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AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO DAS FACULDADES PARTICULARES: UMA ABORDAGEM POLÍTICA, SOCIAL E HISTÓRICA

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EDUCAÇÃO DAS FACULDADES PARTICULARES: UMA

ABORDAGEM POLÍTICA, SOCIAL E HISTÓRICA

OLIVEIRA, Janna Érica Paz Linhares – UFPI

jannaerica@hotmail.com

SOARES, Juliana Gomes da Silva – UFPI

julisamupsi@hotmail.com

SOUSA, Raimundo Nonato – UFPI

nonattosousa@hotmail.com

Eixo Temático: Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

As faculdades particulares têm uma história relativamente recente no âmbito do ensino superior e surgiram como medida neoliberal para desafogar o orçamento do Estado. Por isso, a história de seu desenvolvimento foi marcada por consequências de uma expansão desenfreada que acabou por afetar a qualidade da educação ofertada por estas IES. As informações sobre estas instituições circulam no meio popular através das mídias e embasam as representações sociais que consistem, grosso modo, a interpretações e atitudes do senso comum em relação às mesmas. Este trabalho tem por objetivo provocar reflexões sobre a qualidade da educação ofertada pelas faculdades particulares, buscando identificar aspectos históricos, sociais e políticos que fundamentam as representações sociais sobre estas instituições. Diante do contexto de expansão e organização atual das faculdades particulares questiona-se sobre a eficiência das políticas de avaliação da qualidade destas IES e se as políticas públicas que visam a democratização do ensino superior são capazes de dar conta de algumas defasagens no âmbito da pesquisa. Para tanto, esta pesquisa bibliográfica de cunho exploratório se apóia nos seguintes autores: Moscovici (1978); Jovechelovitch (2001); Jodelet (2001); Marková (2006) e Nóbrega (2003) para falar da Teoria das Representações Sociais. Martins (2000); Nunes (2007); Corbucci (2004); Bertolin (2007) e Real (2009) para tratar do ensino superior, faculdades particulares e qualidade da educação neste âmbito. Os conceitos de Bourdieu (1982; 1998) por sua vez respaldaram o entendimento sobre os capitais cultural, econômico e simbólico e sobre o valor do diploma. Como resultado percebe-se que as políticas que visam a democratização do ensino superior no decorrer da história até os dias atuais não são suficientes para lidar com as defasagens e controvérsias relativas a uma expansão não planejada. Assim, faz-se necessário repensar as políticas públicas que incentivam a expansão e avaliação de instituições de ensino superior no cenário nacional.

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Palavras-chave: Qualidade da educação. Representações Sociais. Educação Superior. Faculdades Particulares.

Introdução

O ensino superior privado no Brasil teve um crescimento vertiginoso na década de 90 devido a questões políticas e econômicas de contenção de gastos pelo Estado. Aspectos deste delineamento histórico repercutem no pensamento cotidiano e, a partir das conversações e dados acessados pelas mídias, mesmo sem conhecimento direto desta história, informações são disseminadas no meio popular e passam a fazer parte do repertório de conhecimento dos sujeitos. A avaliação da qualidade das faculdades particulares pelos sujeitos, organiza então, atitudes que se respaldam em suas representações sociais, que por sua vez, levam também em conta valores simbólicos de posicionamento social, como veremos a seguir.

Aspectos históricos, sociais e políticos das faculdades particulares e sua repercussão na qualidade de ensino

A justificativa de democratização do ensino superior, iniciada na década de 90, fomentou o crescimento vertiginoso de instituições de ensino superior privadas no país a partir de medidas respaldadas em políticas de cunho neoliberal. Essas políticas se firmaram como esforço para concentrar os investimentos do Estado na educação básica, deixando a cargo das instituições privadas, reguladas por um pretenso autofinanciamento, os investimentos no ensino superior. Tal crescimento, no entanto, se fundamentou num delineamento histórico, social e político que trouxe graves repercussões para a organização do ensino superior brasileiro, que em nome de uma expansão rápida, deixou a desejar no que se tange aos requisitos propostos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB).

Nunes (2007) faz ressalvas sobre a proposta organizacional das IES privadas ao afirmar que estas se desenvolveram em um contexto específico cujas finalidades eram diferentes das finalidades de IES públicas. Assim, as IES privadas se destinaram a reduzir os gastos do Estado e a cobrir a demanda não acessada pelas IES públicas: absorver o público que não conseguiria passar pela seleção criteriosa das instituições públicas ou para atender ao público que trabalhava e não poderia estudar no período regular.

