de hábitos e rotinas de um meio para o outro, dado que os

feedbacks são de natureza distinta. Mesmo assim, não deixa de ser uma

experiencia valiosa pela vivência social, e mesmo educativa, que contempla. Quando perspetivo a ideia de “professor de educação física” não me ocorre nenhum ideal personificado, ao longo do meu percurso. Possivelmente, se recorrer à conceção do que é “ser professor”, consiga perspetivar uma personalidade influente na minha construção e reconstrução individual, que transcende o âmbito profissional.

Aproveito esta oportunidade para ressalvar o trabalho, do professor de Filosofia do meu ensino Secundário, de guiar os seus alunos, através de um ambiente frontal e aberto, para um processo de autonomização intelectual, pautados por orientações imprescindíveis para um pensamento assertivo, que me tornam mais consciente da diferença e do valor da liberdade e que me servem como modelo para aquilo que pretendo ser como professor.

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2.2.

Expectativas em Relação ao Estágio Profissional

Não foi a primeira vez que pisei o chão de uma escola para aprender ou para ensinar e, se pensar verdadeiramente nos ensejos que trilhei nesse espaço, serei sempre confrontado com essa dualidade complementar, que acontece independentemente da nossa função. Nunca tive muitas certezas em relação ao que queria fazer, talvez não tenha ainda, estou apenas certo de gostar de lidar com o universo pueril, pela forma direta e espontânea com que se exprimem os infantes e adolescentes, tão desajustada com a sociedade adulta. Sinto que é fácil retirar deles o que sentem, o que gostam, o que não gostam e por mais duro que às vezes possa ser para com o nosso ego e com as nossas expectativas, impõe-nos de imediato um sentido de responsabilidade, um alarmismo de mudança e de evolução. Era nesse ponto em que me encontrava, no início do Estágio Profissional, com muito para evoluir, com muito para aprender e sem saber como seria esse meu caminho.

Confesso que, numa primeira instância, preliminar ao início das atividades do Estágio Profissional, não sabia exatamente o que esperar. Não sabia o que iria encontrar dentro da escola e como me iria relacionar com os meus pares. É claro que formulei as minhas ideias do que poderia estar “escondido” dentro das paredes de uma escola e de como esse cenário se me afiguraria no meu regresso. A minha função naquele lugar era diferente e reconheço que demorei a percebê-la. Inicialmente não me confundi com um aluno, mas também não me visualizei logo como um professor. Estava expectante, mas as minhas expectativas não eram concretas, portanto, parti de uma ideia de adaptação necessária e imperativa para que pudesse ter algum sucesso dentro deste contexto. Tentei absorver tudo o que era novo com um olhar, simultaneamente, critico e acolhedor, sabendo que antes de atuar sobre qualquer ambiente é fundamental conhecê-lo primeiro. Procurei estar disponível e ser prestável a todas as atividades da escola e, especialmente, aqueles que envolveram de forma direta o Núcleo de Estágio de Educação Física.

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Sinto que aprendi muita coisa do contacto que estabeleci com docentes, com a professora cooperante e com os colegas de estágio, mas sobretudo com os alunos nos momentos em que se desenvolveu a prática pedagógica. É através deles e para eles que me deverei melhorar, para fazer um trabalho que lhes proporcione aprendizagens efetivas, duradouras e plurais.

Ao longo deste tempo deparei-me com um problema que foi difícil de superar, que é o controlo disciplinar da turma. Diferentes estratégias foram adotadas para contrariar as tendências disruptivas dos alunos e algumas sortiram efeito. Estas tendências foram atenuadas gradualmente, mas tratou-se um processo moroso e as minhas estratégias nem sempre tiveram o êxito desejado.

Considero que evoluí bastante na forma como atuo nas aulas e que superei algumas das minhas dificuldades iniciais. Penso que melhorei a forma como interajo com os alunos e que o meu foco de atenção é mais diversificado. Consigo estar mais vigilante em determinados comportamentos dos alunos que outrora me passaram ao lado.

Estava consciente que iriam acontecer episódios desacertados, mais ainda quando a experiência era exígua. No entanto, procurei aprender com cada um deles e tentei que perturbassem o menos possível a aprendizagem dos alunos.

