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Mobilidade Social. Aula 16 Mobilidade Social e Desigualdade Social

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Academic year: 2021

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Aula 16 – Mobilidade Social e Desigualdade Social

Mobilidade Social

Mobilidade é toda a passagem de um indivíduo ou de um grupo de uma posição social para outra, dentro de uma constelação de grupos e de estratos sociais.

A mobilidade social é um fenômeno representativo das sociedades modernas. É um movimento que ocorre de um estrato ou classe social para outro. Estudar a mobilidade implica, então, na possibilidade de averiguar os tipos de relações que se estabelecem entre os estratos ou classes e avaliar a possibilidade de um indivíduo passar de um para o outro estrato ou classe.

A mobilidade social ao possibilitar mudanças de posições sociais, acarreta consequentemente alterações sociais e novos papéis sociais. De forma mais específica, a mobilidade tem a importante função de pensar as vias e possibilidades de troca, ascensão ou rebaixamento que um determinado indivíduo possui no meio em que estabelece suas relações.

Compreender a mobilidade social é perceber que o mesmo é um conceito dinâmico, que deve ser definido, a partir das informações recolhidas dentro de cada sociedade investigada.

Tipos de mobilidade social: • Mobilidade social vertical:

quando uma pessoa passa a integrar um grupo economicamente superior ao seu, no caso ascendente. Quando é descendente o indivíduo ou grupo piora de posição, passando a integrar um grupo economicamente inferior.

• Mobilidade social horizontal:

embora tenha experimentado alguma mudança social, o indivíduo permanece no mesmo estrato (camada) social.

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CONSULTE

Mobilidade social

A noção de mobilidade social refere-se à transição de indivíduos ou grupos de um estrato ou de uma classe social para outra. Existem dois tipos de mobilidade social: a mobilidade intrageracional, caso em que analisamos a situação dos indivíduos numa geração, isto é, a posição por eles ocupada no início e no fim das suas carreiras; e a mobilidade intergeracional, caso em que analisamos mais do que uma geração, procurando ver, por exemplo, se os indivíduos pertencem à mesma classe social dos seus pais. Em termos de sentido, a mobilidade social (intra ou intergeracional) pode ser ascendente, caso em que, por exemplo, determinados indivíduos ou grupos passam de uma classe social mais baixa para uma classe social mais alta, ou descendente, caso em que determinados indivíduos ou grupos passam de uma classe social mais alta para uma classe social mais baixa.

A proporção de mobilidade social ascendente ou descendente é, habitualmente, tida como um indicador do grau de "abertura" de uma sociedade e relaciona-se, portanto, com o sistema de estratificação social que nela vigora. Neste sentido, as sociedades de classes parecem ser aquelas em que a mobilidade social é mais evidente, embora a sua proporção real não seja tão grande como geralmente se supõe, e atingindo privilegiadamente determinados estratos ou classes sociais, em detrimento de outras. A mobilidade social tende a ser, majoritariamente, de curto alcance, isto é, as pessoas tendem a mover-se entre estratos, frações de classe ou classes sociais próximos, sendo rara a mobilidade de longo alcance. Do mesmo modo, a mobilidade ascendente parece também assumir maior dimensão do que a mobilidade descendente. Embora seja possível referir estas tendências gerais, a sua extensão, todavia, difere de acordo com as características da sociedade concreta que estejamos a analisar.

Face à questão da mobilidade, os sociólogos estão interessados em analisar duas questões: quais os fatores que subjazem aos processos de mobilidade e como atuam; e quais as consequências da mobilidade para uma sociedade e/ou para os indivíduos. Quanto à primeira questão, os processos de mudança social, suas características e extensão, estão ligados a alterações no funcionamento estrutural de uma sociedade, por exemplo, processos de urbanização ou de industrialização, alterações na estrutura ocupacional dessa sociedade ligadas ao funcionamento do sistema produtivo, ou reestruturações do próprio sistema produtivo. Assim, uma alteração no tecido produtivo, em que este passe a exigir indivíduos com qualificações mais elevadas, pode facilitar processos de mobilidade ascendente a certos indivíduos ou grupos, mudando a sua situação no decurso da sua vida (mobilidade intergeracional) e, eventualmente, conduzindo a modificações ao nível da mobilidade intergeracional. Relativamente à segunda questão, ligado a cada estrato ou classe social há um conjunto de comportamentos, valores, atitudes, etc., que os distinguem entre si - um processo de mobilidade social implica, pois, necessariamente, embora em grau variável, a conversão, pelo menos parcial, dessas "características", significando isto que algumas se