Nesta perspectiva, Corbucci (2004) fala do projeto de democratização do ensino superior no Brasil a partir da década de 90 que aconteceu a partir do estrangulamento da

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expansão das IFES (Instituições Federais de Ensino Superior) e consequente crescimento do setor privado. A política de reajuste fiscal adotada nos governos de Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso promoveu a expansão do setor privado do ensino superior ao delegar a responsabilidade para investimentos neste nível de ensino à esfera privada. Para tanto os credenciamentos e reconhecimentos de cursos ofertados pelas instituições superiores de ensino privadas foram acelerados e flexibilizados pelo Ministério da Educação e Cultura, o MEC, o que facilitou sobremaneira sua expansão pelo país.

Nunes (2007) se refere a esse crescimento desenfreado como esquizofrenia institucional já que se ignorou o fato de que a organização privada, voltada para fins mercantis, difere substancialmente das instituições públicas de ensino superior no que diz respeito às finalidades, cultura e objetivos organizacionais e, portanto, não podem ser regulados por leis homogêneas.

Com base nas repercussões da história do desenvolvimento do ensino superior no Brasil, Real (2009) considera a importância de analisar os impactos da política de avaliação da qualidade do ensino superior, efetivadas entre 1995 e 2002, período de crescimento acelerado de instituições de ensino superior, sobretudo instituições privadas. É por causa desta expansão que se vislumbrou a necessidade de elaborar critérios de a avaliação da qualidade do ensino superior no intuito de minimizar os danos acarretados pelo crescimento desenfreado dos cursos deste nível de ensino.

Na década de 90 a expansão dos cursos de ensino superior, sobretudo de instituições privadas, foi incentivada e legitimada por um sistema de avaliação de qualidade mais flexível para facilitar o alargamento de instituições deste nível de ensino no campo privado e desafogar os cofres públicos. O alargamento do numero de instituições de ensino superior também favoreceram a uma elaboração de formas mais complexas de avaliação da qualidade, com a utilização de vários instrumentos de análise (REAL, 2009).

Segundo Real (2009), o crescimento e expansão das instituições privadas de ensino superior, conforme avaliação da qualidade deste nível de ensino, levaram a defasagens no que diz respeito à pesquisa e extensão, fato que sinaliza a baixa produção científica percebida ainda hoje nestas instituições. A avaliação da qualidade do ensino é algo extremamente necessária para o desenvolvimento educacional, mas ainda não se sustenta em moldes que garantam resultados mais concretos de melhorias no ensino.

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É a partir de informações baseadas em aspectos concretos como os dispostos acima que as representações sociais sobre a qualidade das faculdades particulares são elaboradas pelos sujeitos. Estas informações se diluem nos recursos midiáticos em geral, incluindo as trocas cotidianas, presentes nas conversações. Ao longo destas trocas comunicacionais as teorias do senso comum sobre a realidade circundante vão sendo delineadas e orientam as atitudes dos sujeitos inseridos neste processo.

A compreensão da realidade pela perspectiva das representações sociais

O espaço social de formação e disseminação das representações sociais é um espaço complexo de trocas que é historicamente organizado. Moscovici (1978) expõe que as representações sociais são teorias do senso comum, elaboradas por pensadores amadores para tornar a realidade mais tangível. As representações sociais correspondem a uma maneira heurística de compreensão de uma realidade que sofre transformações históricas e sociais e por isso se torna bastante heterogênea. É uma forma de simplificá-la para organizar as ações frente a esta realidade.

A Teoria das Representações Sociais (TRS) se apresenta como um conhecimento construído e partilhado entre os grupos de sujeitos, como forma de apropriação da realidade externa e compreensão desta através da interpretação e (re) interpretação dos fenômenos sociais que nos auxiliam a compreender o mundo e nele atuar. O conjunto de interpretações, ideias e atitudes são compartilhadas com outras pessoas, que são, ao mesmo tempo, orientadoras dos padrões sociais construídos coletivamente e orientadas por estes (JODELET, 2001).

Nóbrega (2003) afirma que a TRS trata de um sujeito ativo na elaboração de seu pensamento sobre o mundo. Ao contrário do que se postulava sobre o pensamento do senso comum, não se trata de um pensamento confuso, controverso, inconsciente, fragmentado, ingênuo, primitivo, mas de um pensamento complexamente organizado, possuidor de uma lógica própria, que não é menor que o pensamento científico nem se articula em oposição ao mesmo.