Estou ainda a descobrir o meu caminho e todos os passos que dei ajudam-me a progredir nesta jornada. Tenho uma boa perceção autocritica e o meu aprendizado na faculdade foi muito orientado para a autoanálise (professor reflexivo). O professor tem de assumir uma postura de empenhamento autoformativo e autonomizante, tem de descobrir em si as potencialidades que detém, tem de conseguir ir buscar ao seu passado aquilo que já sabe e que já é e, sobre isso, construir o seu presente e o seu futuro, tem de ser capaz de interpretar o que vê fazer, de imitar sem copiar, de recriar, de transformar. Só o conseguirá se refletir sobre o que faz e sobre o que vê fazer. (Alarcão, 1997)

As minhas potenciais contrariedades estiveram intrinsecamente associadas à possibilidade de não cumprir as minhas expectativas de ajudar os

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alunos e de lhes proporcionar uma aprendizagem motivadora. Acreditava que existiam fatores que poderiam influenciar o desenrolar meu estágio, sobre os quais não tinha controlo nem conhecimento. O grupo de alunos, o núcleo de estágio, o grupo de professores e as envolvências do meio/escola, são alguns destes fatores.

Relativamente à turma, esperava encontrar um grupo de alunos interessados e disciplinarmente assertivos, embora estivesse consciente que esse cenário idílico é invulgar. Os alunos que encontrei não se adequaram àquilo que desejara. Numa fase inicial, tiveram alguma dificuldade em cumprir com as regras comportamentais designadas, incorrendo em comportamentos vulgarmente identificados como “indisciplina”. Para (Alarcão, 1997) a indisciplina na escola e na aula é um fenómeno relacional e interativo que se concretiza no incumprimento das regras que presidem, orientam e estabelecem as condições da tarefa da aula, e ainda, no desrespeito de normas e valores que fundamentam o convívio entre pares e a relação com o professor, enquanto pessoa e autoridade. De facto, a implementação de um quadro normativo aceite pelos alunos foi um processo moroso e que fez parte da rotina diária. Contudo, foi possível verificar algumas respostas às diferentes estratégias adotadas. Uma regra que julgo ser fundamental é a de impedir que os alunos falem ao mesmo tempo que o professor. Assim, silenciei-me sempre que isso aconteceu, e esperei que os mesmos se apercebessem do comportamento errado e o assumissem. Em último caso, utilizei uma chamada de atenção neste momentos.

Quando os comportamentos são desajustados durante a atividade, interrompi a exercitação imediatamente e, em função da atividade e do tipo de comportamento observado, adequei a estratégia fazendo pequenas alterações à atividade ou chamando a atenção aos alunos.

Tendo em atenção os casos vivenciados de indisciplina mais graves, as estratégias mais utilizadas foram: Manter o aluno apartado com uma tarefa diferenciada dos restantes; privação de algo que estima – multa; medidas corretivas – gabinete disciplinar.

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Obviamente, também cabe ao professor moldar a turma aos seus intentos e não existem alunos ideais, parte do processo consiste em instrui-los no sentido de concretizarem os objetivos pedagógicos delineados.

Quanto ao núcleo de estágio, idealizei-o unido e empenhado no desenvolvimento das atividades de estágio, porque seria em consonância com ele que se concretizaria o planeamento anual, a definição de estratégias e a concretização de tarefas diversificadas sob orientação da professora cooperante. Portanto, esperei que este grupo me ajudasse a evoluir e que estivesse aberto às minhas ideias também. Julgo que aquilo que projetei se representou na realidade e que foi possível criar uma “equipa”, capaz de enfrentar desafios e superar dificuldades, utilizando as valências de cada um e valorizando-as. O grupo de estágio foi fundamental para culminar esta etapa, porque representou uma âncora de suporte, extrapolando a relação meramente laboral. Posso dizer que superou as minhas expectativas iniciais, já que reconheci em cada um dos colegas estagiários, um companheiro.

No grupo de Educação Física, pensei que fosse indubitavelmente favorável um ambiente aberto onde o debate permitisse a elaboração e a resolução de intentos democraticamente concebidos. Contudo, isso é, a meu ver, uma utopia no meio escolar, onde as personalidades se aprimoram de conceções pessoais impassíveis e dissemelhantes entre si, enraizadas e demarcadas na identificação social de cada professor. De facto, o grupo de Educação Física do Agrupamento Vertical Clara de Resende é profundamente antagónico nas ideologias que acarreta e nos interesses que sustenta. Existe uma lógica divergente e disfuncional, pautada pela incapacidade de trabalhar em grupo.