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manterão, mas outras serão substituídas. Bourdieu (1985, La distinction: critique sociale du jugement) refere-se a estas "características" utilizando o termo habitus e mostra como este funciona, simultaneamente, como elemento distintivo e elemento identificador de um estrato, fração de classe ou classe social face a outros estratos, frações de classe ou classes sociais. Produzindo-se alterações ao nível dos indivíduos, modificam-se também certas características da sociedade, tomada no seu conjunto - alguns estudos parecem indicar que as sociedades que apresentam maior mobilidade social são também sociedades mais estáveis e mais moderadas em termos políticos.

Texto em português de Portugal

Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$mobilidade-social>

Desigualdade Social

CONSULTE

Texto 1

Fala-se em desigualdade social quando, numa determinada sociedade, alguns grupos sociais se encontram em situações que se julgam mais vantajosas do que outras. Portanto, a desigualdade é uma diferença que os indivíduos e grupos sociais julgam segundo escalas de valor.

Rousseau e Marx viram na propriedade a origem da desigualdade, enquanto que, para Durkheim, é a divisão do trabalho que a origina. Na obra Discours sur l'origine de l'inégalité de Rousseau, "os homens no estado natural são livres e iguais e não possuem propriedade; cada um contenta-se com as dádivas da Natureza [...]. A partir do momento em que os homens começam a cooperar e a acumular bens, este estado primitivo vai alterar-se irremediavelmente: desaparece a igualdade, cria-se a propriedade e daí

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resulta a divisão do trabalho" (1995, Cherkaoui - "Estratificação". In Tratado de Sociologia (org. R. Boudon). Porto: Edições ASA).

À medida que se expande a divisão do trabalho as pessoas tornam-se cada vez mais dependentes umas das outras, pois cada um precisa dos bens e serviços dos outros. No entanto, os agentes econômicos usufruem de diferente modo desses bens e serviços, pois estes não estão de igual modo acessíveis a todos: os seus rendimentos são diferentes e as suas situações sociais também.

No mal-estar contemporâneo (que se caracteriza pela crise do Estado-providência, pela crise do trabalho e pela crise do sujeito ou crise de identidade), a desigualdade mais visível é a que procede das alterações econômicas. Fala-se, então, da desigualdade de rendimentos, na medida em que uns têm uma parte maior do que outros.

As desigualdades são essencialmente sociais, não se referem apenas à estratificação econômica (relativa à repartição dos rendimentos, consumo, patrimônio...), mas também estão ligadas à existência de desigualdades de caráter mais qualitativo: políticas, de prestígio, etc. Por exemplo, em muitas sociedades, brancos e negros gozam de estatutos diferentes que, por esse fato, lhes conferem vantagens ou desvantagens.

Estas desigualdades "tradicionais" ou estruturais subsistem ou tendem a acentuar-se, mas, atualmente, acrescem a estas outras formas de desigualdade: "desigualdade perante o trabalho e o salário, ou ainda perante o endividamento, as incivilidades, as consequências da implosão do modelo familiar, as novas formas de violência. Instauradas pela dinâmica do desemprego ou pela da evolução das condições de vida", são vividas de forma dolorosa e silenciosa. "Entraram assim em cena desigualdades novas. Procedem da requalificação de diferenças no interior de categorias consideradas anteriormente homogêneas" (1997, Fitoussi e Rosanvallon - A nova era das desigualdades . Oeiras: Celta Editora). Estas desigualdades "novas" são, antes de tudo, "intercategoriais" e podem passar a ser mais importantes e tão persistentes como as desigualdades intercategorias. No exemplo de uma situação de desemprego de longa duração (com todas as consequências que isso implica) dentro de uma mesma categoria, pode levar o indivíduo a questionar-se: "Porque é que a sorte daquele que me é próximo é tão diferente da minha?" (Fitoussi e Rosanvallon). Sente-se excluído, pondo em causa a sua identidade, pois continua a ter como referência a categoria a que pertencia antes.