É na e pela relação com o outro que os sujeitos buscam conhecer. É um mecanismo de inserção na comunidade, de partilha do sentimento de pertença a um grupo. É a partir do estranhamento da realidade que não se conhece que o entendimento sobre esta realidade se

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elabora e é compartilhada com outros sujeitos e se dissemina e se legitima na construção e modificação de visões de mundo e de posturas (JOVCHELOVITCH, 2001).

Para que os conhecimentos sejam interiorizados precisam penetrar no âmbito das conversações, diz Moscovici (1978). Os diálogos produzidos pelos interlocutores se diluem às suas impressões já constituintes e se reorganizam de forma a construir novos sentidos, novas significações para a realidade sempre em processo de interpretação. A comunicação, em representações sociais, está no início e no fim do processo de conhecimento. Assim como diz Marková (2006) a comunicação é o meio pelo qual a informação é decodificada e após ressignificada, transformada e reinterpretada retorna ao meio social novamente por meio da comunicação.

As teorias sobre a realidade elaboradas e compartilhadas pelo senso comum também se respaldam em aspectos sociais como os valores simbólicos atribuídos às instituições. Assim, as representações sociais sobre as faculdades particulares podem regular posturas de escolha ou não escolha por algumas instituições. Tais escolhas dependerão dos valores simbólicos atribuídos a elas e da possibilidade de acúmulo de capitais simbólicos, econômicos e culturais que estas possam proporcionar.

O valor social do diploma: as instituições de ensino superior como fonte de acúmulo de capitais

Se a Teoria das Representações Sociais fornece elementos para a compreensão da realidade sobre a qualidade da educação ofertada pelas faculdades particulares forjada nas torças humanas a partir do discurso, outros conceitos dão suporte para o entendimento sobre como esta realidade se organiza. Assim, o ingresso ou não ingresso numa instituição de ensino é também mediada por valores sociais e simbólicos atribuídos a ela, que são compartilhados no meio social via comunicação.

Tais valores, partilhados e legitimados socialmente, estão associados também ao acúmulo de capitais – econômicos, simbólicos e culturais – que direcionam as escolhas dos sujeitos pelas instituições sociais que oportunizarem tal acúmulo e neste sentido algumas instituições são priorizadas em relação a outras. Além disso, o diploma, considerado moeda de valor social e educacional também modula a procura e o investimento dos sujeitos por instituições que oportunizem maior acúmulo de capitais.

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Bourdieu e Passeron (1982) colocam que a aquisição e monopólio do capital cultural por um grupo particular está relacionada ao poder de transmissão e/ou perpetuação do capital econômico. Já que existe uma desigualdade na distribuição destes capitais entre as classes, o capital cultural é monopolizado por uma minoria, que por sua vez, têm condições financeiras mais favoráveis para o investimento neste. É a partir desta estrutura simbólica que se pressupõe a manutenção das relações de poder e, portanto, é na maneira como a motivação para ingresso ao ensino superior é direcionada que se verifica a importância conferida a este nível de ensino no que concerne ao acesso ao mercado de trabalho e onde a relação entre capital econômico e capital cultural é mais marcante.

Sales (2000) cita Bourdieu (1996) para discutir sobre capital simbólico e afirma que as classes sociais se diferenciam não somente por questões econômicas, mas também por lugares sociais de poder. As instituições educacionais também se configuram como referência de capital simbólico e o valor simbólico ou status social atribuídos a elas pelas classes sociais direcionam os posicionamentos e modos de vida de cada grupo social. Deste modo, a preferência de determinadas classes sociais por determinadas instituições educacionais apontam tanto para uma dinâmica de distinção social quanto a uma dinâmica de reprodução social.

Bourdieu e Champagne (1998), apesar de fazerem referência à educação francesa, ajudam no entendimento sobre as repercussões do engodo da democratização do ensino sobre a exclusão dos sujeitos mais desfavorecidos, mesmo quando inseridos nos sistemas escolares. Os autores falam do paradoxo da iniciativa de promover igualdades de oportunidades, já que tal medida acaba por incentivar as medidas meritocráticas que excluem tanto quanto o impedimento de acesso ao ensino.

Às camadas inseridas no sistema educativo é relegada a responsabilidade pela desvalorização dos diplomas, consequência de sua multiplicação e do aumento da concorrência e são elas mesmas as primeiras vítimas deste processo. Dessa forma, o acesso à escolarização é garantido, mas não é garantido o sucesso pós-escolarização, uma vez que as vagas no mercado de trabalho estão cada vez mais dependentes dos diplomas que se desvalorizam na medida em que aumenta a quantidade de estudantes egressos (BOURDIEU E CHAMPAGNE, 2008).