A professora cooperante é o elo mais próximo entre mim e a minha modelação. É ela que deve personificar a minha avaliação de uma forma específica, detalhada e realista. Esperava receber feedbacks construtivos baseados numa verdadeira compreensão da pedagogia, com uma noção clara do envolvimento que carateriza a escola. Alguém capaz de me ajudar no meu processo de formação e que fosse capaz de me fornecer pistas para me autodescobrir. Assim, penso que o que encontrei foi deveras diferente do que

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projetara. Em grande parte, porque não senti apoio nem transigência. Em certos momentos do meu estágio profissional, senti um tratamento dissemelhante face aos meus colegas estagiários e uma aversão constante por toda a minha atividade. Foi difícil suportar as diferenças pessoais existentes e, julgo, que esta distância entre mim e a professora cooperante não me permitiu olhar o estágio com a motivação que desejara.

Em determinados momentos, senti a minha liberdade restringida e a consideração que me foi dedicada colidiu com a minha perceção de respeito necessário ao trabalho conjunto. Contudo, foi possível aprender através deste convívio, sabendo que a diferença também pode potenciar as nossas perspetivas. Neste caso, reconheço que a professora cooperante tem um bom domínio do contexto escolar e que a exigência de controlo que coloca nos alunos propicia um bom clima de aprendizagem.

Finalmente, o orientador de estágio é o elemento de ligação entre mim, a escola e a faculdade, pelo que as suas instruções dever-se-iam centrar na agilização de tarefas concernentes ao estágio profissional, para que haja uma consumação efetiva daquilo que é pretendido. Senti o apoio necessário para o desenvolvimento das funções. Os momentos de reflexão e as formações que se proporcionaram foram úteis para visualizar o ponto de situação em cada momento e para que pudesse planear as diferentes tarefas.

As minhas expectativas em relação ao estágio prenderam-se com a definição do que quero ser, do que sou e do que valho num universo contextual em que só me conhecia parcialmente. Não sabia o que era ser professor, embora já tivesse planeado e lecionado aulas, não sabia exatamente quais eram as minhas rotinas e, portanto, considerava a existência do risco de não me identificar com esse meio. De qualquer forma não tive medo de arriscar, de sair da minha zona de conforto, é dos riscos que se fazem as descobertas e eu estou-me a descobrir. Nem tudo correu como esperava e a minha descoberta ainda não é conclusiva. É claro que alguma razão me levou a optar por esta área e que as minhas experiências de contacto com a Educação Física, ora como docente, ora como educando são extremamente favoráveis e me levam a querer formular a minha vida numa base próxima com o desporto e com a

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transmissão de experiências e conhecimentos. Gosto de acolher o novo, o tempo encarregou-se de colocar as minhas perspetivas, as minhas filosofias, à prova. Julgo que, não obstante, o carácter enriquecedor e duradouro deste estágio profissional, é ainda escasso para saber exatamente como atuarei num futuro concebível, no qual dependo apenas de mim para tomar todas as decisões no momento de aula.

Foi uma etapa árdua, fora e dentro do estágio, porque me propus a acolher várias tarefas, esse é um aspeto que ainda não sabia como iria coordenar ou sequer se tinha tempo para me dedicar a tudo isso, mas coloquei o estágio como uma prioridade. Comecei esta experiência, tranquilo e expectante, mas sem ânsia, confiava em mim e sabia que tudo “faz parte”. Aliás, essa é uma filosofia de que não prescindo.

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3. Enquadramento da Prática Profissional

Não havendo educação que não esteja imersa na cultura e, particularmente no momento histórico em que se situa, não se podem conceber experiencias pedagógicas e metodologias organizativas, promotoras dessas modificações, de modo “desculturalizado”.

As organizações escolares, ainda que estejam integradas num contexto cultural mais amplo, produzem uma cultura interna que lhes é própria e que exprime os valores e as crenças que os membros da organização partilham (Imbernón, 2000).

A escola não é um recetáculo passivo de instruções exteriores, mas um elemento ativo na sua reinterpretação e operacionalização.

3.1.

Enquadramento do Estágio Profissional

As Normas Orientadoras do Estágio Profissional do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, operacionalizam o Regulamento do Estágio Profissional, para o ano letivo 2011/2012. A natureza complexa, unitária e integral do processo de ensino e aprendizagem, bem como as características gerais da atividade do professor que decorre num contexto balizado pelas condições gerais do sistema educativo, pelas condições locais das situações de educação e pelas condições mais próximas da relação educativa, obrigam a uma tentativa de integração e de interligação das várias áreas e domínios a percorrer no processo de formação e, em particular, no Estágio Profissional, de forma a retirar o formalismo das realizações e a promover as vivências que conduzem ao desenvolvimento da competência profissional.