"São assim os princípios de igualdade, que a intuição faz pensar serem essenciais à coesão social e que são postos em causa pela multiplicação das desigualdades complexas. [...] Estas desigualdades são precisamente sintoma da transformação social e de uma modificação da relação do indivíduo com outrem" (Fitoussi e Rosanvallon).

Texto em português de Portugal

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Texto 2

A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos.

O conceito de desigualdade social é um guarda-chuva que compreende diversos tipos de desigualdades, desde desigualdade de oportunidade, resultado, etc., até desigualdade de escolaridade, de renda, de gênero, etc. De modo geral, a desigualdade econômica – a mais conhecida – é chamada imprecisamente de desigualdade social, dada pela distribuição desigual de renda. No Brasil, a desigualdade social tem sido um cartão de visita para o mundo, pois é um dos países mais desiguais. Segundo dados da ONU, em 2005 o Brasil era a 8º nação mais desigual do mundo. O índice Gini, que mede a desigualdade de renda, divulgou em 2009 que a do Brasil caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade), porém esta ainda é gritante.

Alguns dos pesquisadores que estudam a desigualdade social brasileira atribuem, em parte, a persistente desigualdade brasileira a fatores que remontam ao Brasil colônia, pré-1930 – a máquina midiática, em especial a televisiva, produz e reproduz a ideia da desigualdade, creditando o “pecado original” como fator primordial desse flagelo social e assim, por extensão, o senso comum “compra” essa ideia já formatada –, ao afirmar que são três os “pilares coloniais” que apóiam a desigualdade: a influência ibérica, os padrões de títulos de posse de latifúndios e a escravidão. É evidente que essas variáveis contribuíram intensamente para que a desigualdade brasileira permanecesse por séculos em patamares inaceitáveis.

Todavia, a desigualdade social no Brasil tem sido percebida nas últimas décadas, não como herança pré-moderna, mas sim como decorrência do efetivo processo de modernização que tomou o país a partir do início do século XIX.

Junto com o próprio desenvolvimento econômico, cresceu também a miséria, as disparidades sociais – educação, renda, saúde, etc. – a flagrante concentração de renda, o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a baixa escolaridade, a violência. Essas são expressões do grau a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil.

Segundo Rousseau, a desigualdade tende a se acumular. Os que vêm de família modesta têm, em média, menos probabilidade de obter um nível alto de instrução. Os que possuem baixo nível de escolaridade têm menos probabilidade de chegar a um status social elevado, de exercer profissão de prestígio e ser bem remunerado. É verdade que as desigualdades sociais são em grande parte geradas pelo jogo do mercado e do capital, assim como é também verdade que o sistema político intervém de diversas maneiras, às vezes mais, às vezes menos, para regular, regulamentar e corrigir o funcionamento dos mercados em que se formam as remunerações materiais e simbólicas.

Observa-se que o combate à desigualdade deixou de ser responsabilidade nacional e sofre a regulação de instituições multilaterais, como o Banco Mundial. Conforme argumenta a socióloga Amélia Cohn, a partir

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dessa ideia “se inventou a teoria do capital humano, pela qual se investe nas pessoas para que elas possam competir no mercado”. De acordo com a socióloga, a saúde perdeu seu status de direito, se tornando um investimento na qualificação do indivíduo.

Ou, como afirma Hélio Jaguaribe em seu artigo No limiar do século 21: “Num país com 190 milhões de habitantes, um terço da população dispõe de condições de educação e vida comparáveis às de um país europeu. Outro terço, entretanto, se situa num nível extremamente modesto, comparável aos mais pobres padrões afro-asiáticos. O terço intermediário se aproxima mais do inferior que do superior”.

A sociedade brasileira deve perceber que sem um efetivo Estado democrático, não tem como combater ou mesmo reduzir significativamente a desigualdade social no Brasil.

Orson Camargo - Colaborador Brasil Escola

Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Referências

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