O valor simbólico do diploma, legitimado pela concepção de qualidade construída pelos sujeitos a partir de suas representações sociais, é permeado por interpretações que

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direcionam o valor do capital simbólico e ajudam a identificar os direcionamentos dos grupos sociais quanto ao reconhecimento ou não das faculdades particulares como lugares de aquisição de tais capitais (econômico, simbólico e cultural). Na medida em que os diplomas das faculdades particulares se desvalorizam em relação às IES públicas, as propostas de democratização do ensino perdem sua força e seu sentido, pois os sujeitos egressos destas instituições ainda estarão em situação de exclusão.

As faculdades particulares e as políticas de democratização do ensino superior: controvérsias e consequências históricas para a educação

A expansão do ensino superior privado no Brasil se constituiu em moldes políticos, sociais e históricos que repercutem no ideário popular e fazem parte das representações sociais sobre estas instituições. A proposta de democratização do ensino superior, na década de 90 e atualmente, se dilui na medida em que o diploma de algumas instituições se desvaloriza em relação a outras. Dessa maneira, não há democratização de fato, pois não há igualdade de oportunidades.

Através de programas como o ProUni (Programa Universidade para Todos), que garante bolsas de estudos em instituições de ensino superior privadas, medidas para a democratização do ensino superior são propostas, oportunizando o acesso de estudantes que não conseguem ingressar nas IES públicas ao ensino superior privado. No entanto, o caráter de mercado das instituições privadas pode sugerir interpretações negativas quanto à qualidade do ensino ofertado por elas, já que se julga que o acesso pela seleção é garantido pelo valor da mensalidade e não pela qualidade do corpo discente.

Estas distinções são promovidas pelo desnivelamento entre a qualidade atribuída aos ensinos público e privado na educação superior, muitas vezes devido a processos de seleção considerados mais severos por parte do ensino público, forjando a ideia de que o diploma de algumas instituições têm mais valor que o de outras. Martins (2008) critica o pouco critério de seleção organizado pelas instituições privadas no que se refere ao conhecimento dos vestibulandos, sugerindo que o ingresso dos estudantes é facilitado para atender ao fim mercantil destas instituições.

Para manterem seu valor, as instituições educativas buscam então novas formas de selecionar e esta manobra de reenquadramento do valor simbólico do diploma exclui e impossibilita a efetivação da tão pregada igualdade de oportunidades, já que promove um

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desnivelamento entre as classes na aquisição do capital escolar. Assim, conclui-se que as instituições legitimadas socialmente

[...] fazem com que o sistema de ensino, amplamente aberto a todos e, no entanto, estritamente reservado a alguns, consiga a façanha de reunir as aparências da “democratização” com a realidade da reprodução que se realiza em um grau superior de dissimulação, portanto, com um efeito acentuado de legitimação social. (BOURDIEU E CHAMPAGNE, 1998, p. 223)

Nesta perspectiva, afirma-se que a expansão das IES privadas, segundo as vias de democratização, deveu-se principalmente pela autonomia conferida pelo Estado para ampliar número de cursos e vagas, o que pode ser uma estratégia, direta ou indireta, para aumentar o valor simbólico das instituições particulares no meio acadêmico, a partir do aumento do valor simbólico de seus títulos no mercado acadêmico e de trabalho (MARTINS, 2000).

Políticas como o ProUni não garantem a democratização do ensino superior, pois afeta o valor simbólico destes diplomas, desvalorizando-os e dando continuidade à exclusão dos estudantes que não têm acesso ao ensino superior publico. Dessa forma, as possibilidades de acesso ao ensino superior por outras vias que não o ensino público ficam à cargo das especificidades dos grupos sociais que veem no diploma das instituições particulares um modo alternativo de ter acesso ao capital cultural e simbólico.

Uma das consequências de uma política de expansão desenfreada das IES privadas foi o prejuízo na qualidade de ensino no que se refere a defasagens no desenvolvimento de pesquisas. De acordo com Martins (2008), as IES privadas normalmente se organizam como empresas lucrativas cujos fins da educação ofertada são essencialmente mercadológicos. Nesta perspectiva, a produção de conhecimento através da pesquisa é inexpressiva, sendo foco destas instituições a replicação de conhecimentos já existentes.