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O Estágio Profissional entende-se como um projeto de formação do estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento no espaço escolar.

De acordo com o Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do ciclo de estudos conducente ao grau de mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, o Estágio Profissional entende-se como um projeto

de formação do estudante com a integração do conhecimento proposicional e

prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento no espaço escolar.

O projeto de formação tem como objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de cooperação.

A pluralidade e a natureza das funções docentes remetem para a noção de polivalência e alternância que permita um vaivém epistémico entre a teoria e a prática. Esta compreensão servirá de linha orientadora para a elaboração do Relatório de Estágio em que a investigação/reflexão/ação se assume como um caminho adequado.

A competência profissional assenta no desenvolvimento de competências pedagógicas, didáticas e científicas, associadas a um desempenho profissional crítico e reflexivo que se apoia igualmente numa ética profissional em que se destaca a capacidade para o trabalho em equipa, o sentido de responsabilidade, a assiduidade, a pontualidade, a apresentação e a conduta adequadas na Escola. Os determinantes do exercício da competência, tais como os valores, a motivação e a atitude positiva face à profissão percorrem todas as áreas de desempenho e em todas têm de ser trabalhados de forma sistemática. “Os padrões de competência profissional têm que ser

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efetivamente capazes de captar a complexidade do trabalho profissional.”(Batista, 2008).

3.2.

Enquadramento Legal e Institucional

A estrutura e funcionamento do Estágio Profissional consideram os princípios decorrentes das orientações legais constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro. A Iniciação à Prática Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto integra o Estágio Profissional – Prática de Ensino Supervisionada e o correspondente Relatório de Estágio, rege-se pelas normas da instituição universitária e pela legislação específica acerca da Habilitação Profissional para a Docência. A estrutura e funcionamento do Estágio Profissional consideram os princípios decorrentes das orientações legais nomeadamente as constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro e têm em conta o Regulamento Geral dos segundos Ciclos da Universidade do Porto, o Regulamento geral dos segundos ciclos da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física. O Estágio Profissional é uma unidade curricular do segundo ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e decorre nos terceiro e quarto semestres do ciclo de estudos.

O Estágio Profissional visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão. Estas competências profissionais, associadas a um ensino da Educação Física e Desporto de qualidade, reportam-se ao Perfil Geral de Desempenho do Educador e do Professor

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(Decreto-lei nº 240/2001 de 17 de Agosto) e organizam-se nas seguintes áreas de desempenho: Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; Participação na Escola; Relação com a comunidade; Desenvolvimento profissional

De acordo com o artigo 3º do referido regulamento, as atividades do Estágio Profissional englobam: Prática de Ensino Supervisionada e Atividades de observação e colaboração em situações de educação e ensino, nas áreas de desempenho referidas no artigo 2º.

As atividades letivas e não-letivas realizadas na Escola respeitam as orientações da Escola cooperante, nomeadamente o Projeto Educativo de Escola, o Projeto Curricular de Escola, o Projeto do Departamento em que se insere o Grupo de Educação Física, o Projeto Curricular de Educação Física e Projeto do Desporto Escolar e o Projeto Curricular de Turma.

As atividades de ensino-aprendizagem consistem na regência de aulas pelo estudante estagiário com as respetivas atividades de planeamento, realização e avaliação; na observação de aulas ministradas pelo professor cooperante, colegas estagiários ou outros professores e realização ou colaboração em tarefas definidas pelos orientadores como fundamentais para a formação profissional do estudante estagiário.

Para além disto a Estágio Profissional pressupõe as atividades incluídas nos ciclos de formação realizados na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e a realização do Relatório de Estágio.

A organização da unidade curricular Estágio Profissional é da responsabilidade do professor regente, em estreita relação com a Comissão Científica e a Comissão de Acompanhamento do Curso de Mestrado em Ensino.

A orientação da prática de Ensino Supervisionada é realizada por um docente da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, adiante denominado orientador da mesma, nomeado pelo órgão competente, ouvido o professor regente da unidade curricular Estágio Profissional e pelo professor cooperante, escolhido pela comissão científica, ouvido o professor regente da unidade curricular Estágio Profissional.

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O número de estagiários por escola cooperante (núcleo) depende da especificidade de cada Escola e do professor cooperante, conforme o estabelecido no Protocolo celebrado entre a Escola e a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Cada estagiário pertence a um núcleo de estágio de uma Escola cooperante. As Escolas cooperantes podem ser organizadas em Agrupamentos a partir de critérios de funcionalidade.

O exercício do Estágio Profissional, decorre durante os terceiros e quarto semestres do 2º ciclo de estudos. As atividades de Estágio Profissional iniciam-se no dia 1 de Setembro e prolongam-se até ao final do ano letivo das escolas básicas e secundárias onde se realiza (artigo 9º).

3.3.

Enquadramento Funcional

3.3.1. A escola como Instituição

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” (Freire, 1975)

A Escola é um instrumento estrutural da sociedade, próspero em potencialidade de desenvolvimento social e cultural, que no entanto tende a ficar na sombra daquilo que pode ser. É esta a visão que tenho, a mais imediata do universo escolar, por tudo o que vivi e por tudo o que presenciei. Penso que todos têm uma visão do que foi, ou do que é a escola, que dificilmente pode ser acrítica. Sanchez (2005) arguí que as nossas ideias, opiniões e atitudes são todas determinadas por um conjunto de áreas ideológicas que nos afetam ao longo do nosso percurso social. Naturalmente, a minha experiência e o meu processo de aprendizagem são restritos e espelham somente aquilo que me afeta. Toda a informação que retive foi selecionada e determinada por um conjunto de interações socioculturais.

Voltando à escola, e fazendo uma ponte entre aquilo que foi, aquilo que é e aquilo que se pode perspetivar ser, destaco um conjunto de fatores a que

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Thurler (2000) denomina de favorecedores da mudança: organização do trabalho (flexibilidade); relações profissionais – todos para o mesmo fim (cooperação); identidade coletiva – baseada na orientação para a resolução de problemas do todo organizacional; projeção no futuro – conceção de um projeto a médio/longo prazo; aprendizagem organizacional - os atores adquirem carácter responsável e orientam-se de acordo com a eficiência de resultados; liderança – partilhada envolvente (autoridade vs influência). Esta, como qualquer organização é um veículo de dois polos, isto é, promove e intenta a mudança social e é, simultaneamente, mudada pelas correntes sociais. Estas potencialidades mutacionais nem sempre são devidamente operacionalizadas pela instituição “escola”. No entanto, e devido a esta mesma capacidade, existem muitas potencialidades nesta instituição, a explorar. Este cunho pessoal, circunstancial, ajustável e criativo que deve ser moldado pela particularidade da escola, da turma, do aluno e do momento é um mundo infindo de possibilidades de escolha, que cabe ao professor definir. Corroboro, neste sentido, o pensamento de Freire (1975), patente em “Pedagogia do Oprimido”, de que toda a ação educativa, para ser válida, deve ser necessariamente precedida por uma reflexão sobre o homem a quem se deseja educar. E esta reflexão sobre o homem alcança uma maior qualidade se for apoiada numa análise profunda do seu ambiente.

Nóvoa (1992) destaca nove fatores de eficácia da escola: autonomia da escola; liderança; articulação curricular; otimização do tempo; estabilidade profissional; formação continua; participação dos pais; reconhecimento público; apoio das autoridades.

A intenção da escola não pode ser outra senão educar, transformar e criar, munindo o individuo de utensílios para se expandir. Não pretendemos formar atletas nem partir de uma lógica de especialização, pretendemos dotar os alunos de condições para se experimentarem em diversos meios. Incute-se assim, um conhecimento básico, estrutural e plural que deve ter valência na cultura desportiva e nos valores psicossociais. Estes valores deverão ser repercutidos na vida do aluno. Para isso, deverá ser fomentado o hábito e o gosto pela prática desportiva.

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É também importante ressalvar, aqui, o papel da Educação Física na escola e aqueles que devem ser os propósitos centrais da disciplina. De acordo com Bento (2003, p. 41) o objetivo da Educação Física é “garantir um nível elevado da formação básica – corporal e desportiva de todos os alunos. Como disciplina escolar a Educação Física constitui a forma fundamental e mais importante da formação corporal das crianças e jovens, na qual o respetivo professor conduz um processo de educação e aprendizagem motora e desportiva.”

3.3.2. A Escola - Agrupamento Vertical Clara de Resende

O atual Agrupamento Vertical Clara de Resende, fundado no ano de 1949 com o nome de Escola Técnica Elementar Clara de Resende, tinha funções complementares à Escola Comercial Filipa de Vilhena. A sua fundação teve como objetivo primordial ministrar o Ciclo Preparatório do Ensino Técnico, destinado exclusivamente ao género feminino.