A avaliação da qualidade de instituições de ensino superior privadas e públicas ainda é insuficiente e nesta perspectiva Bertolin (2007) propõe uma política de avaliação da qualidade do ensino superior de forma sistêmica, a partir de um olhar ampliado sobre a toda a trajetória do aluno e do curso, desde o ingresso, desenvolvimento e saída.

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Considerações Finais

A defasagem no que se refere ao incentivo à pesquisa, os direcionamentos educacionais cujo foco se volta excessivamente para fins mercadológicos e profissionalizantes, a perspectiva de se fazer apenas o que é possível em detrimento da convicção de um ensino de qualidade que promova a construção de novos conhecimentos, os questionamentos sobre as concepções sobre qualidade difundidas no meio social quase que fechadas, imutáveis, únicas. Todos estes aspectos são objetos de interesse deste estudo. Tudo isso leva a inquietações que mobilizam a desconstrução- reconstrução de novos olhares e novos posicionamentos sobre as políticas de desenvolvimento do ensino superior nacional.

Percebe-se que as instituições educacionais, inclusive as de ensino superior, têm no diploma um meio de acesso aos lugares de valor social e aquisição de capitais. Assim, a partir de informações partilhadas socialmente que se fundamentam num contexto histórico, social e cultural, os sujeitos podem atribuir ao diploma das faculdades particulares um valor social menor.

As representações sociais sobre a qualidade da educação ofertada pelas faculdades particulares não se fundamentam, portanto, num vazio, mas em informações da realidade concreta que são partilhadas nas interações cotidianas e são construídas sócio-historicamente. O conhecimento destas informações se constitui como chave para a compreensão das representações sociais sobre a qualidade da educação ofertada pelas faculdades particulares, já que os indicadores de qualidade elaborados pelos sujeitos com base nestas representações fornecem recursos para as posturas que direcionam para a escolha ou não escolha das IES privadas.

Promover o estudo deste objeto pela via das representações sociais se justifica, por fim, porque a palavra contida no discurso popular tem poder e tal poder legitima verdades. Verdades que são compartilhadas como se fossem únicas, que contam, muitas vezes, apenas um lado da história. A compreensão sobre as representações sociais acerca da qualidade da educação das faculdades particulares pode sustentar meios para reconstrução de outras formas de se olhar para esse contexto e outras formas de pensar as políticas de desenvolvimento da educação superior.

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REFERÊNCIAS

BERTOLIN, Júlio C.G. Indicadores em nível de sistema para avaliar o desenvolvimento e a qualidade da educação superior brasileira. Campinas: Revista da Educação Superior, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 15 nov. 2010.

BOURDIEU, Pierre e CHAMPAGNE, Patrick. Os excluídos do interior. In: NOGUEIRA, Maria Alice e CATANI, Afrânio (orgs.). Escritos de educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. BOURDIEU, P. & PASSERON, J.C. A Reprodução: Elementos para uma Teoria do Sistema de Ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora S.A, 1982.

CORBUCCI, Paulo Roberto. Financiamento e democratização do acesso à educação superior no Brasil: da deserção do estado ao projeto de reforma. Educação e Sociedade: Campinas, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 01 ago. 2009.

JODELET, Denise. Representações Sociais: um domínio em expansão In: JODELET, Denise. (org). As Representações Sociais. Rio de Janeiro: Eduerj, 2001.

JOVCHELOVITCH, Sandra. Cultura e Pesquisa. Representações sociais: Saberes sociais e polifasia cognitiva. EduCadernos, Blumenau, Caderno 2, 2001.

MARKOVÁ, Ivana. Mudanças: um problema epistemológico para a psicologia social. In: MARKOVÁ, Ivana. Dialogicidade e representações sociais: as dinâmicas da mente. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

MARTINS, Carlos Benedito. O ensino superior brasileiro nos anos 90. São Paulo em perspectiva: São Paulo, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 22 set. 2009.

MARTINS, André Luiz de Miranda. A marcha do “capitalismo universitário” no Brasil nos anos de 1990. Revista da Avaliação da Educação Superior: Campinas, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 22 mai. 2009.

MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. NÓBREGA, Sheva Maia da. Sobre a Teoria das Representações Sociais. In: MOREIRA, Antônia Silva Paredes e JESUÍNO, Jorge Correia (orgs). Representações Sociais: teoria e prática. João Pessoa: Editora Universitária, UFPB, 2003

NUNES, Edson. Desafio estratégico da política pública: o ensino superior brasileiro. Revista de Administração Pública: Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 01 mai.2010.

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