No que respeita às atuais instalações, são as mesmas desde o ano letivo de 1959-1960. Situa-se na freguesia de Ramalde, no concelho e distrito do Porto. No ano de 1978 a instituição alterou a sua designação para Escola

Secundária Clara de Resende. Contudo, esta formatação não se manteve

durante muito tempo, adquirindo mais tarde a nomeação de Escola Secundária

com 3º Ciclo Clara de Resende. Os cânones atuais foram atribuídos no ano

letivo de 2004-2005, passando a ser Sede do Agrupamento Vertical Clara de

Resende, compreendendo assim a Escola S/2,3 Clara de Resende e a Escola Básica do 1º Ciclo nº47 (atualmente designada por Escola Básica do 1º Ciclo

João de Deus).

No que respeita à constituição da restante comunidade educativa, a escola conta com a colaboração de cerca de 130 professores divididos pelos respetivos Departamentos; 40 auxiliares de ação educativa e cerca de 1200 alunos, sendo estes distribuídos entre o 5º e 12º ano.

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A nível de recursos espaciais e no que é concernente à disciplina de Educação Física, a Escola engloba um ginásio, uma pista de atletismo exterior anexa ao campo e uma Sala de Expressões Dramáticas, onde poderão ser desenvolvidas atividades rítmicas e que serve de complementaridade aos restantes espaços.

As condições espaciais e humanas da escola são favoráveis ao decurso da prática da disciplina de Educação Física. Todavia, e devido ao atraso provocado pelas obras de requalificação escolar, ainda existem dificuldades na operacionalização e na gestão destes recursos.1

3.3.2.1. Recursos Humanos

A comunidade educativa da escola compreende: conselho administrativo; corpo docente; auxiliares de funções educativas e alunos. Assim sendo, a hierarquia do conselho administrativo é constituída por: Diretor; Sub-diretor e Chefe dos Serviços Administrativos.

No que respeita à constituição do corpo docente, a escola conta com a colaboração de cerca de 130 professores divididos pelos respetivos Departamentos.

Exercendo funções de auxiliares educativos a instituição integra cerca de 40 funcionários de ambos os géneros, distribuídos pelas diferentes instalações escolares (Cantina, Bar, Reprografia, Biblioteca, etc.).

Por último, a comunidade discente comporta um total de 1200 alunos de ambos os géneros, estando estes compreendidos entre o 5º e 12º ano.

3.3.2.2. Recursos Espaciais

Relativamente às instalações, foram recentemente sujeitas a obras de requalificação escolar, concluídas no decurso do presente ano letivo. A escola conta com a existência de 48 salas de aula, entre estas encontram-se laboratórios de Física e Química; Biologia; Oficina de Música; Oficina de Artes;

Sala de Informática e Salas de Expressão Plástica e Dramática. Paralelamente,

1

Estas informações foram obtidas através dos dados da Secretaria do Agrupamento Vertical Clara de Resende.

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e no âmbito da área curricular de Educação Física, contamos com um ginásio, onde está inserido um campo com medidas de Voleibol, destinado exclusivamente à lecionação de modalidades indoor e sendo unicamente utilizado por uma turma de cada vez. O ginásio compreende, numa das suas paredes, espaldares, tendo acessos deste para uma arrecadação de material e dois balneários (um feminino e um masculino). Outro espaço destinado ao ramo da Educação Física, centra-se no exterior. Contempla-se, assim, um campo coberto de características polivalentes, destinado à prática de jogos desportivos coletivos, ténis e atletismo, com duas pistas anexas de 50m e uma caixa de saltos. Tal como no ginásio, este campo exterior é acoplado a balneários, sendo estes destinados a duas turmas e uma arrecadação de material.

3.3.2.3. Recursos Materiais

Contemplando o material desportivo para variadas modalidades, é possível averiguar a sua distribuição entre a arrecadação do ginásio e a do espaço exterior. Nestes espaços existe material não específico e específico das diferentes modalidades como: Atletismo; Basquetebol; Futebol; Voleibol e

Futsal. Noutras como Ténis de Mesa; Badminton; Ginástica e Rugby só

existem recursos no ginásio, assim como para os Jogos Tradicionais; Basebol e Ténis no espaço exterior.

Os recursos materiais estão enunciados detalhadamente no Anexo 1 (inventário do material), onde é descriminada a sua quantidade.

3.4.

Núcleo de Estágio

O núcleo de estágio é composto por quatro estudantes-estagiários, com vivências heterogéneas. Conhecia todos pelo contacto estabelecido durante o primeiro ano do 2º ciclo de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário.

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As primeiras impressões do trabalho desenvolvido em conjunto e das ideias emanadas, foram positivas e mantiveram-se durante o decurso do Estágio Profissional. O grupo foi unido e procurou o desenvolvimento conjunto, partilhando tarefas e conhecimentos. É certo que cada um tem a sua forma de trabalhar e a necessidade de desenvolvimento de trabalho particular, mas sempre que possível e, para além daquilo que é estritamente necessário, o grupo partilhou e debateu as dificuldades e as estratégias de resolução. A coesão existente foi facilitadora do desenvolvimento de trabalho conjunto, aproveitando as capacidades de cada um e envolvendo todos. Em duas palavras, retrato o trabalho de grupo como dinâmico e instintivo. Esta troca de experiências foi enriquecedora e confesso ser raro, encontrar um grupo competente e focado nos objetivos coletivos.

Todos os elementos foram igualmente respeitados e considerados nos momentos de troca de ideias e, as divergências ideológicas serviram para melhorar e confrontar perspetivas, não existindo situações conflituosas. Existe empatia e entreajuda entre todos os elementos.

3.5.

Grupo de Educação Física

Inicialmente, o contacto com o grupo de Educação Física foi escasso, resumindo-se sobretudo aos momentos de Reunião de Departamento e de Secção, para partilha de ideias e reformulação de estratégias. É certo que houve negociações frequentes sobre o espaço de aula ou sobre o desenvolvimento de atividades, mas foi inferior àquilo que almejara.

Apercebi-me, desde logo, que era um grupo discordante e que a flexibilidade negocial para discutir e resolver problemas transversais era escassa, o que nem sempre reverteu a favor da concretização de interesses da Educação Física e da Escola em geral. Os objetivos parecem não ser comungados e existia alguma dificuldade em colocar essas diferentes em prol do benefício da organização.

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Existe agora maior proximidade com o grupo, e foi possível conhecer melhor cada elemento. Penso que, por norma, revelou-se acessível e sensível à função que desempenhamos. Em determinados momentos, foi possível integrar discussões sobre a função de professor, ilusórios sobre as experiências e as perceções dos diferentes elementos que me ajudaram a tecer comparações com a minha a minha prática e com as minhas conceções. Pareceu também verificar-se uma atitude de resignação e de desinteresse face à profissão de alguns elementos, que interpretam a função como rotineira e estagnada. Não é minha intenção censurar a postura de outros professores, com mais experiência do que eu. Limito-me a constatar o que observo/perceciono e traçar um paralelismo com a minha ideia de “professor”. Por isso, considero que se vier a desempenhar esta função no futuro, não concebo fazê-lo com a mesma atitude. Pretendo refletir para me automelhorar e colocar um planeamento dedicado e inovador em cada aula para servir o melhor interesse dos meus alunos. Contudo, e como é natural, sei que o tempo e a experiência provocam alterações nas ideias e conceções e que devem ser olhados como uma mais-valia de um universo já existente. É neste contraponto entre aquilo que é a função de professor experienciada e a inclusão de novas conjeturas, que se desenvolvem e se testam as potencialidades da inovação e da renovação do ensino.

3.6.

Professora Cooperante

São atribuições dos professores cooperantes: programar as atividades do núcleo de Estágio Profissional ao longo do ano escolar, de acordo com as orientações definidas pela regência e comunicá-lo à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto através do professor orientador; orientar os estagiários cooperativamente com o orientador; cooperar na elaboração Projeto de Formação Inicial dos estudantes do núcleo que supervisiona; elaborar o perfil inicial de cada estagiário do seu núcleo; apoiar e orientar os estagiários, nas

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atividades do projeto de formação desenvolvidas na Escola, promovendo a sua integração na comunidade escolar; supervisionar a atividade letiva dos estudantes estagiários nas turmas às quais estão adstritos e em todas as atividades programadas; dinamizar a atividade do núcleo de Estágio através de seminários, reuniões e outras iniciativas; realizar sessões semanais de cariz pedagógico-didático, com todo os estagiários do núcleo, com horário fixo e duração definida por lei, das quais devem ser elaborados o registos escritos assinados por todos; avaliar individualmente os estudantes-estagiários, elaborando o perfil inicial de cada estudante estagiário e todos os documentos de avaliação decorrentes do artigo 10º deste regulamento; Colaborar na classificação do desempenho do estudante-estagiário, nos termos da lei, solicitando a informação do professor coordenador do Departamento Curricular da Escola e elaborando o parecer relativo ao desempenho de cada Estagiário.2

Durante o meu estágio senti dificuldade em experimentar a minha liberdade, condição que considero essencial para o meu desenvolvimento. Penso que o apoio prestado pela professora cooperante nem sempre foi adequado às minhas expetativas e nem sempre se concretizou numa troca de ideias saudável. Sei, todavia, que o meu estatuto não me confere espaço para a divergência e que as minhas ideias são destituídas de experimentação. Tenho, por isso, condicionado os meus comportamentos em contexto de aula e aproveitado aquilo que me pode ser apontado para me automelhorar e salvaguardar a aprendizagem dos alunos. A falta de abertura existente repercutiu-se na forma como atuei, porque condicionou o meu comportamento, não só em contexto de aula, mas em todas as atividades do Estágio Profissional.

A minha perceção de competência foi reduzida, tal como a minha motivação. Contudo reconheço, uma tentativa de atenuar diferenças de ambas as partes, de modo a manter um convívio menos latente.

2

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A professora cooperante cumpre eficazmente com todas as funções previstas no enquadramento do Estágio Profissional e predispôs-se a auxiliar nas atividades do mesmo.

3.7.

Orientadora de Estágio

Segundo o artigo 6º do Regulamento da Unidade Curricular de Estágio Profissional são atribuições dos orientadores da FADEUP: dar cumprimento ao Regulamento do Estágio Profissional; apoiar a conceção e a realização do Projeto de Formação Individual do estudante-estagiário, num quadro de colaboração com a escola cooperante, professor cooperante, numa lógica de equidade e de co-responsabilização; garantir todas as fases do ciclo de supervisão na realização do PFI de cada estudante-estagiário; supervisionar a prática educativa dos estudantes estagiários em todas as áreas de desempenho, de acordo com os documentos orientadores do Estágio Profissional; observar as aulas previstas no documento orientador de Estágio; Reunir com os professores cooperantes, núcleo de estágio e estagiários individualmente; avaliar e aprovar o desempenho da Prática de Ensino Supervisionada e propor a classificação do estudante-estagiário; participar nas reuniões de orientadores da FADEUP, partilhar e discutir as questões inerentes ao processo de Estágio com os seus pares; participar nos ciclos de formação dos estudantes-estagiários, realizados na FADEUP; colaborar na realização do plano de formação dos professores cooperantes; orientar o Relatório de Estágio e integrar o júri das provas públicas.

A orientadora de estágio, prestou auxílio permanente às atividades resultante do Estágio Profissional. Sempre que necessário, prontificou-se a responder a qualquer dúvida e valorizou o processo de formação. As críticas que elabora têm uma dimensão construtiva, apelam ao desenvolvimento do estudante-estagiário e basearam-se no conhecimento didático. Procurou, portanto, estratégias de auxílio embora não conheça profundamente a envolvência do processo de ensino (turma, alunos, escola, etc.). Contudo, fez

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um bom esforço para estar envolvida nesta dinâmica e com as críticas, procurou também conhecer estes elementos. Cumpriu, escrupulosamente com as atribuições dos orientadores de estágio desta Unidade Curricular e foi bastante exigente.

A relação estabelecida não foi sustentada num convívio diário, como aconteceu com o núcleo de estágio e com professora cooperante. Porém, a regularidade das visitas concedeu um conhecimento gradual e faseado, com uma perspetiva mais escalada da minha evolução. Foi possível, através do convívio pautado pela conversa informal e pelas entrevistas periódicas, identificou os problemas que decorreram da prática e averiguou potenciais estratégias.

3.8.

A Turma

A turma B do 7º ano de escolaridade, está inserida no Agrupamento Vertical Clara de Resende. Esta turma é constituída por 28 alunos, 18 do sexo masculino e 10 do sexo feminino. Dentro desta amostra verifico uma variação etária entre os 11 e os 14 anos, sendo que, tanto os alunos de 11 anos como os de 12 foram nascidos no ano de 1999. Todos os alunos estavam aptos para a realização normal das aulas de Educação Física.

Sumarizando aquilo que foi patenteado na análise dos dados destaco a relação entre género que poderá afetar a formação de grupos nas aulas. Existe uma porção suficiente para criar competição heterogénea entre géneros na maior parte das modalidades coletivas, se necessário. No que concerne à formação de grupos mistos, dependerá daquilo que se poderá concluir nas avaliações iniciais para verificar se existem diferenças significativas de desempenho entre géneros e entre alunos, e também nas características de cada modalidade.

A idade dos alunos tem uma variância muito escassa, pelo que não foram observadas diferenças muito substanciais em termos de força que possam afetar negativamente a aprendizagem dos alunos em ambientes heterogéneos.

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